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O Sistema de Organização e Gestão da Escola

José Carlos Libâ neo1

Neste capítulo sã o apresentados alguns elementos bá sicos para o conhecimento da organizaçã o


escolar e para a atuaçã o dos professores e do pessoal técnico-administrativo. Serã o abordados os
seguintes itens: as concepçõ es de organizaçã o e gestã o escolar; a estrutura organizacional da escola;
os elementos constitutivos do processo organizacional.

As Concepções de Organização e Gestão Escolar

O estudo da escola como organizaçã o de trabalho nã o é novo, há toda uma pesquisa sobre
administraçã o escolar que remonta aos pioneiros da educaçã o nova, nos anos 30. Esses estudos se
deram no â mbito da Administraçã o Escolar e, frequentemente, estiveram marcados por uma
concepçã o burocrá tica, funcionalista, aproximando a organizaçã o escolar da organizaçã o empresarial.
Tais estudos eram identificados com o campo de conhecimentos denominado Administraçã o e
Organizaçã o Escolar ou, simplesmente Administraçã o Escolar. Nos anos 80, com as discussõ es sobre
reforma curricular dos cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, a disciplina passou em muitos lugares
a ser denominada de Organizaçã o do Trabalho Pedagó gico ou Organizaçã o do Trabalho Escolar,
adotando um enfoque crítico, frequentemente restringido a uma aná lise crítica da escola dentro da
organizaçã o do trabalho no Capitalismo. Houve pouca preocupaçã o, com algumas exceçõ es, com os
aspectos propriamente organizacionais e técnico-administrativos da escola.
É sempre ú til distinguir, no estudo desta questã o, um enfoque científico-racional e um enfoque
crítico, de cunho só cio-político. Nã o é difícil aos futuros professores fazerem distinçã o entre essas
duas concepçõ es de organizaçã o e gestã o da escola. No primeiro enfoque, a organizaçã o escolar é
tomada como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que funciona racionalmente; portanto, pode ser
planejada, organizada e controlada, de modo a alcançar maiores índices de eficá cia e eficiência. As
escolas que operam nesse modelo dã o muito peso à estrutura organizacional: organograma de cargos
e funçõ es, hierarquia de funçõ es, normas e regulamentos, centralizaçã o das decisõ es, baixo grau de
participaçã o das pessoas que trabalham na organizaçã o, planos de açã o feitos de cima para baixo. Este
é o modelo mais comum de funcionamento da organizaçã o escolar.
O segundo enfoque vê a organizaçã o escolar basicamente como um sistema que agrega
pessoas, importando bastante a intencionalidade e as interaçõ es sociais que acontecem entre elas, o
contexto só cio-político etc. A organizaçã o escolar nã o seria uma coisa totalmente objetiva e funcional,
um elemento neutro a ser observado, mas uma construçã o social levada a efeito pelos professores,
alunos, pais e integrantes da comunidade pró xima. Além disso, nã o seria caracterizado pelo seu papel
no mercado mas pelo interesse pú blico. A visã o crítica da escola resulta em diferentes formas de
viabilizaçã o da gestã o democrá tica, conforme veremos em seguida.
Com base nos estudos existentes no Brasil sobre a organizaçã o e gestã o escolar e nas
experiências levadas a efeito nos ú ltimos anos, é possível apresentar, de forma esquemá tica, três das
concepçõ es de organizaçã o e gestã o: a técnico-científica (ou funcionalista), a autogestioná ria e a
democrá tico- participativa.
A concepçã o técnico-científica baseia-se na hierarquia de cargos e funçõ es visando a
racionalizaçã o do trabalho, a eficiência dos serviços escolares. Tende a seguir princípios e métodos da
administraçã o empresarial. Algumas características desse modelo sã o:

- Prescriçã o detalhada de funçõ es, acentuando-se a divisã o técnica do trabalho escolar (tarefas
especializadas).
- Poder centralizado do diretor, destacando-se as relaçõ es de subordinaçã o em que uns têm mais
autoridades do que outros.
- Ê nfase na administraçã o (sistema de normas, regras, procedimentos burocrá ticos de controle das
atividades), à s vezes descuidando-se dos objetivos específicos da instituiçã o escolar.
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José Carlos Libâ neo: Pó s-Doutorado pela Universidade de Valladolid (Espanha), Prof. Titular aposentado da Universidade Federal de
Goiá s.
- Comunicaçã o linear (de cima para baixo), baseada em normas e regras.
- Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas.

Atualmente, esta concepçã o também é conhecida como gestã o da qualidade total.


A concepçã o autogestionária baseia-se na responsabilidade coletiva, ausência de direçã o
centralizada e acentuaçã o da participaçã o direta e por igual de todos os membros da instituiçã o.
Outras características:

- Ê nfase nas inter-relaçõ es mais do que nas tarefas.


- Decisõ es coletivas (assembléias, reuniõ es), eliminaçã o de todas as formas de exercício de autoridade
e poder.
- Vínculo das formas de gestã o interna com as formas de auto-gestã o social (poder coletivo na escola
para preparar formas de auto-gestã o no plano político).
- Ê nfase na auto-organizaçã o do grupo de pessoas da instituiçã o, por meio de eleiçõ es e alternâ ncia
no exercício de funçõ es.
- Recusa a normas e sistemas de controle, acentuando-se a responsabilidade coletiva.
- Crença no poder instituinte da instituiçã o (vivência da experiência democrá tica no seio da instituiçã o
para expandi-la à sociedade) e recusa de todo o poder instituído. O cará ter instituinte se dá pela
prá tica da participaçã o e auto-gestã o, modos pelos quais se contesta o poder instituído.

A concepçã o democrática-participativa baseia-se na relaçã o orgâ nica entre a direçã o e a


participaçã o do pessoal da escola. Acentua a importâ ncia da busca de objetivos comuns assumidos por
todos. Defende uma forma coletiva de gestã o em que as decisõ es sã o tomadas coletivamente e
discutidas publicamente. Entretanto, uma vez tomadas as decisõ es coletivamente, advoga que cada
membro da equipe assuma a sua parte no trabalho, admitindo-se a coordenaçã o e avaliaçã o
sistemá tica da operacionalizaçã o das decisõ es tomada dentro de uma tal diferenciaçã o de funçõ es e
saberes2.
Outras características desse modelo:
- Definiçã o explícita de objetos só cio-políticos e pedagó gicos da escola, pela equipe escolar.
- Articulaçã o entre a atividade de direçã o e a iniciativa e participaçã o das pessoas da escola e das que
se relacionam com ela.
- A gestã o é participativa mas espera-se, também, a gestã o da participaçã o.
- Qualificaçã o e competência profissional.
- Busca de objetividade no trato das questõ es da organizaçã o e gestã o, mediante coleta de informaçõ es
reais.
- Acompanhamento e avaliaçã o sistemá ticos com finalidade pedagó gica: diagnó stico,
acompanhamento dos trabalhos, reorientaçã o dos rumos e açõ es, tomada de decisõ es.
- Todos dirigem e sã o dirigidos, todos avaliam e sã o avaliados.

Atualmente, o modelo democrá tico-participativo tem sido influenciado por uma corrente
teó rica que compreende a organizaçã o escolar como cultura. Esta corrente afirma que a escola nã o é
uma estrutura totalmente objetiva, mensurá vel, independente das pessoas, ao contrá rio, ela depende
muito das experiências subjetivas das pessoas e de suas interaçõ es sociais, ou seja, dos significados
que as pessoas dã o à s coisas enquanto significados socialmente produzidos e mantidos. Em outras
palavras, dizer que a organizaçã o é uma cultura significa que ela é construída pelos seus pró prios
membros.
Esta maneira de ver a organizaçã o escolar nã o exclui a presença de elementos objetivos, tais
como as ferramentas de poder externas e internas, a estrutura organizacional, e os pró prios objetivos
sociais e culturais definidos pela sociedade e pelo Estado. Uma visã o só cio-crítica propõ e considerar
dois aspectos interligados: por um lado, compreende que a organizaçã o é uma construçã o social, a
partir da Inteligência subjetiva e cultural das pessoas, por outro, que essa construçã o nã o é um
2
É necessá rio alentar que há diversos entendimentos do que deva ser a gestã o participativa enquanto forma concreta de organizaçã o
da escola. Na bibliografia final apresentamos vá rias obras que expõ em diferentes pontos de vista sobre essa questã o. O autor apresenta
aqui seu pró prio entendimento.
processo livre e voluntá rio, mas mediatizado pela realidade só ciocultural e política mais ampla,
incluindo a influência de forças externas e internas marcadas por interesses de grupos sociais, sempre
contraditó rios e à s vezes conflitivos. Busca relaçõ es solidá rias, formas participativas, mas também
valoriza os elementos internos do processo organizacional- o planejamento, a organizaçã o e a gestã o,
a direçã o, a avaliaçã o, as responsabilidades individuais dos membros da equipe e a açã o
organizacional coordenada e supervisionada, já que precisa atender a objetivos sociais e políticos
muito claros, em relaçã o à escolarizaçã o da populaçã o.
As concepçõ es de gestã o escolar refletem portanto, posiçõ es políticas e concepçõ es de homem
e sociedade. O modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um cará ter pedagó gico, ou seja,
depende de objetivos mais amplos sobre a relaçã o da escola com a conservaçã o ou a transformaçã o
social. A concepçã o funcionalista, por exemplo, valoriza o poder e a autoridade, exercidas
unilateralmente. Enfatizando relaçõ es de subordinaçã o, determinaçõ es rígidas de funçõ es,
hipervalorizando a racionalizaçã o do trabalho, tende a retirar ou, ao menos, diminuir nas pessoas a
faculdade de pensar e decidir sobre seu trabalho. Com isso, o grau de envolvimento profissional fica
enfraquecido.
As duas outras concepçõ es valorizam o trabalho coletivo, implicando a participaçã o de todos
nas decisõ es. Embora ambas tenham entendimentos das relaçõ es de poder dentro da escola,
concebem a participaçã o de todos nas decisõ es como importante ingrediente para a criaçã o e
desenvolvimento das relaçõ es democrá ticas e solidá rias. Adotamos, neste livro, a concepçã o
democrá tico-participativa.

A Estrutura Organizacional de uma Escola


Toda a instituiçã o escolar necessita de uma estrutura de organizaçã o interna, geralmente
prevista no Regimento Escolar ou em legislaçã o específica estadual ou municipal. O termo estrutura
tem aqui o sentido de ordenamento e disposiçã o das funçõ es que asseguram o funcionamento de um
todo, no caso a escola. Essa estrutura é comumente representada graficamente num organograma um
tipo de grá fico que mostra a inter-relaçõ es entre os vá rios setores e funçõ es de uma organizaçã o ou
serviço. Evidentemente a forma do organograma reflete a concepçã o de organizaçã o e gestã o. A
estrutura organizacional de escolas se diferencia conforme a legislaçã o dos Estados e Municípios e,
obviamente, conforme as concepçõ es de organizaçã o e gestã o adotada, mas podemos apresentar a
estrutura bá sica com todas as unidades e funçõ es típicas de uma escola.

Organograma Básico de Escolas

Conselho de escola
O Conselho de Escola tem atribuiçõ es consultivas, deliberativas e fiscais em questõ es definidas
na legislaçã o estadual ou municipal e no Regimento Escolar. Essas questõ es, geralmente, envolvem
aspectos pedagó gicos, administrativos e financeiros. Em vá rios Estados o Conselho é eleito no início
do ano letivo. Sua composiçã o tem uma certa proporcionalidade de participaçã o dos docentes, dos
especialistas em educaçã o, dos funcioná rios, dos pais e alunos, observando-se, em princípio, a
paridade dos integrantes da escola (50%) e usuá rios (50%). Em alguns lugares o Conselho de Escola é
chamado de “colegiado” e sua funçã o bá sica é democratizar as relaçõ es de poder (Paro3, 1998; Cizeski
e Romã o, 1997)

Direção

O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola, auxiliado pelos demais
componentes do corpo de especialistas e de técnicos-administrativos, atendendo à s leis, regulamentos
e determinaçõ es dos ó rgã os superiores do sistema de ensino e à s decisõ es no â mbito da escola e pela
comunidade.
O assistente de diretor desempenha as mesmas funçõ es na condiçã o de substituto eventual do
diretor.

Setor técnico- administrativo


O setor técnico-administrativo responde pelas atividades-meio que asseguram o atendimento
dos objetivos e funçõ es da escola.

A Secretaria Escolar cuida da documentaçã o, escrituraçã o e correspondência da escola, dos


docentes, demais funcioná rios e dos alunos. Responde também pelo atendimento ao pú blico. Para a
realizaçã o desses serviços, a escola conta com um secretá rio e escriturá rios ou auxiliares da
secretaria.

O setor técnico-administrativo responde, também, pelos serviços auxiliares (Zeladoria,


Vigilâ ncia e Atendimento ao pú blico) e Multimeios (biblioteca, laborató rios, videoteca etc.).

A Zeladoria, responsá vel pelos serventes, cuida da manutençã o, conservaçã o e limpeza do


prédio; da guarda das dependências, instalaçõ es e equipamentos; da cozinha e da preparaçã o e
distribuiçã o da merenda escolar; da execuçã o de pequenos consertos e outros serviços rotineiros da
escola.

A Vigilância cuida do acompanhamento dos alunos em todas as dependências do edifício,


menos na sala de aula, orientando-os quanto a normas disciplinares, atendendo-os em caso de
acidente ou enfermidade, como também do atendimento à s solicitaçõ es dos professores quanto a
material escolar, assistência e encaminhamento de alunos.

O serviço de Multimeios compreende a biblioteca, os laborató rios, os equipamentos


audiovisuais, a videoteca e outros recursos didá ticos.

Setor Pedagógico

O setor pedagó gico compreende as atividades de coordenaçã o pedagó gica e orientaçã o


educacional. As funçõ es desses especialistas variam confirme a legislaçã o estadual e municipal, sendo
que em muitos lugares suas atribuiçõ es ora sã o unificadas em apenas uma pessoa, ora sã o
desempenhadas por professores. Como sã o funçõ es especializadas, envolvendo habilidades bastante

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A descriçã o das vá rias funçõ es da estrutura organizacional das escolas foi retirada, em boa parte, do livro de Vitor H. Paro, Por Dentro
da Escola Pública, (1996).
especiais, recomenda-se que seus ocupantes sejam formados em cursos de Pedagogia ou adquiram
formaçã o pedagó gico-didá tica específica4.

O coordenador pedagógico ou professor coordenador supervisiona, acompanha, assessora,


avalia as atividades pedagó gico-curriculares. Sua atribuiçã o prioritá ria é prestar assistência
pedagó gico-didá tica aos professores em suas respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho
ao trabalho interativo com os alunos. Há lugares em que a coordenaçã o restringe-se à disciplina em
que o coordenador é especialista; em outros, a coordenaçã o se faz em relaçã o a todas as disciplinas.
Outra atribuiçã o que cabe ao coordenador pedagó gico é o relacionamento com os pais e a
comunidade, especialmente no que se refere ao funcionamento pedagó gico-curricular e didá tico da
escola e comunicaçã o e interpretaçã o da avaliaçã o dos alunos.

O orientador educacional, onde essa funçã o existe, cuida do atendimento e do acompanhamento


escolar dos alunos e também do relacionamento escola-pais-comunidade.

O Conselho de Classe ou Série é um ó rgã o de natureza deliberativa quanto à avaliaçã o escolar


dos alunos, decidindo sobre açõ es preventivas e corretivas em relaçã o ao rendimento dos alunos, ao
comportamento discente, à s promoçõ es e reprovaçõ es e a outras medidas concernentes à melhoria da
qualidade da oferta dos serviços educacionais e ao melhor desempenho escolar dos alunos.

Instituições Auxiliares

Paralelamente à estrutura organizacional, muitas escolas mantêm Instituiçõ es Auxiliares tais


como: a APM (Associaçã o de Pais e Mestres), o Grêmio Estudantil e outras como Caixa Escolar,
vinculadas ao Conselho de Escola (onde este existia) ou ao Diretor.

A APM reú ne os pais de alunos, o pessoal docente e técnico-administrativo e alunos maiores de


18 anos. Costuma funcionar mediante uma diretoria executiva e um conselho deliberativo.

O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos alunos criada pela lei federal
n.7.398/85, que lhe confere autonomia para se organizarem em torno dos seus interesses, com
finalidades educacionais, culturais, cívicas e sociais.

Ambas as instituiçõ es costumam ser regulamentadas no Regime Escolar, variando sua


composiçã o e estrutura organizacional. Todavia, é recomendá vel que tenham autonomia de
organizaçã o e funcionamento, evitando-se qualquer tutelamento por parte da Secretaria da Educaçã o
ou da direçã o da escola.

Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar, em outras um setor de assistência ao estudante,


que presta assistência social, econô mica, alimentar, médica e odontoló gica aos alunos carentes.

Corpo Docente

O Corpo docente é constituído pelo conjunto dos professores em exercício na escola, que tem
como funçã o bá sica realizar o objetivo prioritá rio da escola, o ensino. Os professores de todas as
disciplinas formam, junto com a direçã o e os especialistas, a equipe escolar. Além do seu papel
específico de docência das disciplinas, os professores também têm responsabilidades de participar na
elaboraçã o do plano escolar ou projeto pedagó gico-curricular, na realizaçã o das atividades da escola e
nas decisõ es dos Conselhos de Escola e de classe ou série, das reuniõ es com os pais (especialmente na
comunicaçã o e interpretaçã o da avaliaçã o), da APM e das demais atividades cívicas, culturais e
recreativas da comunidade.
4
A formaçã o específica de supervisores ou coordenadores pedagó gicos tem sido motivo de bastante polêmica entre os educadores, com
diferenças marcantes de posiçõ es. Para melhor conhecimento do assunto, ver o livro Pedagogia e Pedagogos, para quê? (Libâ neo, 1999),
e o artigo de Libâ neo e Pimenta, na revista Educação e Sociedade, n.68, 1999.
Os Elementos Constitutivos do Sistema de Organização e Gestão da Escola

A gestã o democrá tica-participativa valoriza a participaçã o da comunidade escolar no processo


de tomada de decisã o, concebe a docência como trabalho interativo, aposta na construçã o coletiva dos
objetivos e funcionamento da escola, por meio da dinâ mica intersubjetiva, do diá logo, do consenso.
Nos itens interiores mostramos que o processo de tomada de decisã o inclui, também, as açõ es
necessá rias para colocá -la em prá tica. Em razã o disso, faz-se necessá rio o emprego dos elementos ou
processo organizacional, tal como veremos adiante.
De fato, a organizaçã o e gestã o refere-se aos meios de realizaçã o do trabalho escolar, isto é, à
racionalizaçã o do trabalho e à coordenaçã o do esforço coletivo do pessoal que atua na escola,
envolvendo os aspectos, físicos e materiais, os conhecimentos e qualificaçõ es prá ticas do educador, as
relaçõ es humano-interacionais, o planejamento, a administraçã o, a formaçã o continuada, a avaliaçã o
do trabalho escolar. Tudo em funçã o de atingir os objetivos. Ou seja, como toda instituiçã o as escolas
buscam resultados, o que implica uma açã o racional, estruturada e coordenada. Ao mesmo tempo,
sendo uma atividade coletiva, nã o depende apenas das capacidades e responsabilidades individuais,
mas de objetivos comuns e compartilhados e de açõ es coordenadas e controladas dos agentes do
processo.
O processo de organizaçã o educacional dispõ e de elementos constitutivos 5 que sã o, na verdade,
instrumentos de açã o mobilizados para atingir os objetivos escolares.
Tais elementos ou instrumentos de açã o sã o:
Planejamento - processo de explicitaçã o de objetivos e antecipaçã o de decisõ es para orientar a
instituiçã o, prevendo-se o que se deve fazer para atingi-los.

Organização - Atividade através da qual se dá a racionalizaçã o dos recursos, criando e viabilizando as


condiçõ es e modos para se realizar o que foi planejado.

Direção/Coordenação - Atividade de coordenaçã o do esforço coletivo do pessoal da escola.

Formação continuada - Açõ es de capacitaçã o e aperfeiçoamento dos profissionais da escola para que
realizem com competência suas tarefas e se desenvolvam pessoal e profissionalmente.

Avaliação - comprovaçã o e avaliaçã o do funcionamento da escola.

LIBÂ NEO, José Carlos. “O sistema de organizaçã o e gestã o da escola” In: LIBÂ NEO, José Carlos.
Organizaçã o e Gestã o da Escola - teoria e prá tica. 4ª ed. Goiâ nia: Alternativa, 2001.

5
Esses elementos constitutivos da organização são designados, também, na bibliografia especializada, de funções Administrativas ou etapas do processo
administrativo. Os autores geralmente mencionam as quatro funções estabelecidas nas teorias clássicas da Administração Geral: planejamento, organização,
direção, controle.

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