Você está na página 1de 7

4 estratégias pedagógicas para a educação baseada em

competências

A educação baseada em competências busca desencadear a sinergia


entre conhecimento, habilidades e atitudes para que os alunos
aprendam a solucionar problemas.

O ensino por competências, como uma estratégia abrangente de


desenvolvimento humano, visa a formação de profissionais que não só
dominam os conhecimentos e metodologias de sua disciplina, mas
também possuem uma série de recursos transversais e soft skills que
lhes permitem enfrentar desafios complexos e adotar um papel positivo e
relevante dentro de sua comunidade.

A avaliação de competência já faz parte de muitos processos de


recrutamento na Indústria 4.0, o que significa que o fortalecimento das
competências fundamentais em seus estudantes irá equipá-los com
melhores ferramentas para o sucesso no mundo do trabalho.

A seguir, vamos analisar detalhadamente o que diferencia uma


competência de um conhecimento ou habilidade, e quatro estratégias
práticas para começar a aplicar o ensino baseado em competências na
sua IES. Acompanhe!

O que é educação baseada em competências?


De acordo com o Dr. David MacClelland, pioneiro no campo, as
competências são:

"a capacidade de desenvolver efetivamente um trabalho, usando


conhecimentos, habilidades e domínio específico, bem como atributos que
facilitam a resolução de situações e problemas contingentes".

Em outras palavras, uma competência não é "saber fazer algo estático",


e sim uma orientação atitudinal e psicossocial em ação e evolução
constante.

Por exemplo, saber usar pacotes básicos de automação de escritórios


não é em si uma competência, é uma habilidade específica. Nesse caso,
uma competência é a atitude de curiosidade e entusiasmo diante da
tecnologia, que se reflete em padrões de autoaprendizado e atualização
constante com ferramentas de software que permitem que a pessoa faça
seu trabalho de forma mais eficiente.

A educação baseada em competências busca justamente estimular a


sinergia entre conhecimento, habilidades, atitudes e valores para que o
aluno aprenda a desenvolver por si mesmo as ferramentas necessárias
para resolver problemas ou tarefas complexas por meio da ação, em
diferentes cenários, não só com sucesso, mas também com senso de
responsabilidade para consigo mesmo e com os outros.

Qual é a relação da aprendizagem com o ensino


por competências?
O conceito de competências no âmbito educacional existe desde os anos
sessenta. Mas foi a partir dos anos noventa que o modelo de educação
com foco na abordagem por competências no processo de ensino-
aprendizagem começou a ser promovido.

Um de seus antecedentes mais importantes foi a Comissão


Internacional de Educação para o Século XXI patrocinada pela
UNESCO e chefiada pelo economista Jacques Delors, que definiu em
seu relatório de 1996 os quatro pilares mais importantes que deveriam
direcionar o ensino:

1. Aprender a conhecer, ou seja, adquirir instrumentos de


compreensão.
2. Aprender a fazer, com a noção de qualificação e
competência.
3. Aprender a viver junto, a participar e cooperar com os
outros.
4. Aprender a ser, como um processo fundamental que
condensa os três anteriores.

Esses quatro pontos cardeais (conhecer, saber fazer, saber viver e saber
ser) são uma das bases do ensino por competências e, ao mesmo
tempo, coincidem com os princípios da aprendizagem significativa.
Vamos conhecer, a seguir, quais são suas características.
4 características do aprendizado significativo

1. Relevante

Significa que o aluno pode relacionar os conhecimentos e


habilidades que está adquirindo com situações ou fatos da vida cotidiana.
Por exemplo: problemas que podem ser resolvidos, métodos que podem
ser otimizados ou necessidades que podem ser abordadas de outra
forma.

2. Ativo

Significa que a aplicação prática do conhecimento no contexto


do ensino tem uma importância igual ou maior do que a teoria ou a
simples absorção e memorização de dados.

3. Construtivo

A aprendizagem está ligada ao conhecimento prévio e que


potencialmente expande o panorama de ação, ferramentas e visão
individual do estudante.

4. Participativo

A dimensão social da aprendizagem não abrange apenas a


aquisição de habilidades em um contexto de grupo ou trabalho em
equipe, mas também uma atitude de responsabilidade em relação a nós
e aos outros.

Na mesma linha, o ensino baseado em competências não envolve


apenas a aquisição de conhecimento, mas também sua avaliação ética,
bem como a vontade, afetividade e personalidade do estudante. Por isso
a aprendizagem significativa é uma condição essencial para o
desenvolvimento de competências.

Quais são os benefícios do ensino baseado em


competências?
Desenvolver competências estratégicas para o contexto socioeconômico
atual não só impacta o indivíduo em sua dimensão de trabalho, como
também o ajuda a se desenvolver como pessoa sob uma abordagem
abrangente e humanista. Algumas das vantagens específicas deste
modelo educacional são:

1. Ampla compreensão da utilidade prática dos conteúdos, o


que aumenta substancialmente sua motivação.
2. A aquisição construtiva e a aplicação prática do
conhecimento potencializam a autoconfiança, autoestima e
autoconceito.
3. A reflexão crítica e a postura sobre o processo de
aprendizagem permitem o desenvolvimento da capacidade
de "aprender a aprender".
4. Quase todas as competências envolvem o desenvolvimento
e o fortalecimento das soft skills.
5. Ensino baseado em competência promove uma atitude
positiva em relação aos desafios e reduz a resistência à
mudança.
6. Seus objetivos são consistentes com aqueles relacionados
ao desenvolvimento sustentável, equidade, inclusão, direitos
humanos, etc.

Além disso, é altamente personalizável, pois os alunos são avaliados


com base no nível de proficiência que têm sobre uma competência
usando uma combinação única de recursos, e não em uma base
curricular homogênea que não considera diferentes estilos de
aprendizagem.

Alguns exemplos de competências que podem ser fortalecidas com essa


metodologia são: comunicação assertiva, pensamento crítico, resolução
de problemas, responsabilidade social, inovação tecnológica, autogestão
do trabalho, etc.
Como aplicar educação baseada em
competências em sua instituição de ensino
O planejamento de ações didáticas para o desenvolvimento de
competências sempre exigirá que levemos em conta o conhecimento
prévio do aluno e a "próxima trilha de aprendizagem", ou seja, situações
ou objetivos que gerem um desafio, mas que sejam perfeitamente
alcançáveis com as ferramentas atuais disponíveis, tanto cognitivas
quanto pedagógicas.

Entre as atividades acadêmicas que, por sua natureza, incentivam


a aprendizagem baseada em competências, especialmente quando
desfrutam de orientação consciente e informada do professor, estão:

1. Aprendizado baseado em problemas ou Design Thinking 

Neste caso, todo aprendizado gira em torno da resolução de um


problema ou de uma necessidade prática da vida real. O objetivo a ser
alcançado é, por si só, algo capaz de dar sentido e motivação genuína a
todo o processo. A partir daí deriva uma atitude ativa e consciente por
parte do aluno, que busca recursos por conta própria e experimenta
diferentes abordagens enquanto o professor é apenas um guia
facilitador.

Vale ressaltar que embora "ser apenas um guia facilitador" possa soar
simples, não é. É preciso muito mais intuição e experiência para
promover o processo de aprendizagem natural de cada estudante do que
direcioná-lo estritamente e inflexivelmente.

Uma ideia de aprendizado baseado em projetos pode ser explicar aos


alunos que há milhares de pessoas em uma determinada região que não
têm acesso à água potável, e convidá-los a desenvolver soluções que
possam combater efetivamente esse problema.

Nesse caso, os alunos terão que se familiarizar com a geografia da


região, a química da "potabilidade", o contexto cultural daquela
comunidade, o tipo de recursos econômicos aos quais têm acesso, a
engenharia de equipamentos de coleta ou filtragem de água, entre outras
coisas.

Por outro lado, eles se tornariam conscientes de outras realidades mais


desfavorecidas, adquirindo um maior senso de justiça e responsabilidade
social.
2. Role playing

Essa atividade é baseada em simular para a equipe alguma situação


desafiadora. Aqui é interessante abordar situações que os estudantes
enfrentarão mais cedo ou mais tarde na vida real ou na sua área de
atuação.

O objetivo é considerado abrangente e adequado para o ensino por


competências, pois não só permite a formação em procedimentos e
pautas atuais, mas também desenvolve a sensibilidade, empatia e visão
analítica.

Por exemplo, podemos pedir aos nossos estudantes que simulem uma
tabela de especialistas que pretendem em investir na educação. Nesse
caso, todos teriam que identificar uma ação necessária e ser capaz de
explicá-la, defendê-la e convencer os outros.

Entre as habilidades exercidas pelo role playing (RPG) destaca-se a


comunicação interpessoal, o pensamento crítico, a criatividade e a
liderança, mas ao mesmo tempo exige um conhecimento teórico a
respeito de fatores históricos, sociais, econômicos, etc.

3. Investigação e pesquisa

Projetos de pesquisa e investigação são altamente recomendados para


uma educação baseada em competências, desde que o docente se
concentre em descobrir as causas ou "por quê" de alguma situação
relevante na vida dos alunos.

Por exemplo, podemos pedir que passem a semana descobrindo por


que homens e mulheres recebem salários percentuais diferentes, ou por
que as empresas podem explorar tantos recursos naturais escassos,
como a água, com aparente impunidade.

As atividades de pesquisa são especialmente úteis para aprender e


para desenvolver habilidades fundamentais de comunicação, como a
síntese. Eles também permitem que os alunos realmente se envolvam
com a realidade além da teoria.

4. Debates em grupo

Enfrentar crenças e posições diferentes das nossas é uma parte


inevitável da vida, mas também é um fator extremamente positivo
quando aprendemos que uma diferença de opinião pode ser uma grande
oportunidade para enriquecer o conhecimento e a visão de ambas as
partes.
Estar confortável com a pluralidade e, ao mesmo tempo, poder defender
nossa ideologia é uma competição de grande valor no contexto social
atual. É por isso que atividades de debate conscientes e respeitosos são
recomendadas para esse modelo educacional no ensino superior.

O ideal é partir de posições genuínas, ao contrário dos debates


tradicionais dos estudantes em que uma causa é imposta para defender
as diferentes equipes, independentemente do que eles acreditam em
segundo plano.

Por exemplo, podemos perguntar aos alunos o que eles acham que é
mais importante para o governo investir na área de educação. Ou o que
é melhor investir para a criação de empregos, e convidá-los a debater
não para escolher um "vencedor", mas para chegar a um consenso
mútuo.

Se você está interessado (a) em aplicar educação baseada em


competências na sua instituição de ensino superior, apoiando-o com
recursos pedagógicos e digitais de última geração, convidamos você a
conhecer a ampla gama de Soluções da Pearson Higher Education.
Todas as nossas ferramentas são projetadas para fortalecer habilidades
e competências altamente valorizadas no contexto global atual. Conheça
mais! 👇 

Referencias

Gomez, T (2011) Dime qué resuelves y te diré qué aprendes. Desarrollo


de competencias en la universidad con el método de proyectos. México:
Universidad Iberoamericana.

Perreneud, P (1999) Construir competencias desde la escuela. Santiago:


Ed Dolmen.

Crispín, M; Gomez, T; Ramírez J; Ulloa H (2012). Guía del docente para


el desarrollo de competencias. México: Universidad Iberoamericana.

Você também pode gostar