Você está na página 1de 23

A importância da didática na

formação do professor

A didática se caracteriza pela mediação e pelo estudo dos saberes necessários à prática
docente, sendo um dos principais instrumentos para a formação do professor, visto que a
partir dela é possível conceber os ensinamentos necessários e pertinentes à prática diária.
Seguindo essa concepção, a partir da formação continuada é possível desenvolver um
conhecimento profissional que permita instigar o professor a buscar, refletir, questionar e
investigar ações que estejam pautadas em práticas cotidianas e que, por meio desse
aperfeiçoamento contínuo, abram-se novas possibilidades de discussões, socializações e
desenvolvimento de práticas permanentes de pesquisa colaborativa.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprofundar seus conhecimentos acerca da
importância da didática na formação de professores, bem como da questão da formação
continuada e dos espaços de construções coletivas para que o profissional da educação
possa rever sua prática, revisitar suas ações, contemplar a realidade da instituição e
reconstituir sua trajetória de docente.

Bons estudos.

Desafio
A formação é uma prática coletiva e um processo permanente que toma como referência
as ações cotidianas e integradas que os educadores promovem em sua prática diária, a
fim de propor produções autônomas de saberes e experiências. A escola, nessa
concepção, pode contribuir para enraizar um espírito de coletividade, reflexão, autonomia
e autodesenvolvimento em seus educadores, a fim de investir na formação do grupo de
trabalho e prepará-lo para enfrentar as demandas existentes no cotidiano da sala de aula,
pois, na medida em que os saberes e as experiências são valorizados, a escola constrói
uma relação aberta, dinâmica e processual, estabelecendo novos saberes e experiências
pautadas no diálogo, na escuta e nas possibilidades de transformação.

Pensando nisso, para responder ao Desafio a seguir, reflita sobre a importância da


formação continuada e dos espaços de construções coletivas.

Você é docente em uma escola da rede municipal de ensino que atende cerca de 1000
alunos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Devido a problemas de saúde, a
coordenadora pedagógica se afastou de suas funções por tempo indeterminado. Como
você tem formação em Pedagogia e Especialização em Gestão Escolar, é convidado a
assumir a coordenação pedagógica para dar continuidade ao trabalho realizado na
instituição.
No entanto, a escola enfrenta muitos problemas de indisciplina e de evasão, além de
dificuldades de aprendizagem e de relacionamento entre alunos e professores. O grupo
docente é desmotivado e cada um realiza seu trabalho individualmente. As reuniões
oferecidas pela escola ocorrem mensalmente e costumam durar quatro horas. Devido à
dificuldade de reunir todos os professores, raramente as reuniões contam com a presença
de todos os profissionais, visto que muitos trabalham também em outras escolas. Durante
as reuniões, as questões pedagógicas tentam ser priorizadas, no entanto as demandas
administrativas tomam boa parte do tempo. Além disso, muitas vezes os professores não
demonstram interesse em participar das propostas apresentadas pela coordenadora, por
normalmente serem algo fora do contexto e da realidade em que a escola está inserida.
Diante desse contexto, e pensando na proposta da formação continuada, o que você,
como coordenador pedagógico, pode fazer para reverter esse cenário?
Sua resposta

Primeiramente: qual é o assunto primordial, o que é mais relevante para um professor. Em


uma situação dessas, é um desabafo, literalmente falando. Muitos estão em escassos,
saturados de trabalho e de estresse emocional, e querem poder sanar tais deficiências. Na
troca de informação entre eles, um pode ajudar o outro, colaborando com ideias, criticas,
escolhas, prioridades, exemplos. Processos administrativos são importantes, mas são
desmotivadores, e fazem com que os professores se acostumem a não irem às reuniões,
mesmo podendo ir. Um planejamento cronometrado com tudo que tem que ser dito sobre
essas informações (principalmente em escolas particulares , onde envolve captação e
manutenção de alunos) e nas públicas também. Sempre listar os tópicos a serem
debatidos, oferecer cursos, palestras, aprimoramento, ou mesmo incentivar aos
professores a buscarem mais conhecimento, para terem mais controle, etc. O problema de
aprendizagem muitas vezes é a empatia professor-aluno, junto da indisciplina. O professor
tem que colaborar, na realidade, os alunos querem atenção e quanto mais o professor é
participativo e atencioso, mais os alunos se sentem a vontade de se expor e de respeitar
também porque eles correspondem ao que lhes é oferecido. Limitar um tempo suficiente
para poder discutir o que é necessário. Não passar de 2 horas, pois é desmotivador, ou
dividir em etapas. Reuniãos são imporantíssimas, e muitos não participam pelo fato de até
anteciparem o que será debatido, mas quando o coordenador aparece com coisas novas,
soluções, lição de casa feita, e cada professor conheça cada aluno, cada deficiência, cada
necessidade, a troca pode ser bastante plausível.

Enviado em: 06/06/2022 18:53

Padrão de resposta esperado

As escolas como um todo necessitam, antes de tudo, reconhecer suas dificuldades, suas
deficiências, seus projetos de mudanças, para que, a partir desse estudo, possam, em
parceria com os educadores, desenvolver práticas e ações transformadoras que valorizem
o desenvolvimento profissional desses sujeitos. Contudo, é fundamental que o
coordenador pedagógico estabeleça uma relação recíproca com seus pares e promova
espaços de trocas, de discussões e de reflexões sobre a prática diária. As reuniões, nesse
sentido, não podem assumir apenas um caráter burocrático ou administrativo,
elas precisam ser um espaço para a construção coletiva de saberes e práticas entre as
equipes docente e gestora, cujo objetivo é discutir, compartilhar novas possibilidades de
trabalho e buscar alternativas que possam auxiliar todos os envolvidos.
A melhor forma de reverter o cenário apresentado é a partir da formação continuada, como
ferramenta para enfrentar os desafios existentes na escola e instigar o grupo a interagir,
dialogar, tomar decisões, realizar e compartilhar ações conjuntas que venham ao encontro
das propostas da gestão democrática.

Inforgráfico

Tardif (2012) traz algumas questões acerca dos saberes docentes na formação
profissional. O autor destaca que esses saberes são plurais e perpassam por elementos
distintos, entre eles os saberes advindos da formação profissional e os saberes
disciplinares, curriculares e experienciais.
O Infográfico a seguir pretende especificar cada elemento relacionando esses saberes ao
processo de formação que o professor vivencia ao longo de sua trajetória, bem como suas
experiências e práticas cotidianas, que também contribuem para o ofício de educar.
Dica do Professor
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes
aprendizados:
 Reconhecer a importância da didática na formação de professores como elemento
promotor da qualificação do processo de ensino-aprendizagem.
 Discutir a formação continuada, também na área da didática, como uma
necessidade docente.
 Identificar os espaços coletivos escolares, como reuniões pedagógicas e
formações docentes, como espaços privilegiados para o debate sobre a didática.
Na prática
As reuniões pedagógicas são momentos durante o ano letivo em que toda a equipe de
professores de uma escola se encontra com o coordenador para discutir e acompanhar o
andamento do processo de ensino. Elas são um importante momento para reflexões e
construções conjuntas de conhecimentos, bem como para reorganização dos trabalhos
diários e dos problemas pedagógicos, abrindo espaços para discussões e
problematizações por meio de ideias, valores e significados sobre aspectos relativos ao
processo de ensino-aprendizagem compartilhados e estabelecidos coletivamente.
O coordenador pedagógico é o principal responsável por conduzir e articular as reuniões e
a ação pedagógica, de forma a garantir o desenvolvimento do currículo proposto,
viabilizando articulações no processo de ensino-aprendizagem e promovendo abertura no
interior da escola para que os professores possam estudar, discutir e avaliar a qualidade
dos conteúdos trabalhados, o material didático e os procedimentos de ensino e de
avaliação, ou seja, tudo que faz parte do trabalho pedagógico.
O segredo para uma reunião pedagógica bem-sucedida está na elaboração das pautas e
na organização, pois, quando o encontro é bem planejado, sempre representa um avanço
sobre o encontro anterior. Assim, a reunião pedagógica deve ser pautada por metas
sempre atualizadas, que garantam a realização de ações encadeadas para melhorar a
escola como um todo.
Nessa perspectiva, são apresentadas a seguir, no Na Prática, sugestões de como elaborar
as pautas para as reuniões pedagógicas, de maneira que os encontros sejam bem
planejados e garantam a realização de ações para a melhoria da escola e do processo de
ensino-aprendizagem.
https://www.youtube.com/embed/2NfxvONcboo

Crédito: luigi giordano / Fotolia.com

Inovações em Educação

Desafios e caminhos para a formação


de professores no Brasil







Porvir inicia série de reportagens para estimular o debate sobre como
devem ser preparados os novos profissionais de educação

por Marina Lopes   15 de outubro de 2015

S
Este conteúdo faz parte da
Série Formação de Professores
Um bom docente tem um papel fundamental na vida do seu aluno. A
decisão sobre como deve ser a formação de professores gera
impacto no projeto educacional de qualquer nação. Com as mudanças
constantes nas formas de aprender e ensinar, os cursos de
licenciatura devem preparar os futuros professores para dialogarem
com a nova realidade da sala de aula, atuando como mediadores e
designers de aprendizagem.

Para estimular o debate sobre a preparação dos novos profissionais,


o Porvir aproveita a celebração do Dia dos Professores (15) para
lançar a série de reportagens Formação de Professores, que
apresenta o cenário atual, desafios e caminhos para a formação inicial
no país.

De acordo com os dados do Censo da Educação Superior 2013 (último


levantamento divulgado), existem 7.900 cursos de licenciatura na área
de educação espalhados por todo país. Neste ano, mais de 200 mil
alunos foram licenciados (56% pela modalidade presencial e 44% pelo
ensino à distância). Porém, especialistas na área apontam que muitos
cursos ainda estão bastante distantes da realidade da sala de aula.

Em 2010, ingressaram 392.185 alunos em cursos de licenciatura na


área de educação. Após quatro anos, o número de concluintes chegou
a 201.011. No ano de 2013, das 990.559 vagas que foram oferecidas,
apenas 468.747 foram preenchidas (152.397 em instituições públicas
e 316.350 em privadas). Segundo Valeska Maria Fortes de Oliveira,
pesquisadora da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e
coordenadora do grupo de trabalho de formação de professores da
ANPEd (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação), a atração de profissionais para o ingresso na carreira
docente é um dos primeiros entraves para a formação inicial no país.

Se nós não cuidarmos dos professores da educação básica, estamos fadados a continuar
tendo dados educacionais de baixo nível

A formação é um dos itens que, de acordo com a pesquisadora,


integra a chamada condição docente, constituída por carreira, salário e
condições de trabalho. “A forma com que se trata o professor é um
dos primeiros problemas que hoje enfrentamos para atrair alguém
para dar aula no Brasil”, diz Oliveira, ao analisar a necessidade de
valorização da carreira.

– Leia o artigo “O que explica a falta de professores nas escolas


brasileiras?”

O PNE (Plano Nacional de Educação) dedica quatro de suas 20 metas


aos professores: prevê formação inicial, formação continuada,
valorização do profissional e plano de carreira. Para que se tenha uma
dimensão do trabalho que o país tem pela frente, entre os 2,2 milhões
de docentes que atuam na educação básica do país, 24% não
possuem a formação adequada, conforme dados do Censo Escolar
2014. “Se nós não cuidarmos dos professores da educação básica,
estamos fadados a continuar tendo dados educacionais de baixo
nível”, afirma a pesquisadora Bernardete Gatti, vice-presidente da
Fundação Carlos Chagas.

O cenário contrasta com a meta número 15 do PNE, que prevê que


todos os professores da educação básica tenham formação
específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área
em que atuam. Para Daniel Cara, coordenador geral da Campanha
Nacional pelo Direito à Educação, a formação inicial no país ainda é
muito frágil. “Ela é insuficiente em relação às demandas das próprias
leis brasileiras”, afirma. Cara explica que para se aproximar das metas
é preciso começar a tratar o plano como prioridade.

Dentro das medidas adotadas no primeiro ano de vigência do PNE, em


julho de 2015, foram divulgadas as novas diretrizes para a formação
de professores, elaboradas pelo CNE (Conselho Nacional de
Educação). O documento aumenta o tempo mínimo de formação para
os cursos de licenciatura, que passam de 2.800 para 3.200 horas.
Além disso, os cursos deverão contar com mais atividades práticas,
aproximando os futuros professores do cotidiano da escola.

Aproximação entre teoria e prática

As novas diretrizes tentam lidar com um dos principais gargalos da


formação de professores no país: a articulação entre teoria e prática.
Segundo Paula Weiszflog, coordenadora geral de pós-graduação e
extensão do Instituto Singularidades, de São Paulo, muitos
profissionais saem da universidade com o domínio do conteúdo, mas
com pouca base didática. “Ele [professor] chega na sala de aula
totalmente despreparado porque não sabe como passar aquele
conteúdo que viu”.

Para Miguel Thompson, diretor da mesma instituição, a experiência de


alunos na universidade ainda está muito concentrada no lado
acadêmico. “Elaborar um paper se tornou mais importante do que
fazer um plano de aula. Essa questão tem que ser debatida”, ressalta,
ao mencionar que algumas licenciaturas estão formando biólogos,
físicos e matemáticos, mas não professores de biologia, física e
matemática.

Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas, avalia que a situação


requer medidas que vão além de ajustes. “Nosso grande problema é
fazer uma espécie de revolução na formação de professores”.
Segundo a pesquisadora, as licenciaturas não estão estruturadas para
formar um professor. “Elas não formam bem nem no conhecimento
específico e nem nas didáticas e práticas de ensino necessárias para
uma atuação nas escolas”.

Não adianta reformular os currículos dos cursos de pedagogia ou licenciaturas, se a própria


postura e concepção dos professores formadores dentro das universidades não mudar

Além das questões envolvendo o ambiente universitário, a falta de


diálogo com a realidade da escola é outro fator apontado como fonte
de dificuldades para os professores recém-formados que ingressam
nas redes de ensino. Jorge Carvalho, secretário de Educação do
Estado de Sergipe e coordenador do eixo prioritário Planos de
Carreiras no Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação),
diz que durante esse processo habilidades necessárias para a prática
docente acabam ficando de lado. “As universidades, de modo geral,
estão oferecendo licenciaturas que muito se assemelham a um
bacharelado. Elas estão muito preocupadas em formar
pesquisadores.” Segundo ele, a sociedade deve fazer um pacto sobre
o tipo de professor que se quer formar.

Anna Helena Altenfelder, superintendente do Cenpec (Centro de


Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária),
defende que a formação inicial deve preparar um professor para ser
capaz de ler a realidade do seu aluno, ter empatia com a comunidade
e, além de dominar os conteúdos, saber como ensinar. No entanto, ela
pondera: “Não adianta reformular os currículos dos cursos de
pedagogia ou licenciaturas, se a própria postura e concepção dos
professores formadores dentro das universidades não mudar.”

Novas metodologias, uso de tecnologia e avaliação


Assim como se fala sobre o uso de novas metodologias na educação
básica, as instituições formadoras devem transformar a sua forma de
ensinar. “Há uma pedagogia dentro da universidade que precisa ser
refeita e aberta. Há formadores fechados, achando que ainda cabe
ensinar dentro do modelo que aprenderam”, destaca a pesquisadora
Valeska Maria Fortes de Oliveira, da ANPEd, ao mencionar que, para
criar referências para o futuro professor, é importante usar
a homologia dos processos, ou seja, aplicar na sua formação as
mesmas práticas pedagógicas que deverão utilizar com seus alunos.

– Confira o especial Tecnologia na Educação 

“O mundo avança rapidamente, e as crianças já nascem com acesso à


tecnologia. Essa criança certamente vai exigir uma participação muito
maior na sala de aula”, diz Rodolfo Joaquim Pinto da Luz,
secretário municipal de Educação de Florianópolis (SC) e membro da
diretoria nacional da Undime (União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação). De acordo com ele, é preciso preparar os
futuros professores para atuarem em um novo contexto, onde possam
ser mediadores, saibam promover a inclusão de todos os alunos e
estejam constantemente atualizados de acordo com uma didática
alinhada ao século 21, incluindo até noções de neurociência para
compreender como seus alunos aprendem.

A responsabilidade de formar jovens é grande. A nação tem que assumir isso

Dentro do desafio de preparar os novos professores, a formação


também deve incorporar a tecnologia e as novas linguagens. “O
professor tem que estar preparado para utilizar, no seu dia a dia, todos
os equipamentos que podem oferecer uma aprendizagem diferenciada
para os alunos”, defende o dirigente. Mas, diante de todas essas
competências e habilidades desejáveis, como saber se os professores
formados estão aptos para lidar com a realidade da sala de aula?

Avaliar os professores que estão sendo formados também é um


desafio para o país. De acordo com os especialistas na área, a grande
questão é criar métricas que não sejam punitivas, mas consigam dar
conta de avaliar os novos profissionais e oferecer suporte para o
desenvolvimento da sua prática. “A responsabilidade de formar jovens
é grande. A nação tem que assumir isso”, destaca Miguel Thompson,
do Instituto Singularidades.
Confira outros conteúdos da série:

- O que explica a falta de professores nas escolas brasileiras?


- Ensino superior se aproxima da escola para formar professores
- ‘Ser físico é muito bom, mas poder ensinar é melhor ainda’
- No Teachers College, tecnologia faz do professor agente de transformação
- Neurociência é aliada na preparação do professor para a sala de aula
- Novas metodologias usam situações reais para formar professores
- Formação de professores deve caminhar junto com a Base
- Avaliação de professores precisa apoiar formação







TAGS

formação inicial, plano nacional de educação, série formação


de professores
Assine nossa newsletter e fique por dentro das tendências em
educação

E-mailEnviar

 Cadastre-se para receber notificações 

Você também pode gostar