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EDUCAÇÃO DE JOVENS
EDUCAÇÃO
Relação entre autoestima e aprendizagem na Educação de Jovens
e Adultos.
ÍNDICE
1. 1. Resumo
2. 2. Metodologia
3. 3. Introdução
4. 4. ANDRAGOGIA E ALUNO ADULTO
1. 4.1 Andragogia
2. 4.2 EJA
3. 4.3 O ALUNO ADULTO
5. 5. AUTOESTIMA E APRENDIZAGEM NA EJA
1. 5.1 O que é autoestima?
2. 5.2 Efeitos da autoestima e da baixa autoestima
3. 5.3 Relação entre autoestima e aprendizagem
6. 6. Escola e família na EJA: um olhar
psicopedagógico
1. 6.1 O papel da escola
2. 6.2 O papel da família
7. 7. Conclusão
8. 8. Bibliografia
1. Resumo
O presente trabalho visa apresentar a relação entre autoestima e
aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos, bem como seus efeitos.Inicia
com conceitos de Andragogia, de Pedagogia e a diferença entre amboscomo
modelos de ensino. Traz o conceito de EJA, seus amparos legais, destaca
conhecimentos sobre os modos de ser do aluno adulto, de agir, como ocorre
seu processo de aprendizagem e os conceitos de autoestima, de autoconceito,
autoimagem e de autoeficácia, bem como a atuação da autoestima e da baixa
autoestima em toda a vida do educando, principalmente em seu processo
ensinoaprendizagem. Destaca a influência dos âmbitos familiar e escolar na
vida do aluno adulto: como ambas, através de uma fundamental parceria
participativa na vida do educando, ainda que esse seja adolescente ou adulto,
podem contribuir para o sucesso na aprendizagem do mesmo com incentivo
às capacidades através do afeto que, por sua vez, eleva a autoestima, pois tais
instituições devem proporcionar condições saudáveis ao indivíduo, dando-
lhe uma vida feliz e saudável especialmente no âmbito emocional e segurança
diante das adversidades do cotidiano. Além disso, dar-lhe respeito, afeto e
ensinar o mesmo a amar e respeitar seu próximo.
2. Metodologia
Este trabalho trata, à princípio, de uma pesquisa bibliográfica. Os principais
autores utilizados na realização desse trabalho foram: A BÍBLIA SAGRADA
COM ORIENTAÇÕES DE SAÚDE FÍSICA, EMOCIONAL E ESPIRITUAL, 2008;
BELLAN, 2005; BOSSA, 2000; COSTA, 2006; CUNHA, 2008; CURY, 2003;
FERNANDEZ, 2001; FREIRE, 1993; JUSANI, 2009; KROTH, 2009; LIBÂNEO,
1990; MOYSÉS, 2007; MURANETTI, 2007; PIMENTEL, 2006; PORTO, 2009;
SALTINI, 2008; SCOZ, 1987; entre outros recursos didáticos.
3. Introdução
“Uma das condições para se conseguir o bem-estar satisfatório consigo
mesmo e com os outros é a autoestima.”
O ensino de jovens e adultos acontece nas escolas das redes pública e privada.
Cada fase (como costuma-se denominar cada série) tem duração semestral ou
anual, com cursos presenciais e semi-presenciais. Estes são oferecidos nos
Centros de Estudos Supletivos (CES) e Núcleos Avançados dos Centros de
Estudos Supletivos (NACES), através de uma avaliação contínua, com
apostilas como recursos didáticos.
A EJA é vista por muitos como solução para a exclusão e para a desigualdade
social, como pagamento de uma dívida da sociedade para com os analfabetos
e as pessoas com escolaridade interrompida.
Há uma necessidade de formação acadêmica que privilegie o trabalho do
professor com o ensino de jovens e adultos. A formação docente é dirigida
para o ensino de crianças e adolescentes e propõe uma metodologia que se
torna ineficaz no universo do aluno adulto, pois o mesmo aprende de formas
diferentes.
A educação formal proporciona ao aluno adulto níveis culturais mais altos que
se aliarão às suas ideias enriquecidas pela sua atuação no processo político da
sociedade. Assim, ainda que seja educado para buscar fins comuns, esse
indivíduo aprende por que e como deve participar mais ativamente de seu
meio, além de colaborar para a transformação desse meio. Ainda que
analfabeto, tal condição não impede seu cumprimento de dever social. A
educação faz com que esse se torne importante como um ser consciente de
seus direitos e deveres na sociedade. A escola deve ser um espaço para a
formação de cidadãos, pois a
aluno, ainda que adulto, além de aprender os conteúdos curriculares, aprende
lições de cidadania, solidariedade, justiça social e postura crítica diante de sua
realidade, aprendendo a se relacionar com o seu próximo e a respeitá-lo, bem
como ao meio que os cerca.
Tornando-se gente, o indivíduo qualifica-se como ser social, pronto a
contribuir para o seu país, para a sociedade: um ser livre e criativo que busca,
critica, renova, entende, pensa e possui as estruturas necessárias para que
possa integrarse à sua família, ao seu Estado. Enfim, ele é um ser que se
relaciona em uma trama de desafios, cooperações e, principalmente,
competições. (SALTINI, 2008, p. 126).
Há aqueles que, infelizmente, não desejam mudar de vida positivamente.
Procuram a escola visando outros benefícios, inclusive materiais, sem o
menor interesse pelo conhecimento ou deixam a escola esquecida. Atitude
que merece respeito, o que não significa omissão de idéias por parte do
ensinante, idéias que dão oportunidades ao aprendente de comparar,
escolher e decidir.
Para que haja sucesso na educação infantil, uma das condições necessárias é
incentivar o ensino de adultos, pois o adulto escolarizado torna-se mais
produtivo para o seu meio e compreende melhor a importância da educação
formal para seus filhos. Conclui-se que a educação de adultos deve ser feita
paralelamente à educação infantil para que esta última tenha êxito, tanto para
o educando quanto para o futuro da humanidade.
Toda a sociedade pode contribuir para uma boa autoestima do cidadão, mas
esse trabalho deve iniciar-se na família e na escola desde a infância,
cultivando o amor e o respeito na criança, ensinando-a a transmitir esses
sentimentos e estimulando suas mais diversas potencialidades, inclusive a
sua sensibilidade, com bons conselhos e palavras de encorajamento. Deus
utilizou a palavra para criar, para encorajar. O poder da palavra edifica,
renova, anima, eleva a autoestima e o amor-próprio do indivíduo.
É necessário que o aluno da EJA tenha em mente que ele não é inferior ao
aluno do Ensino Regular, pensamento que impera na mente de muitos e deve
ser grande motivo de preocupação. Tal pensamento deve-se ao fato de que a
EJA tem uma carga horária menor quando é constituído de fases semestrais e,
consequentemente, oferece menos conteúdo, o que não significa que a EJA
tenha uma oferta de ensino inferior. Ele deve ter em mente que merece a
mesma qualidade de ensino e a mesma atenção que merece o aluno de
qualquer outra modalidade de ensino.
A sua eventual passagem pela escola, muitas vezes, foi marcada pela exclusão
e/ou pelo insucesso escolar. Com um desempenho pedagógico anterior
comprometido, esse aluno volta à sala de aula revelando uma autoimagem
fragilizada, expressando sentimentos de insegurança e de desvalorização
pessoal frente aos novos desafios que se impõem. (COLEÇÃO TRABALHANDO
COM A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, VOL. 1, 2006, p. 16)
É tarefa de toda a sociedade, em especial dos educadores, trabalhar o
indivíduo na sua totalidade, explorar todo o seu potencial, desenterrar
talentos além dos trabalhados pela escola. Ao mesmo tempo, tendo o cuidado
de não incentivar o narcisismo e a onipotência. O casamento entre ensino e
autoestima deve visar o apoio e o resgate da identidade dos educandos, e não
formar seres onipotentes. Algumas dicas para que este trabalho possa ser
desenvolvido e alcançar êxito serão apresentadas nos capítulos seguintes.
A maneira como o indivíduo se dirige aos outros que o rodeia é chamado por
Pichon-Rivière, psiquiatra e psicanalista suíço, de expressão de vínculo.
Segundo esse, é uma relação particular do indivíduo com o objeto.
“Vínculo é uma estrutura dinâmica, acionada por motivações psicológicas,
que acompanham o ser humano por toda a sua história, que pode ser revivida
através da Transferência”. (REVISTA PSICOPEDAGOGIA – 18, 1999, p. 40).
A Psicanálise trata a relação entre o auto-conceito mal construído e a
construção da subjetividade como algo não facilmente reversível. Exige um
trabalho de maior profundidade para se ter acesso às lembranças
inconscientes que se expressam sobre forma de insegurança, ansiedade e
baixa autoestima.
Muitos adultos são taxados como incapazes de aprender devido à idade. Por
isso, todo investimento em seu desenvolvimento é considerado disperdício.
Situações de exclusão, como a falta de oportunidades o insucesso escolar, por
exemplo, reforçam, quase sempre, a baixa autoestima do aluno, que volta à
escola fragilizado, inseguro e sentindo-se incapaz de aprender.
Muitos alunos adultos veem a escola como espaço ideal para a sua
ressocialização, ou seja, para a realização de seus sonhos, que são construídos
ao longo da vida e são suas motivações de aprendizagem, bem como para a
construção de relacionamentos. O aspecto social da escola é oferecer ao aluno
da EJA a possibilidade de construir relacionamentos dentro e até fora da
escola através de grupos de estudos e passeios, o que amplia seu círculo de
amizades (aluno/aluno, aluno/professor), favorece a vida social e a troca de
experiências, fortalecendo, assim, a autoestima.
O grau de afetividade que envolve a relação do(a) professor(a) com seus pares
representa o fio condutor e o suporte para a aquisição do conhecimento pelo
sujeito. O aluno, (...), precisa sentir-se integralmente aceito para que alcance
plenamente o desenvolvimento de seus aspectos cognitivo, afetivo e
social. (BALESTRA, 2007, p. 50, apud JUSANI, 2009, p. 3).
Devido à ansiedade que o processo de aprendizagem provoca no sujeito
diante de novas situações, o ensinante deve contribuir para uma interação
entre conhecimento e afeto, e para que esta resulte no desenvolvimento
científico e pessoal do sujeito. Para isso, é preciso que o educador faça com
que o educando sinta-se envolvido, antes afetivamente para, depois, fazer
com que ele sinta-se atraído pelo objeto de estudo.
Quando o aluno não aprende, ele passa a ter uma imagem marginalizada pela
sociedade e pela instituição que não solucionam o problema, o que gera o tão
famoso fracasso escolar, oriundo, na maioria das vezes, da escola, devido às
deficiências nas mais diversas áreas: o relacionamento com professores e com
colegas, adaptação do aluno ao ambiente escolar, seu interesse pelo objeto de
estudo, a estrutura da escola, o projeto pedagógico, etc., o que deixa marcas
profundas na personalidade do indivíduo e causa indiferença em relação às
aulas, indisciplina, timidez e nervosismo diante das avaliações,
comportamentos que acompanham o indivíduo em seu retorno à escola, além
de afetarem a identidade do aluno adulto e de gerarem a baixa autoestima,
que faz o adulto voltar à escola sentindo-se inseguro e desvalorizado diante
dos novos desafios. Mergulha num poço profundo sem expressar a menor
reação. Recebe a notícia da recuperação e até mesmo da reprovação com um
sorriso no rosto. Alunos com histórico de fracasso escolar, mesmo quando
obtêm sucesso nos estudos, não acreditam que conseguiram tal sucesso por
suas capacidades. Atribuem essas aos professores, à sorte ou à facilidade das
questões. Já os alunos com bom desempenho escolar assumem a
responsabilidade quando o fracasso chega.
Para que a falta de afetividade não seja mais um sintoma escolar na vida do
aluno, é necessário que não só o corpo docente, mas toda a instituição de
ensino trabalhe com uma prática pedagógica que possibilite o aluno trabalhar
com prazer, tenha prazer em estar dentro de sua escola, buscando maneiras
atraentes de transmitir os conteúdos. Em se tratando da EJA, utilizar técnicas
que prendam a atenção dos educandos até o fim da aula, pois o adulto tem
uma mente acelerada pela velocidade do dia-a-dia e, por isso, dispersa-se com
mais facilidade. É bom dar oportunidade de exporem suas realizações. Deve,
também, valorizar todo o conhecimento do aluno trazido para a sala de aula:
seus saberes culturais, profissionais, suas experiências de vida, bem como sua
origem étnica, as características de seu local de origem, sua gente, seu modo
de vida, pois os saberes antigos ajudam na busca de novos saberes. Além
disso, o educador deve cuidar de sua aparência pessoal e de sua postura em
sala de aula, atitudes que revelam o bem-estar do professor que, também,
precisa estar em alta e fazem com que o educando se sinta alguém que tem
importância para os outros. Isso garante uma vasta autoestima, além de
facilitar o processo ensinoaprendizagem.
A procura de jovens e adultos pela escola acontece, entre outras razões, por
decisão da família.
Uma relação afetiva bem construída entre pais e filhos é de suma importância
na construção da autoestima, bem como da aprendizagem, não só a escolar,
mas o aprendizado que se adquire na caminhada da vida. O indivíduo que se
sente amado aprende melhor, pois segue confiante na busca de seus objetivos.
Os pais precisam elogiar seus filhos por suas qualidades, saber sempre por
onde andam e o que fazem para que saibam que são protegidos. Por outro
lado, a pessoa que não é elogiada, que não tem uma família que se interesse
pelos seus interesses e não a proteja, mesmo que esteja na idade adulta, sente-
se rejeitada, cultiva a ideia de que não é importante para a família, não se
sente satisfeita com sua vida e, consequentemente, não aprende, pois não tem
quem veja e aplauda o seu sucesso. Logo, não se sente motivada em buscá-lo,
o que resulta em rejeição aos estudos e em evasão escolar.
É muito importante prestar atenção às palavras que são proferidas às
pessoas. Uma criança pode ficar muito machucada com a palavra de qualquer
outra pessoa, mas quando a palavra é proferida pelos pais ou por outras
pessoas importantes para elas, a dor é extremamente mais profunda, o que
transforma a criança num adulto com muitas barreiras na vida, inclusive na
área cognitiva. O fato de não estar bem consigo mesmo pode levar um pai ou
uma mãe a jogar a culpa nos filhos através da agressão verbal, entre outras.
A palavra é um instrumento e, como tal, pode ser usada tanto para o bem
quanto para o mal. Ela também tem o poder de destruir, arruinar, deprimir,
de causar todo tipo de dor à alma de alguém, podendo deixar profundas
marcas. (PIMENTEL, 2006, p. 31).
Os pais devem, também, valorizar e respeitar a individualidade dos filhos,
entender que são indivíduos que têm vida própria, estar mais próximos deles
nos momentos difíceis, interessar-se por seus problemas, por sua vida escolar
e acompanhá-los. Aprender a ouvi-los. Compreender os filhos não só quando
fazem as coisas corretas, mas quando fazem, também, as coisas erradas.Isso
inspira confiança e respeito.
Uma família precisa estar bem ajustada consigo mesma para propiciar um
ambiente saudável ao educando. Problemas de relacionamento entre
familiares (principalmente entre marido e mulher) afetam profundamente a
vida pessoal e escolar do educando. Na EJA, o número de alunos com
dificuldades de relacionamento em relação aos professores, aos funcionários,
aos colegas e com dificuldades de aprendizagem é cada vez mais
significativo.Isso nada mais é do que, entre outros problemas, reflexo de
acontecimentos negativos oriundos da família. Entre outros fatores negativos
estão: a falta de amor uns pelos outros e a falta de disciplina.
Nosso objetivo é dar um alerta para que não se feche à visão psicopedagógica
a dinâmica familiar em torno de um problema de aprendizagem, quaisquer
que sejam as suas causas. Tal posicionamento vai nos levar a compreender
casos em que, sem intervenção a nível familiar, o processo corretor
psicopedagógico não atinge o sucesso almejado. Quando a família deposita
em um de seus membros o papel de ‘doente’, de desviante em algum sentido, a
escola e os profissionais que concentram seus esforços apenas em direção à
criança ou adolescente, estão de algum modo diminuindo as suas
possibilidades de cura. (SCOZ et al., 1987. p. 77).
Família e escola são os principais responsáveis pela educação, inclusive do
aluno adulto, pois ambas têm o dever de incentivar o crescimento cultural do
educando. Infelizmente, essa parceria está cada vez mais escassa devido ao
afastamento da família da vida escolar dos jovens. A família, independente de
seu nível socioeconômico, pode, perfeitamente, transmitir aprendizagem ao
lado da escola.
Família e escola devem ter plena consciência de que o ato de educar é,
também, um ato de amor e obtém mais sucesso quando é feito muito mais por
atitudes do que por palavras, como a Palavra de Deus ensina sabiamente e
está escrito na epígrafe desse tópico: instrui o menino no caminho em que deve
andar (...)., ou seja, para transmitir valores, é necessário viver esses valores,
estar com o educando no mesmo caminho em direção ao triunfo pessoal e
profissional, dando-lhe condições morais, emocionais e materiais o máximo
possível.
7. Conclusão
“Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já
passaram, tudo se fez novo”.
A Andragogia cuida do ensino de jovens e adultos e apresenta uma proposta
de ensino baseada nas necessidades e nas experiências anteriores dos
mesmos, sejam experiências escolares ou adquiridas na escola da vida.
Esse indivíduo precisa de estímulos para a sua autoestima, ou seja, saber que
é um ser que tem tanta importância quanto qualquer outra pessoa, que pode
aprender o que quiser e alcançar o objetivo que quiser.