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IEFE – INTITUTO DE EVOLUÇÃO EDUCACIONAL

CURSO DE PEDAGOGIA

RAFAELE CAROLINE RODRIGUES LEITE

ARTIGO ACADÊMICO PARA CONCLUSÃO DE CURSO

SÃO PAULO-SP
2021

1
RAFAELE CAROLINE RODRIGUES LEITE

A CONSTRUÇÃO DO PAPEL DE GÊNERO NA ED. INFANTIL A


PARTIR DO BRINCAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à IEFE – INTITUTO DE EVOLUÇÃO
EDUCACIONAL ,
como requisito parcial para a obtenção do título
de graduado em Pedagogia.

SÃO PAULO- SP

2021
2
A CONSTRUÇÃO DOS PAPEIS DE GÊNERO NA ED. INFANTIL A PARTIR
DO BRINCAR

LEITE, Rodrigues Caroline Rafaele ¹ Faculdade de Educação Paulistana – FAEP  – São


Paulo- SP

RESUMO

Este trabalho tem como intuito questionar e aprofundar nos estudos sobre gêneros na educação
infantil como algo principal no desenvolvimento na primeira infância. O tema foi sugestionado
diante as decorrências de fatos atuais, onde a empecilhos que dificultam seu entendimento. É
explícito o bloqueio que pais, responsáveis e educadores encontram diante do tema. A
identidade de gênero é um assunto vasto, onde há muito a ser estudado e compreendido, ela se
caracteriza quando o indivíduo se identifica socialmente e historicamente como masculino e
feminino. O brincar é o primeiro estágio para se desenvolver e construir seu papel dentro do
meio e da sociedade em que vivemos.

3
Palavras-chave: Gênero; Educação Infantil; Desenvolvimento; Papel Social; Brincar.
RODRIGUES LEITE, Rafaele Caroline. The construction of the gender role in early
childhood education through play: 2021. 27 págs. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Pedagogia) – IEFE – INTITUTO DE EVOLUÇÃO EDUCACIONAL

ABSTRACT

This work aims to question and deepen studies on gender in early childhood education as
something main in early childhood development. The theme was suggested in light of current
events, where the obstacles that make it difficult to understand. The blockade that parents,
guardians and educators face on the subject is explicit. Gender identity is a vast subject, where
there is much to be studied and understood, it is characterized when the individual identifies
himself socially and historically as male and female. Playing is the first stage to develop and
build your role within the environment and society in which we live.

4
Key-words: Genre; Child education; Development; Social role; Play.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Diferenciação..........................................................................................7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNCC Base Nacional Comum Curricular


CNE Conselho Nacional de Educação
LGBT Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros PCN
Parâmetros Curriculares Nacional

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO.......................................................................................................5

2. GÊNERO E SUAS DEFINIÇÕES...........................................................................6

3. A INCORPORAÇÃO DO GÊNERO NA ED. INFANTIL........................................9


4. APLICAÇÕES DO GÊNERO EM SALAS NOS DIAS ATUAIS: DIALOGO E
REFLEXÃO................................................................................................................12
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................15
BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................16

1. INTRODUÇÃO

Ao correlacionar a temática do gênero na educação infantil com crianças de 0 a 3 anos


e meio, percebe-se o quanto o tema se mostra ainda visto como um tabu na Educação Infantil
assim como em nossa sociedade.
A criança quando brinca expressa todos os seus sentimentos, este processo do brincar

5
proporciona a estimulação, coordenação motora grossa e fina, e ajuda na socialização com
outras crianças, e juntas criam e recriam situações de seu cotidiano.
Ao abordar o tema gênero na educação infantil da qual fase caracteriza-se por um
período de descobertas, onde as crianças passam a ter preferências por cores, e por
determinados brinquedos específicos. É notório o quanto os educadores podem influenciar na
construção de sua identidade.
É evidente que desde muito pequenos as características do gênero são inegáveis.
Muitos profissionais da área da educação se mostram com dificuldade para se trabalhar a cerca
desse tema, demonstrando muitas vezes desinteresse ou falta de informação sobre o assunto. O
questionamento que fica perante o tema é :”O ato de brincar contribui ou delimita a formação
do gênero na criança de educação infantil?”.
A cerca disto é necessário considerar que o assunto mostra-se importante, pois
atualmente é necessário considerar as diferenças e desigualdades que podemos encontrar no
ambiente escolar, ao tratar-se das crianças nesta faixa etária onde o desenvolvimento infantil
está em potencial e crescente é necessário à compreensão de dada realidade.
É necessário teorizar a importância de se trabalhar gêneros em salas de educação
infantil, entre 1 a 3 anos e meio, a partir do brincar, sendo brincadeiras livres ou dirigidas.
Com um intuito de construir um ensino livre de gêneros, onde conceituar abertamente
com pais e responsáveis sobre o trabalhar gêneros em salas de educação infantil, não seja visto
como um tabu, e propor brincadeiras sem importâncias de gêneros para Educação Infantil.
Para a realização desse trabalho de conclusão de curso, foram pesquisados alguns
autores como Nalu Faria, Vygotsky, Guacira Lopes Louro, juntamente artigos acadêmicos
publicados em 2017 e 2014, foi consultado o Parâmetro Curricular Nacional, na parte de
orientação sexual.

2. GÊNERO E SUAS DEFINIÇÕES

Os estudos sobre gêneros se iniciou á anos atrás, mas foi em meados de 1980 que o
movimento feminista reivindicou para que essas questões fossem reconhecidas. Joan
Scott publicou um artigo na época do qual apontava suas elucidações acerca deste tema,
revelando que gênero se enquadra na organização social de cada indivíduo, frisando as
diferenças sexuais dos mesmos, e não marginalizando e censurando suas diferenças. O
que segundo Scott (1990):

6
Para proteger o poder político, a referência deve parecer certa e fixa,
fora de toda construção humana, parte da ordem natural ou divina. Desta
maneira, a oposição binária e o processo social das relações de gênero
tornam- se parte do próprio significado de poder; pôr em questão ou
alterar qualquer de seus aspectos ameaça o sistema inteiro. (SCOTT,
1990, p.92).

A ciência ainda não encontrou uma resposta do porquê de algumas pessoas não se
identificarem com seu sexo biológico, tendo diversas versões existentes diante este tema,
sendo por questões sociais, ou hormonais. O fato que caracteriza questões de gênero surge a
partir de que se é uma identidade, e não uma questão ideológica, nos dias atuais a expressão
“ideologia de gênero” vem sendo usada como algo depreciativo, do qual critica e ofende
estudos que buscam entender esse tema.

Figura 1. Diferenciação

Fonte: Twitter.

Dando ênfase as suas diferenças entre identidade de gênero e orientação sexual,


notamos que a identidade de gênero está representada na pela letra T da sigla LGBT, que seria
como o indivíduo se identifica, sendo pelo seu sexo biológico ou não, o que determinará será
como o sujeito se entende, ou como ele deseja se reconhecido perante a sociedade. A
orientação sexual tem relação por quais gêneros a pessoa se sente atraída, seja de maneira
física ou emocionalmente.
7
A sociedade se encarrega de rotular e de construir estereótipos em cima dos aspectos
sociais em que a criança possa estar inserida, do qual julgam ser o apropriado o seu papeis de
gênero, associando brincadeiras, brinquedos, cores, determinado pelo sexo biológico. Estudos
realizados afirmam que o brinquedo sendo um objeto sem representações sociais e livres de
gêneros não influenciam questões ligadas ao gênero, o que para Bujes (2004):

É, portanto, a cultura que nos permite dar significado ao objeto


brinquedo, atribuir-lhe um sentido. E a construção do seu significado se
faz no âmbito das práticas discursivas, da linguagem. As representações
de brinquedo, preexistentes num determinado universo cultural terão,
portanto, sobre crianças e adultos um forte papel modulador nos
significados que estes mesmos sujeitos passam a atribuir a tais objetos.
(Bujes, 2004, p.211).

As percepções dos brinquedos estão ligadas as relações culturais e sociais em que o


indivíduo passa a construir ao longo de sua vida, limitando o brincar da criança por formações
de rótulos sob gênero do qual passa a compreender que o ato do brincar possa influenciar na
formação de sua identidade, o que carrega consigo particularidades que mostram suas
singularidades diante os papéis de ser homem, e ser mulher.

Martins (2006) cita:

A brincadeira influencia decisivamente o desenvolvimento global da


criança. Ao brincar, ela aprende a ser e agir diante das coisas e das
pessoas, pois é a partir das ações práticas realizadas que os processos
externos se estruturam, orientando outras ações práticas, mais
autônomas e complexas. Portanto, as brincadeiras infantis destacam-se
no vasto campo social que circunscreve a vida da criança e que
representa a base do desenvolvimento de todos os atributos e
propriedades humanas (MARTINS, 2006, p. 39).

Sendo assim, se torna observável do fato do brincar haver influências sob a atitude das
crianças, um ponto positivo diante a circunstâncias do rompimento de estereótipos usados
surgindo por parte dos adultos, deixando-os livres para criar e recriar suas brincadeiras e
brinquedos.
Bujes (2000) afirma que:

Crianças brincam, seja por iniciativa própria, seja porque são


incentivadas pelos objetivos postos à sua disposição, elas brincam a
despeito das limitações do âmbito social, do que pode ser tomado como
normal e desejável nas condutas dos sujeitos desenvolvidos. (BUJES,
2000, p. 225).
8
Portanto, crianças são seres inertes a quaisquer tipos de preconceitos e discriminações,
usando da brincadeira um jeito de usar sua criatividade e desenvolver suas habilidades
motoras, físicas e cognitivas, sem as limitações de gêneros impostas pelos adultos à sua volta,
sejam educadores, pais ou responsáveis.
Refletindo sobre de forma audaciosa Baggio (2005) afirma que:

As pessoas afetadas vão se sentir amarradas ou presas a um padrão


social, não poderão viver de acordo com as suas possibilidades, com
mais liberdade no campo individual e da produção artística, num
convívio sem rótulos ou classificações (BIAGIO, 2005, p. 35).

O que leva a compreensão que o se trabalhar com gêneros em escolas se torna um


extenso desafio, onde é necessário deixar os rótulos de lado e olhar para o outro de forma
empática, sugerindo assim, um ambiente harmonioso onde todos possam ser o que quiserem
ser, sem restrições de atributos relacionados à suas determinadas identidades construídas ao
longo de vivências pessoais.

3. A INCORPORAÇÃO DO GÊNERO NA ED. INFANTIL

Propor um ensino livre de gêneros em salas de educação infantil, com faixa etária de 0
a 3 anos, se torna um vasto desafio ao lidarmos com o fato de uma sociedade que estimula
crianças desde muito cedo a desenvolverem papéis sociais do qual o corpo social em que o
mesmo está inserida julga por vezes ser o correto, o que torna um argumento generalizado que
causa conflitos externos e internos no indivíduo. Eulatéria Amora da Silva afirmou em uma de
suas entrevistas que as crianças crescem para ser aquilo que esperamos que elas sejam, como
se fossem moldadas pelo seu contexto social, o que seria considerado uma forma de alienação.
O conhecimento de quaisquer aspectos na vida de uma criança inicia-se na infância,
pois é uma fase considerada de suma importância para o desenvolvimento de diversas
dimensões na vida de uma criança, pois é onde ela passa a conhecer o mundo e a si próprio, o
que por vezes ocorre por decorrência do brincar, tido como uma forma da criança se expressar
e por vezes reproduzir o seu cotidiano.
O que segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998):

O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que


assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as
crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e
substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel
9
assumido, utilizando-se de objetos substitutos. (Brasil, 1998, p.27).

Sendo assim, o ato da estimulação do brincar por meio da ludicidade se torna


indispensável diante a análise da educação infantil ser uns dos principais meios de
desenvolvimento da criança, sendo seus processos físicos, sociais, afetivos e cognitivos.
O que de acordo com Santos (2002):

(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser
vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico
facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural,
colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado inferior
fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e
construção de conhecimento. (Santos, 2002, p. 12).

O ato de brincar tem como pretensão o progresso absoluto da criança, para que ela seja
apta à socialização perante a sociedade buscando novas possibilidades de relações pessoais,
compondo o conceito do respeito ao próximo. A relação do brincar se torna significativa para
essa criança que irá carregar consigo ao longo de sua vida experiências relevantes que
influenciaram em seu desenvolvimento psicológico.
Para Oliveira (2000)

No brincar, as crianças vão também se constituindo como agentes de sua


experiência social, organizando com autonomia suas ações conjuntas,
criando regras de convivência social e de participação nas brincadeiras.
(Oliveira, 2000, p. 101)

Ao correlacionar identidade de gênero na educação infantil para os Parâmetros


Curriculares Nacional (1997) devem ser trabalhadas da seguinte forma:

A orientação sexual na escola deve ser entendida como um processo de


intervenção pedagógica que tem como objetivo transmitir informações
problematizar questões relacionadas à sexualidade, incluindo posturas,
crenças, tabus e valores a ela associados. Tal intervenção ocorre em
âmbito coletivo, diferenciando-se de um trabalho individual, de cunho
psicoterapêutico e enfocando as dimensões sociológicas, psicológicas e
fisiológicas da sexualidade. Diferencia-se também da educação realizada
pela família, pois possibilita a discussão de diferentes pontos de vista
associados à sexualidade, sem imposição de determinados valores sobre
outros. (PCN, 1997, p. 28)

Com tanto, observa-se que em salas de aula na educação infantil é proposto algo oposto
do que se está presente no PCN, que por desventuras ocorrem por continuadas divergências
ideológicas por parte dos educadores e educadoras, o que para Louro (1997) os processos
educativos caracterizam-se com:
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Um olhar mais cuidadoso nos mostra que todos os processos educativos
sempre estiveram e estão preocupados em vigiar, controlar, modelar,
corrigir, construir, os corpos de meninas e meninos, jovens, homens e
mulheres...Eles são alvos centrais de muitas pedagogias culturais, que
além das instituições escolares e por vezes de forma sedutora e eficiente
do que essas vinculam saberes, transmitem valores e, efetivamente
acabam por ”produzir” os sujeitos sociais. Nesse processo, as dimensões
de sexualidade usualmente se tornam alvo de atenção privilegiada.
(LOURO, 1997. P. 191)

Sob condição de se tratar da educação infantil onde a principal visão é de um olhar


mais “maternal”, o que por constante caso dificulta o trabalhar questões de gênero nessa fase,
como incluir tal temática em coisas simples no cotidiano como: brincadeiras, jogos, entre
outros. Lidando com o fato constante de trabalhar com gênero, que por vezes discorre de
forma inconsciente por parte dos profissionais, sendo por meio de formação de fila, ou na
forma de julgar ou expressar sentimentos das crianças. “Se educarmos as crianças a partir dos
preconceitos de gênero, estaremos limitando a experiência de ambos” BIAGIO (2005) desta
forma tornando-se necessário atividades livres das quais estimulem as crianças a expressarem
seus sentimentos, logo sabendo lidar com diferenças, mostrando – os que dissemelhanças
existem e que nem por isso torna-se algo errado.
O que para Felipe (1999):

Muitas professoras tomam para si a responsabilidade de vigilância


diante da possível orientação sexual das crianças, especialmente quando
se trata de meninos, pois na nossa cultura muitos adultos veem com
extrema reserva o fato de alguns meninos demonstrarem
comportamentos considerados não apropriados com a sua
masculinidade. Dessa forma, brincar de boneca ou estar
sistematicamente brincando de casinha com as meninas, ou querer
fantasiar-se de personagens femininos, ainda é visto com muita
preocupação por parte de profissionais que atuam em creches e pré-
escolas. (Felipe, 1999, p.58)

A todo o momento as crianças estão procurando novas formas de brincar, de se


conhecer e de conhecer o outro, experimentando assim diversas experiências, das quais
podem ser múltiplas caso não haja limitações por parte dos educadores. O que para Oliveira
(2000):

(...) através do brincar a criança pode desenvolver capacidades


importantes como atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda
11
propiciando a criança o desenvolvimento de áreas da personalidade
como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade
(OLIVEIRA, 2000, p. 67).

É notório o desenvolvimento completo da criança quando ligamos a relação do brincar,


ela passa a construir sua personalidade, da qual distingue de sua identidade o que gera grandes
equívocos acerca do tema identidade de gênero, pois em vista da sociedade brinquedos ou
brincadeiras influenciam crianças perante a sua orientação sexual, levando em consideração a
distinção de ambos temas, cujo podem estar envolvidos em o mesmo contexto, mas que nada
se afiguram.

4. APLICAÇÕES DO GÊNERO EM SALAS NOS DIAS ATUAIS: DIÁLOGO E


REFLEXÃO

O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou a nova base comum curricular, um


documento que assim como o PCN veio para orientar na produção dos currículos em escolas
de educação infantil e fundamental de todo país. Nele veio homologado a retirada da citação
tratando questões de gêneros dentro das escolas, o tema vem sendo usado nos currículos
escolares por base do PCN por mais de 20 anos. Alguns educadores afirmam ser um retrocesso
para a educação, um problema que afeta não somente aos alunos, mas sim toda população.
A BNCC vem com uma breve citação falando sobre preconceito de qualquer natureza,
que vem juntamente com a parte de ensino religioso, para que possa ser discutido “gênero e
sexualidade” de acordo com seus costumes religiosos, claramente o assunto foi ainda mais
tabulado e de certa forma ignorado, o que lacera o papel da escola contra a intolerância e o
preconceito.
De acordo com Louro (1997):

A escola é uma rede de poder presente desde muito cedo na vida das
pessoas. Suas normas e regras vão moldando as identidades de todos os
agentes nela inseridos. Existem diversas estratégias intencionadas a fixar
a identidade feminina ou masculina considerada normal. “Este intento
articula, então, as identidades de gênero “normais” a um único modelo
de identidade sexual: a identidade heterossexual” (LOURO, 1997).

Se torna observável que questões relacionadas ao gênero está inserida em todos os


contextos da vida da criança, e a escola tem um grande papel diante a essa incorporação, tanto
por parte positiva ou negativa, ao nos deparamos com a realidade de que em muitas
instituições de ensino preferem não lidar com essas relações, deixando-as as margens.

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Atualmente, é praticamente inadmissível a abordagem deste tema, com tantas leis
vinculadas que dificultam na inserção do mesmo em salas, cabe ao educador e a escola manter
um ambiente acolhedor e enriquecedor de conhecimentos, promovendo a diversidade, sem
preconceitos e descriminação, sendo ela um dos maiores meios de informações e diálogos.

Para Meyer (2004):

Por razões muito variadas, professores e professoras tendem a se apoiar


em abordagens normativas quando se deparam com questões de gênero
e de sexualidade, e suas ações, nestes campos, são balizadas por saberes
que, supostamente, permitem classificar e diferenciar com certeza o que
é normal e o que é desviante. Nessa direção, as escolas podem ser um
exemplo de instituição em que se reitera, constantemente, aquilo que é
definido como norma central, já que norteiam seu currículo e sua
prática a partir de um padrão único (MEYER, 2004, p. 11).

Partindo dessa concepção, toda comunidade escolar devem trabalhar em conjunto para
a criação de um ambiente livre de estereótipos, pensando-se em seus conceitos sejam deixados
de lado para que não se torne alienante a educação das futuras gerações.
Motta (2004) afirma:

Para se desenvolver uma abordagem realmente inovadora com relação


ao gênero requer uma mudança na linguagem. Não mudaremos as
relações de gênero, as concepções de masculino e feminino se não
repensarmos as formas discursivas através das quais tratamos desses
assuntos (MOTTA, 2004, p. 61).

Ao considerar substancial a participação da comunidade inserida no contexto social da


criança, seja, pais ou responsáveis perante qualquer atividades e projetos decorridos no âmbito
escolar, para que haja ciência dos conteúdos destinados aos alunos.
O que de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(1998):
“No geral, as famílias que porventura tiverem dificuldades em cumprir
qualquer uma de suas funções para com a criança deverão receber toda
ajuda possível das instituições de educação infantil, da comunidade, do
poder público, das instituições de apoio para que melhorem os
desempenhos junto às crianças”. (BRASIL, 1998, p. 84

O que sendo assim,torna-se indispensável um debate sobre o se trabalhar gênero em

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salas de educação infantil, atribuindo um pleno suporte para que haja compreensão perante ao
tema e toda sua construção sócio histórica. A inclusão deste tema pode ser agregada nas
reuniões de pais/responsáveis e professores,em projetos a serem trabalhados durante o ano
letivo.

Para Bujes (2001):


Ao considerarmos que vivemos em contextos culturais e históricos em
permanente transformação, podemos incluir aí também a ideia de que as
crianças participem igualmente desta transformação e, neste processo
acabam também transformadas pelas experiências que vivem neste
mundo extremamente dinâmico (BUJES, 2001, p. 21).

O que reflete perante a tal façanha, uma grande analise sobre a importância do respeitar
esse processo da criança, a incluindo em qualquer temática sem o senso comum de tabular
certos assuntos, tendo em vista o fato da Educação Infantil ser um marco na vida dos bebês,
podendo assim levar para toda sua vida.
Ao trazer para a escola o contexto em que a criança está inserida socialmente se torna
observável a infinidades de diferenças, é respeitável os valores e crenças já trazidas pelas
famílias.
O que segundo PCN (1997):

Não compete à escola, em nenhuma situação, julgar como certa ou


errada a educação que cada família oferece. O papel da escola é abrir
espaço para que a pluralidade de concepções, valores e crenças sobre
sexualidade possa se expressar. Caberá à escola trabalhar o respeito ás
diferenças expressas pelas famílias. (PCN, orientação sexual, pág.305)

O que compreende a escola o valor pelo já trazido do aluno, mas com tudo a instrução
de pensamentos sem preconceitos, onde revelam se um novo olhar para o próximo. A criança
no processo de autoconhecimento consegue distinguir o que é ou não de seu gosto, levando
em consideração que a partir disso surge sua construção da realidade, que pode depender do
cenário já existente na vida dessa criança.
Trevisan (2007) cita:

A criança recebe, transforma e recria aquilo que absorve, modifica e dá-


lhe novos significados. Não é então possível continuar a falar-se de
infância, mas de infâncias, assumindo-se que ela varia de cultura para
cultura, de sociedade para a sociedade, e mesmo dentro de grupos
aparentemente uniformes (TREVISAN, 2007, p. 42).

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O que se entende uma formação de personalidade desde muito cedo, onde se torna
possível a reestruturação de novas ideias, pensamentos, entre outro, ao decorrer da vida desse
indivíduo, sugerindo-se que nenhum tipo de brincadeira pode haver influência perante sua
identidade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dada a importância do assunto na contemporaneidade, onde se torna questionável a


falta de conhecimentos acerca do que é identidade de gênero, de como e porque trabalhar em
salas de aula, ao se dissertar a respeito da Educação Infantil, na primeira infância,
relacionando-o com o brinquedo, o brincar, e suas influências, onde possa gerar conflitos com
a correlação da interferência na vida da criança, com ênfase no desenvolvimento de sua
identidade, da qual torna-se claro segundo pesquisas realizadas que, o brincar independente do
contexto, ou do brinquedo, não delimita na formação do seu eu, e que por contraposto,
contribui em seu progressos, sejam eles físicos, motor, ou psíquico.
Nesse contexto, a abordagem que foi singularizada na Educação Infantil, fase da qual
caracteriza-se como única para o desenvolvimento, exploração, e conhecimento de uma nova
conjuntura de erudição, sendo que através da estimulação por meio do lúdico passa a ter mais
significado para a criança, partindo da ideia de que adéqua-se melhor a sua faixa de idade, as
questões do se trabalhar com gêneros entram nesse enquadramento, cujo torna-se perceptível
a adaptação clara mediante ao tema, flexível nas mais variadas e simples possibilidade de
atividades ou em vivências no cotidiano
Ponderando diante do exposto trabalho, a aplicação da tese “Identidade de gênero”
gera grande polêmica surgindo de fatos atuais que demonstram ser ainda mais crítica a
situação em detrimento do proceder dessa temática em escolas, partindo do pressuposto do
despreparo e nenhum apoio de leis vinculadas para o auxílio da execução de tal questão, do
qual profissionais se encontram com pensamentos e concepções radicadas, levando-os a
posturas poucos consideradas éticas, o que envolve toda a sociedade em busca de um ensino
livre de gêneros e de preconceitos de quaisquer natureza.

BIBLIOGRAFIA

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