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Disciplina: Prática de ensino e estágio supervisionado em processos

educacionais

Aula 5: Formação continuada dos profissionais da Educação


Básica

Introdução
Você sabe como ocorre o processo de desenvolvimento profissional no contexto da
gestão escolar?

Esse aperfeiçoamento docente, que envolve uma série de dimensões, efetiva-se com
a formação continuada.

Nesta aula, propomos, então, que investigue as seguintes questões:

Para que serve a formação continuada na escola?


Considerando o cenário escolar, qual é o papel e a importância do coordenador
pedagógico quando o foco é a gestão da formação continuada dos professores?

A ideia é que o conteúdo o ajude a responder essas perguntas. Bons estudos!

Objetivos
Explicar a concepção de desenvolvimento profissional dos profissionais do
Magistério;
Analisar as dimensões do aperfeiçoamento técnico, pedagógico, ético e político
do docente;
Descrever o processo de formação continuada.
Desenvolvimento dos profissionais
do Magistério
No contexto das políticas públicas, o desenvolvimento profissional e a
valorização dos trabalhadores da educação sempre estiveram presentes nas
agendas das grandes discussões temáticas.

Para essas políticas, a formação dos profissionais da educação é entendida


como direito e supera o estágio das iniciativas individuais para
aperfeiçoamento próprio.

Nesse entendimento de formação:

A capacitação profissional constitui-se em um processo


sistemático e organizado de promoção do
desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e

atitudes necessárias para o exercício das atividades


profissionais.
Essa ação precisa ser exercida fundamentalmente, de modo a desenvolver o
senso de responsabilidade para a transformação e melhoria das práticas
profissionais.

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) reafirmam essa concepção


ao enfatizar que:


[...] a formação continuada compreende dimensões
coletivas, organizacionais e profissionais, bem como o
repensar do processo pedagógico, dos saberes e
valores, e envolve atividades de extensão, grupos de

estudos, reuniões pedagógicas, cursos, programas e


ações para além da formação mínima exigida ao
exercício do magistério na educação básica.

(BRASIL, 2015)

Desse modo, a principal finalidade da formação continuada é a reflexão sobre


a prática educacional e a busca de aperfeiçoamento técnico, pedagógico, ético
e político do profissional docente.

Dessa concepção de formação apresentada pelas DCNs decorre a ideia de


desenvolvimento profissional dos profissionais do Magistério, que considera:

I.
Os sistemas e redes de ensino, o projeto pedagógico das instituições de
educação básica, bem como os problemas e os desafios da escola e do
contexto onde ela está inserida.

II.

A necessidade de acompanhar a inovação e o desenvolvimento associados ao


conhecimento, à ciência e à tecnologia.

III.

O respeito ao protagonismo do professor e a um espaço-tempo que lhe


permita refletir criticamente e aperfeiçoar sua prática.

IV.

O diálogo e a parceria com atores e instituições competentes, capazes de


contribuir para alavancar novos patamares de qualidade ao complexo trabalho
de gestão da sala de aula e da instituição educativa.

Assim, como afirma Perrenoud (2000), a formação continuada dos professores


refere-se às práticas profissionais do dia a dia em sala de aula. Isso nos leva a
entender que os professores capazes de explicitar e de analisar sua prática
docente tiram melhor proveito dessas modalidades de formação.

Tardif (2002) inclui no saber docente características como estar sempre


vinculado a uma situação de trabalho com os outros (alunos, colegas, pais),
bem como ancorado em uma tarefa complexa: o ensino, situado em um
espaço próprio de trabalho, enraizado em uma instituição e em uma
sociedade.

Essas particularidades o situam na interface entre o indivíduo e o social, que


pode ser entendida por meio da análise de diferentes fios condutores, tais
como:

O saber e o trabalho

A diversidade e a temporalidade do saber

A experiência
Gestão do processo de formação
continuada
As ações neste sentido variam de escola para escola e dependem de como os
sistemas de ensino se organizam para esse fim.

Autores e pesquisas mostram que o processo de formação continuada


contribui para a melhoria da prática do professor em sala de aula, e boa parte
dos docentes confirmam essa realidade. Apesar disso, na maioria das escolas,
constatamos a ausência de processos eficazes de gestão dessa formação, na
qual o coordenador pedagógico tem papel fundamental.

Para se efetivar, esse processo de gestão necessita ser pensado como


estratégia, com objetivos claros, no intuito de fortalecer as práticas
pedagógicas e melhorar a implantação das políticas educacionais.

Desse modo, possivelmente, os resultados relativos à aprendizagem dos


alunos no Brasil podem ter um salto de qualidade.
Mas o que se tem feito, em nível de políticas
públicas, para apoiar os sistemas de ensino e as
escolas, a fim de implementar nesses ambientes
tais processos de formação continuada?


Dica

Para responder essa questão, acesse os seguintes portais:

Portal do Ministério da Educação (MEC)


<http://portal.mec.gov.br/index.php> ;
Portal do Professor
<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html> .

Neste último, você encontrará um espaço rico em informações, materiais


e orientações que podem contribuir muito para o desenvolvimento
profissional dos professores.

Quem orienta essa formação no cotidiano escolar é o coordenador


pedagógico 1, que deve partir da realidade dos professores, de uma situação
real de ensino e de aprendizagem e da perspectiva de um professor como
sujeito do processo formativo.

De acordo com Imbernón (2010, p. 26):



[...] na formação, deve-se trabalhar com os
professores, e não sobre eles.

Cabe a esse profissional a tarefa da


organização do trabalho pedagógico da escola.
Isso requer um conjunto de ações coletivas/colaborativas a partir de
diferentes contextos e situações complexas em que os professores são
desafiados, cotidianamente, a:

Tomar decisões

Elaborar rotinas pedagógicas

Planejar as situações didáticas e as intervenções


pedagógicas

De acordo com Imbernón (2010, p. 27), o desafio é:



[...] examinar o que funciona, o que deve ser
abandonado, desaprendido, construído de novo ou
reconstruído a partir daquilo que é velho.

Pensar na escola como espaço de formação e no coordenador pedagógico


como organizador do meio social educativo desse processo é um grande
desafio. Afinal, esse profissional tem a função de inspecionar os modelos
fabris.


Leitura

Para entender melhor o papel do coordenador pedagógico, sugerimos a


seguinte leitura:

COLARES, M. L. I. S.; PACÍFICO, J. M.; ESTRELA, G. Q. (Orgs.). Gestão


escolar: enfrentando os desafios cotidianos em escolas públicas. Curitiba:
CRV, 2009.
Dimensões da formação
continuada do profissional docente
Quando o assunto é formação continuada, precisamos verificar a dimensão
formativa que envolve essa ação, seja esta:

Apenas técnico-científica

Interna ou externa ao ambiente escolar

Um trabalho conjunto com base na construção coletiva do


projeto pedagógico

Uma perspectiva crítico-reflexiva e avaliativa de todo o


processo

Para pensar melhor a respeito dessas dimensões, assista ao vídeo a seguir


com o professor António Nóvoa, que discute sobre os desafios da educação na
atualidade e sobre o papel da tecnologia nesse cenário, além das políticas
públicas voltadas para a formação docente:

 NET Educação. Publicação: 24 maio 2017.


https://www.youtube.com/embed/Lfb-ZHAHt-s
As questões apresentadas evidenciam que o coordenador pedagógico é o
profissional dentro da escola capaz de criar situações em que:


[...] a observação individual sobre a própria prática
pode melhorar com a observação de outros.

(IMBERNÓN, 2010, p. 32)

O desafio é mobilizar os diferentes saberes dos professores. São eles:

Saber conhecer | Saber fazer | Saber ser

Coordenador pedagógico e
organização do meio social
educativo: implicações nos saberes
e práticas docentes
A complexidade e os desafios constantes impostos pela educação escolar aos
diferentes sujeitos do processo educativo, bem como a necessidade de
ampliar continuamente os olhares sobre os aspectos inerentes à
profissionalização docente apontam para a formação centrada na escola.
Essa modalidade de formação continuada parte do contexto em que os
professores estão inseridos e volta a eles em uma relação dialética,
dialogando com os saberes e as práticas educativas.

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Disso resultam os encontros pedagógicos , que necessitam priorizar a
valorização profissional dos professores. Isso ocorre quando o docente tem
voz e vez a respeito de sua prática e dos desafios presentes no cotidiano da
sala de aula.

O que você (professor) fez de novo ou diferente esta semana com seus
alunos? Por quê?

O que você (professor) aprendeu com tal iniciativa

Essa dinâmica dialogada pode contribuir para:

Abrir a discussão, a vivência e a troca de experiências sobre questões


pedagógicas que envolvem o processo de ensino e aprendizagem.

Gerar um ambiente de confiança, no qual as pessoas podem falar aquilo que


imaginam com base na interlocução.

A escola deve ser um ambiente colaborativo por natureza. Do contrário,


prevalece a competição, que afasta o verdadeiro propósito da formação
continuada.

Mas como promover e incentivar a formação


continuada dos professores?
Vejamos a seguir.

Formação continuada como


amadurecimento profissional
Em contexto de trabalho, o processo de formação continuada é entendido
como toda e qualquer atividade realizada pela escola com o intuito de
melhorar o desempenho profissional dos professores.

Essas ações são organizadas em conjunto por diferentes interlocutores –


professores, alunos, equipe gestora e demais membros da equipe escolar –
que dão sentido ao fazer pedagógico.

Por isso, esse processo formativo é organizado pelo coordenador pedagógico,


que, cotidianamente:

Acompanha os processos educativos.

Colabora com o desenvolvimento das inúmeras atividades.

Percebe as dificuldades do processo de ensino e aprendizagem.


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Motiva os professores a investirem nesse processo de aprimoramento pessoal


para transformar a aprendizagem dos alunos.

A formação dos professores é atribuição


primordial e inerente a sua condição
profissional.

Ao assumir o papel de organizador do meio social educativo de formação de


professores, o coordenador pedagógico se corresponsabiliza junto com os
docentes pela qualidade da aprendizagem dos alunos, o que implica um grupo
de ações ou estratégias formativas para as quais nem sempre está preparado.

Entre essas ações estão aquelas relacionadas ao (à):

 Fonte: Autor.

Todas se constituem em momentos privilegiados de formação e ocorrem


mediante um processo complexo que envolve a apropriação de conhecimentos
e saberes sobre a docência, necessários ao exercício profissional. Nesse
contexto, as escolas representam os lócus privilegiados para a formação.

Saiba mais

A importância atribuída à formação continuada dos professores não lhe


confere um aspecto redentor, e sim a constitui como condição necessária
tanto para o amadurecimento profissional quanto para a
profissionalização docente em diferentes condições de existência
humana, forjada por uma concepção de homem e de mundo.

Momento reflexão
Como vimos, a formação centrada no contexto de trabalho dos professores
deve considerar algumas dimensões.

Nesse processo, o coordenador pedagógico tem como principal função e


desafio integrar a equipe gestora.

Antes de finalizar a aula, reflita sobre seu campo de estágio:

1. Existe algum plano de formação continuada dos professores previsto no


Projeto Pedagógico de Curso (PPC) da escola?
2. Que experiências identificam essa formação?
3. Como os docentes a entendem?
4. Esse processo provoca mudanças nas práticas pedagógicas?
5. De que modo isso se evidencia no cotidiano escolar?
6. Como o coordenador desenvolve sua função nesse cenário?
Atividades
1. As novas tecnologias desafiam continuamente o professor em sala de
aula. Analise a charge a seguir, que retrata essa situação:

 Disponível em: https://goo.gl/CnMQKu


<https://goo.gl/CnMQKu> . Acesso em: 3
ago. 2018.

Como você percebeu, a charge sugere uma realidade que os professores


enfrentam quando são desafiados a mediar o conhecimento por meio das
tecnologias.

Diante dessa problemática, responda:

a) Qual é o lugar do professor frente ao conhecimento dos alunos


considerados nativos digitais?

b) Qual é a função da formação continuada nesse contexto?


2. Tratar da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é discutir sobre
espaço físico, cuidar das salas e dos espaços abertos, o que confere
dignidade e identidade a quem os frequenta.

Precisamos pensar em como esse documento pode ser transformado em


ação na escola, que incentive os coordenadores e os professores a
identificarem se suas práticas pedagógicas estão adequadas.

Nesse cenário, a formação continuada implica metas, respeito e


responsabilidade com a aprendizagem dos alunos. Essa não é uma tarefa
simples e não deve ser deixada em segundo plano.

A escola, os professores e a equipe gestora necessitam “garantir o direito


de as crianças aprenderem”.

Diante dessa imensa responsabilidade do coordenador pedagógico e dos


docentes, que tipo de ações poderiam contribuir para a implementação
da cultura de estudo contínuo e da atualização dos professores no
ambiente escolar?
3. Uma coordenadora pedagógica chega a uma reunião de formação
continuada do corpo docente da escola com dois elementos para
reflexão: uma música e um texto acadêmico.

Observe:

 Composição:Tânia
Celso Viáfora. Intérprete:
Maya.

“Mais do que qualquer outra categoria profissional, a situação atual do


Magistério das séries iniciais no Brasil tem sido fartamente alardeada
pela mídia e pela produção acadêmica. [...]

De um lado, a desvalorização é assinalada, tendo como matriz a escola


de massa e a democratização de ensino, com a consequente perda de
prestígio ligado à posse de um saber não acessível à maioria da
população.

De outro lado, a imagem permanece elevada, pelo menos


simbolicamente, pois sobre os professores são colocadas a expectativa e
a responsabilidade social por esperanças de um futuro melhor.”

LELIS, I. Profissão docente: uma rede de histórias. Revista Brasileira de


Educação, n. 17, p. 42, 2001.

Durante a discussão promovida pela coordenadora pedagógica, três


professoras apresentaram os seguintes comentários:

Vera: – É preciso lutar por uma maior valorização da profissão docente,


superando a perda de prestígio, que, ultimamente, tem envolvido a
escola para todos.
Ana: – Na verdade, a escola é um mecanismo de controle social para
manter a opressão dos mais pobres. Nesse sentido, a escola pública e
seus professores nunca serão valorizados.

Inês: – Eu acho que sem amor e muita dedicação, nós, professores, não
despertaremos nas crianças e nos jovens seus mais importantes dons.

Considerando os materiais selecionados pela coordenadora e os


comentários das professoras, quem declara uma concepção crítica e
pessimista quanto à educação?

a) Ana, a partir da teoria da reprodução.


b) Vera, em sua reflexão do texto de Isabel Lelis.
c) As professoras, ao valorizarem os saberes docentes.
d) Inês, em sua reflexão sobrea a música de Tânia Maya.
e) A coordenadora, ao misturar elementos acadêmicos e culturais.

Notas
coordenador pedagógico1

Profissional por excelência que lida diretamente com o contexto escolar e que se
responsabiliza pela organização das situações de ensino aprendizagem como
possibilidade de valorização da ação docente.

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Encontros pedagógicos

Ocasiões ricas para a equipe gestora identificar e compreender o que está


acontecendo na escola e para pensar na formação continuada dos professores.

Referências

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Resolução CNE/CP nº 2,


de 1º de julho de 2015. Brasília: CNE, CP, 2015. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/docman/agosto-2017-pdf/70431-res-cne-cp-002-
03072015-pdf/file <http://portal.mec.gov.br/docman/agosto-2017-
pdf/70431-res-cne-cp-002-03072015-pdf/file> . Acesso em: 3 ago. 2018.

GATTI, B. A. Formação continuada de professores: a questão psicossocial.


Cadernos de Pesquisa, v. 1, p. 196-197, 2003.

IMBERNÓN, F. Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed, 2010.

PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes


Médicas Sul, 2000.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

TOZETTO, S. S. (Org.). Professores em formação: saberes, práticas e desafios.


Curitiba: InterSaberes, 2015.

URBANETZ, S. T. Orientação e supervisão escolar: caminhos e perspectivas.


Curitiba: InterSaberes, 2013..

Próximos Passos

Dinâmica do trabalho coletivo na escola a partir do planejamento sistemático e


integrado;
Organização e participação da comunidade escolar nos processos decisórios da
escola.

Explore mais

Sugestões de vídeo

Qual é a importância da formação continuada na escola?


<https://www.youtube.com/watch?v=ZXKfLYCJNmc> ;
Coordenação pedagógica em foco – a organização da rotina e a gestão
da aprendizagem. <https://www.youtube.com/watch?
v=iLPVxmu1pHY>

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