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ENSINO APRENDIZAGEM: A IMPORTÂNCIA DE SE

CONSTRUIR VÍNCULOS AFETIVOS ENTRE


PROFESSOR E ALUNO

Adelaide Rodrigues 1
Marivete Bassetto de Quadros 2

RESUMO

O presente artigo tem como tema a afetividade na relação professor aluno objetivando fundamentar a
prática do professor com intervenções pertinentes para a transformação da prática pedagógica. A
pesquisa justifica-se pela necessidade de aprimoramento dos conhecimentos sobre relações
interpessoais entre alunos e professores, família e escola, que permitem uma reciprocidade afetiva.
Estudos recentes apontam a necessidade de um olhar sistêmico sobre o aluno e a aprendizagem,
pontuando a inter-relação do desenvolvimento psíquico, emocional e cognitivo. Os conteúdos
sistematizados serão melhor apreendidos quando a escola estabelecer o diálogo entre todos os
envolvidos com o processo de ensino e aprendizagem. A pergunta que iluminou a pesquisa foi: um
olhar diferenciado e mais afetivo do professor para o aluno proporciona uma melhor aprendizagem?
Este trabalho desenvolveu-se tendo como procedimento técnico uma pesquisa bibliográfica e
pesquisa de campo. Os dados foram coletados junto aos professores doa sextos anos do Colégio
estadual Miguel Dias da cidade de Joaquim Távora – PR. Os excertos foram analisados a luz das
teorias de Piaget, (1984); Vigotski (2002); Wallon (2007); Boch (2008); Dantas (1990); Libâneo
(2001); Saviani (1991) e Sponville (1999). As contribuições que este estudo revelou foi a de que a
relação afetiva entre professor e aluno é um ponto de destaque para a aprendizagem, bem como
estabelece uma relação mais intrínseca com a família. Esta tríade tende além de melhorar o
desempenho do aluno, fortificar a relação escola família e comunidade, isto contribui para uma futura
intervenção crítica no meio social. Assim é possível afirmar que um olhar diferenciado do professor
para o aluno pode fazer uma grande diferença em termos de sala de aula e a função social da escola.

Palavras-chave: Afetividade. Família. Escola. Aprendizagem. Professor. Aluno.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo é a etapa final, do Plano de Desenvolvimento Educacional –


PDE/2016, tem como objetivo analisar como os professores concebem a dimensão
da afetividade no processo de ensino e aprendizagem, bem como a importância de
se construir vínculos afetivos entre professor e aluno, escola e família e o impacto
destes na aprendizagem dos alunos.
A atuação na escola de Ensino Fundamental séries finais e Ensino Médio
confirma uma lacuna existente no processo de ensino aprendizagem que por vezes
é manifestada mais pela falta de interação afetiva entre o professor, sendo estes pré
requisitos para a aprendizagem.
1
Profa. Pedagoga da Rede Estadual do Colégio Estadual Miguel Dias – Joaquim Távora – PR – PDE
TURMA 2016. e-mail: arorigues@seed.pr.gov.br
2
Orientadora, professora assistente da Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP, campus
de Jacarezinho, do Centro de Ciências Humanas e da Educação – CCHE do curso de Pedagogia.
Se, o conteúdo é transformado pela transposição didática, os recursos são de
ponta, o professor mantém formação continuada, por que o rendimento escolar não
é satisfatório? Que elementos são necessários para uma aprendizagem eficiente e
eficaz? Em que a relação afetiva pode contribuir para que realmente a
aprendizagem se efetive? Um olhar diferenciado e mais afetivo do professor para o
aluno proporciona uma melhor aprendizagem? Estas questões foram analisados a
luz das teorias de Piaget, (1984); Vigotski (2002); Wallon (2007); Boch (2008);
Dantas (1990); Libâneo (2001); Saviani (1991) e Sponville (1999).
Estudos recentes apontam a necessidade de um olhar sistêmico entre aluno e
a aprendizagem, pontuando a inter-relação do desenvolvimento psíquico, emocional
e cognitivo. Os conteúdos sistematizados serão melhores apreendidos quando a
escola estabelece o diálogo entre todos envolvidos no processo de ensino e
aprendizagem.É no contínuo ir e vir que se fundamenta o presente projeto de
intervenção sobre o processo de ensinar e aprender estimulando a prática de se
estabelecer um olhar diferenciado e mais afetivo sobre o aluno.

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A educação escolar é uma etapa de um processo de educação que se inicia


já no ventre materno, continua nas diferentes etapas do desenvolvimento. Graças
aos estudos e aperfeiçoamento de teorias do desenvolvimento sabe-se que o ser
humano vai construindo desde a vida intra uterina a sua história, de acordo com os
estudos de Vigotski a cultura se constrói de acordo com o ambiente e pode ser
transformada. É na relação do sujeito com o meio físico e social, motivada por
instrumentos que se processa o seu desenvolvimento cognitivo, e ao transformar a
natureza o homem também se transforma (VIGOTSKI, 2002. p.115).
Nestes termos o sujeito quando chega à escola vem com sua cultura, seus
sentimentos já formados, mesmo que este universo seja amplo, para que a
aprendizagem ocorra faz-se necessário o conhecimento do ambiente social do aluno
e principalmente a percepção por parte do professor do ambiente familiar do mesmo,
a melhor forma para se obter este conhecimento é por meio da interação
família/escola.
Ao referir-se à família levam-se em consideração os novos modelos de
constituição familiar que vão somados as já existentes “famílias tradicionais” que
mesmo sofrendo transformações estruturais não deve interferir em sua missão, a de
resguardar e educar seus filhos.
Um pouco de história:

O conceito de família foi ampliado. Os quesitos relativos a nupcial


idade foram, mais uma vez, alterados. Porem incorporou uma
mudança há muito tempo reivindicada pela sociedade: as categorias
chefe do domicilio e chefe da família foramsubstituídos por pessoa
responsável pela família. Esta alteração, longe de ser simples
mudança semântica, refletiu o esforço deliberado de se romper com
esquemas que reforçam e perpetuam discriminantes de gênero.
(NASCIMENTO, 2016, p.10).

No meio deste emaranhado de termos e funçõesencontram-se as crianças,


que desde a sua concepção possuem a sensibilidade de perceber se são desejadas
e amada porém é este ambiente o responsável pela formação humana, afetiva,
psicológica e social, a família. Tem–se por lei e principalmente por tradição cultural
que a família na educação das crianças deve priorizar o amor, a confiança, o
respeito e os limites.
De acordo com Piaget (1984), a criança além dos cuidados físicos precisa ser
formada psicologicamente passando por diversas fases. Devem-se respeitar essas
fases de desenvolvimento cognitivo, conforme Piaget denomina de aumento do
conhecimento, que se dá pela assimilação e acomodação. É através da
acomodação que se constroem novos esquemas de assimilação. Portanto, o
professor não pode limitar-se ao conhecimento do conteúdo mas deve estar atento a
respeito das peculiaridades do desenvolvimento psicológico da inteligência do
educando. É interessante salientar que a partir dos doze anos o adolescente passa
a criar teorias próprias sobre o mundo, tira conclusões levanta hipóteses, por meio
de reflexões espontâneas. Ele se afasta dos adultos e liga-se afetivamente com o
grupo de amigos que é um referencial importante.
Nesta transição, fase em que o aluno se encontra nas séries finais do Ensino
Fundamental afirma Bôck:

Depois da família, a escola é a instância mais importante para a


socialização da criança e do adolescente. É onde encontra os seus
colegas e aprende a relacionar-se fora do ambiente doméstico e
familiar, necessitando dividir, esperar, impor, aceitar e negociar
desejos (2008, p. 42).

É no seio familiar que se deve desenvolver, fortalecer alguns atributos


psíquicos e cognitivos tais comocontrolar, moderar os impulsos e colaborar nas
tarefas caseiras. Isso envolve comprometimento e sentimentos de afetividade por
parte dos familiares. Independentemente do modelo de família que os sujeitos
estejam inseridos eles tem necessidade de se sentirem protegidos e receber carinho
para se desenvolverem dentro da normalidade desde ainfância até a idade adulta.
A família embora seja a primeira e fundamental, não é a única responsável
pela educação integral dos sujeitos, o educar atinge proporções maiores, pois ela se
manifesta de diferentes formas e vários ambientes na rua nas instituições religiosas,
nas mídias, onde quer que esteja está se informando, mas principalmente a escola
tem uma responsabilidade maior no educar.
Nas palavras de Libâneo:

Verifica-se, pois uma ação pedagógica múltipla na sociedade. O


pedagógico perpassa toda sociedade extrapolando o âmbito escolar
formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não
formal. Apesar disso, não deixa de ser surpreendente que
instituições e profissionais cuja atividade esta permeada de ações
pedagógicas desconheçam a teoria pedagógica (2001, p. 20).

A função social da escola é instrumentalizar os sujeitos através do ensino


sistematizado por áreas do conhecimento, para que através dos conteúdos
produzidos historicamente este sujeito se torne um cidadão politicamente consciente
de seus deveres e direitos, possibilitando os a atuarem na sociedade.
Conforme observa Saviani:

A educação é um fenômeno especifico dos seres humanos, a


compreensão da natureza da educação passe pela compreensão da
natureza humana. Ora o que diferencia os homens dos demais
fenômenos, o que o diferencia dos de mais seres vivos o que o
diferencia dos outros animais? A resposta a estas questões também
é conhecida. Com efeito sabe-se que, diferentemente dos outros
animais que se adaptam à realidade natural tendo a sua existência
garantida naturalmente, o homem necessita produzir continuamente
sua existência (1991, p. 15).
Este processo de construção da existência realiza-se por diferentes meios,
principalmente pela transmissão de valores e conhecimentos tidos como universais,
citando alguns de acordo com Sponville (1999) nos conduzem durante a trajetória
humana.O ser humano vive em constante processo de transformação e nesse
processo de o fortalecimento dos valores humanos é imprescindível às
escolhas,para seguirmos caminhos com a prática do bem.É no ambiente escolar,
local de formação que surgem as oportunidades de estimular e fortalecer os valores
humanos nos mais diversos aspectos como a honestidade, respeito, justiça, amor,
não violência,humildade,responsabilidade, amizade, entre outros a fimde que tornem
práticas naturais, para fazer parte de nossa cultura
A teoria interacionista já citada (VIGOTSKI, 2002) afirma a capacidade do ser
humano em reinventar-se, mas para que isso ocorra necessita de um meio
estimulador, sendo a família a primeira instituição social da qual participa é nela que
a educação de um modo geral se solidifica.
Seguindo este pensamento Wallon (2007) entende que a criança acessa o
mundo simbólico por meio das manifestações afetivas que permeiam a mediação
que se estabelece entre ela e os adultos. Esse teórico entende as emoções numa
perspectiva genética e de desenvolvimento e à medida que o indivíduo se
desenvolve, as emoções vão encontrando formas de expressão mais complexas.
Por isso, a afetividade e a inteligência constituem um par inseparável na evolução
psíquica e permitem à criança atingir níveis de evolução cada vez mais elevados,
assim afirma Dantas

Ciente de que os progressos do pensamento se devem em grande


parte ao crescente domínio do sistema semiótico e que a capacidade
de diferenciação é poderosamente auxiliada pela apropriação das
diferenciações elaboradas pela cultura e cristalizadas nos sistemas
simbólicos, particularmente no código lingüístico, a linguagem, a
pedagogia walloniana não se furta a transmitir conteúdos. A
diferenciação conceitual que (a criança) faz, ou a que capta, já
realizada, na língua, são ambas aceitáveis. O uso preciso e
ordenado das palavras é entendido como manifestação de eficiência
e rigor do próprio processo mental. Longe de desprezar a
aprendizagem lingüística, ela a considera um poderoso auxiliar no
progresso do pensamento (DANTAS, 1990, p. 29).

A escola instituição por excelência no processo educacional, na construção


de novos conhecimentos, não se isola dos processos maior que a sociedade como
um todo, cumprindo sua função social na transmissãodos conteúdos,
proporcionando aos sujeitos construíreme assimilarem os saberes necessário para o
seu desenvolvimento psicossocial e emocional, deve estar em perfeita sintonia ela
com a família, e o desenvolvimento psicossocial da criança para que o processo de
aprendizagem se efetive.
Se por um lado a escola se reorganiza constantementeem termos de
currículo, metodologias, tecnologias e sistema de avaliação, objetivando uma
aprendizagem significativa, a família entre outras obrigações deveacompanhar as
tarefas diárias das crianças, zelar pela permanência dos filhos no ambiente escolar,
verificar seu aproveitamento nos estudos, visitando a instituição escolar sempre que
for convocada ou no ato da entrega do boletim de notas tomando consciência do
desempenho escolar do aluno,acredita-se que desta forma é possível vislumbrar um
processo de ensino e aprendizagem capaz de inferir positivamente na sociedade,
cumprindo sua função social, sabendo que está previsto em lei:
O direito e o dever da família em participar do processo de educação de
seusfilhos e a importância da sua presença no contexto escolar estão assegurados
pelalegislação brasileira. Algumas destas constatações podem ser verificadas no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, que
estabelece:

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao


plenodesenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da
cidadania equalificação para o trabalho.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do
processopedagógico, bem como participar da definição das
propostas educacionais (BRASIL, 1990).

Em se tratando de função social da escola é papel da mesma tornar os alunos


cidadãos politicamente conscientes de seus deveres e direitos, no entanto a escola
não está conseguindo dar conta de sua atribuição, surgem então situações em que
problemas e/ou dificuldades de aprendizagem não são provocados pela ausênciaou
inadimplência da família, citando alguns, a dificuldade de aprendizagem, a
defasagem de aprendizagem, distúrbios de comportamento, que devem e são
tratados no nível da escola , quando cada caso é analisado pelo colegiado, e busca-
se soluções para reverter a situação, que podem ter vários desfechos conforme se
achar conveniente dentre proporcionadas pela mantenedora como: Sala de Apoio à
Aprendizagem, avaliação para Sala de Recursos, encaminhamento ao Serviço
Público de Saúde para ser diagnosticado pelos diversos profissionais ou em casos
extremos ao Conselho Tutelar e a Promotoria Pública. Também nessas ações a
presença da família é fundamental tanto para conhecimento como para
acompanhamento, pois a escola tem o dever de encaminhar e a família
acompanhar.
Outro fator relevante na aprendizagem dos alunos é o distanciamento por
parte da família principalmente quando os alunos passam a freqüentar o 6º ano, a
impressão que se tem é de que a família já os considera adultos. Embora exista
mudanças relacionadas ao físico e psicológico eles encontrarão algumas
dificuldades para se adaptar à nova realidade. Deve-se juntar esforços entre a
família quetem sua participação ainda muito tímida,os professores e equipe
pedagógica para proporcionarum clima de confiança incluindo também a presença
de limites tão necessários para a boa convivência e o cumprimento das obrigações
escolares. Aos poucos eles vão adquirindo autonomia para realizarem suas tarefas e
resolverem outras situações que certamente se apresentarão como, por exemplo: a
organização do caderno para as oito disciplinas, troca de professores a cada 50
minutos, grande quantidade de alo unos alguns bem maiores que eles.
A parte, essas colocações do que deveria, mas não acontece no
relacionamento família e escola, voltando o olhar para a aprendizagem e a origem
deste trabalho, a afetividade entre professores e alunos pode melhorar o
desempenho escolar dos alunos? A teoria confirma que sim, quando o professor
criaum vínculo afetivo com o aluno consegue perceber as sua necessidades para
uma aprendizagem efetiva, na prática os professores concordam com esta
afirmação, evidenciando porém as dificuldades encontradas no chão da escola para
por em prática a teoria, como mostra o Projeto de Implementação Pedagógica
Esta situação é salientada por Bock (2008), quando afirma, as dificuldades
encontradas pelos alunos ao mudarem de escola, assim diz:

A pluridocência complica o vínculo professor/aluno, pois o contato


que mantêm ocorre em, no máximo, quatro horas semanais
alternadas com as demais disciplinas. Além disso, agravando a
situação, os professores dessa etapa de ensino têm formação
específica em sua matéria com pouco estudo quanto às fases de
desenvolvimento, o que compromete sua compreensão e atuação
em relação aos comportamentos de seus alunos
púberes/adolescentes (BÖCK, 2008, p. 72).

Certamente o emocional será afetado, por mais que recebam apoio dos
professores e equipe pedagógica eles ainda necessitam dos olhos atentos da
família.

3 METODOLOGI A

A metodologia utilizada nesta pesquisa foi: Pesquisa Exploratória, “seu


objetivo principal é o aprimoramento das ideias ou da descoberta de intuições. essas
pesquisas envolvem levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que
tiveram experiências práticas com o problema” (QUADROS, 2012, p.42), o que
abrange a necessidade da pesquisa em questão, esta foi realizada com os
professores dos sextos anos do Colégio Estadual Miguel Dias E.F.M. no município
de Joaquim Távora – Paraná, complementada com a pesquisa qualitativa, do
tema: afetividade na relação professor aluno, “o uso paralelo das duas pesquisas
proporciona uma maior cobertura do tema, além de deixar os resultados mais
confiáveis (QUADROS, 2012).
A partir dos estudos com fundamentação teórica, a fim de compreender-se o
estado-da-arte da temática em tela, organizou-se um Grupo de Estudo para os
professores dos sextos anos e pedagogos do Colégio Estadual Miguel Dias do
município de Joaquim Távora, este foi realizado em seis encontros presenciais, foi
realizada uma palestra com os pais dos alunos das turmas envolvidas, sobre a
importância da afetividade e participação dos pais na educação dos filhos. A
temática também foi trabalha da online no Grupo de Trabalho em Rede – GTR –
com professores da rede estadual, a fim de propor a discussão do tema e assim
ampliar os conhecimentos e práticas acerca da afetividade e de suas implicações no
processo de aprendizagem.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Projeto de Intervenção Pedagógica, composto de atividades com os


professore dos sextos anos do colégio lócus da pesquisa e o Grupo de Trabalho em
rede com os professores da rede estadual de ensino, parte da proposta de trabalho
do professor PDE, teve como objetivo relacionar o estudo teórico com a prática em
sala de aula, bem como propiciar conhecimentos para uma possível transformação
no que tange a relação professor aluno e a construção de vínculos afetivos para um
melhor desempenho escolar e pessoal dos alunos .
As atividades desenvolvidas com os professores no colégio foram realizadas
durante a hora atividade, mesmo acontecendo em pequenos grupos de acordo com
as possibilidades, foi produtivo, pois como se encontram diariamente na escola, os
professores trocaram ideias e assim foi possível relatar suas experiências,
expectativas e colaborar com os conhecimentos teóricos pesquisados por meio das
atividades elaboradas pela autora do projeto como: grupo de estudos com os
professores dos sextos anos e palestra com os pais de alunos dos sextos anos.
A seguir apresentam-se de maneira sucinta as atividades desenvolvidas no
colégio lócus da pesquisa.

APRESENTAÇ ÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

A apresentação do projeto de intervenção aos professores, deu-se durante a


Semana Pedagógica, onde todos os professores do colégio tiveram a oportunidade
de conhecer em síntese o estudo realizado pela autora e os objetivos de colaborar
para uma prática pedagógica permeada pela afetividade, houve interesse dos
participantes em conhecer estes princípios e os professores dos sextos anos,
convidados a participarem do Projeto de Intervenção se dispuseram em participar
dos encontros nos Grupos de Estudos desenvolvidos para tal.

P ALESTRA: O DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO


E SUAS EMOÇÕES

Com anuência da Direção do Colégio, os pais dos alunos dos sextos anos
forma convidados a participarem de uma palestra desenvolvida por uma psicóloga,
esta aconteceu em um salão da comunidade, a maioria dos pais e professores
convidados participaram do encontro. O ponto alto sendo a palestra com a psicóloga
evidenciou a importância dos pais em cuidar e educar os filhos mesmo quando estes
parecem grandes, demonstrou o quão necessário é a presença afetiva dos pais na
formação da criança e do jovem, mesmo que os encontros entre pais e filhos sejam
breves, em poucos momentos do dia. CitouPiaget, concordando com o que escreve
a autora sobre a teoria deste psicólogo, quando coloca: “a criança além dos
cuidados físicos precisa ser formada psicologicamente passando por diversas
fases”.Piaget (1984).
Antes de abrir espaço para a participação dos presentes a psicóloga reforçou
a necessidade da família em acompanhar o desenvolvimento escolar de seus filhos,
construindo um relacionamento sólido com a escola, demostrando que a escola
dentro de suas possibilidades e por vezes para além dessas promove diferentes
ações para atender as necessidades dos alunos tanto em metodologias de ensino
como acompanhamento pedagógico em casos mais específicos, portanto é mister
que os pais estejam presentes, na escola para auxiliar nas tomadas de decisões.
O encontro com os pais foi encerrando com a fala da autora do projeto
especificando as melhores maneiras dos pais acompanharem o vida escolar de seus
filhos.
GRUPO DE ESTUDOS COM OS PROFESSORES

Neste primeiro encontro com o grupo de professores participantes da


pesquisa, a autora projetou o vídeo: “Como estrelas na Terra”3. Este filme relata a
história de um menino disléxico, não consegue “aprender”, nem família nem escola
detectam o problema, causando sofrimento a todos. Finalmente um único professor
percebe a dificuldade do garoto e apesar da descrença da escola e da família, por
meio da afetividade consegue despertar o interesse do aluno em outras linguagens,
a arte, luta com seus pares ea família na aceitação do diferente.
Após o vídeo os professores foram direcionados a refletirem e colocarem
suas opiniões quanto ao enredo do filme e forma indagados pela autora quanto
asituações similares na sala de aula.
Quanto ao questionamento sobre as dificuldades cognitivas e/ou psicológicas
encontradas em sala de aula, os professores relataram diferentes dificuldades
encontradas, tanto cognitivas, comportamentais e psicológicas, o grupo entende a

3
KHAN, Aamir. Como estrelas na terra: toda criança é especial (2007) (ver referê ncia no final do
texto).
necessidade de se colocar como profissionais diante das situações elencadas,
concordando com Bôck que afirma:

Depois da família, a escola é a instância mais importante para a


socialização da criança e do adolescente. É onde encontra os seus
colegas e aprende a relacionar-se fora do ambiente doméstico e
familiar, necessitando dividir, esperar, impor, aceitar e negociar
desejos (2008, p.42).

Os professores relataram as diferentes metodologias e meios motivacionais


para vencer as dificuldades e propiciar um ambiente rico para construção de valores
edificantes para a sociedade e o seu importante papel como educadores
corroborando com a afirmação de Dantas

Ciente de que os progressos do pensamento se devem em grande


parte ao crescente domínio do sistema semiótico e que a capacidade
de diferenciação é poderosamente auxiliada pela apropriação das
diferenciações elaboradas pela cultura e cristalizadas nos sistemas
simbólicos, particularmente no código lingüístico, a linguagem, a
pedagogia walloniana não se furta a transmitir conteúdos. A
diferenciação conceitual que (a criança) faz, ou a que capta, já
realizada, na língua, são ambas aceitáveis. O uso preciso e
ordenado das palavras é entendido como manifestação de eficiência
e rigor do próprio processo mental. Longe de desprezar a
aprendizagem lingüística, ela a considera um poderoso auxiliar no
progresso do pensamento (1990. p. 29).

GRUPO DE ESTUDO: A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA


NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS

Após a leitura do texto: Afetividade na relação professor aluno no processo de


ensino aprendizagem4
A educação escolar é uma etapa de um processo de educação que se inicia
já no ventre materno, continua nas diferentes etapas do desenvolvimento. Graças
aos estudos e aperfeiçoamento de teorias do desenvolvimento sabemos hoje que o
ser humano vai construindo desde a vida intrauterina a sua história de acordo com
os estudos de Vigotski a cultura se constrói de acordo com o ambiente e pode ser
transformada. É na relação do sujeito com o meio físico e social, motivada por

4
SOUZA, Maria Thereza Costa Coelho de. As relações entre afetividade e inteligência no
desenvolvimento psicológico (2011) (ver referê ncia no final do texto).
instrumentos que se processa o seu desenvolvimento cognitivo, e ao transformar a
natureza o homem também se transforma (VIGOTSKI, 2002. p.115).
Neste encontro os professores relataram diferentes experiências sobre
transformações significativas no processo de aprendizagem de alguns alunos após
mudarem as estratégias de convivência, metodologias ao se aproximarem dos
alunoscom um outro olhar direcionado a construir como mesmo um vínculo afetivo
possibilitando contruir um sujeito com autonomia capaz de tomar decisões apesar
de todas as situações adversas contribuírem ao contrário. Neste ponto foi relatado
inúmeros casos de alunos do colégio que superaram as dificuldades e se tornaram
profissionais que hoje contribuem para a construção sócia da comunidade.

LEITURA E DISCUSS ÃO DO TEXTO: AFETIVIDADE


NO AMBIENTE ESCOLAR 5

Neste encontro foi discutida a gênese da pesquisa, a afetividade na relação


professor aluno, os professores demonstraram conhecimento sobre o assuntoe a
necessidade de o professor do sexto ano ter o diferencial de compreender as
necessidades emocionais próprias do aluno nesta faixa etária, compreendendo que
o mesmo sofre uma mudança brusca no ambiente escola, bem como está iniciando
o processo de se tornar um adulto, onde o mesmo se vê diante de situações que
não sabe como lidar.
Os professores confirmam a posição de Bock:

A pluridocência complica o vínculo professor/aluno, pois o contato


que mantêm ocorre em, no máximo, quatro horas semanais
alternadas com as demais disciplinas. Além disso, agravando a
situação, os professores dessa etapa de ensino têm formação
específica em sua matéria com pouco estudo quanto às fases de
desenvolvimento, o que compromete sua compreensão e atuação
em relação aos comportamentos de seus alunos
púberes/adolescentes (2008, p. 72).

Salientam que é necessário um esforço de aproximar afamília na escola


para que ambos construam diretrizes para auxiliar esta criança que está se
transformando em um sujeito político capaz de transformar o meio em que vive.

5
LINK; PORTO; CHIARATTI (2012) (ver referência no final do texto).
Finalizando está etapa o grupo deprofessores, orientados pela autora da
pesquisa traçaram em linhas gerais procedimentos concretos e viáveis para serem
aplicados na pratica pedagógica, entre eles traçar com o auxilio da Equipe
Pedagógica o perfil social e familiar dos alunos dos sexto anos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo a educação um processo dinâmico que envolve diferentes instituições


e diferentes sujeitos e tem sua função social pré determinada, a de construir
conhecimentos para a transformação humana e social, conhecimentos esses que
advém do social, são transformados e voltam para o mesmo contexto de onde
vieram. Para que esta função se concretize, é mister que o ambiente escolar seja
propício à aprendizagem e que o aluno esteja receptivo aos novos conhecimentos.
Esta não é uma realidade vivida na escola, apesar das diferentes tecnologias
utilizadas no processo, inúmeras intervenções no processo tanto para alunos e
principalmente para os professores, por meio de formação continuada, e
intervenções pontuais a escola encontra dificuldades paracumprir sua função social.
Analisando o fato e indagando os professores tem-se que por unanimidade a falta de
interesse dos alunos para com os conteúdos do currículo escolar, mesmo sendo
contextualizado erecebendo o tratamento adequado para idade no âmbito do
planejamento esendo transmitido por meio dediferentes instrumentos tecnológicos
disponíveis na escola tais como: data show, TV pen drive, not book, ainda assim o
problema persiste.
As relações interpessoais certamente não irão sanar as dificuldades
encontradas em sala de aula, porém podem sim transformar o ambiente escolar
favorecendo a aprendizagem. A partir de uma nova ótica, valorizando as emoções e
usando-as a nosso favor no processo ensino aprendizagem e outros elementos
como o Currículo do Sistema Educacional corroborem para a efetivação de um
ambiente de construção do conhecimento sólido capaz de atingir o indivíduo e seu
meio.
Esse processo se consolida em ações conjuntas, no aperfeiçoamento dos
conhecimentos dos professores, uso de metodologias adequadas que visem a
promoção do aluno como sujeito ativo na aprendizagem, por ciências que auxiliem a
compreensão de como se constrói o conhecimento e principalmente a construção de
vínculos afetivos entre professores e alunos.

REFERÊNCI AS

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https://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/14124/afetividade-no. Acesso
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Estúdio/Distrib: Aamir Khan Productions. Disponível em:
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SOUZA, Maria Thereza Costa Coelho de. As relações entre afetividade e inteligência
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