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Resumo
Introdução
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Aluna do Curso de Pedagogia FACINTER. Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso, no
Curso de Pedagogia da Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER, julho de 2011.
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Professora orientadora, mestre em educação, atua no Curso de Pedagogia da Faculdade Internacional de
Curitiba - FACINTER
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TEORIAS DE ENSINO
todos (FREITAS, 2005). Neste contexto tomou força o movimento de renovação da educação,
cuja denominação mais difundida foi Escola Nova.
Então, há uma inversão das concepções pedagógicas da escola tradicional para a
Escola Nova. Essa última passa a considerar relevantes as questões psicológicas, voltando o
processo educativo para o desenvolvimento cognitivo e emocional do aluno, em vez de
preocupar-se com a apreensão dos conteúdos. São desenvolvidos materiais didáticos diversos,
assim como são implementadas dinâmicas de grupo e uma grande variedade de atividades em
equipe, entre elas os Projetos de Trabalho, visando tornar a escola mais agradável e adequada
à faixa etária e aos interesses dos alunos.
O enfoque nos métodos e não nos conteúdos, gerou uma despreocupação “com o que”
seria ensinado, direcionando para o “como” seria ensinado. Isso acarretou um rebaixamento
dos conteúdos, o que desfavoreceu principalmente o aluno da escola pública, pois esse, muitas
vezes só tem acesso ao conhecimento elaborado na escola (SAVIANI, 1991).
Entretanto, o golpe militar de 1964 realizou mudanças políticas e sociais que
retardaram e/ou impediram progressos em direção à democratização da educação e implantou
um modelo educacional tecnicista que prejudicou e enfraqueceu ainda mais a qualidade da
educação no Brasil.
As constantes lutas sociais nesta época, em prol de uma sociedade mais democrática,
propiciaram entre os anos 70/80 a formulação de propostas que visaram atender aos interesses
do povo, entre elas a e a Pedagogia Histórico-Crítica, fundamentada no materialismo-
histórico-dialético e na Teoria Histórico-Cultural3 de Vigotski (GASPARIN & PETENUCCI,
2008). O centro do processo nessa abordagem é a prática social e professor e aluno mantêm
uma relação dialética. Segundo Gasparin (2011, p. 3):
O ponto de partida do novo método não será a escola, nem a sala de aula, mas a
realidade social mais ampla. A leitura crítica dessa realidade torna possível apontar
um novo pensar e agir pedagógicos. Deste enfoque, defende-se o caminhar da
realidade social, como um todo, para a especificidade teórica da sala de aula e desta
totalidade social novamente, tornando possível um rico processo dialético de
trabalho pedagógico.
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O homem é compreendido como um ser histórico, construído através de suas relações com o mundo natural e
social. Ele difere das outras espécies pela capacidade de transformar a natureza através de seu trabalho, por meio
de instrumentos por ele criados e aperfeiçoados ao longo do desenvolvimento histórico humano (GASPARIN &
PENETUCCI, 2008, p.5).
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através das relações com os outros homens por meio do trabalho (GASPARIN &
PENETUCCI, 2008).
Para melhor compreender o processo de aprendizagem é importante recorrer à
psicologia histórico-cultural de Vigotski que se fundamenta nas funções psicológicas
superiores. Tais funções correspondem aquelas que só os seres humanos são capazes de
realizar, como a de projetar e depois agir, e a capacidade de abstração de ações e objetos. A
idéia central da concepção desse autor é a mediação.
Vigotski, afirma que as relações humanas com o mundo não são diretas, mas sim, em
sua maioria mediadas (OLIVEIRA, M., 1995). O processo de ensino-aprendizagem é uma
relação mediada, isto é, o conteúdo a ser ensinado, necessariamente precisa de um mediador
para chegar ao aprendiz, seja através do professor, do livro, etc.
Outra ideia de Vigostski (2007), relevante para a compreensão do processo de ensino-
aprendizagem é a zona de desenvolvimento proximal. As atividades que a criança consegue
realizar sozinha constituem o chamado desenvolvimento real, o qual, não corresponde ao
desenvolvimento mental. Segundo o autor, a criança pode realizar atividades com a
cooperação de outra pessoa ou em grupo, que individualmente não conseguiria. Esse potencial
de realização conjunta é chamado de zona de desenvolvimento proximal.
PROJETOS DE TRABALHO
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No presente trabalho os termos Projetos de trabalho, metodologia de projetos, método de projetos e pedagogia
de projetos, serão usados com o mesmo sentido.
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passou a ser democrático e voltou-se a atenção para o aluno. Com a contribuição dos estudos
da psicologia e biologia, o desenvolvimento da criança e seu processo de aprendizagem se
tornaram o centro do processo. Nesse contexto surgiu a proposta de Projetos de Trabalho,
tendo como fundamento a ideia da resolução de problemas.
Os principais representantes da Pedagogia de Projetos foram John Dewey e William
Kilpatrick. O pensamento de Dewey era baseado na ação e na experiência para a construção
do conhecimento e para a formação do ser humano. Dessa forma, acreditava que o
pensamento tinha valor quando a sua função estava a serviço da vida humana. “No que insiste
é que será ilusório levar a pensar com eficiência, sem motivos ou razões da própria
necessidade de pensar” (LOURENÇO FILHO, 1969, p. 200).
No Brasil, por volta da década de 1930, juntamente com a difusão do ideário
escolanovista, a Metodologia de Projetos começou a se propagar no país.
Na Metodologia de Projetos, o caráter rígido da aula, na qual o professor era a
autoridade e o processo de ensino aprendizagem era imposto ao aluno, reverte-se para uma
educação mais flexível, dando possibilidade ao aluno de pronunciar-se e de tornar-se o centro
do processo.
Nos anos 80, os Projetos de Trabalho voltam a ser objeto de interesse. As mudanças
dessa época influenciaram o meio educacional, com a denominada revolução cognitiva e as
concepções relacionadas ao conhecimento e o saber devido às novas tecnologias. Citando
Hernández (1998, p. 720): “Aprender a pensar criticamente requer dar significado à
informação, analisá-la, sintetizá-la, planejar ações, resolver problemas, criar novos materiais
ou idéias,... e envolver-se mais na tarefa de aprendizagem.”
Estes aspectos se adaptam as diferentes realidades da instituição escolar, pois, essa é
cercada de interesses internos e externos. Portanto, utilizar o termo Projetos de Trabalho hoje,
não significa assumir as mesmas características de quando foram implantados em seus
primórdios, porque a escola acompanha as transformações sociais que acarretam novas
necessidades educacionais (HERNÁNDEZ, 1998).
A proposta de Projetos de Trabalho de Hernández (1998), acontece como uma
releitura do que já foi feito, pois cada tempo histórico exige uma concepção diferente das
anteriores. Hernández (1998) parte de dois elementos fundamentais: a “indagação crítica”,
sendo uma estratégia de conhecimento que parte da indagação sobre problemas reais; a
“educação para a compreensão”, que é como o aluno aprende e a relação do que foi aprendido
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tem com a sua vida. Nessa perspectiva, não aceita que a aprendizagem aconteça por
estratégias de repetição para memorização, nem tampouco que a finalidade da educação seja
preparar para o futuro, mas sim perceber as experiências e as necessidades que o aluno
apresenta no seu presente. O que não quer dizer, como a tradição da Escola ativa preconizou,
“partir dos interesses dos alunos” e muito menos do que “gostariam de estudar ou saber”
(HERNÁNDEZ, 1998, p.27).
Autores como Hernández, Barbosa, Horn, dentre outros, ressaltam a importância de os
Projetos de Trabalho acontecerem desde a organização do currículo escolar até a sala de aula.
Nessa perspectiva, Barbosa & Horn (2008, p.35) afirmam que:
A descrição dos passos dos Projetos de Trabalho permite estabelecer agora um paralelo com a
didática da pedagogia histórico-crítica, a fim de demonstrar como podem ser utilizadas de modo
conjunto. Toma-se como base as ideias de Saviani, de que a escola existe para possibilitar o
acesso ao conhecimento elaborado, e que este acesso é oportunizado pelas interações
professor-aluno e aluno-aluno, de modo que, quanto maior a mobilização e o envolvimento
dos alunos maior é a aprendizagem,
A contextualização dos conteúdos e a interação professor-aluno, são princípios válidos
tanto para os Projetos de Trabalho, como para a pedagogia histórico-crítica, que busca a sua
compreensão dentro da prática social. Os Projetos, com base nessa perspectiva, também
possibilitam a formação de um cidadão crítico e reflexivo, capaz de resolver problemas de
diversas ordens.
Na pedagogia histórico-crítica o centro do processo é a práxis social visando a
compreensão e a transformação da sociedade. Assim, os conteúdos escolares devem ser
contextualizados, discutidos e analisados criticamente, o que pode ser feito durante o
desenvolvimento dos Projetos de Trabalho, os quais têm como ponto de partida os alunos e,
possibilitam a aprendizagem na medida em que, partem do que eles já construíram através das
suas experiências. Do mesmo modo, na perspectiva histórico-crítica, os alunos partem da
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prática social inicial que é aquela de que o educando já se apropriou. Neste momento, o
professor poderá analisar o que os alunos já possuem de conhecimento acerca de determinado
conteúdo.
A procura do problema pode ser associada à problematização da pedagogia histórico-
crítica, identificando questões que tanto estejam previstas no currículo, como interessem aos
alunos. A adoção desta metodologia em consonância com a concepção da pedagogia
histórico-crítica indica que esse é o momento em que o professor deve especificar o fio
condutor para o projeto, e ainda, explicitar os objetivos e conteúdos; é importante que isto
seja feito considerando o projeto político pedagógico da escola e os referenciais curriculares
adotados.
No momento da instrumentalização, na perspectiva histórico-crítica, acontece a busca
de informações como nos Projetos de Trabalho, quando professor e aluno buscam
informações sobre o conteúdo determinado, acessando o conhecimento científico.
A catarse acontece em ambos os processos de ensino, pois ela é a expressão da síntese
que o aluno faz do que ele aprendeu, isto é, verifica-se a nova forma de compreensão da
prática social inicial. Nessa fase acontecem a construção de portfólios, apresentações orais,
avaliações formais ou informais, etc., nas quais “o educando traduz tudo o que aprendeu até
aquele momento, segundo as dimensões do conteúdo estudadas. É a elaboração mental do
novo conceito de conteúdo” (GASPARIN & PETENUCCI, 2008, p. 10) que não é realizada
de modo isolado, mas sim na interação e na relação com o meio e os outros indivíduos, no
convívio democrático com colegas e professores. Ela é fruto do trabalho em grupo e da
instrumentalização dos alunos por meio da pesquisa.
Finalmente, para a pedagogia histórico-crítica coloca-se a prática social final, que
acontece quando o aluno transforma sua prática social inicial, a partir do conteúdo aprendido,
passando a incorporar os novos conceitos adquiridos na escola, levando-os para o seu
cotidiano.
Para uma maior compreensão foi elaborado um quadro comparativo:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
contribuem para as interações em sala de aula e podem promover a articulação entre conteúdo
e conhecimento, sendo um dos instrumentos que possibilitam essa relação.
Portanto, a utilização da proposta de Projetos de Trabalho como estratégia de ensino,
na abordagem histórico-crítica, visa favorecer a aprendizagem, a formação da autonomia do
aluno, além de sua formação crítica e reflexiva, sem perder de vista os conteúdos
fundamentais contextualizados na prática social do educando e a função social da escola.
REFERÊNCIAS
GASPARIN, José Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 5 ed. Campinas,
SP: Autores Associados, 2011.
______. Escola e Democracia. 23. ed. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1991.
VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.