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O estudo da escola como organizaçã o de trabalho nã o é novo, há toda uma pesquisa sobre
administraçã o escolar que remonta aos pioneiros da educaçã o nova, nos anos 30. Esses estudos se
deram no â mbito da Administraçã o Escolar e, frequentemente, estiveram marcados por uma
concepçã o burocrá tica, funcionalista, aproximando a organizaçã o escolar da organizaçã o empresarial.
Tais estudos eram identificados com o campo de conhecimentos denominado Administraçã o e
Organizaçã o Escolar ou, simplesmente Administraçã o Escolar. Nos anos 80, com as discussõ es sobre
reforma curricular dos cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, a disciplina passou em muitos lugares
a ser denominada de Organizaçã o do Trabalho Pedagó gico ou Organizaçã o do Trabalho Escolar,
adotando um enfoque crítico, frequentemente restringido a uma aná lise crítica da escola dentro da
organizaçã o do trabalho no Capitalismo. Houve pouca preocupaçã o, com algumas exceçõ es, com os
aspectos propriamente organizacionais e técnico-administrativos da escola.
É sempre ú til distinguir, no estudo desta questã o, um enfoque científico-racional e um enfoque
crítico, de cunho só cio-político. Nã o é difícil aos futuros professores fazerem distinçã o entre essas
duas concepçõ es de organizaçã o e gestã o da escola. No primeiro enfoque, a organizaçã o escolar é
tomada como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que funciona racionalmente; portanto, pode ser
planejada, organizada e controlada, de modo a alcançar maiores índices de eficá cia e eficiência. As
escolas que operam nesse modelo dã o muito peso à estrutura organizacional: organograma de cargos
e funçõ es, hierarquia de funçõ es, normas e regulamentos, centralizaçã o das decisõ es, baixo grau de
participaçã o das pessoas que trabalham na organizaçã o, planos de açã o feitos de cima para baixo. Este
é o modelo mais comum de funcionamento da organizaçã o escolar.
O segundo enfoque vê a organizaçã o escolar basicamente como um sistema que agrega
pessoas, importando bastante a intencionalidade e as interaçõ es sociais que acontecem entre elas, o
contexto só cio-político etc. A organizaçã o escolar nã o seria uma coisa totalmente objetiva e funcional,
um elemento neutro a ser observado, mas uma construçã o social levada a efeito pelos professores,
alunos, pais e integrantes da comunidade pró xima. Além disso, nã o seria caracterizado pelo seu papel
no mercado mas pelo interesse pú blico. A visã o crítica da escola resulta em diferentes formas de
viabilizaçã o da gestã o democrá tica, conforme veremos em seguida.
Com base nos estudos existentes no Brasil sobre a organizaçã o e gestã o escolar e nas
experiências levadas a efeito nos ú ltimos anos, é possível apresentar, de forma esquemá tica, três das
concepçõ es de organizaçã o e gestã o: a técnico-científica (ou funcionalista), a autogestioná ria e a
democrá tico- participativa.
A concepçã o técnico-científica baseia-se na hierarquia de cargos e funçõ es visando a
racionalizaçã o do trabalho, a eficiência dos serviços escolares. Tende a seguir princípios e métodos da
administraçã o empresarial. Algumas características desse modelo sã o:
- Prescriçã o detalhada de funçõ es, acentuando-se a divisã o técnica do trabalho escolar (tarefas
especializadas).
- Poder centralizado do diretor, destacando-se as relaçõ es de subordinaçã o em que uns têm mais
autoridades do que outros.
- Ê nfase na administraçã o (sistema de normas, regras, procedimentos burocrá ticos de controle das
atividades), à s vezes descuidando-se dos objetivos específicos da instituiçã o escolar.
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José Carlos Libâ neo: Pó s-Doutorado pela Universidade de Valladolid (Espanha), Prof. Titular aposentado da Universidade Federal de
Goiá s.
- Comunicaçã o linear (de cima para baixo), baseada em normas e regras.
- Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas.
Atualmente, o modelo democrá tico-participativo tem sido influenciado por uma corrente
teó rica que compreende a organizaçã o escolar como cultura. Esta corrente afirma que a escola nã o é
uma estrutura totalmente objetiva, mensurá vel, independente das pessoas, ao contrá rio, ela depende
muito das experiências subjetivas das pessoas e de suas interaçõ es sociais, ou seja, dos significados
que as pessoas dã o à s coisas enquanto significados socialmente produzidos e mantidos. Em outras
palavras, dizer que a organizaçã o é uma cultura significa que ela é construída pelos seus pró prios
membros.
Esta maneira de ver a organizaçã o escolar nã o exclui a presença de elementos objetivos, tais
como as ferramentas de poder externas e internas, a estrutura organizacional, e os pró prios objetivos
sociais e culturais definidos pela sociedade e pelo Estado. Uma visã o só cio-crítica propõ e considerar
dois aspectos interligados: por um lado, compreende que a organizaçã o é uma construçã o social, a
partir da Inteligência subjetiva e cultural das pessoas, por outro, que essa construçã o nã o é um
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É necessá rio alentar que há diversos entendimentos do que deva ser a gestã o participativa enquanto forma concreta de organizaçã o
da escola. Na bibliografia final apresentamos vá rias obras que expõ em diferentes pontos de vista sobre essa questã o. O autor apresenta
aqui seu pró prio entendimento.
processo livre e voluntá rio, mas mediatizado pela realidade só ciocultural e política mais ampla,
incluindo a influência de forças externas e internas marcadas por interesses de grupos sociais, sempre
contraditó rios e à s vezes conflitivos. Busca relaçõ es solidá rias, formas participativas, mas também
valoriza os elementos internos do processo organizacional- o planejamento, a organizaçã o e a gestã o,
a direçã o, a avaliaçã o, as responsabilidades individuais dos membros da equipe e a açã o
organizacional coordenada e supervisionada, já que precisa atender a objetivos sociais e políticos
muito claros, em relaçã o à escolarizaçã o da populaçã o.
As concepçõ es de gestã o escolar refletem portanto, posiçõ es políticas e concepçõ es de homem
e sociedade. O modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um cará ter pedagó gico, ou seja,
depende de objetivos mais amplos sobre a relaçã o da escola com a conservaçã o ou a transformaçã o
social. A concepçã o funcionalista, por exemplo, valoriza o poder e a autoridade, exercidas
unilateralmente. Enfatizando relaçõ es de subordinaçã o, determinaçõ es rígidas de funçõ es,
hipervalorizando a racionalizaçã o do trabalho, tende a retirar ou, ao menos, diminuir nas pessoas a
faculdade de pensar e decidir sobre seu trabalho. Com isso, o grau de envolvimento profissional fica
enfraquecido.
As duas outras concepçõ es valorizam o trabalho coletivo, implicando a participaçã o de todos
nas decisõ es. Embora ambas tenham entendimentos das relaçõ es de poder dentro da escola,
concebem a participaçã o de todos nas decisõ es como importante ingrediente para a criaçã o e
desenvolvimento das relaçõ es democrá ticas e solidá rias. Adotamos, neste livro, a concepçã o
democrá tico-participativa.
Conselho de escola
O Conselho de Escola tem atribuiçõ es consultivas, deliberativas e fiscais em questõ es definidas
na legislaçã o estadual ou municipal e no Regimento Escolar. Essas questõ es, geralmente, envolvem
aspectos pedagó gicos, administrativos e financeiros. Em vá rios Estados o Conselho é eleito no início
do ano letivo. Sua composiçã o tem uma certa proporcionalidade de participaçã o dos docentes, dos
especialistas em educaçã o, dos funcioná rios, dos pais e alunos, observando-se, em princípio, a
paridade dos integrantes da escola (50%) e usuá rios (50%). Em alguns lugares o Conselho de Escola é
chamado de “colegiado” e sua funçã o bá sica é democratizar as relaçõ es de poder (Paro3, 1998; Cizeski
e Romã o, 1997)
Direção
O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola, auxiliado pelos demais
componentes do corpo de especialistas e de técnicos-administrativos, atendendo à s leis, regulamentos
e determinaçõ es dos ó rgã os superiores do sistema de ensino e à s decisõ es no â mbito da escola e pela
comunidade.
O assistente de diretor desempenha as mesmas funçõ es na condiçã o de substituto eventual do
diretor.
Setor Pedagógico
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A descriçã o das vá rias funçõ es da estrutura organizacional das escolas foi retirada, em boa parte, do livro de Vitor H. Paro, Por Dentro
da Escola Pública, (1996).
especiais, recomenda-se que seus ocupantes sejam formados em cursos de Pedagogia ou adquiram
formaçã o pedagó gico-didá tica específica4.
Instituições Auxiliares
O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos alunos criada pela lei federal
n.7.398/85, que lhe confere autonomia para se organizarem em torno dos seus interesses, com
finalidades educacionais, culturais, cívicas e sociais.
Corpo Docente
O Corpo docente é constituído pelo conjunto dos professores em exercício na escola, que tem
como funçã o bá sica realizar o objetivo prioritá rio da escola, o ensino. Os professores de todas as
disciplinas formam, junto com a direçã o e os especialistas, a equipe escolar. Além do seu papel
específico de docência das disciplinas, os professores também têm responsabilidades de participar na
elaboraçã o do plano escolar ou projeto pedagó gico-curricular, na realizaçã o das atividades da escola e
nas decisõ es dos Conselhos de Escola e de classe ou série, das reuniõ es com os pais (especialmente na
comunicaçã o e interpretaçã o da avaliaçã o), da APM e das demais atividades cívicas, culturais e
recreativas da comunidade.
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A formaçã o específica de supervisores ou coordenadores pedagó gicos tem sido motivo de bastante polêmica entre os educadores, com
diferenças marcantes de posiçõ es. Para melhor conhecimento do assunto, ver o livro Pedagogia e Pedagogos, para quê? (Libâ neo, 1999),
e o artigo de Libâ neo e Pimenta, na revista Educação e Sociedade, n.68, 1999.
Os Elementos Constitutivos do Sistema de Organização e Gestão da Escola
Formação continuada - Açõ es de capacitaçã o e aperfeiçoamento dos profissionais da escola para que
realizem com competência suas tarefas e se desenvolvam pessoal e profissionalmente.
LIBÂ NEO, José Carlos. “O sistema de organizaçã o e gestã o da escola” In: LIBÂ NEO, José Carlos.
Organizaçã o e Gestã o da Escola - teoria e prá tica. 4ª ed. Goiâ nia: Alternativa, 2001.
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Esses elementos constitutivos da organização são designados, também, na bibliografia especializada, de funções Administrativas ou etapas do processo
administrativo. Os autores geralmente mencionam as quatro funções estabelecidas nas teorias clássicas da Administração Geral: planejamento, organização,
direção, controle.