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Colegio RARER | (rlentacto edtora Srattate Braslelro de Andise Soctais e Eeondmicas CiBASED een enter $ ‘emo se fex medic popular — Jorge Moreira Rocha ‘Gono se faz tan Jomnab comuitério = in ihe ah apr an Rata teohe sigue sugestio de assunto © aloe perm &Coleydo. Fazer ‘rer para os seguntes endoregoe: Bins "Roe. Viote oo Sons, 9 — CHP as) — Botafogo, 70 Baers ozep — Ran Prot ls, 100.— CBP asta — Petrepous, © 1984, Eaitora Vozes Ttda, Rua Frei Luis, 100 26609 Petropolis, RI ‘Brasil Diagramagio ‘Valdecir Mello COMO TRABALHAR COM O POVO Metodologia do Trabalho Popular Balgso VOHES, Petropolis 1986 Para 03 Agentes de Pastoral dos morros do Rio: uz, ‘Matinna, ‘Sumaré, Paula Ramos e Sta, Alezandrina <'pela: caminhada comurn. Método de reflexin com 0 p-wo — Primeiro tempo: ver, OT 10 Segundo tempo: fulgar, *3 u Tercoiro tempo: agir, 9 2 GD Motodologia da agio direla: 1°) Agir cone « monte, 85 8 2°) Valorizar eada paso dado, 89 “ 8") Articular os passos com o objetivo final, ‘4 16 49 Somar forgas, & 6 5°) Formar animadores, 89 1 Pastoral popular: confronto religiie sia, 108 18 Como gar £6 © politica, 105 19 Como relaclonar organi social do pova, 107 20 ‘Téentens do trabalho popular 112 Epilogo, 117 ico eclesiad © organizagio ! See ee Sumdrio 1 Introdugio: a arte do trabalho popular, 9 2 Conversiio de classe do agente, 15 3 © papet particular do agente, 23 4 Insereio: condigio prévia indispensivel, 31 6 A mistica do trabatio popular, 30 6 Aclo/reflexio: métode do trabalho popular, $1 7 Como iniciar um trabalho com @ povo, 55 a ) Metodotogia da edu far: Beeeoae icagilo popular: condigbes i Introdugao: a arte do trabalho popular pPrcanes exoliciar neste treo 25 condiges fe oriontagSes concretas que ajudam no tre balho popular. Nao se pretende dilar aqui os man damencos ou ‘receltas de como trabalhar com 0 povo de modo concreto, Trata-se apenas de exa- minar como esté se dando hoje esse trabalho © expor as indicagdes ou tondénclas mals fecundas que a propria pritica ests sugerindo. R evidente que 1050 no val sem anilise e critica, Tentaremos nossa parte organizar as prin- clpais ligdes quo se podem tirar da experiéncia de trabalho junto 0 Povo. B junto com a ongant- zagio, daremos alguraa justifioagto mals proxima das Iinhas ou orientagGes que forem senso ex ostas. Nada do que 6 dito aqui deve ser em tendido de modo doxmético. 1ss0 sobretudo por. que o trabalho popular é uma arte ¢ no uma cléncla, & uma arte vaise aprendendo na pritiea, Tanto mats quo se trata agui de ums das artes mais diticels: de 2dar com gente, Por isso, 6 com foda desprotensip quo se colocam aqul indi , 40 contrério: quanto mais delicada a tarefa, mais fazer trabalho popular. Elas deverio ser comple # atengiio, aaa seriedade se a ter, tanto eC a 1] 2 ou ‘nha prética quanto na compreenst in pr tas reexSe sobre cans ‘expertnlags — Folgrse “a cxperitncta enaaay, porta dui « ‘cagSes préticas (mals que orlentagdes) de como a te ee ete lt ee gee ee cine a penta cues, SR SURE SES ae sa as nets i ma ee seme mpi, A “ironia socratica” exprime & consciéncia da pro. | rentes distintas de trabalho populer. Algumes pri See ets aimed ee ee Song error heme op ae eee ee eps cama ee onl ‘déncias fundamentais. | Ass ° ' ‘De nossa parte, referimonos de modo | : Sans Sea a ret ees Seana crema ee _ i tea que € o da pastoral popular. Mas é preciso dizer ceepiames re ¢ pova,O se exam sto are See ene cen papain ge nedora, Gat ae Eta do ttananopopus em gor Be at, uma | Eprendizado que’ se funda principalinente na expe: Hl ‘pastoral libertadora procura favorecer toda forma } riéncia, Acertase no trabalho popular através de | de afirmagio @ promogio popular: educativa, sin- | Si Ares mo Sein poplar, me oe ere ae cn dat hee Oe de i eee a importincia do processo como tal. “i no cha- 1 ‘A quem se destins esse trabalho rieratcten Searaciraseae i pria ignorancia e 6 0 principio da sabedorls! no trabalho junto ao povo. Ba alitude mais orig! néria de todo agmte popular. popular: educador, profissional liberal, téeuico, politico, sindicalista, padre, ete. Temos em mante Principaimente o chamado “agente externo” — ‘aguela pessoa ou agéncia que “vai” trabalhar junto i 80 povo. Contudo, 0 que se diz aqul vale tambéin | para o “agente interno", o “agente popular mes- “Se haco camino al andar” (A, Machado), Dirigimonos aqui no agente de trabalho | sso no quer dizer que 0 dova proce der sem critérlos ou precauges; que se deva ir em frente simplesmente, de acordo com! a conhe- Glda afirmagio: “valse’btuta, depois ‘so werd". Nao. No € permitido agul nenhum tipo de Brae. Matiamo ‘ivolo ou ativismo grosselro, Totazients 10 : ' | | mo", isto é, aquele que surge do préprio povoe | Nesse caso, embora o sentido (conceitual) seja i af eierce un papel eaweative ou politico. Aistinto, a” signitieagto “Cebjetiva). é a mestna ‘ Na verdade, a distinglo entre “agente rolerimonos no fundo A mesma colsa, externo” © “agente interno” se enfraquece © quase ® Gesaparece na medida em que o “agente exicmo” ' se insere no universo popular tornandese povo Cains de ferramentas e nio receituirlo Tato! Shoe ee ae aa | ou “popular” cresce em experiéneia e qualificagio As colocagies © indieagées aqui expres- 1 ‘RO seu trabalho, Alids, 6 a prdpria din&mlea do ‘Sas querem ser claras e priticas. & a prépria na- { nh ing ¢ lan ums, NEN nS aa ar a SSR i sn oe See Stn ea a ee gi mt rm BES ea nade meagan | mii iy ler aa Ss Pe ke tum “agente interno experimentado” ot “popular” Evidentemente, aqul nilo & posstvel apro- { Contudo, sempre sobre a diferenca inapagével do fundar as questées tedricas que as proposigbes ‘ BR pa etn Tee | pate es es a oi Sc ee des a ae vee em mar ose contrario. + ficar de modo imediato as indicagées concretas a eceaiiaee tu stgerdas, Mum outro ‘sori agen as cagats Seal, Eutlamos, iting ute Fastori's Povo" (in RES.', Gib, Seinen {ogre utero Tagntetotemo" ¢ para. evr Erngaron pono lear de" eos prea deles tem, sobretudo o primeiro, em particular solocagées presentes, nnos infeios do trabalho com 0 povo. Esse livrinho nfio dove ser usado como otemos tamblm quo nese text fale | um recsltudro ou earliny mun cone a Sos remos_nortimoets aut Sper" comptes to fortmenias Nels oo saan tate Pores termo'e Sonja’ ony an as Osta sorte a tals seas outios mene a Bi ettterans, Enicederans ena cozimis de umn eal do foroments nts sees: Gam te sptlso seldaoo" (do “aaglo™) mus no sexy «= Saag out, ferramenig,omase o cine tl “aaselta" to “ltsen Peparee nD ae Oe terrae mia oe uae a a frome spovo" ato e betel cates oe Sak 8 fporante do propo 90's an Aenomina nos grupos. Be tubalbe popes" Se tae, “puro” quae doer cimplesaene eso nldade popular com a qual so esta trabalhando, Fy 18 s Se ene 1 A necesséria conversio de classe ‘Tiremos agora as conseqliénctas da si: tuagao gicbal da divisfio da socledade (de trabs: tho e de classes) quanto ao agente de trabalho popular. Em primelro lugar, 0 agente externa deve reconhecer sua situacdo de classe e 0 cardter de classe de seu pensar e agir. E isso sem distarce, com toda hones- tidade. Ser de uma classe ou outra pertence 20 destino histérico de cada um. Nao depende de ‘uma escolha voluntéria. E tal’ pertenga’ marca a conscléncia e 0 modo do vida do cade um. falso dizerse igual eo povo, identificado com ele, do momento que se 6 de'outra classe. Essa atitude mistifica a relaglo com 0 povo © leva & domina- ho sob pretexto de igualdade, Por outro lado, esse reconheelmanto deve ser felto sem masoquismo e mé consclénela, sem sutanlzar a propria situaggo social e mem ‘cano- nizar a do povo. Ti vantagens e desvantagent es ecificas em cada uma dolas, For isso mesmo — ¢ 6 0 2' ponto — © agente externo necesita de uma “conversid de classe’. O que importa sobretudo no é:onde so esti, mas de que lado 50 luta. O que conta nio 6 'w origem de classo, © nom 0 situngho da classe, mas a posigho, opcio © pritica de classe, Trota-se ‘aqul do “passar para o povo", de se situar a seu Jado na tuta por uma sociedade nova, | 16 6 2 Gonversiio de classe do agente Situagio intel socledaue dividida ste € 0 grande dado de entrada a se lever sein pre em conta no trabalho popular: a divisio social do trabalho om trabalho intelectual (dec!- sio) e trabalho manual (execugio) ¢ sew desdo- bramento na divisio de classes em classes domi- nantes © classes dominadas. Kista situaglo real = aqul apenas Indieada — ha de permanecer como pano de fundo em todo © trabatho popular. Este, na verdade, arranca dela (quanto & sua forme de organizagio) vai na linha de sua superagio (sociedade igualltéria). Esta constatagio elementar ¢ geral j& fornece a linha de base do trabalho popular: re forgar a posigdo do povo (seu saber © poder). Pols no é verdade que a existéncla ¢ a conscléo- cla do povo sejam simplesmente as de seus do- mainadores (alienago absolute). Nao, 0 povo tem uma existéncia e consciéneia prdprias, porém dominadas, reprimidas, controlaéas de fora e de dentro (introjecio), justamente pelas classes do- minantes, 6 Contudo, isso tem © seu prego, Pois im pica, em primelzo lugar, em romper com os inte- resses e @ mentalidade da prépria classe. E implica também em guardar certos valores, desenvotveos 8 pRNNaion para 0 povo. O gue minrdar ¢ 0 aie rejeltar’ © que se deve deixar: a ideologia Comecemos pelo que o agente externa deve rejeitar em sua relaglo com 0 povo. Digamos que o agente deve romper com a ideologia tipica de sua classe e com os interessos que ela exprime. Entendemos aqul ideologia tanto as idélas como fas atitudes © comportamentos préprios de uma classe, Fiquemos no agente de “classe média", que 6 de onde a maloria dos “agentes externos” provém. Porque essa classe niio constitul uma ‘classe essencial em nossa soclodade © porque nem constitul uma classe definida, sua ideologia — ‘como seus interesses — nio igualmente definida, Ela se define apenas © partir da Idcologla das outras classes fundamentals, com as quale. coin elde em determinados momentos ou segundo de terminadas de suas frac6es. Por isso, a definicdo ideoldgica da “classe média” 6 essencialmente sua indefinigio. is alguns tragos “caracteristicos" de sua ideologia: 1. Posteo em cima do muro, que pode ser expres: aa nas segulntes atitudes: — oscilagéo ora & direlta e ora A esquerda, donde pouca firmeza nos compromissos; " —oportunisino, que faz tomar a posi mais conveniente a0’ momento; —protensio a0 neutralismo politico; — orenga nas solugies negocladas # qualquer pre. {¢0 (colaboracionismo We classe), 2. Gosto por teorlas abstratas, que se exprime em: = Drigas de fdéias e nfio de préticas (para fugir a0 compromisso); —tendéncla & intelectuallzagio dos problemas, a fugir para as nuvens, a adotar um universalisino vazlo, a desmaterializar as coisas; — rerolucionarismo retérico, sem mulores conse quenctas; — sectarismo politico, com tragos de fanatismo & ressentimento; retensio intelectualista de diriglr © proceso histérico © guiar 0 povo; Z — moralisme na compreensio e solugéo das ques- ‘oes socials. 3. Individualismo, menifestado em: — isolacionismo social © ideolégico (“quantas ca begas tantas sentengas"); = egoismo de interesses (“cada um por si..."); — alta de espirito de corpo, de classe (Jé que no existe como classe definida); — privatismo na solugo dos problemas (“depen- ap do cada um"); — Interiorlzago espiritualista dos conflitos. na forma de “crises existenciais", ete. Pols bem, € de toda essa mentalidade, © dos interesses que ela esconde/manifests, que o agenteclassemédia deve so despojar se quer se sproximar das classes populares pare servilas. Na Fry Ora, ontre 0s valores da clesse (bem serem de classe) que o agente de classe media deve guardar podemsse contar: — habllidades téenicas utels s todo o povo: ‘ler, serover, contar, curar, bater a miéquina, encem! ‘bar um procesto, ete = Informagées de caréter histérico e de atuall dade; ani —capacidade tedriea para anslisar a realidade 6 sistematizar conhecimentos; — valores de carter humano, como o cullivo da subjetividade (quo na classo médin 66 tem de ve ciado seu lado exclusivo © excludente), ete. ‘Todos esses valores representam rique zag que nfo s9 hd de abandonar, sob pena de Aeixar 0 proprio povo privado de algo a que tem direlto © que precisa conquistar. Portanto, esses valores devem set passados, comrinicados 80 povo © do certo modo democratizados ow zocializados. ‘Como passar a0 povo valores de origem nge-popular " Noturalmente, a soclatzagio desses ve | tores ndo se dé sem mats. Ela supée, em primeiro Y} ugar, uma relapéo.pedcgdgiea. correta, quo Pros creva momento, & modida @ 0 modo de. sun comunlcacio. Nada, pols, de ir despejando em ima do povo *nosias” riquesas, assim sem mais y em menos, a preterto de qs © povo fol por rmutio tempo prlvado dels © que agora chegou © momento de recobeias. verdade, mals que de uma conversfo, tratese de uma definiofo de classe, © claro, essa. definicio 86 pode ser felta no préprio proceso de relacio- namento com o povo. Pols ¢ al que se podem identificar superar as prdprias allenagbes de ‘classe, Evidentemente, a disposigao para Isso devo sor prévia enquanto representa uma abertura oo questionamento e & mudanga. Sem essa disposh fo do fundo, nio existe trabalho popular que transforme a ‘pessoa. Nesse nivel nio ha auto- matismo. © que se hi de manter: valores universals Vimos 0 que 0 agente deve deixar. Eo que deve guardar para repassar a0 povo? Deve guardar Wdos 0s valores humenos ¢.cullurate que sio dls para 2 Tuta © lbertagko {SS poo. Na vordade, nem tudo 0 que € da clase fnédin'¢-de claso medi Isto 6 nem todo 0 aue 2 classe média vive ou addla € caracteristico dala Tito se pode confundr noturean do eortos Ya: Totes, tuo por sl mesmo a0 universais, embore Tonopelizados injustemonte por ume ease, © se tao ou fungio’ ideologies. ‘Femos, pols, quo ds: tine o que 6 propio da classe (classic) © 0 tuo é Muusuno e wilvereal, © quo fol apropriade {ogitmamenta por els. Aconteos aul, na ordemn dos valores e hablldades viris, 0 que. sucede fam os melos de produgio: estes so propredade Privade, mas sun, Gestinapdo € coletiva, A quesiso, Bio 6,'pols, destrutios mas se aproprar dels, Do stn! anies reorganisélos profundamente, 0 ‘Bm segundo lugar, importa refundir esses valores, qe yém sempre revestidos de uma forma de classe ("pequeno-burguesa”). Por i850 precisain ser purificados @ mesmo convertidos para poderem ser assimilados com provelto pelas Classes populares. Taso 6 ovidente, por exemplo, ‘com respelto & ciéneia, que, embora tena vocs ‘cho universalista, fol crlada elaborada pela bur- Guesia © carrega, em sua expressio cultural (in ‘guage, instrumentos de produgio cientifien, ete.), ‘as mareas do nascenga (Inclusive a teologia e 0 ‘marxismo). Na verdade, “tudo 0 que se recebe, se recebe pelo modo de quem recebe” — diziam os mosttes mediovals. Assim, valores universals, vi vidos até ontio por uma classe, s6 podem enrl- | quecer ume outra quando receblios assimiados J segundo os esquemas dessa outra classe. Valores / unlversais, de que foram portadoras e fruldoras fas classes dominantes, s6 podem ser vividos cor- retamente pelo povo 20 modo deste, isto 4, po- pularmente, E isso vale tanto para 0 ter, como ‘para 0 poder, o saber © mosmo o crer. Donde se | ¥8 que nao 6 s6 0 agente que dove so converter, rans também devese converter @ riqueza que ele carrega consige em seu trabalho popular. ‘Conversio do agente interno? A questio da_mudanga ideolégica © po- Utlea (conversio ou definigio de classe) fol aqui referida a0 agente externo. Mas o agente interno também pode ser chamado & conversio, justa- 2 ‘enio na medida em qua em o opessor intro ado dentro de se que por Isso pense. ¢ Sequnto modelos aionados, Or, tal Atingio lo ara entre os. dingentes’ das aseociagées pope lnres"(polegee, eto). esto caso, o priprlo agenlo oprimid ‘Recessita de conversio: conversio & propria classé ek sun lboriagio coletiva, Bvidentanento'o ane sesso de conrersio agul obedsce a uma dioica propia. © u"dintmales do” proprio tabalhe pore I eau vtanon a trac, Ou eS 0 eee0 da rellento/agio que 6, agente popular Allenado pode so converter obrelu so for ape. fas Ingen} ov eo ao fovea 6 desmarctar 0 f0F Taal intancionado): Mas tudo tee wereed melhor mals adisnte, eee ‘A tgualdado entre 0 agente © 0 poro sq dé ‘num outro nivel, mals profundo que o da mera o6- pis ou maciquesglo. Como veremos ainds, a igual- Gade consiste na identifieagio numa mesma. casa ‘ou projeto fundamental, numa mesma pratica, o lute e, por fim eo quanto possfvel, num mesmo tunlverso cultural, So alguém 6 ou so torna agente 6 por- ‘que wm algo a oferecer ao povo, tom uma con- tribuigée particular a dar & sua caminhada, O agente é agente porque diferente. ¥ Isto que precisa ser visto e assumido. Agora, 0 fato de ser diferente mio colo- ca do por 1 0 agente fora ou acima do povo. ‘Tratase antes af de um servigo que devo ser pres- tado sem arrogancia © quase por imposi¢fo his- tirlea, Antes de isso ser um titulo de gldria ou mérito, 6 uma obrigacio étiea e uma misséo social objetiva, “At de mim se nko trabalhar com o povol” —poderla dizer 0 agente imitendo 5. Paulo, : Por isso s6 quem nio entende sus post so real no processo de crescimento popular pode pretender seja dirigir © povo ou ser sbsolulamente Igual a ele. Aparecer acima do povo ou deseps- recer no melo do povo nfo interessa finalmente 0 povo. Isso é desajudé-o. Tratuse, sim, de estar a0 lado ou ne meio do povo, sendo o que se é, sem féntasias ou méscaras, e fozendo de sua di: ferenga um servico, 3 O papel particular do agente O) teente extemo no ¢ 6 dferente do pore or sua extragio e/ou situagio de classe, mas também por sua posigio no proceso ou caminha. da de ibertagao. Na ‘verdade, ele € um agente © como tal tem’ um papel, mais que especial, espe- eifico, E isso vale também para o agente popular. Esse papel pode ser politico, téenteo, astorul, educativo. Na falta de um termo melhor © mats’ epropriado, poderlamos talvez falar em Jungio pedagdgtca, para englobar todas as funcdes de crescimento integral da cormunidade ou do povo (et. a paidéta groga), Importa que o agente, além de reco. nhecer seu cardter de classe, reconheca e assuma ‘sua posigio especitica junto ‘a0 povo. Tal posicéo pode ser designada como atteridade ou diferenca pedagégica. De fato, 6 uma ilusio so dizer ou so pretender “igual so povo". O igualitarismo, como tentative e mesmo como aparincia ou impressio de puro achatamento entre 0 agento © 0 Povo, deve ser desmascarado como uma farsa. Come caracterizar 0 agente Poderiamos aqul, mals que definir, des. crever ou caracterizar essa fungio propria do agen to em sua diferenca pedagdgica (sempre no sem tido amplo da paidéia grega, como formagio Antegrat do homem Integral). Vamos caracterizar fn fungi do agente através de um esquema que {falar por st mesmo, 2 modetos de agente ou educador ‘Modelo do agente Contramodeto to (antmador) agente (paternalista) 1. 8 como um partetro — % como um genitor (maieuta): ‘ou pai: suxilia a mie a dar a cngendra realmente o Taz, {tho. —# como um artesio agricuttor: ou fabricante: culda da terra para que manipula as cotsas para produza bons frutos. produzir outras, 3. B como um médico: — @ como um general trata do corpo para que dé ordens para avangar conserve ou recupero a ou recuar, etc. sale, Expressées de sua fungdo espectfica Ativar energias inter. — Influir através de has, despertar, suscltar, uma forga de fora e de estimular, cima, infundir luz e sa — Indusir, animar, te zertazer. Servir, ajudar, refor- — Fazer no lugar, ser- ‘eer, contribulr, 'seoun: viree do, arrasiar, pro. ar, assessorar. sidir. — Dar condig6es, prop! — Cilar, produair, cau- clar, facilitar, dar lugar, sar, instaurer, construlr. {azer_espaco, —Coordenar forgas em — Ordenar (e conde. resenga, articular, agen- nar), mandar, lderar, lar. administrar. = Fstar no melo, ant — Estar & frente ou acl. mando. ma, puxando. Atitudes ou quatidades tKpicas = Atengio, ausculta, — Intervencéio, abertura, inioiativa, . — Culdado, respelto, — Coragem, pacléncia. agressividade, — Minera, tato. — Esperteza, “tatica”. Observemos aqui que as figuras do agente ou educador como partelro, agricultor © médieo nos vieram, entre outras ‘menos fellzes (leiro, domador), da tradigéo grega ¢ foram uti lisadas' especialmente por Plato, em geral na boca de Séerates. Importa notar que‘sio simples comparages, que, como tals, sempre claudicam por uma ou varias partes, em particular aqui a do médieo, i Essas figuras podem evidenclar ums al-| teridade pedagégica exagerada se as tomarmos| como profissdes, Mas indlcam corretamente a es-| pecifickdade da’ agio pedagdgica — trabalho a ‘partir de dentro — se nos fixarmos na fungio ou) Dritiea concreta desses trés personagens, Trata-so | so de dependéncia mitua devido no seu citer social. oe Isso significa que o agente, como tira avira exit tadndo air demparesend, 8 fornar d3 todo dispensével. Pols importa ovo etegue a *caminhar com as prdprias Petras", livre do qualquer tute Evidentemente, o trabalho do. um sigen! te no processo popular’ leva Inlolalments 0 povo| a umn ceria dependéncla ‘do agente, Tat depen encis se dé precisamente naquilo que © agents raz do novo: uma competéncia, uma capackiade| de convocagio, uma contribuleSo’ tntea ou culty: ral, etc. Tal dependéncia iniclal $ sbsolutamente nafural e pertence & dialética do processo educa: tivo. A verdadsira questiio é 0 proceso: para onde| teva? 1 Com efeito, a reulldade 6 que 0 povo vive numa situacio objetiva de opressio ¢ allena- so, ou seja, de dependéneia e sujeigéo frente as classes dominantes. Certo, © povo rosiste, lute ataca. Mas, sem o “salto” da conscléncla critica, para o quai a presenca do uma mediago eduotiva € indispensavel, reapio popular permanece no nivel clementar, fragmentétio © desorganlado, ‘A valotizagéo do povo © de seu poten: lal cultural ¢ politico nfo devo fazer esquccer a situago dominante que elo vive ¢ sofre @ que 6 Justamente = dominacdo de classe. Nio fosse 1ss0, © povo {6 esteria no poder @ nfo teria malores Problemss, Sem duvida, aqui e all 0 povo com segue se impor, mas no conjunto esté oprimido 8 ai, na verdade, de uma distingo de funcdes © no de uma divisdo de categorias ow pessoas. Do fato, ser agente niio 6 uma qualidade ligada & pessoa, mas & sua fungSo. Daf porque o ‘que é outro ow diferente nio é tal ou tal pessoa, mas, sim, 0 lugar que alguém ocupa no grupo (anlinado?, coordenador, ete.). Allds, o agente ilo 6/86 agente © nem sempre. Hf, na base de tudo, pessoa humana. O agente 6 também agido. Sou Tugar ou fungio diferencia 6 uma exigéncla do grupo e nfio um predicado de sua pessoa. Por isso, a funcéo pedagdgiea (como também a politica) 6 absolutamente relatioa. Do resto, o agente verdadelro atus, sim, © com todo © sou vigor préprio, mas sempre na méxima dis- crigio © fazendose ‘notar o menos possivel, soja pelos titulos, seja pela publicidade. £ porque a modéstia 6 intrinsoca ao cargo de agente, assim como a intermiténcia (agente/agido) © evanescén- cia de sou trabalho, como se vers logo em seguida, Assim, a alteridade que o agente deve reconhecer e assumir é a alleridade de uma fun- ho prépria dentro © a servigo do grupo e nio ‘uma alteridade do distancia ou de superioridade, ‘Autonomla do povo: ‘objetivo do trabalho popular Sim, porque 0 processo educativo tem como objetivo essenciat a autonomia do educsndo. Autonomia como autodelerminagio ou autodire- ‘gio, @ hilo propriamente como independéncia abso- Iuts, pots 0 homem vive necessariamente em situa | a até que telasses populares” sigificarem “classes Stem Por isso mesmo, todo 0 esforgo do agen- te 6 reforgar 0 poder do povo até que este atinja sua autonomia ou autogestio entendida como controle de suas proprias condigves de vida, Dal que a grande questio do agente educador 6 so sua ago leva o Povo ao crescimento e A liberdade ‘cada vez maior ou ao contrério. Isso supde que f& interferéncia do agente externo vi diminuindo fem proporgio inverse, até que o povo posse se ‘aprumar sozinho. tapas de eresclmento de uma comunldade Podersela dizer que essa caminhada rumo & autonomia passa por trés fases: 1) Inicialmente, o agente trabalha para 0 povo. 3 eomo se 0 carregasse, 2) Depois, o agente trabalha com o povo. ¥ como 8e 0 amparasse para que tente caminhar com as préprias pernas, 3) Finalmente, 9 agente trabalha como © povo. B como se 0 povo ji pudesse caminbar por pro: ria conta. Nese ponto, 0 agente no sal do co nnério; muda apenas de papel. Ele continua parte viva da caminhada mas sem mals a fungio do Inicio, pois esta jé foi incorporada pelo povo ow or gente do povo. E nesse sentido que o educador desaparece como edueador, nfo naturalmente como Evidentemente, para que tal proceso de autonomlzagio aconléca, 6 preciso que 0 pré- 4 rio agente fara 0 caminho inverso: 0 de sua ; Identificagio e educagio progressiva a partir do nsergdo: ane ees foro, Na verdida © Proce pelagegco'@ dupa: iddispee ee eee consiste no encontro reciproco do agente © sou ispensdvel saber com povo © sou saber. IE isso aconteco em contexto de reciprocidade, dlalogo e partilha vital. 3 86 no intercmbio de’ saberes que © proceso ‘educativo se desenvolve, seja do lado do agente eomo do lado do povo. fa sto oe pees ee (Eee em que é educador e nio na medida em que 6 partir dos pés ¢ das mios dirigente, Pols aquela fungio 6 por naturesa passe | rimoa eee geira (embora haja sempre uma “educagio per- Yims ue a situacio de partida do trabalho see om tls amet mmnaates, | V fond os to sah dst enquanto’ quo esta ‘itima é permanente, Quanto seeee, yimas fame ue a tuncko tudinal 3 fungdo do diregto, ela também doverd ser ne tthoule ao dosteo: Sane mule do Poro pare con- corporada do modo crescento pelo Povo, até. que Satronae® amt, & sun aulolbertpto, Dissemos este produss seus préprios dirgentes, Essa & Um cine con® fo Supce una conversto de elemento fundamental para a autonomia popular, promiasg aerate e558 qua se oxprime no com- para o que diremos alguma coisa mals’ & frente, a igajamento com as classes. popu Agora, para que isso tudo possa se rea: lnar, 6 absolutemento nocesstelo que ¢ agcnte Insira no malo popular. Quando so fala saul ess lnsergio, entondose por esse. consal urne pee songs ol, contacto shoo com 0 universe populae aso af do-pastlslpar onsrelemene, Bree 0 povo, do conviver com ele, Ge eslabeleccr Linn ‘le tm fago orgtnico. Sem esta insergiio real o agente: FnHo tera condigies objetivas de se dostaser suas taras de clasees SS - — nio poderé evitar 0 autoritarismo ott relagdeg {do dominagio no exereiclo de seu papel pedage: ico; i ave também no ters condlgSes do assumir umd mistica © uma metodologia reaimente Mbertadoras, "como ainda veremos mals adlante. Se a consoltncia se nutre das expertea, clas concretas (como 0 viram 0s fiésofos, dos fregos até Marx, passando pelos escolstices); 20 Se pense a partir dos pes” (lugar social) © das rmios (pritieas), ¢ Indispenstvel quo se entre em contacto vivo e participante com a vida do pore aso s° guolra entendola e érabalhél, ovidente que » insercéo fisica, ‘local mesmo, nio basta, Mas 6 uma condigio indispen- sivel ¢ fundamental. A liso de uma experiéneta importante Fol no campo da pastoral popular que ‘se andou mals Jonge nesse sentido, Néo hé ageo- cia educativa na sociedade brasileira que levou mais a sério a necossidade da insergio © encar- nago concreta nos melos populares que a Igreja., Fol todo um movimento que agitou 0 corpo intel, ro da Institulgio eclestal numa linha de “passar ara o povo", “moverse para a periferia”, “inserir- se nos bairros populares", etc, Fssa tendéncia levou bispos a deixarem gous paldcios para se Snstalarem em casas populares nas regives pobres da oldade; condusiu padres @ percorrerem 33 fe volug ¢ as reas rurals, antes abandonadss; arras tou Ielgos cristéos a se Jangarem mo melo dos se om da pt sti sas om et era ss a etn alata ten se a Se a Stas See eee et tae Sess oes > oro es sats StS te eat Seinen sa a pa a oe a Ti rite tains te hy ci a ne ee Wicd gate ca eens de, wat Esta exportncia tevos & convlosio (o esta pode servir Ge gio gore) para. o. trabalho popular) do que sem inser concrete nfo pode Hofer m‘trablbe popular otra, portant, Uma, precondisso. vasiea, indispensével, embors fnoutidente, que 0 agente se {deirfique 0 rais Porsivel como povo.modiente um ctntacto vivo Som eat A tool pastoral e pollen ds nein representa, urna convicgio 36. bolo n- leutvel'e tn punto definitive do trabalho yo ular. ‘Tipos de Insergio Contudo, as formas objetivas ou expres: ‘s6es concretas de insercio podem ser malores ou menores, Elas admitem graduagdes distinias. Fo- demos aqui indicar esses graus ow demas agul ind graus ou formas eres- D Contactos sivos, ® x torma mais etemen sentir a realidad do evo. ‘tretase al 20 una bresenga passageire © descoatinus com 0 mundo da pobrem e opressio, Esse 6-0 nivel minim heoessério para’se poder acsimir reaimento. a causa do. povo e realizar 0 prdprio engajamento por sua libertagio, Pols mesmo vivendo num lugar Social niopoptiar, qual sea o da prépria. caso, € posstvet colocarse politicamente ko lade do povs. bo ‘ese compro 36 pode str matldy do orratn econ somente a Sh. oe eee fagento com 0 poro, Por outro lado, o limite desee talno, expresso Por contacto saitudrio, 6 esse indo poplar, com o perigo dose fost seas uma espécle de turismo, Seen 2 Portclpacto regular, Temas aqut 36 um - tod do invoreto mais avangado, Nesta; escothoza tena comunidade de referéncia ou de incardinaglo, ct rida se, acompacha do forma, constants ou em on ai nd se toma parte de modo continuo. panied 9) Moradia. Morar mun baz forma’ de merguihar mais & fundo pas, condigdes ge ide dos pris, A vantagem des ive da Inerefo 6n eistfato do unitero toca, sobre jovcltura, dos oprmidas Dor elated dasoree nacio que elo Daria, é eta fora po ue. sofa ast ho Bs en fer tos melos popuiares s” %° f ee | Inserirse para partilhar e finalmente Mbertar # preciso também dizer que a insergi nfo 6 tudo. # apenas o ponto de arranque pi algo que vem depois e que ela possibilite, Po LE, Serio the pod ae eed coin pantesia do trabalho popular. Bla néo 6 fim: meio, Ela visa a allanga concreta e prética do fazente com o povo © do povo com o agente, sem pre em favor do povo. Ela tem sentido na medida fem que permite a partilhe © o intercimblo das Tiquesas e gervigos muituos com vistas & Uberts gio, Pols € a partir da insergdo que o agente Poderé descobrir sou préprio cariter de plasse © ‘Se converter, compreender realmente as condigSes Ge existéncla e consciéncia do povo ¢ contribuir afetivamente para seu cresclmento. Por outro lado, 6 também a partir da insergio do agente no povo ‘quo este poder elevar seu nivel de consciéncia, organtzagin @ lula, Na verdade, 0 objetivo concreto mais alto tanto da iaserga6 quanto da partiiha ¢ reall- rar o profeto eosum de uma socledade Hbertada igvalitiria, ne qual a assimotria cstrutural agento- povo seja cnfim suporada. Tal 6 0 projeto e a0 mesmo tempo © processo da relaglo agente-povo. Assim, insergio sd pode se entender proxmamente dentro da perspectiva da allanca Bu didlogo agentepovo ¢, mais longinquamente, dentro da perspectiva maior da lbertagio social. (© agente popular deve também se Inserir? Como para a questio da comersio ot definigio de classe, a problemdtica da inserciq. 36 4) Trabatho, Bis af um modo exigente de par ‘uhar da experiénela de vida das classes popula- res. Tratase aqui de una insergSo no sew mundo Ge trabalho (produtivo), que marca toda a sus existéncia de modo determinante. A insergo aqui @ tanto mais fecunda quanto mais decisive ¢ rica a esfera em que se dé, 5) Cultura, A snsergio supe, nesse nivel, que © fneorpore 0 estilo de vida de povo na linha do morar, falar, vestir, comer, pensar © até do orar e crer. sses sio 08 diferentes graus de inser- ‘cho. Mas podem se constitulr também em formas Giversas, niio necessariamente escalonadas, do 5° dentificar como povo. Adotase esta ou’ aquela forma em fungio das condigdes objetioas © dus isposigdes subjetivas de cada um. Nao hé divida, © proprio proceso do trabalho popular compreen Ge uma dindmica que leva o agente a se aproximar de forma crescente do povo © de suas condigdes de existencia, ‘Objetivamente nem todas as formas s° equivatem: elas oferecem umas mais e outras me- hos condig6es de realizar um trabalho popular libertador, Contudo, do ponto de vista subjetivo, ‘uma forma produz mals Ow menos frutos também fem fungio da intensidade pessoal com que 6 assu- miida, Assim, pode acontecer que uma comunidade de agentes, ainda que more e trabalhe no mundo 0 poro, venha concrelamente a fazer bem menos ‘que uma outra, que sO possul com ele relagdes funcionais em torno de um projelo concreto, mas ‘que nisso se empenha mais a fundo. Mas ‘casos assim no so, em verdade, os normals. % agente extemo, se rofere aul naturalmente a0 agente , Soi esse problema — como o outro — ¢ prineh almente dele, Gontudo, para o agente popular, a dues: tio se coloca também, inas de modo distinto. & neeasidade. do insergio corresponds, para, ele, Peplcipagdo mas Tutas do povo. a partir daf ave arcs populat se. qualifica como tal © 80 & Garlir de designagbes exteriores. outa questo do agente popr 6 unit ‘yea em fungio, mio se desligar da base, mas con Cee anette inserldo ola. Pol, como ost tee endo, tal & a condigio prévia para wm Yurreto trabatho popular. Mas esse J4 € 0 objeto corto do trabalho popular de que estamos Sql tratando. demos aqui indlear esses yrmas ieee graus ou formas cres- 1 conactos shoe. forma mal een bentir'n raulande’ do pov. raison at dense faite Smet ¢ StoclinSoot ona Ei palnets o Syretio an ny Can ammte eee pers ner te a causa do. povo e reallar o propo engajamente por tu tard, Fs esrb eoagegaamente Foul tdopoptiny, Guat tle'9 do pape oe, Epos! Coarse ulkiasnestond eke aon ‘Mas esse compromlsso sé pode ser mantido de oma aurea continua soreste Senne as"aut ua” ving” ogi an tp Sorel o pae aras ce ee agee minimo, expresso por contactos saltudrios, é esse: Bam Fen cntrcaat Sai indo pop re time espécle do turismo,” O° eae 2 Partcipagto regular, ‘Temos ts Temes aqui $6 um modo de inergho mals avangado. ‘Nest, ese ‘comunidade de referencia ou de Woardiagedo, euja wit acompanta fom, coma’ od oh : cas onerotas “pastoral, sind, ‘Se toma parte de modo continuo, ee D Moratia, Morar num beisro populsr 6 forma de mergulhne mals « fudo pas. condgbes Ge" dos‘oprimiton A vantage des ne a ery‘ algo do lv sola Tob id eulral doe oprnios por eit ae itor teri aie perma, 6a ata forma ye uo to far alto hajo quando a tc inert nos mele popes ; “ Inseriese para partilhar ¢ finalmente Uberiar | B preciso também dizer que a insersso | plo 6 tudo, % apenas o ponto de arrangué para algo que vem depois e que ela possiblita. Por 4ss0, @ insergio no pode ser ideallzsda como & | panaedia do trabalho popular. Ela nfo ¢ fim: 6 | nelo, ta visa a alianga concreta e préticn do Agente com o povo e do povo com o agents, sem pre em favor do povo. His tem sentido ns. medic fem que permite ‘a partilha e 0 intereAnilo das Figueras © servigos muituos com vistas & bert \ glo. Pols 6a partir da insergio que 0 agente | podera descobir seu proprio cardter de classe © Se converter, compreender realmente as condigées: ‘de erisiéncia e consoléncia do povo e contribuir ‘fetivamente para seu crescimento. Por outro lado, @ também a partir da insergéo do agente no povo que este poderd clevar seu nivel de conscléncls, organizagao e luta, Na verdade, 0 objetivo conereto mals ito tanto da insergio quanto da partilha é reall zar 9 projeto comum do uma socledade lbertada igualtaria, na qual a assimetria estrutural agente povo seja entim superada, Tal é 0 projeto © 80 mesmo tempo © processo da relagdo agentepovo. ‘Assim, a inserglio s6 pode se entender proximamente dentro da perspectiva da allanca Ou didlogo ngenle-povo ¢, mals longinguamente, Gentro da perspectiva maior da Ubertagdo social. © agente popular deve também se inserir? Como para a questi da conversio ou definigko de classe, a problemétien da insergio 4) Trabatho. Vis af um modo exigente de par ‘tunar da experitneia de vida das classes popula res. Tratase uqul de uma insergo no seu mundo Ge trabalho (produtivo), que marca toda a sua fexisténcia do modo determinante. A insergéo aqui 6 tanto mats fecunda quanto mais decisive e rica fa esfera em que se 48, 5) Cultura. A insergio supbe, nesse nivel, que se incorpore 0 estilo de vida de povo na linha do morat, falar, vestir, comer, pensar e até do orar @ crer. Esses sfio 03 diferentes graus de Inser- co. Mas podem se constituir também em formas Giversas, ndo neoessariamente escalonadas, de 5° fdentifiear com o povo. Adotase esta ou! aquele forma em fungGo das condigGes objetivas © das disposigdes subjettoas de cada um. No ha duvida, © proprio processo do trabalho popular compreen- Qe'uma dindmica que lova o agente a se aproximat de forma crescenle do povo € de suas condicoes. de existéncia. Odjetivamente nem todas as formas se equivalem: elas oferecem umas mais © outras me hos condigées de realizar um trabalho popular ipertador. Contudo, do ponto de vista sxbjettvo, tuma forma produz mais ou menos frotos também, fem fungéo da intensidade pessoal com que 6 asst Iida, Assim, pode acontecer que uma comunidad de agentes, ainda que more ¢ trabalbe no mundo {do povo, venha concretamente a fazer bem menos due uma outra, que sé possui com ele relacdes faneionais em toro de um projeto coneroto, rus que nisso se empenha mais a fundo. Mas casos assim nio sto, em verdade, os normais. 35 ge. refere agui naturaimente 0 agente extero, fou esse problona — como o outro — 6 princl almenté dele. Contuio, para o agente popular, & aves to se coloea também, mas de modo dlstinto. We oSidade ‘de Insercdo.corresponde para cle. artisipagdo nas Tutas do povo, # a partir dal que Barge popular se qualifies como tal € no 8 Sarr de esignagies exteriores. Outre questio do agente popular 6, uma vex em Sangin, iio, se desliger oa base, MAS OB: [usr enravado'e inserigo rela. Pois, como ests Hios"yondo, tal é a condigio prévla para mes trabalho popular. Mas osse jt € o objeto mesmo do trabalho popular de que estamos aqui tratando. 5 A mistica do trabalho popular fa raiz do trabalho popular e da propria inser ‘gio encoatramos um conjunto de convioyoes ‘¢ motivagées fundamentals que fundam ¢ antmam © compromisso do agente com © povo. ‘Tocamos agul numa zona de profundi- dade que raramente ¢ explicitads, mas que subjez nna raiz da prética de todo agente, Como chamar fesse nivel profundo, obscuro e tezroso, em que & pritica histdriea deita suas raizes? No falta do Outra palavza melhor, chamemos isso de mistioa. Ydeologia, filosotla de trabalho, ética ou conoepeio de vida ‘seriam outras designagdes, mas menos fadequadas para o yue queremos aqut explicter. ‘Sem mistica, qualquer método de tra batho popular se torna facilmente téonica de mi nipulagio e #5 regras metodoldgloas acabam se transformando em formulas rigidas @ sem alma, ‘Deserevemos aqui os principios de vida fou as atitucles de fundo que presidem a0 método de ago com o povo e que podem se enfeixar sob fo nome de mistiea do trabalho popular. 1. Amor ay pore : i ovo tem agul um conteddo conereto eo conjunta de pessoas. Ho. pessoal, a ponte, a omunidado, ‘NiO. 6 um conjtmlo de entidades bstralas e andnimas, “que, maturalmente, seria Inmpossivet “amar. ‘Sem amor ao povo, sem simnpatia ¢ bem: uerer para com as pessoas’ do povo, néo € pos sivel um trabalho Ubertador, Para isso, importa um contacto vivo com 9 povo. SJ a partir dat ode se estabelecor com ofo uma “conéxio sentl | mental” Grams) que stja_ feeunda, No raro se encontram agentes, mesmo religiosos, que alimentam multas vezes ineonscien- | temente um profunde desprezo pelos oprimidos, J mesmo quando os ajudam com grande dedleacio, Mas fazemno por comiseragio, vendo no outro lum simples objeto de sua generosidade, eager sa So ee sees ae eee Soe apes Se, gaits Soe et ees Tahaan =. | Nio 6 muito dificil pereeber quando um agente quer realmente bem a0 povo © €, Dor sua ‘vez, querido por ele: ¢ quando as relacdes entre \um e outro sfo do igualdade fundamental. O sinal |\mais evidente disso se encontra na iberdade de \palavra que 0 povo tem diante do agente. O ialar iS Z franco e mesmo eritico & indice de uma relagio \fratorna @ madura, Passemos por cima do agente autorité: Ho, que odela e despreza 0 povo (até sou “chelro”), Evidentemente, diante delo, 0 povo tem a palavra presa, Mas com o agente paternalista, que parece Amar o povo e ser queride por ele, as Coisas no se ‘Passam de modo muito diferente. 4 atitude do povo @lante dele 6 do oxpectativa, de gratldao servil e ‘de dependéncia. Eo sinal mals claro desta depen Aéncia 6 a palavracco, a palavrareflexo: 0 povo Gig o que o agente espera que ole diya e nfo aquilo que ele snesmo realmente pensa, Amar 0 povo é amar a povosujelto Jamals © povoobjeto, & amélo em razio de fim © nunca de meio (Kant), ainda que seja part a “reyolugio” ou a “sociedade nova”. ‘Querer Bem ao povo ¢ querer o seu bem. 6 utar por sua igualdade (opta aequalem: Agos- tinko), #, em suma, buscar sua aufonomia. Mais ‘que uma’ regra, tal’é o critérlo do amor verds- deiro: se ole autonomiza ou escraviza, se lberta ‘ou submete. ‘Quando falamos aqui em amor a0 povo, {incliimos nessa atitude de fundo uma carga in clusive ajetiva. Na verdade, se na base da relacao pedagdgica (sempre no sentido da paidéig) no ‘hd essa raiz de afeicio ¢ lermure, nao se val multo longe, "Hay que endurecerse, pero sin perder Ia ternura Jamas” (Che), © trabalho popular bé de ser um “ato amoroso” (P, Freire). Ou melhor, bi de se desen- a volver dentro de um “espago amoroso”, Sem essa atitude espiritual, toda metodologia cal no behavio- rismo, transformando-se em tecnologia da estlmu 2, Conflanga no povo Esta motivagio fundamental 6 gecorrén- cla da anterior. Pols ams 0 outro como sujelto 6 amar suas possibilidades ¢ seu futuro. # amar © que ele é, para que venha ser 0 que pode e deve ser, . a © agente nfo ama © povo por 6 oprinico, Sera to pletimo. 0 agente © ama Doraue, send iro, eatd oprimido. Aina pordue veri ger seconhecido e go encontra bumiihadd, vy» pte pe poms Sa ET ie cra Sie tees povo tenha sido j4 uma vez rico, forte e sébio. RE St eeae is ets a Brando on i Sein ca at Por isso mesmo, todo trabalho popular ¢.um trabalho de lbertagdo, agora yo sentido ma- rial do termo: desobstrugto, desimpedimento do \,que tole a vida © o desenvolvimento, on, pn ea po is ke te ee ee motivagSes de ordem religiosa (o poyo como Povo Yo Deus, etc.) entio ela se polencia a0 extreino. For 1:50, ao pé do trabalho popular deve haver essa ‘péslea no povo. Conflangs bm sua sabedorin e capacidade de compreensé0. Gonflanga em sua generosidade e capacidade de uta, Confianga em sia palavra, Svidentemente, a confianga no povo nile 6 ingenuldade © irresponsabilidade. Existem as ‘preparagées © precaugies nevessirias. Mas todas besas ‘Providencias pedagégicas tomam lugar no Selo dessa atitude primeira: contiar no povo como Sujeito principal da historia, O contrério disso 6 o medo’ # medo do povo s6 0 tém os déspotas, por sua forga, e os dirigentes paternalistas, por sua pretensa fraqueza. Portanto, mais que uma forga atual, © povo detém um potencial, ume forga em reserva, Wtspera de sua ativagio e pronta para seu des- Gobramento. ‘Trotase de um “potencial politico”. & também de um “potencial evangelizador” (Puc dia, 140). ‘sta conflanga bésica na forga (poten: cial) do poro dé ao trabalho popular um tom de esperanga e mesmo de alegria fundamentals. 3. Aprego a0 que é do povo Apreciar as coisas do povo tem aqui o sentido, por sinal popular, de observar com sii- patis, de olhar degustando 9 que se est vendo. No so trata aqui de uma observacio ‘curlose @ interesselra, mas de uma atengio afetlva O interessada ts colsas da vida do povo. # perceber @ valorlzar es manilestages posllivas da cultura popular. De antemio, o popular merece ue soja considerado com simpatia, Usar agui sistematica- mente a presungso da allenacéo ¢ falscar todo 0 Felacionamento do agente com os modos de vida & povo. Subemos que 0 discurso do povo 6 0 alscurzo da propria vida © que ¢ mais gestual que Yerbal. Por 450 mesmo, importa sobretudo obser. var. Ei também escutar, Mas escuter com um ter- celro otwide, tentando perceber sob o discurso manifesto 0 éiscurso latente. O gue o povo diz {nteressa menos do que aqullo que ele quer dizer. ‘De fato, o carkter metafdrico ou trans- ferenclal & carecleristico da linguagem popular: © povo diz uma coisa para significar outra, Do Testo, isso faz parle de sua manha ou tétiea astue close, Ingénuo seria o agente que interpreta ‘tudo Iiteraimente, declarando enti, do alto de sua eiledra pretensiosamente “critica”, que © povo festé mesmo totalmente elienado... # preciso, pois, observar com culdado os Jeltos e gestos do povo. Mais: 6 preciso conhecer 4 histérla das Iutes da comunidade no selo da ual so trabalha, De fato, a Intervengio do agente, Se dé dentro de um processo de luta que 46 fol Sestle sempre inielado pelo povo. © agente nfo 6 tm Inougurador, mas um continuador. Néo um “a fundador, mas um sequidor. Néo umn pal, mgs We {iiio. Néo um senhor, mas um companhelro, Portanto, é @ partir, na base © Be PEO. Jongamento da caminhada do‘povo, desde Serpe Tardin curso, que se coloca o contribute, preprig Ja emaate Desconhecer @ uta da comuntdade, ¢ oe reeves enganchar a propria conteibulgio, no rive dos proprios projetos abstratos. A histGrin sere nega com o agente, mas sii com 0 POvO. Cumn’o agente pode dar um passo em srente, Por com, Gecisivo, mas sempre a partir de elapas ante, lores. Certo, 6 necessério ter um conhecimento critic e lobsi do sistema socal em que uma crite dade se insere. Mas tal saber permanece ci ge nao serve para interpretar orretainen absiMotrimento 6 2 Tuta do povo em questo, Esse entondimento eritico da realidade popular permite também diseernir entre, de wm Pee que & proprio do poro ou apropriado Per tad, Gisado em funglo de seus interesses, 2, do oe. .S, 0 aue 6 antipopular, disfuncional @ allensn Cts tal disoornimento se faz a partir da valo- Ssaoko anterior de fando pelo que é do Doyo. Em suma, um trabalho popular 56 6 radicalmente Ubertador quando arranca dessa ralz \ iene ativude acolhedora e positiva por toda ma ‘Jrifestagso do espirito do povo:, modes de, falas eareeretar, de educar os fills, de vestir, de cost Sher, de comer, de sjeltar @ casa, de se divertir, ae trabathar, de emar, de culdar da saude, de feuiar dos velhos, de se Telacionar com os pode: Yosos, de imaginar Deus e os Santos, de rezar, ete 6 Pols ¢ apoiado em sua cultura e no selo de seu horizonte maior que 0 povo busca sus allt: magio socisl e historiea, 4. Servigo av povo © agente que val a0 poro 36 povle tr pido pon sre de senso, oo wetide lc se colocar & aisposiozo do povo ede sous Int. esses. verdadeiros, oe oe ‘ssa stitude implica em assumir uma osicio héterocentrada, ou seja; vollada para 0 outro © para sua libertagio. Servir significa assu. mir um papel subaiterno, colocandose mio @ frem te, mns 0 tado ou no meio do pov. Sem wma atitude pessoal e profunda de servigo nao hd eb ow mecanismo que impeca a manipulagto do poro pelo agente. so ag «,S2rlt jamais pode significar uma rela- $80 do condescendénela, a qual. multas vemos es: onde um Gespreno aut ¢ tneonsclente para com © povo. Servir é mals trabalhar com 0 povo do que para 0 povo. oe Na verdade, entre a disposieio subjeti- va, genorosa © séria, de servir @ a ronlizagin obje- iva da mesma hé mil armadithas, Servir ao povo faclimente toma a forma de servirse do povo, Viver pelo povo muitas vezes nio passa de um viver do povo, E aqui aparece 0 vielo do pater Contudo, ha um erltério infalivel para destazer todos os’ equivocos do servico: se com ele se cria mais aulononia ou mais dependéncia; so ele liberta ou se amarra, Bxiste, sim, uma auténtica troca de ser- vigos (no saber, poder e ter) entre o agente ea comunidade. Mas esta troca — e isso 6 importante notar — no se da entre dois tormos homogéneos. Pols agente e povo nfo sio enlidades com a mesina posigie €, portanto, com o mesmo peso histérico, Trataxe, por eonseguinte, de uma troca desigual. O agente coloca suas capacisades a ser vigo de um projeto maior, que é 0 dy povo, Nio 0 povo que entra no projeto do agente, mas 6 este que entra no do povo. © todo maior nio 6 © agente, mas sim 0 povo. O povo no fol feito Para o agents tais sin 0 agente para 0 povo. Com a disposigio ética e espiritual do servigo, o agente coloca 0 povo no centro de suas atengies, Mas tratase, mais uma vez, do pov0- sujet @ nio do povoobJeto. 1 eolocar 0 pove- sujelto no contro é considerfito dono de seu des- tino @ artifice de sua caminhada. B, om soma, levar @ sério sua Uberdade e sua aulonoméa, sua Potenclalidade © sua esperaniga, 20 que so exija aqui a entroga da per Sonalidade do agente (sacrificium personnae), mas Justamente sua incorporagio no processo de her. tagio a titulo de membro vivo e atuante, que setve s¢ afirmando © se aflrma servindo, 5, Respelto a liberdade do povo Considerar o povo como sujeito, conflar nele @ em seu potencial nistérico implica em av oo re ER respeitar 0 povo quanto & sua palavra, sva caml: huhada sua injcistiva, Em psimelro tugar, 0 povo deve ser respeltado em sua palavra. Soja id 0 quo diga, ‘mesmo de alienado ‘ou conservador, 0 pera deve ser ouvido com atengio © respeito, Nada mais deseducativo do que, com palavras ou gestos, exprimir desdém, aborrecimen- to ou averstio a respelto da opinifio -— qualquer que seja — de alguem do povo, Tal stitude Infbe 8 pessoa, reduzla ao mutismo © a afasta do tra: alho comum. No que esse respelto implique automa: tcamente aprovagio. Mas qualquer eritioa que so possa ou deva fazer a uma palavra do poro sé Se mostra construtiva na base e a Parlir de uma stitude fundamental de respeito e escuta ante ores. De fato, a conselentizagdo 6 um processo de autoconseientizagio, ou _melkor, de intercons: clentiaagdo. Nio é inculcagio doutrindris ou me- ‘wuragem HMeoldgica, Ela 50 dé n0 didlogo entre todos, agenciada pelo agente, Por isso mesmo a Palavra do povo deve ser dita ¢ ouvida em plena Mberdade. Nesse sentido, a parresia que relnava nas assembléias politieas gregas © no antinclo dos Primeitos cristéos (At 4,13, otc), ou soja, 0 falar franco, sinal e melo do’liberdade, exige, em con- trapartids, escuta respeitosa ¢ atenta, Em segundo lugar, respelto pela historia do povo © por sua pritica em curso, 6 Sabemos que 0 povo nio 6 um espaco virgem, mas um terreno balizado por ages pas sadas @ presentes, Pois bem, € da maior impor tancla reconhecer ¢ valorizar ao midximo esse ct: pital de lutas @ de saber (Inclusive religioso) acumulado pelo povo. 86 assim & possivel even tuaimente relnvestir esse capital om elma de pratt cas e de propostas que avancom para a Ubertagio ou do reforgar sua ceminhada com a contribuicao propria do agente, Em teroeico lugar, respeito pela iniciat va do povo. Aludese agul Bs propostas ou suges- tos do povo (da base) © sua agio criativa e espontinea. ra, 0 povo ¢, em diltima instancia (no fom primeira), Juiz de seus interesses 0 ole 6 tam. bém o agente principal (nfo tinicoy de sua execusio. No que 0 agente nio deva problema tizar @ mesmo pessoalmente desaprovar Iniciatias populares, mas, para tor esse direito, ele deve co- megar por respeltar a lberdade de sniciativa do ovo @ sua decistio final Evidentemente, junto com o respetto, € mais na base ainda, importa nutrir uma atitude ‘de escttia, uma disposic¢io ao aprendizado i critica © b carregio por parle do agente, Is80 tudo signi Hoa humildade, keuose (esvaziamento) ¢ abertura a metandia (conversio). Pois € nesse chido pro- fundo que Jangam suas ralzes e radioulas as préti cas @ as estruturas de dominagso do homem polo homem, E agul 6 preciso ser radical. E a raiz do homem’ é se coragio, ou seja, sua lberdade. © ‘Mistlea da lbertagdo Integral His ai algumas atitudes fundamentais que esto por tris do trabalho popular e que con- figuram uma espécie de mistica desse trabalho. Damo-nos conta de que, no fundo no fundo, trata- se ugul de uma expirituatidade, embora sob’ trugos seculares. Efetivamente, aqui € 0 espirito que esté em questo. E tal questionamonto atingo sua radica- dade mixima quando revesto a forma religloss, como pudemos intuir ao longo da exposigio acima, fem particular no ultimo ponto. Por isso, @ maistica cima 6 atingo sua expresso plena como mistica religiosa, especialmente como mistica evangélica, De resto, a propria mistica do trabalho popular se funda ‘numa visto geral do mundo © da historia. a visdo prossuposta aqul és de um mundo @ uma histérla abertos ao transcendente. ¥ a do um humsnismo radical, por outras, a de luma lbertagio Integral. Por isso, 0 trabalho po- ular, para ser verdadeiramente politico, tem que sor mais que simplesmente politico: tern que Sef adicalmente humano e por isso tarabém religioso, ‘Tal é 9 pressuposigio fundamental de tudo © qué faqul se diz quanto ao trabalho popular decom tetido provalentemente (emnbora nio exclusivamen- te) politico. ' (no certamente 0 nico © nem 0 prinoipai em si) ‘que 0 povo oprimido est vivendo hoje. ‘Trataremos a seguir do trabalho popy lar em geral, deixando a questo da pastoral po lar para tals tarde, ‘Como so dé o trabalho popular? Ele so | 6 dentro ‘deste quadro gernl: a combinagdo entre | agio e reflezio. Fala-so também na dialétloa pré-| xis/teorla. De fato, as questOes soolais se resolver através da prdtica © da compreensio da pratica (cf, tese VIII de Mare sobre Feuerbsch). Portanto, 6 nesta articuiagio entre as ‘mios (agir) © a cabeca (pensar) que se dé o tra- Sbatho com o povo no sentido de mudar as relagées | socials. Esta é a “junta” que puza o carro da Iistéria. A unio da pritica 6 da teoria 6 a relagio motora do trabalho popular, Uma pratica ser teoria ¢ uma pritica cega ou, no maximo, mfope. No enxerga bem ou nfo enxerga longe. Enfla os és pelas méos ¢ nfo vai & ralz dos problemas. Isto é: degradase om ativismo o, na melhor das Iipéteses, em reformismo (muda colsas do siste- ‘ms, mas nfo muds o préprio sistema), io t river 2 problemas apenas como evga REN" rents tase into, Sle pet aceaee ee, Cn a aan: EP posable Go tte cat "cmsn oes Sb Tee a as" po ae st Sa oo daa Citas, ta oie eae ices Mace ¥ evidente: 6 menos possivel ainda re- solver os problemas ficando em discusses intin- 52 ) i 6 Agéo/reflexdo: método do trabalho popular rTeramos gut metodo como 0 eonjunto, de ee gras ow diretrizes préticas que servem pars orientar uma agio conerela, no caso o trabalho do povo. Essa intencio 6, talvez, por demals pre- tensiosa. Por isso, seria melhor falar em lnhas de agio, pistas ou ‘simplesmente de indicagies ou Dbalizas préticas para a aco concreta, © que aqul val se expor provém da expe- Héncia e reflexio do trabalho popular. B esta mesma experiéncio rfletida que sustenta e legt tima as indlcagdes que aqui véo se dar. Nosso esforgo seré apenas de recother estas ligges da prétic, do explicitélas © orga- nizé-las. # preciso também dizer que o trabalho popular tem aqui um cariter decididamente po- Iitico, Falando mais claramente, ele visa a trans: Tormagio da socledade. Nio que a politica sola tudo, mas tal é mais premente desafio histérico das ¢ propostas “radicals”. Pols nada substitul = ago direla e concreta. De fato, uma teoria sem prética 6 ineficaz para mudar o mundo. como ter olhos e nio ter mics. E s6 a pritics, como ‘ago concreta, que transforma o mundo, E a teorla existe em fungéo da pratica, sta deve sem- pre ter a primazia sobre toda reflexio. Portanto, todo 0 trabalno popular neces: sita dessas duas coisas, ligadas entre si: teori (reflexio, estudo, anéliso, compreensio) ¢ praxis (ou prétiea, ago, compromisso, luta). ‘Tratase mais cxatamente de dois mo- mentos do um mesmo processo ou de dois tempos de uma mesma caminhada lertadora. Importan- te 6 que esses dois momentos ostejam sempre articulados ou Interligados entre si. Assim, a agdo deve estar sempre Muminada e orlentada ‘pela re- flexio ¢ a teflexio, vinculada ¢ referida a ado (leita ou a se fazer). Em resumo, podese dizer que todo 0 trabalho popular, como trabalho politico, se pro- jcessa dontro da’ dialstica teoris-prixis. Eie com- 2 formagio da conseléncia e a formagio ‘experiéncia ou ago. Acio hicida ¢ lucldes ative, sentido pela comunidade em questiéo, Convém, contudo, que tal empresa envolva, 0 quanto pos. sivel © desde 0 Inicio, a participagao de gente da propria comunidade, E evidente que as coisas sio mais fécels quando alguém entra num trabalho jéiniciado Por outros, pois af basta acompanhar por um tern. Bo 08 que ‘jd esto af envolvides. 2. Partie dos problemas. reais Os problemas sentidos pela comunidade ‘aparesem como particularmente reals quando to ‘mam a forma de um coniflito, de uma necessidade premente, de um anselo ou demanda, de um inte. Fosse concreto. ¥ da terra da realidade, especial mente da realidade contradildria, que pode nasoer Jum trabalho popular prounssor. Pois 6 em torno do necessidades ou interesses vitals que 0 Povo ode se mexer, ¢ nio a partir de esquemas ¢ pro- estas de citia ow do fore, ‘por melhores que 3. Rnealaarse o quanto possivel na caminhada io povo vas, Iutas @ mesmo agdes embrio- nérias j& em curso. Daf a importdnela de desco. brit, J4 desde o primelro passo, 0 modo como o ovo ‘esta reagindo aos problemas que tem, Néo se trata, pois, de crlar colsas paralelas ts clo povo | 66 7 Como iniciar um trabalho com o povo JES af ue pertunta concreta ¢ treaiente, Aqui vio algumas sugesties indicadas pela pratica, 1. Partictpar da caminhada Antes de qualquer trabalho com 0 povo, importa — e 6 bom aqui repetiio — estar, de alguma forma ou de outra, inserido no melo do povo. preciso estar participando de sua vida, nem que seja apenas por contactos ¢ visitas. © 86 a participagio ma vida e na lula do povo que d4 base uma pessoa ou agéacia comegar um trabatho junto a cle. Pois 6 s0 dessa maneira que Uma pessoa ou agéncia ganha a confianga do povo e adquire poder de convocagio e mobilizagio popular. Esse 6 0 primeiro momento do trabalho popular: tomar pé na realidade, banharse no am- biento om que se vai trabalhar. Esse passo pode tomar a forma mais elaborada de uma sondagem em torno de algum problema (satide, religigo, etc.) ou de comegar tudo do zero absoluto, quando i6 fxistem respostas ou olomentos de resposta para © problema em paula. O quanto possivel, importa sempre aproveliar o que jé existe o, a partir de dentro, desdobrar esse primeiro embrito. Pode tratarse de uma agio dita espontinea porque nio ‘ou pouco organlaada, Pode ser um grupo Jé exis. tente, uma associagio doterminads, com seus dirk Gentes populares préprios, E ovidente que, com respeito @ esto ou aquele trabatho, é possivel que no haja realmente nada numa comunidade definida (allabetizacéo creche, sindleato, Comunidade eclesial do base, ete). Entio € preciso comegur, mas sempre a par Ur de algum ponto de insergio, sobre 0 qual se enxerta a propria proposta, 4, Gonvocar a comunidade 4H preciso, finalmente, tomar a Iniclativa ¢ chamar 0 povo para um encontro. Nada dispen: sa 0 chamado & reuniio. Ba experiéneis que 0 iz, Alguém deve comegar e lovantar a vo2. E isso pode fazt-o s6 quem vé 0 problema em questio © consegue exprimir claramente 9 que um grupo sente indistintamente, # esse 0 animador @ nfo quem se dé por tal (por 850, essa compotoncia se ganha no processo). Reunidas essas condi¢des rounido en tim o grupo em tomo de uci problema dafinido, esté deslanchado o trabalho popular, # preciso ainda yer como prosseguird. 2 0 assunto dos pon tos. seguintes. st 1. Distogo ‘Toda educagio se passa numa ainimica de didiogo. Néo é preciso aqul retomar todo Paulo Freire, mas lembrar alguns pontos importantes. Em primeiro lugar, importa evitar todo endoutrinanento, que é 9 do enflar na eabega do povo sistemas de déias ou esquemas de agéo J4 montades. Educar néio 6 endoutrinar. Evitar, bois, todo sutoritarismo pedagogieo. Ess forma de educagio, que consiste em transferir o cone. cimento do agente para o povo, fol chamada de “eoncepgio bancdria” da edueagio, Esta “condun forgosamente & divisio da soclodade em duas par- tes, uma das quais esti por elma da sooiedado” (Tese III de Marx sobre Feuerbach). #, portanto, uma forma autoritéria de educagéo, pols supte que uma parte saiba, fale ¢ ensine e a outra ign: 1, escute © aprenda, A i850 se contrapde outra idéia de edu- cagio — a disldgica ou dlalogal. Nesta, 0 agente © 6 povo refletein Juntos, coletivamente, sobre 05 problemas comuns. J que se trata do questoes gue focain u todos, todos tem coisas a dizer © comunicar. Trata-se, pols, de fazer sempre uma reflenio coletiva, uina discussio partielpada por todos. © papel do agente aqui é animar o de- Date @ estimular participagio de todos no mes: mo. B facilitar que a palavra corra livre @ solta, como a bola num futebol bem entrosado. © aislogo se aprende. Mle esté situado entre a conversa informal (como a que se passa 6 8 (D Metodologia da educagéo popular: condigées internas ssemos que o trabalho popular so processa ‘em dols momentos: reflexio © agio. O prt ‘meizo momento (roflexiio) tem um cunho essen- claimente edueativo. Consiste, om verdade, numa atividade tedriea, visando 0 entendimento da reall dade, a conscientizagio. 1 essencialmente um “ato do conbecimento”, Traiase aqui da edueagto po- pular. Mais & frente, abordaremos 0 segundo mo- mento — a da agio’direta — de cunho essencial- mente pritico @ Bs vezes politico Cato politico”). No hé divida: © primelro momento in- clul também uma dimensio prética (@ mesmo politica) e 0 segundo, por sua ves, compreende uma signiticagio educatlva. Contudo, cada wn ppossul sua especificidade, que nfo 6 bom confun- dir, Do fato, refletir nfo 6 agir, mesmo quando se reflote a partir e em fungio da agio. Tgual- mente, agit nfo é refletir, mesmo quando se ago ‘a partir da reflexio © 59 age pensando, ‘Alguns elementos comptem 0 contexto a parte propriamente educativa do trabalho po- pula, Sio as condigdes quo acompanham o en quadram 0 proceso da educaglo popular. uma familia ou num Dotequim) ¢ o discurso (de um politico ow de um professor). O didlogo exige uma certa disciplina: a de esoutar e falar (som acavalamentos) € a de centrar 0 debate em torno de um problema definido (sem fazer digressées). Dai a importincta do papel do animador ou coor denador. Notese que 0 didlogo se faz em torno da prética. A pritica 6 a referencia constante do faislogo © ‘nfo’ idéias ou ideais. Quando dizemos pratica dizemos “realidade” ou “vida” do povo. “A. vida social ¢ essenciaimente prética” (Tese VIII de Marx sobre Feuerbach), A pritica 6 mediaglo pedagégtea. Q poro aprende fazendo. Imports, pois, tirar as ligies da vida. Para a maioria do povo, 0 aprendizado nio passa pelos livros, mas pela realidade viva. & me- Glagio nao 6 cultural (escola, biblioteca, leituras, te), mas prdlica. No 6 tanio pelo “Capital” ds Maré que 0 trabalhador saberd o que € explora Ho, mus sobreludo por sua prOpria experiéncia de fébrica o sua Iuta no sindicato, NGO 6 sin plesmente por argumentos que 0 povo s¢ conven: ford de que tem forca e pode se libertar, mas ‘antes por sua ago concreta e efetiva (uma grave, uma manifestagio de rua, etc). "x na prética qua fo homem tem que demonstrar a verdade, Isto 6, 4 realidad, o poder, a concrelude de sot pensa. mento” (ese If de Marx sobre Feuerbach). Educar_nfo € convener. # pensar a propria prisxis. Nio é com rades que se poderé rovar a0 povo quem siio os opressores mas com ‘ages concretas © com reflexOes sobre elas. 61 FE Ciaro, a ago por si s6, sem reflexio, ho educa, Para ser educativa, a agdo precisa ser Gigerida, assimliada. E essa én fimglo da refle xo. Mus de uma reflextio “em mutirio”, ou seja: Gilogada, Esse lago da reflexio com a agéo nfo dere ser entondido de modo rigido. Bssa relagio vale em gerai, de modo que a referénoia b acho deve ser a priltica pedagdgica normal no trate com © povo, Mas no ha divida: 0 povo pode também aprender com a experiéneia histérioa e soclal dos outros (e niio s6 da prépria), projetar uma pratl- oa (© no 6 pensila a posterforl), fazer dedugoes Weleas (@ nlo s6 indugdes), ete. Seja como for, uma ldéla s6 se flea na alma do povo quando s¢ enralza no chio de sua propria vida. Se este chio nio esté preparado, pouco adianta semear. Digamos também, para evitar toda con- fusio, que quando falamos aqui de préxis como medlagho pedaggica tratase de uma prials falada e refletida. Nao se trata nese momento da préxis conereta como tal. Pois uma colsa 6 a prixis como objeto de reflexio e outra 6 a préxis como ago direla, © nessa amblgllidade que eal expresso: “A oducagéo se dé na préxis”. Pols no momento educativo, que ¢ 0 da reflexio, 6 prixis aparece evidentemente como assunto de conversa. Isso ‘supéo necossariamente um distanclamento da pri- xls direta como tal. Nesse primelzo momento, falase em torno da préxls, mas nfo se “pration ainda concretamente, Contudo, 6 essa fala sobre a préxls que permite ‘dar & praxis direta um con- tetido e uma diregio conscientes, ra, deve haver homogenetdade du cov réncia entre uma colsa e outra: entre contetdos f formas, projetos e processos, metas e métodos. Impossivel Tazer a democracla, “prendendo o arre bemando”. A Iibertagdo acontece no eaminho ou nto é libertagio. A igualdade comeya }4 ou nunca ‘val acontecer. Donde se vé que a politioa como part cipagdo 6 uma. dimensio interna de toda pritica coletiva: familiar, religiosa, ete, Contudo, Isso no liming, antes completa, a questio da pratica po- Iitien especitiea, com eantetido, formas ¢ objetives proprlos, Pols essa 6 2 grand’ questo © cmusa principal da educagdo hole. 3, Comunidade ‘A educagio se dé no contexto da co- lade. Bsta 6 0 espago do dislogo. Espago Sujeito. A comunidade como um “intelectual celstivo", B junto que o povo so educa. Um ¢ professor do outro, Um & aluno do outro, No grupo se da a partilha das exporléncias ¢ das lig6es que a vida ensinou, Como 0 povo é “sujelto his- térico” do poder, assim 6 também o “sujelto co- letivo” do saber. (© grupo de reflexio € como uma “escola popular” em que a gente do povo 6 ao mesmo tempo educador e educando, © texto do aprendl- zado € 0 livro da vida. Por isso, 0 dislogo se dé fem toro da vida (problemas e lutas). 2. Participasio Nunca se enfatizaré demals a tmportin: cia da partictpaglo viva do todos na reflexio, ‘Viver em comunidade ou sociedado 6 participar. Politiea ¢ basicamente particlpagio, Tudo comega com a participagio na Palavra, no disiogo, nas decisies. Numa rouniig de feflexio néo ha ‘apenas um treino ou prepara: séo & vida politica. Jé se dé ai vida politica na medida em que acontece a partilha do saber, do pensamento @ dos projetos, Independentemente dos conteiidos (se sio dlretamente politicos ou nao), uma rouniio deve mostrar, por sua dinimica parlicipatdria, que se trata de democracia, do poder popular. E isso, mesmo quando se culda de programar tima pro: elssio ou um piquenique. De fato, a Iuta no é apenas contra os agentes da opressdo, externos a0 povo, mas tam bém contra as relagdes de opressio, internas a0 Povo, & sua consciéncla e A sua pritien quotidiana, Politica 6 participar, 6 lutar contra toda opressio, Sejaencarnada em agentes concretos, seja_ em comportamentos determinados. Por isso, a politica se dé também na vida quotidiana, desde uma com versa até & arrumagio de uma sala. Desse ponto de vista, ¢ preciso prestar ‘muita atengio na contradicio que oeorre freqlien- temente entre uma proposta libertadora ¢ um pro: cesso_autoritérlo que visa implementé-la; entre uma meta democzitica ¢ um método impositivo. 3 1S EIR © agente af 6 parte do processo, mas parte especitica, Ele tom o papel particular de fecilltar a partitha ou a socializago do saber popular. O agente € um agenciador da palavra Coletiva. Ble 6 um articulador: coordena as pes- Soas entre sie as pessoas com o assunto da vida (ou da praxis) Sem diivida, 0 agente pode provocar « comunidad a dar um salto em frente. Fazenéo parte do grupo © do sua caminhada, ele pode © deve contribulr para o crescimento da comunidade ‘através do que elo mesmo vé e sabe. Essa funcio se exerce especialmente no momento da decodift- feaglo ou compreenstio critica e sistemdtica da realldade, como veremos mais adiante, ‘A comunidade aparece, portanto, para 0 trabalho popular como a grande mediacio peda Rogiea — mediagho como espago e como instr mento, De fato, ela 6 mediagéo: = de consolentizagio: nela e por ela se ganha uma conselénola cada vex maior e mals critica da rea dade; — de partlcipagdo: nela e por ela aprendeso a entrar no jogo do dar e receber, do falar ¢ eseutar, do agir e ser agido, enfim do assumir o proprio lugar e papel na transformagéo coletiva da reall: dade; — de solidarledade: nela e por ela adguirese cons ‘eléncia de classe © so constréi a unio em torno de um mesmo projeto de base; — de mobiltzagdo: nela e por ela desoobremse, assumemse 6 enfrentamse 05 desalios somtns, Donde se pode apreender a importancia do grupo como unidade pedagégica, ao mesmo tempo palco e ator da prépria consciéncis, como hg de sto da propria existéncia, eagio popular. Partese sempre da questo: “Qual € 0 problema?", “Quais sio os maiores desatios sentides pelo povo do lugar?, “Quais as Tutas?", ete. | © método aqui parte “de baixo”, “das | bases”. Falnse também em “método indutivo deslanchar antes de fatos que de doutriaas. Essa prioridade dos “problemas”, “tatos” ou “vida” 6 ums prioridade puramenta ‘metodo. plea e nfo axloldgica Gnoral) ou religiosa. O primelro da reflexio ou na aglo no 6 necessa- Tlamente © primelro na intengto ou no desejo. Realldade: nem objetirismo nem subjetivismo “Partir da realidade” parece mais claro do que 6. Que é essa “realidade” de que se deve partir e em torno da qual se val dialogar? Ea Tealidade do povo, isto 6, a realidade tal como o Povo a vive e sente, Portanto, nio se trata, em primelro Iu gar, de uma realidade bruta ¢ externa, tal como ‘um’ anslista de fora pudesse apreendéa, ou tal como 0 agente exlerno a entenderia, Nao, trataso a realldade quo envolve o povo @ na qual o povo esté envolvido, Aqui, convém evitar a flusio do objetivismo, que entondo a realidads como algo de meramenta objetivo, de exterlor a0 povo. Néo se trata também da realldade tal como se oxprime nos desejos expressos, nas expec- tativas manifestas © nos interesses Imediatos do ovo. A questio donde arranca o proceso da 9 Método de reflexto com 0 povo — brimeiro tempo: ver fsamos aqul os trés tempos do método da re flexio: ver, julgar e agir. Esse método come- ‘gou com & Agio Catéiica, mas 6 agora usado mals, (Ou menos sistematicamente nos documentos epis- copais Istino-americanos, na “Teologia da Liber tagao” © na pastoral popular (CEBs, etc.). ‘Trata-so do um método simples, pritico ja Iargamente difundido. Na verdade, para aquém de seu uso pastoral ou eatélleo, ele exprime o movimento mesmo da consclentizagio, Além disso, ele traduz convenientomonfe os ganhos concretos a reflexio sobre a educacho popular e tem virtude de disciplinar, sem forgar, 0 didlogo popu: lar no grupo. © primsiro tempo da reflexio em grupo (ver) corresponde Justamente & nocessidado do “partir da realldade”. A reflexio engancha exate mente af: 0 concreto da vida, © dislogo arrancs, portanto, das “ques- Wes", “problemas”, “desafios", enfim da “vida conoreta” do povo. Tsta é, alids, a pritica da edu: er reflexiio consclentizadora néo é: “O que é que ‘yoo’s querem?” Se so entra por af, cakse no sub jetivismo, onde ee movem as idéias allenadas do ovo, seus sonhos uldpicos @ seus desejos fal- oadss. claro, se o grupo manifesta um desejo ou expectativa determinada deve ser respeitado © fovado @ sério. Mas o agente tem o dever de ques. tionar tal desejo, de problematiznr tat expectation, Ha quo partir evidentemente dat enquanto ponte Ge partida tdtico ou didético, possivel que, na iscussio questionadora, tal ‘expectaliva se mos. tre insistente e consistente, Entdo, hé que tomar faquele ponto como ponto de arranco metodolé: leo. Realidade: problemas © lutas do povo partir da retidado” 6, em primeiro 1 , partir de situagdes que afetam a vida $e trataso agul de problemas que aio sentdos Zomo “desafios” e que pedem solugio. ‘Trata-so ‘particularmente de “conflitos” que atingom @ vida Go povo e exigem uma tomada de posigéo. “partir da realidade” 6, também, partir das respostas que o povo esié dando aos proble- mas © conflitos. Sio suas lutas: de fuga, resistén- ia of avango. Aqui se levam em conta as priticas coneretas do povo. ‘ratase aqui de perceber 0 faspecto positive da realldade: a5 reagdes do povo As suas dificuldades reais. Pela reflexfio das priticas @ lutas do povo se pode captar tanto 0 nivel de consciéncia como 0 estado de existéncla em que se acha uma comunidad determinada. Pols 6 na pritica que se revela © se dd a unio entro 0 aspecto subjetivo Cintengdo, saber, signiticagSo) © 0 aspecto objetive (cireunsténcis, condigées, situagho) da “realldade concreta” em ‘que vive 0 povo. E preciso, portanto, nllo esquecer de in- cluir na “realidade do povo* a componente im portante que 6 n sua pratica: reagGes, respostas @ Jutas do povo. Nao se fixar, pols, apenas nas sl- tuagdes objetivas. Aliés, para um grupo que $4 tem ima corta camintade, as pritioas 44 fazer parte integrante e mesmo principal da prépria situagto, Pols af, a situagio nfo ¢ mais tanto a opressio sofrida (“problemas”), mas a reagio ativa & opres- sio (“lutas”). E isso 6 tanto mais importante quando se quer caminhar em linha do continuidade com © que Jé existe, mesmo germinalmente, na cami: nnhada do povo. Revisio de um trabalho ! “Partir da realidade” pode ser, emi cer- tos casos, partir de uma agio determinada em termos de revisio ou avaliagio. Nesta se toma uma operago bem definida para ser submetida & citica © a0 discernimento. i A importincia de avallar um trabalho 6 situéio dentro de uma trajotdria ou de um pro-, Joto mais amplo. Pols é al dentro que ele adquire lum sentido: se significa um avango, um desvio, admltir 0 isco (por excesso de “prudéncia”) ¢ em absorver 0 erro {por zelo exagerado de “pureza”). Mas esta parte negativa 6 apenas um aspecto da rovisio. Importa perceber também ¢ mals ainda os pontos de 1uz, os sinals de vida ¢ fas foreas de esperanga, por menores que sejamm, dentro da caminhada maior. , De resto, tal 6 8 descoberta ulterior que faa 0 agente extorno quando convive com 0 povo. Superado 0 choque inlclal & vista da opressio permanente do povo, ele se dé conta que 0 povo oprimido tem uma intensidade do vida impressio- ante. Isso ele pode notélo na capacidade de s0- frer, na generosidade em lutar, nas amizades, nas relagles famillares @ amorosas, nas festas @ devo- Ses, ele. Verd entio que tudo Isso revela uma forga e um vigor que delxam para trés, de anos: uz, a vaculdade, frivolidade @ balofo da vida bur. guest e de suss manlfestagves, ‘Uma condigio importante quanto as re. visdes é 0 agente (mas isso vale para todos) man- ter a solidariedade a todo preco com 0 povo, tam- ‘bém e sobretudo nos momentos de fracasso. Mes- ‘mo no erro, 8 prosenga do agente 6 fundamental, no certamente para se solidarizar com o erro, ‘mas para ajudar a comunidade a assumio @ res- gatélo, B 56 nese sentido e com essa intengio ‘quo vale 0 dito: “ preferivel errar com 0 povo que scertar sem ele”. Nesse_contexto tem lugar também a autoeritica, na medida em que 6 sincera © livre, e 8 héterocritica, na medida em que 6 fraterns © respoltosa. n ou, quem sabe, um recuo, Sem isso, 0 trabalho artisca de se perder como algo de isolade e ane dstioa. A revisio dove evidentemente ser fella fem _conjunto, com todos os envolvides, inclusive para se pereeber como so dou 0 envolvimento de cada parte (comtssdes varias, ete.) no todo. ‘Além disco, a avatiagio tem a virtude le resgatar retroativamente eros cometidos na execugio. Pols um erro reconhecido corrigido & lum acerto, Um fracasso assumido Ja é um asso fem frenie. Nada. hi de Irreversivel e definitive. mente perdido em termes de. process0 histrico. Naturalmente, os eros no basta assumt Jos morsimente. % preciso ainda e sobretudo des. cobrir racionolmente suas causes, 86 assim. se oderio deles tirar ligdes para evitélos no futuro Na verdade, 0 erro nfo deve ser enten- ido como 0 contrisio da caminhada, mas como parte intogrante © incvitével da. mesma. Imposl- vel haver percurso sem. acidanias ou obstéculos © reallsmo manda conlar com eles © nto se decep. cionar ou desesperar quando acontecam. Essa concepgho do erro vale sobretudo ara o agente exlerno, especialmente seligioso. De fato, 0 agente externo usta se habituar com este ato! quo o povo vive na opressio; que é continua: mente reprimido e vencido; que sua condigho do. minanto ¢ a de ser constantemente derrubado no hilo, embora se levante sempre; que vive sendo Gerrotado, ainda que nfo destrutdo B isso valo mals ainda para o ugente pastoral, Pois este parece ter mois diffculdede em 10 Segundo tempo: julgar ‘que dissemos hé pouco sobre a avaliagio de um trabalho ja tinhase antecipado a este se gundo tempo: o jullgar. Mas nisso nfo ha problema. ‘© ritmo em trés tempos: ver, julgar © agir nfo deve ser aplicado de modo igido, O mais das ‘yeres esses trés momentos se superpbemn nas di- ferentes intervengées. isso sem inconveniente, antes oportunamente. A importancia da distingio no est na sua sucessividade (que pode ter uma utilizagio prética, ou melhor, pragmética, tal como organizar @ disciplinar o desenvolvimento de um fencontro) mas em indicar, se néo os tempos, pelo ‘menos 05 elementos ou nivels essenciais de uma reflexfio: vs dados ou descrigio de uma situacio (ver), sua andlise (Julgar) e a aco que se impde em conseqtiénca, “Julgar”, nesse segundo momento (ou elemento), tom valor de analisar, examinar, refle- tir 0 que hui “por tris” do que aparece, o que Lem “por baixo” do que esté acontecendo. Esta tontativa de superar as aparéncias & que define a “consoiénela eritica”. Trataso do ver @ captar as causas ou “ralzes" da sltuagio, : B Isso_6 necessério, porque a realidade social, a partir da qual se arranca, nio 6 simples fe transparente, Ela 6 complexa, contraditéria © ‘paca. Esta tarefa 6 realizada, como sempre, ‘em conjunto. Mas nio ¢ simplesmente & forga de refletir que ‘se chega ks razdes dos problemas, Aiém de didlogo 6 preciso dialética. O passo “tran: sitivo" “da “conseiéneia ingénua” “a “consciéncia critica” no se dé espontaneamente. Donde o papel indlspensével do agente, Pols sem teoria critica io hé prisis transformadora. Este tem uma fungio particularmente ‘importante no momento oxato da explicagio ou compreenstio do assunto em pauta: ume situagtio ou uma lula. Aqui nfo basta “trocar idélas". Pre- cisase estudar e aprender. © frau de consciéncia passive Ein termos metodolégicos, tratase do passar da ‘conscléncia real” para a “conseléncia ossfvel”, Ou sela: o que importa 6 ver qual 6 0 asso que a comunidade deve dar em frente para ver melhor e mus cluramente possivel. Fulase aqui também em ‘elevar o nivel de conscléncia” do povo. . A nogtio de “conseiéncia possivel”, ou do “novo paso” ou “nova luz" no proceso de cons lentiosgio 6 importante para se fazer frente a. toda tentativa de doutrinarismo que quer enflar nna cabeca do povo todo um sistema teérico, uma’ ‘duas fases fundamentais da consciéncia: a ingénua ea eritica, com suas respectivas dindmicas. Pols 6 de se notar que “novo pusso” nic ignition apenas saber mals alguma coisa aceroa a propria Tealldade, Tsso vale numa primeira fase, tlé-que se d® o salto qualitativo da “constiéncis critics”. Hsta, J4 de poss @ uma visio geral da Socledade, passa a questionar o sistema todo. A partir de’ entio, “novo passo” 6 uina nova Tux e luma compreensio maior do mesmo sistema em sua globalidade. Por isso mesmo nada impede que pos- ‘a haver um estudo mats sistemitico © orginlco da sociedade, especialmente para gente do povo 4} mais experimentada e num contexto mais livre de formagio tedria. ‘Allds, cursos assim so revelam necessi- rlos a partir ‘de certo momento da caminhada Popular, em fungéo mesmo da prética que se val assumindo, Mas aqui a teorla critica ou dialética da andlise soclal precisa alnda ser redefinida den- tro do universo da cultura e lnguagem do povo e, mals sinds, ser redescoberta e recriads a partir do sua propria experiéncia ¢ pritica. SO assim ola mantém sua vitalidade e sou cardter instrumental, 1 seja: s6 assim ela poderé ser controiada pelo povo © submetida a sous interesses mals altos, © “Julgar” religioso da pastoral popular Acrescentemos ainda que, nos melos ‘ristios (pastoral popular), 0 momento do “Jul gar” coincide normaliente’ com a ituminagéo’ de 6 ideologia préfabricada. Uma teorla social global (tal a endlise dlalética) se transforma em dogma: tismo quando usada assim, de modo eatequético © dogmético, claro que o agente tem por obrigagio ‘oferover ao povo ou colocar & sua disposigio ins- trumentos tedricos de interpretagao social, Mas 4ss0 deve ser felto pedagogicamente, isto é: secun do 0 intereste do povo © a0 modo’ dele. Assim, a opularizagio da andlise critica da realidade social dove seguir os inleresses, o ritmo ¢ a cultura (ou modo de ser © pensar) do povo. No fundo, » questio da teoria critica da sociedade nio esti sendo atuatmente 0 que, mas 0 como. Nao é tanto questio de ciéncia quanto de pedagogia @ meto- dologia. B 6 evidente que o “grau de consciéncia ossivel” vai junto com o “gra de agio possivel”. ¥ preciso, pots, proporcionar o grau de conscién- cis a5 exigenclas da propria realidade © prética, Agora, se o agente scclcra arlificlalmen te a formacio da conrciencia com relagio a0 pro- ‘eesso da pritica conorota, crlase al um descom- asso perigaso, uma espécie de contradicgio entre 8 cabeca e as’ mios, entre teoria ea pritica Hssa defasagem Jeval as formas estéreis de rad ‘ealismo: revolucionarismo, conspiracionismo, revol ‘a, utopismo, eto, Pereepso critics do sistema como um todo 4 Bm termos de método, talves se deva agul Jevar mais em conta a diferonga entre as % 16 sobre 0 problema em questo. ‘Tratese de um { “Julgar” religioso, que 6 ou pode ser moral, biblico, trologioo, eto. Esse momento, que é 0 da Palavra de Deus, 6 essencial para a pedagogia da t6 @ pas- toral, Ble no so coloca no lugar ¢ nem ao Indo do que J4 volo antes: o “ver” © 0 “Julgar™ snaltico. Ele apenas situa tudo isso dentro de um horizonte malor — justamento o da {6 — onde a realidado, vista © fulgada teoricamente, ganta uma profun didade ¢ peso absolutamente’préprios e tinieos — sua sangfo radical e witima, Deste modo, no campo da metodologia pastoral, o “ver” dove 4 incluir o “julgar” annit- tioo, © enlio um “ver” eritico, que, em epistemo- logia teol6yica, se convencionou chamar de “me. diagdo sdcio-analitica”. J4 0 “julgar” representa entio um momento especial © préprio, que nfo fencontra correspondente adequado na metodotogia da reflexio popular comum. Mas voltaremos ainda &s questdes especificas que coloca o método da pastoral. popular. Basta aqui notar a difercnga do termi. nologla © mesmo do momentos (ou elementos) ‘nos diferentes trabalhos populares. O que, contudo, nfio vem quebrar a dinmfca metodolégica como tal: esta se verifica aqui ¢ 16 sob formas distintas, i ‘mas dentro de um movimento sé. a ‘Querer “tomar a barra” pode ser con: traproducente ¢ resultar em recuo. Aqul 0 revo- Mwelonarismo tem 0 mesmo efelto que o reaclo- narismo: 05 extremos se tocam. Isso acontece , quando nio se analisam corretamente as possibl- Udades da situaglo, ou seja: as condigSes concre. tas de tuta. Os dols etros nesse sentido sio co: mhecidos: 8) 0 voluntarismo, quando s6 se conta com a dis- Posigio subjetiva do povo, sem levar em conta as condigdes reals da aco ea correlaclo das forgas fem presenga; b) 0 espontanetsmo, quando se contis que 0 pro- cesso val por si sé levar a ita de modo deter- ministico. Para encontrar 9 caminho certo da agio aio se pode nem superestimar e nem subestimar fas dificuldades do povo © a forga de seus adversé- lus. A spreclaglo concreta das relagdes de forgas fem Jogo deve ser obra dos quo estio om questo. Por isso, nesse terceiro tempo, o trabalho do agente extorno ‘deve ficar mals recuado. Em particular, numa situagio em que a correlagio do forcas 6 oxtremamento desigual ou destavortvel tomar a ofensiva e stacar 6 temeri- dade. Signitica buscar © fracasso. B empurrar 0 ovo’ para Id é uma irresponsabilidade. Nessas Condigbes, sustontar as posigces jf conqulstadas, resistir, nfo ceder, ou, na plor das hipSteses, recut lum Potico para niio ceder de todo, ou seja: adotar luma_poslego de conservar o quanto possivel 05 passos dados, significa }4 uma viléria, Qualificar g { e ui Terceiro tempo: agir ( Btittege hae lover para o compromisso, para ‘8 agéo de transformacdo, No, evidentemente, ue tal ova ocorrer em ‘cada encontro, mas no Proceso geral da reflexio, Quanda se fala aqui em “aglr*, tratase naturalmente do propostas de ago © néo ainda da ago conereta como tal. © passo possivel Para © agir, € da_malor Importancia terse 2 rogra da “acio possivel”, ou do “passo Possivel”. Por outras: ha que perceber qual ¢ 0 “histérico vidvel”. No o que se “gostaria” de fe ger, Nem 0 gue se “devoria” fazer. Mas 0 que so “pode” efetivamente fazer. git#ter fazer mais que 0 possvel 6 come user aro ass) malor que a Pema F uelmar as etapas. Orn, ¢ nesse perigo ud pode Gals 0 agente, mals tetido de desist Cou raw Hismo) “que © ovo, tn Rot @ ‘tudo {sso de tradicionatisra ou consorvadorismo 6 fruto de uma cabega idealista, que toma seus ‘sonhos pela realldade. Qual seja 0 passo possivel — Isso no ‘se sabe apenas por anslise, mas também por expe- riéncia ¢ por tato politico.’Por isso, nada dispensa © Fisco. Em coasiées que parece oportunas, é preciso tentar, Ha chances gue so perdem e no voltam mais. De resto, i possibilidades histéricas que 86 se toram tais a partir da confianga © ousa- ia dos que nelas se emPenham, B 0 sentido do “fagor @ hora, sem esperar acontever”, Para dar um passo em frente ‘A caminhada do povo pode ser acele- rads, om primeiro lugar, por estas chances ou oportunidades histérleas (kalrds). Tratase de con- Junturas ricas, em que se dd uma espécie de ‘ondensacéo histérica. 11 uma crise, um fato mar cante, uma oleigéo, uma persoguicho, etc. Se apro- vveltados, esses momentos podem ser uma ocastio propicla’ para a comunidade dar um salto qualt tativo, Exlsto um segundo elemento que favo- rece @ aceleragéo da conscléncia e organizacio do povo. # 0 contacto com a experiéncia ou prética viva de outros grupos mais avangados. Tal con- tacto pode so dar na propria pritica ou mesmo em encontros de reflexio. Estes marcam para muitos um ponto de arranco ou um salto decisivo. Na verdade, povo mio 6 apensa o povo com que se trabalha. ¥ uma entidade social malor com 0 qual se maniém lagos histéricos, a ‘Em teroeiro lugar, o que favorece ainda a ‘marcha do povo é 0 ambiente sootal que so crla @ que impregna de certo modo a todos, Bo quo Sucede nas dreas jé mais trabalhadas por todo um. rocesso de luta e om algumas igrejas que tém lume pastoral de conjunto assumida, de corle po- ular, De todos 0s modos, importa guardar 0 ritmo da caminhada, sem queimar etapas e sem também ficar patinando. sta questo toca sobre- tudo o agente, pela facilidade @ tendéncla que tem fem totalizar © processo histérloo na propria ca. Dera. Ao contritio do povo, que realiza sua, tole. izagdo 9 partir das experiénolas @ das projegées ue elas permitem. Ou seja: a partir das mos! © do que elas plasmam, Foryar 0 passo s6 pode levar a iniciati- vas sectérias © & divisiio no melo do povo. Na Yerdade, a precipitacio artificial © sectérla da lute 86 pode ser assumida por pouoos, resistindo a grande matoria por questGes de simples bom| Assim, pretender, desde 0 primetro en- ontro, que um grupo s° comprometa na politica sireta ¢ 0 mais das vezes, por 0 grupo a perder. “ melhor dar um passo com mit do que mil pas. S08 com um”. Por isso, importa sobretudo que a! Aiscussfio chegue a um consenso fundamental, se. niio & unanimidade, quando se trata de compro. ‘meter todo o grupo numa acto vital | fazer reoair 0 processo. Com 8 organizagio, nio| se tem apenas ovos, mas uma glinha poodotra de ovos. Assim, mediante a organlzagio, sempre somada & reflexio permanente, podese manter a continuldads © o crescimento’ do trabalho, Daf sua importdneia fundamental. Etapas e tipos de agio lero, para organizar concretamente lum trabalho, para sua preparagio imediata é con- venlente distribulr as virins tarefas e trar uma comissio ou grupo especial para viabillzar as de- clsdes coletivas. Sm tormos das etepas da caminhada, a ‘experiénela mostra que um grupo val normatmente das tarefas de nivel comunitério (entreajuda), assando pelus lutas de bairro (melhorias), che. Bando As do sindicato até h questi do sistema Politico globat (partido, ete. Quanto aos tipos de agéo conereta, sabe. se quo existe: 2) agbes aufdnomas do povo (mutirses, ete.); ) acdes reivindicatinas (abalxonssinados, “mank festagbes, etc); ©) © agdes de organizucdo, soja para fundar ow para recuperar algun Orgio popular (sindieatos, ‘ssoclagdes, ete.). % 85 0 discernimento eoletivo que po- dori decidir se tal ou tal melhoria deve ser oxi fida das autoridades competentes ou se dove ser fessumida pela propria comunidade. A regra, con- tudo, parece ser: 0 que um dreio publico pode e deve’ dar, soja delo exigido, assumindo 0 povo sé © que nfo hé condigdes de obter de outro modo. Quanto As agdes de organtzacéo, elas tem a virtude de permitir a continuidade ea coesio da caminhada do povo. Pois elas dizem respeito Justamente aos instrumentos de luta do povo © ao a Tutas parciais. Hstas, uma vez findas, podem % W (IL) Metodologia da agéo direta: I’) agir conjuntamente ul colocaremos algumas indicagbes concretas ‘Para o momento da pritica direla. Sio algu- mas’ sugestées soltas, que a experiéncla mesma ensina. Essas indicagées sio normalmente lever das em conta no momento anterior — o da refle ‘xo, particularmente na hora do “agir", ou sels, da claboracio das propostas de acéo. Por isso, poderiam ter sido colocadas 14, pols ¢ 16 que elas Ino de ser ajulzadas. Mas porque devem ser leva- das em conta particularmente no proceso mesmo da ago, vamos colocélas nesta se¢io. Esta parte —a da ago dircta — de. pende muito mals do tato, da habilidade (a metis grega) © por isso da experiéncia que de estudos @ roflexdes. Se a educegio J4 6 uma arto (um ‘saberfazer), ao politica (entendlda aqut como toda forma de ago coletiva) 0 6 mals ainda. ¥ evidente que a experiéncia histérica oferece ligées para todos. Mas a experiéncia dos ‘outros nfo dispensa que, em nome préprio, cada 85 um faga a sua. A experiéncla como tal 6 Intrans- missivel, embora nic 0 sejam seu relato e seus ensinamentos. ‘Agente: agit junto Evidentemente a primelra qualidade de uma ago coletiva 6 sun coestio ou entrosamento interno. © imperativo da unlfio vale para todos, mas mals anda para o agente. No momento da agtio (do “pega”) 0 agente, mesmo © sobretudo © -externo, hé que estar Junto com 0 povo. Se a refiexio se faz Junto, em termos de dislogo ou partilha da palavra, a ago também deve ser executads conjuntamente. Portanto, im porta acompanhar 0 povo em sua eaminhada, Com efeito, o agente, embora venha de fora, faz parte do proceso e do povo. Ele assumiu ‘8 causa dos oprimidos e sua caminhads, Por isso deve acompanhé-los e assumir com eles. Mas qual 6 0 lugar do agente no pro- cesso vivo da agtio? claro, o agente nio pode ‘Substitulr 0 povo, adiantarse e se tomar como 0 representante do povo. Isso s6 6 possfvel ao agen- te interno, realmente popular, ou ao agente exter. no que esté fisica e organioamente inserido no nelo do povo, sela pela moradis, seja pelo tre batho. Lugar da diregio na agio direta © agente externo niio deve normalmente ter a Ideranga da agio popular. Mas Isso no 86 quer dizer que no possa © deva ir junto, part clpar, acompanhar, enim, marcar presenca. Claro, tratase sempre de uma presenca qualiiicada — 0 povo 0 sabe, bem como todos os que eventual. mente estio confrontados com a dita acio, como 0s opressores. Por sou lado, a diregio ou coordenagio de uma infoistiva popuiar deve, ela também, estar ‘ben posiclonada, Jamals agindo s6, Tambéin nio se trata de estar necessariamente h frente, no pros: eGnfo do teatro, Uma visibilidade ostensiva pods prejudicar a acio coletiva. Primatro, porque rove: Ino carter dirigista de uma ago: esta so mos- traré como controlada por cipulas. Segundo, por Que expe a direcio & mira dos ataques adversé rios, comprometendo assim toda a agdo. O povo caminha como tartaruga: com a cabega protegida, Assim, a agio popular deve ser e, por sso mesmo, parecer’ uma agio coletiva, assumi da por todos. Por isso, o lugar normal da diregio no 6 atras, protegida das balas, mas também nem f frente, exposta facilmente ao alaque, porém, no meio do povo, Claro, nlio para so defender, mas para animar a luta, 3 2) Valorizar cada passo dado AS ites de “polticn”, “revolugio", “histria” ¢ “préxis” suscitam imagens de grandeza e exce- Wncla inatingivels. Elas carregam uma tal conota gio de sonho e utopia que condensam todo 0 de Sefo de plenitude de uma existencla allenada. 0 agente, por ser um intelectual, 6 particularmente vulnerivel a essa seducio idestista. B que se di af mais importineia ao projeto que a0 processo. Sim, mudanga do sistema: ¢ 0 que se quer, mas 6 mais ainda o que se faz. ‘Nio hé diividas: ha momentos de ruptu- 7a, do saltos em frente. Mas ostes 86. ncontecern pds um largo perfodo de “acumutsgto politica” Esta 6 que cria as condigdes de uma “revolucdo”. Por isso mesmo, & preciso comegar ¢ se suir om frente, E se comega sempre como a 86. mente. Todos os comegos verdadelros so comegos de humildade. Uma comunidade cresce a partir dos pequenos problemas que sente e tem possibi- dade de solucionar (“passo possivel”). Ora, os “pequenos problemas” no se opdem aos “grandes problemas", Na dinlétlea so- a9 cial, os “pequetios problemas” nio sio tanto parte dos grandes — 0s tinleos dignos do atengio. Sio antes reflezo ¢ traducio dos grandes. De foto, para poder entender corrota- mente qualquer problema, por menor quo soja, 6 preciso situé-lo dentro do’seu contesto social mals amplo. Por exemplo, quando se toma a questio dda familia, da escola’ ou da saude, acabaso sempre levantando o problema do sistema social vigente. Seja Id qual for a porta de entrada, chega-se sem- re a0 micleo da questio, que 0 modo de orga. nizagio social. Quer dizer que um problema par- ticular & caminho do untversal, Claro, esta vinculagéo (que d4a signi | fleaglo politiea de um problema determinado) Pode ser maior ou menor. Certamente ela mio fesgota 0 sentido daquele problema (a politica no € tudo), mas ela indica hoje seu sentido domi- ante, For tudo isso, 0 agente Inf de estar extre ‘mamente atento a cada passo, a cada pequens tuts do povo, desde uma reunido ‘particlpada, até uma mareha, passande por uma agdo de entreajude ow a realizagdo de um projeto de promogio social. Basta que aqui se sigam dols critérlos bésicos: 1) que aquela ago vi na boa directo, isto 6, que slgnifique um passo em frente na Unha da’ mu dance do sistema; i 2) que a ago seja assumida pelo povo como su- Jeito possivelmente protagOnico da mesma. ‘Valorizar as pequenas lulas nilo & nelas se comprazer, mas considerélas dinemicamente ‘como degraus necessirios para uma ascensio malor. 2 Justamente porque a caminhada é longa e 0 termo luminoso que cada passe, por menor que soja, possul seu valor proprio. i4 3) Articular os passos com o objetivo final Nivels da agi FE 202 250, povular importa levar om conta estes tres nivels: 19 0 objetivo final, que & concretamente a trans- formagio da sociedade, 0 surgimento de uma nova socledade. Esse objetivo pode ser mals ou menos detinido. Pode ter tragos ainda utépicos (ideal de ‘uma socledade reconolliada) ou {4 politicos (como © projeto “socialista”). A definigio do objetivo ‘ou ideal histérico depende do préprio processo de crescimento da consciéncia © das lutas de um ovo; 2) as estratégias, que constituem as grandes linhas de agéo, ou seja, que tragam o caminho para che gar a0 objetivo final; 39 as taticas, que so os passos concretos dados dentro das estratégias para se chegar & meta ou objetivo. Importa, neste sentido, valorizar as “as. tucias” que 0 povo adota para poder sobroviver @ ludibrlar sous opressores. Esta “arte dos frucos” cy espera ainda um malor revonheclmento © apro- Veltamento pedagégico © politico, © quanto possivel, 6 preciso ser claro nos objetivos, firme nas estratégins © flezivel nas ltleas. Plexivel nas téticas significa que se pode e deve As vezes altorar a titica e alé recuar quando 1g clrcunstincias 0 exijam. Em particular, 6 pre- clso ter uma grande sensibilidade no sentido do ecompanar e respeltar a dindmica viva da ago popular no momento em que ela se processa (numa manifestagio, por ex.). Af os dirlgentes tém ue juntar hablimente a flrmera da estratégia com 8 elasticidade das téticas, para nfo quebrar 0 mo- vimento em curso e permitir assim que.o poo se afirme e avance. Estes trés nfvels se reproduzem em es cala menor para qualquer projeto social mesmo parcial, © passo vale por sua orlentagio © importante 6 que qualquer ago 50 mantenha orientada na directo de sou objetivo | final, Mas orientada dialeticamente, como um ce | minho de montanha que, apesar de todas as suas | voltas (téticas), val fundamentalmente (estratégia) para o cume (objetivo). Ou como o rio, que com tomando montanhas ou saltando em ’cachoeira (tétics) segue firme (estratégla) na diregio. do mar Gneta tinal), Enlilo, 0 que conta no 6 0 passo como tal, mas sua crientagio, Isto 6, sua articulagso com © projeto global da ago. O peso de uma agbo The 6 dado por seu rumo ou dlregiio, ! 4 Por isso, para se manter a contifuldade de um trabalho, que arrisca sempre de so satis: fazer com suas ‘conquistas parciais, 6 preciso: 1) um projeto histérico, que v4 se definindo de forma cresoente e que constilua a meta da cam nhada, como 0 destino da Viagem para o viajante; 2) uma reflesiio, que vé medina continuamente a distincia entre o que esté af e o destino final; 3) por fim uma organtzagdo, que leve & frente de ‘modo constante a carninhada, agindo e refletindo. Faltando um desses trés elementos, a uta “cal”. A Instincia utépica © profeto histérleco adquire um perfil concreto no selo da utopia, do ideal ou do sonho. Entio, a “socledade juste” ganha os tragos de ‘um “socialismo” tem determinado. ‘Contudo, @ instincia utéploa ou escato- A6elea no desaparece, Ela inspira a criagfo de Projetos histdricos e limenta a esperanga dentro Ga caminhada concreta, “Al das revolugGes que nd sonham!” (P. Freire). A condigo que seJa uma viagem 80 fu turo @ partir do presente © em funcéo dele, 0 sonho utépico dé sade @ vigor & prética. Dai a imoportfnola de @ comunldads viver momentos de poesia e celebragio do futuro absoluto. Para isso ‘8 rellglio oferece recursos sem igual © ums “es- peranca contra toda esperanca”. Motor da histéria é a tute pela justiga, sim, mas anlmada pelo desejo, pela fantasia e pelo canto! 96 Nesse sentido, 6 falsa a disjuntiva su mérla; reforma ou revolugéo. Pois uma reforma pode ter contetido revoluciondrio. quando asi. me uma orientagio revoluclondria, isto 6, quando significa um passo a mais na linha da transfor. magio social. A disjuntiva real 6: reformismo Versus revolugio, pols af a reforma nao coloca mais em perspectiva a criagho de uma nova £0 cledade, mas a simples continuidade (melhorada) For outro lado, a forgs transformadora de uma agie pode ser’ naturalmente maior oa ‘menor. Isso depende dos critérios J menclonados: © quanto ela avanga na diregio de uma nova so- cledade, questionando novessariamente a atual 6 © quanto & agio 6 assumida pelos oprimidos — eritério esse que no faz senio uma $6 coisa com © anterior, como sua condico essenclal Fara que a lula mio esmorega depois de uma vitérla A articulagio passo-objetivo nio 4 ainda entre ag6es diversas, como veremos no préximo ponto, mas entre uma acho material e seu oble- tivo idea, que aquela agio vai encarnando. A Te lado 6, ‘pois, entre uma instincia real ¢ uma instanela do zepresentagho (um projet, um hott zonte, ete.). Donde a importancia do’ ideotdy (teorla e projeto) para o pritico, ee A articulagio passo-objetivo 6 uma sfn- tese préticotesrica: 6 um ato prdtico porque so 6 na agio, mas é também algo de tedrico por. ‘que ssa. ago deve se situar dentro de um pro. Jeto, 0 que somente 6 posstvel através dn reflexdo. 95, 15 #) Somar forcas a uma comunidade avangar, além de unir as forgas dentro, 6 preciso se’ unir com outras forgas fora dela. ‘Isso se dd em varias direpies. 1) Multiplicar os grupos que tém o mesmo obje- tivo, seja ele religioso, sindical, partidério, cultural, eis.’ Grupos homogéneos tém’ mais facilidade de ‘80 unir ¢ lutar por objetivos comuns. Assim acon- tece com uma rede de CEBs, uma Federagio sin- dical, ete, 2) Ligar-se @ outros grupos populares: assoctagoes de moradores, lubes de mies, sindicatos, CEBS, ‘te. Claro, tal’ unio s6 pode so dar em torno de ‘objetivos bem conerstos, tal uma luta de interesso 3) Envolver todo 0 bairro qu mesmo o municipio ural em alguma agéo coletiva de interesse comum. 4 Incorporar no préprio grupo ou movimento fragdes do povo que ficaram tora, assim: as mu- theres no movimento sindieal, os homens nas atl Vidades religiosas, partes da grande massa dos esquecidos ¢ andnimos no movimento popular, ete. ” 5) Envolver pessoas ou fragdes de outras classes no préprio movimento, seja em termos de in- eorporagio plena, seja em termos de allanga ou acordo, Uma questiio dolieada é quem articula quem, ou seja: a dlregio dessas forgas conjuntas, Evidentemente, 6 preciso que s coordenagio soja representative das forgas em questo. Ora, a di- rego se determina a partir da propria agéo, bem ‘como da escolha por todos os envolvidos. 2m particular, nos acordos com outras classes ou com 0 governo, importa ao povo “sair ganhando”. Para isso € preciso ser Vorte e poder iscutir, negoclar e controlar a propavla em ques to para 0 provelto proprio. Para evitar o cupulismo como prithazia) dos “lideres” sobre a “base” siio necessérias algu- mas precaugdes: i 1) # preciso que os animadores emerjam (ese formem na propria prética, E na medida da sua participagio que elguém mostra que tem qualidade de “animador”. Essa nio ¢ uma fungio edminis- trativa que possa se fundar em base burocrética. E nas Iutas que alguém ganha tal competéncia, ‘Nesse sentido & importante reconhecor as “lide rancas” populares J existentes no selo do povo. Respeitélas, valorizélas e reforgélas. 2) Importa também que o *animador” nunca ve- ha a se desenraizar de seu cho de classe e de suns bases. Para isso 6 preciso que sua funcio sela renovével ou rotativa. Aquf importa mais a fungio de “animagio" do que 0 portador da mes: ma, Pots 0 quo inleressa aqul nio 6 tanto pessoa Individual do “animador” quanto seu trabalho em favor do povo. Yara preparar um animador Por outro lado, exercendo uma fungio especitica (e no especial), o “animador” precisa taabém de um processo de formagio Jeualmente especifico (mas, no especial). Como se dé a for magio de um “animador”? (© proceso de formagio de um “antma- dor" pode ser descrito assim: 19 tazer, primetramente, © novo “animador” tra- Yalbar junto com os animadores mals experimen x00 16 5) Formar animadores Novo tipo de dirigente ¢popular) JNO abalnos que hoje se processam dentro do ‘Movimento Popular esta surgindo um novo tipo de “dirigente”. & 0 “coordenador” ¢ nio © “ordenador”; 6 0 “animador” @ nfo o “lider”, Essa nova figura execute seu papel como servic @ mio como dominagio ou paternalismo. Trala-se de um dirigente nio dirigista, que trabalha mais com 0 ovo do que paz 0 povo. No trabalho popular, a prioridade cabo A formagio nio de “quadros” mas da comunidade. ‘Tratase de criar comunidades participantes, co. responsévels, aulogovernadas. ¥ s6 em segulda, 10 selo dolas e om fungio das mesmas, que se hi de ter também a preocupagio de formar 0s “quadras” ou os “animadores”, Dar prioridade as “liderangas” sobre as comunidades ¢ cair no cupulismo ou dirigismo, Tal 6 outra tentagio dos agentes externos (sendo a primeira o doutrinarismo — a de antepor # taorla a pritien). 9 tados. Assim vat aprendendo, a partir da prética, ‘8 assumir sua fungio propria; 2) dotzar, em soguida, 0 “animador” assumis a dianteira,’ mas acompanhéle de porto, trabathan- do e reiletindo com ole sua pritica’ dentro do proprio proceso; 31) finalmente, propiclar algum treinamento par ticular a partir da experiéncia anterior © da nova tarefa que ir assumir. 6 sempre 0 periga de o “anhnador™ so desligar da base. 1550 6 devido a seu preparo téo- nnleo @ tetrico maior, 4a crescimento © complexi- dade das tarefas do’ grupo © & articulagao desse com outras instinelas (overno, ate.). Mas, para fazor frente a isso, é preciso culdar para que a ‘comunidade toda cresca ao mesmo tempo om cons. cléncla, participacéo e espitito eritico. Controlar 0 exerciclo do poder © poder tende naturalmente a se con- entrar. Contra isso é preciso: 1) uma étiea pessoal de servigo, autooritica e auto controle; 2) mecanismos instituidos consensualmente para 0 controle coletivo do poder: eleigies, submissio 8 um regulamento escrito, divisio das tarefas, prestagio de contas, hétero-

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