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A segunda perspetiva que o autor nos apresenta é focada no “Novo Gerencialismo” que
se insere num quadro de uma postura moderna, com visões empresariais. Passo a citar: A reforma
do Estado keynesiano de bem-estar social através de processos de modernização, de supervisão,
de avaliação e de prestação de contas, de contratualização e de parcerias público-privadas que,
genericamente, foi associada ao “Estado gestionário” (CLARKE; NEWMAN, 1997). Esta
prática considero que seja algo próximo a uma gestão empresarial onde a escola é a entidade
principal e os alunos e toda a comunidade escolar são os principais consumidores. Consiste numa
gestão próxima daquilo que é a gestão privada de uma instituição, porém, segundo Licínio, foram
tomadas várias medidas estatais que levaram a uma prática demasiado burocrática. Segundo a
minha leitura do artigo, neste contexto entra em vigor a Nova Gestão Pública que se baseia na
lógica da privatização escolar. Passo a citar: A privatização, em diversos sentidos, incluindo a
criação de mercados internos e a celebração de contratos de curto prazo para a prestação de
serviços, passou a ser associada ao aumento da eficiência da gestão pública (LANE, 2000, p.
95). O que, para mim, é bastante positivo pois conseguimos encontrar aqui um regime híbrido
entre aquilo que é o serviço público e a coerência de resultados de uma gestão privada. No entanto,
revemo-nos, novamente, com algumas dificuldades em conseguir verdadeiramente democratizar
a gestão da escola, pois nesta segunda perspetiva decorrem “diversas práticas de gestão
democrática tornaram-se ideologicamente incompatíveis e foram afastadas em vários países por
força da adoção do princípio da empresarialização e privatização (…)” (Stephen Ball (2007, p.
113).
O autor reforça, mais uma vez, a questão de que a democratização económica, social,
cultural e educativa é muito mais exigente e difícil de atingir do que a mera democratização
política (democratização formal das instituições políticas), isto é, a cultura democrática não se
obtém rapidamente, é um processo lento que exige tempo para se consolidar e ser bem praticado,
contrariamente refere que nunca deverá ser feito através de práticas oligárquicas, patrimonialistas
ou tecnocráticas. Outro ponto importante neste capítulo é a dimensão do processo de
democratização que, segundo Licínio, é um processo que pode levar a certas discordâncias e a
medidas descontínuas que provocam atrasos na “agenda democratizadora” e dos direitos
educacionais que pareciam, por um lado legalmente assegurados e socialmente aceites, porém na
prática não se encontram totalmente consolidados e na verdade não funcionam. De seguida, o
autor menciona que a escola não foi construída num plano de perspetiva democrática, pelo
contrário. O que vivemos nos dias de hoje é apenas uma adaptação do modelo educacional à nossa
estrutura democrática, e ter sido, há relativamente pouco tempo, considerada um direito humano.
Logo, entende-se aqui uma verdadeira utopia naquilo que é a democratização escolar, pois, tal
como diz o autor, é um processo que precisa de consolidação para se verificar concretizada.
Em jeito de conclusão, se repararmos o autor no artigo “Por que é tão difícil democratizar
a gestão da escola pública?” critica ambas as perspetivas de gestão pública: por um lado repudia
sistemas autoritários, em que a democracia não se verifica de todo na prática, apenas na parte
legal que, mais cedo ou mais tarde se reflete no meio educacional, mas, por outro lado, ao longo
do artigo Licínio critica várias formas capitalistas de gestão da educação, como por exemplo,
associada à privatização, deixa mais de lado o papel do Estado, ou seja, toda comunidade escolar
(encarregados de educação , professores e alunos) têm poder de escolha e um papel mais ativo,
mas não é isso que se verifica na prática. Os alunos, os docentes e a comunidade escolar em geral
são vistos quase como instrumento, são seres que servem um fim ou uma utilidade. Neste caso,
desse ponto de vista, a educação serve para formar técnicos, capazes de estar ao serviço do
mercado de trabalho e da sociedade. Em suma, não há participação de todos os elementos (que é
isso que a democracia prevê), mas antes existe uma hierarquização, visto que a escola é gerida
como uma empresa. Existe alguém a comandar os alunos e professores e que servem os seus
interesses, como por exemplo económicos ou estatísticos.