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CURSO DE
SEXOLOGIA NA EDUCAÇÃO
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
SEXOLOGIA NA EDUCAÇÃO
MÓDULO I
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou
distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do
conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências
Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL EM SALA DE AULA
1.1 SEXUALIDADE E APRENDIZAGEM
1.1.1 Definições
1.1.2 Educação Sexual – Um Breve Histórico
1.1.3 Necessidade da Educação Sexual
1.1.4 A Deseducação Sexual
1.2 POR QUE EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA?
1.2.1 Dados e Fatos
1.2.2 Declaração dos Direitos Sexuais
MÓDULO II
2 SEXUALIDADE DA CRIANÇA
2.1 DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL
2.1.1 Algumas Características
2.1.2 Tópicos Especiais
2.1.2.1 Freud e a sexualidade infantil
2.1.2.2 Abuso sexual
2.2 LIDANDO COM AS PERGUNTAS DAS CRIANÇAS
MÓDULO III
3 SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA
3.1 PUBERDADE: MUDANÇA DE CORPO
3.1.1 Definições
3.1.2 Corpo de Menina – Mulher
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3.1.3 Corpo de Menino – Homem
3.2 ASPECTOS PSICOLÓGICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
3.2.1 Tópicos Especiais
3.2.1.1 Ficar e namorar
3.2.1.2 Virgindade
3.2.1.3 Masturbação
3.2.1.4 Aborto
3.3 MATERNIDADE E PATERNIDADE NA ADOLESCÊNCIA
3.3.1 Planejamento Familiar
3.3.1.1 Métodos de planejamento familiar (anticoncepção)
3.3.1.2 Como usar a camisinha
3.4 HOMOSSEXUALIDADE EM SALA DE AULA
3.4.1 Pensando a Homossexualidade
3.4.2 Homofobia
MÓDULO IV
4 O PAPEL DO EDUCADOR NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO SEXUAL
4.1 QUEM É O EDUCADOR?
4.1.1 Estratégias de Intervenção Educativa
4.2 CARACTERÍSTICAS DE UM PROMOTOR DA EDUCAÇÃO SEXUAL
4.3 PENSANDO A PRÓPRIA SEXUALIDADE
4.3.1 Viver é Relacionar-se
4.3.2 Sugestões
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MÓDULO I
FIGURA 1 - SEXUALIDADE
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crianças e os(as) adolescentes tornem-se mais conscientes e responsáveis ao
terem conhecimento sobre seus corpos e os direitos sexuais.
A educação sexual tem recebido pouca atenção das políticas públicas
e educacionais. Apesar da Lei de Diretrizes de Base – LDB regulamentar que é
dever da família e, sobretudo, do Estado favorecer o pleno desenvolvimento do
educando e dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (que estudaremos
adiante) aborda a sexualidade – orientação sexual como um dos temas
transversais, as escolas ainda relutam para incluí-la como uma de suas
intervenções pedagógicas.
Além disso, existem alguns(as) professores(as) que acham esse
assunto incômodo e complexo e que eles devem ser transmitindo por uma
pessoa “capacitada”. Por que, então, não se tornar essa pessoa “capacitada”?
A possibilidade que a criança e o(a) adolescente têm de falar sobre a
sexualidade abre um canal para a construção de seus conhecimentos. Cabe
ao(à) educador(a) mediar o aprendizado por meio de músicas, histórias,
poesias, filmes. E, facilitar o clima de descontração e ludicidade.
Encare esse curso como uma “luz”, um início, não o fim em si mesmo.
Abra-se para pensar a sexualidade. Assim, você se encontrará com seus
desejos, suas emoções e sua história de vida. Terá uma oportunidade de
pensar sua sexualidade e, quem sabe, ressignificá-la. Ajudando a você mesmo
(a) e seus alunos e alunas.
Falas como: “Preciso ter mais esclarecimentos para poder responder
de forma correta meus alunos”; “Gostaria de uma especialização”, “Eu me sinto
muito insegura em lidar com o tema”, “Preciso vencer meus preconceitos”, “As
perguntas das crianças me surpreendem” mostram que hoje há interesse de
muitos educadores em atender seus alunos e alunas na questão da
sexualidade. Porém, é preciso ter mais esclarecimentos e formação no tema.
Será abordada aqui a questão da sexualidade na sala de aula. Mas,
muitos outros profissionais e pais podem ganhar em informação e
conhecimento.
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A sexualidade é construída, basicamente, a partir das primeiras
experiências afetivas do bebê com a mãe e com o pai ou com quem
cuida dele. Seguem-se as relações com a família, amigos e as
influências do meio cultural. A capacidade da mãe de tocar o filho,
aconchegá-lo, acolhê-lo psicologicamente, será a base para o
desenvolvimento da resposta erótica e da capacidade de construir
vínculos amorosos e do desejo de aprender. (GTPOS, 1994, p. 7).
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FIGURA 2 - DÚVIDAS
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significados. É importante saber que existe uma diferença e que estudiosos da
área, por falta de padronização dos termos, vem utilizando as duas
terminologias, ora como sinônimos, inclusive.
Alguns dizem que o termo Educação Sexual está em desuso, que ele
foi substituído pelo termo Orientação Sexual. Porém, não há um consenso
sobre isso. Vamos, então, diferenciar conceitualmente os termos.
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1.1 SEXUALIDADE E APRENDIZAGEM
1.1.1 Definições
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hormônios passam a potencializar o que é feminino e o que é masculino, na
visão biológica, formando os genitais internos e as características secundárias.
Formando também a genitália externa, que é o que eu aparento ser
(fenotípico). (QUINTAS, 2002).
Esmiuçando! Os “tipos” de sexo que compõem o aspecto biológico da
sexualidade humana consistem em: Sexo Cromossômico (ou genético): XX
(mulher) XY (homem); Sexo Gonadal: Gônadas femininas: Os ovários;
Gônadas masculinas: Os testículos; Sexo Genital: Interno: Feminino: trompas
de Falópio, útero, colo, vagina. Masculino: epidídimo, canais deferentes, ductos
ejaculatórios, vesículas seminais, próstata. Externo: Feminino: monte da pube,
grandes lábios, pequenos lábios, clitóris, introito vaginal. Masculino: pênis.
(Atenção! Essa diferenciação será retomada e aprofundada no Módulo III –
Sexualidade na Adolescência.).
Para estas estruturas terem um bom desenvolvimento devem estar
integradas as seguintes dimensões: o biológico e o psicossocial. O biológico se
subdividindo em fisiológico (funcionamento), anatômico (estrutura) e
morfológico (desenvolvimento das células masculinas e femininas). E o
psicossocial sendo o sentimento de pertencer a um sexo, está diretamente
ligado à criação do indivíduo, aos papéis sociais preestabelecidos, a vivência
da sexualidade.
A sexualidade é a expansão dinâmica da vida. É o encontro de si
mesmo, promovendo o crescimento biológico, afetivo, intelectual,
transcendental. É o bem-estar da vida tanto biológico quanto psicológico e
social. É a autorrealização de viver o que se é.
A sexualidade é muito confundida com o sexo e a genitalidade. Como
já exposto, o sexo é a divisão estrutural do feminino/masculino e, a genitalidade
é apenas uma parte da sexualidade. Está ligada à satisfação física, do ato
sexual propriamente dito, enquanto a sexualidade é além deste prazer físico, o
prazer de viver a sua individualidade.
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1.1.2 Educação Sexual – Um Breve Histórico
FIGURA 4 - HISTÓRIA
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Considera-se a França como o berço das discussões sobre a
sexualidade humana. Porém, a primeira Educação Sexual sistematizada na
escola ocorreu na Suécia. (SAYÃO, 1997).
No Brasil:
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ligadas à Educação Sexual. A abertura política pela qual passou o Brasil trouxe
significativas implicações no campo da sexualidade. Enquanto o povo fazia
reivindicações políticas, escolhia seus representantes políticos e saía às ruas
gritando “Diretas Já”, as revistas eróticas publicavam fotos de mulheres e
homens nus, até pouco tempo proibido. Os cinemas exibiam nas grandes
cidades os chamados sexshops. Surgiram, também, enciclopédias e fascículos
vendidos em bancas de jornal, todos destinados a responder a questões sobre
sexo.
“Essa década trouxe novos comportamentos, em que os preconceitos
foram questionados, tabus foram derrubados e sólidas tradições conservadoras
foram abaladas.” (SANTOS, 2001, p.17).
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no assunto eles não vão perguntar”, “Tudo no seu devido tempo”, “Não precisa
ensinar, a ‘natureza’ ensina”, “Pra que atiçar a curiosidade”.
Exemplos de falas camufladas contra a Educação Sexual: “A escola não
tem condições financeiras no momento”, “os pais não permitem”, “já tem na
aula de biologia”, “vamos discutir o assunto, com prudência”.
Você se identificou com alguma das falas? Por outro lado, têm os
argumentos a favor da necessidade de Educação Sexual que nos trazem a
cursos como este. Podemos pensar em três modelos de Educação Sexual,
baseados na concepção de sexualidade:
Tradicional: a proibição é a palavra chave deste modelo. Segundo esta
concepção, nada pode e mantém-se o dualismo entre o bem e o mal. Tem uma
forte base na força moral, religiosa e cultural. A reprodução é o único objetivo
da sexualidade, existindo toda uma orientação fisiológica para isso. A atividade
sexual é considerada suja, pecado, doença, o que favorece a obsessão, pois
não se fala sobre, mas se faz escondido. Temos, ainda hoje, resquícios deste
modelo na sociedade atual.
Permissiva: aqui tudo é permitido. Há uma postura de oposição ao
tradicional, mas não de conscientização da sexualidade. Mudam-se as atitudes
e comportamentos, mas ninguém sabe o por quê.
Relacional: os objetivos da sexualidade são reprodução, prazer e
comunicação. E acredita-se que a educação sexual seja a principal forma de
promover mudança de atitude, sendo esta da responsabilidade de todos. Pode-
se assim concluir que a educação sexual é um desafio é que para isso deve
haver envolvimento, conhecimento, ética e espontaneidade.
A partir deste atual movimento de mudança, qual seria a real
necessidade da educação sexual e como envolver pais e educadores no
processo? Tendo em vista que as informações sexuais disponíveis são
inúmeras e vêm de vários âmbitos (formais, não formais) e nem todas são de
boa qualidade, há sim uma necessidade de sistematizar a educação sexual, do
mesmo modo que os outros aspectos da educação são sistematizados.
A família está envolvida neste processo desde a concepção e deve
iniciar o processo de educação sexual desde o nascimento da criança. É,
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então, de responsabilidade primária da família o processo de educação sexual,
devendo depois ser articulada com a escola e assessorada por esta, que por
ter a função de formadora, saberá como continuar esta educação sexual da
forma a desenvolver um indivíduo saudável.
FIGURA 5 - SÍMBOLOS
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1.1.4 A Deseducação Sexual
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e pensar de forma relacional, visando além da reprodução, o prazer e a
comunicação?
Relembrando!
O QUE É EDUCAÇÃO SEXUAL?
Definição:
Processo que possibilita a plena formação do sujeito (ser sexual)
Biopsicossocial Sexual
Processo de socialização
Objetivos:
Promover a valorização da vida e das relações.
Promover compreensão das mudanças psico-orgânicas advindas do
desenvolvimento sexual
Promoção de uma sexualidade responsável e gratificante
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1.2 POR QUE EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA?
FIGURA 7 - SEXUALIDADE
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Os direitos acima relatados, por si só, já definiriam a educação sexual
como um direito a ser mantido. Lembrando que a sexualidade é a vivência das
relações e da saúde. Porém, têm-se, ainda, os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), cuja proposta é a inclusão da Orientação Sexual como tema
transversal a ser abordado em sala de aula.
O tema transversal é definido como um assunto a ser trabalhado em
todas as disciplinas (não apenas biologia como de costume). Assim, os PCNs
sugerem que o assunto sexualidade seja trabalhado em todas as disciplinas,
sempre que uma oportunidade aparecer. Por isso, é importante que os(as)
professores(as), de todas as disciplinas, abordem questões sexuais nas salas
de aula cotidianamente. (MEC/SEF, 1997)
Infelizmente “o fato de temas relacionados à sexualidade constarem dos
programas não é garantia de que o assunto será abordado e, menos ainda,
que o será de forma aberta e participativa” (GTPOS, 1994, p. 4).
Você Sabia?
FIGURA 8 - SPE
Existe o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), que tem por
objetivo promover a saúde sexual, reduzir a vulnerabilidade de adolescentes e
jovens às doenças sexualmente transmissíveis (DST), à infecção pelo HIV e à
gravidez não planejada. Qualquer escola pode aderir ao Programa Saúde e
Prevenção. Basta entrar em contato com a Secretaria de Educação do
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respectivo Estado. Para saber mais: http://portal.mec.gov.br/.
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FONTE: Disponível em: <www.queconceito.com.br>. Acesso em: 03 nov. 2012.
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direitos humanos universais baseados na liberdade inerente, dignidade e
igualdade para todos os seres humanos.
Saúde sexual é um direito fundamental, então deve ser um direito
humano básico. Para assegurarmos que a sociedade desenvolva uma
sexualidade saudável, os seguintes direitos sexuais devem ser reconhecidos,
promovidos, respeitados e defendidos por todas as sociedades de todas as
maneiras. Saúde sexual é o resultado de um ambiente que reconhece,
respeita e exercita estes direitos sexuais.
Direitos Sexuais
WAS – World Association for Sexology
1. O Direito à Liberdade Sexual: A liberdade sexual diz respeito à
possibilidade dos indivíduos em expressar seu potencial sexual. No
entanto, aqui se excluem todas as formas de coerção, exploração e
abuso de qualquer época ou situações de vida.
2. O Direito à Autonomia, Integridade Sexual e à Segurança do Corpo
Sexual: Este direito envolve a habilidade de uma pessoa em tomar
decisões autônomas sobre a própria vida sexual em um contexto de
ética pessoal e social. Também inclui o controle e prazer de nossos
corpos livres de tortura, mutilação e violência de qualquer tipo.
3. O Direito à Privacidade Sexual: o direito às decisões individuais e aos
comportamentos sobre intimidade desde que não interfiram nos direitos
sexuais dos outros.
4. O Direito à Liberdade Sexual: liberdade de todas as formas de
discriminação, independentemente do sexo, gênero, orientação sexual,
idade, raça, classe social, religião, deficiências mentais ou físicas.
5. O Direito ao Prazer Sexual: prazer sexual, incluindo autoerotismo, é
uma fonte de bem-estar físico, psicológico, intelectual e espiritual.
6. O Direito à Expressão Sexual: a expressão sexual é mais que um
prazer erótico ou atos sexuais. Cada indivíduo tem o direito de
expressar a sexualidade por meio da comunicação, toques, expressão
emocional e amor.
7. O Direito à Livre Associação Sexual: significa a possibilidade de
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casamento ou não, o direito ao divórcio e ao estabelecimento de outros
tipos de associações sexuais responsáveis.
8. O Direito às Escolhas Reprodutivas Livres e Responsáveis: é o
direito em decidir ter ou não ter filhos, o número e o tempo entre cada
um, e o direito total aos métodos de regulação da fertilidade.
9. O Direito à Informação Baseada no Conhecimento Científico: A
informação sexual deve ser gerada por meio de um processo científico,
ético e disseminado em formas apropriadas, e em todos os níveis
sociais.
10. O Direito à Educação Sexual Compreensiva: este é um processo que
dura a vida toda, desde o nascimento, pela vida afora e deveria
envolver todas as instituições sociais.
11. O Direito à Saúde Sexual: o cuidado com a saúde sexual deveria estar
disponível para a prevenção e tratamento de todos os problemas
sexuais, preocupações e desordens.
Fonte: http://www.worldsexology.org
FIM DO MÓDULO I
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