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A Neuropsicopedagogia no Contexto

Escolar
Psicologia Cognitiva José Roberto Teruel  Fevereiro/2017
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(Tempo de leitura: 10 - 19 minutos)

Resumo: A Neuropsicopedagogia se constitui como novo


campo do conhecimento voltado a pensar e a agir sobre as
dificuldades de aprendizagem. Este artigo está fundamentado
em publicações da literatura bibliográfica de autores
renomados que convergem para o ensino da leitura e da escrita
com crianças em idade de aprendizagem escolar, sendo a
escola o espaço institucional propício para ser desenvolvida
uma prática Neuropsicopedagógica. Este artigo aborda a
importância do Neuropsicopedagogo na instituição escolar
como auxiliar na superação dos problemas de aprendizagem. O
referencial teórico adotado para argumentação e confrontação
dos dados obtidos é respaldado nas idéias de vários autores
onde se enfatiza as contribuições e as limitações ainda
existentes na práxis Neuropsicopedagógica. Não existe
aprendizagem que não passe pelo cérebro, compreendendo a
ciência a neurociência e a neuroaprendizagem; conhecer o
funcionamento do Cérebro e do Sistema Nervoso é
fundamental para entender o processo da aprendizagem. A
plasticidade neural é maior nas regiões cerebrais encarregadas
da aprendizagem e as áreas do córtex cerebral são
simultaneamente ativadas durante esse processo; fatores
importantes que devem ser conhecidos pelos profissionais da
educação. Os professores terão mais sucesso na arte de ensinar
estudando como o cérebro aprende.

Palavras-chave: Neuroaprendizagem, Dificuldades de
Aprendizagem, Aprendizagem significativa, Córtex Cerebral.

1. Introdução

A Neuropsicopedagogia é um campo do conhecimento que


interage de modo coerente com outros conhecimentos e
princípios de diferentes partes das Ciências Humanas:
Psicológicas, Pedagógicas, Sociológicas, Antropológicas, entre
outras, desconstruindo o fracasso escolar, entendendo o erro
apresentado pelo indivíduo no processo de construção do seu
conhecimento, da aprendizagem significativa e suas interações
como fator importante no desenvolvimento das habilidades
cognitivas.

Desta forma, o profissional da Neuropsicopedagogia


assume papel de importância na abordagem e solução do
problema da dificuldade de aprendizagem na fase de
alfabetização. Como aprender a ler é para a criança enfrentar
novos desafios em relação ao conhecimento linguístico, esta
tarefa se torna complexa exigindo um trabalho de equipe
multidisciplinar cujo objetivo é identificar quais as causa das
dificuldades de aprendizagem onde a etiologia da problemática
pode ser fundamentada nos vários tipos de transtornos
biopsico e sociofamiliar.

As dificuldades existentes neste processo são esperadas,


pois a relação do sucesso na aprendizagem da leitura e das
habilidades intelectuais deve ser considerada. Crianças que
apresentam grandes habilidades intelectuais, com certeza terão
maiores facilidades para aprender a ler e escrever, ao
compararmos com as que têm menores habilidades.

Outro fator a ser considerado é a aprendizagem


significativa onde os novos conhecimentos que se adquirem
relacionam-se com o conhecimento prévio que o aluno possui,
cabe ressaltar que este é um processo dinâmico em que o novo
conceito formado passa a ser um novo conhecimento que pode
servir de futuro ancoradouro para novas aprendizagens
(AUSUBEL et al., 1980; MOREIRA, 1999a, 1999b).

O conhecimento pré-existente na estrutura cognitiva do


aluno, Ausubel denominou subsunçor, ou seja, subsunçor é
todo o conhecimento prévio do aprendiz que pode servir de
ancoragem para uma nova informação relevante para o
mesmo; desse modo, existindo uma relação substantiva entre
os dois temos a aprendizagem significativa, sem dúvida
alguma, um procedimento pedagógico eficaz a ser utilizado em
educação. Alguns educadores defendem que os alunos devem
aprender significativamente.

O conhecimento de linguagem oral que a criança já trás


consigo é extremamente importante para seu aprendizado.
Pesquisas bibliográficas mostram que este conhecimento deve
ser aproveitado pelo educador como forma de interação verbal.
O aprendizado deve acontecer nos três espaços da criança:
Escola, família e sociedade.

Muitas vezes, se supõe, que os problemas socioeconômicos


da atualidade e a desestrutura familiar (separação/divórcio)
impede a presença ativa dos pais na escola aumentando assim
o índice de indisciplina, dificuldades educacionais e,
consequentemente a isso, a evasão escolar, problemas que
poderiam ser amenizados se a família interagisse mais na vida
escolar dos filhos.

Comete-se um erro grave quando se pensa que a


aprendizagem começa na idade escolar; a verdade é que antes
de entrar na escola a criança já desenvolve hipóteses e tem
certo conhecimento sobre o mundo, apresentando assim um
conteúdo significativo no contexto da aprendizagem.

Sabe-se que a influência familiar é fator determinante e


decisivo na aprendizagem dos alunos. Pais ausentes, que nunca
se interessam pelo dia-a-dia dos filhos, tanto no âmbito escolar
como sociofamiliar, expõe estas crianças a conviverem com
sentimentos de desvalorização e carência afetiva, gerando
desconfiança, insegurança, improdutividade e desinteresse, e
consequentemente deixando marcas profundas nestes alunos,
que futuramente encontrarão mais dificuldades no processo
pedagógico da aprendizagem escolar.

A responsabilidade que a sociedade coloca na escola vem


desencadeando a inversão de valores. Muitos pais acham que a
educação familiar não tem relação com a educação escolar,
quando na verdade é justamente o contrário, ou seja, a
educação escolar que é um complemento da educação
adquirida na família.

2.  Alfabetização Com Auxílio da NeuroPsicoPedagogia

O processo da alfabetização engloba o desenvolvimento de


um conjunto de competências que farão fluir o ler e escrever,
obedecendo a uma sequência pré-estabelecida por um
currículo de alfabetização, que direcionará o aprender a
aprender (metacognição).

Segundo Vygotsky, (1988), na etapa inicial da


escolarização o aluno está aprendendo a ler; a prioridade, a
atenção e o esforço se concentram em quebrar, decifrar o
código alfabético, entender o que significam os sinais gráficos,
e que palavras querem representar, esta é a etapa do aprender
a ler. Na segunda etapa o aluno já decodifica as palavras sem
esforço e é capaz de lê-las com fluência, ele vai ler para
aprender: aprender o significado das palavras, os conceitos
transmitidos num determinado texto, descobrindo novos
horizontes. O professor possui papel ativo, sendo capaz de
desafiar o aluno para que este se sinta cada vez mais hábil ao
realizar uma tarefa considerada difícil.

Os educadores detêm o conhecimento, sendo preciso usar


diferentes estratégias (metodologias) para alcançar os objetivos
propostos, pois os educandos ao serem alfabetizados se
diferenciam no que se refere ao tempo e espaço.

2.1 O quê Fazer com Alunos que


Parecem não Aprender?
Autores renomados ensinam que vários aspectos merecem
ser considerados, mas um deles é fundamental: essas crianças
precisam de acompanhamento diferenciado e próximo. Mesmo
que contem com a ajuda dos colegas nas propostas em duplas,
é indispensável a intervenção direta e constante do professor.
O apoio será importante, em certos momentos, para incentivá-
los a continuar manifestando suas ideias. A relação que se
estabelece com a criança e com o que ela produz é fundamental
para que ela se sinta capaz de aprender. Em outros momentos,
porém, cabem intervenções mais explícitas para que fiquem
atentas às características do sistema de escrita.

A escola como modo de socialização específico e como lugar onde se estabelecem as formas
específicas de relações sociais; ao mesmo tempo que transmite os saberes, os conhecimentos, está
fundamentalmente ligada as formas de exercício do poder. Isto não é somente verdade da escola:
todo modo de socialização, toda forma de relação social implica ao mesmo tempo na apropriação
de saberes (constituídos ou não como tais como saberes objectivados, explícitos, sistematizados,
codificados) e a aprendizagem de relações de poder. (Vincent, 1994, p.14)
Ainda segundo Gimeno Sacristán (2000, p.211), (...) um método se caracteriza pelas tarefas
dominantes que propõe a professores e alunos. Um modelo de ensino, quando se realiza dentro de
um sistema educativo se concretiza numa gama particular de tarefas que tem um significado
determinado. Uma jornada escolar ou qualquer período de horário diário é uma concatenação
singular de tarefas dos alunos e do professor.
Por essa óptica, afirma o autor, o número, a variedade e a
sequência de tarefas, bem como as peculiaridades na sua
aplicação e no sentido que elas assumem para professores e
alunos, junto com sua coerência dentro da filosofia educativa
adaptada, definem a singularidade metodológica que se pratica
em classe.

2.2 Jogos Educativos


Por que utilizar jogos educativos no processo ensino
aprendizagem?  Piaget e Vygotsky são unânimes em suas
teorias sobre a importância da utilização dos jogos no processo
de ensino aprendizagem.

Para Piaget ( 1978, p. 370 ) os jogos tem dupla função:

 Consolidam as estruturas já formadas (aprendizagens significativa)


 Dão prazer e/ou equilíbrio emocional à criança. Ele classifica os
jogos em várias fases de acordo com as estruturas mentais. As
crianças do Ensino Fundamental I (6 a 10 anos) se encontram nas
fases pré-operatório e operatório concreto, tornando-se
imprescindível o contato com o objeto de aprendizagem o que é
favorecido através da utilização de jogos.

Vygotsky (2001, p. 59-83 e p. 119-142), realça a influencia


do lúdico no desenvolvimento infantil, por meio deles as
crianças aprendem a agir, tem a curiosidade estimulada e
adquirem iniciativa e autoconfiança, proporcionando o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da
concentração.

O processo de compreensão da natureza alfabética do


sistema de escrita desenvolve nas crianças mecanismos de
leitura e de escrita de palavras. Apesar de muitas delas
aprenderem esses mecanismos com relativa facilidade, o
desenvolvimento das habilidades relacionadas à leitura e à
escrita de palavras leva tempo e requer treino por parte das
crianças. Para isso, um conjunto de atividades de leitura e
escrita de palavras e frases deve fazer parte do planejamento
pedagógico das professoras desde o primeiro ano do Ensino
Fundamental.

3. A Contribuição dos Pais na Aprendizagem de


Alunos que Apresentaram Baixo Rendimento Escolar

Sabendo que as dificuldades de aprendizagem e de


comportamento vêm crescendo assustadoramente nas escolas,
muitos pesquisadores têm direcionado as suas pesquisas para
este tema, enfocando a importância da família na
aprendizagem escolar. Os resultados obtidos deixam claro que
a família tem uma influência muito grande no desempenho
escolar dos filhos, podendo intervir no sentido de motivar os
alunos para frequentarem a escola, bem como auxiliá-los no
desenvolvimento de suas competências e habilidades, através
de um relacionamento amigável com os colegas e professores.

Segundo vários autores, os pais precisam estar envolvidos


com os filhos e com a escola, tendo conhecimento das
dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelas crianças para
poder ajudá-las visando um desenvolvimento global, onde
esteja incluída e educação escolar, a social e a formação
intelectual do aluno. FUNAYAMA (2005, p. 27-28) nos diz que
existem pais que infantilizam a criança e o problema, não se
preocupando com as dificuldades dos filhos.

SMITH; STRICK (2001, p. 17) nos dizem ser


extremamente importante que o pai de crianças com
dificuldades de aprendizagem se alie a escola, para que possam
trabalhar um plano de desenvolvimento apropriado, voltado
para estes alunos, no intuito de garantir as necessidades
educacionais de seus filhos. Acreditando que com o passar dos
anos o problema se resolverá automaticamente, esses pais só
procuram ajuda especializada quando a situação se agrava e o
nível de conhecimento e aprendizagem se apresentam muito
abaixo do esperado, podendo ser obrigados a repetir o ano
letivo. Os pais precisam se conscientizar, que se a criança tem
dificuldades para realizar suas tarefas, precisando da ajuda ou
da confirmação de outras pessoas, e se junto a isso apresentar
algum problema de relacionamento com os colegas, é
necessário que procurem ajuda, para que sejam analisados os
motivos que levam a este comportamento e assim evitar
futuros problemas educacionais dos filhos.

Os filhos só seguirão as regras se entenderem o motivo


delas. Do mesmo modo, só respeitarão os limites que
conhecerem. Caso contrário, farão tudo a seu modo. Por meio
de regras claras e bem estabelecidas em casa, o filho saberá
exatamente qual é a forma correta de falar, de pensar, de
raciocinar e de agir em cada caso, isso dará a ele segurança e
tranquilidade. Ter limites bem definidos fará com que ele saiba
até que ponto pode ir, e isso lhe trará responsabilidade e
caráter.

As autoras SMITH; STRICK (2001, p. 36) ainda nos dizem


que as crianças com dificuldades de aprendizagem, podem ser
brilhantes, criativas e talentosas em outras áreas, mas em
nossa sociedade, onde se valoriza muito o desempenho escolar,
estas crianças sentem-se fracassadas, principalmente se
comparando com as crianças que apresentam um melhor
desenvolvimento cognitivo, criando assim um bloqueio cada
vez mais acentuado no seu processo de aprendizagem. Paralelo
à sociedade, que busca cada vez mais o êxito profissional e a
competência a qualquer custo, a escola também segue esta
concepção. Aqueles que não conseguem responder às
exigências da instituição podem sofrer com um problema de
aprendizagem. A busca incansável e imediata pela perfeição
leva à rotulação daqueles que não se encaixam nos parâmetros
impostos.

Para evitar que o aprendizado escolar se torne um


paradoxo, os pais têm a responsabilidade e o dever de traçar as
regras e os limites, em casa, no intuito de que seus filhos
aprendam o respeito e cresçam conhecendo valores éticos e
morais. Assim, é preciso entender: há uma grande diferença
entre criança “ativa” e criança “mal-educada”. Crianças
precisam ter vivacidade, devem brincar, perguntar e até
mesmo fazer bagunça. O problema surge quando essas atitudes
passam dos limites, quando o filho não respeita aquilo que os
pais consideram o mais correto para ele. Os pais têm o dever de
educar os filhos. Isso significa, inicialmente, impor as regras
essenciais ao seu bom convívio em casa e, em seguida, na
sociedade como um todo. Estabelecer horários e agir de modo
que deixe claro para as crianças a existência de autoridade e de
limites dentro de casa, ajuda a desenvolver elementos
fundamentais na formação do caráter.

TIBA, (2002, p.183) nos diz que se houver uma parceria


entre família e escola, se as duas partes falarem a mesma
linguagem e apresentarem valores semelhantes a criança
aprenderá sem grandes conflitos. È importante ressaltar que o
papel que a família representa na educação da criança é fator
primordial na formação da auto-estima, e conseqüentemente
na aprendizagem do educando, oportunizando-lhes o
crescimento como sujeitos capazes de auxiliar na construção de
uma sociedade livre e democrática. Quando a família não
demonstra interesse nos filhos e na sua vida escolar, a criança
não consegue progredir nos estudos, portanto, as crianças
aprendem a comportar-se em sociedade ao conviver com
outras pessoas, principalmente com os próprios pais. A maioria
dos comportamentos infantis é aprendida por meio de
imitação, da experimentação e da invenção.

A criança precisa receber regras claras e objetivas, que


premiam a boa conduta e disciplinam a má, sem gritos nem
agressões, apenas fazendo com que as regras sejam
respeitadas. Existe uma diferença entre castigo e disciplina.
Castigo é punição, agressão, enquanto disciplina é ensino.
Educar é transmitir vida. Fazer ameaças às crianças também
não resolve, pois nem sempre os pais as cumprem, o que acaba
ocasionando perda de autoridade. Assumir a autoridade não
tem nada a ver com gritos ou uso de violência. Não é esse o
caminho para educar. É preciso ser firme no momento de
mostrar os limites às crianças, mas também ser amoroso na
hora certa para que elas saibam que as regras lhe estão sendo
impostas porque você as ama.

4. Neurociência: Compreendendo o Funcionamento do


Sistema Nervoso

A Neurociência busca compreender o funcionamento do


sistema nervoso, integrando suas diversas funções
(movimento, sensação, emoção, pensamento, entre outras).
Sabe-se que o sistema nervoso é plástico, ou seja, é capaz de se
modificar sob a ação de estímulos ambientais. Esse processo,
denominado de plasticidade do sistema nervoso, ocorre graças
à formação de novos circuitos neurais, à reconfiguração da
árvore dendrítica e à alteração na atividade sináptica de um
determinado circuito ou grupo de neurônios. É essa
característica de constante transformação do sistema nervoso
que nos permite adquirir novas habilidades psicomotriciais,
cognitivas e emocionais, e aperfeiçoar as já existentes.

O Sistema Nervoso Central é constituído pelo encéfalo e


pela medula espinhal, tem um papel fundamental no controle
dos sistemas do corpo. As principais partes do encéfalo são:
cérebro, tálamo, hipotálamo, mesencéfalo, ponte, cerebelo e a
medula oblonga. O cérebro é o centro de controle do sistema
nervoso, é a parte mais desenvolvida e a mais volumosa do
encéfalo, ele recebe aproximadamente 20% de todo o sangue
que é bombeado pelo coração. Apresenta duas substâncias
diferentes: uma branca que ocupa o centro e outra cinzenta,
que forma o córtex cerebral. O córtex cerebral está dividido em
mais de 40 áreas funcionalmente distintas, sendo que cada
uma delas controla uma atividade específica. O cérebro se
divide em duas metades, o hemisfério esquerdo e o hemisfério
direito. O lobo frontal é o responsável pela cognição, o
aprendizado.

Segundo a Psicopedagoga Maria Irene Maluf em entrevista


a Direcional Educador: "O estudo das neurociências deveria ser
aplicado nos cursos de especialização de professores". Defende
que "não existe aprendizagem que não passe pelo cérebro, a
ciência a neurociência e a neuroaprendizagem, através de
neuroimagens, são elementos importantes para evitar o
fracasso escolar". Afirma que conhecer o funcionamento do
cérebro e do Sistema Nervoso é fundamental para entender o
processo da aprendizagem.

Maluf, (2005), destaca a necessidade de ajustes às


características etárias especificas dos alunos para atingir o
sucesso escolar. A plasticidade neural é maior nas regiões
cerebrais encarregadas da aprendizagem e as áreas do córtex
cerebral são simultaneamente ativadas durante a
aprendizagem, fatores importantes que devem ser conhecido
pelos profissionais da educação. Os professores terão mais
sucesso na arte de ensinar estudando como o cérebro
aprende e utilizando estes conhecimentos na educação (grifos
da autora).

Maluf, (2005), defende que o sucesso escolar depende do


apoio familiar como sustentáculo biológico, social e emocional
da criança. O apoio aos professores e à escola é indispensável
para ajudar no desenvolvimento da capacidade de aprender e
alcançar a condição de autonomia, objetivo maior da educação.

Conhecer o funcionamento cerebral é fundamental para compreender como se dá a aprendizagem


de todas as pessoas, em todas as idades e situações, especialmente na escola, frente à educação
formal. Mas é importante ressaltar que como a Neurociência cognitiva objetiva estudar e
estabelecer relações entre cérebro e cognição principalmente em áreas relevantes para a educação,
o diagnóstico precoce de transtornos de aprendizagem está entre as prioridades da
Neuroaprendizagem, o que revelará também melhores métodos pedagógicos de desenvolver a
aquisição de informações e conhecimentos em crianças com transtornos e dificuldades do aprender,
assim como a identificação de seus estilos individuais de aprendizagem no contexto escolar. Isso
tudo deve-se primordialmente às descobertas neurocientíficas em torno  de como se desenvolvem
a  atenção, a memória, a linguagem, a emoção e cognição, o que traz valiosas contribuições para se
alcançar a educação. (MALUF, 2005).
Diante desse complexo sistema neural é que a estrutura
pedagógica escolar deve  apresentar seu conteúdo
programático, sua dinâmica de grupo com a classe e sua
dinâmica individual com alunos que apresentam diversidade
cognitiva à maioria dos alunos. A didática deve ser direcionada
e seletiva procurando compreender se a dificuldade de
aprendizagem tem alguma ligação com o ambiente
sociofamiliar ou trata-se de um fator de distúrbio neurológico.

5. Considerações Finais

Considerando a teoria e a dinâmica pedagógica


apresentada pelas obras literárias dos autores consultados,
cresce a necessidade de reconhecer a importância e incorporar
o conhecimento do funcionamento do sistema nervoso e seu
desenvolvimento, na prática pedagógica do educador. Analisar
a utilização dos recursos Neurocientíficos da
Neuropsicopedagogia como fator de identificação das
dificuldades na aprendizagem escolar, verificando junto aos
professores e coordenadores a estruturação pedagógica,
material e metodológica, respeitando o desenvolvimento e as
diferenças cognitivas dos alunos.

Nessa perspectiva, as experiências, saberes e


conhecimentos construídos na educação infantil, supõe-se,
sobretudo, servir de parâmetro para as práticas e as
intervenções pedagógicas que se pretende construir no novo
Ensino Fundamental. Uma questão a ser considerada refere-se
ao respeito a essa criança e a seu tempo de vida. Segundo os
autores consultados, a escolarização obrigatória não pode dar
excessiva centralidade aos conteúdos pedagógicos em
detrimento do sujeito e de suas formas de socialização. Essa
proposição ganha especial destaque, principalmente se
considerarmos as características das sociedades
contemporâneas onde a aprendizagem significativa
(subsunçores) propicia maior desenvolvimento cognitivo.

Por outro lado, não podemos perder de vista o direito


desse segmento da população ao conhecimento, em particular,
o direito de acesso à linguagem escrita. A criança é um sujeito
que interage com outros grupos sociais e com suas produções
simbólicas, e a linguagem escrita é uma dessas produções com
as quais as crianças têm, desde muito pequenas, uma
familiaridade e uma curiosidade para conhecer e dela se
apropriar.

Entretanto, as famílias e os profissionais da educação


sabem que assegurar o aprendizado da leitura e da escrita tem
sido um dos maiores desafios para a escola, principalmente
considerando que a educação integral deve acontecer nos três
espaços da criança: escola, família e sociedade.

Sobre o Autor:

Referências:
AUSUBEL, David. Aprendizagem Significativa, ed. Moraes,
1982; São Paulo/SP.

FUNAYAMA, Carolina Araújo Rodrigues. Problemas de


Aprendizagem: Enfoque Multidisciplinar. Campinas, SP:
Editora Alínea, 122 p. 2ª edição. 2005.

GIMENO SACRISTÁN, J. 2000.Currículo: uma reflexão sobre


a prática. Porto alegre: Artmed, P 211.

Guia para o Planejamento do Professor Alfabetizado – VOL 3


(SMESP) Assessoria Pedagógica, São Paulo-SP,  Maio 2010

MALUF, Maria Irene. A dificuldade de aprendizagem vista pela


psicopedagogia clínica. In: Sociedade Brasileira de
Neuropsicologia. (Org.) Neuropsicologia e Aprendizagem. 1 ed.
São Paulo: TECMEDD, 2005, v. 1, p. 77-88.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança.3. ed. Rio de


Janeiro: Zahar, 1978. 370p. Orientações para o trabalho com a
Linguagem Escrita em turmas de seis anos de idade 25

SMITH, Corine; STRICK, Lisa. Dificuldades De Aprendizagem


de A a Z. Um guia completo para pais e educadores. Porto
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TIBA, Içami. Quem Ama Educa! São Paulo: Editora Gente,


2002.

VINCENT,GUY(org).1994. L’Éducation prisonniére de la forme


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industrielles. Lyon: Press Universitaires de Lyon.

VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem,


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