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DIDÁTICA - Elizabete Velter Borges

3 ª Aula

O PLANEJAMENTO COMO
MÉTODO PEDAGÓGICO
Caros(as) alunos(as), após estudarmos sobre o contexto histórico da didá-
tica e as tendências pedagógicas, iremos agora para nossa próxima aula
que é sobre “O planejamento como método pedagógico”.
Nesta aula, estudaremos sobre a importância do planejamento e como po-
deremos administrar e disseminar os conteúdos aos alunos de forma cria-
tiva e organizada. O planejamento ou o plano de aula é parte integrante
do docente e deverá ser embasado nas argumentações teóricas e períodos
da educação que propiciaram formas diferenciadas nas metodologias de
ensino.
A elaboração do planejamento como um meio para facilitar e viabilizar a
democratização do ensino, e o seu conceito necessita ser revisto, recon-
siderado e redirecionado. As indagações selecionadas e as tentativas de
respostas pretendem incitar os docentes a refletirem sobre a problemática
da Educação Escolar Pública como um todo e, em especial, sobre os pro-
blemas e desafios do planejamento do ensino. Desse modo, vamos refletir e
construir juntos um entendimento sobre esse assunto.
Lembrem-se de que esta aula foi preparada para que vocês não encontrem
grandes dificuldades. Contudo, podem surgir dúvidas no decorrer dos es-
tudos! Quando isso acontecer, anotem, acessem a plataforma e utilizem as
ferramentas “quadro de avisos” ou “fórum” para interagir com seus co-
legas de curso. Sua participação é muito importante e estamos preparados

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para ensinar e aprender com seus avanços.


Ah, é importante ainda que leiam e se posicionem criticamente em relação
aos objetivos de aprendizagem e às seções de estudo desta aula.

Boa Aula!

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao término desta aula, vocês serão capazes de :

• definir a importância do planejamento como método pedagógico;


• definir as possibilidades e as necessidades do planejamento;
• elaborar um Plano Escolar ou de Currículo, o Plano de Curso ou o Plano de
Ensino e/ou um Plano de Aula.

SEÇÕES DE ESTUDO

SEÇÃO 1 – O planejamento
SEÇÃO 2 – Possibilidade e necessidade do planejamento
SEÇÃO 3 – Planos de aula

SEÇÃO 01 O PLANEJAMENTOO

Segundo o Dicionário Online de Português Aurélio “planejar significa: Traçar; fazer


o plano de. Projetar, fazer tensão de. Programar, planificar. Planear.” Assim, pode-se dizer
que planejar significa antever uma mediação da realidade visando sua mudança, e a possibi-
lidade do planejamento está intrinsecamente ligada à possibilidade desta transformação vir a
acontecer.
A alteração da realidade é o grande desafio do homem, uma vez que por essa ativi-
dade o homem se faz, se constitui e como tal, se transforma também. E é nesse contexto mais
amplo que se coloca a tarefa de planejar.
A democratização do ensino objetiva a transformação da realidade que nos cerca e
ao mesmo tempo culmina com uma questão que muitos educadores se indagam: é possível
melhorar as questões sociais e em concomitância a educação? E para responder a este ques-
tionamento é necessário verificar o contexto histórico.
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Começando com os jesuítas, a Didática no Brasil percorreu um longo caminho. E


nessa trajetória, em muitos momentos ela serviu de instrumento de reprodução das desigual-
dades sociais, pois ela se distanciou de sua missão de emancipação da população socioeco-
nômica e culturalmente excluída, reduzindo-se a uma disciplina técnica e com neutralidade
científica. Porém, no final dos anos 80, a Didática tomou novos rumos, e retomou seu papel
na discussão do processo de instrução e ensino, norteando todas as atividades escolares, bem
como, todas as disciplinas do currículo no que concerne ao conteúdo e à forma de ensinar,
tendo como objeto de conhecimento o ensino e suas múltiplas determinações. Para tanto,
precisa ser organizada, sistematizada e a ação que favorece essa intenção é o planejamento.
O planejamento é a ação pedagógica essencial. Ele deve ser a expressão técnico-
-política da sociedade, cabendo a ele explicitar uma realidade histórica. O processo de plane-
jamento escolar constitui-se em um tópico importante e necessário do currículo que habilita
profissionais para o ensino, devendo estar presente no cotidiano da escola e/ou da própria
vida.
Assim, é necessária uma leitura crítica da realidade em que se vive; prever objetivos
visando uma mudança de comportamento frente às várias demandas da sociedade; privilegiar
o conhecimento sociopolítico e cultural acumulado pela humanidade, transformando-os em
conteúdos de ensino (transposição didática); selecionar métodos e técnicas adequadas ao en-
sino; utilizar-se de recursos que realmente auxiliem na compreensão do conhecimento, inclu-
sive conhecer as mais variadas tecnologias; definindo objetivos e critérios de avaliação e esta
entendida como processo, como coleta de dados e; que sua função principal seja possibilitar
o acompanhamento de todo o processo educativo.
O trabalho pedagógico constitui-se de toda a ação escolar, por isso precisa de siste-
matização, necessita de uma construção metodológica. O planejamento, uma prática pedagó-
gica que não poderá reduzir-se à tarefa burocrática e, com base na Didática, deve expressar o
conhecimento teórico-científico e envolver uma definição teórico-prática do ensino e, assim
compreendido, em sua elaboração e materialização, afasta-se das teorias reprodutivistas das
desigualdades sociais, e instrumentaliza educador e educando, para o desafio da construção
de uma nova ordem social pautada na ética, na superação de todo e qualquer tipo de precon-
ceito, favorecendo a todos a apropriação do conhecimento sociopolítico e cultural acumula-
do, para viverem sua humanidade e serem sujeitos da sua história.

Todo planejamento educacional configura uma meta a ser alcançada, visando um


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modelo de homem e de sociedade, tendo em vista que ele envolve análise da realidade confi-
gurada na identificação da instituição, o contexto em que ela está inserida, os sujeitos envol-
vidos e o objeto de estudo. Assim:

Assim como planejamos nossa vida, devemos também planejar nossas aulas, pois é
por meio do planejamento que poderemos nos organizar e verificar se de fato o processo de
ensino e aprendizagem foi alcançado, e ainda caso haja necessidade, rever o que objetivamos
nas aulas para que alcancemos um ensino pautado na formação do cidadão crítico e atuante.
Reflitam sobre o que Lopes menciona a respeito do planejamento:
REFLEXÃO
A partir dos desacertos observados na atual prática pedagógica em nossas escolas,
sentimos que o processo de planejamento do ensino precisa ser repensado. A visão
negativa desse processo demonstrada pela grande maioria dos professores não pode
ser considerada como uma situação irreversível. Entendemos que um planejamento
dirigido possibilitará ao professor maior segurança para lidar com a relação educativa
que ocorre na sala de aula e na escola como um todo. Nesse sentido, o “planejamento
adequado”, bem como o seu resultado – “o bom plano de ensino” – traduzir-se-á pela
ação pedagógica direcionada de forma a se integrar dialeticamente ao conceito de
educando, buscando transformá-lo (LOPES, 1995, p.43).

Perceberam a importância do planejamento?! Então, passamos agora para a próxima


seção em que abordaremos o quão o planejamento contribuiu para a formação do indivíduo.

POSSIBILIDADE E NECESSIDADE DO PLANEJAMEN-


SEÇÃO 02
TO

Iniciamos esta seção com um questionamento:

Se planejar significa antever uma intervenção na realidade visando sua mudança, a


possibilidade do planejamento está intrinsecamente ligada à possibilidade dessa transforma-
ção vir a correr.
A alteração da realidade é o grande desafio do homem, uma vez que por meio desta
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atividade o homem se faz, se constitui enquanto tal se transforma também. E, nesse contexto
mais amplo é que se coloca a tarefa de planejar.
Libâneo, no que se refere a planejar, argumenta que:

A ação de planejar, portanto, não se reduz a simples preenchimento


de formulários para controle administrativo; á antes uma atividade
consciente de previsão de ações docentes, fundamentadas em opções
politicas pedagógicas, e tem como referencia permanente as situações
concretas (LIBÂNEO, 1994, p. 222).

Nesse sentido, o planejar deve ser de forma consciente e relacionada com as situa-
ções concretas do fazer pedagógica, e assim organizar suas ações, bem como verificar se os
objetivos, as competências e habilidades foram alcançados.
Assim, a transformação da realidade que nos cerca aponta para uma urgente necessi-
dade de transformação. Paralelamente, existe um desejo, em muitos educadores, de sair dessa
situação e ir para uma realidade melhor. Vem então a questão: é possível? A resposta a essa
pergunta não pode ser dada de forma idealista; há que se recorrer a uma reflexão histórica.
Existe uma forma de abordar a realidade que a divide entre o bem e o mal, o positivo
e o negativo, etc., de forma dicotômica, maniqueísta, como se essas coisas ocorressem em
“estado puro”, isoladas umas das outras; nesse sentido, uma coisa boa ou má (excludente).
Essa é uma concepção linear, mecânica, reducionista, que corre o risco de levar a duas posi-
ções equivocadas de acordo com Vasconcelos (1995), apresentadas no quadro a seguir:

Fonte: Quadro elaborado por Inês Velter Marques.

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Perceberam como podem ocorrer as posições equivocadas acerca das mudanças?!!


Essa é uma dialética na qual convivemos todos os dias, principalmente no âmbito escolar.

Dialética: possível – impossível


Dialética é a arte de argumentar ou discutir. Maneira de filosofar que procura a
verdade por meio de oposição e conciliação de contradições (lógicas ou históricas).
Fonte: http://www.dicionarioweb.com.br/dialetica.html. Acesso em: 20 de fev. 2020.

Existe uma forma superada de enfrentar a realidade, na realidade, na qual se conse-


gue perceber a complexidade contraditória da totalidade do real, ou seja, compreender que
não há negatividade interagindo dinamicamente na realidade. Num dado momento histórico,
é possível identificar qual a polaridade dominante, contudo, sem deixar de percebê-la inseri-
da no movimento, no jogo de contradições presentes nos fenômenos.
Trata-se de uma postura crítica porque procura desvendar o funcionamento do real,
captar sua gênese e tendências de desenvolvimento. Mas é também uma postura transforma-
dora porque, a partir da compreensão do real, procura interferir no seu processo, de forma
a redirecioná-la com vistas à alteração que se propõe. Nesse enfoque dialético, em cada
caso concreto, há necessidade de análise, para se saber as reais possibilidades de mudança,
tendo-se em conta tanto as determinações da existência, quanto a força da ação consciente e
voluntária da coletividade organizada. Compreende-se que há avanços, recuos, momento de
estagnação no processo de desenvolvimento das contradições da realidade.
Assim, precisamos combater o idealismo voluntarista e o materialismo mecanicista,
que distorcem a dialética do real. É evidente que não podemos desprezar as condições objeti-
vas, uma vez que “o ambiente funciona como professor”, mas, por outro lado, atuando sobre
a realidade, os homens transformam-na, mais ou menos, de acordo com as forças presentes,
dependendo do contexto. Uma vez transformada, essa realidade passa a dialetizar com outros
homens que dela participam, podendo exercer influência para sua transformação, desempe-
nhando papel de educadora.
O planejamento quer ser um instrumento teórico-metodológico mediador desse pro-
cesso, e assim utilizar de forma a transformar a escola.

É possível a transformação da escola????

O que, fundamentalmente, possibilita sua transformação é o fato da contradição es-


tar também ali presente e não apenas fora dela, pois a escola não consegue ser um lugar puro
e isolado da sociedade – apesar do sonho de muitos educadores. Para além do otimismo e
pessimismo, temos que tomar a escola como local de contradições dialéticas.
Essas contradições, ao serem assumidas por vários segmentos da escola passam a
atuar ainda mais fortemente, ocupando mais espaço e provocando mais reação, o que vai

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exigir a definição mais clara de posições por parte de todos. São tematizadas, favorece-se a
tomada de consciência, a superação do senso comum. Nessa medida, o planejamento resgata
seu sentido a partir da relação entre a teoria e a prática.

Como é essa relação da teoria-prática??

Não há uma prática puramente material; existe sempre a presença de um mínimo de


consciência, o elemento teórico. O que ocorre é que a unidade teoria-prática pode se dar de
forma mais ou menos precária. Nesse sentido, ao contrário do senso comum, podemos dizer
na prática, a teoria é aquela que de fato assimilamos, ainda que não seja aquela que deseja-
mos.
Devemos considerar que o que modifica efetivamente a realidade é a ação e não as
ideias. No entanto, a ação sem ideia é cega e ineficaz. Novas ideias abrem possibilidades de
mudança, mas não mudam. Assim, veremos como seria isso:

O que muda a realidade é a prática

A consciência pode ser uma contradeterminação em relação à determinação da prá-


tica social alienada, pois se isso não fosse possível, não haveria mudança histórica. A teoria
pode ser um elemento importante na transformação da realidade econômica, social e política.
Em educação, estamos precisando de uma nova relação de ideias sobre a realidade
ou de uma nova relação com as ideias e com a realidade? Parece-nos fundamental parar de
ficar correndo atrás de modismo e levar a sério algumas ideias que acreditamos, tentando
transformar a prática, tentando concretizar. Até porque, sabemos que se não houver uma
mudança da prática do sujeito, aquela consciência inicial não se “consolida”, se volatiliza e o
sujeito volta a ser determinado por sua existência.

Confiar na Possibilidade de Mudança

Outro elemento importante que se coloca para o professor é acreditar que as coisas
podem mudar. O pressuposto fundamental de qualquer trabalho educacional é crer na possi-
bilidade de mudança do outro. A atividade do professor está relacionada à transformação do
sujeito-educando; se não acreditar nessa possibilidade, seu trabalho carece de sentido.

É claro que existe uma determinação mais geral da sociedade sobre a escola, esperan-
do que a sala de aula seja um lugar de submissão, de doutrinação, de seleção social, de
domesticação. Diante desse fato, qual a opção?: reforçar/reproduzir esse esquema ou
resistir/tentar transformar? Entendemos que o professor tem que sair de uma posição
reativa, defensiva e partir para uma fase de autocrítica e de (re)construção de sua pro-
posta pedagógica. Sabemos que não é simples, mas é necessário.
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Mas para que haja mudanças, precisamos de planejamento como uma ação de es-
tratégia em nossa atuação enquanto docente na área da educação. Acreditar que é possível,
uma prática pedagógica diferenciada, que tenha relação com a teoria, desenvolvida de forma
humanística e diversificada, que respeite o ser humano em sua realidade e vivência.

Assim, essas mudanças estão, objetivamente, ao alcance do professor e da escola; e


precisam ser feitas, se quisermos construir algo novo. A atividade tipicamente humana, cons-
ciente, está constantemente marcada por um ato de planejamento.

Complexidade da Prática Educativa

A necessidade do planejamento está relacionada ao interesse e à complexidade da


ação a ser desenvolvida. No caso da educação escolar, temos a dupla fonte de complexidade.
Precisamos tomar consciência de que nosso trabalho é um dos mais exigentes, por isso neces-
sita também de um planejamento à altura. É claro que, se a função do professor for reduzida
à repetição de conteúdo, a “tomar conta” dos alunos, não há necessidade mesmo de um plano
de aula.
Uma pergunta não deixa de vir à mente, quando ouvimos os professores afirmarem
que desejam um planejamento “simples”. Neste sentido, quer se dizer por simples, é que o
plano de aula seja realmente possível de realizar.

Contribuições do Planejamento

De acordo com Libâneo (1994, p. 223), o planejamento escolar tem, assim, as se-
guintes funções:

a) Explicar os princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho do-


cente que as segurem a articulação entre as tarefas da escola e as exi-
gências do contexto social e do processo de participação democrática.
b) Expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político-
-pedagógico e profissional e as ações efetivas que o professor irá re-
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alizar na sala de aula, O planejamento escolar é uma tarefa docente


que inclui tanto a previsão das atividades em termos de organização
e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão
e adequação no decorrer do processo de ensino. O planejamento é um
meio para programar as ações docentes, mas é também um momento
de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação. Há três mo-
dalidades de planejamento, articulados entre si o plano da escola, o
plano de ensino e o plano de aulas. através de objetivos, conteúdos,
métodos e formas organizativas de ensino.
c) Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho
docente, de modo que a previsão das ações docentes possibilite ao
professor a realização de um ensino de qualidade e evite a improvisa-
ção e a rotina.
d) Prever objetivos, conteúdos e métodos a partir de consideração das
exigências postas pela realidade social, do nível de preparo e das con-
dições sócio-culturais e individuais dos alunos.
e) Assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente, uma vez
que torna possível inter-relacionar, num plano, os elementos que com-
põem o processo de ensino: os objetivos (para que ensinar), os conteú-
dos (o que ensinar), os alunos e suas possibilidades (a quem ensinar),
os métodos e técnicas (como ensinar) e avaliação que intimamente
relacionada aos demais.
f) Atualizar os conteúdos do plano sempre que for preciso, aperfei-
çoando-o em relação aos progressos feitos no campo dos conheci-
mentos, adequando-os às condições de aprendizagens dos alunos, aos
métodos, técnicas e recursos de ensino que vão sendo incorporados
nas experiências do cotidiano.
g) Facilitar a preparação das aulas: selecionar o material didático em
tempo hábil, saber que tarefas professor e alunos devem executar. Re-
planejar o trabalho frente a novas situações que aparecem no decorrer
das aulas. Para que os planos sejam efetivamente instrumentos para a
ação, devem ser como guia de orientação e devem apresentar ordem
seqüencial, objetividade, coerência, flexibilidade.

Conforme, as funções descritas acima sobre a importância do planejamento escolar,


entendemos que a ação de planejar não se reduz ao preenchimento burocrático de sistemas
ou exigências superiores de gestão para mero processo de arquivamento de papéis, mas sim,
de uma ação que seja desenvolvida com objetividade, coerência e flexibilidade, por meio
de uma prática reflexiva, de planejamento, execução e avaliação, unindo a teoria e a prática
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pedagógica no contexto educacional.


Vivemos hoje um mundo de fragmentação, de correria, em que o sujeito-educando
tem uma série de outras coisas para fazer, uma série de outros estímulos. Se quisermos efeti-
vamente atingi-lo, temos que aproveitar da melhor forma o espaço-tempo de sala de aula. Um
bom planejamento certamente tem repercussão na disciplina, uma vez que as necessidades
dos alunos estão sendo levadas em conta e o professor tem maior convicção daquilo que está
propondo.
Vasconcelos menciona que:

Isto significa que o professor, mesmo sendo um assalariado que tem


como função executar tarefas pensadas por outros, não perde sua ca-
pacidade de pensar, de criar, de buscar alternativas praticas, através
de sua experiência cotidiana. Além de executar as ordens estabele-
cidas, ele conserva uma liberdade que lhe é inerente: ele pode criar,
inventar, construir. (VASCONCELOS, 1995, p. 38).

Vasconcelos nos diz em relação a criar, inventar e construir, pois devemos pensar
que somos formadores dos indivíduos e, portanto é fundamental que nossa prática pedagó-
gica seja pautada na criatividade, na inovação e construção, pois somente assim estaremos
formando cidadãos críticos e atuantes na contemporaneidade.

SEÇÃO 02 OS PLANOS DE AULA

Nesta seção, iremos verificar todo o processo de elaboração de um plano de aula.


É claro que algumas variações podem ocorrer (dependendo da teoria pedagógica da escola,
ou o referencial, ou de qualquer outra instituição). No final desta seção, está disponível um
roteiro de plano de aula de acordo com a BNCC para conhecerem e construírem o seu (só
um modelo, pois cada escola/ instituição poderá adotar um diferente). E para que possam
compreender melhor sobre o que preconiza a BNCC, vamos estudar um pouco sobre a Base
Nacional Comum Curricular e esclarecer algumas dúvidas.

Vejam:

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que regulamenta quais


são as aprendizagens essenciais a serem trabalhadas nas escolas brasileiras públicas e
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particulares de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio para garantir o


direito à aprendizagem e o desenvolvimento pleno de todos os estudantes. Por isso, é
um documento importante para a promoção da igualdade no sistema educacional, co-
laborando para a formação integral e para a construção de uma sociedade mais justa,
democrática e inclusiva.

Ao ter como objetivo nortear os currículos dos estados e municípios de todo o Brasil a
partir dessas perspectivas, a BNCC coloca em curso o que está previsto no artigo nove
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) sancionada em 1996.

Segundo a LDB, cabe ao Governo Federal “estabelecer, em colaboração com os Esta-


dos, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infan-
til, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum”.

Fonte: Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/BNCC/o-que-e-BNCC.html. Acesso em:


22 de jan. 2021.

Nesse sentido percebe-se que o ensino está pautado na BNCC e ela traz dez com-
petências gerais, que são primordiais no processo de ensino e aprendizagem do educando.
Observem a imagem abaixo:

Fonte: https://educacao.estadao.com.br. Acesso em: 22 de jan. 2021.

Portanto, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) auxilia e norteia os trabalhos


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relacionados ao ensino, bem como objetiva ressignificar as aprendizagens visando ampliar o


repertório de conhecimento dos alunos e assim atuar criticamente na sociedade da qual fazem
parte.
Os que procuramos apresentar acima foram alguns dos muitos suportes teóricos que
fazem parte da regência como, por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Base
Nacional Comum Curricular, mas lembrem-se de que precisamos compreender que os PCNs,
a BNCC, a LDB, a Legislação específica do nosso campo de atuação educacional e dentre ou-
tros que não foram mencionados, e devem ser vistos como objeto de reflexão para contribuir
na formação de cidadãos críticos e atuantes.

Perceberam como não é tão difícil?!! Então vamos adiante para os planos de aula... =
planejamentos educacionais

O plano de aula: tem uma característica em comum, pois costuma partir de um texto
e/ou de um conteúdo específico que o professor deseja trabalhar com a turma. A partir desse
texto e dos temas que se depreendem dele, são buscados outros recursos — como músicas,
vídeos ou imagens — a fim de tornar a proposta mais rica e atraente para os alunos;
O Planejamento e a seleção de material: Esta etapa depreende de certo tempo e de-
dicação, uma vez que é importante definir os temas, pesquisar acerca do conteúdo e a seleção
do que é primordial. Com os temas de trabalho definidos, agora é possível pesquisar materiais
alternativos (no sentido audiovisual da palavra) que possam enriquecer a aula. Como por
exemplo: vídeos, cópias, sites, letras de música e teóricos, etc. Com o material escolhido e
definido, é hora de organizar tudo segundo o roteiro do plano de aula. Além disso, é preciso
pensar em como desenvolver a aula a partir dessa base.
No plano de aula, o docente deve descrever como será realizada sua aula, priorizan-
do os seguintes elementos: tema, conteúdos, objetivos, procedimentos, recursos didáticos,
atividades e a avaliação.

Elaborando o plano de aula

De acordo com as orientações da BNCC (2017), disponibilizadas no site do MEC,


“para garantir o desenvolvimento das competências específicas, cada componente curricular
apresenta um conjunto de habilidades”. Essas habilidades estão relacionadas a diferentes ob-
jetos de conhecimento – que são entendidos como conteúdos, conceitos e processos –, que,
por sua vez, são organizados em unidades temáticas.
Portanto, os objetos de conhecimento são os conteúdos, conceitos e processos orga-
nizados em diferentes unidades temáticas que possibilitam o trabalho multidisciplinar, e são
aplicados a partir do desenvolvimento de um conjunto de habilidades.
Caso queiram aprofundar os conhecimentos acerca da BNCC, sugiro acessar o site
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na fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/, à qual terão acesso ao documento na ínte-


gra.

Lembrem-se:

O plano deve ser, antes de tudo, um instrumento de trabalho para o próprio pro-
fessor (e não para o coordenador, a secretaria da escola, a supervisão), correspon-
dendo ao seu projeto de intervenção na realidade.

Para refletir:

É preciso ter clareza das metas que queremos perseguir. É preciso que o pro-
fessor pergunte-se como tornar importante e única cada atividade, cada tarefa, cada
proposta para a vida de seu aluno; como instalar de fato nos alunos aqueles ideais
amplos e generosos discutidos nas primeiras reuniões de planejamento (CASTANHO,
1995, p.57).

As decisões que realmente importam no processo educativo não são tomadas


apenas no início do trabalho. O professor define os contornos do que pretende desen-
volver e será na sua prática, durante o desenrolar do processo, que irá classificando
para si e para os educandos, e com os educandos, as metas onde deseja chegar (Ibid.,
p.59).

Caso você tenha ficado com dúvidas sobre a Aula 1, mande perguntas para o e-mail:
elizabete.velter@unigran.br ou acesse as ferramentas “fórum”,“quadro de avisos” e/ou
“chat” e interaja com seus colegas de curso.

Afinal, você é o personagem principal de sua aprendizagem!

RETOMANDO A AULA

Chegamos, assim, ao final da terceira aula. Espera-se que


agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre
ao planejamento, as possibilidades e necessidades do plane-
jamento e como elaborar um plano de aula. Vamos, então,
recordar:

SEÇÃO 1 - O PLANEJAMENTO

Vimos a importância do planejamento como um meio de transformar seu trabalho, a


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relação com os alunos, sua pessoa, a escola, a comunidade e a sociedade.

SEÇÃO 2 - POSSIBILIDADE E NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO

O que planejamos é possível de acontecer, e podemos, em certa medida, interferir


na realidade, pois planejar ajuda na realização da teoria com a prática. E o empenho em pla-
nejar depende do quanto julgamos esta ação importante, relevante, complexa e possível de
planejamento.

SEÇÃO 3 - PLANOS DE AULA

Vimos o plano de aula como instrumento de trabalho e como proceder na sua elabo-
ração.

SUGESTÕES DE LEITURAS, SITES, VÍDEOS E FILMES:

LEITURAS

VASCONCELOS, Celso dos Santos. Planejamento: projeto de ensino-aprendiza-


gem e projeto Político-Pedagógico . 14.ed. São Paulo: Liberta,2005.204p.

FERREIRA, F. W. Planejamento Sim e Não: um modo de agir num mundo em per-


manente mudança. 11a Edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

SITES

SAE Digital. Planejamento Escolar. Disponível em: https://sae.digital/planejamen-


to-escolar/ Acesso em: 25 de mai. 2020.

Somos PAR. Plataforma Educacional. Saiba tudo sobre planejamento escolar. Dis-
ponível em: https://www.somospar.com.br/saiba-tudo-sobre-planejamento-escolar/ Acesso
em: 25 de mai. 2020.

FILMES

- “A fuga das galinhas”


- “Pro dia nascer feliz”
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VÍDEOS

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HSXXmylhvKs&feature=relat


ed. Acesso em: 20 de mar. 2020.

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=SkxCEh1af2g. Acesso em: 20 de


mar. 2020.

MINHAS ANOTAÇÕES:
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