Os conteúdos tratam dos aspectos trazidos pela cultura desenvolvida ao longo do tempo por meio da prática humana, a qual é significativamente rica e complexa, sendo muito difícil para a escola básica contemplar todo o conhecimento produzido pela sociedade. Esses aspectos são os conhecimentos, as habilidades, os hábitos, os valores e as atitudes frente à ação social que, organizados de forma pedagógica e didática, objetivam sua assimilação ativa pelos educandos em suas práticas de vida. Ainda que o conteúdo esteja relacionado à organização do conhecimento em si, os conteúdos, enquanto campo do conhecimento, são considerados práticas educativas e são selecionados e organizados pela escola. Por isso, considera-se a importância de agregar as duas concepções, organização do conhecimento e práticas educativas, destacando a importância da aprendizagem, a qual somente é viabilizada a partir dos conteúdos, partindo do pressuposto de que o sujeito que aprende, necessariamente, aprende determinada coisa. Com isso, o conteúdo não deve propor somente a organização do conhecimento, mas também contemplar o caráter das vivências educativas, as quais são selecionadas e organizadas pela instituição de ensino. Conteúdos também são definidos como o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e a aplicação pelos alunos na prática de vida. Os critérios de composição dos conteúdos devem trazer fundamentos calcados nas abordagens pedagógicas e no conhecimento construído pela humanidade. Com relação ao foco na educação sistemática e à transmissão sistematizada desse conhecimento global, segundo Haydt (2011), pode- se afirmar que a escola atua enquanto instituição social e agência formadora, considerando as características dos alunos no processo de ensino- aprendizagem. Segundo Libâneo (2006), a escolha de conteúdos vai além dos programas oficiais e da simples organização lógica da matéria, ligando-se às exigências teóricas e práticas da vida social. Tais exigências devem ser consideradas em três sentidos, sendo um deles relacionado à participação na prática social. As demais alternativas não correspondem aos sentidos apontados conforme o autor. No processo de desenvolvimento de conteúdos, é preciso estar, enquanto educador, imergido em concepções teóricas que sirvam para embasar sua prática profissional. Com base nisso, a transposição didática, pode-se dizer que é entendida como: um processo no qual um conteúdo do saber, que foi designado como saber a ensinar, sofre, a partir daí, um conjunto de transformações adaptativas que vão torná-lo apto para ocupar um lugar entre os objetos de ensino. Durante a atuação profissional, deve-se ocorrer a concepções pedagógicas para que estas promovam um melhor alinhamento das práticas de ensino, considerando-se as diferentes abordagens sobre o mesmo conteúdo, bem como suas características, a fim de compreender a sua relação teórica e prática. Com base nos aspectos evidenciados pela teoria construtivista, pode-se afirmar que os conteúdos selecionados por especialistas não são muito valorizados, uma vez que é o aluno que determina o que tem sentido no contexto em que está operando e que problemas são importantes para ele. MÓDULO 3 Metodologia: diferentes opções didáticas UA 2 Encontrar a maneira mais adequada para promover a aprendizagem dos alunos é a preocupação e o desejo de todos os educadores e educadoras. Entretanto, tais questões não se restringem a uma discussão de método, embora elas sejam de grande relevância. Isso porque, para a prática pedagógica, as metodologias não devem ser compreendidas como simples técnicas de ensino, pois estão, na realidade, alicerçadas em pressupostos didáticos, políticos e pedagógicos que precisam ser explicitados. Segundo Candau (2014), um primeiro aspecto a ter- se presente no estudo da didática e das metodologias de ensino é que os processos de ensino-aprendizagem contam com três dimensões essenciais inter-relacionadas: a dimensão humana, a dimensão técnica e a dimensão político-social. Logo, a didática utilizada e as metodologias praticadas, inadvertidamente, acionam e colocam em funcionamento essas dimensões. No cenário educacional brasileiro, as diferentes opções didáticas estão sob direta influência das abordagens que foram surgindo ao longo da história. Tais abordagens se fundamentam em diferentes autores, em diferentes teorias pedagógicas de aprendizagem e em diferentes pressupostos políticos e filosóficos, a partir dos quais certos desenhos metodológicos são traçados e se desdobram no uso de alguns métodos e técnicas de maneira preferencial. A metodologia de ensino envolve o estudo dos métodos e os conhecimentos teórico-metodológicos relacionados a determinadas concepções pedagógicas e teorias de aprendizagem. Tais pressupostos apontam para procedimentos específicos, considerando a fundamentação e os objetivos de determinada perspectiva. Pode ser geral (por exemplo, métodos tradicionais, métodos ativos, método da descoberta, método de resolução de problemas, etc.) ou específica, seja a que se refere aos procedimentos de ensino e estudo das disciplinas do currículo (Alfabetização, Matemática, História, etc.), seja a que se refere a setores da educação escolar ou extraescolar (Educação de Adultos, Educação Especial, Educação Sindical, etc.). Nas metodologias ativas, os alunos passam a assumir um papel ativo na aprendizagem, tendo “suas experiências, saberes e opiniões valorizados como ponto de partida para construção do conhecimento” (DIESEL et al., 2017, p. 270). As metodologias ativas buscam estimular a autoaprendizagem, envolvendo os estudantes em reflexões, tomadas de decisão e outras estratégias que promovam o seu desenvolvimento autônomo. São exemplos de metodologias ativas: pesquisas, seminários, projetos, trabalhos em grupo e sala de aula invertida. As metodologias de ensino estão associadas a pressupostos teóricos e pedagógicos. Elas decorrem de uma concepção de sociedade, da natureza da atividade prática humana no mundo, do processo de conhecimento e, particularmente, da compreensão da prática educativa em determinada sociedade. Por isso, não podem ser compreendidas apenas como um conjunto de técnicas e procedimentos neutros. MÓDULO 3 Projeto Político Pedagógico da Escola UA 3 O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um importante caminho para a construção da identidade educativa. A partir dele, a escola pode pautar suas ações em práticas inclusivas, democráticas, atuantes e críticas, problematizando e contextualizando a realidade em que está inserida, a partir da participação e do diálogo entre os diferentes segmentos escolares. O Projeto Político-Pedagógico (PPP) auxilia a escola a definir suas prioridades, indica caminhos para o ensino de qualidade e, consequentemente, dá segurança aos envolvidos, pois é planejado com a intenção de concretizar novas caminhadas, definir a identidade educativa e apresentar as prioridades, metas e ações para a instituição. Pensando nisso, responda ao Desafio, refletindo sobre a elaboração do PPP e a importância da gestão democrática e participativa. A função do Projeto Político-Pedagógico (PPP) é dar horizontes para a caminhada e criar possibilidades concretas para a escola cumprir seus propósitos e suas intencionalidades, auxiliando as instituições a definirem suas prioridades, indicando caminhos para o ensino de qualidade e, consequentemente, dando segurança aos envolvidos, pois é planejado pelos diferentes segmentos da instituição, que criam e discutem experiências e ações a serem implementadas, de maneira flexível, democrática e participativa. No entanto, para que o projeto seja eficaz, precisa seguir uma estrutura básica para sua elaboração. O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um importante documento para guiar os passos da instituição escolar, indicar os caminhos, as metas, as responsabilidades, as propostas e os princípios inerentes a sua realidade. Para que o processo de construção do Projeto Político- Pedagógico seja eficaz, é necessário seguir uma estrutura básica para sua elaboração. Vasconcellos (2006) aponta três elementos que fazem parte da estrutura do Projeto Educativo da Equipe Latino-Americana de Planejamento (ELAP), com sede no Chile, na vertente brasileira de Danilo Gandin. O projeto é composto por três partes: Marco Referencial, Diagnóstico e Programação. Se relacionarmos o planejamento educacional, explicitado pelo Plano Nacional de Educação, com o Projeto Político-Pedagógico que as instituições constroem, muitas são as semelhanças, pois ambos traçam estratégias, metas e ideais que precisam ser alcançados em um determinado período de tempo, a partir de um diagnóstico que esboça a atual realidade da instituição, município, estado ou país. Assim, são apresentados pressupostos fundamentais que caracterizam sua elaboração, como partir das problemáticas e da realidade, prever condições para seu desenvolvimento, articular ações com todos os segmentos envolvidos, respeitar as diversidades, ser construído coletivamente e de forma integrada e buscar a democratização do ensino, preocupando-se em transformar a realidade e estabelecer planos para o desenvolvimento da prática pedagógica. Por meio do Projeto Político-Pedagógico e dos demais espaços proporcionados a partir da gestão democrática, os professores têm a oportunidade de pensar novas formas de conceber a educação, a escola, o currículo, a avaliação, assim como buscar diferentes práticas pedagógicas e ferramentas de trabalho com o aluno que impliquem mudanças e reflexões, por meio de processos participativos e democráticos. Dessa forma, a opção didática do professor e as práticas desenvolvidas por ele em sala de aula devem caminhar no mesmo sentido que a proposta pedagógica que fundamenta a instituição. MÓDULO 3 Currículo Escolar e Planejamento UA 4 Educacional O currículo é um importante instrumento de organização do trabalho pedagógico e contribui para que as instituições possam garantir a efetiva aprendizagem e desenvolvimento dos alunos. Da mesma forma, é fundamental que os currículos sejam construídos de acordo com a realidade em que a escola está inserida, considerando as necessidades, limitações e aprendizados dos educandos, bem como a intencionalidade educativa que norteia a proposta pedagógica da escola. Vasconcellos (2009, p. 133) destaca que “O currículo é um meio de atribuição de sentido às diversas atividades realizadas no interior da escola: tomadas isoladamente, estas atividades poderiam parecer aleatórias, mas vistas na relação com o todo, com a intencionalidade educativa, ganham significação”. O currículo escolar, em linhas gerais, define o que será aprendido pelos alunos, em cada etapa da sua formação, estabelecendo os conteúdos e as atividades a serem executadas pelo estudante durante seu percurso na educação básica, sendo um importante meio de atribuição de sentido para as diversas atividades realizadas no interior da escola. O planejamento consiste na forma em como o professor irá organizar e reorganizar o seu trabalho, levando em consideração aspectos referentes à realidade da turma e à forma como é composta. Nesse sentido, o planejamento deve ser flexível, claro, objetivo e coerente, visto que a educação está em constante movimento, assim como o currículo, os conteúdos, saberes e habilidades que precisam ser desenvolvidos estão sempre sujeitos a alterações. A interdisciplinaridade nasce como uma proposta pedagógica cujo objetivo é envolver, dialogar, intercomunicar as diferentes áreas do currículo de forma integrada, estabelecendo relações entre as áreas do conhecimento, com o propósito de aprimorar o processo de aprendizagem. É um trabalho onde mais de uma disciplina se unem com o mesmo propósito em um projeto comum. Essas áreas, por sua vez, trocam conhecimentos, abrindo novas possibilidades de aprendizado que acontecem de forma dinâmica e articulada. Silva (2010, p. 54) aponta mais uma característica do trabalho interdisciplinar: “A interdisciplinaridade implica trabalhar as dimensões social e cultural dos conteúdos, observando-se que cada conteúdo está inserido numa rede de relações”. “Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles FRASE DA cujos olhos aprenderam a ver o SEMANA: mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais.” (Rubem Alves)
Racionalidade e Projeto Político-pedagógico: um olhar a partir do Currículo e do relato das Práticas Docentes de professores do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Ceará
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)