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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO – CEUNI

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

RELAÇÕES AMOROSAS DE JOVENS UNIVERSITÁRIOS DA FAMETRO, À LUZ


DA TEORIA DO APEGO

MANAUS - AM
2023
1
ANA BEATRIZ SCHRANN CORDEIRO LUCENA
MARIA EDUARDA ALMEIDA GUIMARÃES
LUÍS FILIPE BACKSMANN MELO
REBECA YASMIN SOUZA DE SOUZA.

RELAÇÕES AMOROSAS DE JOVENS UNIVERSITÁRIOS DA FAMETRO, À LUZ


DA TEORIA DO APEGO

Projeto de pesquisa apresentado como avaliação


parcial para composição da nota N2 da disciplina
Pesquisa em Psicologia no semestre 2023/02, sob
orientação da Profª Esp. Jéssica Magaly da Silva
Ferreira.

MANAUS - AM
2023
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RESUMO

Este projeto apresenta a fundamentação teórica da pesquisa, concentrando-se na Teoria


do Apego desenvolvida por John Bowlby. Visa compreender padrões de relacionamento,
especialmente em contextos amorosos, abordando a formação de vínculos e comportamentos
individuais e cooperativos. Originada a partir da observação de Bowlby sobre a alta taxa de
mortalidade infantil em hospitais, associada à separação de crianças de seus cuidadores, a teoria
se destacou pela eficácia de intervenções que reduziram a mortalidade, consolidando sua
aceitação na psicologia e também pela evidenciação de que as experiências com o principal
cuidador exercem uma influência no desenvolvimento de atitudes ao longo da vida.

PALAVRAS-CHAVE: Teoria do apego; relacionamentos amorosos; padrões de apego; jovens


adultos, relacionamentos universitário, Fametro; vínculos amorosos; ECR-R;
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 5

2. JUSTIFICATIVA 5

3. OBJETIVO GERAL 5

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 6

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 7

5. METODOLOGIA 14

6. REFERÊNCIAS 23

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1. INTRODUÇÃO
A teoria do apego, elaborada pelo psiquiatra britânico John Bowlby nas décadas de 1950
e 1960, oferece um modelo psicológico perspicaz na compreensão das dinâmicas das relações
interpessoais, envolvendo tanto o âmbito de curto ou longo prazo entre indivíduos. Essa teoria
explora os laços emocionais intensos que se forjam entre bebês e seus cuidadores, examinando
minuciosamente como essas relações impactam o desenvolvimento consecutivo. A essência da
teoria reside na proposição de que o apego é inato, sendo os seres humanos impelidos a buscar
relacionamentos como meio de suprir necessidades vitais para a sobrevivência.
O psiquiatra baseou as suas proposições nas observações efetuadas em órfãos pós-
Segunda Guerra Mundial, ressaltando a importância crucial de um cuidado consistente por parte
dos cuidadores principais durante o período entre seis meses e dois anos de idade. A teoria
adverte para as consequências adversas decorrentes da descontinuação desse apego nesse
estágio, abrangendo danos cognitivos, sociais e emocionais. Adicionalmente, postula que as
experiências vivenciadas com o cuidador principal exercem uma influência duradoura na
formação de atitudes, convicções e/ou pensamentos ao longo da vida. E independente de sua
ênfase inicial nas relações parentais, a teoria do apego também se estende e se aplica aos
relacionamentos entre adultos, evidenciando sua pertinência em diversas fases da vida.
A atuação do psicólogo se destaca como elemento essencial nestes tipos tendências
comportamentais. Sua especialização não se limita apenas à compreensão das dinâmicas
comportamentais, mas também abrange a formulação de estratégias para o contexto sobre
relacionamentos, proporcionando um quadro para compreender esse desafio. Neste artigo,
examinaremos os diferentes tipos de apego, analisaremos as dinâmicas e comportamentos
saudáveis e não-saudáveis entre casais. Ao realizar isso, buscamos contribuir não apenas para
uma compreensão aprofundada dessa teoria, mas também para aprofundar o entendimento dos
relacionamentos afim de criar estratégias e novos caminhos visando auxiliar indivíduos com
dificuldades em suas respectivas relações amorosas-afetivas.

2. JUSTIFICATIVA
Buscamos com esse trabalho entender e mapear as dinâmicas sociais presentes dentro
dos relacionamentos amorosos dos jovens universitários. Com isso nossa ênfase não é somente
coletar dados, mas sim, correlacioná-los com uma base teórica sólida multiplamente aceita em
várias abordagens Psicológicas. Os resultados deste presente trabalho servirão como
fundamento para a elaboração de protocolos de intervenção e psicoeducação para ajudar
pessoas com déficits na área relacional.
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Por isso, ao buscarmos compreender os tipos de padrões de apego nas relações é algo
de fundamental importância para a ampliação de esquemas eficazes para ajudar pessoas com
déficits em suas conexões de relacionamentos. A Teoria do Apego de John Bowlby enfatiza a
importância dos envolvimentos emocionais na formação da personalidade e na capacidade de
formar relações saudáveis ao longo da vida. No contexto moderno, as pessoas estão cada vez
mais preocupadas com questões de relacionamento, especialmente entre os jovens, o que pode
influenciar seriamente as suas decisões em relação ao namoro, matrimônio e/ou formação
familiar.
A relevância fundamental deste estudo está na sua habilidade potencial de examinar o
progresso de intervenções psicológicas ajustadas ao ambiente. Adicionalmente, a pesquisa tem
como objetivo criar um entendimento significativo ao reunir intervenções direcionadas para
esse contexto.
A aplicação da teoria do apego nestas intervenções pode desempenhar um papel crucial
no desenvolvimento de relacionamentos saudáveis e resilientes. Nesse sentido, programas de
parentalidade positiva, terapia de casais e grupos de apoio surgem como exemplos concretos de
intervenções que incorporam os princípios fundamentais do apego, visando assim nutrir e
fortalecer relacionamentos saudáveis.
A pertinência deste projeto é evidenciada pela sua contribuição para o desenvolvimento
do entendimento sobre a Teoria do Apego dentro da literatura existente. Ao fazê-lo, esperamos
contribuir ao enfatizar o papel do psicólogo na gestão de tal cenário, ao mesmo tempo em que
buscamos colaborar de maneira significativa para o desenvolvimento de futuros trabalhos
relacionados ao tema referido.

3. OBJETIVO GERAL

Identificar as transformações paulatinas, a dimensão emocional presente nos vínculos


de apegos nos relacionamentos amorosos entre universitários da FAMETRO (Faculdade
Metropolitana de Manaus).

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Mensurar os estilos de apego dos participantes;


b) Compreender as vivências do casal, tais como: Como se conheceram, como o vínculo
foi construído, dados que nos permita ter uma noção a respeito da história de amor desse casal;

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c) Compreender as estratégias que os casais utilizam para lidar com as dificuldades
dentro do relacionamento;
d) Compreender a percepção do casal acerca do próprio relacionamento amoroso, ou
seja, como o casal enxerga o relacionamento e sua cooperação dentro do mesmo.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1. Teoria do apego

Desenvolvida inicialmente pelo médico psiquiatra de orientação psicanalítica, Dr. John


Bowlby, a teoria do apego busca explicar como nós possuímos padrões aprendidos para nos
relacionar, no que tange o envolvimento, desenvolvimento e dinâmicas relacionais em que mais
de uma pessoa está envolvida, seja em uma relação de família, amizade e principalmente para
o foco desta pesquisa, relacionamentos amorosos.
Segundo Mary Ainsworth(1974) os estilos de apego são estilos adaptativos relacionais
que são formados a partir da infância e podem ao longo do tempo ser modificados tanto por
fatores genéticos, ambientais quanto psicológicos, sendo este último tanto traumas assim como
intervenções psicológicas e até mesmo o próprio relacionamento da pessoa, ou redes de
relacionamentos.

4.1.1 - Surgimento da Teoria do Apego.

John Bowlby, psiquiatra de orientação psicanalítica, passou a observar hospitais em prol


de resolver um problema, a alta taxa de mortalidade de crianças nos hospitais por enfermidades
tais como gripe, viroses, catapora e etc. Ao observar hospitais que tinham uma taxa de
mortalidade consideravelmente melhor e ao comparar com os hospitais que tinham uma taxa
de mortalidade maior, Bowlby descobriu que o problema da alta taxa de mortalidade era que as
crianças ao serem internadas, eram separadas de seus cuidadores, ou seja, separadas das suas
figuras de vínculo.
Bowlby atentou que no outro hospital onde a taxa de mortalidade de crianças era
consideravelmente menor, as enfermeiras eram mais próximas da criança oferecendo o apoio e
suporte que chegavam perto do suporte que o cuidador(mãe) fornecia para a criança. Isso deixou
o Dr. John Bowlby intrigado, pois ao comparar com os outros hospitais, as enfermeiras não
forneciam o apoio e suporte para a criança, fazendo com que isso fosse uma suspeita pois era o
único fator de diferença entre esse hospital que tinha uma taxa de mortalidade
consideravelmente menor comparado aos demais.
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Com esse ponto de partida, Bowlby orientou que as enfermeiras dos hospitais com alta
taxa de mortalidade passassem a ficar mais próximas e oferecer mais apoio, em forma de
carinho, conversa e etc. com as crianças que estavam internadas. Como esperado por Bowlby,
gradualmente a taxa de mortalidade das crianças internadas começou a reduzir. Essa hipótese
trazida por Bowlby foi comprovada e isso fez com que o mesmo tomasse fama gerando assim
incômodos aos grandes teóricos e profissionais de Psicologia da época. O surgimento de uma
grande Teoria, que hoje é aceita de forma praticamente universal por várias correntes da
Psicologia, teve seu início marcado através da solução de um problema que teve como etapas
uma observação entre um fenômeno em comum dentro de hospitais infantis e uma intervenção
com base no problema encontrado para averiguar a hipótese levantada por Bowlby.

4.1.2 - Experimentos:

Bowlby com o tempo passou a construir sua teoria, usando como base conceitos da
biologia evolucionária, etologia, psicanálise, teoria de controle e ciências cognitivas.
Esse embasamento realizado por Bowlby foi de extrema importância para o mesmo se
proteger contra as correntes teóricas reducionistas da época, buscando assim enfatizar
mecanismos que tinham puramente funções adaptativas, competências humanas e ações
humanas importantes para a modificação do ambiente.
J. Bowlby (1989) considerou o apego como um mecanismo de base, incluído nos seres
humanos. Ou seja, é um comportamento programado biologicamente, como o mecanismo de
alimentação, da sede e da sexualidade, sendo um sistema de controle homeostático, que
funciona dentro de um contexto de outros sistemas de controle responsáveis por outros
comportamentos em si.
Segundo Cassidi (1989) O papel do apego na vida dos seres humanos envolve o
conhecimento de que uma figura de apego está disponível e supre as necessidades do indivíduo,
assim buscando proporcionar sentimentos e apoio relacionados a segurança e a sobrevivência
que são fortalecedores da relação.
De acordo com J. Bowlby (1973), o relacionamento da criança com os pais é instaurado
por um conjunto de sinais inatos do bebê, que demandam proximidade. Com o passar do tempo,
um verdadeiro vínculo afetivo se desenvolve, garantido pelas capacidades cognitivas e
emocionais da criança, assim como pela consistência dos procedimentos de cuidado, pela
sensibilidade e responsividade dos cuidadores. Por isso, um dos pressupostos básicos da TA é

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de que as primeiras relações de apego, estabelecidas na infância, afetam o estilo de apego do
indivíduo ao longo de sua vida (BOWLBY, 1989).
Com o passar do tempo, outros profissionais ajudaram na construção da Teoria do
Apego. Aqui para fins exemplificativos daremos destaque a Mary Ainsworth que através do
seu experimento intitulado como "Situação Desconhecida" pode aferir que existem diferentes
estilos de apego, sendo que cada um possui um padrão base diferente que influencia diretamente
na maneira que nós nos relacionamos com nossos cuidadores.
Mary Ainsworth através de observações em grupos de crianças passou a identificar dois
grupos base de estilos de apego, ou seja, diferentes formas da criança lidar com seu cuidador,
ela atribuiu o nome desses grupos de estilos de apego de: seguros e inseguros.
Segundo Mary Ainsworth(1978) a característica que mais distingue um grupo do outro
é que o grupo das crianças intituladas com um estilo de apego seguro, se mostravam confiantes
na exploração do ambiente, tomando como base segura seus cuidadores ao contrário do grupo
de crianças intituladas com um estilo de apego inseguro, que se mostravam pouco confiantes e
tinham ou pouca ou forte relação intensa com seu cuidador, no caso, sua mãe.
Esse era o "background" inicial para conhecermos o maior experimento dentro do
campo da Teoria do Apego que é a "Situação Desconhecida". O objetivo de Mary Ainsworth
com esse experimento foi se aprofundar ainda mais, para assim entender cada aspecto dos
estilos de apego e como os estilos de apego se portavam perante uma situação de exploração de
ambiente longe dos seus cuidadores. O experimento consistia em separar um grupo de crianças
de 6 meses a 2 anos, com suas mães e colocá-las em uma sala junto a um ajudante participante
da pesquisa.
Conforme Mary(1979), o objetivo era voltado para a mãe ficar junto com a criança,
estimulando-a brincar com os brinquedos espalhados pela sala. Em seguida, depois que a
criança estava confortável a brincar do lado da mãe, o ajudante entrava na sala e brincava junto
com a criança e a mãe. Enquanto ambos estavam habituados naquela situação, o ajudante da
pesquisa fez um sinal para a mãe sair da sala, com isso, notou-se que cada criança se comportou
de um jeito diferente, caracterizando 3 padrões comportamentais base. Nominados como os
estilos de apego: Seguro, Ansioso e Evitante.
4.1.3 - Os estilos de apego identificados no experimento intitulado como "Situação
Desconhecida:

Esse experimento foi o marco mais importante dentro da história da Teoria do Apego,
pois o mesmo possibilitou a identificação dos estilos de apego com mais precisão. Os estilos de
apego possuem uma função que é a de adaptação e sobrevivência.
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De acordo com Mary Ainsworth(1978) a dependência é algo que sempre existiu e existe.
Quando nascemos somos extremamente vulneráveis e dependentes dos nossos cuidadores, ou
seja, dependemos dos mesmos para nossa proteção, alimentação, cuidados e etc. Um fator que
altera nosso estilo de apego é o próprio ambiente, o ambiente envolve não somente o espaço
em si mas também as pessoas e principalmente nossa figura cuidadora.
Segundo Mary Ainsworth(1979) um ambiente onde se permita a exploração segura do
mesmo, onde a figura cuidadora está ali como base de apoio, onde as necessidades da criança
são supridas e principalmente onde essa criança tenha estímulos para se sentir segura ao
explorar o ambiente, tem uma alta probabilidade de fazer com que essa criança desenvolva um
estilo de apego seguro.
No experimento as crianças com estilo de apego seguro ao notar a saída da mãe da sala,
tornavam a chorar por conta da saída da mãe, porém assim que a mãe retornava a criança ia lá
com a mãe e logo depois voltava a brincar com os brinquedos da sala. Ou seja, a mãe era como
uma base para que aquela criança se sentisse confortável ao explorar o ambiente.
Segundo Amir Levine (2021) (Livro: Apegados) apesar das pessoas que possuem um
estilo de apego seguro, há casos em que o ambiente é hostil e para sobrevivência sendo assim
necessário que ambos, cuidador e criança, fiquem juntos pois uma separação pode significar
trágicas consequências tal como o fim da vida. Um ambiente assim, hostil e inseguro, favorece
o aparecimento de um estilo de apego ansioso, onde a característica mais marcante é o anseio
de qualquer possibilidade de separação da figura cuidadora.
Contudo, dentro do seu experimento, Mary Ainsworth(1978) descreve que o estilo de
apego ansioso no experimento foi evidenciado por um desespero notado na criança assim que
a mãe saiu da sala. Quando isso ocorreu a criança ficou aos prantos, com sinais visíveis de
desespero, logo assim que a mãe retornou, a criança continuou chorando mesmo no colo da
mãe, deixando assim de voltar a brincar com os brinquedos espalhados na sala.
Mary Ainsworth (1978) também descreve o estilo de apego ansioso, como um estilo de
apego que possui uma hipersensibilidade natural a qualquer diferença que possa indicar uma
sensação de separação. Pessoas com estilo de apego ansioso são mais sensíveis a
experienciarem aspectos emocionais que envolvem possibilidades mínimas de um “abandono”
mesmo que por um curto espaço de tempo, como no caso dentro do experimento, quando a mãe
saiu da sala por menos de 4 minutos.
Segundo Levine (2021) Há casos em que o ambiente é muito violento e para a
sobrevivência é necessário cada um correr com suas próprias pernas, ou seja, aprender a se virar
sozinho para poder sobreviver. Um exemplo de ambiente assim são ambientes em que a figura
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cuidadora abandona a criança e esta passa a ter que sobreviver por conta, criando assim uma
independência precoce.
Segundo Levine(2021) O estilo de apego evitante tem a probabilidade maior de se
desenvolver em um ambiente assim, principalmente se ocorrer trocas constantes da figura
cuidadora. Nesse caso, se apegar a figura cuidadora não é algo viável pois a mesma está em
constante mudança, sendo algo imprevisível, com isso em vista, para a criança lidar com isso,
passa a desenvolver mecanismos de adaptação para evitar lidar com essa dor sendo descontando
em prazeres momentâneos, evitando ou adotando meios e posturas para suprimir isso.
No experimento, as crianças com estilo de apego evitante se portavam de forma
indiferente quando a mãe saía, somente olhando a mãe sair e novamente voltando a brincar.
Porém, ao investigar mais a fundo com medidores de batimento cardíaco, notava-se que a
criança experienciara a separação quando a mãe saía da sala, porém a mesma conseguia
suprimir isso, evitando passar por essa dor.
Segundo Heller(2021) há um quarto estilo de apego inseguro que não se encaixa nem
no estilo de apego ansioso e evitante, por ter características de ambos. Esse estilo de apego foi
identificado como estilo de apego ambivalente ou desorganizado, o mesmo representa menos
de 3-4% dos estilos de apego, sendo algo raro, o mesmo pode evidenciar uma criação bem
instável e trágica de um ser humano.

4.1.4- Os estilos de apego nos relacionamentos amorosos.

Importante ressaltar que os estilos de apego não são elementos estáticos, mas sim
mutáveis. Primeiramente os mesmos são desenvolvidos quando crianças, porém vivências,
experiências assim como intervenções psicológicas podem fazer com que o mesmo se
modifique.
A interpretação de primeiro amor bem-sucedido ou malsucedido pode modificar o estilo
de apego na adolescência, um abandono forte da figura cuidadora pode gerar modificações, por
isso é de extrema importância estar aberto a potenciais mudanças de um estilo de apego
inclusive mesmo dentro de um relacionamento amoroso.
Segundo Levine (2021) Um estilo de apego seguro pode influenciar uma pessoa com
estilo de apego inseguro a adotar comportamentos e posturas mais seguras fazendo com que a
médio e longo prazo o mesmo acabe se modificando para um estilo de apego seguro. Porém o
lado inverso acontece, onde uma pessoa com um estilo de apego inseguro pode influenciar uma

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pessoa de apego seguro a adotar posturas inseguras dentro de um relacionamento, fazendo com
que o mesmo passe a desenvolver um estilo de apego inseguro.
Dentro de um relacionamento amoroso o estilo de apego seguro é o estilo que adota uma
postura de comunicação aberta abraçando assim a vulnerabilidade e a transparência ao lidar
com seu parceiro. Um diferencial é que uma pessoa com estilo de apego seguro não entra no
fenômeno chamado “Carrossel emocional” ou “montanha russa emocional” que é
frequentemente adotado por estilos de apego inseguros.
Esse fenômeno é gerado por conta dos comportamentos adotados pelos estilos de apego
inseguro (ansioso, evitante e ambivalente), pois são comportamentos que geram reações
emocionais fortes, inclusive consequências às vezes desastrosas envolvendo desde violência
psicológica, violência física e em alguns casos, a consequências envolvendo fatalidades e ações
homicidas.
Conforme Levigne (2021) O estilo de apego ansioso, marcado por um sistema de
sensibilidade a qualquer probabilidade de separação, quando sente que seu parceiro está se
distanciando, adota uma classe de comportamentos, chamados de comportamentos de protesto,
que tem finalidade em restabelecer a proximidade e diminuir o afastamento criado. Alguns
exemplos de comportamentos de protesto são:
Segundo Levigne (2021; "Apegados" p.90 e p.91); alguns exemplos de
comportamentos de protesto são:

Conforme Heller(2021) Ambos os comportamentos possuem a função de tentar


restabelecer o contato com o(a) parceiro(a) e obter a sua atenção.

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Seu oposto, o estilo de apego evitante é marcado pela evitação de experienciar a dor,
podendo ser mascarada por uma falsa ideação de super independência do tipo “não preciso de
ninguém”. Ao se sentir vulnerável, a pessoa com o estilo de apego evitante tem a tendência a
adotar comportamentos de desligamento, a fim de suprimir ou evitar o sentimento causado por
estar vulnerável. Uma tendência da pessoa com o estilo de apego evitante é se afastar quando
sente que está de alguma forma se sentindo vinculado de forma mais profunda ao seu parceiro.
Segundo Levine(2021) esse sentimento tende a assustar a pessoa com estilo de apego
evitante, pois a mesma sente que está perdendo de certa forma a sua independência, então para
recuperar a mesma recua e adota comportamentos de desligamento.
Segundo Amir Levigne (2021; "Apegados; p.129), alguns comportamentos de
desativação/ desligamento comuns são:

Segundo Heller(2021) É importante ressaltar que a forma com que ambos os


comportamentos, tanto os comportamentos de protesto assim como os de desligamento, se
reforçam dentro de um relacionamento de forma muito particular em cada caso. Porém algumas
tendências podem ser observadas sob a ótica da Teoria do Apego.
Conforme Levine (2021) o estilo de apego ambivalente é um estilo inseguro híbrido que
reúne aspectos dos dois estilos de apego inseguros, ansioso e evitante. Ele pode tanto adotar
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posturas de desligamento assim como comportamentos de protesto a fim de chegar ao seu
objetivo, o que a depender pode ser algo bem extremo podendo levar a consequências negativas
e até mesmo bem traumatizantes para ambos os indivíduos.

5. METODOLOGIA

Esta pesquisa possui o caráter quantitativo-qualitativo, pois segundo Minayo; Sanches


(1993) a mesma serve para uma finalidade a obter tantos dados exatos, ou seja, quantitativos
quanto dados subjetivos sobre experiências e vivências, também podendo ser chamados de
dados qualitativos.
Por isso que ambas são de fundamental importância para averiguar a relação dos casais,
ou seja, qualidade, dinâmicas sociais, comportamentos etc. e correlacionar esses dados sob a
ótica da Teoria do Apego de John Bowlby. Nossa pesquisa de dados será quanti e quali estando
dividida em 3 etapas, onde a primeira etapa é voltada para coletarmos dados objetivos, ou seja,
dados quantitativos e as outras 2 etapas são voltadas para entender melhor a experiência do
casal e a experiência de cada indivíduo, ou seja, coletar dados qualitativos.
5.1. Aspectos Éticos

É de extrema importância que todos os aspectos éticos sejam respeitados segundo a


Resolução 466 (2012), principalmente estes que se encontram na sessão III:

5.1.1. Sessão III.1:


a) respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia,
reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e
permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa, livre
e esclarecida;
b) ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais,
individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o
mínimo de danos e riscos;
d) relevância social da pesquisa, o que garante a igual consideração dos
interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio
humanitária.

5.1.1. Sessão III.2:


d) buscar sempre que prevaleçam os benefícios esperados sobre os riscos e/ou
desconfortos previsíveis;
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e) utilizar os métodos adequados para responder às questões estudadas,
especificando-os, seja a pesquisa qualitativa, quantitativa ou quali-quantitativa;
g) obter consentimento livre e esclarecido do participante da pesquisa e/ou seu
representante legal, inclusive nos casos das pesquisas que, por sua natureza,
impliquem justificadamente, em consentimento a posteriori;
i) prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a
proteção da imagem e a não estigmatização dos participantes da pesquisa,
garantindo a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das
comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou de aspectos
econômico-financeiros;
h) contar com os recursos humanos e materiais necessários que garantam o bem-
estar do participante da pesquisa, devendo o(s) pesquisador(es) possuir(em)
capacidade profissional adequada para desenvolver sua função no projeto
proposto;
m) comunicar às autoridades competentes, bem como aos órgãos legitimados
pelo controle Social, os resultados e/ou achados da pesquisa, sempre que estes
puderem contribuir para a melhoria das condições de vida da coletividade,
preservando, porém, a imagem e assegurando que os participantes da pesquisa
não sejam estigmatizados;

Os participantes serão contatados de duas formas, uma por typeform e divulgação em


mídias sociais e por contato presencial em salas de aula. Uma triagem será realizada para
selecionar os participantes de acordo com os requisitos descritos na sessão "Participantes" em
seguida o TCLE será enviado conforme descrito nas normas do código de ética especificando
de maneira clara, concisa e objetiva, descrevendo o processo de pesquisa, riscos e benefícios
da mesma.
As etapas da pesquisa começaram mediante a entrega do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE), garantindo assim a segurança do participante assim como seu
consentimento em fazer parte da pesquisa.
A pesquisa envolverá ambos os grupos, sendo grupos vulneráveis ou não, desde que os
participantes preencham os pré-requisitos básicos descritos na sessão "Participantes".
Alguns desconfortos provenientes podem vir a surgir como dificuldade em
autorrevelação de pontos delicados frente ao parceiro, por conta disso, o roteiro de perguntas
foi estruturado para que na etapa de entrevista com o casal, evitasse temas que poderiam gerar
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um clima polêmico e de desconfiança entre os participantes. Algumas perguntas mais pessoais
e mais comprometedoras para fins de coleta de dados, serão realizadas na etapa de entrevista
com o participante, para assim proteger informações sigilosas e pessoais de cada pessoa, tendo
em vista que buscamos proteger os participantes e evitar eventuais conflitos.
Caso os participantes da entrevista venham a ter fortes reações de desconforto, a
entrevista será interrompida imediatamente, mediante também o consentimento do participante
da interrupção da mesma, posteriormente será avaliada se a mesma será refeita ou para a
segurança do paciente, não será refeita.
Para fins de segurança, os dados, assim como as respostas serão mantidas em anonimato.
Portanto, nenhum nome, idade, curso, respostas serão divulgados, conforme também descrito
no TCLE.
5.2. Participantes

Trabalharemos com uma amostra de 50 pessoas, totalizando 25 casais, na faixa dos 18


a 30 anos, sendo que o relacionamento de ambos tem que ter no mínimo 6 meses para que a
coleta de dados qualitativos seja mais precisa.
Para participação, os candidatos à pesquisa, precisam residir em Manaus/ Amazonas. A
idade dos participantes tem que ser entre 18 a 30 anos de idade. Pelo menos um membro do
casal precisa ter algum vínculo, seja de trabalho ou de estudos acadêmicos com a Faculdade
Metropolitana de Manaus. A idade mínima é de 18 anos e máxima de 30 anos de idade.
Não serão aceitas pessoas que residem em quaisquer outros locais que não sejam
Manaus/ Amazonas, assim como, aqueles com idade inferior a 18 anos e superior a 30 anos.
Pessoas que não possuem um membro do casal vinculados à Faculdade Metropolitana de
Manaus, também não estará apto para participar da pesquisa acima mencionada.

5.3. Local de Pesquisa

Um critério básico é que essas pessoas devem ter algum vínculo com a Faculdade
Metropolitana De Manaus, seja estudante ou funcionário para assim darmos procedimento a
pesquisa. O local é marcado por ser um grande centro universitário da qual já foi uma faculdade.
O mesmo possui um público bem diversificado a fim de que o local já favoreça o surgimento
de relações entre as pessoas que o frequentam.

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O local promove além das classes acadêmicas e variabilidade de cursos, eventos
internos e externos que promovem o envolvimento dos alunos, além de ter uma megaestrutura
bibliotecária e espaços amplos onde vínculos são inicialmente criados através de conversas.
Com isso o local entrega elementos de um ambiente propício para a coleta de resultados
conforme o nosso público-alvo escolhido e o nosso objetivo, sendo assim o mesmo uma valiosa
mina de informações que utilizaremos para a construção deste presente trabalho.

5.4. Coleta de Dados

A coleta de dados da pesquisa será dividida em 3 etapas, onde a primeira etapa trata da
coleta de dados quantitativos dos indivíduos, a segunda se trata da coleta de dados qualitativos
do casal, ou seja, coleta de experiências e vivências do casal e finalmente a terceira etapa, que
se trata da coleta de dados qualitativos do indivíduo. Para coletar os dados quantitativos iremos
aplicar o teste ECR-R. Este teste que iremos aplicar, identifica 4 estilos de apego que são: O
estilo de apego seguro, o estilo de apego ansioso, o estilo de apego evitante e o estilo de apego
ambivalente. Ambos os estilos de apego têm características distintas que mostram como o
indivíduo aprendeu a lidar com suas relações, sejam elas de amizade, familiares ou amorosas.
Criado por Kelly Brennan, Catherine Clark e Phillip Shaver, o teste ECR-R
(Experiences in Close Relationships Scale) é uma escala de perguntas composta por 36
perguntas que irá avaliar o estilo de apego do indivíduo. A escala apresenta assim que finalizada
2 tipos de resultados, um resultado a respeito do estilo de apego da pessoa e um gráfico que
mostra para qual quadrante esse apego tem uma segunda tendência a se comportar.
O gráfico é dividido em 4 quadrantes e cada quadrante se trata de um estilo de apego.
A posição que a bolinha indicadora fica não é exata, ou seja, uma pessoa com um estilo de
apego seguro não vai ser 100% seguro, a depender da indicação da bolinha no gráfico, essa
pessoa terá uma tendência a agir levemente com comportamentos de uma pessoa com estilo de
apego ansioso, evitativo ou ambivalente. Conforme evidenciado na imagem abaixo:

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Imagem retirada do site: https://openpsychometrics.org/tests/ECR.php

Observe que o marcador está no quadrante seguro, porém a posição dele está mais para
o estilo de apego evitante. Ou seja, se trata de uma pessoa com um estilo de apego seguro, ou
seja, majoritariamente é uma pessoa com estilo de apego seguro, porém que a depender da
situação tem uma inclinação para ter reações leves parecidas com estilo de apego evitante.
Nessa etapa, o objetivo é aplicar essa escala avaliativa nas 50 pessoas selecionadas para então
partirmos para a próxima etapa.
Para a coleta de dados qualitativos, serão utilizados os seguintes métodos de coleta de
dados, tais como: Entrevistas com perguntas fechadas e abertas, coleta de histórias de vida,
linha temporal etc. As entrevistas desta etapa estão estruturadas em 3 partes, com perguntas
com diferentes finalidades. Dividimos as perguntas em 3 tipos e cada tipo de pergunta está
contida em cada uma das etapas, sendo perguntas gerais mais triviais para gerar uma primeira
conversação, perguntas sobre como se conheceram até chegar no namoro e perguntas sobre
vivências do relacionamento amoroso em si.
Segundo Gabor (1983) as perguntas formais são ferramentas para coletar informações,
elas podem ser perguntas fechadas assim como podem ser perguntas abertas. Uma pergunta
formal fechada implica uma resposta mais objetiva, ou seja, uma resposta mais afunilada e
direta, contrapondo o outro tipo de pergunta, as perguntas abertas, que dão abertura para uma
resposta mais subjetiva, onde a pessoa tem uma possibilidade maior de dar uma resposta com
mais detalhes e com uma carga emocional maior nas respostas.

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Utilizaremos um preset de perguntas com base nos ensinamentos do livro Psicologia
das Habilidades sociais de Zilda e Almir Del Prette, que nos mostra como tirar o melhor
proveito quando o assunto se trata de fazer perguntas, que permitam que a outra pessoa faça
autorrevelações cada vez mais significativas. O método consiste em fazer uma pergunta fechada
e em seguida fazer perguntas abertas que começam com: "o que", "como" e "por que". Isso fará
com que a entrevista atinja um nível de profundidade bom para uma melhor coleta de dados.
Para coletas de dados qualitativos do indivíduo, utilizaremos as mesmas bases da etapa
anterior, só que aplicadas ao indivíduo. Buscaremos nessa etapa entender a percepção do
indivíduo sobre o relacionamento em que está envolvido. Nessa etapa os indivíduos serão
entrevistados individualmente, para entendermos como eles percebem individualmente o seu
relacionamento, ou seja suas experiências, vivências e elementos essenciais tal como eles lidam
com conflitos e desavenças.
É importante compreender não só os aspectos positivos do relacionamento, mas
também os aspectos negativos, pois a forma com que as pessoas lidam com os conflitos, são
um preditor que definem seus estilos de apego.
Segundo Bolwby (1979) a depender do estilo de apego, comportamentos diferentes são
adotados, por exemplo, se uma pessoa possui um estilo de apego ansioso, sua tendência é lidar
com conflitos adotando comportamentos de protesto, já uma pessoa que possui um estilo de
apego evitativo, tem uma tendência a adotar comportamentos de desligamento. Ambos os
estilos de apego se manifestam principalmente quando conflitos estão em jogo.
Conforme Levine (2021) os estilos de apegos inseguros adotam posturas diferentes,
posturas às vezes agressivas e até passivo-agressivas. Ambas ligadas a violência psicológica e
em alguns casos violência física. Ao contrário de uma pessoa que possui um estilo de apego
seguro, que utiliza a comunicação efetiva e assertiva para lidar com conflitos. Com isso,
esperamos coletar os dados finais para fechar o nosso resultado final e usar a ótica da teoria do
apego para explicar os mesmos.

5.5. Análise de Dados


Conforme Anton (2018) nos fala a respeito da Teoria do apego: “Bowlby, a partir de
amplos estudos a respeito da interdependência humana, elaborou a sua “Teoria da Ligação”,
segundo a qual, o apego fornece à pessoa uma base segura, capacitando-a a regular suas
emoções e a explorar o mundo. Entre nós, ela se tornou mais difundida como “Teoria do
Apego”. Muito provavelmente, em atendimentos terapêuticos, levar em conta as relações de

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apego do paciente (atuais e pregressas) pode significar maior adesão ao tratamento e, portanto,
êxitos mais consistentes e duradouros” (Anton; “Vínculos e Saúde Mental”; p.45).
Ao analisarmos os dados usaremos primeiramente os dados coletados pela escala ECR-
R, uma escala voltada a identificação dos estilos de apego. Entender os estilos de apego e como
os mesmos se relacionam nos dão um panorama mais preciso acerca das dinâmicas relacionais
do casal.
Conforme Anton (2018) as dinâmicas relacionais e familiares precisam ser entendidas
como um aprofundamento e uma expansão do olhar terapêutico visando assim uma maior
precisão e acurácia ao elaborar dinâmicas, intervenções e psicoeducação dentro da Psicologia.
O entendimento desses dados não possui fim nenhum de achar um culpado ou um “Bode
expiatório”, mas sim com fins colaborativos para ajudar a humanidade.
Segundo Anton (2018; “Vínculos e Saúde Mental”, p.34):
“O vínculo do ódio implica em isso mesmo, ódio. Trata-se de laços que são por si só,
essencialmente destrutivos. Os demais - do Conhecimento e do Amor, amplamente
examinados por Bion, e do Reconhecimento, introduzido por Zimmermann - abrigam
perfeitamente as contradições humanas. Conflitos movimentam-se entre pulsões e
desejos, anseios e temores, sentimentos (os mais diversos), representações mentais,
crenças, valores, pensamentos e ações… nada é inteiramente puro, isento de qualquer
mácula. Mas, quando há predomínio, por assim dizer, do bem (pessoal e
compartilhado), respeito por si mesmo e pelo outro, capacidade de dar e de receber,
estabelecendo trocas mutualmente vantajosas, pode-se pensar que o Amor está presente
e que é ele, justamente ele que faz toda a diferença.”

Segundo Anton(2002) o vínculo pode ser entendido como:


“Vínculo é tudo aquilo que liga, ata ou aperta. É nó, é liame. É o que dá nexo e sentido
às frases e à própria vida. Vincular-se significa “relacionar-se com… eternizar-se…
perpetuar-se… imortalizar-se”. Em síntese a busca de vínculos equivale à busca pela
própria vida, pela sua preservação, pelo seu desenvolvimento, pela sua continuidade…
(Anton, 2002, p.17)

Ao analisarmos os dados, buscaremos entender o grau de empatia que o casal possui um


com o outro e principalmente o grau de abertura e confiança que os integrantes do casal
possuem. Tendo em vista que, segundo Ainsworth(1979) os mesmos são indicadores da
qualidade dos relacionamentos.
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Conforme Anton (2018) a empatia é um elemento que correlaciona a uma espécie de
identificação com o próximo, com afinidade, sincronização sendo ingredientes essenciais para
que se ocorra uma compreensão genuína.
Segundo Bitancourt(2017) sobre elementos que são facilitadores de abertura:
“Vários são os ingredientes que facilitam a abertura, como por exemplo sensibilidade,
reconhecimento e aceitação do outro, juntamente com um olhar que se propõe a não
julgar.”(Bitancourt, 2017, p. 452)
Conforme também descrito por Bolwby (1982) acerca de elementos influenciadores e
criadores de um vínculo:
“Darwin, já em 1982, trazia à tona um dos aspectos mais valorizados na Teoria da
Comunicação, observando que “os movimentos de expressão conferem, vivacidade e
energia ao que falamos. Revelam os pensamentos e intenções dos outros mais
verdadeiramente do que palavras, que podem ser falsas… Esses resultados decorrem,
em grande parte, da íntima relação existente entre quase todas as emoções e sua
manifestação exterior…” (Bolwby, 1982, p.127)

Segundo Anton (2018) é importante salientar que no que tange a comunicação, um


aspecto deve ser levado em conta que é o quanto as vivências prévias e traumáticas podem
distorcer a interpretação dos sinais.
Ao analisarmos os dados juntaremos todos os achados seguindo o princípio da Gestalt:
“O todo é muito maior do que a soma das partes.” Principalmente para o entendimento das
relações entre os estilos de apego, principalmente os seguros, que segundo Anton(2018):
“Relações de apego seguros encontram-se na raiz do desenvolvimento harmônico,
especialmente no que tange à saúde mental. Mas apegos inseguros e perdas traumáticas tendem
a produzir quadros de depressão, ansiedade e outros desequilíbrios diversos.” (Anton,
“Vínculos e Saúde Mental, p. 53)
Ao analisarmos as respostas dos indivíduos acerca da percepção dos mesmos sobre o
relacionamento, buscaremos elencar alguns episódios desconfortáveis e até mesmo traumas que
possam vir a ser relatados, a fim de mapear estratégias que os mesmos usam para mediar os
conflitos.
Utilizaremos o entendimento e reflexão de Anton (2018) acerca do trauma:
“Entende-se como trauma uma sensação de impotência diante das situo de risco reais
ou fantasiadas, associadas a mutilações físicas, psíquicas ou a própria morte. Em
algum grau, traumas são inevitáveis, se forem levadas em conta circunstâncias
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naturalmente vivenciadas na infância, quando o ego ainda não tem suficientes recursos
de adaptação defesa e, talvez, de superação.” (Anton(2018), “Vínculos e Saúde
Mental” P.53).
Um outro fator a ser analisado nas respostas é a noção de independência, dependência
e interdependência do indivíduo. Sendo que seu nível de relação com isso é um indicativo de
informações valiosas acerca do indivíduo confirmando assim seu estilo de apego.
“Bolwby (1982 e 1984) sugere que não existe algo como super dependência ou
independência verdadeira, existe apenas dependência eficaz ou ineficaz. (…) Quanto mais
eficazmente dependente seja uma pessoa, mais confiante-mente separada e autônoma ela poderá
ser. (…) Bolwby também enfatiza que nenhuma estratégia de apego é disfuncional em si
mesma. Uma estratégia como evitação extrema pode ser funcional (…). Os problemas surgem
quando as estratégias se tornam rígidas e aplicadas globalmente a novos contextos. Essa
perspectiva ajuda o terapeuta a adotar uma postura de validação, respeito e igualdade para os
clientes (Johnson, 2012, p.99)
Com isso se fecha a nossa análise dos dados. Alegamos que os mesmos serão
primeiramente organizados a fim de acharmos uma tendência de comportamentos para cada
estilo de apego.

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6. REFERÊNCIAS

Psychometrics and Validity of the Dutch Experiences in Close Relationships–Revised


(ECR–r) in an Outpatient Mental Health Sample. Disponível em:
<https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00223891.2012.740540>. Acesso em: 24 nov.
2023.

LEVINE, A.; HELLER, R. Apegados. [s.l: s.n.]. p. 90; 91; 129

CAMARATTA ANTON, I. Vínculos E Saúde Mental. [s.l: s.n.]. p. 17; 34; 45; 53.

AMANDA; VICENT CASSEPP-BORGES. Entendendo os Relacionamentos Íntimos com


Comportamento Abusivo por meio da Teoria do Apego. Interamerican Journal of
Psychology, v. 55, n. 1, p. e1276–e1276, 30 abr. 2021.

PAULA, A.; MARIA APARECIDA CREPALDI. O apego desenvolvido na infância e o


relacionamento conjugal e parental: Uma revisão da literatura. Estudos e Pesquisas em
Psicologia, v. 19, n. 1, p. 238–260, 2019.

REGINA, V. Cognição social e teoria do apego: possíveis articulações. Psicologia: Reflexão e


Crítica, v. 16, n. 2, p. 403–410, 1 jan. 2003.

JULIANA XAVIER DALBEM; DÉBORA DALBOSCO DELL'AGLIO. Teoria do apego:


bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento. Arquivos
Brasileiros de Psicologia, v. 57, n. 1, p. 12–24, 2023.

SHEILA GIARDINI MURTA et al. Intimidade e apego no namoro: implicações de estudos de


caso para prevenção à violência. Contextos Clínicos, v. 12, n. 1, 8 abr. 2019.

CAROLINA, A. Relacionamentos amorosos: a influência dos estilos de apego, das cores do


amor e do uso de aplicativo de namoro. App.uff.br, 2013.

CERDEIRA, D. O OLHAR DA TERAPIA COGNITIVA FOCADA EM ESQUEMAS SOBRE


RELACIONAMENTOS AFETIVO-SEXUAIS. Amazônica - Revista de Psicopedagogia,
Psicologia escolar e Educação, v. 10, n. 2, Jul-Dez, p. 140–168, 2017.

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ANEXO 1 – TCLE, pág. 1

24
ANEXO 1 – TCLE, pág. 2

25
ANEXO 1 – TCLE, pág. 3

26
ANEXO 1 – TCLE, pág. 4

27
ANEXO 2 – ECR-R

28
ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO 1 – INDIVIDUAL

29
ANEXO 4 – QUESTIONÁRIO 2 – CASAL

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