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PEDAGOGIA DA

EDUCAÇÃO:
EDUCAÇÃO
FÍSICA E
ESPORTE

Alex Ribeiro Nunes


Pensando a prática
educativa — noções
básicas sobre as
práticas pedagógicas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer as variáveis que configuram a prática educativa.


 Listar algumas sequências didáticas e demais variáveis metodológicas.
 Dominar as variáveis metodológicas para uma intervenção prática
na sala de aula.

Introdução
Pensar a prática educativa, mais especificamente no contexto da educa-
ção física, é conceber uma discussão que necessita estar continuamente
sendo levantada entre professores, ora inseridos nessa disciplina e que
fazem dessa ciência uma realidade, de fato, dentro das mais diversas
instituições educacionais.
As práticas pedagógicas elaboradas e aplicadas na educação física,
muitas vezes, denotam ações competitivas, individualistas, autoritárias e,
até mesmo, reforçadoras de preconceitos. Portanto, torna-se necessário
problematizar para repensar as dinâmicas das atividades educativas e
assim vislumbrar novas maneiras de conceber e praticar a educação,
inclusive, no que se refere à educação física.
Neste capítulo, você vai ter a possibilidade de reconhecer e analisar as
variáveis que configuram a prática educativa, além de ter acesso a uma
lista de sequências didáticas e demais variáveis metodológicas e, ainda,
compreendê-las para uma possível intervenção prática na sala de aula.
2 Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas

As variáveis que configuram a prática educativa


Na prática pedagógica da educação física, algumas variáveis são constantes
e se configuram como marcadores do processo educativo, visto que ocorrem
comumente nos mais diferentes espaços educacionais, sendo, portanto,
necessário nos debruçarmos sobre elas para compreendê-las, problematizá-las
e para, inclusive, pensarmos em novas possibilidades de práticas educativas
nesse cenário.

De acordo com Zabala (1998, p. 3):

Um dos objetivos de qualquer bom profissional consiste em ser cada vez


mais competente em seu ofício. Esta competência é adquirida mediante o
conhecimento e a experiência. A melhora de qualquer das atuações humanas
passa pelo conhecimento e pelo controle das variáveis que intervêm nelas.
Conhecer essas variáveis permitirá ao professor, previamente, planejar o
processo educativo, e, posteriormente, realizar a avaliação do que aconteceu.
Portanto, em um modelo de percepção da realidade da aula estão estreitamente
vinculados o planejamento, a aplicação e a avaliação.

Partindo dessa concepção, é possível direcionar o ato educativo na escola,


nos responsabilizando pedagogicamente em possibilitar aos estudantes uma
aprendizagem significativa, que ofereça subsídios para que o sujeito construa
seu conhecimento de maneira crítica, participativa e responsável. O estudante
necessita ser enxergado para além de um número ou de uma média de aprovação
quantitativa. A escola e a educação física necessitam preocupar-se em oferecer
mais a esse sujeito que ali se encontra e que, muitas vezes, é desmotivado e
desacreditado no contexto escolar. Muitas vezes as práticas são enfadonhas,
sem significados, mecânicas e sem contextualização.
Na educação física, principalmente os objetivos devem ser discutidos,
as propostas devem ser coerentemente e significativamente pensadas e o
planejamento deve ser abrangente e acessível a todos. Não cabe ser um
planejamento que esgota suas práticas unicamente em atividades esportivas
que, na maioria das vezes, estão desconectadas de uma realidade e de uma
significância para quem a faz.
Infelizmente, em muitos contextos, a educação física apresenta uma
equivocada característica de não ter planejamento, o que se confunde com
flexibilidade. No entanto, é preciso desconstruir tal ideia, visto que torna-se
fundamental a criação de um planejamento que aborde os conteúdos e as
Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas 3

dimensões cabíveis a cada ano e modalidade em que a educação física está


inserida.
O que deve ser almejado como prática educativa é algo que possibilite
aos estudantes apropriarem-se do conhecimento, de maneira que superem
o entendimento imediato das coisas, muitas vezes realizadas sem reflexão,
sem criticidade — especificamente no âmbito da cultura corporal, da
responsabilidade social, da cooperação e de tantos outros importantes aspectos
do nosso convívio. É preciso elevar-se a aspectos mais elaborados de todas
essas temáticas, de modo que possa refletir em nossas vidas e transformar
nossa realidade.
Apropriar-se significativamente de uma situação, de um novo conhecimento,
de um determinado lugar ou de algum conteúdo gera um sentimento de
pertencimento, de responsabilidade e de compromisso. A escola e a educação
física devem se ater a esses fatos e discutir as tantas variáveis que implicam em
uma prática educativa inovadora e eficaz e que, principalmente, se relacione
com a prática social.
Retornando a Zabala (1998), podemos citar três importantes variáveis
que envolvem a realidade da aula e, portanto, da prática educativa. São elas:
planejamento, aplicação e avaliação.

Planejamento: quando bem construído, de maneira reflexiva e participativa,


é possível que o resultado incorra em um conjunto de práticas abrangentes,
contextualizadas, significativas, eficazes, integradoras e que levam o estudante,
de fato, à aprendizagem e à apropriação responsável do conhecimento.
Nessa perspectiva, Nunes (2018, p. 5) aponta que:

Quando o planejamento é bem elaborado e abrangente, certamente a


aprendizagem irá ocorrer, podendo emergir a partir de problemas e situações
reais, visto que, os alunos vão vivenciando suas aprendizagens, o professor vai
criando e (re)criando acerca dos desafios que vão lhe surgindo e neste processo
contínuo, todos estão sujeitos a inúmeras e significativas aprendizagens.

Vale lembrar que são incluídos no planejamento o estabelecimento das


metas e o delineamento dos objetivos que a instituição escolar e/ou a disciplina
desejam alcançar. Deve configurar-se como um momento importante de
integração das ideias, para assim construir referenciais de práticas e atividades
educativas que rompam com a estagnação e que gerem ações colaborativas,
qualificadas, contextualizadas e significantes.
4 Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas

No contexto escolar, temos alguns planejamentos fundamentais para o


sucesso de nossa prática:

 Projeto Político Pedagógico, em que consta toda a organização político-


didático-pedagógica da escola.
 Planejamento Anual de Ensino, que é o planejamento elaborado para
cada disciplina, com propostas metodológicas, referenciais e objetivos.
 Planos de aula com conteúdo, objetivos e avaliações bem delineados
para nortear o fazer docente.

É muito importante, também, que o planejamento seja construído sob os


princípios de um planejamento participativo, visto que este influencia a
instituição inteira. Isso quer dizer que todos podem pensar juntos, professores,
supervisores, diretores, estudantes e familiares: os objetivos, a aplicabilidade
e as demandas. Essa prática conjunta está pautada na construção democrática
e participativa. Esse planejamento poderá ser realizado, inicialmente, a partir
do colegiado e depois se estendendo por outras reuniões, de modo que os
representantes participem com ideias, opiniões, demandas, críticas e, assim,
se construa algo que parta da realidade da comunidade escolar.
Perceber o planejamento como uma variável da prática educativa demonstra
sua importância para o cenário educacional e, portanto, a urgência em
repensá-lo. É preciso reconhecer e tentar agregar a realidade e as necessidades
da comunidade escolar para contribuir com o desenvolvimento e o processo
de aprendizagem dos estudantes.

Aplicação: no contexto educacional, principalmente no âmbito da educação


física, ao aplicar as práticas educativas, anteriormente pensadas e planejadas,
é fundamental que haja o acompanhamento a partir do que foi proposto. É
preciso perceber se as ações previstas no planejamento estão sendo aplicadas
adequadamente, se estão sendo satisfatórias, se estão fazendo diferença na
vida dos estudantes, se há falhas, enfim, é no ato da aplicação que se consegue
perceber algo que não está fluindo bem. Portanto, a importância de considerar
o momento de aplicação é uma relevante variável para o sucesso da prática
educativa. Por exemplo, ao se trabalhar a temática com questões culturais
por meio da arte e da música, o professor poderá solicitar que os alunos
produzam vídeos para propagação em redes sociais e, também, produzam
textos para vinculação em revistas e jornais, de modo que o aluno veja sua
ação materializada e para que essa ação seja multiplicadora de outras ações
importantes à sociedade. Outro exemplo interessante que preconiza o momento
Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas 5

da aplicação como algo marcante e significativo se refere a criar um “Projeto


de Amor à Vida”, que seria desenvolvido durante todo o percurso letivo com
campanhas, palestras, atividades de extensão à comunidade, etc., colocando
os alunos em movimento, praticando e aplicando suas aprendizagens.
Certamente, os tópicos necessários para que o “Projeto de Amor à Vida”
esteja bem estruturado, são:

 Título: para dar maior visibilidade para a proposta.


 Público-alvo: a quem o projeto se destina?
 Introdução: para apresentar a proposta do projeto, inclusive o conteúdo
a ser trabalhado.
■ Quanto ao conteúdo:
– Drogas lícitas e ilícitas.
– Suicídio: características e prevenção.
– Alimentação saudável.
– Cuidados com a saúde física e mental.
 Objetivos: o que se quer alcançar? Pode ser dividido em objetivo geral
e objetivos específicos.
 Justificativa: por qual motivo o projeto é pertinente?
 Desenvolvimento (procedimentos): de que forma o projeto caminhará?
Quais materiais e espaços serão utilizados? Quais atividades serão
desenvolvidas?
 Cronograma: quando será realizada cada ação descrita no desenvolvimento?
 Avaliação: de que modo será realizada a avaliação no projeto? Que
instrumentos serão utilizados para avaliá-lo, bem como para avaliar
os participantes?
 Referências: que autores sustentaram teoricamente o projeto?

Nessa perspectiva, vale ressaltar, ainda, que a aplicação da atividade


pedagógica realizada de forma adequada configura-se como a materialização
do que foi pensado e elaborado, ou seja, é a materialização do planejamento.
Nesse movimento, será possível perceber, também, o diálogo e a harmonia
entre teoria e prática, ou seja, perceber se o que se planeja a partir de bases e
teorizações pedagógicas se aplica e se pratica no cotidiano escolar.
A aplicação das atividades nas aulas de educação física devem priorizar
momentos de trocas, reflexões, discussões e problematizações acerca dos
conteúdos delimitados. Ao elaborar e aplicar uma atividade no âmbito da
educação física, deve ser levado em conta o que propõe os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1998), visto que estes sugerem
6 Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas

que, na prática educativa, devam ser trabalhados, dentre diversos outros, os


seguintes aspectos:

 Conhecimentos sobre o corpo, esportes, jogos, etc.


■ Predisposição à cooperação e solidariedade (ajudar o outro, dar
segurança, contribuir com um ambiente favorável ao trabalho, etc.).
■ Predisposição ao diálogo (favorecer a troca de conhecimento, não
sonegar informações úteis ao desenvolvimento do outro, valorizar
o diálogo na resolução de conflitos e respeitar a opinião do outro).
■ Valorização da cultura popular e nacional.
■ Predisposição para a busca do conhecimento, da diversidade de
padrões, da atitude crítica em relação a padrões impostos e do
reconhecimento a outros padrões pertinentes a diferentes contextos.
■ Dentre outros.
 Atividades rítmicas e expressivas.
■ Compreensão dos aspectos histórico-sociais das danças.
■ Percepção do ritmo pessoal.
■ Percepção do ritmo grupal.
■ Desenvolvimento da noção espaço-tempo vinculada ao estímulo
musical e ao silêncio com relação a si mesmo e ao outro.
■ Exploração de gestos e códigos de outros movimentos corporais não
abordados nos outros blocos.
■ Dentre outros.

Avaliação: considerando que a avaliação só ganha sentido se integrada ao


processo de ensino-aprendizagem, é fundamental que esta ocorra de maneira
processual e contínua, distinguindo assim, das formas tradicionais e punitivas
de avaliar. Por meio da avaliação, é necessário perceber e ajustar as falhas
ocorridas na proposta e no processo pedagógico, tentando também rever
junto aos alunos suas apreensões, bem como as críticas e sugestões para as
aulas futuras.
É necessário pensar em uma avaliação dissociada do aspecto punitivo, ou
seja, ela deve ser preocupada com o desenvolvimento integral do estudante,
sendo uma avaliação mais significativa, mais próxima à realidade e que de
fato avalie aspectos coerentes com a realidade. Deve ser algo voltado para a
contextualização, a reflexão, a libertação, a promoção, a responsabilidade social,
o diálogo, a construção, a conscientização, a emancipação e a aplicabilidade
social. Por exemplo, o professor pode solicitar que o aluno construa um
memorial. Para tanto, o aluno deverá levar em conta as condições e situações
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que envolvem sua trajetória na disciplina de educação física, apresentando as


questões que mobilizam sua atenção e evidenciando como elas movimentam
em sua história. O memorial tem uma função pedagógico-formativa na medida
em que o seu processo de elaboração — como um exercício de retomada de
uma trajetória — auxilia o aluno no desenvolvimento e na articulação dos
nexos entre sua vivência e os conteúdos vistos na disciplina, de modo a gerar
uma interpretação crítica da sua experiência e da própria realidade que o cerca.
Em contradição a isso, a avaliação que não leva em consideração a realidade
do aluno é, por exemplo, aquela que está baseada, muitas vezes, em um
único instrumento avaliativo, como a prova, e que dissocia o conteúdo da
prática, que fragmenta o conhecimento, que traz apenas as perguntas sem
contextualização e respostas objetivas sem a menor condição de o aluno
apresentar suas percepções.
Vale lembrar que a avaliação pode ser realizada a partir dos seguintes
instrumentos:

 Prova: para Sant’Anna (2011), a utilização da prova deve estimular


o crescimento do aluno, e não gerar bloqueios, como as recusas para
realização das atividades ou dificuldade para realizar as atividades e
assimilar o conteúdo. Nesse aspecto, é preciso pensar na prova não como
um único instrumento, mas como outro meio pelo qual o professor pode
diagnosticar, avaliar e analisar o aluno e promover a autoavaliação.
 Seminários, apresentações orais, provas orais ou comunicação oral:
independentemente da denominação, são instrumentos avaliativos
nos quais o aluno é avaliado a partir de seu discurso. Baltar e Costa
(2010) explicam que a exposição oral é um gênero textual, que é
utilizado por professores como forma de avaliação e que a falta de
planejamento das atividades relacionadas às exposições orais resulta na
dificuldade demonstrada pelos alunos em relação a esse gênero textual.
Compreende-se, porém, que as atividades orais se configuram como
um instrumento pelo qual o aluno pode se posicionar diante da temática
que foi estudada. Nesse momento, não se trata de perguntas e respostas
memorativas, o aluno pode trabalhar a sua capacidade de síntese e de
análise, a sua verdadeira compreensão do assunto e, consequentemente,
o desenvolvimento da criticidade.
 Atividades em duplas ou em grupos: a importância da interação para o
aprendizado, assim como para o desenvolvimento cognitivo de crianças,
pode ser vista também em uma pesquisa desenvolvida por Moro (1991),
que observou a realização de tarefas por crianças em pequenos grupos.
8 Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas

Quanto aos resultados dessa pesquisa, a autora chama a atenção para


os avanços cognitivos dos sujeitos a partir do confronto de ideias.
Moro (1991) diz que, para haver aprendizagem e desenvolvimento, é
necessário o conflito e, para que este ocorra, é preciso confrontação
de ideias opostas, que são facilmente encontradas nas discussões nos
pequenos grupos.
 Rodas de discussão: De acordo com Barbosa e Horn (2009), a roda de
conversa é um instrumento metodológico, pois abre espaço para que os
sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem estabeleçam
espaços de diálogos e interações no contexto escolar, ampliando suas
percepções sobre si e sobre o outro, em um movimento de alteridade e
compreensão sobre a voz do outro em seu contínuo espaço de tempo.
 Oficinas: as oficinas pedagógicas devem ser utilizadas como ferramentas
de apoio na sala de aula, sendo trabalhadas de modo contínuo e
interdisciplinar. Com isso, os alunos se sentirão valorizados e produtores
dos seus conhecimentos e vivenciarão atividades diferenciadas,
reconhecendo a importância da aprendizagem para o seu dia a dia.

Para cada um desses instrumentos, certamente, será utilizado um grupo


de parâmetros e critérios que se deseja avaliar: conhecimento, progressão,
trabalho em equipe, apropriação do conteúdo, postura, leitura, escrita, etc.
Os objetivos de avaliar se entrelaçam aos objetivos do processo educativo:
perceber progressões no processo educativo, contribuir com a construção
crítica e reflexiva, possibilitar o acesso, a cidadania e a democracia, estimular
o rompimento de barreiras e superação de desafios, dentre outros.
É seguindo esse viés que se traçam os novos rumos e os novos caminhos
de um processo prático educativo e pedagógico mais significativo e, dentro
dele, de uma nova percepção e concepção de avaliação. Portanto, a avaliação,
compreendida dessa forma, impõe-se como uma variável indispensável na
prática educativa.

Nó próximo tópico serão apresentadas algumas sequências didáticas e demais


variáveis metodológicas, de modo a identificar atividades que são planejadas
com a finalidade de atingir determinado objetivo didático-pedagógico.
Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas 9

Gandin (2011) defende que o planejamento é natural ao ser humano. Para qualquer ação
que produzimos, fazemos o que é essencial ao planejamento: motivados por algum
problema, acompanhado de alguma esperança de alcançar mudança, propomos um
futuro desejável; fazemos uma avaliação da realidade para ver a distância a que estamos
desse futuro e quais são as possibilidades de alcançá-lo ou dele nos aproximarmos;
finalmente, propomos ações, atitudes, regras e rotinas para realizar essa aproximação.
Desde que o ser humano se constituiu como tal, isto é, desde que se reconheceu
como ser humano, distinguiu-se dos animais por ter essa capacidade de produzir o
futuro de forma consciente.

Algumas sequências didáticas e demais


variáveis metodológicas
O conceito de sequência didática se refere ao agrupamento de atividades
integradas que são projetadas com a intenção de atingir determinado objetivo
didático-pedagógico e pode envolver diferentes componentes curriculares. A
sequência didática é uma maneira de organização do trabalho pedagógico que
permite antecipar o que será enfocado em um espaço de tempo que é variável
em função do que os alunos precisam aprender, da mediação e do constante
monitoramento que o professor faz para acompanhar os alunos, por meio de
atividades de avaliação durante e ao final da sequência didática.
O trabalho de um professor/educador, estendendo-se ao professor de
educação física, é algo muitas vezes controverso, visto que se defronta com
problemáticas complexas em que a resolução nem sempre está ao alcance do
profissional. Essa perspectiva revela-se, porém, como um processo desafiador,
pois, mesmo diante de tantas defasagens do sistema educacional, observa-se que
muitos professores se propõem a buscar possibilidades de melhorarias, para se
tornarem cada vez mais competentes em suas práticas educativas cotidianas.
Não basta o professor apenas se sustentar no conhecimento próprio e na
experiência, ele necessita se apropriar de teóricos e referenciais que auxiliem
na interpretação das práticas e do que acontece em sala de aula: atividades,
planejamentos, comportamentos, metodologias, didática, etc. Inclusive, o
professor deve estar atento aos recentes estudos e pesquisas que envolvem as
10 Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas

novas maneiras de conduzir o processo de ensino-aprendizagem e de gerir


a sala de aula.
A atividade docente deve ser baseada no pensamento e nas atitudes práticas,
com possibilidades reflexivas, portanto, deve-se refletir a prática, o fazer em
sala de aula e as propostas de planejamento.
Na perspectiva de pensar novas propostas pedagógicas para a sala de aula,
bem como em variáveis metodológicas educativas, surgem estudos e pesquisas
que sugerem as metodologias ativas como práticas inovadoras e coerentes para
os novos tempos na educação.
Nunes (2018) apresenta que, no contexto atual, as metodologias ativas
surgem como proposta para focar o processo de ensino-aprendizagem na
busca da participação ativa de todos os envolvidos, centrados na realidade em
que estão inseridos. O estudante torna-se protagonista na prática educativa
e, assim, no processo de construção de seu conhecimento, sendo responsável
por sua trajetória e pelo alcance de seus objetivos, no qual deve ser capaz de
autogerenciar e autogovernar seu processo de formação. Portanto, a utilização
das metodologias ativas pode favorecer a autonomia do educando, despertando a
curiosidade, estimulando tomadas de decisões individuais e coletivas, advindos
das atividades essenciais da prática social e em contextos do estudante. São
algumas delas:

 Problem based learning (PBL) ou aprendizagem baseada em problemas:


é um método caracterizado pelo uso de problemas do mundo real para
encorajar o aluno a desenvolver pensamento crítico e habilidades de
solução de problemas e adquirir conhecimento sobre os conceitos
essenciais da área em questão (RIBEIRO et al., 2003). É relevante
ressaltar que, mesmo sendo baseada na aprendizagem por meio da
solução de problemas, a PBL não é meramente uma técnica para resolver
problemas. Técnicas de solução de problemas são fundamentais, porém
a PBL não se resume nelas. Hadgraft e Prpic (1999 apud RIBEIRO et al.,
2003) enfatizam que a principal atividade dos alunos em um ambiente
educacional PBL é a aprendizagem — identificando o que precisam
saber, investigando, ensinando uns aos outros e aplicando os novos
conhecimentos —, e não a mera compleição da tarefa.
 Grupos operativos: os grupos caracterizam-se por ser um espaço de
escuta, em que o coordenador indaga, pontua, problematiza as falas para
dar oportunidade para seus integrantes pensarem, falarem de si e poderem
elaborar melhor suas próprias questões. No grupo, a escuta também
pode ser provocativa, na medida em que o coordenador problematiza,
Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas 11

levanta questões, propõe cortes e rupturas nas falas. Além de escutar,


ele devolve o que escuta para os integrantes, tentando surpreendê-los,
“desestabilizá-los”, fazê-los escutar sua própria fala, podendo, com isso,
provocar novas perspectivas e descobertas (BASTOS, 2009).
 Peer instruction ou instrução por pares-instrução pelos colegas
(IpC): é um ensino para a compreensão. Baseia-se no estudo prévio
de matérias disponibilizadas pelo professor e na apresentação de
questões conceituais para serem discutidas. O objetivo é promover a
aprendizagem de conceitos fundamentais, utilizando-se da interação
entre os estudantes. No peer instruction, o diferencial é que, geralmente,
a atividade acontece em duplas.
 Gamificação: a gamificação utiliza elementos encontrados em jogos
(regras, competitividade, colaboração, mudança de nível, premiações,
etc.) e os insere em contextos diferentes, buscando transportar o aspecto
lúdico e motivacional de games para outros ambientes.
 Dramatização: a dramatização na escola tem como finalidade buscar
a participação, o estímulo, e o convívio social, além do crescimento
cultural e da linguagem oral e corporal.

Moran (2013 apud NUNES, 2018) ressalta que os avanços nas práticas
educativas muito têm contribuído para a transformação da prática pedagógica
escolar e este, por sua vez, para ser eficaz e ter qualidade, deve possibilitar a
formação continuada dos professores.
Outro aspecto importante a considerar é que o professor necessita perceber
o aluno como principal agente no processo de aprendizagem, deve fazer uso
inteligente das novas tecnologias, refletindo, construindo práticas e exercitando
metodologias que vão resultar em uma sequência didática eficaz e significativa
e, ainda, deve estimular a utilização de propostas que sejam significativas e que
alcancem os diferentes tipos de alunos, de modo a proporcionar a participação
destes como sujeitos do processo educativo.
A seguir estão apontados, de maneira resumida, alguns aspectos importantes
do cenário educacional, bem como suas características, de modo a perceber
que estes influenciam a sequência didática. Vale ressaltar que tais aspectos
são marcadores necessários a serem considerados no processo educativo e,
portanto, pertinentes a este capítulo.
12 Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas

1. Instrução por pares: partindo de um teste de conhecimento em comum entre todos


os alunos de uma turma, por exemplo, ao ver o desempenho ao final do teste, pares
são criados com a disposição de um aluno que teve uma nota alta com um aluno
que teve nota baixa. O objetivo é fazê-los discutir sobre o tema e responder ao
exercício novamente no final do momento de discussão, trabalhando especialmente
a comunicação, o poder de persuasão e, claro, o trabalho em pares (colaboração).
2. Sala de aula invertida: entrega aos alunos previamente o conteúdo que será discutido
na próxima aula. Ao invés de uma aula expositiva, o professor consegue trabalhar
o assunto de diferentes formas, uma vez que o conteúdo já foi consumido pelos
alunos. Ele pode iniciar a aula com um debate, um experimento ou até mesmo
uma lista de exercícios sobre o assunto, fazendo com que o tempo em sala de aula
seja aproveitado para trabalhar o tema de forma prática.
3. Rotação por estações: dividindo a sala de aula em algumas estações, três ou quatro,
por exemplo, o professor consegue usar o tempo de duração de uma aula para
trabalhar o mesmo assunto de algumas diferentes formas/atividades, em que os
alunos vão rotacionando nas estações. Por exemplo, para uma aula de educação
física sobre sexualidades, o professor pode definir uma estação com uma leitura
sobre o tema, a próxima estação com uma lista de imagens famosas para que os
alunos tentem interpretá-las, a outra estação com um jogo sobre enigmas e tabus
da sexualidade e, por fim, na última estação uma exposição do professor sobre o
tema — dessa forma a aula fica mais dinâmica e o aluno entra em contato com o
assunto de diferentes formas (MICROSOFT, 2017).
Segundo Varela et al. (2007), há vários benefícios decorrentes da prática de metodo-
logias ativas em ambientes escolares, tais como: aumento da motivação, interesse e
envolvimento dos estudantes, diminuição das taxas de abandono dos cursos, aumento
da apreensão de conhecimentos, maior desenvolvimento de habilidades e compe-
tências, maior proximidade entre a teoria e sua aplicação, entre os conhecimentos
prévios e os que são aprendidos, e maior interdisciplinaridade.

Vale considerar que a sequência articulada das atividades educativas é


o elemento-chave que faz toda a diferença no processo de aprendizagem.
Na verdade, as sequências didáticas dizem respeito a atividades ordenadas,
organizadas estruturalmente e bem articuladas que têm objetivos educacionais,
com um princípio delimitado e uma finalidade específica. Tais sequências,
bem como suas características, devem ser conhecidas tanto pelo docente
quanto pelo estudante.
Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas 13

O tópico a seguir traz algumas estratégias de como dominar as variáveis


metodológicas para uma intervenção prática nos espaços de aula, principalmente
para aulas de educação física.

De acordo com Monteiro (2007), no contexto escolar atual, uma parte considerável das
escolas do ensino fundamental, por exemplo, tem os chamados programas de reforço
escolar, geralmente baseados em tentativas, muitas vezes bem-intencionadas, de fazer
com que os alunos com dificuldades consigam “alcançar” seus colegas. No entanto, o
que se observa nesses programas de reforço é o retorno da criança à escola em outro
período para ser exposta a uma repetição da metodologia utilizada no período regular,
que não estava surtindo os efeitos desejados. Portanto, verifica-se que a questão
metodológica dentro das escolas merece maior atenção e consideração, visto que
é preciso que haja estudos aprofundados para perceber tais lacunas e propor novas
metodologias e práticas educativas.

Como dominar as variáveis metodológicas para


uma intervenção prática na sala de aula?
Pensar na compreensão e no domínio, pelos professores, das variáveis metodoló-
gicas para a intervenção prática na sala de aula é, na verdade, um grande desafio.
Na verdade, a aquisição desses conhecimentos, bem como sua aplicação, é
algo complexo que exige estudo, comprometimento e criatividade, visto que
não é apenas expor conteúdo e desempenhar atividades sem uma finalidade.
Na prática educativa, o estudante tem que aprender a aprender, os docentes,
portanto, necessitam desenvolver e dominar as técnicas metodológicas e,
ainda, incentivar o discente a ampliar essa capacidade.
Diante desse cenário, o papel do professor estende-se para um papel de
interventor que deverá propor as práticas para a sala de aula e acompanhá-las,
de modo que realize as devidas intervenções e os devidos ajustes sem desfa-
vorecer o processo educativo. Caso contrário, será bem mais difícil superar
as práticas educativas tradicionais, que já se configuram como metodologias
insuficientes para acolher e atender as demandas da sociedade atual. Dominar
as variáveis metodológicas e realizar intervenções práticas, certamente, são
grandes os desafios.
14 Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas

Moran (2015, p. 30) salienta:

É possível manter a “sala de aula” se o projeto educativo é inovador, —


currículo, gestão competente, metodologias ativas, ambientes físicos e digitais
atraentes — se a escola tem professores muito bem preparados para saber
orientar alunos e onde estes se sentem protagonistas de uma aprendizagem
rica e estimulante. Sabemos que, no Brasil, temos inúmeras deficiências
históricas, estruturais, mas os desafios são muito maiores porque insistimos
em atualizar-nos dentro de modelos previsíveis, industriais, em caixinhas.

Nesse aspecto, observa-se, portanto, que cabe ao professor:

 Ter focos e objetivos bem traçados diante das atividades pedagógicas


propostas.
 Considerar os “pontos de partida” dos estudantes.
 Valorizar as práticas pedagógicas como importantes fontes de conteúdo
e formação.
 Incentivar o texto falado e escrito, bem como a compreensão dele.
 Priorizar práticas educativas diversas (seminários, oficinas,
aprendizagem por pares, etc.).
 Perceber a avaliação (prova) como parte do processo educativo.
 Dispor de diferentes instrumentos de avaliação.

Essas são exposições que servem para reflexão. Afinal, qual é a finalidade
de ensinar? Quais são nossas intenções educacionais como docentes? Que
metodologia educacional devo usar? Como aperfeiçoar minha prática educativa?
Certamente, não existem fórmulas prontas e, por isso, a reflexão e as
problematizações se tornam fundamentais. Cada estudante é único, tem sua
diferença, sua diversidade e, portanto, sua riqueza. Cada organização de espaço
escolar é única e, muitas vezes, limitada dentro de uma realidade contextual.
O processo da prática educativa deve ser pensado em cada situação de ensino
encontrada.
Diante do exposto, emerge a necessidade de (re)pensar para (re)inventar o
papel dos professores e, também, das metodologias de ensino-aprendizagem,
com vistas a perceber as mudanças e exigências dos novos tempos. É necessário
considerar o planejamento, a aplicação, a avaliação e todas as diversas variáveis
que compõem a prática educativa. É preciso considerar tudo isso como sendo
os processos empíricos de construção do saber/fazer pedagógico.
De acordo com Soligo ([200-?]), o grande desafio de organizar a prática
pedagógica se expressa, principalmente, no planejamento de situações de ensino-
Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas 15

aprendizagem difíceis e possíveis ao mesmo tempo, ou seja, em atividades


e intervenções pedagógicas adequadas às necessidades e possibilidades de
aprendizagem dos alunos. Uma prática desse tipo pressupõe:

 Favorecer a construção da autonomia intelectual dos alunos.


 Considerar e atender às diversidades na sala de aula.
 Favorecer a interação e a cooperação.
 Analisar o percurso de aprendizagem e o conhecimento prévio dos
alunos.
 Mobilizar a disponibilidade para a aprendizagem.
 Articular objetivos de ensino e objetivos de realização dos alunos.
 Criar situações que aproximem, o máximo possível, “versão escolar”
e “versão social” das práticas.
 Ter conhecimentos que se convertem em conteúdos na escola.
 Organizar racionalmente o tempo.
 Organizar o espaço em função das propostas de ensino-aprendizagem.
 Selecionar materiais adequados ao desenvolvimento do trabalho.
 Avaliar os resultados obtidos e redirecionar as propostas, se eles não
forem satisfatórios.

O que acontece na sala de aula deve ser examinado na própria interação


de todos os elementos que nela são encontrados. A prática pedagógica tem
um antes e um depois, sendo assim, planejar, aplicar e avaliar são partes
integrantes do processo que constitui o exercício educativo.
Soligo ([200-?]) aponta, ainda, alguns aspectos que necessitam ser
considerados enquanto variáveis que interferem nos resultados do trabalho
pedagógico. São elas:

 A concepção de ensino-aprendizagem do professor e o nível de


conhecimento profissional de que dispõe. É importante ressaltar
que aquilo que não requer construção conceitual, por ser de simples
assimilação, aprende-se memorizando. Exemplos: nomes em geral
(das letras, por exemplo), informações e instruções simples (como
“em português, escrevemos da esquerda para a direita”), respostas a
adivinhações, números de telefone, endereços, etc.
 A crença do aluno na sua própria capacidade de aprender, o
reconhecimento e a valorização dos seus próprios saberes. As condições
mais subjetivas têm grande influência nesse processo: o conhecimento
prévio do aluno, a crença na própria capacidade, a disponibilidade e
16 Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas

a curiosidade para aprender, a valorização dos saberes que tem e o


sentimento de pertinência ao grupo de colegas são alguns dos fatores
que explicam por qual motivo, a partir de um mesmo ensino, há sempre
lugar para a construção de diferentes aprendizagens.
 O contexto escolar em que as situações de ensino-aprendizagem
acontecem. O contexto do espaço da aula, inclusive da aula de
educação física, ensina, às vezes, mais até do que o que planejamos
intencionalmente. O contexto da escola, para além da sala de aula,
ensina também. Portanto, não basta cuidar apenas do planejamento
pedagógico, é preciso cuidar do contexto em que ele se realiza. Não
basta cuidar apenas do nosso discurso, é preciso cuidar dos nossos atos
e das nossas atitudes na escola.
 O contrato didático que rege as situações de ensino-aprendizagem.
Representa o conjunto de condutas específicas que os alunos esperam
dos professores e que estes esperam dos alunos — e que regulam o
funcionamento da aula e as relações professor-aluno-conhecimento.
 A relação professor-aluno. A compreensão da natureza da relação que
se estabelece com os alunos é uma conquista da maior importância,
que pode levar o professor a desenvolver sensibilidade e capacidade de
analisar a própria conduta, identificar quando ela incide na dos alunos,
assim como quando as atitudes dos alunos são determinantes da sua.
 O planejamento prévio do trabalho pedagógico. Uma atividade se
transforma em outra se, por exemplo, de individual passa a ser em
dupla ou realizada com toda a classe — e vice-versa. O mesmo ocorre
se for feita com ajuda ou sem ajuda, com ou sem consulta, com ou
sem rascunho, de uma só vez ou em duas ou mais vezes, no caderno
ou em papel especial para ser exposto num mural, com letras móveis,
com cartões, na lousa, no computador ou escrito a lápis. Ou seja, o
planejamento é fator fundamental para o sucesso da aula, inclusive da
aula de educação física.
 As condições de realização das atividades propostas. Vale lembrar
que teremos sempre alunos e alunas com níveis de compreensão e
conhecimento diferentes. Por isso, é preciso conhecer, analisar
e acompanhar o que eles produzem, para adequar as propostas,
considerando os ritmos e as possibilidades de aprendizagem, cuidando
para que não haja muito barulho em uma proposta, por exemplo, ou
para que não haja um silêncio excessivo.
 A intervenção do professor durante as atividades. A intervenção direta
do professor durante as atividades, evidentemente, é condição para
Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas 17

que os alunos avancem em seus conhecimentos. Entretanto, também


a atividade proposta deve ser, em si, "portadora" de desafios — deve
colocar um problema real a ser resolvido para que, na tentativa de
solucioná-lo, os alunos possam pôr em jogo tudo o que já sabem sobre
o conteúdo da tarefa.
 A gestão da sala de aula. A gestão da sala de aula envolve inúmeros
aspectos, tais como: gerenciamento do tempo e apresentação de
propostas alternativas em função do planejamento pedagógico e do
ritmo de realização das atividades pelos alunos.
 A relação da família com a aprendizagem dos alunos e com a proposta
pedagógica. Soligo ([200-?]) conclui apontando que a educação é um
espaço de interseção da família e da escola e as influências, nesse caso,
são recíprocas. Se, por exemplo, a família considera que a criança tem
dificuldades de aprendizagem, dificilmente ela se achará capaz de
aprender na escola. Se o professor a considera pouco capaz, dificilmente
os pais acreditarão que ela aprenderá com facilidade (o que pode até se
confirmar na prática, independentemente da real capacidade da criança).

Assim, os aportes teóricos se tornam importantes, bem como modelos


teóricos de reflexão da prática, uma vez que ajudam a compreender e interpretar
o que acontece em sala de aula, possibilitando a descoberta de como melhorar
e como revigorar a prática educativa.

Proposta para aulas sobre cultura


Conceito: cultura — no sentido antropológico, cultura é tudo o que o homem faz,
seja material ou espiritual, seja pensamento ou ação.
Temática: nossa realidade.
Público-alvo: alunos do ensino fundamental e do ensino médio.
Objetivos gerais: reconhecimento da realidade em que vive.
 Formação de opinião.
 Ampliação de informação e conhecimento sobre os problemas sociais.
Objetivos específicos: estímulo ao pensamento e à escrita.
 Estímulo à criatividade e à criticidade.
 Incitar a produção de texto.
 Estimular a oratória e a apresentação.
18 Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas

Planejamento:
 Levantar ideias junto aos alunos.
 Organizar materiais e espaços necessários.
 Definir número de aulas: quatro aulas.
Aplicação:
 Trabalhar com salas temáticas.
 Pedir que os alunos tirem fotografias de seus bairros, ruas, casas, praças ou até
mesmo de outros lugares da cidade. Cada aluno deverá tirar fotos de “pontos”
ou situações urbanas que eles mesmos selecionaram como sendo agradáveis ou
desagradáveis. Assim, podem destacar problemas, sugerir soluções, criar opiniões e
fazer uma exposição com as fotografias, pôsteres, painéis, etc., sobre sua realidade
com relação a sua cidade.
■ 1ª sala temática. Montar uma sala com o tema Nossa realidade, subdividida em
duas partes: o que queremos multiplicar e o que queremos subtrair, com fotografias
ampliadas de tais lugares e situações, com painéis explicativos, porém objetivos,
em que os alunos ficarão responsáveis por apresentar, apontar e reivindicar as
melhorias.
■ 2ª sala temática. A escola segundo nossos olhares: montar um catálogo com
frases e pensamentos produzidos pelos alunos sobre nossa escola. O que é
estudar nessa escola? O que representa estar nesta instituição? O catálogo
também será estampado por fotografias de alguns momentos dos alunos na
instituição. O trabalho resultaria em um livreto escrito pelos próprios alunos e
toda a comunidade escolar poderá receber um exemplar.
■ 3ª sala temática. Concurso de poesias: os alunos serão convidados a redigir
uma poesia sobre a temática em questão. As poesias serão selecionadas para
que o aluno a recite. Em toda a escola serão colocados os estandes e expostas
as poesias.
Avaliação: a avaliação será permanente e processual, levando em consideração todos
os movimentos realizados pelos alunos e tendo como parametrização o envolvimento,
o planejamento, a organização, as elaborações e as apresentações das atividades.
Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas 19

Acessando o link a seguir, você terá a oportunidade de conhecer o blog Ateliê de


Educadores, no qual são compartilhados diferentes textos e conhecimentos sobre
práticas pedagógicas. Acesse e amplie seus conhecimentos:

https://goo.gl/7n8kzX

É preciso considerar que os processos de organizar o currículo, planejar as


aulas, aplicar as metodologias, definir os tempos, pensar os espaços, dentre
outros, precisam ser minuciosamente revistos, pensados e discutidos. Isso
é complexo, necessário e um pouco assustador, porque não temos modelos
prévios. Na verdade, torna-se fundamental uma prévia organização e um
prévio planejamento para que a prática em sala de aula ou em outros espaços
educativos, inclusive da educação física, seja significativa para todos os
envolvidos e, consequentemente, bem-sucedida. Portanto, como docentes,
é importante que haja o reconhecimento das variáveis metodológicas e o
aprofundamento quanto às possibilidades pedagógicas, bem como a definição
de planos estratégicos sobre a prática e as intervenções didático-pedagógicas.
20 Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas

BALTAR, M.; COSTA, D. R. da. Gênero textual exposição oral na educação de jovens e
adultos. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 10, n. 2, p. 387-402, 2010. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rbla/v10n2/06.pdf>. Acesso em: 19 out. 2018.
BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. da G. S. Projetos pedagógicos na educação infantil. Porto
Alegre: Artmed, 2009.
BASTOS, A. B. B. A escuta psicanalítica e a educação. Revista Psicólogo inFormação, ano
13, n. 13, p. 91-98, jan./dez. 2009.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto
ciclos do ensino fundamental: Educação Física. Brasília, DF: MEC, 1998. Disponível em:
<https://cptstatic.s3.amazonaws.com/pdf/cpt/pcn/volume-08-educacao-fisica.pdf>.
Acesso em: 19 out. 2018.
GANDIN, D. Planejamento participativo. 2011. Disponível em: <http://danilogandin.com.
br/planejamento-participativo/>. Acesso em: 19 out. 2018.
MICROSOFT. Educação: metodologias ativas: 3 dinâmicas para aplicar em sala de
aula. 2017.
MONTEIRO, D. C. O papel da variável metodológica no processo de alfabetização.
Estudos Lingüísticos, v. 36, n. 2, p. 113-119, 2007. Disponível em: <http://www.gel.org.
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MORAN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA, C. A. de; MORA-
LES, O. E. T. (Org.). Convergências midiáticas, educação e cidadania: aproximações jovens.
PG: Foca Foto-PROEX/UEPG, 2015. (Coleção Mídias Contemporâneas, v. 2). Disponível
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MORO, M. L. F. Crianças com crianças aprendendo: interação social e construção
cognitiva. Cadernos de Pesquisa, n. 79, nov. 1991, p. 31-43.
NUNES, A. R. Planejamento curricular: unidades de aprendizagem. Porto Alegre: SAGAH,
2018a.
NUNES, A. R. A didática e a sua contextualização histórica: uma abordagem sobre o
“ontem e o hoje” na arte de ensinar: unidades de aprendizagem. Porto Alegre: SAGAH,
2018b.
RIBEIRO, L. R. C. et al. Uma experiência com a PBL no ensino de engenharia sob a ótica dos
alunos. São Paulo: COBENGE, 2003.
SANT’ANNA, I. M. Por que avaliar?: como avaliar?: critérios e instrumentos. 15. ed. Pe-
trópolis, RJ: Vozes, 2011.
Pensando a prática educativa — noções básicas sobre as práticas pedagógicas 21

SOLIGO, R. Dez importantes questões a considerar: variáveis que interferem nos


resultados do trabalho pedagógico. [200-?]. Disponível em: <http://www.ocesc.org.
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VARELA, C. et al. Active methodologies in higher education and the opinion of students.
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Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/229047776_Active_Me-
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ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Leitura recomendada
MORELATTI, M. R. M. et al. Sequências didáticas descritas por professores de matemática
e de ciências naturais da rede pública: possíveis padrões e implicações na formação
pedagógica de professores. Ciência e Educação, v. 20, n. 3, p. 639-652, 2014. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v20n3/1516-7313-ciedu-20-03-0639.pdf>. Acesso
em: 19 out. 2018.
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