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OBJETO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

A psicologia da educação é “uma disciplina-ponte, de natureza aplicada, entre


a psicologia e a educação” (Coll, 2004, p. vii) cujo objeto de estudo são os processos
de mudança (e.g. desenvolvimento, aprendizagem e socialização) que ocorrem nas
pessoas na sequência da sua participação numa ampla gama de situações e
atividades educacionais; “trata-se de uma disciplina psicológica e educativa de
natureza teórica e aplicada, [cabendo ao psicólogo a tarefa de] observar (diagnóstico),
interpretar (prognóstico) e intervir no ato educativo, aos mais diversos níveis da
aprendizagem”. É um acontecimento independente da idade e outras características
concretas das pessoas e dos traços específicos das situações e atividades
educacionais, não se circunscrevendo às que ocorrem em contexto escolar (Coll et al.,
2004). Ao psicólogo que atua em contexto educativo, compete não apenas prevenir e
remediar, mas principalmente promover o educando. Ao mesmo tempo deve investigar
no sentido de adquirir uma maior compreensão e eficiência do processo ensino-
aprendizagem (Barros & Barros, 1996, p.27).

A Psicologia da Educação deve estruturar-se em torno do processo ensino-


aprendizagem que serve de fio condutor para a definir como sistema coerente e
organizado de conhecimentos. Contudo, importa também abranger a educação
familiar da criança e do adolescente, considerando que o processo ensino-
aprendizagem não se limita ao aspecto puramente cognitivista, sendo também afetivo-
motivacional, diferencial, desenvolvimental, ultrapassando o contexto escolar (Barros
& Barros, 1996).

A psicologia da educação deve limitar-se a uma psicologia geral aplicada aos


problemas educativos, ou ser uma tecnologia que se limite a operacionalizar os
princípios gerais da Psicologia, ela deve prestar atenção ao contexto histórico e
natural no qual as pessoas vivem e aprendem, o qual influência fortemente a conduta
humana, especialmente no âmbito da educação (Beltrán et al., 1990).

As tendências desta disciplina no futuro, são por exemplo i) as mudanças nos


interesses relativos ao ensino e aprendizagem; ii) a consideração do caráter ativo e
único do sujeito que aprende; iii) a interação; iv) uma orientação interpretativa ou
ecológica; v) variáveis modificáveis; vi) modelos prescritivo. (Beltrán et al., 1990).
A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E SEU OBJETO DE ESTUDO
                                                                       Jose Carlos Pereira Cavalcante

Em 1903 foi feita a primeira sistematização de conteúdos referentes a


psicologia da educação, por Edward Thorndiké, fato este que é tomado como marco
inicial da psicologia da educação. Segundo Thorndiké (1874 – 1949), o processo de
aprendizagem humana deveria constituir o foco principal da psicologia da educação.
No entanto, para Judd (1873 – 1946), a melhoria da condição humana deveria
constituir o foco principal da psicologia da educação, ao contrário do que propusera
Thorndiké.

No início do século XX Binet e Simon propuseram testes de inteligência


conhecidos como “escala métrica de inteligência”. Para Claparède ( Escola Nova ), o
interesse da criança pelo conteúdo da aprendizagem, deveria ser a base para o
processo educativo e não o castigo ou recompensa. Em 1950 a psicologia da
educação muda o processo investigativo sob a ótica da medida psicológica para
avaliativo, ou de avaliação psicológica.

O surgimento de outras disciplinas que também estão relacionadas com o


processo educativo como a economia da educação, planejamento educacional,
sociologia da educação, entre outras, fez surgir a reflexão acerca da incapacidade de
a psicologia da educação dar conta, sozinha, da problemática relacionada ao processo
de ensino e aprendizagem.

Assim, pode-se perceber que a psicologia e educação constituem um processo


bilateral que necessita dos conhecimentos, tanto da psicologia quanto da prática
educativa para explicar o fenômeno da aprendizagem e do desenvolvimento humano.
Dessa forma, acredita-se que a evolução da psicologia científica e do pensamento
educacional, deu origem à psicologia da educação..

Atualmente, a psicologia da educação disponibiliza um ferramental de


conhecimentos, princípios e métodos de análise e estudo, que ajudam na
compreensão do processo de ensino-aprendizagem. Assim, o objeto de estudo da
psicologia da educação constitui-se dos processos de mudança comportamental
(psicológicos) provocados por meio de atividades e processos educativos, logo, é um
processo bilateral que envolve tanto educadores quanto educandos.

Bibliografia

SILVA, Antonio de Andrade e. Licenciatura em matemática a distância. João Pessoa:


Editora Universitária UFPB, 2009. P 233-238.

COLL, César; PALACIOS, Jesús & MARCHESI, Álvaro (Org.). Desenvolvimento


psicológico e Educação - Psicologia da Educação, Volume 2. Artes Médicas, Porto
Alegre: 1996.

MIALARET, Gaston. Psicologia da Educação. Coleção: Epigênese, Desenvolvimento e


Psicologia. Ed. Instituto Piaget, Lisboa, 1999. Capítulo 1: “Tentativa de Definição - As
confusões a evitar”, p. 9-19.
CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA PARA A EDUCAÇÃO

A psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e seus


processos mentais, ou seja, ela estuda o que motiva o comportamento humano, o que
o sustenta, o que o finaliza, e seus processos mentais, que passam pela sensação,
emoção, percepção, aprendizagem, inteligência.

A psicologia encontra-se, como uma das disciplinas que precisa ajudar o


professor a desenvolver conhecimento e habilidades, além de competências, atitudes
e valores que o possibilite ir construindo seus saberes-fazeres docentes, a partir das
necessidades e desafios que o ensino, como prático social, lhes coloca no cotidiano.
Dessa forma, poderá contribuir para que o professor desenvolva a capacidade de
investigar a própria atividade, para, a partir dela, construir e transformar os seus
saberes-fazeres docentes, num processo contínuo de construção de sua identidade
como professor.

Ao transmitir o conhecimento para os alunos o professor desempenhará


também a função de formador da personalidade de seus alunos no processo ensino-
aprendizagem, pois o aluno por sua vez é um sujeito ativo de seu processo de
formação e desenvolvimento intelectual, afetivo e social; e o professor tem o papel de
mediador do processo de formação do aluno; a mediação própria do trabalho do
professor é favorecer/propiciar a inter-relação (encontro/confronto) entre sujeito (aluno)
e o objeto de seu conhecimento (conteúdo escolar); nessa mediação, o saber do aluno
é uma dimensão importante do seu processo de conhecimento(processo de ensino-
aprendizagem).

A perspectiva socioconstrutivista(…) concebe o ensino como uma intervenção


intencional nos processos intelectuais, sociais e afetivos do aluno, buscando sua
relação consciente e ativa com os objetos de conhecimento(…). Esse entendimento
implica, resumidamente, afirmar que o objetivo maior do ensino é a construção do
conhecimento pelo aluno, de modo que todas as ações devem estar voltadas para sua
eficácia do ponto de vista dos resultados no conhecimento e desenvolvimento do
aluno. Tais ações devem pôr o aluno, sujeito do processo, em atividade diante do meio
externo, no qual deve ser ‘inserido’ no processo como objeto de conhecimento, ou
seja, o aluno deve ter com esse meio (que são os conteúdos escolares) uma relação
ativa, uma espécie de desafio que o leve a um desejo de conhecê-lo.

Partindo da visão da personalidade como constituída com base em um


processo relacional, que, portanto, se forma também nas relações dentro da escola.

Percebe-se, então, que, dessa maneira a aliança entre Educação e Psicologia


é incontestável e bastante antiga, não tendo sido preciso esperar o momento recente
da constituição da Psicologia como ciência independente da grande mãe, a Filosofia,
para buscar respostas sobre como se aprende, quem é o sujeito da aprendizagem,
como se deve ensinar, levando em conta as características psicológicas dos alunos,
se é ou não válido aplicar punições e prêmios, qual é a importância da informação no
desenvolvimento humano, em que consiste o ato de comunicação, o que interessa e
dá prazer ao aluno quanto ao aprendizado escolar.

No entanto, qualquer que seja o ângulo dessa reflexão, vamos constatar que,
em nosso viver, a relação com o outro é uma questão central. Por conta dessa
questão, a travessia do homem e da humanidade em geral, foi sempre marcada por
aproximações, afastamentos, simpatias, antipatias, egoísmo, altruísmo, ódio, amor etc.
Isso faz com que permanentemente estejamos preocupados em saber muitas coisas
sobre o indivíduo: o que pensa, de que gosta, quais são suas forças e fraquezas,
como pode ser agradado, seduzido, manipulado, emocionado, ou, ainda, como pode
sair do egoísmo e ir ao encontro do outro, compor com outros uma coletividade, enfim,
como pode ser educado para comunicar-se e conviver fraternal e cooperativamente
com seus semelhantes.

Assim, a psicologia também, aplicada à educação e ao ensino, busca mostrar


como, através da interação entre professor e alunos, entre os alunos, é possível a
aquisição do saber e da cultura acumulados. Portanto, papel do professor nesse
processo, é fundamental. Ele procura estruturar condições para a ocorrência de
interações professor-alunos-objeto de estudo, que levam à apropriação do
conhecimento.

A sua contribuição no campo Educacional, é um tema cativante e desafiador


que permanece atual e proporcionando estudos e pesquisas de vários e renomados
cientistas. Ocupa papel de fundamental importância e tende a intensificar-se cada vez
mais.

Deve-se lembrar sempre que essas contribuições precisam ser caracterizadas


como um espaço de reflexão envolvendo a realidade escolar, assim como um espaço
propício para a expressão das angústias e das ansiedades inerentes ao processo de
formação.

A Psicologia no âmbito da escolar deve também contribuir para otimizar as


relações entre professores e alunos, além dos pais, direção e demais pessoas que
interagem nesse ambiente. É neste contexto e neste lugar que a Psicologia poderá
contribuir para uma visão mais abrangente dos processos educativos que se passam
no contexto educacional. Pois, uma vez que as contribuições da psicologia são
inseridas no contexto educacional, prepara os conteúdos a serem ensinados visando
estabelecer outros e novos patamares para a compreensão dos fatos que ocorrem no
dia a dia da escola, propiciando uma reflexão conjunta que possibilite o levantamento
de estratégias que venham a sanar as dificuldades enfrentadas.

Referências

http: //www.centrorefeducacional.com.br/vygotsky.html

SILVA, Rafael Bianchi. Desenvolvimento e comportamento humano: pedagogia/Rafael


Bianchi silva. —SãoPaulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

CAVALCANTI, L.S. geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.

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