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MÓDULO 3

Conteúdo: um elemento da didática


UA 1

PROFESSORA PATRICIA JEREMIAS


Os conteúdos tratam dos aspectos trazidos pela
cultura desenvolvida ao longo do tempo por meio da
prática humana, a qual é significativamente rica e
complexa, sendo muito difícil para a escola básica
contemplar todo o conhecimento produzido pela
sociedade. Esses aspectos são os conhecimentos,
as habilidades, os hábitos, os valores e as atitudes
frente à ação social que, organizados de forma
pedagógica e didática, objetivam sua assimilação
ativa pelos educandos em suas práticas de vida.
Ainda que o conteúdo esteja relacionado à organização do
conhecimento em si, os conteúdos, enquanto campo do
conhecimento, são considerados práticas educativas e são
selecionados e organizados pela escola. Por isso, considera-se a
importância de agregar as duas concepções, organização do
conhecimento e práticas educativas, destacando a importância da
aprendizagem, a qual somente é viabilizada a partir dos
conteúdos, partindo do pressuposto de que o sujeito que aprende,
necessariamente, aprende determinada coisa. Com isso, o
conteúdo não deve propor somente a organização do
conhecimento, mas também contemplar o caráter das vivências
educativas, as quais são selecionadas e organizadas pela
instituição de ensino.
Conteúdos também são definidos como
o conjunto de conhecimentos, habilidades,
hábitos, modos valorativos e atitudinais de
atuação social, organizados pedagógica e
didaticamente, tendo em vista a assimilação
ativa e a aplicação pelos alunos na prática
de vida.
Os critérios de composição dos conteúdos devem
trazer fundamentos calcados nas abordagens
pedagógicas e no conhecimento construído pela
humanidade. Com relação ao foco na educação
sistemática e à transmissão sistematizada desse
conhecimento global, segundo Haydt (2011), pode-
se afirmar que a escola atua enquanto instituição
social e agência formadora, considerando as
características dos alunos no processo de ensino-
aprendizagem.
Segundo Libâneo (2006), a escolha de conteúdos
vai além dos programas oficiais e da simples
organização lógica da matéria, ligando-se às
exigências teóricas e práticas da vida social. Tais
exigências devem ser consideradas em três
sentidos, sendo um deles relacionado à participação
na prática social. As demais alternativas não
correspondem aos sentidos apontados conforme o
autor.
No processo de desenvolvimento de conteúdos, é
preciso estar, enquanto educador, imergido em
concepções teóricas que sirvam para embasar sua
prática profissional. Com base nisso, a
transposição didática, pode-se dizer que é
entendida como: um processo no qual um conteúdo
do saber, que foi designado como saber a
ensinar, sofre, a partir daí, um conjunto de
transformações adaptativas que vão torná-lo apto
para ocupar um lugar entre os objetos de ensino.
Durante a atuação profissional, deve-se ocorrer a
concepções pedagógicas para que estas promovam um
melhor alinhamento das práticas de ensino,
considerando-se as diferentes abordagens sobre o
mesmo conteúdo, bem como suas características, a fim
de compreender a sua relação teórica e prática. Com
base nos aspectos evidenciados pela teoria
construtivista, pode-se afirmar que os conteúdos
selecionados por especialistas não são muito
valorizados, uma vez que é o aluno que determina o que
tem sentido no contexto em que está operando e que
problemas são importantes para ele.
MÓDULO 3
Metodologia: diferentes opções didáticas
UA 2
Encontrar a maneira mais adequada para promover
a aprendizagem dos alunos é a preocupação e o
desejo de todos os educadores e educadoras.
Entretanto, tais questões não se restringem a uma
discussão de método, embora elas sejam de grande
relevância. Isso porque, para a prática
pedagógica, as metodologias não devem ser
compreendidas como simples técnicas de ensino,
pois estão, na realidade, alicerçadas em
pressupostos didáticos, políticos e pedagógicos que
precisam ser explicitados.
Segundo Candau (2014), um primeiro aspecto a ter-
se presente no estudo da didática e das
metodologias de ensino é que os processos de
ensino-aprendizagem contam com três dimensões
essenciais inter-relacionadas: a dimensão humana, a
dimensão técnica e a dimensão político-social. Logo,
a didática utilizada e as metodologias praticadas,
inadvertidamente, acionam e colocam em
funcionamento essas dimensões.
No cenário educacional brasileiro, as diferentes
opções didáticas estão sob direta influência das
abordagens que foram surgindo ao longo da
história. Tais abordagens se fundamentam em
diferentes autores, em diferentes teorias
pedagógicas de aprendizagem e em diferentes
pressupostos políticos e filosóficos, a partir dos quais
certos desenhos metodológicos são traçados e se
desdobram no uso de alguns métodos e técnicas de
maneira preferencial.
A metodologia de ensino envolve o estudo dos métodos e os
conhecimentos teórico-metodológicos relacionados a
determinadas concepções pedagógicas e teorias de
aprendizagem. Tais pressupostos apontam para
procedimentos específicos, considerando a fundamentação e
os objetivos de determinada perspectiva. Pode ser geral (por
exemplo, métodos tradicionais, métodos ativos, método da
descoberta, método de resolução de problemas, etc.) ou
específica, seja a que se refere aos procedimentos de ensino
e estudo das disciplinas do currículo (Alfabetização,
Matemática, História, etc.), seja a que se refere a setores da
educação escolar ou extraescolar (Educação de Adultos,
Educação Especial, Educação Sindical, etc.).
Nas metodologias ativas, os alunos passam a assumir
um papel ativo na aprendizagem, tendo “suas
experiências, saberes e opiniões valorizados como
ponto de partida para construção do conhecimento”
(DIESEL et al., 2017, p. 270). As metodologias ativas
buscam estimular a autoaprendizagem, envolvendo os
estudantes em reflexões, tomadas de decisão e outras
estratégias que promovam o seu desenvolvimento
autônomo. São exemplos de metodologias ativas:
pesquisas, seminários, projetos, trabalhos em grupo e
sala de aula invertida.
As metodologias de ensino estão associadas a
pressupostos teóricos e pedagógicos. Elas decorrem
de uma concepção de sociedade, da natureza da
atividade prática humana no mundo, do processo de
conhecimento e, particularmente, da compreensão
da prática educativa em determinada sociedade. Por
isso, não podem ser compreendidas apenas como
um conjunto de técnicas e procedimentos neutros.
MÓDULO 3
Projeto Político Pedagógico da Escola
UA 3
O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um
importante caminho para a construção da identidade
educativa. A partir dele, a escola pode pautar suas
ações em práticas inclusivas, democráticas, atuantes
e críticas, problematizando e contextualizando a
realidade em que está inserida, a partir
da participação e do diálogo entre os diferentes
segmentos escolares.
O Projeto Político-Pedagógico (PPP) auxilia a escola
a definir suas prioridades, indica caminhos para o
ensino de qualidade e, consequentemente,
dá segurança aos envolvidos, pois é planejado com
a intenção de concretizar novas caminhadas, definir
a identidade educativa e apresentar as prioridades,
metas e ações para a instituição. Pensando nisso,
responda ao Desafio, refletindo sobre a elaboração
do PPP e a importância da gestão democrática e
participativa.
A função do Projeto Político-Pedagógico (PPP) é dar
horizontes para a caminhada e criar possibilidades
concretas para a escola cumprir seus propósitos e suas
intencionalidades, auxiliando as instituições a definirem
suas prioridades, indicando caminhos para o ensino de
qualidade e, consequentemente, dando segurança aos
envolvidos, pois é planejado pelos diferentes segmentos
da instituição, que criam e discutem experiências e
ações a serem implementadas, de maneira flexível,
democrática e participativa. No entanto, para que o
projeto seja eficaz, precisa seguir uma estrutura básica
para sua elaboração.
O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um importante
documento para guiar os passos da instituição escolar,
indicar os caminhos, as metas, as responsabilidades, as
propostas e os princípios inerentes a sua realidade. Para
que o processo de construção do Projeto Político-
Pedagógico seja eficaz, é necessário seguir uma estrutura
básica para sua elaboração. Vasconcellos (2006) aponta
três elementos que fazem parte da estrutura do Projeto
Educativo da Equipe Latino-Americana de Planejamento
(ELAP), com sede no Chile, na vertente brasileira de
Danilo Gandin. O projeto é composto por três partes:
Marco Referencial, Diagnóstico e Programação.
Se relacionarmos o planejamento educacional, explicitado pelo
Plano Nacional de Educação, com o Projeto Político-Pedagógico
que as instituições constroem, muitas são as semelhanças, pois
ambos traçam estratégias, metas e ideais que precisam ser
alcançados em um determinado período de tempo, a partir de um
diagnóstico que esboça a atual realidade da instituição, município,
estado ou país. Assim, são apresentados pressupostos
fundamentais que caracterizam sua elaboração, como partir das
problemáticas e da realidade, prever condições para seu
desenvolvimento, articular ações com todos os segmentos
envolvidos, respeitar as diversidades, ser construído
coletivamente e de forma integrada e buscar a democratização do
ensino, preocupando-se em transformar a realidade e estabelecer
planos para o desenvolvimento da prática pedagógica.
Por meio do Projeto Político-Pedagógico e dos demais
espaços proporcionados a partir da gestão democrática,
os professores têm a oportunidade de pensar novas
formas de conceber a educação, a escola, o currículo, a
avaliação, assim como buscar diferentes práticas
pedagógicas e ferramentas de trabalho com o aluno que
impliquem mudanças e reflexões, por meio de processos
participativos e democráticos. Dessa forma, a opção
didática do professor e as práticas desenvolvidas por ele
em sala de aula devem caminhar no mesmo sentido que
a proposta pedagógica que fundamenta a instituição.
MÓDULO 3 Currículo Escolar e Planejamento
UA 4 Educacional
O currículo é um importante instrumento de
organização do trabalho pedagógico e contribui para
que as instituições possam garantir a efetiva
aprendizagem e desenvolvimento dos alunos. Da
mesma forma, é fundamental que os currículos
sejam construídos de acordo com a realidade em
que a escola está inserida, considerando as
necessidades, limitações e aprendizados dos
educandos, bem como a intencionalidade educativa
que norteia a proposta pedagógica da escola.
Vasconcellos (2009, p. 133) destaca que
“O currículo é um meio de atribuição de
sentido às diversas atividades realizadas
no interior da escola: tomadas
isoladamente, estas atividades poderiam
parecer aleatórias, mas vistas na relação
com o todo, com a intencionalidade
educativa, ganham significação”.
O currículo escolar, em linhas gerais,
define o que será aprendido pelos alunos,
em cada etapa da sua formação,
estabelecendo os conteúdos e as atividades
a serem executadas pelo estudante durante
seu percurso na educação básica, sendo
um importante meio de atribuição de sentido
para as diversas atividades realizadas no
interior da escola.
O planejamento consiste na forma em como o
professor irá organizar e reorganizar o seu
trabalho, levando em consideração aspectos
referentes à realidade da turma e à forma como é
composta. Nesse sentido, o planejamento deve ser
flexível, claro, objetivo e coerente, visto que a
educação está em constante movimento, assim
como o currículo, os conteúdos, saberes e
habilidades que precisam ser desenvolvidos estão
sempre sujeitos a alterações.
A interdisciplinaridade nasce como uma proposta pedagógica
cujo objetivo é envolver, dialogar, intercomunicar as diferentes
áreas do currículo de forma integrada, estabelecendo relações
entre as áreas do conhecimento, com o propósito de aprimorar
o processo de aprendizagem. É um trabalho onde mais de uma
disciplina se unem com o mesmo propósito em um projeto
comum. Essas áreas, por sua vez, trocam conhecimentos,
abrindo novas possibilidades de aprendizado que acontecem de
forma dinâmica e articulada. Silva (2010, p. 54) aponta mais uma
característica do trabalho interdisciplinar: “A interdisciplinaridade
implica trabalhar as dimensões social e cultural dos
conteúdos, observando-se que cada conteúdo está inserido
numa rede de relações”.
“Ensinar é um exercício de
imortalidade. De alguma forma
continuamos a viver naqueles
FRASE DA cujos olhos aprenderam a ver o
SEMANA: mundo pela magia da nossa
palavra. O professor, assim, não
morre jamais.”
(Rubem Alves)

PROFESSORA PATRICIA JEREMIAS

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