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A CARÊNCIA AFETIVA E OS REFLEXOS NA VIDA ADULTA

Orientadora: Amanda Castilho


Data: 05/12/2022
Salvador, Bahia
Sumário
1.INTRODUÇÃO
2.PROBLEMA
3.JUSTIFICATIVA
4.OBJETIVOS
5.METODOLOGIA

6. REVISÃO DE LITERATURA
7.CAPÍTULO UM: ASPECTOS HISTÓRICOS E PSICOSSICIAIS
8.CAPÍTULO DOIS: TEORIAS DE APEGO
9.CAPÍTULO TRÊS: SOFRIMENTOS PSIQUICOS
10. ANÁLISE DE RESULTADOS
11.REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO

Com base em Rodrigues e Chalhub (2009), na primeira infância


construímos um vínculo social e afetivo conhecido como apego adulto, os
vínculos que adquirimos nessa primeira fase da vida nos servem como
modelos dos relacionamentos posteriores, pois a criança que habita no
nosso interior nunca morre.
PROBLEMA

A carência afetiva no período infantil, pode impactar de forma negativa ao


longo da vida do indivíduo, diante do exposto, quais consequências que a
carência afetiva pode trazer a vida adulta?
JUSTIFICATIVA

Essa pesquisa buscou compreender como os indivíduos


enquanto ser social interagem na sua fase adulta após serem
desprovidos de afeto. O tema é pertinente, sobretudo, por
possibilitar uma discussão sobre os impactos que a ausência
e/ou carência afetiva reflete na saúde mental do indivíduo, posto
que no senso comum já é uma temática constantemente
abordada, principalmente nas redes sociais, permanece a
relevância de pesquisas atualizadas sob cunho profissional e
científico com a intenção de acrescer também a comunidade
acadêmica.

objetivos
Geral: Compreender a importância do afeto durante a
infância e adolescência, e como a carência afetiva
implica na vida adulta, analisando aspectos históricos
e psicossociais.

Específicos: -Analisar os aspectos históricos e psicossociais que estão


associados a carência afetiva;
- Compreender os tipos de sofrimentos psíquicos;
-Compreender as dificuldades que uma pessoa na fase adulta pode
enfrentar para manter relacionamentos afetivos duradouros em
decorrência da ausência de afeto.
metodologia

O tipo de pesquisa realizada foi uma revisão bibliográfica de caráter


qualitativo e descritivo, englobando livros, dissertações e artigos
científicos selecionados através de busca nas seguintes bases de dados:
ResearchGate, Scielo e Google Scholar. Os critérios para inclusão foram
revisões bibliográficas anteriores e artigos que continham pesquisas sobre
carência afetiva, sobretudo sobre o impacto dela na vida adulta. As
palavras-chave utilizadas na busca serão: “carência afetiva”, “apego”,
“vínculo”, “personalidade”, “desenvolvimento humano”.

REVISÃO DE LITERATURA

CAPÍTULO UM CAPÍTULO DOIS CAPÍTULO TRÊS


ASPECTOS HISTÓRICOS E TEORIAS DE APEGO SOFRIMENTOS PSIQUICOS
PSICOSSICIAIS

1.(BOWLBY, 1981) 1.(ABREU,2005) 1.(ABREU, 2005)


2.(BOWLBY, 1988) 2.(BOWLBY,1977) 2.(BORNSTEIN, 2012)
3.(BOWLBY, 1998) 3.(BUTION, WECHSLER, 2016)
3.(KLEIN, 1948)
4.(CIA,WILLIAMS E AIELLO, 2005)
4.(KLAUS, KENNEL E KLAUSS, 2000) 4.(STERN, 1985)
5.(KLEIN, 1348)
5.(MUELLER, LUCAS, 1975) 5.(STERN 1992) 6.(MOREIRA, 2014)
6.(ROSSETTI, FERREIRA, 2006) 6.(WINNICOTT, 1994) 7.(SGANZERLA, LEVANDOWSKI, 2010).
7.(SILVA, 2016) 8.(WINNICOTT, 1989)
9.(ZEIFMAN E HAZAN, 1999)
ASPECTOS HISTÓRICOS E PSICOSSOCIAIS

É imprescindível discorrer que a carência afetiva presente no passado tem


impacto até hoje na vida dos adultos que foram criados naquela época,
gerando um ciclo de anulação afetiva, transferindo tais comportamentos
para as próximas gerações. As crianças que não possuíram a presença da
mãe ou tiveram relações perturbadas na primeira infância, não conseguem
desenvolver relações profundas, e nem compreendem suas emoções
(BOWLBY, 1981).
ASPECTOS HISTÓRICOS E PSICOSSOCIAIS

-Conforme Klaus, Kennel e Klauss (2000), os pais precisam trabalhar


seus filhos durante a primeira infância a dominar suas emoções;

-Os mesmos autores concluem ser imprescindível esse passo de


acenar e dizer “tchau” para o ensino-aprendizagem, pois além de
causar um sentimento de confiança, dá uma sensação de controle do
momento em que estão na ausência dos cuidadores;

-Com isso a criança passa a compreender que as pessoas se


distanciam uma das outras, porém em breve elas retornam.
ASPECTOS HISTÓRICOS E PSICOSSOCIAIS

-Segundo estudos de Bowlby (1988), quando a privação de afeto


é quase total, a severidade dos danos é maior em seu
desenvolvimento psicológico e afetivo, gerando uma dificuldade
na criança em estabelecer relações sociais.

-Quando a privação do afeto é parcial, a criança experiencia


sentimentos de angústia, vingança e necessidade exacerbada de
amor, no entanto nessa fase do ciclo vital o indivíduo ainda não
sabe lidar com suas emoções e sua reação pode resultar em
uma personalidade instável futuramente. (BOWLBY, 1988).
ASPECTOS HISTÓRICOS E PSICOSSOCIAIS

-Rossetti-Ferreira reconhece a existência de processos interativos de bebês, buscando


estudá-los, e assim aparecem estudos sobre interação de crianças pequenas.

-Dentre esses estudos, alguns foram feitos em laboratório com espelhos unidirecionais e com
crianças estranhas umas às outras, onde se registra o comportamento socialmente dirigido à outra
criança e, por vezes, a imitação (MUELLER, LUCAS, 1975).
ASPECTOS HISTÓRICOS E PSICOSSOCIAIS

-Para Rossetti-Ferreira (2006) essas capacidades dependeriam do desenvolvimento simbólico,


que possibilitariam à criança atribuir significados diferentes a um mesmo objeto no jogo de faz
de conta e assumir diferentes papéis;

-Obviamente, o domínio da linguagem facilita muito estes acordos, favorecendo a comunicação


entre crianças.
ASPECTOS HISTÓRICOS E PSICOSSOCIAIS

-De acordo com Silva (2016) desenvolvimento infantil pode até ocorrer com o auxílio de outras
representações de cuidadores, mas os pais são suas principais referências, atribuindo um papel de
contribuição no desenvolvimento de personalidade saudável, influenciando assim, os seus
comportamentos e impulsos.

-Segundo Bowlby (1998) para que essa identidade seja desenvolvida de forma saudável, é
necessário que os vínculos estabelecidos na primeira infância influenciem positivamente, visto que
é com a família que é construída os primeiros laços afetivos, resultantes do desenvolvimento da
capacidade de confiar nas pessoas.
TEORIAS DE APEGO

-
-É imprescindível que a figura de cuidador possua instintivamente uma afeição e compreensão do
comportamento de apego da criança, sobretudo estabelecendo limites necessário a mesma (Bowlby,1977)

. -De acordo com o teórico, é possível compreender que, se o cuidador conseguir reconhecer essas fontes
provedoras do comportamento de apego durante a primeira infância, ao passar do seu desenvolvimento ela
vai amadurecendo e aprendendo a lidar com a construção de relações socioafetivas.
TEORIAS DE APEGO

-Para Winnicott (2008), a alimentação é a primeira e das mais importantes formas de se construir uma boa
relação durante a primeira infância, embora não seja a única forma, se essa relação for alicerçada,
possibilita uma construção de relação com a mãe, capaz de transpor todas as frustações vivenciadas pela
criança.

-De acordo com estudos de Stern (1992) o bebê compara o estado emocional experimentado por
ele com o da mãe, de acordo com o que ela demonstra sobre ele ou como ela se apresenta em
sua presença, essa comparação ele definiu como “interafetividade”.
TEORIAS DE APEGO

-Para o psicólogo Abreu (2005, p.36) seria difícil de imaginar uma relação que não possua nenhum tipo de
interação afetiva, pois esse compartilhamento dos estados emocionais e comparação do humor, estabelece o
comportamento de “se refletir” um sentimento de um bebê, e esse ato é considerado fundamental, sobretudo,
por favorecer o seu senso de si mesmo, construção da identidade e reconhecimento afetivo.

-Sob esse aspecto o mesmo autor afirma: “o estado afetivo da mãe tem o poder de determinar ou modificar o
estado afetivo do bebê, permitindo a ela estabelecer e alterar, até certo ponto, aquilo que o bebê experiencia”
(ABREU, 2005).
TEORIAS DE APEGO

-Surge então, um fenômeno de imitação, além dos estados emocionais compartilhados,


envolve também a reprodução dos movimentos e expressões faciais, e a imitação
dessas gesticulações foi nomeado de sintonia afetiva, por Stern (1985).

-Winnicott (1994) aborda em seus estudos, como a ausência dessas interações, mencionadas nos
trechos acima, podem criar um espaço de vulnerabilidade emocional0 na criança, e ressoando nos
anos seguintes até a fase adulta, ele afirma: “as crianças angustiadas mudam de amigos com muita
frequência e facilidade e as crianças seriamente perturbadas só conseguem filiar-se a bandos, isto é,
grupos cujo coesão se baseia em planejar perseguições [...]”.
Sofrimentos Psiquicos

-O teórico Bowlby alertou em seus estudos que, é possível observar atrasos na linguagem, na
aprendizagem e no desenvolvimento social, caso o indivíduo tenha experienciado uma privação ou
ausência afetiva (ABREU, 2005).
-De acordo com Winnicott (1989) a criança inicia o processo de autocobrança, se culpando por
qualquer coisa que não ocorreu como desejado, desenvolvendo então o que ele afirma de estados
depressivos.
-Klein (1948) também estudou este mesmo conceito, no entanto ela definiu como “posição
depressiva”, apresentando em diversos casos, comportamentos de isolamento, tornando-se
antissocial, por via de volição impulsivas e destrutivas.

-Abreu (2005), compreende que a criança antissocial recorre á sociedade em troca de sua família
ou escola, para obter apoio necessário na construção de um emocional estável, com o objetivo de
experienciar de forma menos dolorosa as primeiras fases do seu amadurecimento.
SOFRIMENTOS PSIQUICOS

-Zeifman e Hazan (1999) realizaram estudos para discutir como funcionava o sistema de
apego nos adultos, e foi observado que entre os casais ambos usam um ao outro como suas
respectivas figuras de apego, conforto e segurança.

-Para Bution e Wechsler (2016) os estilos de apego aprendido durante a infância com seus
familiares em conjunto aos fatores socioculturais, podem contribuir para que o indivíduo se
relacione de forma dependente com outras pessoas, pois esses modelos de vínculos são
reproduzidos também na fase adulta.
SOFRIMENTOS PSIQUICOS

-Diante do exposto, Bornstein (2012) discorre sobre o mesmo tema citado no slide anterior, e
explica que relações patológicas podem estar ligadas também a transtornos de personalidade,
transtornos de humor e transtornos alimentares.

-Um indivíduo que é dependente emocional e possui comportamentos autodestrutivos, podem


dispor dos mesmos na tentativa de impedir ou evitar abandono em seus relacionamentos
amorosos, demonstrando assim a principal característica de dependência emocional, que é
não saber lidar com frustrações.(Bornstein, 2012).
SOFRIMENTOS PSIQUICOS

-Moreira (2014) compreende que figura paterna possui um papel essencial na


primeira, pois estabelece a confiança em si e no outro, e essa interação é um dos
fatores cruciais para o desenvolvimento intelectual e social do indivíduo.

-Para ela, uma menina que consegue reconhecer a admiração e consideração de


seu pai, se sente preparada em manter relacionamentos afetivos, devido a
construção de segurança de si mesmo, promovendo autoestima suficiente para
sentir atração por outras figuras masculinas.
SOFRIMENTOS PSIQUICOS
-De acordo com Cia, Williams e Aiello (2005) complicações como baixo desempenho na escola,
fragilidade emocional, dificuldade em expor sentimentos e relacionamento conturbado com os
pais são comportamentos decorrentes da ausência da figura paterna.

-Outras pesquisas conseguiram comprovar que a ausência paterna ou uma interação pouco
afetiva entre pai e filho estão associados com a predisposição para o envolvimento com a
criminalidade e o desenvolvimento de jovens infratores (SGANZERLA, LEVANDOWSKI, 2010).

-Diante dos expostos, citados acima, a função paterna é tão importante quanto a função
materna, visto que o pai teria o papel de provedor para o mundo externo da criança,
promovendo circunstâncias essenciais para que a mãe consiga se manter disposta a cuidar da
mesma.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Foi possível refletir, o quanto que a identificação com os cuidadores é imprescindível para a fase do
desenvolvimento cognitivo do indivíduo, visto que seu primeiro contato com o social são seus pais, as duas figuras
têm seu papel para o amadurecimento infantil, pois é nesse contato que é desenvolvido o senso de si mesmo,
construção de identidade e personalidade. Durante esse período são desenvolvidas habilidades emocionais que
posteriormente vão refletir durante todo o ciclo vital, no entanto é importante destacar o quanto esse vínculo de
apego necessita ser construído nos primeiros anos de vida. Sobretudo, foi possível observar que além da
dificuldade em construir personalidade saudável, problemas na aprendizagem e nas relações interpessoais, o
indivíduo enfrenta também dificuldades em se sentir seguro consigo mesmo, podendo levar a se relacionar de
forma dependente.
REFERÊNCIAS

BORNSTEIN, H.; PUTNICK, L.; BRITTO, P. Child Development in Developing Countries: Introduction and Methods.
Washington, D.C.: The World Bank, 2012.
BOWLBY, J. Cuidados Maternos e Saúde Mental. (6ª ed., V. L. B. Souza & I. Rizzini). 2020. São Paulo: Martins Fontes.
(Texto original publicado em 1981).
BOWLBY, J. A Secure Base. 1. ed. Londres: Routledge, 1988. 181 p. ISBN 978-0-465-07597-3.
BRAZÃO, J. C. C.; RAUTER, C. M. B. Sintonia afetiva e intersubjetividade na obra de Daniel Stern. Ayvu: Revista de
Psicologia, v. 1, n. 1, p. 3–21, 19 dez. 2014.
CIA, F.; WILLIAMS, L. C. A.; AIELLO, A. L. R . Influências paternas no desenvolvimento infantil: revisão da literatura.
Psicologia Escolar e Educacional, v. 9, n. 2, p. 225-233, 2005. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pee/a/CyCf8rsc7nGhV6jyDWZgVXt/?lang=pt.
FERREIRA, M.C.T.R Olhando a Pessoa e seus Outros, de perto, de longe, no antes, aqui e depois. In: COLINVAUX, D.;
LEITE, L. B.; DALBOSCO, D. D. A. (Org.). Psicologia do desenvolvimento: reflexões e práticas atuais. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2006.
HAZAN, C.; ZEIFMAN, D. Pair-Bonds as Attachments: Evaluating the Evidence. In J. Cassidy, & P. R. Shaver (Eds.),
Handbook of Attachment Theory and Research (pp. 336-354). New York: Guilford.1999.

REFERÊNCIAS
KLAUS, M. H.; KENNEL, J. H.; KLAUS, P. H. Laços em desenvolvimento: os primeiros dias e semanas. In: KLAUS, M.
H.; KENNELL, J. H. Vínculo: construindo as bases para um apego seguro e para a independência. Porto Alegre:
Artmed, 2000.p. 103-119.
MOREIRA, L. A Judicialização do Afeto A Responsabilidade Civil dos pais em relação aos filhos por abandono
afetivo. Disponível em:https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=35 061@1

RODRIGUES, S.; CHALHUB, A. Amor Com Dependência: Um Olhar Sobre a Teoria do Apego. [s.l: s.n.]. Disponível em:
https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0155.pdf.
SGANZERLA, M.; LEVANDOWSKI, D. Ausência paterna e suas repercussões para o adolescente: análise da literatura.
Psicologia em Revista, v. 16, n. 2, p. 295–309, 1 ago. 2010.
SILVA, A. C. O Abandono Afetivo na Primeira Infância e Seus Reflexos na Vida Adulta. [s.l: s.n.] 2016.

WINNICOTT, D. W. A família e o desenvolvimento individual. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Editora Martins,
2005.

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