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RESUMO
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Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná, no Colégio Estadual Ary João Dresch-Ensino
Fundamental, Médio, Normale Profissional, localizado em Nova Londrina – Paraná. Email:
nldarydresch@seed.pr.gov.br.
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Professora Doutora, orientadora do PDE pela Universidade Estadual do Paraná – Campus de
Paranavaí. Email: nilvaobs@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
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“[...] marginalidade cultural e, especificamente, escolar” (SAVIANI, 2008a, p. 05).
Perpassado pelo método expositivo, assentado na proposta de Herbart (1776-1841),
envolvia a preparação; a apresentação, a comparação/assimilação, a generalização
e a aplicação.O professor, enquanto centro do processo é o detentor e transmissor
dos conhecimentos vistos enquanto fragmentos humanistas da cultura erudita,
clássica e universal, considerados verdades absolutas e o educando, um receptor
passivo dos conteúdos, modelos e padrões de conduta moral e intelectual
transmitidos, um ser submisso e subordinado hierarquicamente.
Em contraposição a Pedagogia Tradicional, chega ao Brasil a Pedagogia
Nova,inspirada nas idéias pedagógicas de John Dewey (1859-1952), no momento
em que o país passava de uma sociedade rural para a industrializada, guiada pelo
ideário de uma sociedade democrática. “Dewey e seus seguidores reagem à
concepção herbartiana da educação pela instrução, advogando a educação pela
ação” (LIBÂNEO, 1993, p. 63). Nessa vertente pedagógica, o marginalizado é o
rejeitado, aquele que tem dificuldades e problemas na aprendizagem.
A organização de vivências e experiências a partir de temas geradores,
projetos e centro de interesses, permeiam o planejamento de ensino, na vertente
escolanovista. Apresenta como método a pesquisa, na tentativa de articular o ensino
com o processo de desenvolvimento da ciência: atividade; definição do problema;
levantamento de dados; formulação de hipóteses e experimentação, o professor tem
o papel de orientador, facilitador no desenvolvimento das potencialidades do
educando. Os conteúdos são selecionados a partir do interesse dos educandos. O
foco está no educando que passa a ser o centro do processo, seus interesses e
necessidades definem o processo educativo. Nesse sentido, a função da escola
passou a ser a preparação do educando para vida.
O insucesso da Escola Nova, as reformas do ensino universitário Lei 5540/68
e do ensino médio, Lei 5692/71, decorrentes dos acordos MEC-USAID, tiveram forte
influência para que se instituísse a concepção tecnicista no contexto educacional
(GHIRALDELLI Jr, 2009).
A Pedagogia Tecnicista “[...] inspirada nos princípios de racionalidade,
eficiência e produtividade, advoga a reordenação do processo educativo de maneira
a torná-lo objetivo e operacional” (SAVIANI, 2008a, p. 10). Transporta-se assim para
escola o modelo fabril, com base nos princípios da racionalidade, eficiência e
produtividade. Tendo como foco as técnicas, o marginalizado era o incompetente,
improdutivo.
Planejar passa a ser um processo operacional e de racionalização do ensino
e aprendizagem. Tendo como base o plano curricular e o plano de ensino,
provenientes de esquemas previamente formulados, a ação pedagógica se dá numa
seqüência de estratégias e técnicas de ensino.
Quanto ao professor, o autor ainda afirma que, assim como o educando, este
tem um papel secundário que executa e planeja as atividades pré-definidas pelos
especialistas nos livros didáticos. Os conteúdos são compostos de informações, leis
e técnicas selecionados por especialistas na organização dos livros didáticos.
Lembrando que “[...] boa parte dos livros didáticos em uso nas escolas são
elaborados com base na tecnologia da instrução” (LIBÂNEO, 1993, p. 68).À escola
cabia, portanto, preparar mão de obra eficiente visando ao desenvolvimento
industrial, econômico e social.
Outro grupo, as Teorias Crítico-Reprodutivistas, contemplam as Teorias: do
Sistema de Ensino como Violência Simbólica;da Escola como Aparelho Ideológico
de Estado (AIE) e da Escola Dualista. Essas teorias “[...] entendem a educação
como instrumento de discriminação social, logo, um fator de marginalização”
(SAVIANI, 2008a, p. 04). Coloca a sociedade como determinante em relação à
escola e ainda denuncia ser a educação a reprodutora da marginalização,
reforçando as ideologias postas pelo sistema capitalista. É nesse grupo que o
problema da marginalidade deixa de ser da educação e passa a ser, dos “[...]
condicionantes sociais”, ou seja, da sociedade (SAVIANI, 2008a, p.13). Mas, como
essa teoria não se trata de uma pedagogia, não propõe práticas educativas.
Após realizar uma reflexão acerca das concepções e tendências
pedagógicas, Saviani (2008a), enuncia que o importante é garantir a ênfase nos
conteúdos de ensino. Percebe-se que a classe que domina por meio de ideologias
impostas ao dominado, acaba por não garantir a aquisição desses conteúdos e
ainda diminuem a escolarização. O autor escreve, “[...] o dominado não se liberta se
ele não vier a dominar aquilo que os dominantes dominam. Então, dominar o que os
dominantes dominam é condição de libertação” (SAVIANI, 2008a, p. 45).
Para além dos métodos tradicionais e novos que não valorizam os interesses
populares e que são indiferentes ao que acontece no interior da escola, está a
Pedagogia Histórico-Crítica preconizando métodos de ensino capazes de vincular
educação e sociedade. Tais métodos:
[...] estimularão a atividade e iniciativa dos alunos sem abrir mão,
porém, da iniciativa do professor; favorecerão o diálogo dos alunos
entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo
com a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os
interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o
desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a
sistematização lógica dos conhecimentos, sua ordenação e gradação
para efeitos de processo de transmissão-assimilação dos conteúdos
cognitivos (SAVIANI, 2008a, p. 56).
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Projeto Político Pedagógico que é “[...] um processo permanente de reflexão e discussão dos
problemas da escola, na busca de alternativas viáveis à efetivação de sua intencionalidade” (VEIGA,
2005, p. 13)
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“Orientações Curriculares do Curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e dos anos
iniciais do Ensino Fundamental, na modalidade Normal em nível médio, que reformulou a Proposta
Curricular do referido Curso”, organizado pelo Departamento de Educação e Trabalho (PARANÁ,
2014, p. 08).
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“Princípios, de uma forma mais ampla, são leis, são fundamentos gerais que norteiam tomadas de
decisões pautadas na reflexão, na racionalidade. Princípios filosóficos pedagógicos são os que
expressam as orientações e fundamentam as bases das ações pedagógico educativas, com o
objetivo de subsidiar os professores na sua práxis” (PARANÁ, 2014, p. 09).
A prática pedagógica desenvolvida pelos futuros educadores, portanto, estará
respaldada por uma metodologia fundamentada por essa corrente pedagógica, o
que justifica prepará-los quanto à elaboração de um planejamento crítico.
Com relação à corrente pedagógica Histórico-Crítica, Saviani (2008b)
compreende a educação, em seu desenvolvimento histórico, aquela que articula
uma proposta pedagógica que tem como referência o compromisso com a
transformação social. O autor ainda afirma que a referida concepção está
intimamente ligada a realidade escolar, uma vez que são muitas as necessidades
observadas na prática dos educadores.
Uma pedagogia que articula os interesses populares dá real valor à escola,
preocupa-se com o que ocorre em seu interior e é focada em métodos de ensino
eficazes. É nesse quadro que se percebe a real função da escola:
Vale ressaltar que essa prática social não é apenas o que o educando sabe
ou faz com relação ao conteúdo a ser apreendido, essa prática social na verdade
traduz:
Portanto, nesse momento, o professor precisa ter clareza de como fará sua
orientação quanto à aprendizagem, atentando-se para os objetivos traçados
inicialmente, além disso, “[...] seu planejamento deve abordar as diversas dimensões
do tema e evidenciar a importância daquele conhecimento, fazendo-o ter sentido
para o aluno” (MARSIGLIA, 2014, p. 106).
A Instrumentalização, terceiro momento,constitui afase do método que se
encontra a análise, ou seja, uma das operações mentais básicas para a construção
do conhecimento sendo também o momento que o professor vai instrumentalizar
sua prática com o intuito de sanar as questões postas na prática social.
Dessa forma, com os instrumentos culturais produzidos historicamente pela
humanidade, após serem assimilados pelos educandos, estes poderão libertar-se
das condições de exploração em que se encontram (SAVIANI, 2008b).
Aaprendizagem ocorre de forma que o educando incorpora o conhecimento em suas
múltiplas dimensões, superando assim o conhecimento cotidiano. O autor afirma
também que todo esse processo pode ser “[...] comparado a um espiral ascendente
em que são tomados aspectos do desenvolvimento anterior que se juntam ao novo e
assim continuamente” (GASPARIN, 2003, p. 52).
A centralidade da pedagogia é “o problema das formas, dos processos, dos
métodos; certamente, não considerados em si mesmos, pois as formas só fazem
sentido quando viabilizam o domínio de determinados conteúdos” (SAVIANI, 2008b,
p. 75).
A Catarse8contempla o momento da incorporação e da demonstração do
entendimento dos instrumentos culturais. É o ponto culminante do processo
educativo, pois é o momento que ocorre a mediação da análise em todo o processo
de ensino, passando da síncrese a síntese (SAVIANI, 2008a). Esta, não se dá em
um único momento, pois se trata da síntese, que vai ocorrendo de maneira cada vez
mais aprofundada, demonstrando assim que o método é uma interligação entre
todos os momentos, num processo de construção do conhecimento (MARSIGLIA,
2014).
Sendo uma demonstração teórica do nível superior que o educando atingiu,
nesse sentido “[...] os conteúdos tornam-se verdadeiramente significativos por que
passam a fazer parte integrante e consciente do sistema científico, cultural e social”
nesse momento o conhecimento tem como função a transformação social
(GASPARIN, 2003, p. 131).
O quinto momento do método, Prática Social é o ponto de chegada de todo
processo, uma vez que a educação é a mediação da prática social.
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“[...] elaboração superior da estrutura em superestrutura na consciência dos homens” (GRAMSCI,
1978 apud SAVIANI, 2008a, p. 53).
garantindo que o dominado possa dominar o que os dominantes dominam para,
assim, sair da condição de explorado (SAVIANI, 2008b, p.80).
É importante ressaltar que estes momentos encadeados presentes na
Pedagogia Histórico-Crítica não constituemuma receita a ser seguida nem pode ser
utilizada desvinculada de seus suportes teóricos, a teoria e a prática devem
caminhar juntas.
Considerando que o Curso de Formação de Docentes traz em seu currículo a
Pedagogia Histórico-Crítica como suporte teórico, o encaminhamento metodológico
capaz de instrumentalizar o futuro educador para que possa desenvolver sua prática
docente, também crítica, contextualizada e transformadora, é o planejamento nessa
perspectiva. Nesse sentido, foi proposta na intervenção pedagógica realizada e a
seguir descrita.
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Unidade Didática “elaboração que desenvolve um tema, aprofundando-o de forma teórica e
metodológica. Compreende um ou mais conteúdo da disciplina/área em foco, desenvolvidos sob uma
perspectiva metodológica para o público alvo da implementação do Projeto de Intervenção na
escola”.
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pde_roteiros/texto_producao_didatico_pedag
ogica.pdf
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Os futuros educadores, alunos do Curso de Formação de Docentes, por questões éticas, aparecem
identificados ao longo do texto, pela letra A (aluno) e um respectivo número, atribuído aleatoriamente.
como o despertar para a necessidade de um planejamento de ensino organizado e
sistematizado para exercer a Prática de Formação. Na oportunidade, alguns alunos
foram convidados e relatar suas expectativas quanto aos estudos que seriam
realizados, conforme registro a seguir:
[...] a grande dificuldade foi como pensar como o meu aluno, vai
aprender a minha aula e depois passar para sociedade. (A5).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS