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1. Introdução
O texto aqui apresentado é uma breve reflexão de estudos teóricos e das vivências
no fazer pedagógico apropriado a partir da preparação à formação de professores nos
sistemas de ensino no Pará, os quais se coadunam com leituras nacionais e
internacionais que colocam em pauta as mudanças no Ensino Fundamental (de nove
anos) e a Educação Básica de modo geral.
O texto foi produzido sob a perspectiva crítica orientada por autores como Saviani
(1980), Freire (1980; 1996), Fernandes (2006), Brasil (que constitui um conjunto de
documentos produzidos pelo MEC em 2007), Young (2013), Silva, Santos e Souza
(2016). Sendo assim, o texto procura defender a tese de que a práxis educativa
significativa deve ser fundamentada na articulação da tríade planejamento, currículo e
avaliação, as quais juntas contribuem para uma educação progressista de qualidade
social.
Em três tópicos, o texto faz um exercício reflexivo perpassando pela práxis,
conceituando planejamento, currículo e avaliação, de tal forma a problematizar a tríade
supracitada como viável e necessária à escola contemporânea na formulação da práxis
educativa. Entre os apontamentos procura destacar os tipos, fases e momentos do
planejamento e da avaliação, colocando o currículo em movimento e mostrando que este
precisa ganhar sentido contextual, bem como sentido na vida dos sujeitos.
O texto é momentaneamente fechado, apontando os desafios da práxis educativa,
que relaciona-se com as vivências cotidianas de sala de aula, as quais favorecem um
aprendizado contínuo no epaço escolar.
Hoffmann, Luckesi e Fernandes nos mostram que a avaliação não opera sozinha, ela é
resultado de uma articulação, entre o princípio educativo e a práxis pedagógica, dai Leal,
Albuquerque e Morais (2007) considerarem que o fazer docente e o planejamento são
determinantes no desenvolvimento de uma avaliação comprometida com a
Educar para a liberdade em tempos atuais é abrir caminho para que os educandos
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4 Demanda interna, com responsabilidade compartilhada, ou seja, a escola deve solicitar, mas é o sistema
que deve garantir. Por isso, não se pode deixar de articular os ambientes. Uma árdua e dificil
responsabilidade da gestão educacional.
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5 Enquanto a média dos cinco países com melhor investimento aluno/ano (do Ensino Fundamental à
Educação Superior) chegou em 2015 a U$ 15.266,00 (Dólares), o Brasil não passou de U$ 3.441,00
(UOL, 2015).
6 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2015/11/09/fundeb-mec-define-custo-anual-por-aluno-
em-r-254531-para-2015.htm. Acesso em: 14/02/2017.
7 Disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/investimento-do-brasil-por-aluno-esta-entre-
os-piores-segundo-ocde-18122981. Acesso em: 14/02/2017.
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O Brasil fica à quem do desejado e mostra que para além do debate da tríade aqui
apresentada há que se discutir o financiamento da educação, uma pauta polêmica,
cara, mas necessária às conferências e planos de educação em todos os espaços
da federação, haja vista que eles servem de instrumento concreto à política de educação
nos territórios de todo o país.
Voltemos então ao item central desse debate, o ambiente externo à escola. A
reflexão ora apresentada mostra que esse não é um exercício simples. Por isso, não cabe
realizar o planejamento como momento estanque do processo de ensino-aprendizagem.
Ele deve ser permanentemente visitado, analisado, avaliado, rediscutido e sobretudo,
executado, observando os propósitos aos quais está diretamente relacionado. Sendo
assim, é vital que a escola conheça os pontos estratégicos dos Planos Nacional e
Estadual que se correlacionam ao Plano Municipal de Educação (PME)8, dando assim
não apenas visibilidade, mas concreticidade à vida da escola, logo os dois ambientes
dialogam dialeticamente produzindo o modelo de ensino que deve refletir não só o
princípio educativo, mas a concepção de educação.
Compreendido esse elemento essencial ao planejamento e ao processo de ensino
aprendizagem, conduzimos o debate nas exigência mais latentes da contemporaneidade
no contexto escolar, as avaliações nacionais, que se não são os instrumentos mais
importante aos educandos, certamente o são ao sistema.
Mas o que exatamente significa avaliar na leitura da política de exames promovida
pelo Ministério da Educação (MEC)? (ver quadro 2). Para responder precisamos saber o
quê se tem feito com os resultados da Provinha Brasil (ANA), Prova Brasil (ANRESC) e
ANEB.
Quadro 2: AVALIAÇÕES NACIONAIS
EXAME NACIONAL OBJETIVOS
ENEM - Exame Nacional do Ensino avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade
Médio (1998) básica. (BRASIL, MEC)
SAEB - Sistema de Avaliação da aferir a real situação do sistema educacional brasileiro a partir
Educação Básica (é contituído pela da avaliação de desempenho dos estudantes e fazer o
ANRESC e ANEB), levantamento de informações sobre escolas, professores e
diretores.
ANEB – Avaliação Nacional da A avalia as redes pública e particular de ensino e abrange o
Educação Básica terceiro ano do Ensino Médio.
ANRESC – Avaliação Nacional do Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb). O objetivo das
Rendimento Escolar - (Prova provas é aferir a real situação do sistema educacional
Brasil) – (5º e 9º anos) do Ensino brasileiro a partir da avaliação de desempenho dos estudantes
Fundamental…língua portuguesa e fazer o levantamento de informações sobre escolas,
(foco em leitura), e matemática professores e diretores.
8 É importante lembrar que em tese cada um desses três planos refletem o anseio da sociedade, já que de
modo geral esta foi convocada e participou das proposta que aprovadas em conferência constituíram a
base para os planos em questão.
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Com a perspectiva de atender aos desafios postos pelas orientações e normas vigentes,
é preciso olhar de perto a escola, seus sujeitos, suas complexidades e rotinas e fazer as
indagações sobre suas condições concretas, sua história, seu retorno e sua organização
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que faça dos nossos alunos sujeitos, protagonistas de seu tempo e de sua história.
É necessário, porém perceber que não basta deixar de fazer e sim criar, por dentro,
as condições viáveis à mudança. Nesta direção, devemos nos apropriar do modelo para
poder fazer a crítica, a desconstrução e apontar as alternativas convergentes de um
modelo que represente o anseio dos povos brasileiros, cuja identidade indígena,
quilombola, do campo, das florestas, das águas e das cidades reflita o que nos une, não
esquecendo do quê nos diferencia, procurando inclusive potencializar fatores que são
identitários à educação desejadas por esses grupos sociais (SEDUC/PA, 2010).
com uma educação que forma para a vida social e contribui à autonomia dos sujeitos
frente aos desafios e demandas contemporâneas das sociedades no século XXI.
Considerações Finais
O debate não se conclui aqui, mas nos desafia à construções cada vez mais
sólidas, coerentes e compromissadas com a proposta de ensino assumida pelo sistema
do qual fazemos parte. Nos cabe, porém, envolver, possibilitar e construindo a realidade
que desejamos, perseguindo a perspectiva de uma educação libertadora, a qual inicia-se
na base, ou seja, na educação das crianças, daí a necessidade de uma práxis educativa
articulada.
Diante do exposto o texto nos ajuda a compreender que pensar o ensino
fundamental exige conhecimento de uma base legal, de uma orientação político-
institucional e também de princípios teórico-metodológicos que nos permitam uma práxis
educativa coerente e comprometida com uma educação progressista.
Ao longo do texto defendemos a tese de que há uma indissociabilidade entre
planejamento, currículo e avaliação, elementos necessários a um processo educativo
coerente. Nesta perspectiva ficou evidente que fazer uma educação sob orientação
progressista perpassa por um comprometimento contínuo e articulado do projeto
educativo da escola, o qual se reflete no fazer docente e no processo de ensino-
aprendizagem do educando, a partir da construção e prática do planejamento nos
diversos momentos da escola, que toma pra si a política do sistemas de ensino.
É importante porém dizer que a tríade, planejamento, currículo e avaliação, embora
devam materializar a proposta de ensino-aprendizagem do sistema, não pode negar sua
realidade e sua articulação com o processo global.
Por fim, fazer educação aqui remete-se à práxis discutida e planejada pela escola,
de tal forma que o currículo e a avaliação contribuam à concretização daquilo que foi
pensado enquanto princípio norteador da aprendizagem, favorecendo assim, uma
educação emancipadora, formativa, crítica e, portanto, libertadora.
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Referências
ALVES, Rubem. A Alegria de Ensinar. Ars Poetica Editora LTDA, 1994. Disponível em:
http://www.virtual.ufc.br/cursouca/modulo_3/6994779-Rubem-Alves-A-Alegria-de-
Ensinar.pdf. Acesso em: 14/02/2017.
FERNANDES, Cláudia de Oliveira & FREITAS, Luiz Carlos de. Indagações sobre o
Currículo: currículo e avaliação. Brasília/DF: MEC/SEB, 2007.
FREIRE, Paulo. Por uma Pedagogia da Pergunta. Rio de Janeiro/RJ: Paz e Terra, 1985.
(Coleção Educação e Comunicação: v. 15).
SILVA, Erbio dos Santos; SANTOS, Terezinha F.A.M.; SOUZA, Edinilza. Avaliação,
Aprendizagem e os Desafios da Prática Pedagógica no Ensino Fundamental.
Lisboa/PT: ADMEE, 2016.
YOUNG, Michael. (Tradução BECK, Leda). Teoria Do Currículo: O Que é e Por Que é
Importante. Outros Temas, 2014. (v.44 n.151 p.190-202 jan./mar. 2014). Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/cp/v44n151/10.pdf