Você está na página 1de 14

1

A GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR: UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES DE


PODER NA GESTÃO DA ESCOLA.

Alda Maria Soares de Moura -Graduada em Pedagogia- FAS

RESUMO:
Este estudo tem como objetivo analisar como um diretor de uma escola pública
organiza a rotina de trabalho dentro do ambiente escolar, onde procuramos
também analisar de que forma as relações de poder interferem nos resultados
finais dos alunos. O interesse pelo estudo surgiu em saber como acontecem as
relações de poder de uma escola Publica do interior do estado do Piauí. Com
vistas em alcançar esses objetivos e os questionamentos mencionados, fez-se
necessário realizar uma pesquisa de campo, cujo universo passa a ser descrito
no processo metodológico que alicerça esse estudo. Para o levantamento dos
dados utilizamos como instrumentos de pesquisa um questionário ora com
perguntas abertas, ora com perguntas fechadas, acerca da gestão democrática
escolar. Os resultados da pesquisa evidenciam que é de suma importância que
o gestor ele seja um elo entre toda a comunidade escolar, assim ele precisa ser
ativo, dinâmico e democrático, incentivando a participação de todos nas
atividades e realizações das mesmas, buscando assim um elo entre as famílias
para dentro da escola
Palavras- Chaves: Gestão Democrática.Comunidade Escolar.Relações de
Poder

1 INTRODUÇÃO

Como sabemos, a gestão democrática é um processo de construção


social que requer a participação tanto de diretores, como também de pais,
professores, alunos, funcionários e entidades representativas da comunidade
local como parte do aprendizado coletivo.

De acordo com Caldas (2007), a gestão democrática participativa, em


todos os campos da atuação da escola, concorre para o aperfeiçoamento da
práxis educacional, tendo em vista que cria os canais de envolvimento cada
vez maior dos sujeitos sociais nas diversas etapas de discussão das
prioridades da escola e da melhoria do ensino-aprendizagem, na eleição dos
instrumentos para concretizar as escolhas realizadas democraticamente, na
reivindicação de condições de realização de trabalho de professores, que
correspondem minimamente ás suas necessidades vitais.
Partindo deste entendimento este trabalho objetiva analisar como um
diretor de uma escola pública organiza a rotina de trabalho dentro do ambiente
2

escolar, onde procuramos também analisar de que forma as relações de poder


interferem nos resultados finais dos alunos. Pois como bem sabemos ser
gestor de uma escola pública, nos dias atuais, não é tarefa fácil, pois muitas
atribuições que outrora era da família foram repassadas para escola. Além
disso, vivemos em uma sociedade que, ao mesmo tempo em que valoriza o
saber, cria condições desfavoráveis ao ensino. A partir desses objetivos
direcionamos nosso olhar para os seguintes questionamentos: como ocorrem
as relações de poder dentro do ambiente escolar? Há alguma interferência nos
resultados finais dos alunos? Como isso ocorre? Ao serem respondidas as
questões acima, o resultado indicará para um fator extremamente importante
da escola: gestão democrática. Esta, por sua vez, além de ser amplamente
defendida por teóricos da educação, bem como ter registro no escopo da lei,
ainda está longe de se tornar uma realidade nas escolas públicas. Com vistas
em alcançar esses objetivos e os questionamentos mencionados, fez-se
necessário realizar uma pesquisa de campo, cujo universo passa a ser descrito
no processo metodológico que alicerça essa pesquisa, juntamente com a
caracterização dos participantes da pesquisa.

2 GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA


Sabemos de inicio, que a gestão de uma escola engloba diferentes áreas
de atuação, tais como: a pedagógica, a administrativa, a financeira, além da
gestão de pessoas. Para cada um desses campos de atuação, o diretor deve
reunir uma série de atributos e características imprescindíveis à atuação como
gestor. Partimos, pois, do principio de que só será um bom gestor aquele
diretor que seja capaz de articular diversas competências e reuni-las para um
único fim: a aprendizagem dos alunos. Em síntese, pode-se dizer que a gestão
da escola é a capacidade ou atribuição que uma pessoa legalmente habilitada
possui para gerenciar uma instituição de ensino, seja ela pública ou privada.

Nas escolas públicas brasileiras, o gestor escolar recebe o distintivo de diretor.


Nos dias de hoje, além do diretor da escola, desempenha um papel
importante na instituição o coordenador pedagógico, que juntamente com o
secretário da escola e o supervisor, o auxilia na rotina escolar.
Para Heloisa Luck (2009, p. 15), o diretor escolar “Garante o
funcionamento pleno da escola como organização social, com o foco na
3

formação de alunos e promoção de sua aprendizagem, mediante o respeito e


aplicação das determinações legais nacionais, estaduais e locais, em todas as
suas ações e práticas educacionais”.

E não é só isso. Há uma série de competências listadas pela autora que


vale apena mencionar pelo menos duas delas:

Aplica nas práticas de gestão escolar e na orientação dos planos de


trabalho e ações promovidas na escola, fundamentos, princípios e
diretrizes educacionais consistentes e em acordo com as demandas de
aprendizagem e formação de alunos como cidadãos autônomos, críticos
e participativos. Promove na escola o sentido de visão social do seu
trabalho e elevadas expectativas em relação aos seus resultados
educacionais, como condição para garantir qualidade social na
formação e aprendizagem dos alunos. (Lück, 2009 p.15)

Pelas competências citadas acima percebemos o quão é complexo a


função de gestor escolar, pois é ele quem interpreta e aplica a legislação
educacional na escola. Isso remete a outra função importante desempenhada
por ele: a mediação de conflitos. Todo diretor é um mediador de conflitos, uma
vez que no espaço escolar aparecem pontos de vistas e idéias divergentes.

Além dessas competências citadas anteriormente, o gestor escolar


precisa reunir uma série de conhecimentos científicos a respeito da prática
pedagógica, currículo e sociedade, dentre outros. Precisa também conhecer a
fundo as leis e normas que rege o ensino no país, no nosso caso “o Brasil”,
além de todas as resoluções definidas pelos conselhos de educação, os
estatutos e normativas da criança e do adolescente e da juventude.

Antes de ser diretor, o servidor público que é investido nessa função


precisa de uma autorização legal para poder desempenhá-la. O cumprimento
deste preceito legal pode se dar de duas formas: indicação política ou eleição.
Cumpre ressaltar que a eleição é a forma que a Lei de diretrizes e bases da
Educação(LDB 9394/1996) defende para a investidura do cargo, ficando a
indicação política apenas para os casos em que não houver a primeira.

Uma vez investido no cargo, vem as atribuições do diretor que, além de


serem diversas, são permeadas de confusões, pois a própria forma como se dá
a investidura no cargo é ponto de discordância entre grande partes de
professores, de forma geral. Alguns teóricos defendem a eleição, por ser esta
uma forma democrática de escolha. Porém, nem toda eleição representa
4

democracia, pois se sabe das forças políticas que agem dentro e fora da escola
nesse período. Por isso que para alguns autores nem a eleição, nem a
indicação são formas corretas de se selecionar gestores. Neste caso seria o
mérito de desempenho, obtido através de testes e apresentação de planos de
gestão.

Voltemos às relações que se desenvolvem no interior da escola.


Sabemos que a escola representa, em escala reduzida a sociedade. Por isso,
ela reproduz, conforme Tragtenberg( 2001, p.68) a rede de relações de poder
que nela existe. Mas que poderes são esses que aparecem na escola? O poder
que prevalece nas instituições de ensino é diferente do poder do Estado. Para
Foucault (apud Correia, 2009. P. 634) é o poder disciplinar que rege as
relações dentro da escola:

O poder disciplinar organiza-se assim como um poder múltiplo,


automático e anônimo. Pois se é verdade que a vigilância repousa sobre
os indivíduos, seu funcionamento é de uma rede de relações de alto a
baixo, mas também até um certo ponto de baixo para cima e
lateralmente; essa rede sustenta o conjunto, e o perpassa de efeitos de
poder que se apóiam uns sobre os outros. Fiscais perpetuamente
fiscalizados. O poder na vigilância hierarquizada das disciplinas não se
detém como uma coisa, não se transfere como uma propriedade;
funciona como uma máquina. E se é verdade que sua organização
primordial lhe dá um chefe, é o aparelho inteiro que produz „poder‟ e
distribui os indivíduos nesse campo permanente e continuo.
(Foucault, 2001, p. 158).

Vejamos dois conceitos importantes da citação acima: vigilância e


disciplina: conforme se pode constatar em qualquer escola, esses dois
elementos são os considerados essenciais, por parte da comunidade escolar,
para o sucesso da escola, de forma geral. Então, para funcionar a contento, a
escola precisa estabelecer regrar e depois de feito isso, necessita de alguém
para fiscalizar a aplicação delas. Tais regras convergem para a aplicação da
disciplina, não a matéria de ensino, mas aquela que afeta o comportamento do
aluno, deixando- o dócil e “adestrado” .

Não podemos deixar de lembrar a forma como esse poder aparece legitimado
na instituição escolar. Alem do regimento e da PPP, tem-se os acordos e
contratos pedagógicos: esta é a parte que se estabelece em sala, como por
exemplo, quem vai primeiro tomar água, ao banheiro, dentre outros. Conforme
Foucault, o poder na escola não é só de alto para baixo, mas ele se dá
lateralmente também. Alem disso, na mesma linha de raciocínio, a vigilância
5

repousa também nos que vigiam. Na escola isso acontece da seguinte forma: o
líder de turma é responsável por fiscalizar as atitudes e ações dos alunos em
sala, mas, ao mesmo tempo, tem o seu comportamento vigiado por
professores, coordenadores e diretores.

3 AS RELAÇÕES DE PODER E A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS


Na resolução dos problemas da escola as relações de poderes também
são estabelecidas, pois quem dá a palavra sobre questões que dividem
opiniões é gestor, ficando o coordenador e o secretário em segundo plano. Se
se tratar de um problema de grandes proporções, o conselho é convidado a
manifestar-se.

Não podemos esquecer de que o gestor não toma ações


esporadicamente,ou pelo menos não deve ser dessa forma, pois todas as
escolas possui um documento orientador das ações e atitudes da escola, que é
o regimento. É este dispositivo legal quem normatiza as ações no ambiente
escolar. Vale ressaltar que este documento deve ser amplamente discutido por
toda a comunidade escolar e, em seguida, aprovado,conforme orienta as
normativas das escolas públicas.

Podemos asseverar que, na resolução de conflitos, o poder é exercido


de cima para baixo, numa cadeia hierárquicas de relações.

Se fossemos esquematizar as relações de poderes que se dão no


interior da escola, seriam conforme o esquema abaixo:

Diretor coordenador professores e


funcionários

Alunos

Pelo esquema simplificado acima, percebemos que os alunos são os


últimos representados na cadeia de relação de poder. O que isso representa
para eles? Qual a importância desta configuração de poder para o sucesso dos
alunos? Por que os pais tem papel secundário na tomada de decisões da
6

escola? São questionamentos que urgem por respostas. Uma coisa é certa:
para o bom andamento da instituição escolar é preciso que as vozes de todos
os atores da escola sejam ouvidas. Além disso, seus pedidos devem ser
levados em consideração. Está é uma das condições para uma escola de
qualidade.

4 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO, O DIRETOR


ESCOLAR E AS RELAÇÕES DE PODER NA ESCOLA.

A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB, não dá destaque


ao papel do diretor de escola, como também não legisla sobre suas atribuições
e competências. Sabemos, porém, que o exercício do seu mandato deve
atender a todos os princípios legais e constitucionais presentes na Carta
Magna de 1988. A LDB apenas instrui que o professor, para ter acesso aos
níveis de gestão, precisa passar por seleção que envolva os aspectos de
mérito e consulta a comunidade escolar.

Percebemos, pelo texto da lei, que todos os integrantes da comunidade


escolar devem tomar parte no direcionamento das ações da escola. Como se
trata de uma lei voltada para a mocroorganização dos sistemas de ensino, não
se pode esperar dela esse tratamento em relação a gestão escolar.

5 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO:

Esta pesquisa caracteriza-se como sendo de natureza qualitativa, por


entender que esse é melhor método para o desenvolvimento e entendimento
dos fatos pesquisados, pois segundo Minayo (1994),a pesquisa qualitativa se
preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
quantificado, ou seja, a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
fenômenos que não pode ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Dessa forma, procuramos trabalhar com questões que envolvam a


realidade da gestão escolar da instituição de ensino. Para isso, a instituição
7

escolhida para o desenvolvimento da pesquisa trata-se de uma escola da rede


pública estadual,“Unidade Escolar Saturnino Moura”, localizada na avenida 29
de julho, centro da cidade de São Felix do Piauí, que fica cerca de 170 km da
capital teresinense. A escolha pelo município e pela a instituição de ensino
surgiu justamente pelo fato de procurar vivenciar a educação pública das
escolas do interior do estado do Piauí.

Para o levantamento dos dados utilizamos como instrumentos de


pesquisa um questionário ora com perguntas abertas, ora com perguntas
fechadas, acerca da gestão democrática escolar, aplicados individualmente
com cada sujeito questionado, fazendo, sempre que possível, um
entrelaçamento com o referencial teórico apresentado.

Neste contexto, escolhemos como interlocutores da pesquisa um


professor e um diretor, ambos funcionários efetivos da rede estadual. O diretor
escolhido é formado em licenciatura em História e especialista em supervisão
escolar e faz nove anos que está à frente da direção da escola. A instituição
conta também com uma coordenadora pedagógica, que foi aprovada através
de um teste seletivo. Vale destacar, porém, que ela não tem formação em
pedagogia, é formada em Letras-Português e Espanhol. O grupo gestor
também é composto por um supervisor escolar. Sua escolha se deu através de
indicação política. É também um funcionário do quadro efetivo da instituição,
possuindo formação em geografia e especialista em docência do ensino
superior. A instituição contam ainda com uma secretária, que sua escolha
também ocorreu por processo de seleção, fechando assim o quadro gestor da
escola.

A unidade Escolar conta 10 professores da educação básica, que atuam


nas etapas da EJA e ensino médio.

6 A GESTÃO ESCOLAR NAS RELAÇÕES DE PODER: O dia a


dia da escola Saturnino Moura: foco de observação.

Agora que já falamos sobre a gestão escolar e as relações de poder e


suas implicações para o cotidiano da escola, apresentaremos o resultado de
uma pesquisa feita na escola estadual Saturnino Moura, localizado na cidade
8

de São Félix do PI. A escola atende apenas alunos do ensino Médio regular e
educação de jovens e Adultos. O objetivo desta pesquisa é verificar como são
estabelecidas as relações de poder dentro da instituição, bem como observar
se a gestão é democrática. Depois de feito isso, verificaremos em que medida
isso auxilia ou atrapalha o andamento da escola.

O instrumento utilizado na coleta de dados foi um questionário, aplicado


em abril de 2017. A seguir apresentamos os resultados alcançados com a
realização da pesquisa.

QUESTÃO – 01 Como se deu a construção do regimento interno da escola?

ENTREVISTADOS RESPOSTAS
Diretor ”Bem, a elaboração desse documento foi feita de forma conjunta,
envolvendo alunos, professores, gestores e conselho escolar. Ele
não é usado, está engavetado”.
Professor “ Não foi construído, se existe não foi apresentado a nós”.

Percebe-se aqui uma discordância em relação a construção do


regimento interno. Em suas próprias palavras, durante a entrevista, o diretor
coloca que até existe este documento, mais que “está engavetado”. Ao analisar
os dois entrevistados, percebemos que existe um documento interno da escola,
porém, é desconhecido pelos membros da comunidade escolar, ou seja, é um
documente que existe apenas no papel, não foi construído coletivamente,
conforme as orientações da própria Secretaria Estadual de Educação do Piaui
– SEDUC-PI. Percebemos aqui uma falha no sistema democrático de ensino,
uma vez que não houve a participação de todos os segmentos na construção
de um documento que rege as normas da escola.

02- A PPP da escola foi construída coletivamente?

ENTREVISTADOS RESPOSTAS
Diretor “ Foi feito coletivamente, com alunos, professores e conselho
escolar”.
Professor “ O que deu para ser coletivo fizemos”.

Como sabemos o PPP é um documento que define a identidade da


escola e indica caminhos para ensinar com qualidade, onde o gestor é o
9

principal responsável pela construção desse documento, pois é ele quem coleta
informações para serem anexadas ao documento, devendo este ser construído
de forma coletiva pela comunidade escolar. “Por ter tantas informações
relevantes, o PPP se configura numa ferramenta de planejamento e avaliação
que você e todos os membros das equipes gestora e pedagógica devem
consultar a cada tomada de decisão”.

Sendo assim, percebemos que a escola pesquisada ainda desconhece


a importância desse documento para a comunidade escolar, visto que o diretor
afirma que a construção do mesmo é feita coletivamente entre alunos,
professores e conselho escolar, mas há uma controvérsia na sua fala e a do
professor entrevistado, pois, segundo este, só é feito coletivamente o
necessário. o próprio diretor, também, nos afirmou que é um documento
construído apenas para cumprir o que a lei estabelece, pois não é usado pela
comunidade escolar, “fica engavetado”.

03- Como se da a relação da família e a comunidade? A família é presente na


escola?

ENTREVISTADOS RESPOSTAS
Diretor “ A escola convoca as famílias para participarem de reuniões e os
pais estão mais presentes e participativos”.
Professor “ Alguns só vão quando são convocados pela direção da escola,
ainda há uma grande resistência em relação a isso.”

Desde cedo, aprendemos que os pais precisam participar da vida escolar


dos seus filhos, e não somente quando forem convocados a comparecerem ao
ambiente escolar. O que percebemos aqui é que os pais ainda desconhecem a
importância do seu papel na escola, e muitos ainda acham que não tem
nenhuma obrigação e, acreditam que só devem comparecer quando forem
comunicados sobre algum problema que está acontecendo com seus filhos, o
que os levam a uma total ausência do acompanhamento da vida escolar da
criança, fugindo assim do princípio da participação.

Com bem nos coloca Mendes (citado por Libaneo, 2005, p. 328) “A
participação é o meio para assegurar a gestão democrática, possibilitando o
10

envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de


decisões e no funcionamento da organização escolar”, por isso é de suma
importância que os pais acompanhem o cotidiano escolar dos seus filhos, pois
só assim poderão opinar nas decisões escolares.

04- Como é o clima escolar da Instituição? Os alunos respeitam os


professores?

ENTREVISTADOS RESPOSTAS
Diretor “Os alunos respeitam os professores, se ele desrespeitar o
professor será advertido”.
Professor “ dentro do possível eles nos respeitam”.

Percebe-se aqui que o aluno somente respeita o professor porque há


uma regra da escola a ser seguida, porque caso ele desrespeite terá que arcar
com as conseqüências e como próprio diretor afirma “ aquele que desrespeitar
será advertido” ou seja, dependendo do que se trata poderá até ser suspenso
por uns dias da instituição escolar. Assim, podemos afirmar que a relação
professor- aluno da Instituição de ensino pesquisada estabelece uma relação
amigável dentro das normas estabelecidas pela instituição.

05- O conselho escolar é atuante? Os segmentos participam ativamente das


decisões tomadas na escola? Os alunos tem acesso ao estatuto do conselho?

ENTREVISTADOS RESPOSTAS
Diretor “O conselho escolar não é atuante. Nem todos os conselheiros tem
conhecimento do estatuto”.
Professor “ Eles vão nas reuniões assinar, mais atuante não. Eu nem sabia
que existia estatuto do conselho, ninguém tem acesso nem as
prestações de contas.”

Conforme é sabido por grande parte dos funcionários das escolas


públicas em geral, o conselho escolar é responsável por todas as questões da
gestão escolar sejam elas administrativas, pedagógicas ou financeira.
Contudo, para que isso aconteça ele precisa ser atuante, ter conhecimento das
leis que rege o ensino no país, de seu próprio estatuto, do Regimento Interno
do Projeto político pedagógico, dentre outros documentos que normatizam e
regulam a vida escolar. O conhecimento dos conselheiros escolares da
11

instituição de ensino pesquisada limita-se apenas em assinar documentos,


talvez por falta de informação ou mesmo por falta de interesse dos mesmos em
relação a questões burocráticas.
06- Em relação ao processo de avaliação, esta é vista pela escola como uma
ferramenta para auxiliar o trabalho pedagógico dos professores ou apenas
como exercício que mede o nível de inteligência do aluno?

ENTREVISTADOS RESPOSTAS
Diretor “ Leva em conta tanto como ferramenta para auxiliar os
professores, como também para medir a capacidade intelectual.”
Professor “ Como uma ferramenta para auxilio do trabalho pedagógico dos
professores.”

Sabemos que a avaliação escolar é uma ferramenta constante na prática


do professor e um importante instrumento pedagógico que ajuda a tomar
decisões e planejar estratégias, e o professor precisa saber como avaliar o
aluno, quando avaliar e para que avaliar e, não avaliar simplesmente porque
tem que cumprir uma norma da escola a ser seguida. Dessa forma,
observamos que a escola pesquisada trabalha a avaliação não só como um
instrumento que serve para medir a capacidade intelectual dos alunos, mas
também como uma importante ferramenta pedagógica no auxilio do trabalho do
professor

07- Há alguma atividade extra para os alunos que obtém resultados


indesejados nas avaliações?

ENTREVISTADOS RESPOSTAS
Diretor “ Não nenhuma atividade extra”
Professor “ Não há nenhuma intervenção”

Vemos que a instituição utiliza somente a avaliação somativa como


forma de avaliação do aluno, esquecendo que quando se trabalha com
trabalhos extra classe também estamos trabalhando o processo de ensino
aprendizagem do aluno, trabalhando assim com a avaliação qualitativa.

08- Os critérios qualitativos vem prevalecendo sobre os quantitativos, conforme


preconiza a LDB? De que forma?
12

ENTREVISTADOS RESPOSTAS
Diretor “ Os critérios qualitativos e quantitativos são iguais.”
Professor “Sim, os critérios qualitativos vem sobre
prevalecendo quantitativos.”

Nota-se aqui uma controvérsia em relação a questão anterior, uma vez


que o próprio gestor afirma que os critérios qualitativos e quantitativos são
iguais, mas afirma na questão anterior que não há nenhuma atividade extra de
forma qualitativa para aqueles alunos que tiram notas abaixo do desejado,
sendo a avaliação somativa a única forma de avaliar o aluno.

09- Para você o que é uma gestão democrática?

ENTREVISTADOS RESPOSTAS
Diretor “É aquela que faz uso da transparência, da moralidade e da
impessoalidade”.
Professor “É uma gestão participativa, ou seja,onde todos participam das
tomadas de decisões.”
Neste tópico, tanto o diretor quanto o professor têm conhecimento do
que seja uma gestão democrática e como bem sabemos, o diretor é o principal
responsável para que a escola funcione realmente de forma Democrática , pois
segundo Heloisa Luck 2009 , em seu livro dimensões “Escola democrática é
aquela em que os seus participantes estão coletivamente organizados e
compromissados com a promoção de educação de qualidade para todos”. È o
diretor que lidera a “atuação integrada e cooperativa de todos os participantes
da escola, na promoção de um ambiente educativo e de aprendizagem,
orientado por elevadas expectativas, estabelecidas coletivamente e
amplamente compartilhadas (Heloisa Luck, 2009)

10- As relações de poder interferem nos resultados da escola? De que forma?

ENTREVISTADOS RESPOSTAS
Diretor “ As relações de poder não interferem nos resultados da escola,
tudo é feito de forma coletiva.”
Professor “ Não interferem.”

Segundo o diretor e de acordo com as observações feitas durante a


pesquisa, percebemos que as relações de poder não interferem nos resultados
13

da escola, uma vez que tanto o corpo docente quanto o corpo discente têm e
podem opinar sobre os assuntos referentes a comunidade escolar.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo desse trabalho procuramos analisar como um diretor de uma


escola pública organiza a rotina de trabalho dentro do ambiente escolar,
procuramos também analisar de que forma as relações de poder interferem nos
resultados finais dos alunos, e a partir das análises dos fatos pesquisados, e
das observações feitas durante a pesquisa, podemos afirmar que as relações
de poder dentro da instituição pesquisada não interferem nos resultados dos
alunos, porém ainda há muito o que fazer dentro do ambiente escolar,
principalmente quando se trata do setor administrativo da escola, e para que
isso aconteça o diretor precisa ser mais sistêmico, pois ele como gestor
principal é o responsável pelo bom andamento da comunidade escolar.

Pois o diretor é a pessoa que estimula participantes de todos os


segmentos da escola a envolverem-se na realização dos projetos escolares,
melhoria da escola e promoção da aprendizagem e formação dos alunos, como
uma causa comum a todos, de modo a integrarem-se no conjunto do trabalho
realizado(Luck 2009), e não foi constatado nenhum incentivo do diretor em
relação a esse tipo de interesse, como também contatamos grandes falhas em
relação a função do conselho escolar sobre as suas atribuições.

Sugerimos, portanto que o diretor realize atividades extras além das


avaliações somativas para que assim incentive os alunos a participarem dos
possíveis projetos que possam vir a ser realizados no ambiente escolar, pois foi
constatado durante nossa pesquisa a ausência desse tipo de atividades.
Sugerimos ainda, que o corpo gestor da escola participe ativamente das
atividades escolares, assim também como os demais funcionários e
comunidade escolar e que ambos tenham conhecimento do que seja o PPP e o
regimento interno da escola e que este não fiquem apenas engavetados, como
mencionado pelo diretor.

É de suma importância que o gestor ele seja um elo entre toda a


comunidade escolar, assim ele precisa ser ativo, dinâmico e democrático,
14

incentivando a participação de todos nas atividade e realizações das mesmas,


buscando assim um elo entre as famílias para dentro da escola, Promovendo “a
articulação e integração entre escola e comunidade próxima, com o apoio e
participação dos colegiados escolares, mediante a realização de atividades de
caráter pedagógico, científico, social, cultural e esportivo”( LUCK, 2009).

REFERENCIAS

CALDAS, Luciana Moreira. Gestão participativa: visão de um coordenador


pedagógico que a educação precisa. Agosto 28, 2007. Disponivel
http://www.anpae.org.br/congressos_artigos2007/126.pdf. Acesso em: 02.04.2010.
Dimensões de gestão escolar e suas competências. Heloísa Lück. –
Curitiba: Editora Positivo, 2009.Siga as Normas da ABNT

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. O nascimento da prisão. Petropolis: vozes, 1987


SANCHES, Rafael. Instituição escolar: relações de poder através da disciplina.
Revista brasileira de Educação. N.28. 2005

MENDES, Estephane Priscilla dos Santos. GESTÃO DEMOCRÁTICA: A


IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DE TODOS NAS DECISÃOS ESCOLARES.
Disponível em: www.epepe.com.br/Trabalhos/05/C-05/C5-02.pdf

Você também pode gostar