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L{PITULO 6

O SISTEMA DE ORGAIVTZAÇÁO E
GESTÁO DA ESCOLA
\J.r,. capítulo sáo apresentados alguns elementos básicos para o co-
I \ nheci-.nto da organizaçáo escolar e para a atuaçáo dos professores
: :o pessoal técnico-administrativo. Seráo abordados os seguintes irens: as
::::;epçóes de organizaçáo e gestáo escolar; e estrutura organizacional da
=---.1a;
asfunçóes do sistema de organizaçáo e gestáo da escola (ou elementos
:.: ::stitutivos do processo organizacional).

As concepçóes de organizaçâo e gesáo escolar

O estudo da escola como organizaçáo de trabalho náo é novo, há toda uma


:xuisa sobre administraçáo escolar que remonta aos pioneiros da educaçáo
:,-i-:. na década de 1930. Esses estudos se deram no âmbito da administraçáo
r;.,-,.ar e, frequentemente, estiveram marcados por uma concepçáo burocráti-
-
' - -rncionalista, aproximando as características da organizaçáo escolar à orga-
:---cáo empresarial. Tâis estudos eram identificados com o campo de conheci-
:-=:rtos denominado Administraçáo e Organizaçáo Escolar ou, simplesmente,
:-::rinistraçáo Escolar. Na década de 1980, com as discussóes sobre reforma
---::icular dos cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, a disciplina passou â
=: lenominada, em muitos lugares, de Organizaçáo do tabalho Pedagógico
: - OrganizaÉo do Tiabalho Escolar, adotando um enfoque crítico, frequen-
::=ente restringido à análise da escola dentro da organizaçáo do trabalho no
:::.ialismo. Nos planos de ensino adotados, com algumas exceçóes, houve
:.- :ca preocupaçáo com os aspectos propriamente organizacionais e técnico-
-ii'ninistrativos, com base na dinâmica interna da escola.

101
(.apítr-rlo (r I O sistema de organizaçáo e gestáo da escola

É r.-pr. útil distinguir, no estudo dos processos de organizaçáo e gestáo,


duas concepçóes bastante diferenciadas em relaçáo às finalidades sociais e políti-
cas da educaçáo: a concepçáo científico-racional e a concepçáo sociocrítica. Náo
é diffcil aos firturos professores fazerem a distinçáo entre essas duas concepçóes.

Na concepçáo científico-racional prevalece uma visáo mais burocrática e


tecnicista de escola. A escola é tomada como uma realidade objetiva e neutra,
que deve funcionar racionalmente e, por isso, pode ser planejada, organizada
e controlada, de modo a alcançar rnelhores índices de eficácia e eficiência. As
escolas que operam nesse modelo dáo forte peso à estrutura organizacional, à
definiçáo rigorosa de cargos e funçóes, à hierarquia de funçóes, às normas e re-
gulamentos, à direçáo centralizada e ao planejamento com pouca participaçáo
das pessoas. Este é o modelo mais comum de organizaçáo escolar encontrado
na realidade educacional brasileira, embora já existam experiências bem suce-
didas de adoçáo de modelos alternativos, numa perspectiva sociocrítica.

Na concepçáo sociocrítica, a organizaçâo escolar é concebida como um sis-


tema que agrega pessoas, destacando-se o caráter intencional de suas açóes, a
importância das interaçóes sociais no seio do grupo e as relaçóes da escola com
o contexto sociocultural e político. A organizaçio escoiar náo é uma coisa obje-
tiva, um espaço neutro a ser observado, mas algo construído pela comunidade
educativa, envolvendo os professores, os alunos, os pais. Vigoram formas de-
mocráticas de gestáo e de tomada de decisóes. Ou seja, tanto a gestáo como o
processo de tomada de decisóes se dá coletivamente, possibilitando aos mem-
bros do grupo a discussáo pública de projetos e açóes e o exercício de práticas
colaborativas. A concepçáo sociocrítica de escola se manifesta em diferentes
formas de organizaçáo e gestáo, conforme veremos em seguida.

Para além da polarizaçáo entre as duas concepçóes mencionadas, alguns


estudos sobre organizaçio e gestáo escolar (p. exemplo, Escudero e Gonzá-
les, 1994; Luck,2001; Lima,2001) e a observaçáo de experiências levadas
a efeito nos últimos anos, possibilitam sugerir a ampliaçáo do leque dos
estilos de gestáo. Esquematicamente, podemos considerar quatro concep-
çóes:acécnico-cienúfiça,aautogestionária,ainterpretativaeademocrático-
-participativa. As três últimas possuem traços comuns que as aproximam da
denominaçáo anteriormente mencionada de concepçáo sociocrítica.

A concepçáo témico-ci.mtíf.ca, eomo já assinalamos, baseia-se na hierarquia


de cargos e firnçóes, nas regras e procedimentos administrativos, visando a

10')
a-
I
_ _ 9tgqizagáo e Ggstáo daIsgolq Tegr!1 9
?{trc1

I
I
), i racionalizaçáo do trabalho e a eficiência dos serviços escolares. A versáo mais
i- conservadora desta concepçáo é denominada de administraçáo clássica ou bu-
o rocrática. A versáo mais recente é conhecida como modelo de gestáo da quali-
dade total, com utilizaçáo mais acentuada de métodos e práticas de gestáo da
administraçáo empresarial. Algumas características desse modelo sáo:
e

a. . Prescriçáo detalhada de funçóes e tarefas, acentuando-se a divisáo técnica


1a do trabalho escolar.
\5
. Poder centralizado no diretor, destacando-se as relaçóes de subordinaçáo,
à
em que uns têm mais autoridade do que outros.

áo . Ênfase na administraçáo regulada (rígido sistema de normas, de regras e

1o de procedimentos burocráticos de controle das atividades), às vezes des-


cuidando-se dos objetivos específicos da instituiçáo escolar.

. Formas de comunicaçáo verticalizadas (de cima para baixo), baseadas


;-
r:- mais em normas e regras do que em consensos.

. Maior ênfase nas tarefas do que nas interaçóes pessoais.


r=
A concepçáoggffiffi@baseia-se na responsabilidade coletiva, au-
sência de direçáo centralizada e acentuaçáo da participaçáo direta e por igual
;=_
de todos os membros da instituiçáo. Tende a recusar o exercício da autori-
r- ü dade e formas mais estruturadas de organizaçâo e gestáo. Em conuaposiçáo
aos elementos instituídos da organizaçáo escolar (normas, regulamentos, pro-
t
a_:.j cedimentos já definidos),valoriza especialmente os elementos instituintes da
:- organizaçáo escolar (capacidade do grupo para criar, instituir, suas próprias
normas e procedimentos). Outras características:

. Vnculo das formas de gestáo interna com as formas de autogestáo social


de modo a promover o exercício do poder coletivo na escola para preparar
formas de autogestáo no plano político.

. Decisóes coletivas por meio de assembléias e reunióes, buscando eliminar


todas as formas de exercício de autoridade e poder.

. Ênfase na auto-organizaçáo do grupo de pessoas da instituiçáo, por meio


de eleiçóes e da alternância no exercício de funçóes.

. Recusa a normas e sistemas de controles, acentuando-se a responsabili-


dade coletiva.

103
(-apímlo 6 x O sistema de organizaçáo e gestáo da escola

. Crença no poder instituinte da instituiçáo e recusa de todo poder instituído.


O caráter instituinte se dá pela prática da participaçáo e autogestáo, modos
pelos quais se contesta as formas de poder instituído.

. Ênfase nas relaçóes pessoais, mais do que nas tarefas.

A concepçáo iruterptetatiua considera como eiemento prioritário na análise


dos processos de organizaçáo e gestáo os significados subjetivos, as intençóes
e a interaçáo entre as pessoas. Opóe-se fortemente à concepçáo científico-
-racionai pela sua rigidez normativa e pela pretensa "objetividade" que atri-
bui às formas de organizaçáo, pois entende que as práticas organizativas sáo
socialmente construídas, com base nas experiências subjetivas e as interaçóes
sociais das pessoas. No extremo, essa concepçáo também recusa a possibili-
dade de se ter um conhecimento mais preciso dos modos de funcionar uma
organizaçao e, em consequência, de se ter certas normas, estratégias e proce-
dimentos organizativos (Escudero e Gonzáles, 1994). Outras características:
. A escola é uma realidade social subjetivamente e socialmente construída,
náo uma estrutura dada e objetiva.
. Privilegia menos o ato de organizar e mais a "açâo organizadora" com
valores e práticas compartilhados.
. A açáo organizadoravaloriza muito as interpretaçóes, valores, percepçóes
e significados subjetivos, destacando o caráter humano e secundarizando
o caráter formal, estrutural, normativo.
A concepçáo democruitico-pdrticipatiad baseia-se na relaçáo orgânica entre
a direçáo e a participaçáo dos membros da equipe. Acentua a importância
da busca de objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma forma
coletiva de tomada de decisóes sem, todavia, desobrigar
sabilidade individual. Ou seja, uma vez tomadas as decisóes colerivamente,
cada membro da equipe deve assumir sua parte no trabalho. Advoga formas
de gestão participativa mas nár-r exciui a necessidade de coordenaçáo, de di-
as pessoâs da respon-
I
'"{
'5
ferenciaçáo de competências profissionais entre os membros da equipe, de
gestáo efrcaz e de avaliacáo sistemática da execuçáo das decisóes tomadasi. .--}{
Outras características desse modelo: -. :rd
: -'{
::lq{
7 É. necess,irio alcrr,rr quc há diversos cntcndimc-ntos do que de.'r scr a.qcstáo parricipativa enquanto fbrma
concreta cle org:urizaçáo da escoia. Na bibliograiia finel apresentamos várias obras que expóenr difcrentes
pontos dc vista sobre essa questáo. O auror aprcsenta aclui seu próprio entendinrento.

104
Organizaçáo e Gestáo da Escola - Têoria e Prática

ído. . Definiçáo explícita de objetivos sóciopolíticos e pedagógicos da escola,


,dos pela equipe escolar.
. Articulaçáo entre a atividade de direçáo e a iniciativa e participaçáo das
pessoas da escola e das que se relacionam com ela.

ílise
. Alto nível de qualificaçáo e comperência profissional.
:óes . Busca de objetividade no trato das quesróes da organizacáo e gestáo, me-
ico-
diante coleta de informaçóes reais, sem prejuízo da consideraçáo dos sig-
rtri- nificados subjetivos e culturais.
sáo

çóes
. Acompanhamento e avaliaçáo sistemáticos com finalidade pedagógica:
bili- diagnóstico, acompanhamento dos trabalhos, reorienraçáo de rumos e
Llma açóes, tomada de decisóes.

oce- . Ênfase tanto nas tarefas quanto nas relaçóes interpessoais.


icas:
As concepçóes de gestáo escolar refletem diferentes posiçóes políticas e
rída,
concepçóes do papel da escola e da formaçáo humana na sociedade. Por-
tanto, o modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um caráter
com pedagógico, ou seja, depende de objetivos mais amplos sobre a relaçáo da
escola com a conservaçáo ou transformaçáo social. A concepçáo técnico-
çóes -científica, por exemplo, valoriza o poder e a autoridade, exercidos uni-
rndo lateralmente. Ressalta relaçóes de subordinaçáo e rígidas determinaçóes
de funçóes e, ao supervalorizar a racionalizaçáo do trabalho em nome da
:ntre eficiência e da produtividade, tende a rerirar ou, ao menos, diminuir nas
,ncia pessoas a faculdade de pensar e decidir sobre seu trabalho. Com isso, o

,rma grau de autonomia e envolvimento profissional com a instituiçáo fica en-


fon- fraquecido. Por sua vez, as outras três concepçóes têm, em comum, uma
lnte, visáo de gestáo que se opóe a formas de dominaçáo e subordinaçáo das
:mas pessoas e consideram essencial levar em conra os âspectos sociais, políticos e

e dl- ideológicos, a construçáo de relaçóes sociais mais humanas e jusras, a valo-


:, de rização do trabalho coletivo e participativo. Todavia, essas concepçóes que

das-. giram em torno de uma visáo sociocrítica, têm diferentes entendimentos


da dinâmica das relaçóes de poder dentro da escola, levando a divergências
marcantes sobre as formas de organizaçáo e gestáo em situaçóes concretas
e específicas de uma escola.
iorma
irenteS
Na concepçáo democrático-participativa proposta nesre livro, argumen-
ta-se em favor da necessidade de se combinar a ênfase nas relaçóes humanas

105
(..ipitulo 6 I O sistema de organizaçâo e gestáo da escola

e na participaçáo nas decisóes com açóes efetivas para se atingir com êxito os
objetivos específicos da escola. Para isso, valoriza os elementos internos do
processo organizacional-o planejamento, aorganizaçáo, aclireçáo, a avalia-
çáo - uma vez que náo basta a tomada de decisóes, é preciso que elas sejam
posras em prática em funçáo de prover as melhores condiçóes para viabilizar
os processos de ensino e aprendizagem. Advoga, pois, que a gestáo partici-
pativa é a forma de exercício democrático da gestáo e um direito de cidada-
nia, mas implica, também, deveres e responsabilidades, portanto, a gestáo da
participaçáo e a gestáo efr.caz. Se, por um lado, a gestáo democrática é uma
atividade coletiva implicando a participaçáo e objetivos comuns, por outro,
depende também de capacidades e responsabilidades individuais e de uma
açáo coordenada e controlada.

Atualmente, a concepçáo interpretativa tem trazido importantes contri-


buiçóes aos adeptos das formas democráticas de gestáo. Essa corrente que,
como vimos, náo admite que a escola seja considerada uma estrutura total-
mente objetiva, funcionando independentemente das intençóes das pesso-
as. Ao contrário, afirma que ela depende muito das experiências subjetivas
das pessoas e de suas interaçóes sociais, ou seja, dos significados subjetivos
e culturais que as pessoas dáo às coisas enquanto significados socialmente
produzidos e sustentados. Junto a isso, destaca a relevância de se considerar
a organizaçáo escolar como cultura - a cultura da escola ou cultura organi-
zacional - em que a escoia é vista náo apenas como vinculada ao contexto
cultural em que está inserida mas, tambem, como um lugar em que seus
próprios integrantes podem instituir uma cultura, conforme seus interesses e
objetivos. Nos tópicos seguintes, dentro dessa abordagem, buscaremos iden-
tificar as características da participaçáo na gestáo e da gestáo da participaçáo.

Cumpre esclarecer, finalmente, que essas concepçóes representam estilos


de gestáo em seus traços gerais. Elas possibilitam fazer análises da estrutura
e da dinâmica organizativas de uma escola, mas raramente se apresentam de
forma pura em situaçóes concretas. Características de uma concepçáo po-
dem ser encontradas em outra, embora sempre seja possível identificar, nas
escolas, um estilo mais dominante. Pode ocorrer, também, que a direçáo ou
a equipe escolar optem por determinada concepçáo e , na prática, acabem re-
produzindo formas de organizaçáo e gestáo mais convencionais, geralmente
de tipo técnico-científico (burocrático).

106
9:gU',T19 =_cç:gf q_E919!" -Êq'99 P'1q91

)os A estrutura organizacional de uma escola


do
lia- Toda instituiçáo escolar necessita de uma estrurura de organizaçáo inter-
am na, geralmente prevista no Regimento Escolar ou em legislaçáo específica es-
izar tadual ou municipal. O termo €strutara. tem aqui o senrido de ordenamento
:ici-
e disposiçáo das funçóes que asseguram o funcionamenro de um rodo, no
da-
caso, a escola. Essa estrutura é, geralmente, representada graficamente num
rda
rma
orgaruogrdmd -
que mostra as inter-relaçóes entre os vários setores e funçóes
de uma organização ou serviço. Evidentemente, a forma do organograma
Iro,
refete a concepçáo de organizaçáo e gestáo. A estrutura organizacional de es-
rma
colas se diferencia conforme a legislaçáo dos Estados e Municípios e confor-
me as concepçóes de organizaçáo e gestáo adotadas, mas podemos apresentar
rtri- a estrutura básica das funçóes que expressam a organizaçáo do trabalho em

1ue' uma escola.


rtal-
s50-
ivas
Conselho de ecola
ivos
rnte
DireÉo
erar.
- Âssi*enre de Dircçáo ou
rni- Coordcnedor de TLrrno
Setor pedagógico

txlo ._\_j-- ---_--:: - Conselho de Chsse


- Coordenacáo Pcdagógica
;eus - Orienraçáo Educacional
Prof*om - Alunos
ese
Len-

;áo. PaiseComunidade-APM

ilos
:ura
ide Conselho de Escola
po-
ô 1C
O Conselho de Escola tem atribuiçóes consultivas, deliberativas e fiscais,
I Ol-
em questóes definidas na legislaçáo estadual ou municipal e no Regimento
. fe-
escolar. Essas questóes, geralmente, envolvem aspecros pedagógicos, admi-
nistrativos e financeiros. Em vários Estados o Conselho é eleito no início do
ano letivo. Sua composiçáo tem uma certa proporcionalidade de participa-
çáo dos docentes, dos especialistas em educaçáo, dos funcionários, dos pais e

107
Ç1píq19 6
r O sistema de organizaçáo e gestáo da escola

alunos, observando-se, em princípio, a paridade entre integrantes da escola


(5OVo1 e usuários (50o/o).Em alguns lugares, o Conselho de Escola é chama-
do de "colegiado" e sua funçáo básica é democratizar as relaçóes de poder.
(Paro, 1988; Ciseski e Romáo, 1997)8

Direçáo

O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola, au-


xiliado pelos demais componentes do corpo de especialistas e de técnicos-ad-
ministrativos, atendendo às leis, regulamentos e determinaçóes dos órgáos
superiores do sistema de ensino e às decisóes no âmbito da escola assumidas
pela equipe escolar e pela comunidade. O Assistente de diretor desempenha
as mesmas ftrnçóes na condiçáo de substituto evenrual do diretor.

Setor técnico-administrativo

O setor técnico-administrativo responde pelas atividades-meio que asse-


guram o atendimento dos objetivos e funçóes da escola.

A Secretaria Escolar cuida da documentaçáo, escrituraçáo e correspon-


dência da escola, dos docentes, demais funcionários e dos alunos. Responde
também pelo atendimento de pessoas. Para a realiz.açáo desses seniços, a
escola conta com um secretário e escriturários ou auxiliares de secreraria.
O setor técnico-administrativo responde, também, pelos serviços auxiliares
(Zeladoria, Vigilância e Atendimento ao público) e Multimeios (biblioteca,
laboratórios, videoteca etc.).

AZeladoria, realizada pelos serventes, cuida da manutençáo, conservaçáo


e limpeza do prédio; da guarda das dependências, instalaçóes e equipamen-
tos; da cozinha e da organizaçáo e distribuiçáo da merenda escolar; da execu-
çáo de pequenos consertos e outros serviços rotineiros da escola.

A Vigilância cuida do acompanhamento dos alunos em todas as depen-


dências do ediffcio, menos na sala de aula, orientando-os quanto a normas

8 A descriçáo das r'árias luncóes cia cstruturâ orgmizacional de escolu teve como refàrência, em bor parte, do
Iir,rc de Vitor H, Paro, Por dentro da escola pública (1996).

108
Organizaçáo e Gestáo da Escola - Têoria e Prática

escola disciplinares, atendendo-os em caso de acidente ou enfermidade, como tam-


-hama- bém do atendimento às solicitaçóes dos professores quanto a material esco-
poder. -,
lar, assistência e encaminhamento de alunos.

O serviço de Multimeios compreende a biblioteca, os laboratórios, os


equipamentos audiovisuais, a videoteca e outros reÇursos didáticos.

rla, au- Setor pedagógico


cos-ad-
órgáos O setor pedagógico compreende as atividades de coordenaçáo pedagógica
umidas e orientaçáo educacional. As funçóes desses especialistas variam conforme a
npenha legislaçáo estadual e municipal, sendo que em muitos lugares suas atribui-
çóes ora sáo unificadas em apenas uma pessoa, ora sáo desempenhadas por
professores. Como sáo funçóes especializadas, envolvendo habilidades bas-
tante especiais, recomenda-se que seus ocupantes sejam formados em cursos
de Pedagogia ou adquiram formaçáo pedagógico-didática específicae.

ue asse- O coordenador pedagógico ou professor-coordenador supervisiona,


acompanha, assessora2 apôia,.avalia as atividades pedagógico-curriculares.
Sua atribuiçáo prioritária é prestar assistência pedagógico-didática aos pro-
'resPon-
fessores em suas respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho inte-
:sponde rativo com os alunos. Há lugares em que a coordenaçáo restringe-se à disci-
ticos, a
plina em que o coordenador é especialista; em outros, a coordenaçâo se faz
creraria. em relaçáo a todas as disciplinas. Outra atribuiçáo que cabe ao coordenador
uriliares pedagógico é o relacionamento com os pais e a comunidade, especialmente
rlioteca. no que se refere ao funcionamento pedagógico-curricular e didático da esco-
la e comunicaçáo e interpretaçáo da avaliaçáo dos alunos.
sen'açáo O orientador educacional, onde essa funçáo existe, cuida do atendimen-
ipamen- ro e do acompanhamento escolar dos alunos e também do relacionamento
.a execlr- escola-pais-comunidade.

depen-
'
. normas

:l A formaçáo especíÊca de coordenadores pedagógicos tem sido motivo de bastante polêmica entre os edu-
cadores, com diferençm mtrcmres de posiçóes. Para melhor coúecimento da posiçáo do autor, ver o livro
!r: Pàri.. üc Pedagogia e pedagogos, para quê? (Libâneo, 2001) e o livro Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas
(Pimenta, 2002).

109
Oapítulo 6 I O

O Conselho de Classe ou série é um órgáo de natureza deliberativa quan-


to à avaliaçáo escolar dos alunos, decidindo sobre açóes preventivas e cor-
retivas em relaçáo ao rendimento dos alunos, ao comportamento discente,
às promoçóes e reprovaçóes e a outras medidas concernentes à melhoria da
qualidade da oferta dos serviços educacionais e ao melhor desempenho es-
colar dos alunos.

Instituiçóes auxiliares

Paralelamente à estrutura organizacional, muitas escolas mantêm Institui-


çóes Auxiliares tais como: a APM (Associaçáo de Pais e Mestres), o Grêmio
Estudantil e outras como Caixa Escolar, vinculadas ao Conselho de Escola
(onde este exista) ou ao Diretor.

A APM reúne os pais de alunos, o pessoal docente técnico-administrati-


e
vo e alunos maiores de 18 anos e costuma funcionar mediante uma diretoria
executiva e de um conselho deliberativo.

O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos alunos criada


pela lei federal n" 7.398185, que lhes confere autonomia para se organi-
zarem em torno de seus interesses, com finalidades educacionais, cultu-
rais, cívicas e sociais.

Ambas as instituiçóes costumam ser regulamentas no Regimento Escolar,


variando sua composiçáo e estruturaorganizacional. Todavia, é recomendável
que tenham autonomia de organizaçáo e funcionamento, evitando-se qual-
quer tutelamento por parte da Secretaria da Educaçáo ou da direçáo da escola.
Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar cuja finalidade é organizar a
assistência social, econômica, alimentar, médica e odontológica aos alunos ca-
rentes, tendo, também, em alguns lugares, a atribuiçáo de acompanhamento e

controle da utilizaçáo de recursos financeiros recebidos pela escola.

Corpo doeente e corpo discente

O Corpo docente é constituído pelo conjunto dos professores em exer-


cício na escola, cuja funçáo básica consiste em realizar o objetivo prioritário
da escola, o processo de ensino e a aprendizagem. Os professores de todas as

110
Organizaçáo e Gestáo da Escola - Teoria ePrática

disciplinas formam, junto com a direçáo e os especialistas, a equipe escolar.


Além de seu papel específico de docência das disciplinas, os professores tam-
bém têm a responsabilidades de participar na elaboraçáo do plano escolar
ou projeto pedagógico-curricular, narcalizaçáo das atividades da escola e nas
decisóes dos Conselhos de Escola e de classe ou série, das reunióes com pais
(especialmente na comunicaçáo e interpretaçáo da avaliaçáo), da APM e das
demais atividades cívicas, culturais e recreatiyas da comunidade. O Corpo
Discente constitui-se dos alunos e suas associaçóes representativas.

As funçóes do sistema de
organizaçáo e gestáo daescola

A gestáo democrático-participativa valoriza a participaçáo da comuni-


dade escolar no processo de tomada de decisáo, concebe a docência como
rabalho interativo, aposta na construçáo coletiva dos objetivos e das práticas
escolares, no diálogo e na busca de consenso. Nos itens anteriores mostra-
mos que o processo de tomada de decisóes inclui tanto a decisáo (através de
reunióes, discussóes, estudo de documentos, consultas etc.) quanto as açóes
necessárias para colocá-la em prática. Em razáo disso, faz-se necessário o
emprego de funçóes do processo organizacional.

De fato, como toda instituiçáo, as escolas buscam resultados, o que im-


plica uma açáo racional, estruturada e coordenada. Ao mesmo tempo, sendo
uma atividade coletiva, náo depende apenâs das capacidades a responsabili-
dades individuais, mas de objetivos comuns e compartilhados, de meios e
açóes coordenadas e controladas dos agentes do processo.

O processo de organizaçáo escolar dispóe, portanto, de funçóeslo que sáo


as propriedades comuns ao sistema organizacional de uma instituiçáo, a par-

tir das quais se definem açóes e operaçóes necessárias ao seu funcionamento.

10 Essm funçóes da organiafo sáo designadas, também, na bibliogra6a esperializada, de funçoes administrad-
vm ou etapas do processo administradvo. Os aulores gera.lmente mencionam as quatro fun$es estabelecidas
nm teorim clássicas da AdminisüeÉo Geral: plmejamento, organiza$o, direSo, controle.

111
[.eirítrrio ír I O sistema de organizaçáo e gestáo da escola

No Capítulo 13 dar-se-á destaque especial às áreas de atuaçáo da organizaçáo


e gestáo das esccllas, e às correspondentes açóes e procedimentos práticos.

As funçóes ou elementos da organização e gestáo sáo as seguintes:

. Planejamertto: explicitaçáo de objetivos e antecipaçáo de decisóes para


orientar a instituiçáo, prevendo-se o que se deve fazer para atingi-los.
. Organizaça.o: racionalizaçio de recursos humanos, físicos, materiais, Íi-
nanceiros, criando e viabilizando as condiçóes e modos para se realizar o
que foi planejado.
. Direçao/coordenaçao: coordenaçáo do esforço humano coletivo do pessoal
da escola.

. Aualiaçáoi comprovaçáo e avaliaçáo do funcionamento da escola.

Nos capítulos seguintes, após a indicacáo dos princípios e características


da gestáo escolar participativa, seráo apresentadas e explicitadas cacla uma
dessas funçóes do processo organizacional.

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