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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

1. ORGANIZAÇÃO ESCOLAR: ASPECTOS viabilização da gestão democrática, conforme veremos em


PEDAGÓGICOS E ADMINISTRATIVOS. seguida. Com base nos estudos existentes no Brasil sobre
a organização e gestão escolar e nas experiências levadas a
O Sistema de Organização e Gestão da Escola José Carlos efeito nos últimos anos, é possível apresentar, de forma
Libâneo esquemática, três das concepções de organização e gestão:
a técnico-científica (ou funcionalista), a autogestionária e a
Neste ítem são apresentados alguns elementos básicos democrático-participativa. A concepção técnico-científica
para o conhecimento da organização escolar e para a baseia-se na hierarquia de cargos e funções visando a
atuação dos professores e do pessoal técnico- racionalização do trabalho, a eficiência dos serviços
administrativo. Serão abordados os seguintes itens: as escolares. Tende a seguir princípios e métodos da
concepções de organização e gestão escolar; a estrutura administração empresarial.
organizacional da escola; os elementos constitutivos do
processo organizacional. As Concepções de Organização Algumas características desse modelo são:
e Gestão Escolar O estudo da escola como organização • Prescrição detalhada de funções, acentuando-se a divisão
de trabalho não é novo, há toda uma pesquisa sobre técnica do trabalho escolar (tarefas especializadas). •
administração escolar que remonta aos pioneiros da Poder centralizado do diretor, destacando-se as relações
educação nova, nos anos 30. Esses estudos se deram no de subordinação em que uns têm mais autoridades do que
âmbito da Administração Escolar e, frequentemente, outros.
estiveram marcados por uma concepção burocrática, • Ênfase na administração (sistema de normas, regras,
funcionalista, aproximando a organização escolar da procedimentos burocráticos de controle das atividades), às
organização empresarial. Tais estudos eram identificados vezes descuidando-se dos objetivos específicos da
com o campo de conhecimentos denominado instituição escolar.
Administração e Organização Escolar ou, simplesmente • Comunicação linear (de cima para baixo), baseada em
Administração Escolar. normas e regras.
• Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas. Atualmente,
Nos anos 80, com as discussões sobre reforma curricular esta concepção também é conhecida como gestão da
dos cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, a disciplina qualidade total. A concepção autogestionária baseia-se na
passou em muitos lugares a ser denominada de responsabilidade coletiva, ausência de direção centralizada
Organização do Trabalho Pedagógico ou Organização do e acentuação da participação direta e por igual de todos os
Trabalho Escolar, adotando um enfoque crítico, membros da instituição.
frequentemente restringido a uma análise crítica da escola Outras características:
dentro da organização do trabalho no Capitalismo. Houve
• Ênfase nas inter-relações mais do que nas tarefas.
pouca preocupação, com algumas exceções, com os
aspectos propriamente organizacionais e técnico- • Decisões coletivas (assembléias, reuniões), eliminação de
administrativos da escola. É sempre útil distinguir, no todas as formas de exercício de autoridade e poder.
estudo desta questão, um enfoque científico-racional e um • Vínculo das formas de gestão interna com as formas de
enfoque crítico, de cunho sócio-político. Não é difícil aos auto-gestão social (poder coletivo na escola para preparar
futuros professores fazerem distinção entre essas duas formas de auto-gestão no plano político).
concepções de organização e gestão da escola. • Ênfase na auto-organização do grupo de pessoas da
instituição, por meio de eleições e alternância no exercício
No primeiro enfoque, a organização escolar é tomada de funções.
como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que • Recusa a normas e sistemas de controle, acentuando-se a
funciona racionalmente; portanto, pode ser planejada, responsabilidade coletiva.
organizada e controlada, de modo a alcançar maiores • Crença no poder instituinte da instituição (vivência da
índices de eficácia e eficiência. As escolas que operam experiência democrática no seio da instituição para
nesse modelo dão muito peso à estrutura organizacional: expandi-la à sociedade) e recusa de todo o poder
organograma de cargos e funções, hierarquia de funções, instituído. O caráter instituinte se dá pela prática da
normas e regulamentos, centralização das decisões, baixo participação e auto-gestão, modos pelos quais se contesta
grau de participação das pessoas que trabalham na o poder instituído.
organização, planos de ação feitos de cima para baixo.
Este é o modelo mais comum de funcionamento da A concepção democrática-participativa baseia-se na
organização escolar. relação orgânica entre a direção e a participação do
pessoal da escola. Acentua a importância da busca de
O segundo enfoque vê a organização escolar basicamente objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma
como um sistema que agrega pessoas, importando forma coletiva de gestão em que as decisões são tomadas
bastante a intencionalidade e as interações sociais que coletivamente e discutidas publicamente. Entretanto, uma
acontecem entre elas, o contexto sócio-político etc. A vez tomadas as decisões coletivamente, advoga que cada
organização escolar não seria uma coisa totalmente membro da equipe assuma a sua parte no trabalho,
objetiva e funcional, um elemento neutro a ser observado, admitindo-se a coordenação e avaliação sistemática da
mas uma construção social levada a efeito pelos operacionalização das decisões tomada dentro de uma tal
professores, alunos, pais e integrantes da comunidade diferenciação de funções e saberes.
próxima. Além disso, não seria caracterizado pelo seu Outras características desse modelo:
papel no mercado mas pelo interesse público. A visão • Definição explícita de objetos sócio-políticos e
crítica da escola resulta em diferentes formas de pedagógicos da escola, pela equipe escolar.
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• Articulação entre a atividade de direção e a iniciativa e Embora ambas tenham entendimentos das relações de
participação das pessoas da escola e das que se relacionam poder dentro da escola, concebem a participação de todos
com ela. nas decisões como importante ingrediente para a criação e
• A gestão é participativa mas espera-se, também, a gestão desenvolvimento das relações democráticas e solidárias.
da participação. Adotamos, neste livro, a concepção democrático-
• Qualificação e competência profissional. participativa. A Estrutura Organizacional de uma Escola
Toda a instituição escolar necessita de uma estrutura de
• Busca de objetividade no trato das questões da
organização interna, geralmente prevista no Regimento
organização e gestão, mediante coleta de informações
Escolar ou em legislação específica estadual ou municipal.
reais.
• Acompanhamento e avaliação sistemáticos com finalidade O termo estrutura tem aqui o sentido de ordenamento e
pedagógica: diagnóstico, acompanhamento dos trabalhos, disposição das funções que asseguram o funcionamento
reorientação dos rumos e ações, tomada de decisões. de um todo, no caso a escola. Essa estrutura é comumente
• Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são representada graficamente num organograma, um tipo de
avaliados. gráfico que mostra a interrelações entre os vários setores e
funções de uma organização ou serviço. Evidentemente a
Atualmente, o modelo democrático-participativo tem sido forma do organograma reflete a concepção de organização
influenciado por uma corrente teórica que compreende a e gestão. A estrutura organizacional de escolas se
organização escolar como cultura. Esta corrente afirma diferencia conforme a legislação dos Estados e Municípios
que a escola não é uma estrutura totalmente objetiva, e, obviamente, conforme as concepções de organização e
mensurável, independente das pessoas, ao contrário, ela gestão adotada, mas podemos apresentar a estrutura
depende muito das experiências subjetivas das pessoas e básica com todas as unidades e funções típicas de uma
de suas interações sociais, ou seja, dos significados que as escola. Organograma Básico de Escolas Conselho de
pessoas dão às coisas enquanto significados socialmente escola O Conselho de Escola tem atribuições consultivas,
produzidos e mantidos. Em outras palavras, dizer que a deliberativas e fiscais em questões definidas na legislação
organização é uma cultura significa que ela é construída estadual ou municipal e no Regimento Escolar.
pelos seus próprios membros.
Essas questões, geralmente, envolvem aspectos
Esta maneira de ver a organização escolar não exclui a pedagógicos, administrativos e financeiros. Em vários
presença de elementos objetivos, tais como as ferramentas Estados o Conselho é eleito no início do ano letivo. Sua
de poder externas e internas, a estrutura organizacional, e composição tem uma certa proporcionalidade de
os próprios objetivos sociais e culturais definidos pela participação dos docentes, dos especialistas em educação,
sociedade e pelo Estado. Uma visão sócio-crítica propõe dos funcionários, dos pais e alunos, observando-se, em
considerar dois aspectos interligados: por um lado, princípio, a paridade dos integrantes da escola (50%) e
compreende que a organização é uma construção social, a usuários (50%). Em alguns lugares o Conselho de Escola
partir da Inteligência subjetiva e cultural das pessoas, por é chamado de “colegiado” e sua função básica é
outro, que essa construção não é um processo livre e democratizar as relações de poder (Paro, 1998; Cizeski e
voluntário, mas mediatizado pela realidade sóciocultural e Romão, 1997) Direção O diretor coordena, organiza e
política mais ampla, incluindo a influência de forças gerencia todas as atividades da escola, auxiliado pelos
externas e internas marcadas por interesses de grupos demais componentes do corpo de especialistas e de
sociais, sempre contraditórios e às vezes conflitivos. Busca técnicos-administrativos, atendendo às leis, regulamentos
relações solidárias, formas participativas, mas também e determinações dos órgãos superiores do sistema de
valoriza os elementos internos do processo ensino e às decisões no âmbito da escola e pela
organizacional- o planejamento, a organização e a gestão, comunidade.
a direção, a avaliação, as responsabilidades individuais dos
membros da equipe e a ação organizacional coordenada e O assistente de diretor desempenha as mesmas funções na
supervisionada, já que precisa atender a objetivos sociais e condição de substituto eventual do diretor. Setor técnico-
políticos muito claros, em relação à escolarização da administrativo O setor técnico-administrativo responde
população. pelas atividades-meio que asseguram o atendimento dos
objetivos e funções da escola. A Secretaria Escolar cuida
As concepções de gestão escolar refletem portanto, da documentação, escrituração e correspondência da
posições políticas e concepções de homem e sociedade. O escola, dos docentes, demais funcionários e dos alunos.
modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um Responde também pelo atendimento ao público. Para a
caráter pedagógico, ou seja, depende de objetivos mais realização desses serviços, a escola conta com um
amplos sobre a relação da escola com a conservação ou a secretário e escriturários ou auxiliares da secretaria. O
transformação social. A concepção funcionalista, por setor técnico-administrativo responde, também, pelos
exemplo, valoriza o poder e a autoridade, exercidas serviços auxiliares (Zeladoria, Vigilância e Atendimento ao
unilateralmente. Enfatizando relações de subordinação, público) e Multimeios (biblioteca, laboratórios, videoteca
determinações rígidas de funções, hipervalorizando a etc.).
racionalização do trabalho, tende a retirar ou, ao menos,
diminuir nas pessoas a faculdade de pensar e decidir sobre A Zeladoria, responsável pelos serventes, cuida da
seu trabalho. Com isso, o grau de envolvimento manutenção, conservação e limpeza do prédio; da guarda
profissional fica enfraquecido. As duas outras concepções das dependências, instalações e equipamentos; da cozinha
valorizam o trabalho coletivo, implicando a participação e da preparação e distribuição da merenda escolar; da
de todos nas decisões.
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execução de pequenos consertos e outros serviços recomendável que tenham autonomia de organização e
rotineiros da escola. funcionamento, evitando-se qualquer tutelamento por
parte da Secretaria da Educação ou da direção da escola.
A Vigilância cuida do acompanhamento dos alunos em Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar, em outras
todas as dependências do edifício, menos na sala de aula, um setor de assistência ao estudante, que presta assistência
orientando-os quanto a normas disciplinares, atendendo- social, econômica, alimentar, médica e odontológica aos
os em caso de acidente ou enfermidade, como também do alunos carentes.
atendimento às solicitações dos professores quanto a • Corpo Docente O Corpo docente é constituído pelo
material escolar, assistência e encaminhamento de alunos. conjunto dos professores em exercício na escola, que tem
O serviço de Multimeios compreende a biblioteca, os como função básica realizar o objetivo prioritário da
laboratórios, os equipamentos audiovisuais, a videoteca e escola, o ensino.
outros recursos didáticos. • Setor Pedagógico O setor
pedagógico compreende as atividades de coordenação Os professores de todas as disciplinas formam,
pedagógica e orientação educacional. As funções desses junto com a direção e os especialistas, a equipe escolar.
especialistas variam confirme a legislação estadual e Além do seu papel específico de docência das disciplinas,
municipal, sendo que em muitos lugares suas atribuições os professores também têm responsabilidades de
ora são unificadas em apenas uma pessoa, ora são participar na elaboração do plano escolar ou projeto
desempenhadas por professores. Como são funções pedagógicocurricular, na realização das atividades da
especializadas, envolvendo habilidades bastante especiais, escola e nas decisões dos Conselhos de Escola e de classe
recomenda-se que seus ocupantes sejam formados em ou série, das reuniões com os pais (especialmente na
cursos de Pedagogia ou adquiram formação pedagógico- comunicação e interpretação da avaliação), da APM e das
didática específica. demais atividades cívicas, culturais e recreativas da
comunidade. Os Elementos Constitutivos do Sistema de
O coordenador pedagógico ou professor coordenador Organização e Gestão da Escola A gestão democrática-
supervisiona, acompanha, assessora, avalia as atividades participativa valoriza a participação da comunidade escolar
pedagógico-curriculares. Sua atribuição prioritária é no processo de tomada de decisão, concebe a docência
prestar assistência pedagógico-didática aos professores em como trabalho interativo, aposta na construção coletiva
suas respectivas disciplinas, no que diz respeito ao dos objetivos e funcionamento da escola, por meio da
trabalho ao trabalho interativo com os alunos. Há lugares dinâmica intersubjetiva, do diálogo, do consenso. Nos
em que a coordenação restringe-se à disciplina em que o itens interiores mostramos que o processo de tomada de
coordenador é especialista; em outros, a coordenação se decisão inclui, também, as ações necessárias para colocá-la
faz em relação a todas as disciplinas. Outra atribuição que em prática. Em razão disso, faz-se necessário o emprego
cabe ao coordenador pedagógico é o relacionamento com dos elementos ou processo organizacional, tal como
os pais e a comunidade, especialmente no que se refere ao veremos adiante.
funcionamento pedagógico-curricular e didático da escola
e comunicação e interpretação da avaliação dos alunos. De fato, a organização e gestão refere-se aos meios de
realização do trabalho escolar, isto é, à racionalização do
O orientador educacional, onde essa função existe, cuida trabalho e à coordenação do esforço coletivo do pessoal
do atendimento e do acompanhamento escolar dos alunos que atua na escola, envolvendo os aspectos, físicos e
e também do relacionamento escola-pais-comunidade. O materiais, os conhecimentos e qualificações práticas do
Conselho de Classe ou Série é um órgão de natureza educador, as relações humano-interacionais, o
deliberativa quanto à avaliação escolar dos alunos, planejamento, a administração, a formação continuada, a
decidindo sobre ações preventivas e corretivas em relação avaliação do trabalho escolar. Tudo em função de atingir
ao rendimento dos alunos, ao comportamento discente, às os objetivos. Ou seja, como toda instituição as escolas
promoções e reprovações e a outras medidas buscam resultados, o que implica uma ação racional,
concernentes à melhoria da qualidade da oferta dos estruturada e coordenada. Ao mesmo tempo, sendo uma
serviços educacionais e ao melhor desempenho escolar atividade coletiva, não depende apenas das capacidades e
dos alunos. Instituições Auxiliares Paralelamente à responsabilidades individuais, mas de objetivos comuns e
estrutura organizacional, muitas escolas mantêm compartilhados e de ações coordenadas e controladas dos
Instituições Auxiliares tais como: a APM (Associação de agentes do processo.
Pais e Mestres), o Grêmio Estudantil e outras como Caixa
Escolar, vinculadas ao Conselho de Escola (onde este O processo de organização educacional dispõe de
existia) ou ao Diretor. A APM reúne os pais de alunos, o elementos constitutivos que são, na verdade, instrumentos
pessoal docente e técnico-administrativo e alunos maiores de ação mobilizados para atingir os objetivos escolares.
de 18 anos. Costuma funcionar mediante uma diretoria Tais elementos ou instrumentos de ação são:
executiva e um conselho deliberativo. Planejamento - processo de explicitação de objetivos e
antecipação de decisões para orientar a instituição,
O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos prevendo-se o que se deve fazer para atingi-los.
alunos criada pela lei federal n.7.398/85, que lhe confere Organização - Atividade através da qual se dá a
autonomia para se organizarem em torno dos seus racionalização dos recursos, criando e viabilizando as
interesses, com finalidades educacionais, culturais, cívicas condições e modos para se realizar o que foi planejado.
e sociais. Ambas as instituições costumam ser Direção/Coordenação - Atividade de coordenação do
regulamentadas no Regime Escolar, variando sua esforço coletivo do pessoal da escola. Formação
composição e estrutura organizacional. Todavia, é continuada - Ações de capacitação e aperfeiçoamento dos

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profissionais da escola para que realizem com 2. PADRÕES DE INFRAESTRUTURA PARA O


competência suas tarefas e se desenvolvam pessoal e ESPAÇO FÍSICO DESTINADO À EDUCAÇÃO
profissionalmente. Avaliação - comprovação e avaliação INFANTIL.
do funcionamento da escola.
A Arquitetura Escolar, considerada como um objeto de
reflexão e pesquisa, tem suscitado um grande número de
publicações na literatura aberta, nas quais se constata uma
preocupação em sistematizar os conceitos e as estratégias
de projeto como ferramentas de apoio à conceção o do
edifício escolar. Nesse sentido é dada ênfase ao
dimensionamento e aos padrões de habitabilidade do
espaço físico escolar edificado e racionalização o dos
processos construtivos.

Mesmo reconhecendo a importância desse enfoque sobre


a temática Arquitetura Escolar, entendemos que ainda
existe uma lacuna entre a reflexão teórica e a realidade
concreta das edificações escolares, especialmente as
destinadas à educação Infantil. Diversas creches e pré-
escolas funcionam em condições precárias de instalações e
de suprimento de serviços básicos, tais como, por
exemplo: água, esgoto sanitário e energia elétrica. Além da
carência de infra-estrutura básica, consideramos que a
maioria dos edifícios escolares restringe o processo
educativo, ao no explorar as possibilidades pedagógicas do
espaço físico e de seus arranjos espaciais no
desenvolvimento infantil.

A inexistência (ou a precariedade) de parque infantil, por


exemplo, priva as crianças da convivência e da exploração
do espaço e das atividades e movimentos ao ar livre,
comprometendo seu desenvolvimento físico e
sociocultural. A qualidade da arquitetura escolar depende
do nÌvel de adequação e de desempenho de seus
ambientes, em seus aspectos técnicos, funcionais, estéticos
e, consequentemente, do modo como esses aspectos
afetam o bem-estar dos seus usuários. As relações edifício
usuário estão diretamente vinculados ao grau de interação
e da capacidade de resposta dos edifícios e instalações
escolares nas atividades neles realizadas.

Assim, a noção de edifício escolar saudável passa


necessariamente pela adequação de seus edifícios ao meio
ambiente, bem como pela promoção da interação entre o
espaço físico, o projeto pedagógico e o desenvolvimento
infantil. Segundo as recomendações da Unesco (1998;
2001), o prédio escolar deve ser seguro e atraente em
termos de seu projeto global, funcionalidade no layout;
deve dar condições para que seja efetivamente possível
um ensino efetivo, atividades extracurriculares em especial
em áreas carentes e rurais atuando como um centro
comunitário. Deve ser construída a escola em
conformidade com padrões sanitários, tendo durabilidade,
adaptabilidade e deve requerer uma manutenção
econômica.

As questões relacionadas com a sustentabilidade nas


edificações dizem respeito a um conjunto de enfoques
diferenciados que devem ser considerados, desde a
concepção do projeto, a utilização do prédio e uma
posterior reabilitação ou seu desmonte. Devem ser
tratadas as condições ambientais da escola e do seu
entorno, incluindo: higiene e condições fÌsico-sanitária e
de conforto para os distintos usuários daquele espaço,

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crianças, seus familiares, professores e funcionários. 3. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS


PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL (DCNEI).
Em síntese propomos uma reflexão que considere as
seguintes temáticas: · Educação e Arquitetura Escolar · As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Avaliação de Desempenho do Ambiente Físico Escolar · Infantil articulam-se às Diretrizes Curriculares Nacionais
Conforto Ambiental e Sustentabilidade · Qualidade e da Educação Básica e reúnem princípios, fundamentos e
Projeto do Ambiente Construído. As políticas e diretrizes procedimentos definidos pela Câmara de Educação Básica
públicas estabelecidas pela LDB, DCNEI, DOEI e PNE do Conselho Nacional de Educação, para orientar as
reconhecem o Ambiente Escolar como elemento políticas públicas e a elaboração, planejamento, execução e
fundamental para a implementação de uma educação de avaliação de propostas pedagógicas e curriculares de
qualidade, capaz de atender aos seguintes pontos básicos: Educação Infantil.
· integração entre ambiente físico e práticas educacionais
- o espaço pedagógico; · relação com a comunidade - o As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
espaço social; · observação dos preceitos de Infantil apresentam em sua redação algumas definições
sustentabilidade (bem-estar, saúde e consciência ecológica) que são muito relevantes, por exemplo: definição de
- o espaço ecológico. educação infantil, criança , currículo e proposta
pedagógica. Sobre a educação infantil define-se que é a
primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e
pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços
institucionais não domésticos que constituem
estabelecimentos educacionais públicos ou privados que
educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no
período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e
supervisionados por órgão competente do sistema de
ensino e submetidos a controle social. É dever do Estado
garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e
de qualidade, sem requisito de seleção.

Sobre a definição de criança, parte-se da compreensão que


ela é sujeito histórico e de direitos que, nas interações,
relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua
identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia,
deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade,
produzindo cultura. No tocante ao currículo, este é
apresentado como um conjunto de práticas que buscam
articular as experiências e os saberes das crianças com os
conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural,
artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a
promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5
anos de idade.
Já sobre a proposta pedagógica, esta é definida como
plano orientador das ações da instituição e define as metas
que se pretende para a aprendizagem e o desenvolvimento
das crianças que nela são educados e cuidados. É
elaborado num processo coletivo, com a participação da
direção, dos professores e da comunidade escola. A
proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil
deve ter como objetivo garantir à criança acesso a
processos de apropriação, renovação e articulação de
conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens,
assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à
confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à
convivência e à interação com outras crianças.

De acordo com as DCNEI As propostas pedagógicas de


Educação Infantil devem respeitar os seguintes princípios:
ÉTICOS, POLITICOS E ESTÉTICOS Éticos: da
autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do
respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes
culturas, identidades e singularidades. Políticos: dos
direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do
respeito à ordem democrática. Estéticos: da sensibilidade,
da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão

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nas diferentes manifestações artísticas e culturais. 4. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, ART. 5º


(DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS
Além dos pontos supracitados, as DCNEIS apresentam E COLETIVOS), ART. 205 A 214 (DA
aspectos relevantes na educação infantil, a saber: EDUCAÇÃO).
organização de tempo, espaço e materiais; proposta
pedagógica e diversidade; proposta pedagógica e crianças CAPÍTULO I
indígenas; Propostas Pedagogicas e as infâncias do campo; DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS
Propostas Pedagogicas na educação infantil ( EIXO E COLETIVOS
INTERAÇÕES E BRINCADEIRAS); Avaliação na
educação infantil.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,


nos termos desta Constituição;

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer


alguma coisa senão em virtude de lei;

<p

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento


desumano ou degradante;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado


o anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao


agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,


sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de


assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de


crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,


científica e de comunicação, independentemente de
censura ou licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela


podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)

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XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas financiar o seu desenvolvimento;
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
estabelecer;
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao atividades desportivas;
exercício profissional;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo das obras que criarem ou de que participarem aos
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; sindicais e associativas;

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais
em locais abertos ao público, independentemente de privilégio temporário para sua utilização, bem como
autorização, desde que não frustrem outra reunião proteção às criações industriais, à propriedade das marcas,
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo aos nomes de empresas e a outros signos distintivos,
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
vedada a de caráter paramilitar; XXX - é garantido o direito de herança;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a País será regulada pela lei brasileira em benefício do
interferência estatal em seu funcionamento; cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em do consumidor;
julgado;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a informações de seu interesse particular, ou de interesse
permanecer associado; coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
XXI - as entidades associativas, quando expressamente seja imprescindível à segurança da sociedade e do
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527,
judicial ou extrajudicialmente; de 2011)

XXII - é garantido o direito de propriedade; XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do


pagamento de taxas:
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou
por interesse social, mediante justa e prévia indenização b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta defesa de direitos e esclarecimento de situações de
Constituição; interesse pessoal;

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
competente poderá usar de propriedade particular, Judiciário lesão ou ameaça a direito;
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
dano; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
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XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a b) de caráter perpétuo;


organização que lhe der a lei, assegurados:
c) de trabalhos forçados;
a) a plenitude de defesa;
d) de banimento;
b) o sigilo das votações;
e) cruéis;
c) a soberania dos veredictos;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
contra a vida; sexo do apenado;

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade
pena sem prévia cominação legal; física e moral;

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que
possam permanecer com seus filhos durante o período de
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos amamentação;
direitos e liberdades fundamentais;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
lei; ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o crime político ou de opinião;
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
e os definidos como crimes hediondos, por eles LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
respondendo os mandantes, os executores e os que, pela autoridade competente;
podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento)
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação sem o devido processo legal;
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor por meios ilícitos;
do patrimônio transferido;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, em julgado de sentença penal condenatória;
entre outras, as seguintes:
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
a) privação ou restrição da liberdade; identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em
lei; (Regulamento)
b) perda de bens;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
c) multa; pública, se esta não for intentada no prazo legal;

d) prestação social alternativa; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos


processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
e) suspensão ou interdição de direitos; social o exigirem;

XLVII - não haverá penas: LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
crime propriamente militar, definidos em lei;
do art. 84, XIX;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

encontre serão comunicados imediatamente ao juiz LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
competente e à família do preso ou à pessoa por ele ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
indicada; público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
assistência da família e de advogado; sucumbência;

LXIV - o preso tem direito à identificação dos LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
policial;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
autoridade judiciária; fixado na sentença;

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres,
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
fiança;
a) o registro civil de nascimento;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável b) a certidão de óbito;
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação necessários ao exercício da cidadania. (Regulamento)
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder; LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e os
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para meios que garantam a celeridade de sua
proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas- tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à
Poder Público; proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios
digitais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser 2022)
impetrado por:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
a) partido político com representação no Congresso fundamentais têm aplicação imediata.
Nacional;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
b) organização sindical, entidade de classe ou associação não excluem outros decorrentes do regime e dos
legalmente constituída e em funcionamento há pelo princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros em que a República Federativa do Brasil seja parte.
ou associados;
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
dos direitos e liberdades constitucionais e das votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda
cidadania; Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)
(Vide Atos decorrentes do disposto no § 3º do art. 5º da
LXXII - conceder-se-á "habeas-data": Constituição)

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos Internacional a cuja criação tenha manifestado
de dados de entidades governamentais ou de caráter adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
público; de 2004)

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo


por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

CAPÍTULO III básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou


DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União,
SEÇÃO I dos Estados, do Distrito Federal e dos
DA EDUCAÇÃO Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
53, de 2006)
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-
colaboração da sociedade, visando ao pleno científica, administrativa e de gestão financeira e
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício patrimonial, e obedecerão ao princípio de
da cidadania e sua qualificação para o trabalho. indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos § 1º É facultado às universidades admitir professores,
seguintes princípios: técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da
lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na 1996)
escola;
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pesquisa científica e tecnológica. (Incluído pela
pensamento, a arte e o saber; Emenda Constitucional nº 11, de 1996)

III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e Art. 208. O dever do Estado com a educação será
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; efetivado mediante a garantia de:

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive


oficiais; para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada,
inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não
V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na
tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela
forma da lei, plano de carreira para o magistério público,
Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente
por concurso público de provas e títulos, assegurado
regime jurídico único para todas as instituições mantidas I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
pela União; aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua
V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso
forma da lei, planos de carreira para o magistério público, na idade própria; (Redação dada pela Emenda
com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda
por concurso público de provas e títulos; (Redação Constitucional nº 59, de 2009)
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade
V - valorização dos profissionais da educação escolar, ao ensino médio;
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e II - progressiva universalização do ensino médio
títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional
Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (Vide Lei nº nº 14, de 1996)
14.817, de 2024)
III - atendimento educacional especializado aos
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da portadores de deficiência, preferencialmente na rede
lei; regular de ensino;

VII - garantia de padrão de qualidade. IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de


zero a seis anos de idade;
VIII - piso salarial profissional nacional para os
profissionais da educação escolar pública, nos termos de IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças
lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela
53, de 2006) Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
longo da vida. (Incluído pela Emenda Constitucional e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
nº 108, de 2020)
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de condições do educando;
trabalhadores considerados profissionais da educação

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, Municípios; (Redação dada pela Emenda
através de programas suplementares de material didático- Constitucional nº 14, de 1996)
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da fundamental e pré-escolar.
educação básica, por meio de programas suplementares de
material didáticoescolar, transporte, alimentação e § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda fundamental e na educação infantil. (Redação dada
Constitucional nº 59, de 2009) pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão


público subjetivo. prioritariamente no ensino fundamental e
médio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14,
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo de 1996)
Poder Público, ou sua oferta irregular, importa
responsabilidade da autoridade competente. § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, os
Estados e os Municípios definirão formas de colaboração,
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos de modo a assegurar a universalização do ensino
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, obrigatório. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola. 14, de 1996)
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União,
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão
as seguintes condições: formas de colaboração, de modo a assegurar a
universalização do ensino obrigatório. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União,
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão
Público.
formas de colaboração, de forma a assegurar a
universalização, a qualidade e a equidade do ensino
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o obrigatório. (Redação dada pela Emenda
ensino fundamental, de maneira a assegurar formação Constitucional nº 108, de 2020)
básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais.
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente
ao ensino regular. (Incluído pela Emenda
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, Constitucional nº 53, de 2006)
constituirá disciplina dos horários normais das escolas
públicas de ensino fundamental.
§ 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios exercerão ação redistributiva em relação a suas
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em escolas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108,
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas de 2020)
também a utilização de suas línguas maternas e processos
próprios de aprendizagem.
§ 7º O padrão mínimo de qualidade de que trata o § 1º
deste artigo considerará as condições adequadas de oferta
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
e terá como referência o Custo Aluno Qualidade (CAQ),
Municípios organizarão em regime de colaboração seus
pactuados em regime de colaboração na forma disposta
sistemas de ensino.
em lei complementar, conforme o parágrafo único do art.
23 desta Constituição. (Incluído pela Emenda
§ 1º A União organizará e financiará o sistema federal de Constitucional nº 108, de 2020)
ensino e o dos Territórios, e prestará assistência técnica e
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
ensino e o atendimento prioritário à escolaridade
vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante
obrigatória.
de impostos, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o ensino.
dos Territórios, financiará as instituições de ensino
públicas federais e exercerá, em matéria educacional,
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
função redistributiva e supletiva, de forma a garantir
União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
equalização de oportunidades educacionais e padrão
ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos
receita do governo que a transferir.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" § 9º A lei disporá sobre normas de fiscalização, de
deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino avaliação e de controle das despesas com educação nas
federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na esferas estadual, distrital e municipal. (Incluído pela
forma do art. 213. Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará Art. 212-A. Os Estados, o Distrito Federal e os
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere
obrigatório, nos termos do plano nacional de educação. o caput do art. 212 desta Constituição à manutenção e ao
desenvolvimento do ensino na educação básica e à
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará remuneração condigna de seus profissionais, respeitadas
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de Constitucional nº 108, de 2020) Regulamento
padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano
nacional de educação. (Redação dada pela Emenda I - a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre
Constitucional nº 59, de 2009) o Distrito Federal, os Estados e seus Municípios é
assegurada mediante a instituição, no âmbito de cada
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de
assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
financiados com recursos provenientes de contribuições Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), de
sociais e outros recursos orçamentários. natureza contábil; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 108, de 2020)
§ 5º O ensino fundamental público terá como fonte
adicional de financiamento a contribuição social do II - os fundos referidos no inciso I do caput deste artigo
salário-educação, recolhida, na forma da lei, pelas serão constituídos por 20% (vinte por cento) dos recursos
empresas, que dela poderão deduzir a aplicação realizada a que se referem os incisos I, II e III do caput do art. 155,
no ensino fundamental de seus empregados e o inciso II do caput do art. 157, os incisos II, III e IV
dependentes. do caput do art. 158 e as alíneas "a" e "b" do inciso I e o
inciso II do caput do art. 159 desta
§ 5º O ensino fundamental público terá como fonte Constituição; (Incluído pela Emenda Constitucional
adicional de financiamento a contribuição social do nº 108, de 2020)
salário-educação, recolhida pelas empresas, na forma da
lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº II - os fundos referidos no inciso I do caput deste artigo
14, de 1996) serão constituídos por 20% (vinte por
cento): (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional 132, de 2023)
de financiamento a contribuição social do salário-
educação, recolhida pelas empresas na forma da a) das parcelas dos Estados no imposto de que trata o art.
lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 156-A; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132,
53, de 2006) (Vide Decreto nº 6.003, de 2006) de 2023)

§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da b) da parcela do Distrito Federal no imposto de que trata
contribuição social do salário-educação serão distribuídas o art. 156-A, relativa ao exercício de sua competência
proporcionalmente ao número de alunos matriculados na estadual, nos termos do art. 156-A, § 2º; e (Incluído
educação básica nas respectivas redes públicas de pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)
ensino. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53,
de 2006) c) dos recursos a que se referem os incisos I, II e III
do caput do art. 155, o inciso II do caput do art. 157, os
incisos II, III e IV do caput do art. 158 e as alíneas "a" e
§ 7º É vedado o uso dos recursos referidos no caput e "b" do inciso I e o inciso II do caput do art. 159 desta
nos §§ 5º e 6º deste artigo para pagamento de Constituição; (Incluído pela Emenda Constitucional
aposentadorias e de pensões. (Incluído pela Emenda nº 132, de 2023)
Constitucional nº 108, de 2020)
III - os recursos referidos no inciso II do caput deste
§ 8º Na hipótese de extinção ou de substituição de artigo serão distribuídos entre cada Estado e seus
impostos, serão redefinidos os percentuais referidos Municípios, proporcionalmente ao número de alunos das
no caput deste artigo e no inciso II do caput do art. 212- diversas etapas e modalidades da educação básica
A, de modo que resultem recursos vinculados à presencial matriculados nas respectivas redes, nos âmbitos
manutenção e ao desenvolvimento do ensino, bem como de atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e
os recursos subvinculados aos fundos de que trata o art. 3º do art. 211 desta Constituição, observadas as
212-A desta Constituição, em aplicações equivalentes às ponderações referidas na alínea "a" do inciso X
anteriormente praticadas. (Incluído pela Emenda do caput e no § 2º deste artigo; (Incluído pela
Constitucional nº 108, de 2020) Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

IV - a União complementará os recursos dos fundos a que responsabilidade; (Incluído pela Emenda
se refere o inciso II do caput deste artigo; (Incluído Constitucional nº 108, de 2020)
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
X - a lei disporá, observadas as garantias estabelecidas nos
V - a complementação da União será equivalente a, no incisos I, II, III e IV do caput e no § 1º do art. 208 e as
mínimo, 23% (vinte e três por cento) do total de recursos metas pertinentes do plano nacional de educação, nos
a que se refere o inciso II do caput deste artigo, termos previstos no art. 214 desta Constituição,
distribuída da seguinte forma: (Incluído pela Emenda sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108,
Constitucional nº 108, de 2020) de 2020)

a) 10 (dez) pontos percentuais no âmbito de cada Estado e a) a organização dos fundos referidos no inciso I do caput
do Distrito Federal, sempre que o valor anual por aluno deste artigo e a distribuição proporcional de seus recursos,
(VAAF), nos termos do inciso III do caput deste artigo, as diferenças e as ponderações quanto ao valor anual por
não alcançar o mínimo definido aluno entre etapas, modalidades, duração da jornada e
nacionalmente; (Incluído pela Emenda tipos de estabelecimento de ensino, observados as
Constitucional nº 108, de 2020) respectivas especificidades e os insumos necessários para a
garantia de sua qualidade; (Incluído pela Emenda
b) no mínimo, 10,5 (dez inteiros e cinco décimos) pontos Constitucional nº 108, de 2020)
percentuais em cada rede pública de ensino municipal,
estadual ou distrital, sempre que o valor anual total por b) a forma de cálculo do VAAF decorrente do inciso III
aluno (VAAT), referido no inciso VI do caput deste do caput deste artigo e do VAAT referido no inciso VI
artigo, não alcançar o mínimo definido do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda
nacionalmente; (Incluído pela Emenda Constitucional Constitucional nº 108, de 2020)
nº 108, de 2020)
c) a forma de cálculo para distribuição prevista na alínea "c"
c) 2,5 (dois inteiros e cinco décimos) pontos percentuais nas do inciso V do caput deste artigo; (Incluído pela
redes públicas que, cumpridas condicionalidades de Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
melhoria de gestão previstas em lei, alcançarem evolução
de indicadores a serem definidos, de atendimento e d) a transparência, o monitoramento, a fiscalização e o
melhoria da aprendizagem com redução das controle interno, externo e social dos fundos referidos no
desigualdades, nos termos do sistema nacional de inciso I do caput deste artigo, assegurada a criação, a
avaliação da educação básica; (Incluído pela Emenda autonomia, a manutenção e a consolidação de conselhos
Constitucional nº 108, de 2020) de acompanhamento e controle social, admitida sua
integração aos conselhos de educação; (Incluído pela
VI - o VAAT será calculado, na forma da lei de que trata Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
o inciso X do caput deste artigo, com base nos recursos a
que se refere o inciso II do caput deste artigo, acrescidos e) o conteúdo e a periodicidade da avaliação, por parte do
de outras receitas e de transferências vinculadas à órgão responsável, dos efeitos redistributivos, da melhoria
educação, observado o disposto no § 1º e consideradas as dos indicadores educacionais e da ampliação do
matrículas nos termos do inciso III do caput deste atendimento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, 108, de 2020)
de 2020)
XI - proporção não inferior a 70% (setenta por cento) de
VII - os recursos de que tratam os incisos II e IV cada fundo referido no inciso I do caput deste artigo,
do caput deste artigo serão aplicados pelos Estados e excluídos os recursos de que trata a alínea "c" do inciso V
pelos Municípios exclusivamente nos respectivos âmbitos do caput deste artigo, será destinada ao pagamento dos
de atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e profissionais da educação básica em efetivo exercício,
3º do art. 211 desta Constituição; (Incluído pela observado, em relação aos recursos previstos na alínea "b"
Emenda Constitucional nº 108, de 2020) do inciso V do caput deste artigo, o percentual mínimo
de 15% (quinze por cento) para despesas de
VIII - a vinculação de recursos à manutenção e ao capital; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108,
desenvolvimento do ensino estabelecida no art. 212 desta de 2020)
Constituição suportará, no máximo, 30% (trinta por
cento) da complementação da União, considerados para XII - lei específica disporá sobre o piso salarial
os fins deste inciso os valores previstos no inciso V profissional nacional para os profissionais do magistério
do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda da educação básica pública; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 108, de 2020) Constitucional nº 108, de 2020)

IX - o disposto no caput do art. 160 desta Constituição XIII - a utilização dos recursos a que se refere o § 5º do
aplica-se aos recursos referidos nos incisos II e IV art. 212 desta Constituição para a complementação da
do caput deste artigo, e seu descumprimento pela União ao Fundeb, referida no inciso V do caput deste
autoridade competente importará em crime de
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

artigo, é vedada. (Incluído pela Emenda Constitucional § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão
nº 108, de 2020) poderão receber apoio financeiro do Poder Público.

§ 1º O cálculo do VAAT, referido no inciso VI § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e


do caput deste artigo, deverá considerar, além dos fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por
recursos previstos no inciso II do caput deste artigo, pelo instituições de educação profissional e tecnológica
menos, as seguintes disponibilidades: (Incluído pela poderão receber apoio financeiro do Poder
Emenda Constitucional nº 108, de 2020) Público. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 85, de 2015)
I - receitas de Estados, do Distrito Federal e de
Municípios vinculadas à manutenção e ao Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação,
desenvolvimento do ensino não integrantes dos fundos de duração plurianual, visando à articulação e ao
referidos no inciso I do caput deste artigo; (Incluído desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) integração das ações do Poder Público que conduzam à:

II - cotas estaduais e municipais da arrecadação do salário- Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação,
educação de que trata o § 6º do art. 212 desta de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema
Constituição; (Incluído pela Emenda Constitucional nacional de educação em regime de colaboração e definir
nº 108, de 2020) diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação
para assegurar a manutenção e desenvolvimento do
ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por
III - complementação da União transferida a Estados, ao meio de ações integradas dos poderes públicos das
Distrito Federal e a Municípios nos termos da alínea "a" diferentes esferas federativas que conduzam
do inciso V do caput deste artigo. (Incluído pela a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59,
Emenda Constitucional nº 108, de 2020) de 2009)

§ 2º Além das ponderações previstas na alínea "a" do I - erradicação do analfabetismo;


inciso X do caput deste artigo, a lei definirá outras
relativas ao nível socioeconômico dos educandos e aos
II - universalização do atendimento escolar;
indicadores de disponibilidade de recursos vinculados à
educação e de potencial de arrecadação tributária de cada
ente federado, bem como seus prazos de III - melhoria da qualidade do ensino;
implementação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 108, de 2020) IV - formação para o trabalho;

§ 3º Será destinada à educação infantil a proporção de V - promoção humanística, científica e tecnológica do


50% (cinquenta por cento) dos recursos globais a que se País.
refere a alínea "b" do inciso V do caput deste artigo, nos
termos da lei." (Incluído pela Emenda Constitucional nº VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
108, de 2020) públicos em educação como proporção do produto
interno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às nº 59, de 2009)
escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em
lei, que:

I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus


excedentes financeiros em educação;

II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra


escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao
Poder Público, no caso de encerramento de suas
atividades.

§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser


destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e
médio, na forma da lei, para os que demonstrarem
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e
cursos regulares da rede pública na localidade da
residência do educando, ficando o Poder Público
obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua
rede na localidade.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

5. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO relevância pública;


ADOLESCENTE – LEI n.º 8.069/1990 (arts. 1º ao
6º; 13, 15 a 18; 53 a 59; 131 a 135). c) preferência na formulação e na execução das políticas
sociais públicas;
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
Texto compilado relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
outras providências Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
Vigência violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
(Vide Lei nº 14.721, de 2023) Vigência qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem
Título I comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a
Das Disposições Preliminares condição peculiar da criança e do adolescente como
pessoas em desenvolvimento.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança
e ao adolescente. Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos
contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
localidade, sem prejuízo de outras providências
aquela entre doze e dezoito anos de idade.
legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
Parágrafo único. As gestantes ou mães que manifestem
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
interesse em entregar seus filhos para adoção serão
vinte e um anos de idade.
obrigatoriamente encaminhadas à Justiça da Infância e da
Juventude. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
§ 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse em
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o
e da Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social,
em condições de liberdade e de dignidade.
§ 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
entrada, os serviços de assistência social em seu
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei
componente especializado, o Centro de Referência
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem
Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais
discriminação de nascimento, situação familiar, idade,
órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência,
Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao
condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,
atendimento das crianças na faixa etária da primeira
condição econômica, ambiente social, região e local de
infância com suspeita ou confirmação de violência de
moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as
qualquer natureza, formulando projeto terapêutico
famílias ou a comunidade em que vivem. (Incluído pela
singular que inclua intervenção em rede e, se necessário,
Lei nº 13.257, de 2016)
acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº 13.257,
de 2016)
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade
em geral e do poder público assegurar, com absoluta
Capítulo II
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária. Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade,
ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em
processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
leis.
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias;
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
aspectos:
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
nuceconcursos.com.br 15
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os
comunitários, ressalvadas as restrições legais; responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar
II - opinião e expressão; de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou
protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento
cruel ou degradante como formas de correção, disciplina,
III - crença e culto religioso;
educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem
prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas,
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; que serão aplicadas de acordo com a gravidade do
caso: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
V - participar da vida familiar e comunitária, sem
discriminação; I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de
proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
VI - participar da vida política, na forma da lei;
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. psiquiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade III - encaminhamento a cursos ou programas de
da integridade física, psíquica e moral da criança e do orientação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
dos espaços e objetos pessoais. especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
VI - garantia de tratamento de saúde especializado à
constrangedor.
vítima. (Incluído pela Lei nº 14.344, de
2022) Vigência
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão
tratamento cruel ou degradante, como formas de
aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto,
providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos
responsáveis, pelos agentes públicos executores de
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa Capítulo IV
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
protegê-los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera- visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
se: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) para o exercício da cidadania e qualificação para o
trabalho, assegurando-se-lhes:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, escola;
de 2014)
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014) III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
recorrer às instâncias escolares superiores;
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
IV - direito de organização e participação em entidades
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma estudantis;
cruel de tratamento em relação à criança ou ao
adolescente que: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
residência.
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de residência, garantindo-se vagas no mesmo
2014) estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa
ou ciclo de ensino da educação básica. (Redação dada pela
Lei nº 13.845, de 2019)
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar,
ciência do processo pedagógico, bem como participar da esgotados os recursos escolares;
definição das propostas educacionais.
III - elevados níveis de repetência.
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e
agremiações recreativas e de estabelecimentos congêneres Art. 57. O poder público estimulará pesquisas,
assegurar medidas de conscientização, prevenção e experiências e novas propostas relativas a calendário,
enfrentamento ao uso ou dependência de drogas seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com
ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do
ensino fundamental obrigatório.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
adolescente: Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os
valores culturais, artísticos e históricos próprios do
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de
cultura.
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade
ao ensino médio; Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e
III - atendimento educacional especializado aos espaços para programações culturais, esportivas e de lazer
portadores de deficiência, preferencialmente na rede voltadas para a infância e a juventude.
regular de ensino;
Art. 59-A. As instituições sociais públicas ou privadas que
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de desenvolvam atividades com crianças e adolescentes e que
zero a seis anos de idade; recebam recursos públicos deverão exigir e manter
certidões de antecedentes criminais de todos os seus
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de colaboradores, as quais deverão ser atualizadas a cada 6
zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº (seis) meses. (Incluído pela Lei nº 14.811, de 2024)
13.306, de 2016)
Parágrafo único. Os estabelecimentos educacionais e
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa similares, públicos ou privados, que desenvolvem
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; atividades com crianças e adolescentes,
independentemente de recebimento de recursos públicos,
deverão manter fichas cadastrais e certidões de
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
antecedentes criminais atualizadas de todos os seus
condições do adolescente trabalhador;
colaboradores. (Incluído pela Lei nº 14.811, de 2024)

VII - atendimento no ensino fundamental, através de Título V


programas suplementares de material didático-escolar, Do Conselho Tutelar
transporte, alimentação e assistência à saúde. Capítulo I

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito Disposições Gerais


público subjetivo.
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
da autoridade competente. adolescente, definidos nesta Lei.

§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, Conselho Tutelar composto de cinco membros, eleitos
junto aos pais ou responsável, pela freqüência à escola. pelos cidadãos locais para mandato de três anos, permitida
uma reeleição.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de Conselho Tutelar composto de cinco membros,
ensino. escolhidos pela comunidade local para mandato de três
anos, permitida uma recondução. (Redação dada pela Lei
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino nº 8.242, de 12.10.1991)
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos Art. 132. Em cada Município e em cada Região
de: Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1
(um) Conselho Tutelar como órgão integrante da
administração pública local, composto de 5 (cinco)
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
membros, escolhidos pela população local para mandato
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, especial, em caso de crime comum, até o julgamento
mediante novo processo de escolha. (Redação dada pela definitivo.
Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
Art. 132. Em cada Município e em cada Região constituirá serviço público relevante e estabelecerá
Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 presunção de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº
(um) Conselho Tutelar como órgão integrante da 12.696, de 2012)
administração pública local, composto de 5 (cinco)
membros, escolhidos pela população local para mandato
de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos
processos de escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824,
de 2019)

Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho


Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:

I - reconhecida idoneidade moral;

II - idade superior a vinte e um anos;

III - residir no município.

Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário


de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto
a eventual remuneração de seus membros.

Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local,


dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar,
inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros,
aos quais é assegurado o direito a: (Redação dada pela Lei
nº 12.696, de 2012)

I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696,


de 2012)

II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3


(um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído
pela Lei nº 12.696, de 2012)

III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de


2012)

IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de


2012)

V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de


2012)

Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal


previsão dos recursos necessários ao funcionamento do
Conselho Tutelar.

Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e


da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários
ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e
formação continuada dos conselheiros tutelares. (Redação
dada pela Lei nº 12.696, de 2012)

Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro


constituirá serviço público relevante, estabelecerá
presunção de idoneidade moral e assegurará prisão

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

6. LEI FEDERAL Nº 12.764, DE 27 DE do espectro autista e o controle social da sua implantação,


DEZEMBRO DE 2012. INSTITUI A POLÍTICA acompanhamento e avaliação;
NACIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS
DA PESSOA COM TRANSTORNO DO III - a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa
ESPECTRO AUTISTA; E ALTERA O § 3º DO com transtorno do espectro autista, objetivando o
ART. 98 DA LEI Nº 8.112, DE 11 DE diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o
DEZEMBRO DE 1990. acesso a medicamentos e nutrientes;

IV - (VETADO);
LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012.
V - o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do
Mensagem de veto espectro autista no mercado de trabalho, observadas as
Regulamento peculiaridades da deficiência e as disposições da Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Adolescente);
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o §
3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. VI - a responsabilidade do poder público quanto à
informação pública relativa ao transtorno e suas
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o implicações;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
VII - o incentivo à formação e à capacitação de
Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção profissionais especializados no atendimento à pessoa com
dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro transtorno do espectro autista, bem como a pais e
Autista e estabelece diretrizes para sua consecução. responsáveis;

§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com VIII - o estímulo à pesquisa científica, com prioridade
transtorno do espectro autista aquela portadora de para estudos epidemiológicos tendentes a dimensionar a
síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes magnitude e as características do problema relativo ao
incisos I ou II: transtorno do espectro autista no País.

I - deficiência persistente e clinicamente significativa da Parágrafo único. Para cumprimento das diretrizes de que
comunicação e da interação sociais, manifestada por trata este artigo, o poder público poderá firmar contrato
deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal de direito público ou convênio com pessoas jurídicas de
usada para interação social; ausência de reciprocidade direito privado.
social; falência em desenvolver e manter relações
apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro
autista:
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos,
interesses e atividades, manifestados por comportamentos I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre
motores ou verbais estereotipados ou por desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;
comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência
a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; II - a proteção contra qualquer forma de abuso e
interesses restritos e fixos. exploração;

§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à
considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo:
legais.
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
§ 3º Os estabelecimentos públicos e privados referidos na
Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, poderão valer- b) o atendimento multiprofissional;
se da fita quebra-cabeça, símbolo mundial da
conscientização do transtorno do espectro autista, para c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
identificar a prioridade devida às pessoas com transtorno
do espectro autista. (Incluído pela Lei nº 13.977, de d) os medicamentos;
2020)
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
Art. 2º São diretrizes da Política Nacional de Proteção dos
Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista: IV - o acesso:

I - a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das a) à educação e ao ensino profissionalizante;


políticas e no atendimento à pessoa com transtorno do
b) à moradia, inclusive à residência protegida;
espectro autista;
c) ao mercado de trabalho;
II - a participação da comunidade na formulação de
políticas públicas voltadas para as pessoas com transtorno
d) à previdência social e à assistência social.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a artigo, os órgãos responsáveis pela execução da Política
pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV Transtorno do Espectro Autista deverão trabalhar em
do art. 2º , terá direito a acompanhante especializado. conjunto com os respectivos responsáveis pela emissão de
documentos de identificação, para que sejam incluídas as
Art. 3º-A. É criada a Carteira de Identificação da Pessoa necessárias informações sobre o transtorno do espectro
com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), com vistas autista no Registro Geral (RG) ou, se estrangeiro, na
a garantir atenção integral, pronto atendimento e Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM) ou na
prioridade no atendimento e no acesso aos serviços Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE), válidos em
públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, todo o território nacional. (Incluído pela Lei nº
educação e assistência social. (Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020)
13.977, de 2020)
Art. 4º A pessoa com transtorno do espectro autista não
§ 1º A Ciptea será expedida pelos órgãos responsáveis pela será submetida a tratamento desumano ou degradante,
execução da Política Nacional de Proteção dos Direitos da não será privada de sua liberdade ou do convívio familiar
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista dos Estados, nem sofrerá discriminação por motivo da deficiência.
do Distrito Federal e dos Municípios, mediante
requerimento, acompanhado de relatório médico, com Parágrafo único. Nos casos de necessidade de internação
indicação do código da Classificação Estatística médica em unidades especializadas, observar-se-á o que
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à dispõe o art. 4º da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001.
Saúde (CID), e deverá conter, no mínimo, as seguintes
Art. 5º A pessoa com transtorno do espectro autista não
informações: (Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020)
será impedida de participar de planos privados de
assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa
I - nome completo, filiação, local e data de nascimento, com deficiência, conforme dispõe o art. 14 da Lei nº
número da carteira de identidade civil, número de 9.656, de 3 de junho de 1998.
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), tipo
sanguíneo, endereço residencial completo e número de Art. 6º (VETADO).
telefone do identificado; (Incluído pela Lei nº
13.977, de 2020) Art. 7º O gestor escolar, ou autoridade competente, que
recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro
II - fotografia no formato 3 (três) centímetros (cm) x 4 autista, ou qualquer outro tipo de deficiência, será punido
(quatro) centímetros (cm) e assinatura ou impressão digital com multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários-mínimos.
do identificado; (Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020)
§ 1º Em caso de reincidência, apurada por processo
administrativo, assegurado o contraditório e a ampla
III - nome completo, documento de identificação, defesa, haverá a perda do cargo.
endereço residencial, telefone e e-mail do responsável
legal ou do cuidador; (Incluído pela Lei nº 13.977, § 2º (VETADO).
de 2020)
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
IV - identificação da unidade da Federação e do órgão
expedidor e assinatura do dirigente responsável. Brasília, 27 de dezembro de 2012; 191º da Independência
(Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020) e 124º da República.

DILMA ROUSSEFF
§ 2º Nos casos em que a pessoa com transtorno do José Henrique Paim Fernandes
espectro autista seja imigrante detentor de visto
temporário ou de autorização de residência, residente Miriam Belchior
fronteiriço ou solicitante de refúgio, deverá ser Este texto não substitui o publicado no DOU de
apresentada a Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE), 28.12.2012
a Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM) ou o
Documento Provisório de Registro Nacional Migratório
(DPRNM), com validade em todo o território
nacional. (Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020)

§ 3º A Ciptea terá validade de 5 (cinco) anos, devendo ser


mantidos atualizados os dados cadastrais do identificado,
e deverá ser revalidada com o mesmo número, de modo a
permitir a contagem das pessoas com transtorno do
espectro autista em todo o território nacional. (Incluído
pela Lei nº 13.977, de 2020)

§ 4º Até que seja implementado o disposto no caput deste

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

7. BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE 8. O DESENVOLVIMENTO FÍSICO,


CRECHES - MANUAL DE ORIENTAÇÃO EMOCIONAL, SOCIAL, COGNITIVO E
PEDAGÓGICA - MEC COM APOIO DA AFETIVO NA CRECHE
UNICEF.
O QUE É DESENVOLVIMENTO INFANTIL?
Com base nas recomendações das Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), o Mec O desenvolvimento infantil é a maturação da habilidade
elaborou um material que versa sobre Brinquedos e de aprender, se conhecer e se relacionar na sociedade.
brincadeiras de creches. Conforme o quadro abaixo Sobre a habilidade de aprender, nos referimos ao
observe os principais pontos presentes no material: desenvolvimento cognitivo. A habilidade de se conhecer e
reconhecer suas emoções é marcada pelo
EXPRESSÃO BASE CONCEITO desenvolvimento emocional. Já a habilidade de lidar com
Brincadeiras e interações Neste trecho dá-se ênfase o outro e com a sociedade se refere ao desenvolvimento
nas DCNEI às brincadeiras , tendo social. As três formas de desenvolvimento são
como foco as interações codependentes, ou seja, uma não consegue evoluir sem a
que acontecem entre os outra.
pares. Por Interação, Piaget: o desenvolvimento infantil
entende-se: são ações que
acontecem mutuamente. Jean Piaget elaborou a principal teoria sobre o
Aqui a criança podse ter desenvolvimento cognitivo-intelectual infantil, sendo um
experiencia com cores, marco para a pedagogia moderna. Sua teoria ofereceu um
sons, expressões resposta prática sobre como o indivíduo se desenvolve
dramáticas e musicais, etc. desde o nascimento até a adolescência, estabelecendo
Brinquedos, Brincadeiras e Aqui encontramos tanto a maturidade do aparelho psíquico quanto a
Materiais para bebês. (0 ate orientações sobre importância da interação com o meio.
1 ano e meio) Brinquedos, Brincadeiras e
Materiais para bebês que
Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo se dá pela
sentam, deitam ,
integração do mundo físico com o social e se desenvolve
engatinham ou andam.
em estágios.
Brinquedos, Brincadeiras e As brincadeiras podem ser
Materiais para crianças individuais ou coletivas.
Marcos do desenvolvimento segundo Piaget :
pequenas
(1 ano e meio ate três anos
e meio) Piaget divide o desenvolvimento infantil em estágios que
Organização do espaço Aqui encontramos se dão por idade, acompanhando a maturidade física do
físico, dos brinquedos, e orientações sobre a aparelho cognitivo da criança.
materiais para bebês e disposição do espaço
crianças pequenas. físico, brinquedos e ESTÁGIO: SENSÓRIO MOTOR
materiais que atendam á Idade: 0 a 2 anos.
rotina dos bebes e crianças Desenvolvimento da consciência do próprio corpo,
pequenas, contemplando diferenciando-o do restante do mundo físico. O
desde o acolhimento até a desenvolvimento da inteligência ocorre em três etapas:
hora do sono. 1. Reflexos de fundo hereditário;
Critérios de compra e uso Está em jogo os interesses 2. Organização e hábitos;
dos brinquedos e materiais da criança, orientações para 3. Inteligência prática.
para instituições de compra do brinquedo
educação infantil correto para as instituições ESTÁGIO: PRÉ-OPERACIONAL
eu ofertam educação Idade: 2 a 7 anos.
infantil. Desenvolvimento da linguagem com três consequências
Brinquedo É o suporte para que a para a vida mental:
criança brinque. Pode ser 1. Socialização da ação, com trocas entre os indivíduos;
industrial ou fabricado pela 2. Desenvolvimento do pensamento, a partir do pensamento
professora, crianças ou verbal (finalismo – porquês animismo e artificialismo);
familiares. 3. Desenvolvimento da intuição.
Brincar ou brincadeira Ação livre e conduzida pela
criança com a finalidade de ESTÁGIO: OPERACIONAL CONCRETO
tomar decisões e conhecer Idade: 7 aos 12 anos.
asi mesma. Desenvolvimento das operações concretas, pensamento
Fonte: @profmarcellalimah lógico sobre coisas concretas:
1. Compreensão da relação entre coisas e capacidade para
classificar objetos;
2. Superação do egocentrismo da linguagem;
3. Aparecimento das noções de conservação de substância,
peso e volume.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

ESTÁGIO: OPERACIONAL FORMAL como defendem os inatistas. Apesar de ter condições


Idade: 12 anos em diante. maturacionais para falar, uma criança só falará se
Desenvolve a habilidade de construir sistemas e teorias participar, ao longo de sua vida, do processo cultural de
abstratas: um grupo, isto é, se tiver contato com uma comunidade
1. Forma e entende conceitos de amor, de justiça, de de falantes.
democracia…
2. Transfere um pensamento concreto sobre coisas para um Vygotsky identifica duas zonas de desenvolvimento:
pensamento para o abstrato.
3. Torna se hipotético-dedutivo, capaz de chegar a
conclusões a partir de hipóteses. Se A é maior que B, B é 1. Desenvolvimento proximal: para que as informações
maior que C… sejam assimiladas, elas precisam fazer sentido. Isso
acontece quando elas incidem no que Vygotsky chama de
Piaget acredita que existem diferentes momentos no zona de desenvolvimento proximal, a distância entre o
desenvolvimento humano. Por exemplo, uma maneira de que a criança já sabe fazer sozinha e o novo
pensar, calcular, ou de se chegar a uma conclusão podem conhecimento;
parecer absolutamente correta em um determinado 2. Desenvolvimento real: contrário ao desenvolvimento
período de desenvolvimento e absurda em outros proximal, o desenvolvimento real é o que a criança é
momentos. Para Piaget, a forma que a criança raciocina e capaz de realizar com ajuda de alguém mais experiente.
aprende passa por estágios. O estágio motor é o primeiro Ensinar o que a criança já sabe é pouco desafiador e ir
estágio. Nele, se desenvolvem os órgãos sensoriais e os além do que ela pode aprender é ineficaz. O ideal é partir
reflexos neurológicos básicos como o sugar do seio do que ela domina para ampliar seu conhecimento.
materno. O pensamento se dá somente sobre as coisas
presentes na ação que desenvolve. Por volta dos dois anos
de idade, a criança evolui do estágio sensório motor para o
pré-operatório. Na etapa do pré-operatório a criança
torna-se capaz de fazer uma coisa e imaginar outra. Ela
faz isso quando brinca de boneca e representa situações
vividas em dias anteriores.

Por volta dos sete anos, ela passa por outra progressão
quando alcança o estágio operatório concreto. Ela
consegue refletir sobre o inverso das coisas para concluir
um raciocínio. Como exemplo, é capaz de perceber que 2
+ 2 = 4 porque sabe que 4 – 2 = 2. Por fim, progride-se
para o estágio operatório formal. Nesse estágio o
adolescente começa a desenvolver ideias abstratas, sem
precisar da relação direta com a experiência concreta. O
conhecimento e o desenvolvimento da inteligência seriam
construídos na experiência, a partir da ação do sujeito
sobre a realidade.

Vygotsky: o desenvolvimento cognitivo infantil

Segundo Vygotsky, o desenvolvimento intelectual humano


se dá por uma interação constante e ininterrupta entre
processos internos e externos. Sendo assim, o indivíduo
não nasce pronto nem é cópia do mundo social. Dessa
forma, Vygotsky se posiciona contra o pensamento
inatista, segundo o qual as pessoas já nascem com
característica como inteligência e estados emocionais pré-
determinados. Ao mesmo tempo, Vygotsky também nega
a teoria contrária ao inatismo, o empirismo, que defende
que nascemos uma “folha em branco” e que nossas
experiências determinam nossas características.

Vygotsky entende que o desenvolvimento do


conhecimento é fruto de uma grande influência das
experiências do indivíduo, mas características inatas geram
em cada indivíduo um significado particular a essas
vivências. Para Vygotsky, desenvolvimento cognitivo e
aprendizado estão intimamente ligados, pois, para nos
desenvolvermos precisamos aprender. Esse
desenvolvimento não depende apenas da maturação física,

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

9. SAÚDE COLETIVA: AMBIENTE SAUDÁVEL esse direito por meio de


políticas sociais.
Neste texto, vamos estudar o que é saúde, por que
algumas pessoas têm mais saúde e outras menos, quais os
principais problemas de saúde acometem as crianças de 0
a 6 anos de idade. é necessário falar um pouco sobre a
evolução histórica do conceito de saúde. Na década de 40,
o conceito de saúde era simplesmente a ausência de
doença. Atualmente, considera-se que para uma pessoa ter
saúde ela precisa de alimentação adequada e suficiente,
moradia digna, saneamento básico, transporte, educação,
acesso e posse da terra, acesso aos serviços de saúde,
trabalho, renda e lazer.
Além desses fatores, podemos dizer que o estado de saúde
das pessoas pode ser influenciado pelo grau de
participação delas nas decisões da comunidade, pela
afetividade, espiritualidade, sexualidade, gênero, violência,
discriminação, dominação, drogas, falta de proteção no
trabalho e a diversidade cultural. Todos esses fatores
foram incluídos no conceito ampliado de saúde,
formulado pela Organização Mundial de Saúde.

Essa nova definição mostra que a saúde das pessoas é


resultante do somatório de vários fatores, determinando o
bem-estar físico, psicológico, emocional e social dos
indivíduos. Portanto, saúde é qualidade de vida e está
fortemente ligada aos direitos humanos, ao direito ao
trabalho, à moradia, à educação, à alimentação e ao lazer.

Para compreender melhor as condições de saúde das


pessoas de uma comunidade, é importante conhecer as
características do lugar em que elas vivem. Para pensar na
saúde das pessoas atendidas pela instituição onde você
trabalha, observe que a escola pode estar situada em um
bairro com ou sem saneamento básico, comunidade rural
ou urbana, numa reserva indígena, em uma região
geográfica onde pode haver rios, córregos, mata,
montanhas, esgoto a céu aberto, lixões, igreja, escola,
prefeitura, clube, associações, posto de saúde etc.
Observe, ainda, que a comunidade onde a escola está
inserida tem sua história, sua cultura (festas, manifestações
religiosas e populares, o saber das benzedeiras e raizeiras).
Todos esses dados fazem com que o ambiente onde se
localiza a escola seja mais, ou menos, promotor de
condições adequadas de saúde.

CONSTITUIÇÃO ECA E SAÚDE


FEDERAL E SAÚDE
No Brasil, a Constituição o Estatuto da Criança e do
Federal, em 1988, determina, Adolescente-ECA/1990
no seu Artigo 196: “A saúde no seu Artigo 7. “A
é direito de todos e dever do criança e o adolescente
Estado, garantido mediante têm direito à proteção e à
políticas sociais e saúde mediante efetivação
econômicas que visem a das políticas sociais
redução do risco de doenças públicas que permitam o
e de outros agravos ao nascimento e o
acesso universal igualitário deSenvolvimento sadio e
às ações e serviços para sua harmonioso, em
promoção, proteção e condições dignas de
recuperação”. Esse artigo existência.
garante que todas as pessoas
têm direito à saúde e que é
dever do Estado assegurar

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

10. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO repouso, o relaxamento, o que não significa,


PEDAGÓGICO – CUIDADOS ESSENCIAIS necessariamente, que as crianças tenham que dormir. Isso
NA CRECHE: SONO, HIGIENE E depende também se as crianças ficam na instituição em
ALIMENTAÇÃO tempo integral ou parcial. O ambiente adequado ao
repouso é aquele que provoca uma sensação de bem-estar,
Nesta seção pretende-se destacar a importância da portanto precisa ser arejado, com boa ventilação e espaço
alimentação, do sono, do repouso, das atividades ao ar suficiente para que as crianças não fiquem muito próximas
livre e das medidas de higiene no desenvolvimento infantil umas das outras.
e o papel que as instituições que lidam com a criança
pequena têm na realização dessas práticas.
Este texto está organizado em quatro seções: a primeira Quando o tempo está frio, a temperatura do ambiente
discorre sobre as necessidades básicas das crianças para o deve oferecer sensação de aconchego. Quando as crianças
seu desenvolvimento; a segunda destaca a importância da deitam em colchonetes no chão é preciso cuidar para que
alimentação saudável e a integração das creches, pré- este chão esteja bem limpo e, nos dias frios, para que a
escolas ou escolas que possuem turmas de Educação friagem não passe para o corpo da criança. Nesse
Infantil com as famílias, como meio para desenvolver ambiente podem ser desenvolvidas atividades que
práticas e costumes alimentares; a terceira apresenta os favoreçam o relaxamento: ouvir uma música em baixo
cuidados com a saúde das crianças, dando destaque às volume ou uma história contada num tom de voz suave
atividades de higiene e cuidado corporal e à importância pode ajudar a criança a ir se tranqüilizando. Um afago
de ambientes saudáveis para as crianças se desenvolverem; pode ajudar àqueles que têm mais dificuldade em relaxar.
e a quarta e última seção aborda o repouso e o sono.
O tempo de descanso dependerá do ritmo de cada
Sobre a alimentação,o(a) profissional encarregado(a) da criança. Algumas crianças podem dormir por algumas
alimentação da criança deve observar atentamente suas horas, outras podem apenas relaxar por alguns minutos,
reações, principalmente quando um novo tipo de sentindo-se satisfeitas com este tempo de repouso. É bom
alimentação é introduzido na dieta da criança, relatando à lembrar que, assim como cada criança tem diferentes
família essas reações. Nas creches, pré-escolas ou escolas necessidades de alimentação, a necessidade de repouso
onde funcionam turmas de Educação Infantil, os cuidados também pode variar de indivíduo para indivíduo. Quando
com a alimentação são importantes. É necessário observar há mais adultos responsáveis pelo grupo de crianças, o
a especificidade de cada criança em relação à idade, o tipo ideal é que um(a) professor(a) permaneça com aquelas que
de alimento e quantidade que ela pode consumir para que repousam enquanto outro(a) acompanhe aquelas crianças
não perca peso nem fique desnutrida. Um aliado que já não desejam mais repousar
importante nesse momento é o pediatra. A mãe ou
responsável, o pediatra e a instituição, em conjunto, vão
promover uma alimentação adequada para as crianças do
ponto de vista nutricional e afetivo.

Os cuidados de higiene com a criança pequena são


necessários e, como todas as atividades em que há
interação da criança com o adulto e entre crianças, as
situações que envolvem os cuidados com a higiene pessoal
podem ser também momentos de trocas afetivas e
descobertas. Lembramos da necessidade da troca
freqüente das fraldas para que a criança sinta-se
confortável e assaduras sejam evitadas. Além desse, outros
cuidados são importantes:
1. Não deixar a criança sozinha em local alto enquanto
é feita a troca, para evitar quedas.
2. Ter todo o material necessário à troca próximo, para
evitar que o bebê sinta frio enquanto espera.
3. Higienizar o local antes de colocar a fralda limpa.
4. Conversar com o bebê, sorrir e olhá-lo nos olhos
enquanto é feita a troca. Essas atitudes contribuem
para a criação de laços entre a criança e pessoa que
cuida dela. Muitas vezes a rapidez na troca não
significa que ela tenha sido prazerosa para o bebê.

Assim como a higiene e a alimentação, os momentos de


descanso nas creches, pré-escolas e escolas que possuem
turmas de Educação Infantil devem ser planejados
considerando as necessidades da criança, para que se
tornem fonte de prazer e bem-estar. Para que isso
aconteça, é necessária uma preparação adequada tanto do
ambiente quanto da situação, de modo a favorecer o

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

11. CRITÉRIOS PARA UM ATENDIMENTO EM 12. A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO


CRECHES QUE RESPEITE OS DIREITOS DESENVOLVIMENTO DE JOGOS,
FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E A BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS NA
IGUALDADE RACIAL. EDUCAÇÃO INFANTIL.

Nesta seção, são apresentados os direitos da criança, O quadro abaixo apresenta conceitos relevantes. Observe:
conforme o documento “Critérios para um atendimento
em creches que respeite os direitos fundamentais da Ludicidade Kishimoto (2010) afirma que a
criança”, elaborado pelo Mec. Eis o quadro a seguir: atividade lúdica na educação
infantil faz com que a criança
Critérios para unidade Critérios para politicas e entre em um mundo de
creche programas de creches imaginação, ocasionando a
Direito á brincadeira A política de creche respeita ampliação de seus
os direitos fundamentais da conhecimentos, que são
criança produzidos de forma que elas
Direito á atenção A política de creche está mesmas não percebam.
individual comprometida com o bem- Brinquedos e jogos É o suporte para que a criança
estar e o desenvolvimento brinque. Pode ser industrial ou
da criança fabricado pela professora,
Direito ao Ambiente Apolítica de creche crianças ou familiares.
aconchegante, seguro e reconhece que as crianças
estimulante têm direito a um ambiente Brincadeiras Ação livre e conduzida pela
aconchegante, seguro e criança com a finalidade de
estimulante tomar decisões e conhecer a si
Direito ao Contato com a A política de creche mesma.
natureza reconhece que as crianças
têm direito à higiene e à Educação Infantil De acordo com a LDB
saúde 929496 Art. 29. A educação
Direito á higiene e à saúde A política de creche infantil, primeira etapa da
reconhece que as crianças educação básica, tem como
têm direito a uma finalidade o desenvolvimento
alimentação saudável integral da criança de até 5
Direito à alimentação A política de creche (cinco) anos, em seus aspectos
sadia reconhece que as crianças físico, psicológico, intelectual e
têm direito à brincadeira social, complementando a ação
da família e da
Direito à Desenvolver A política de creche
curiosidade, imaginação e reconhece que as crianças comunidade.
capacidade de expressão. têm direito a ampliar seus
conhecimentos. Art. 30. A educação infantil
Direito ao movimento em A política de creche será oferecida em:
espaço amplo reconhece que as crianças
têm direito ao contato com I - creches, ou entidades
a natureza. equivalentes, para crianças de
Direito ao afeto, amizade até três anos de idade;

Direito à Expressar seus II - pré-escolas, para as


sentimentos crianças de quatro a seis anos
Direito de Atenção de idade.
especial no período de
adaptação á creche II - pré-escolas, para as
Direito à Identidade crianças de 4 (quatro) a 5
cultural, racial e ideológica (cinco) anos de
Elaboração: @profmarcellalimah idade. (Redação dada pela
Lei nº 12.796, de 2013)

Art. 31. A educação infantil


será organizada de acordo com
as seguintes regras comuns:
(Redação dada pela Lei nº
12.796, de 2013)

I - avaliação mediante
acompanhamento e registro do
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

desenvolvimento das crianças, 13. A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DO


sem o objetivo de promoção, ESPAÇO NAS ATIVIDADES DA EDUCAÇÃO
mesmo para o acesso ao ensino INFANTIL.
fundamental; (Incluído
pela Lei nº 12.796, de 2013) De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para
Educação Infantil para efetivação de seus objetivos, as
II - carga horária mínima anual propostas pedagógicas das instituições de Educação
de 800 (oitocentas) horas, Infantil deverão prever condições para o trabalho coletivo
distribuída por um mínimo de e para a organização de materiais, espaços e tempos que
200 (duzentos) dias de trabalho assegurem:
educacional; (Incluído ✓ A educação em sua integralidade, entendendo o cuidado
pela Lei nº 12.796, de 2013) como algo indissociável ao processo educativo;
✓ A indivisibilidade das dimensões expressivo motora,
III - atendimento à criança de, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural
no mínimo, 4 (quatro) horas da criança;
diárias para o turno parcial e de ✓ A participação, o diálogo e a escuta cotidiana das
7 (sete) horas para a jornada famílias, o respeito e a valorização de suas formas de
integral; (Incluído pela organização;
Lei nº 12.796, de 2013)
✓ O estabelecimento de uma relação efetiva com a
comunidade local e de mecanismos que garantam a gestão
IV - controle de frequência democrática e a consideração dos saberes da comunidade;
pela instituição de educação
✓ O reconhecimento das especificidades etárias, das
pré-escolar, exigida a
frequência mínima de 60% singularidades individuais e coletivas das crianças,
(sessenta por cento) do total de promovendo interações entre crianças de mesma idade e
horas; (Incluído pela Lei crianças de diferentes idades;
nº 12.796, de 2013) ✓ Os deslocamentos e os movimentos amplos das crianças
nos espaços internos e externos às salas de referência das
V - expedição de turmas e à instituição; A acessibilidade de espaços,
documentação que permita materiais, objetos, brinquedos e instruções para as
atestar os processos de crianças com deficiência, transtornos globais de
desenvolvimento e desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação; A
aprendizagem da criança. apropriação pelas crianças das contribuições histórico-
(Incluído pela Lei nº 12.796, culturais dos povos indígenas, afrodescendentes, asiáticos,
de 2013) europeus e de outros países da América.

Além dos pontos supracitados, é relevante mencionar


sobre a importância da organização dos espaços,
materiais e tempos para apoiar as práticas promotoras da
igualdade racial. Considerar o espaço como ambiente de
aprendizagem significa compreender que os elementos
que o compõem constituem também experiências de
aprendizagem. Os espaços não são neutros; sua
organização expressa valores e atitudes que educam.

Em uma proposta de trabalho para a igualdade racial é


importante lembrar que os “artefatos culturais” presentes
nas creches e nas pré-escolas podem oferecer imagens
distorcidas, muitas vezes preconceituosas e estereotipadas
dos diferentes grupos raciais. Propomos aqui considerar a
organização do espaço, dos materiais e do tempo, também
como um elemento curricular. Os ambientes de
aprendizagem para a igualdade racial devem ser abertos às
experiências infantis e possibilitar que as crianças
expressem seu potencial, suas habilidades e curiosidades e
possam construir uma autoimagem positiva.

Educar para a igualdade racial na Educação Infantil


significa ter cuidado não só na escolha de livros,
brinquedos, instrumentos, mas também cuidar dos
aspectos estéticos, como a eleição dos materiais gráficos
de comunicação e de decoração condizentes com a
valorização da diversidade racial. A escolha dos materiais

26 nuceconcursos.com.br
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

deve estar relacionada com sua capacidade para estimular, 14. ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
provocar determinado tipo de respostas e atividades. Para
a escritora Fanny Abramovich, no livro Quem educa A rotina na Educação Infantil pode ser facilitadora ou
quem?, o modo como são decoradas as escolas revela cerceadora dos processos de desenvolvimento e
muito sobre as concepções das pessoas envolvidas. aprendizagem. Práticas pedagógicas rígidas e inflexíveis
desconsideram a criança, e exigem que ela se adapte, e não
Quando as paredes estão repletas de desenhos fixos o contrário, como deve ser. Essas práticas desconsideram
pintados por adultos, com personagens infantis de origem também o adulto, tornando seu trabalho monótono,
europeia ou norte-americana, exortações religiosas de uma repetitivo e pouco participativo. Como tudo o que
única religião, ou ainda letras e números com olhos, bocas acontece no ambiente educativo, a rotina não é neutra e
e roupas etc., há uma concepção de infância explicitada. pode trazer marcas do preconceito e da discriminação.
Uma visão de criança homogênea, infantilizada e branca. Uma rotina clara e compreensível para as crianças é fator
Não há espaço para a variedade de imagens ou para a de segurança, que dinamiza a aprendizagem e facilita as
produção da criança real que habita a instituição. Assim, a percepções infantis sobre o tempo e o espaço.
escolha das imagens que povoam a unidade educativa
devem incluir a questão racial. Belas imagens de negros A rotina pode orientar as ações das crianças, assim como
em posição de prestígio, motivos da arte africana, dos professores, possibilitando a antecipação das situações
reproduções de obras de artistas negros, fotos das crianças que irão acontecer. É importante que a organização do
e de suas famílias, e nos espaços mais destacados, os tempo na instituição não perca de vista a necessidade de
desenhos e as produções das crianças etc. são exemplos favorecer o brincar, as iniciativas infantis, os cuidados e a
que podem fazer parte do acervo das instituições de aprendizagem em situações orientadas, ou seja, combinar
Educação Infantil. e equilibrar períodos para aprendizagens intencionais,
planejadas pelo professor com períodos para mais
Sobre a organização dos materiais, brinquedos e livros, independência, em que as crianças construam
esses elementos são importantíssimos na Educação conhecimentos nas ações de sua escolha. A organização
Infantil: espelhos, brinquedos, livros, lápis, pincéis, do trabalho pedagógico deve possibilitar que as crianças
tesouras, instrumentos musicais, massa de modelar, argila, sejam atendidas de diferentes maneiras: individualmente,
jogos diversos, blocos para construção, materiais de quando for o caso; em agrupamentos definidos ou não
sucata, roupas e tecidos. A forma como estão dispostos pelo professor; em situações nas quais possam escolher
no ambiente pode facilitar ou dificultar a independência com quem trabalhar (como nos cantos de atividades
das crianças, favorecer a socialização, possibilitar as diversificadas).
escolhas e a criação. A organização das salas ou de outros
espaços em cantos de atividades diversificadas é opção É necessário haver momentos que favoreçam tanto as
particularmente interessante para as creches e pré-escolas. produções mais individualizadas quanto as coletivas, as
atividades que exigem mais concentração ou que são
movimentadas, com dispêndio de mais energia motora. O
olhar atento do professor é essencial para que o respeito à
diversidade seja sempre valorizado nas interações que se
estabelecem entre as crianças. A organização do tempo
em uma creche e na pré-escola envolve uma variedade de
ações e possibilidades. Para facilitar o arranjo e dar conta
de todas as demandas de cuidar e educar crianças em
espaços coletivos os RCNEIs elencaram três modalidades:
atividades permanentes, sequencias de atividades e
projetos didáticos.

Atividades permanentes (crianças de 0 a 5 anos) São


aquelas que atendem às necessidades básicas de cuidados,
aprendizagem e de prazer para as crianças, cujos
conteúdos e/ou ações necessitam de constância. Os
objetivos são os de aproximar as crianças de um
conteúdo, de criar hábito e familiaridade. A frequência
pode ser diária ou de alguns dias na semana. Consideram-
se atividades permanentes, entre outras: cuidados com o
corpo; brincadeiras e jogos no espaço interno e externo;
roda de história; roda de conversas; ateliês ou momentos
de desenho, pintura, modelagem e música; cantos de
atividades diversificadas. Em todas as situações, o
planejamento dos profissionais de Educação Infantil
precisa contemplar a promoção da igualdade racial.
Dentre as situações cotidianas, elegemos para detalhar e
servir de exemplo durante a formação, os cantos de
atividades diversificadas devido a seu potencial para
permitir interações, criatividade e contribuição para a

nuceconcursos.com.br 27
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

construção de uma autoimagem positiva. 15. A INDISSOCIABILIDADE DO BRINCAR,


CUIDAR E EDUCAR NA EDUCAÇÃO
Organizar cantos de atividades diversificadas (que são INFANTIL.
arranjos na sala e⁄ou no pátio, em que há variedade de
materiais agrupados por áreas específicas) é uma das CRUZ, S. G. da.; OLIVEIRA, T. A.; FANTACINI, R. A.
formas de garantir a organização de tempo muito F. A indissociabilidade do brinca, do cuidar e educar na
adequada às necessidades infantis. Essa modalidade, em Educação Infantil. Research, Society and Development,
geral, possibilita atividades de 30 a 40 minutos de duração, vol. 4, núm. 4, pp. 227-238, 2017. Disponível:
realizadas com frequência regular, em que a organização https://www.redalyc.org/journal/5606/560658998001/ht
do espaço e dos materiais incentiva escolhas (do que fazer ml/
e com quem fazer) e movimentação autônoma das
crianças pelos cantos. Nessa modalidade, as crianças 16. NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS NA
podem aprender a: escolher com autonomia, e ter suas EDUCAÇÃO INFANTIL.
decisões respeitadas e apoiadas pelos adultos; realizar
ações sozinhas ou com a ajuda do adulto e de outros
É sempre bom lembrar que, nas instituições de Educação
parceiros; valorizar ações de cooperação, solidariedade e
Infantil, as crianças devem ser acompanhadas todo o
diálogo, desenvolvendo atitudes de colaboração e
tempo por adultos, que têm o dever de cuidar para que
compartilhando suas vivências; relacionar-se com os
elas estejam em segurança. Entretanto, podem acontecer
outros adultos e crianças demonstrando suas necessidades,
situações imprevistas, acidentes que podem causar lesões
interesses, gostos e preferências; cuidar dos materiais de
graves nas crianças. Como vimos na seção anterior, o
uso individual e coletivo; participar em situações de
espaço físico da instituição, além de favorecer a sua
brincadeiras e jogos, leitura, expressão plástica etc.
aprendizagem e seu desenvolvimento, deve propiciar à
criança um local seguro, evitando acidentes.
Esse tipo de proposta contribui muito para auxiliar a
construção de uma autoimagem positiva. E o professor?
Os acidentes envolvendo crianças representam números
O que ganha com essa modalidade de organização do
elevados nas estatísticas de mortalidade infantil. Muitos
tempo? Isso permite que ele possa atender e,
acidentes que acontecem com as crianças ocorrem dentro
principalmente, observar as crianças em situações
de casa ou no local onde a criança permanece a maior
variadas: individualmente, em grupos, interagindo com
parte do tempo. Por essa razão, é necessário que o(a)
outros parceiros, para compreendê-las melhor, conhecer
professor(a) de Educação Infantil conheça as formas de
suas dificuldades e incentivar as potencialidades. Após
prevenir esses acidentes e saiba como agir em situações
refletir sobre as dinâmicas e os temas que ocorrem
imprevistas. O quadro abaixo sinaliza alguns cuidados a
durante o jogo simbólico, por exemplo, o professor pode
serem tomados:
organizar ações durante as atividades orientadas, visando
ampliar o repertório das crianças.
Jamais ministrar qualquer tipo de medicação. Caso a
Ler livros informativos sobre países do continente criança se queixe de algum mal-estar, ou apresente algum
africano e proporcionar que nos cantos existam materiais sintoma, a família deve ser avisada. Na impossibilidade de
relativos à cultura dos povos africanos, como adereços fazer contato com a família, deve-se procurar o Posto de
para jogos simbólicos e instrumentos, ampliando o brincar Saúde mais próximo
e as relações entre as crianças. São muitos os cantos que As crianças não devem circular pelas áreas onde se
podem ser organizados para os jogos simbólicos: casinha, preparam os alimentos, evitando seu contato com facas e
feira, posto de saúde, escritório, canto da beleza. E os que outros materiais cortantes, água fervente, fogo etc.
incentivam a brincadeira a partir de temas trabalhados nos Tesouras de ponta não devem ser usadas pelas crianças,
projetos ou em sequências didáticas. Para promover a assim como estiletes e outros materiais cortantes. Há
igualdade racial é possível incluir temáticas africanas, por tesouras sem ponta que podem ser usadas pelas crianças
exemplo, espaços para que as crianças brinquem de Os móveis devem ter quinas arredondadas e o piso dos
princesas, rainhas, reis, príncipes brancos e príncipes lugares onde a criança circula não deve ser escorregadio
negros, com livros, materiais e objetos inspiradores do (evite passar cera, pois além do cheiro forte, que pode
assunto. Além desses que favorecem o brincar, cantos de causar intoxicação, o piso pode ficar mais escorregadio,
expressão artística, de livros e jogos são também bem- - causando acidentes)
vindos para as crianças de 4 a 5 anos. Durante as Atividades de lazer e pedagógicas, deve haver
sempre um adulto acompanhando as crianças

Para prevenir esses acidentes, devemos levar em


consideração alguns cuidados com o ambiente e com as
Atividades pedagógicas, de recreação, alimentação e
higiene desenvolvidas na instituição de Educação Infantil.
O quadro a seguir apresenta alguns desses cuidados para
bebes de zero até seis meses:

Jamais deixar o bebê sozinho na banheira ou em lugares


altos.
Não usar plásticos, cobertas pesadas, travesseiros ou

28 nuceconcursos.com.br
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

brinquedos que podem levar à sufocação no berço 17. A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO


Colocar proteção nas grades dos berços onde as crianças AUXILIAR DE DESENVOLVIMENTO
ficam INFANTIL E AS CRIANÇAS.
Verificar a temperatura da água do banho e da mamadeira
antes de oferecer à criança.
- Oferecer à criança apenas objetos e brinquedos maiores
e resistentes, que não possam ser engolidos
Manter o ambiente livre de poeira, fumaça e outros
poluentes, evitando usar na limpeza desses ambientes
produtos tóxicos ou de cheiro forte.
- Não deixar objetos (moedas, brinquedos) e alimentos
(milho, arroz, feijão, ervilha) fáceis de serem engolidos ou
colocados nos ouvidos, no nariz e na boca ao alcance das
crianças.
Jamais deixar as crianças sozinhas enquanto estão se
alimentando, mesmo que elas já saibam segurar a
mamadeira, pois podem se sufocar.
- Evitar balas, chicletes e brinquedos que possuem peças
pequenas.
Observar se não há pregos, hastes pontudas, botões soltos
etc. nos brinquedos e objetos da sala de Atividades.

Para as crianças de 6 meses a 2 anos os cuidados são os


seguintes:
Guardar fora do alcance das crianças os remédios,
produtos de limpeza e inseticidas.
Não cultivar plantas tóxicas nos ambientes onde a criança
circula.
Auxiliar a criança a caminhar. Mesmo que ela já faça isso
sozinha, um adulto sempre deve estar próximo e atento
aos movimentos da criança
Não permitir que a criança corra ou brinque com objetos
na boca (chupeta, brinquedos etc.)
- Proteger janelas, escadas e portas
Manter as tomadas elétricas tampadas com protetores de
tomada.
Cuidar para que a criança não fique próxima de piscinas,
cisternas, rios, banheiras ou mesmo baldes d’água. Caso
haja piscina, cisterna ou poço na instituição de Educação
Infantil, estes devem ser tampados com tampas que não
possam ser removidas pelas crianças, mesmo que estejam
em áreas onde elas habitualmente não circulam

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

18. EDUCAÇÃO INFANTIL E AS PRÁTICAS 19. CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL:


PROMOTORAS DE IGUALDADE RACIAL. AÇÕES PEDAGÓGICAS COM BEBÊS.

Desde a Constituição de 1988 – à época por pressão


exclusiva do Movimento Negro Brasileiro –, o Brasil vem
se preocupando com a inclusão do tema da diversidade
racial na educação escolar. É interessante perceber, por
exemplo, que em obediência ao princípio da autonomia
didática, a Constituição Federal absteve-se de detalhar o
currículo escolar, mas previu três conteúdos curriculares
obrigatórios em todos os níveis de ensino: a língua
portuguesa , as contribuições das diferentes culturas e
etnias para a formação do povo brasileiro e a educação
ambiental . Este fato revela a importância atribuída à
temática da diversidade racial na conformação da política
educacional.

Lembremos que o Estatuto da Criança e do Adolescente


(ECA) assegura a toda criança o direito de igualdade de
condições para a permanência na escola, de ela ser
respeitada pelos educadores, de ter sua identidade e seus
valores preservados e ser posta a salvo de qualquer forma
de discriminação, negligência ou tratamento vexatório.
Em uma primeira aproximação, portanto, a política
educacional igualitária assume contornos de uma
obrigação preventiva imposta ao Estado e aos particulares,
a fim de editarem normas e tomarem todas as
providências necessárias para evitar a sujeição das crianças
a qualquer forma de desrespeito, discriminação,
preconceito, estereótipos ou tratamento vexatório.

O Art. 7, inciso V, das Diretrizes Curriculares da


Educação Infantil, indica que as propostas pedagógicas
dessa etapa devem estar comprometidas com o
rompimento de relações de dominação etnicorracial.
Sendo assim, além de uma proposta pedagógica
consolidada, é essencial estar atento à organização dos
espaços, materiais e tempos para apoiar as práticas
promotoras da igualdade racial, organizar bem
brinquedos, materiais e livros, utilizar instrumentos
sonoros,etc.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

20. LEI LUCAS – Lei n.º 13.722, de 04 de outubro Art. 4º O não cumprimento das disposições desta Lei
de 2018. implicará a imposição das seguintes penalidades pela
Torna obrigatória a capacitação em noções básicas de autoridade administrativa, no âmbito de sua competência:
primeiros socorros de professores e funcionários de
estabelecimentos de ensino públicos e privados de I - notificação de descumprimento da Lei;
educação básica e de estabelecimentos de recreação
infantil. II - multa, aplicada em dobro em caso de reincidência; ou

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o III - em caso de nova reincidência, a cassação do alvará de
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: funcionamento ou da autorização concedida pelo órgão
de educação, quando se tratar de creche ou
Art. 1º Os estabelecimentos de ensino de educação básica estabelecimento particular de ensino ou de recreação, ou a
da rede pública, por meio dos respectivos sistemas de responsabilização patrimonial do agente público, quando
ensino, e os estabelecimentos de ensino de educação se tratar de creche ou estabelecimento público.
básica e de recreação infantil da rede privada deverão
capacitar professores e funcionários em noções de Art. 5º Os estabelecimentos de ensino de que trata esta
primeiros socorros. Lei deverão estar integrados à rede de atenção de urgência
e emergência de sua região e estabelecer fluxo de
§ 1º O curso deverá ser ofertado anualmente e destinar-se- encaminhamento para uma unidade de saúde de
á à capacitação e/ou à reciclagem de parte dos professores referência.
e funcionários dos estabelecimentos de ensino e recreação
a que se refere o caput deste artigo, sem prejuízo de suas Art. 6º O Poder Executivo definirá em regulamento os
atividades ordinárias. critérios para a implementação dos cursos de primeiros
socorros previstos nesta Lei.
§ 2º A quantidade de profissionais capacitados em cada
estabelecimento de ensino ou de recreação será definida Art. 7º As despesas para a execução desta Lei correrão por
em regulamento, guardada a proporção com o tamanho conta de dotações orçamentárias próprias, incluídas pelo
do corpo de professores e funcionários ou com o fluxo de Poder Executivo nas propostas orçamentárias anuais e em
atendimento de crianças e adolescentes no seu plano plurianual.
estabelecimento.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento
§ 3º A responsabilidade pela capacitação dos professores e e oitenta) dias de sua publicação oficial.
funcionários dos estabelecimentos públicos caberá aos
respectivos sistemas ou redes de ensino.
Brasília, 4 de outubro de 2018; 197º da Independência e
130º da República.
Art. 2º Os cursos de primeiros socorros serão ministrados
por entidades municipais ou estaduais especializadas em
práticas de auxílio imediato e emergencial à população, no MICHEL TEMER
caso dos estabelecimentos públicos, e por profissionais Gustavo do Vale Rocha
habilitados, no caso dos estabelecimentos privados, e têm Este texto não substitui o publicado no DOU de
por objetivo capacitar os professores e funcionários para 5.10.2018
identificar e agir preventivamente em situações de
emergência e urgência médicas, até que o suporte médico
especializado, local ou remoto, se torne possível.

§ 1º O conteúdo dos cursos de primeiros socorros básicos


ministrados deverá ser condizente com a natureza e a
faixa etária do público atendido nos estabelecimentos de
ensino ou de recreação.

§ 2º Os estabelecimentos de ensino ou de recreação das


redes pública e particular deverão dispor de kits de
primeiros socorros, conforme orientação das entidades
especializadas em atendimento emergencial à população.

Art. 3º São os estabelecimentos de ensino obrigados a


afixar em local visível a certificação que comprove a
realização da capacitação de que trata esta Lei e o nome
dos profissionais capacitados.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

21. POLÍTICA DE ENSINO DA REDE emancipadora, fundamentada nos quatro pilares (aprender
MUNICIPAL DO RECIFE – EDUCAÇÃO a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos, e
INFANTIL. aprender a ser), bem como trazer orientações, quanto aos
rumos a serem trilhados pela Rede de Ensino do Recife,
BREVE HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DA foram realizados estudos que promoveram a adequação
POLÍTICA DE ENSINO DA REDE MUNICIPAL DO do currículo às novas demandas e exigências sociais,
RECIFE – 2014/2015 conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
a Educação Básica (Brasil. Ministério da Educação.
A Política de Ensino da Rede Municipal do Recife Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação
(2014/2015), estruturada em 6 (seis) livros - Fundamentos Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão;
Teórico-Metodológicos, Educação Infantil, Ensino Conselho Nacional da Educação, 2013); as Diretrizes
Fundamental do 1º ao 9º ano, Educação de Jovens e Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL.
Adultos, Educação Inclusiva: Múltiplos Olhares e Ministério da Educação.
Tecnologias na Educação - representa uma construção
histórica que foi iniciada, a partir do envolvimento do Secretaria da Educação Básica, 2010); as Diretrizes
Grupo Ocupacional do Magistério (GOM), que resultou Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental
em importante documento de consolidação das (BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de
concepções que norteiam as ações educativas da Rede de Educação. Conselho Pleno, 2012); o Projeto de Lei do
Ensino do Recife. Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020
(BRASIL, 2011); o Plano Nacional de Educação 2014
Por essa razão, faz-se necessário resgatar parte desse (BRASIL, 2014); os Indicadores de Qualidade na
processo de construção. Durante a elaboração e Educação Infantil (BRASIL. Ministério da Educação.
estruturação do documento foram desenvolvidas várias Secretaria da Educação Básica, 2009); o Ensino
ações como promoção de discussões nas unidades Fundamental de Nove Anos, e Orientações para Inclusão
educacionais; constituição de um Grupo de Trabalho da Criança de Seis Anos de Idade (BRASIL. Ministério da
(GT), composto por professores (as), técnicos (as) Educação. Secretaria de Educação Básica, 2006); as
pedagógicos (as) representando as Divisões e Gerências Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das
da Secretaria Executiva de Gestão Pedagógica e da Relações Étnicos Raciais, e para o Ensino de História
Secretaria Executiva de Tecnologia; apresentação e Africana e Afro-brasileira (Brasil. Ministério da Educação.
discussão da produção escrita do documento com Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação
representantes do GOM, em reuniões realizadas em 12 de Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, 2004);
abril, 30 de abril, 13 de setembro, 18 de outubro e 22 de e a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva
novembro do ano de 2014; assessoria à equipe técnica da da Educação Inclusiva (BRASIL. Ministério da Educação,
Rede por professores (as) da Universidade Federal de 2008).
Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE), Universidade de Pernambuco Como resultado desse processo de estudos e diálogos, em
(UPE) e Universidade Católica de Pernambuco maio de 2014 foi publicado o primeiro volume da Política
(UNICAP); socialização e incorporação das proposições de Ensino intitulado Fundamentos Teórico-
dos (as) professores (as) dos Anos Finais do Ensino Metodológicos, onde estão descritos os Eixos
Fundamental, ao documento nos encontros pedagógicos Norteadores da Política de Ensino, que são: Escola
mensais, juntamente com a presença dos (as) assessores Democrática, Diversidade, Tecnologia, Cultura e Meio
(as), nos meses de setembro, outubro, novembro e Ambiente, bem como os Princípios: Igualdade,
dezembro do ano de 2014, dentre outras ações. Solidariedade, Participação e Justiça Social, os quais foram
estabelecidos na perspectiva de melhorar o ensino por
Ao traçar-se o movimento de construção da Política de meio da ação pedagógica, e garantir os Direitos de
Ensino da RMER, destacou-se o objetivo de atingir o aprendizagem dos (as) estudantes.
máximo de participação dos (as) professores (as), demais
segmentos das unidades escolares e diferentes No ano seguinte, em 2015, foram publicados os outros 5
profissionais da educação de forma democrática, coletiva e (cinco) livros da Política de Ensino: Educação Infantil,
colegiada, para que os anseios de todos (as) pudessem ser Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano, Educação de Jovens
discutidos. E aqui é importante salientar que as equipes e Adultos, Educação Inclusiva: Múltiplos Olhares e
que compuseram o GT, leram, analisaram e refletiram Tecnologias na Educação. Inicialmente, os documentos
sobre as contribuições dos (as) representantes do GOM, foram disponibilizados para toda a RMER em versão
Auxiliares de Desenvolvimento Infantil (ADI´s), e demais digital e, posteriormente, os (as) representantes do GOM
profissionais da educação da Rede que participaram dos e as unidades educacionais receberam a versão impressa
momentos de socialização, discussão e das produções dos livros, a fim de direcionar as ações pedagógicas. Tal
escritas do documento. feito representa um marco histórico para a Rede
Municipal do Recife. A partir da publicação do
Todo esse processo proporcionou um diálogo mais direto documento, vem sendo desenvolvidas sistematicamente
sobre as concepções e os conceitos que envolvem e nas unidades de ensino, e nos diversos setores da
direcionam a organização e o acompanhamento das ações Secretaria de Educação, como na Escola de Formação
educativas na Rede Municipal de Ensino do Recife Professor Paulo Freire1 , ações de discussão, diálogo e
(RMER). No percurso de construção da Política de formações continuadas, norteadas pelo documento,
Ensino, com o intuito de promover uma educação fortalecendo o sentido das práticas cotidianas de ensino e

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

aprendizagem que se estabelecem nas unidades anos do Ensino Fundamental. Evita-se dessa forma, uma
educacionais da Rede Municipal do Recife. retenção precoce com os prejuízos decorrentes, conforme
alerta a Resolução do CNE nº 7, de 14 de dezembro de
PROCESSO DE REVISÃO DA POLÍTICA DE 2010, em seu artigo 30 – III: a continuidade da
ENSINO DA REDE MUNICIPAL DO RECIFE – aprendizagem, tendo em conta a complexidade do
2018/2020 Frente ao desafio de revisitar a Política de processo de alfabetização, e os prejuízos que a repetência
Ensino de forma participativa, a Secretaria de Educação pode causar ao Ensino Fundamental como um todo, e,
do Recife promoveu múltiplas ações. Nesse sentido, no particularmente, na passagem do primeiro para o segundo
ano letivo de 2018, foram proporcionados aos (às) ano de escolaridade, e deste para o terceiro (BRASIL.
profissionais da educação, espaços e tempos para Ministério da Educação.
reflexões, diálogos e construção coletiva de sugestões, a
serem inseridas no documento, de acordo com a realidade Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação
da Rede. Básica, 2010, p. 8). Todavia, mesmo com o ciclo de
alfabetização até o 3º ano, a organização curricular está
As ações desenvolvidas com esse intuito materializaram-se estruturada, de forma a garantir ao (à) estudante, os
em diversos momentos do ano letivo de 2018, como as saberes necessários para a apropriação da linguagem
que ocorreram nos estudos e discussões coletivas sobre a escrita até o final do 2º ano do Ensino Fundamental,
BNCC, realizadas nas unidades de ensino, na abertura do cabendo ao 3º ano, a consolidação da alfabetização. Entre
ano letivo; na análise comparativa entre a BNCC e a as especificidades, destacamos os Componentes
matriz curricular da RMER, pelas equipes técnicas da Curriculares de História do Recife, e o de Introdução às
Secretaria de Educação, visando a estabelecer as Leis trabalhistas, já presentes na Matriz Curricular
aproximações entre os documentos, no sentido de atender publicada em 2015, que também foram revisitados.
às normativas da BNCC; na realização do IV Seminário da Durante o processo de revisão da Política de Ensino,
Política de Ensino da RMER no início do II semestre foram mantidos os fundamentos pedagógicos,
letivo, que contou com a participação de todos (as) os (as) organizados em Direitos e Objetivos de Aprendizagem,
profissionais da Rede, cujo subtema foi “BNCC em para todas as modalidades e etapas de ensino.
debate”; na paralisação das duas últimas aulas das
unidades educacionais, em 14 de setembro, para No caso da modalidade de Educação de Jovens e Adultos,
construção de propostas de alterações no currículo da a manutenção se deu com respaldo na Resolução
Rede pelos (as) profissionais da educação, sob orientação CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017, no artigo 3º
das coordenações de cada unidade; na criação do Grupo parágrafo único, que estabelece: “Para os efeitos desta
de Trabalho (GT) de revisão da Política de Ensino, Resolução, com fundamento no caput do art. 35-A e no
responsável por sistematizar e estruturar todas as §1º do art. 36 da LDB, a expressão ‘competências e
contribuições, advindas das unidades educacionais e dos habilidades’ deve ser considerada como equivalente à
diferentes setores da Secretaria de Educação; nos fóruns, expressão ‘direitos e objetivos de aprendizagem’, presente
realizados nos meses de novembro e dezembro, por na Lei do Plano Nacional de Educação (PNE)” (BRASIL.
etapas e modalidades de ensino, possibilitando, assim, que Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação.
os (as) educadores (as) apresentassem suas contribuições, Conselho Pleno, 2017, p. 41). Vale destacar que, embora a
experiências, questionamentos e anseios, para serem BNCC não trate especificamente da EJA, isso não é
encaminhados, sistematizados e incorporados ao impeditivo para as redes de ensino não revisitarem seus
documento pelo GT de revisão. currículos em busca de atualizações com a temática, face
às dez competências gerais da Base.
Ao final dos fóruns, tivemos o documento validado pelos
(as) profissionais do GOM e, posteriormente, as A partir da homologação da BNCC, em dezembro de
sugestões/ajustes incorporados pelo GT de revisão da 2017, fez-se necessário olhar a Política de Ensino da
Política ao documento final. Desse modo, temos a RMER e as Competências Gerais2 da BNCC. O intuito
presente publicação dos livros da Política da Rede, foi identificar convergências e estabelecer um
reeditados com as novas orientações. Convém destacar alinhamento, sem perder de vista, contudo, os avanços
dois aspectos, quanto aos resultados e ao processo de consolidados na educação municipal do Recife. Nesse
revisão 2018/2019. Primeiro, foi observado que o sentido, em relação aos Eixos da Política de Ensino da
currículo da Rede, já atende, desde 2015, quase que a RMER, destaca-se a Escola Democrática, que defende o
totalidade das normativas da BNCC, sendo necessários desenvolvimento de atitudes democráticas no ambiente
alguns ajustes/acréscimos. escolar, com espaço para o diálogo e partilha nas ações
desenvolvidas, em que, de forma colaborativa, seja
E como a Política de Ensino possui Componentes incentivada a autonomia e corresposabilidade de toda
Curriculares, Direitos e Objetivos de Aprendizagem comunidade escolar nas tomadas de decisões. Tais
específicos, que avançam em relação ao estabelecido no premissas, presentes no eixo Escola Democrática,
texto da BNCC, tais aspectos foram preservados no coadunam com o que permeia as competências gerais da
documento da RMER. Dentre as especificidades do BNCC, sobretudo a décima competência que estabelece
Currículo educacional de Recife, outro aspecto singular da um ensino voltado para o agir individual e coletivamente
Política de Ensino refere-se à organização do ciclo de com autonomia, com base em princípios éticos e
alfabetização. Enquanto a BNCC prevê um ciclo de dois democráticos.
anos, para consolidar a alfabetização, a RMER manteve o
ciclo de alfabetização, constituído pelos três primeiros

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

A Tecnologia consiste em mais um eixo da Política de partes integrantes do meio ambiente, e como
Ensino, e apresenta o Programa Municipal de Tecnologia cidadãos/cidadãs planetários/as têm responsabilidade
na Educação (PMTE), apontando o uso da tecnologia a com a construção e manutenção de uma sociedade,
serviço da socialização do conhecimento, e o do exercício ecologicamente sustentável. Vemos assim, uma
da criatividade, e a importância de educar os(as) aproximação com a sétima competência geral da BNCC,
estudantes, enquanto pessoas que precisam se posicionar, que apresenta a necessidade do desenvolvimento de uma
diante das diferenças; compreendê-las, como resultado das consciência socioambiental com consumo responsável,
singularidades dos grupos; conhecer o direito de cada cuidando de si, dos outros e do planeta.
cidadão e cidadã a novas ideias e valores, e as diferentes
maneiras de ser e viver. Quanto à organização curricular da RMER, apesar desta
não estabelecer uma relação direta com a formação
O principal objetivo da Política de Tecnologia na RMER é profissional dos(as) educandos(as), baseia-se na
contribuir no atendimento às demandas sociais por uma perspectiva da aprendizagem, como um direito a ser
formação de qualidade, tendo, como princípio, a exercido em sua plenitude, na qual são sujeitos históricos,
tecnologia a serviço da construção e socialização do e têm suas trajetórias pessoais e coletivas, partilhadas no
conhecimento, e do exercício da cidadania. Busca-se, com espaço educacional que é compreendido como instituição,
isso, o desenvolvimento do senso crítico, a criatividade, o destinada, entre outros objetivos, a garantir a inclusão
trabalho colaborativo, e a autoria dos (as) estudantes. social de modo amplo e efetivo. Portanto, compreende-se
Todos esses princípios e ações assinaladas encontram que, ao fazer referência à inclusão social dos(as)
paralelo com a primeira e a quinta competência da BNCC estudantes de modo amplo, a Política de Ensino
que ao referir-se à compreensão e usos das tecnologias estabelece, embora intrinsicamente, uma relação direta
digitais de informação e comunicação, defende que seja com sua formação profissional, como importante
baseada em uma vivência significativa e ética nas diversas elemento no reconhecimento da pessoa e sua participação,
práticas sociais. enquanto cidadão(ã), alinhando-se, nessa configuração,
com a sexta Competência da BNCC, que propõe entender
A relação da inclusão, como prática democrática, também o mundo do trabalho, e planejar seu projeto de vida
é discutida e subsidiada por programas que vêm sendo pessoal, profissional e social.
desenvolvidos na RMER. Ao tratar de currículo, a Política
de Ensino da RMER enfoca a importância de a escola A Política de Ensino, estabelece ainda, o compromisso
levar os(as) estudantes a conviverem com a diversidade, com uma educação que abre espaço para os
respeitando as diferenças que configuram o cenário social, conhecimentos e para as referências que os(as) estudantes
contribuindo para o desenvolvimento de sua consciência trazem de seu contexto social e cultural, compromisso
crítica. Desse modo, a Diversidade é mais um eixo da este que os(as) ajude a incorporar os saberes escolares
Política de Ensino, que envolve as questões de gênero e com condições de se tornarem sujeitos capazes de propor,
sexualidade, raça e etnia e educação especial. Nesse debater, argumentar, decidir, construindo novos
contexto, percebe-se a relação do eixo Diversidade da significados para o local, onde vivem seus direitos, e os
Política de Ensino com as competências gerais da BNCC, saberes das diferentes culturas. Dessa forma, pode-se
com ênfase para a terceira, sexta, oitava e nona identificar a relação com a segunda Competência que
competências De acordo com a Política da RMER, a apresenta, como proposição, exercitar a curiosidade
Escola é um espaço acolhedor da diversidade cultural, intelectual, e recorrer à abordagem própria das ciências,
podendo possibilitar aos (às) estudantes leituras sobre ser incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a
e estar no mundo. imaginação e a criatividade, para a compreensão das
causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
A mesma defende que o/a estudante participa, desde a problemas, e criar soluções (inclusive tecnológicas) com
infância, de práticas sociais que se relacionam com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
diferentes linguagens – corporal, gestual, verbal, e escrita.
Dessa forma, o ambiente educacional pode proporcionar Temos assim, uma Política de Ensino, orientada para a
experiências que o estimulem à curiosidade e à autonomia formação integral do indivíduo, traduzida em um
nas diversas situações desafiadoras da vida. Diante disso, documento que resultou de uma construção coletiva que
ajusta-se ao que pre conizam a primeira e a terceira envolveu amplas discussões, momentos de estudo, e se
Competências da BNCC, visto que, uma das suas fará legítimo, à medida que for efetivado no cotidiano
concepções sobre a organização curricular é a relação do escolar. Tal feito representa um marco na história da Rede
currículo com a cultura, enquanto prática de significação Municipal de Ensino do Recife. Enquanto documento
da produção, da identidade e diferença. Nesse sentido, é norteador, através da elaboração das matrizes curriculares,
possível identificar, também, a relação entre o que é posto fortalece a prática pedagógica na Educação Infantil, no
no documento oficial da RMER, com a quarta Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Anos Finais), e na
competência da BNCC, que faz referência à utilização de Educação de Jovens e Adultos. Seu processo de
diferentes linguagens, como as artísticas, as de matemática consolidação, ocorre também, a partir de momentos e
e as científicas. espaços de discussões, tais como: fóruns, seminários, e/ou
elaboração de projetos políticos pedagógicos das unidades
O Meio Ambiente é outro eixo da Política de Ensino, ao educacionais, organização de formações pedagógicas,
ser considerado como tal, os/as estudantes da Rede de entre outros.
ensino do Recife são orientados/as a interagirem de forma
respeitosa com o ambiente, entendendo que eles e elas são

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

REEDIÇÃO DA MATRIZ CURRICULAR DA gestão da escola, e das atividades, propostas pelo(a)


EDUCAÇÃO INFANTIL RMER educador(a) quanto da realização das atividades da vida
cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos
Em consonância com a Política de Ensino da Prefeitura materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes
do Recife (2015a), a matriz curricular para Educação linguagens, e elaborando conhecimentos, decidindo e
Infantil que se apresenta, obteve as adequações posicionando-se; d) explorar movimentos, gestos, sons,
necessárias, decorrentes das exigências da BNCC formas, texturas, cores, palavras, emoções,
(BRASIL. Ministério da Educação, 2017), dando transformações, relacionamentos, histórias, objetos,
amplitude ao que preconizam as Diretrizes Curriculares elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando
Nacionais para Educação Infantil (DCNEI), que seus saberes sobre a cultura, em suas diversas
concebem o currículo, como um conjunto de práticas que modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia e;
buscam articular as experiências, e os saberes das crianças, e) conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e
na faixa de 0 a 5 anos de idade, com os conhecimentos cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus
que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, grupos de pertencimento, nas diversas experiências de
ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o cuidados, interações, brincadeiras e linguagens,
seu desenvolvimento integral. vivenciadas na instituição escolar, e em seu contexto
familiar e comunitário. f) expressar como sujeito dialógico,
A compreensão da criança, como sujeito de direitos, criativo e sensível, suas necessidades, emoções,
presentes nesta proposta, afirma que a aprendizagem, e o sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões,
desenvolvimento no processo educativo têm, por base, a questionamentos por meio de diferentes linguagens.
relação da criança com o outro, em contextos
intencionalmente planejados, com respeito à Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento,
especificidade de cada faixa etária, promovendo vivências conforme disposto na Matriz curricular, assumem
que favoreçam à expressão de seus desejos, opiniões e diferentes intencionalidades educativas, ou seja, há um
ideias na singularidade da criança, em pensar, significado distinto para cada direito, conforme o campo
compreender, e agir no mundo. 4.1 Os Direitos de de experiência de atuação, num entendimento de que
Desenvolvimento e Aprendizagem É de uma concepção nenhum direito exerce mais importância sobre outro, e
de currículo, que traz a criança3 para a centralidade do estão entrelaçados nas vivências significativas,
planejamento pedagógico, que os Campos de Experiências considerando a indissociabilidade do cuidar e educar,
ganham relevância na organização da Matriz Curricular da como ações promotoras do desenvolvimento integral da
Educação Infantil, ao considerar o seu cotidiano, como criança.
mobilizador de experiências, vivenciadas pelas crianças,
para garantia de seus direitos, norteados pelos princípios4 Os Campos de Experiências Denominados de Campos de
éticos (autonomia, responsabilidade, solidariedade, Experiência, eles são apresentados na Base Nacional
respeito ao bem-comum, ao meio ambiente, e às Comum Curricular/Etapa Educação Infantil (BRASIL.
diferentes culturas, identidades e singularidades), e Ministério da Educação, 2017), como um arranjo
estéticos (sensibilidade, criatividade, ludicidade, liberdade curricular que acolhe as situações, e as experiências
de expressão nas diferentes manifestações artísticas e concretas da vida cotidiana das crianças, e seus saberes,
culturais), e também políticos (direitos de cidadania, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do
exercício da criticidade, respeito à ordem democrática). patrimônio cultural, e assumem a centralidade na
organização curricular dessa etapa de ensino. Foram
A partir dos princípios éticos, estéticos e políticos, são elencados cinco campos de experiências: o eu, o outro e o
elencados seis direitos prioritários: expressar, explorar, nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e
conviver, conhecer-se, participar e brincar, e estão formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; espaços,
compreendidos na inter-relação: conviver e conhecer-se tempos, quantidades, relações e transformações. As
(éticos); explorar e brincar (estéticos); participar e denominações estão relacionadas com as experiências,
expressar (políticos). A relação de sentidos, entre os previstas nas DCNEIs (BRASIL. Ministério da Educação.
direitos e os princípios que justificam a finalidade de uma Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação
proposta curricular para a educação infantil, ganha Básica, 2009), quanto à atenção, às singularidades das
materialidade nas práticas pedagógicas, quando se crianças, e suas diversidades culturais, sociais, étnicas,
identifica, a partir de uma apresentação geral, o que é propiciando experiências que favoreçam à descoberta de
próprio de cada direito de aprendizagem e um mundo diversificado, na construção de sua identidade
desenvolvimento: a) conviver com outras crianças e e interações.
adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando
diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e Em cada campo de experiência, percebem-se
do outro, o respeito em relação à cultura, e às diferenças oportunidades para as crianças, no sentido de interação
entre as pessoas; b) brincar, cotidianamente, de diversas com pessoas, objetos, situações que lhe permitem atribuir
formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes significados pessoais, conforme descrito na BNCC/Etapa
parceiros(as) (crianças e adultos), ampliando e Educação Infantil (BRASIL. Ministério da Educação,
diversificando seu acesso a produções culturais, seus 2017, p. 38-41, grifos do autor): O Eu, o Outro e o Nós É
conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas na interação com os pares e com adultos que as crianças
experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar
cognitivas, sociais e relacionais; c) participar, ativamente, e vão descobrindo que existem outros modos de vida,
com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na outros recursos vocais, que ganham sentido com a
instituição escolar, na coletividade), constroem percepções interpretação do outro.
e questionamentos sobre si e sobre os outros,
diferenciando-se e, simultaneamente, identificando- se Progressivamente, as crianças vão ampliando e
como seres individuais e sociais. enriquecendo seu vocabulário, e demais recursos de
expressão e de compreensão, apropriando-se da língua
Ao mesmo tempo que participam de relações sociais e de materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo
cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é
senso de autocuidado, de reciprocidade e de importante promover experiências, nas quais as crianças
interdependência com o meio. Corpo, Gestos e possam falar e ouvir, potencializando sua participação na
Movimentos Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação
movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou em conversas, nas descrições, nas narrativas, elaboradas
espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, individualmente, ou em grupo, e nas implicações com as
o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente
relações, expressam-se, brincam e produzem como sujeito singular, e pertencente a um grupo social.
conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo Desde cedo, a criança manifesta curiosidade em relação à
social e cultural, tornando-se, progressivamente, cultura escrita, ao ouvir e acompanhar a leitura de textos,
conscientes dessa corporeidade. Com seus gestos e observando-os, como circulam no âmbito familiar,
movimentos, identificam suas potencialidades e seus comunitário e escolar. Assim, ela vai construindo sua
limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência concepção de língua escrita, reconhecendo seus diferentes
sobre o que é seguro, e o que pode ser um risco à sua usos sociais, dos gêneros, suportes e portadores.
integridade física.
Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve
A instituição escolar precisa promover oportunidades partir do que as crianças conhecem, e das curiosidades que
ricas, para que as crianças possam, sempre animadas pelo deixam transparecer. As experiências com a literatura
espírito lúdico, e na interação com seus pares, explorar e infantil, propostas pelo(a) educador(a), mediador(a) entre
vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, os textos e as crianças, contribuem para o
olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à
variados modos de ocupação e uso do espaço (tais como, imaginação, e da ampliação do conhecimento do mundo.
sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas,
caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, poemas, cordéis, entre outros. propicia a familiaridade
escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se, com livros, com diferentes gêneros literários, a
entre outros.). Traços, Sons, Cores e Formas Conviver diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da
com diferentes manifestações artísticas, culturais e direção da escrita, e as formas corretas de manipulação de
científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição livros.
escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências
diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e No convívio com textos escritos, as crianças constroem
linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em
colagem, fotografia, entre outros.), a música, o teatro, a rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo
dança e o audiovisual, entre outras. letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já
indicativas da compreensão da escrita, como sistema de
Com base nessas experiências, elas se expressam por representação da língua. Espaços, Tempos, Quantidades,
várias linguagens, criando suas próprias produções Relações e Transformações As crianças vivem inseridas
artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um
individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, mundo constituído de fenômenos naturais e
encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram
de diversos materiais, e de recursos tecnológicos. Essas situar-se em diversos espaços (rua, bairro, cidade entre
experiências contribuem para que, desde muito pequenas, outros.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã entre
as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o outros.). Demonstram também curiosidade sobre o
conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos
as cerca. A Educação Infantil, portanto, precisa promover atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da
a participação das crianças em tempos e espaços para a natureza, os diferentes tipos de materiais, as possibilidades
produção, manifestação e apreciação artística, de modo a de sua manipulação, etc.), e o mundo sociocultural (as
favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da relações de parentesco e sociais entre as pessoas que
criatividade e da expressão pessoal das crianças, conhecem; como vivem, em que trabalham; quais suas
permitindo que se apropriem e reconfigurem, tradições, seus costumes, a diversidade entre elas, entre
permanentemente, a cultura, e potencializem suas outros.).
singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas
experiências e vivências artísticas. Escuta, Fala, Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as
Pensamento e Imaginação Desde o nascimento, as crianças também se deparam, frequentemente, com
crianças participam de situações comunicativas cotidianas conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação,
com as pessoas com as quais interagem. As primeiras relações entre quantidades, dimensões, medidas,
formas de interação do bebê são os movimentos do seu comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de
corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro, e distâncias, reconhecimento de formas geométricas,

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e


ordinais, entre outros.) que igualmente aguçam a
curiosidade. A Educação Infantil precisa promover
experiências, nas quais as crianças possam fazer
observações, manipular objetos, investigar e explorar seu
entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de
informação, para buscar respostas às suas curiosidades e
indagações.

Diante do exposto, as experiências propostas, embora


apresentadas em campos distintos, estão interligadas, pois
não ocorrem de forma isolada ou fragmentada. São
norteadoras das práticas pedagógicas, tendo as
brincadeiras e as interações como eixos estruturantes que,
para além da organização curricular, têm um projeto
educativo com princípios e direitos para o respeito à
criança que “brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende,
observa, experimenta, narra, questiona, e constrói sentidos
sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura”
(BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de
Educação. Câmara de Educação Básica, 2009, p. 12, grifo
nosso).

A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO


INFANTIL
A proposta curricular da educação infantil (RECIFE.
Prefeitura. Secretaria de Educação, 2015a), organizada por
eixos de conhecimentos, é atualizada a partir dos
“Campos de Experiências”, onde há uma equivalência na
descrição dos objetivos, anteriormente dos eixos, para os
campos de experiências. Com essa proposta, os Campos
de Experiências são separados, apenas para efeito didático
de compreensão do(a) professor(a), pois na prática
educativa, nas vivências cotidianas, acontecem de forma
simultânea. Para melhor compreensão da tríade: campos,
direitos e objetivos, seguem observações: a) dos Direitos
de Aprendizagem e Desenvolvimento – não há
equivalência de um direito para um objetivo específico, e
os seis direitos se inter-relacionam com todos os
objetivos; b) as Sugestões de Vivências se inter-relacionam
com o Campo de Experiência e os Direitos de
Aprendizagem e Desenvolvimento. Elas poderão ser
selecionadas pelo(a) professor (a), para um determinado
objetivo, de acordo com sua intencionalidade pedagógica
e também adequada ao seu respectivo grupo infantil; c)
para efeito de adequação a BNCC (BRASIL. Ministério da
Educação, 2017) inclui-se as faixas etárias (bebês, crianças
bem pequenas e crianças pequenas) que corresponde
aproximadamente os grupos infantis; d) os objetivos estão
identificados, nas colunas, por um código alfanumérico
que corresponde as duas letras iniciais de seus respectivos
Campos de Experiências, seguidos da numeração
correspondente, conforme exemplo no quadro 1( conferir
no documento original elaborado pela rede).

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