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Concepções de Gestão

Texto-base 1 - Gestão educacional: novos olhares, novas abordagens - capítulo


2 - Teorias da administração e seus desdobramentos no âmbito escolar, p. 22-
39) Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira

Os estudos organizacionais que serão evidenciados no texto são:


--> Teoria Clássica;
--> Escola de Relações Humanas;
--> Escola Estruturalista;
--> E a perspectiva do Poder e da Política.

A ESCOLA CLÁSSICA: A PERSPECTIVA FUNCIONALISTA

A organização é visualizada como autônoma, centrada em sua ambiência interna e


com operações precisas. Se caracteriza pela preocupação com a racionalização e os
métodos de trabalho e pelos princípios administrativos que garantem o trabalho mais
produtivo, mais efetivo e centralizado no comando da gerência.

Representada pelos estudos pioneiros de Taylor (1947), Fayol (1947) e


Gilbreth & Gilbreth (1953), entre outros.

Para Taylor, a descoberta de uma única maneira certa de executar uma tarefa
traz de forma evidente e clara a maximização da eficiência. E define o indivíduo para
executá-la. Nesta estrutura há divisão entre os que administram e os que executam.
Neste sentido, os problemas centrais da organização se reduzem aos aspectos
técnicos e administrativos que fundamentam em alguns pontos principais:

- Entre objetivos pessoais e organizacionais, a perspectiva do conflito é visto


como anomalia e deve ser sanado ou expurgado;
- Os “valores humanos” são vistos basicamente como conteúdo econômico,
sendo colocado como explicação motivacional e de orientação para as ações.
O comportamento de todos os atores se alicerça em formas técnicas e
racionais;
- A gerência que pensa, planeja e determina a “melhor maneira” de se executar
o trabalho e o coletivo de trabalhadores, que deve executá-lo da forma
prescrita. Daí a necessidade urgente de realçar a cooperação com base no
interesse econômico comum, porque os dois grupos têm que recuperar a sua
unidade para a real efetivação do processo de trabalho;
- Numa crescente desumanização do trabalho, onde a lógica é a cadência e o
ritmo, definindo a intensidade pelos gestos repetidos e pela memória destes
gestos, instaurando a monotonia e recusando a criatividade e a possibilidade
do diverso.

Neste contexto, se inspira grande parte da produção intelectual no campo da


administração escolar. Esta é entendida como um conjunto de funções, onde
planejamento, organização, coordenação, avaliação e controle são os elementos
constitutivos. Segundo Fayol, a primeira função administrativa da escola é o estudo
da aprendizagem, do ensino, do aconselhamento, da supervisão e da pesquisa.

Este paradigma predominou até meados do século XX, inclusive na escola, em


que a direção era designada hierarquicamente e centralizava as decisões e a sala de
aula reproduzia esse sistema, com o processo de ensino-aprendizagem centrado na
figura do professor, cujo papel era ensinar, enquanto o do aluno era o de aprender,
num processo de comunicação vertical, do professor em direção aos alunos.

ESCOLA DE RELAÇÕES HUMANAS E SEUS DESDOBRAMENTOS

Ocupa-se da seleção, do treinamento, do adestramento, da pacificação e ajustamento


da mão de obra para adaptá-la aos processos de trabalho organizados. Os problemas
que emergem se tornam problemas de gerenciamento. A insatisfação, as faltas, a
rotatividade, as hostilidades e agressividades, a negligência e o desinteresse são
fenômenos que só podem ser compreendidos e administrados se mantidos no nível
de interação entre os indivíduos.

Relações de poder e de autoridade são internalizadas, transformando a


administração escolar em modelo de transição de uma metodologia centrada na
tarefa para uma locação no indivíduo e em pequenos grupos. A interdependência, a
integração e o equilíbrio asseguram a estabilidade e sobrevivência de longo prazo do
sistema escolar e do sistema organizacional.

O FUNCIONALISMO ESTRUTURAL

O conceito central é que a organização é observada como um sistema que é


funcionalmente efetivo na medida em que atinge objetivos explícitos e formalmente
definidos através dos processos racionais de tomada de decisões. (CLEGG &
HARDY, 1996, p.2)

Ainda, Reed (1998, p.71) afirma que, “[...] Certos ‘imperativos funcionais’, tais
como a necessidade de equilíbrio a longo prazo do sistema para a sobrevivência,
presumivelmente eram impostos a todos os atores organizacionais, determinando os
resultados dos projetos produzidos por seu processo decisório.”

No que se refere à influência sobre a prática da administração escolar, pode-


se destacar a visão da escola como organização normativa, na qual os órgãos
diretivos utilizam controles normativos como primeira instância e coercitivos (capaz
de impor pena / coagir) como fonte secundária. A administração escolar enfatiza a
sua dimensão sociotécnica, conferindo-lhe um caráter “neutro”. Começam a aparecer
as associações de pais e mestres como sistemas de suporte à escola e a sua
administração.

A PERSPECTIVA DO PODER E DA POLÍTICA

Para alguns autores, esta perspectiva se coloca na mesma lógica da abordagem do


estrutural-funcionalismo clássico, mas englobando de forma diferenciada o poder.

O poder propala (divulga) uma lógica de organização e do organizar enraizada em


concepções estratégicas de poder social e intervenção humana (GIDDENS, 1985,
p.87)

Para Dahrendorf (1958), a natureza da sociedade passa agora a ser considerada


como um sistema em mudança contínua, onde o conflito é um processo social básico
e a sua resolução determina a direção das mudanças.
Para Marx (1982), as relações entre indivíduos e sociedade são mediadas pelas
relações de classe, que definem o conteúdo da vida social e a direção das mudanças
e possibilidades de transformação do mundo e da realidade. E é neste universo
teórico que se introduz o estudo das organizações mediante o processo e
organização do trabalho, reforçando as preocupações com conflito, poder e
resistência.

Na relação específica com a prática da administração escolar temos de


considerar a possibilidade da escola como aparelho ideológico. Neste sentido, a sua
gestão passa necessariamente pela estrutura do poder necessária a esta dominação.
Esta percepção permeia algumas das teorias e práticas mais críticas na área
educacional nos últimos 25 anos, resultando em propostas de uma administração
escolar numa perspectiva democrática, o que significa em termos concretos: a
ampliação do acesso à escola das camadas mais pobres da população, o
desenvolvimento de processos pedagógicos que possibilitem a permanência do aluno
no sistema escolar e as mudanças nos processos administrativos no âmbito do
sistema, com a eleição de diretores pela comunidade escolar (professores, pais e
funcionários) e a participação desta nas decisões.

À GUISA DE CONCLUSÃO: O PARADIGMA ATUAL É O PÓS-FORDISMO?

Para Motta (2001, p.101) “no plano pedagógico, as técnicas centradas em iniciativas
e na auto-organização dão lugar ao modernismo de técnicas baseadas na automação
que, ignorando a realidade psicológica e social dos estudantes, buscam enquadrá-los
num círculo fechado de controle”.

Como as demais organizações, a prática da administração escolar se dilacera em


duas direções opostas e contraditórias: por um lado, a necessidade de mobilização
da subjetividade dos diferentes atores sociais aí presentes (gestores, funcionários,
professores, alunos e pais) estimula o exercício das principais estratégias hoje
disponíveis nesse sentido: a participação no processo decisório, socializando para o
trabalho em equipe e a produção flexível; a formação profissional enquanto formação
de competências (operacionalização dos conhecimentos, habilidades e atitudes); a
comunicação de mão dupla e aprendizagem organizacional, que se traduz na
proposição e na prática de projetos político-pedagógicos que envolvam a comunidade
escolar como um todo, garantindo a sua adesão, o seu envolvimento nos processos
e nos resultados educacionais.

Texto-base 2 – Planejamento, gestão e legislação escolar - Capítulo 7 – Formas


de Gestão p.56-60 - 7.2 Teorias da administração

De acordo com Ferreira et al (2000), a administração se divide em 3 blocos históricos:

--> teorias tradicionais de gestão;

--> teorias modernas de gestão;

--> teorias emergentes de gestão.

TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA: Taylor entendia a necessidade de


aplicar “métodos científicos” à administração para assegurar máxima produção a
mínimo custo. Podemos sintetizar essa teoria em 3 atividades:

- O método de trabalho;
- Os movimentos necessários à execução das tarefas;
- O tempo para desenvolvimento dessas tarefas.

Ou seja, os funcionários que desenvolvem as mesmas tarefas devem fazê-las todas


do mesmo modo e da melhor maneira possível.

ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS: os objetivos são definidos coletivamente, de


maneira que sejam exequíveis, estabelecendo-se as prioridades e os resultados a
serem alcançados. Os objetivos podem ser divididos em: estratégias, táticos e
operacionais.

ADMINISTRAÇÃO CONTINGENCIAL: explicita que não há uma melhor maneira de


gerir (tudo está relacionado ao reconhecimento, diagnóstico e à adaptação a cada
situação), necessitando a empresa/organização sofrer ajustes, considerando sua
natureza sistêmica. Há complexas inter-relações entre a empresa e ao ambiente;
portanto, faz-se relevante uma avaliação do ambiente em que se encontra inserida.

ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA: o plano estratégico se mostra importante e o


gestor é o responsável por criar um clima organizacional receptivo e favorável
envolvendo os níveis superiores da administração, gerando sincronicidade e sinergia
em todos os níveis do processo.

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