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CAMPUS DO GRAGOATÁ

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

DANIELLE RODRIGUES CUSTÓDIO e

HUGO TORRES WERMELINGER DE CARVALHO

Promovendo a Inclusão por meio da Educação: Caminhos para uma Sociedade


mais Justa

Niterói - Rio de Janeiro

2023
Introdução

Um dos temas que mais tem sido discutido na área da Psicologia da Educação é
a inclusão correlacionada com a educação. Utilizando as perspectivas de autores como
Vigotsky, Bell Hooks e B.F. Skinner será feito uma relação entre o tema.

Segundo a ótica de B.F. Skinner, a inclusão deve ocorrer baseada em princípios


totalmente científicos e métodos comprovados, de modo que, alunos com necessidades
especiais devem ter estratégias de ensino eficazes e adaptadas para as necessidades de
cada aluno em específico.

Vigotsky por sua vez, tem uma visão mais social sobre o tema. O Autor acredita
que o aprendizado é um processo social e que um ambiente inclusivo é fundamental
para ampliar as interações sociais e o desenvolvimento de habilidades cognitivas e
emocionais.

A autora Bell Hooks enfatiza que a inclusão é muito importante para promover a
diversidade e igualdade na educação. Segundo a mesma, a inclusão deve ser uma prática
consciente e deliberada, isto é, que reconhece as diferenças culturais e valoriza e
contribuição de cada aluno.

Correlacionando teses, a inclusão é uma questão complexa e que tem várias


visões no campo da educação, desta forma, escolhemos 5 temas para correlacionar com
o tema: Avaliação psicológica, Adaptação curricular, Apoio emocional e social,
Intervenção precoce e colaboração entre profissionais.

Adaptação curricular

De acordo com Vygotski, a sistematização e a conscientização entram na mente


da criança através do aprendizado dos conceitos científicos. Devido à importância
desses conceitos, é preciso cuidado ao pensar nas adaptações curriculares; sob
justificativa de adequar o ensino e o currículo às especificidades dos alunos que
apresentam necessidades especiais, muitas vezes, se abre mão dos conteúdos formais,
pressupondo que não estariam ao alcance desse aluno, especialmente daquele em que as
dificuldades são mais acentuadas. A inclusão escolar das pessoas com necessidades
especiais é uma proposta que vem sendo defendida e difundida no Brasil, já há algumas
décadas; porém, a partir da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (2008) ela ganha mais força. Nesse contexto, um maior contingente
de alunos com necessidades educacionais especiais tem ingressado na escola regular nos
últimos anos. Esse fato coloca em relevo as especificidades do trabalho pedagógico
diante das características do novo público.

Desde 1998, existe um documento publicado para orientar a inclusão de


alunos com necessidades especiais em escola regular, trata-se dos Parâmetros
Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares – estratégias para a educação de
alunos com necessidades educacionais especiais (BRASIL, 1998). No entanto,
apesar de já estar divulgado há alguns anos, os Parâmetros são pouco conhecidos.
Considerando a relevância de tal documento para organizar a educação dos alunos com
necessidades educacionais especiais, propõe-se aqui resgatá-lo, tomando-o também
como orientador da discussão sobre o processo inclusivo.

O eixo da discussão está nos conteúdos curriculares ou, dito de outro modo,
nos conceitos científicos trabalhados no ensino escolar. A ênfase atribuída aos conceitos
científicos justifica-se a partir do referencial teórico, no qual se fundamenta a
argumentação. Neste trabalho: a teoria histórico-cultural, cujo representante central é o
russo Lev Vygostski. Ela propõe analisar o desenvolvimento do humano, levando em
consideração o contexto no qual cada indivíduo se desenvolve, contexto esse que se
constituiu ao longo da história de cada grupo social.

Apoio emocional e social

A relação entre os processos emocionais e o ensino escolar tem ganhado


destaque no cenário contemporâneo. A teoria histórico-cultural do desenvolvimento
humano tem como premissa que o ser humano se apropria da cultura a partir da
atividade social que realiza; nesse processo, as funções psíquicas se desenvolvem e se
requalificam, adquirindo novas estruturas, instituindo-se como funções psíquicas
superiores. Segundo Vygotski (2012), a explicação das formas superiores da conduta
humana não pode ser encontrada nas disposições orgânicas, tampouco na mera interação
entre as formas culturais e biológicas, mas no choque entre esses desenvolvimentos:

Na medida em que o desenvolvimento orgânico se produz em um meio cultural,


passa a ser um processo biológico historicamente condicionado. Ao mesmo tempo, o
desenvolvimento cultural adquire um caráter muito peculiar, que não pode ser
comparado com nenhum outro tipo de desenvolvimento, já que se produz simultânea e
conjuntamente com o processo de maturação orgânica e posto que seu suporte seja o
dinâmico organismo infantil em vias de crescimento e maturação.

Uma criança reconhece sua dependência das pessoas que a cercam diretamente.
Ela tem de levar em conta as exigências, em relação a seu comportamento, das pessoas
que a cercam, porque isto realmente determina suas relações pessoais, íntimas, com
essas pessoas. Não apenas seus êxitos e seus malogros dependem dessas relações, como
suas alegrias e tristezas também estão envolvidas com tais relações e têm a força de
motivação.

Avaliação psicológica

Segundo Bell Hooks, a autora considera que a avaliação psicológica deve ser
uma prática inclusiva e consciente. Ela enfatiza a importância de reconhecer e valorizar
as diferenças individuais de cada aluno, levando em consideração a sua origem cultura,
experiência e perspectiva individual. Dessa forma, A avaliação deve considerar todas as
formas de conhecimento e expressão para garantir que todas as vozes sejam ouvidas e
também respeitadas, B.F. Skinner, por sua vez, enfatiza a importância dos princípios
científicos e comprovados, onde estes sejam métodos objetivos e replicáveis para
avaliar o desempenho e o desenvolvimento dos alunos. O autor também destaca a
importância de utilizar a avaliação como um forma de feedback e aprendizagem, para
que os alunos possam auto-identificar áreas de melhoria e desenvolver suas próprias
estratégias para autoaperfeiçoamento.

Combinando essas perspectivas, a avaliação psicológica de uma perspectiva


inclusiva e educacional torna-se um processo que reconhece e valoriza a diversidade e
ao mesmo tempo em que usa métodos científicos para fornecer informações úteis e
personalizadas. Isso inclui a criação de um ambiente inclusivo e acolhedor, onde todos
os alunos se sintam confortáveis e possam demonstrar todo o seu potencial. A avaliação
psicológica nesse caso procura identificar as necessidades individuais dos alunos,
proporcionando intervenções e apoios adequados para apoiar o seu desenvolvimento e
sucesso acadêmico.

Intervenção precoce

Intervenção precoce é um tema de extrema relevância no campo da pedagogia


contemporânea. Oferecer ajuda e intervenção necessária nos primeiros anos de vida para
uma criança tem um impacto significativo no seu desenvolvimento, especialmente
quando se trata de alunos com necessidades especiais. A inclusão, que busca promover
a participação plena e igualitária de todos os alunos em ambientes educacionais, é
fundamental nesse contexto, uma vez que, refere-se à identificação e atendimento as
necessidades individuais de crianças nos primeiros anos da vida escolar.

Ao adotar uma abordagem adaptada as necessidades de cada criança na


intervenção precoce, os educadores promovem também a inclusão social, emocional e
cultural, tal como, a autora Bell Hooks defende. Isso significa, criar um ambiente que
estimule a interação entre todos os alunos, ocorra a aceitação das diferenças entre eles e
desenvolva a empatia e o respeito mútuo.

Concluindo, a intervenção precoce sob a perspectiva da inclusão e educação é


uma abordagem muito complexas que reconhece e atende às necessidades de todos os
alunos desde os estágios iniciais da sua vida escolar. Ao adotar essa abordagem,
buscamos criar sociedades mais inclusivas, equitativas e acolhedoras, onde cada criança
tenha a oportunidade de desenvolver seu pleno potencial
Colaboração entre profissionais

A colaboração entre profissionais é fundamental para que haja uma garantia que
cada estudante tenha a ajuda necessária para atingir o seu pleno potencial.

A inclusão na educação envolve a participação de alunos com várias


necessidades e habilidades em salas de aula "regulares". Para isso, é necessário uma
abordagem colaborativa, na qual professores, terapeutas, pedagogos e especialistas em
educação especial trabalhem juntos para criar um ambiente apoiador e inclusivo.

Um ponto interessante da colaboração entre profissionais é o compartilhamento


de conhecimentos e experiências, onde cada profissional traz uma perspectiva única e
habilidades especializadas afim de enriquecer a prática educacional. Sintetizando as
suas habilidades e conhecimentos, os profissionais podem criar estratégias eficazes de
ensino, adaptações curriculares e intervenções personalizadas para atender às
necessidades individuais de cada aluno.

Quando se trata de inclusão é fundamental a comunicação aberta e efetiva, uma


vez que, essa troca de informações permite uma compreensão mais abrangente do aluno,
facilitando o planejamento e implementação da inclusão.

Conclui-se que a colaboração entre profissionais desempenha um papel crucial


na promoção da inclusão na educação. Os profissionais da educação podem criar um
ambiente de aprendizagem inclusivo e igualitário ao compartilhar conhecimentos,
experiências e recursos, bem como ao atender às necessidades individuais dos alunos.
Valorizar a diversidade social e cultural é fundamental para promover a igualdade de
oportunidades e garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de
qualidade.
Referências

1 SEÇÃO TEMÁTICA: VIGOTSKI HOJE: IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS


• Educ. Real. 47 • 2022 •

2 Revista Educação Especial | v. 26 | n. 47 | p. 713-726 | set./dez. 2013 Santa


Maria Disponível em: <http://www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial/Adaptação>

3 Hooks, Bell, Ensinando a transgredir: A educação como prática da liberdade,


WMF Martins Fontes, 2017, 2ª edição, p 173-253.

4 Freire, Paulo, Pedagogia do Oprimido , EDITORA PAZ E TERRA S/A, 1987,


17ª edição.

5 Rego, Teresa Cristina, Vygotsky: Uma perspectiva histórico-cultural da


educação, Editora Vozes, 2014, 25ª edição.

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