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e Psicolinguística
Multimodalidade, Interacionismo e
Patologias da linguagem
vol. II
CONSELHO EDITORIAL
Editoração Eletrônica
Paulo Aldemir Delfino Lopes
Design de Capa
Paulo Aldemir Delfino Lopes
ISBN: 978-85-7320-064-5
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 13
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO NA LINGUAGEM: PASSAGEM DA LÍNGUA
AO DISCURSO...................................................................................................................... 14
Bianca Novaes de Mello
A GESTUALIDADE EM A CASA DO MICKEY: UMA ESTRATÉGIA
INTERATIVA NO DESENHO ANIMADO CONTEMPORÂNEO ...................... 27
Heloísa Ramos Mendes
Celiany Gomes
José Moacir Soares da Costa Filho
A PRESENÇA DA GESTUALIDADE NA AULA DE LEITURA COMO FATOR
INTRINSECO PARA O APRENDIZADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL........... 38
Cristiane Marinho da Costa
QUESTÕES IDENTITÁRIAS, AQUISIÇÃO DE LÍNGUAS EM CONTEXTO
DE IMERSÃO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE LÍNGUAS ...... 54
Irenilza Oliveira
Letícia Telles
AS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES NA
CONSTRUÇÃO DE SUJEITOS SOCIAIS EM PROCESSO DE AQUISIÇÃO E
APERFEIÇOAMENTO DA LINGUAGEM MEDIANTE PRÁTICAS
INTERATIVAS DE SALA DE AULA DE LÍNGUA MATERNA .......................... 70
Maria Aparecida Calado de Oliveira Dantas
Linduarte Pereira Rodrigues
UMA PROPOSTA DE ADAPTAÇÃO DO CONTINUUM DE KENDON PARA
A AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM .................................................................................. 88
Paulo Vinícius Ávila-Nóbrega
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante
GESTICULAÇÃO E FLUÊNCIA: COMPONENTES INTERATIVOS NA
MULTIMODALIDADE ................................................................................................... 104
Paula Michely Soares da Silva
Angélica Fabiana Linhares Saldanha
Jéssica Tayrine Gomes de Melo Bezerra
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante
RECURSOS MULTIMODAIS EM CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: UM
ESTUDO DE CASO DE UMA CRIANÇA CEGA .................................................... 121
Christiane Gleice Barbosa de Farias Nascimento
Renata Fonseca Lima da Fonte
PROPOSTA DE OBJETO DE APRENDIZAGEM SOBRE CORES COM BASE
NAS CENAS DE ATENÇÃO CONJUNTA ................................................................ 135
Jéssica Tayrine Gomes de Melo Bezerra
Paula Michely Soares da Silva
Angélica Fabiana Linhares Saldanha
GESTOS PANTOMÍMICOS E PRODUÇÃO VOCAL: CONTRIBUIÇÕES PARA
A FLUÊNCIA NA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ............................................... 149
Ediclécia Sousa de Melo
Geovanna Dayse Bezerra da Silva
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante
O ENSINO DA LEITURA DO TEXTO MULTIMODAL NAS SÉRIES INICIAIS
................................................................................................................................................. 163
Alice d’Albuquerque Torreão (UFPB)
A IMPORTÂNCIA DO APONTAR E DAS HOLÓFRASES EM CENAS DE
ATENÇÃO CONJUNTA.................................................................................................. 189
Thalita Maria Lucindo Aureliano
Kátia Araújo de Lima
Valdenice Pereira de Lima
INTERAÇÃO SOCIAL DE UM ADOLESCENTE COM DEL ............................. 200
Liliane Carvalho Félix Cavalcante
Francisco das Chagas de Sousa
Henrique Miguel de Lima e Silva
OS ASPECTOS MULTIMODAIS NO DISCURSO DO SUJEITOAFÁSICO: UM
ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 218
Érika Maria Asevedo Costa
Renata Fonseca Lima da Fonte
GESTICULAÇÃO E FLUÊNCIA: FATORES RELEVANTES NA
CONSTRUÇÃO DOS PRIMEIROS ENUNCIADOS DA CRIANÇA................. 233
Driely Xavier de Holanda
Valmira Cavalcanti Marques
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante
O OUTRO DA/NA DIALOGIA - A LINGUAGEM DA MÃE DE UMA
CRIANÇA COM AUTISMO ........................................................................................... 244
Juliana Maia Lopes
Marianne Cavalcante
PERSPECTIVAS SOBRE ATENÇÃO CONJUNTA: DA AQUISIÇÃO À
CONSOLIDAÇÃO DA LINGUAGEM......................................................................... 264
José Moacir Soares da Costa Filho
O ENSINO DA LÍNGUA COM CRIANÇAS DE ZERO A TRÊS ANOS: PARA
ENRIQUECER O DEBATE ........................................................................................... 281
Adriana Bragagnolo
Adriana Dickel
CONSIDERAÇÕES SOBRE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA POR
TRÊS APRENDIZES BRASILEIROS ........................................................................ 296
Janailton Mick Vitor da Silva
Niely Maria Limeira de Souza
INOVAÇÕES LEXICAIS NA FALA DA CRIANÇA: DISCUTINDO O
(IM)POSSÍVEL.................................................................................................................. 315
Camila Rossetti Vieira
A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA
AQUISIÇÃO/APRENDIZAGEM DE LE: UM ESTUDO SOBRE CRIANÇAS
BRASILEIRAS APRENDIZES DE INGLÊS ............................................................ 331
Amanda de Oliveira Silva
Alessandra Del Ré
BILINGUISMO E A COMPREENSÃO DO HUMOR: UM ESTUDO DE CASO
................................................................................................................................................. 356
Anna Carolina Saduckis Mroczinski
Alessandra Del Ré
A CRIANÇA BILÍNGUE E SUAS RELAÇÕES COM A AUTO-REFERÊNCIA:
UM ESTUDO DE CASO ................................................................................................. 369
Paula Cristina Bullio
Alessandra Del Ré
AQUISIÇÃO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:
SUBJETIVIDADE E DESDOBRAMENTOS DE IDENTIDADES .................... 394
Patrícia Falasca
Alessandra Del Ré
A FLUÊNCIA EM L2 SOB A LUZ DA HIPÓTESE DO PERÍODO CRÍTICO
................................................................................................................................................. 420
Francisco das Chagas de Sousa
A AQUISIÇÃO DA ESCRITA COMO MOVIMENTO DO SIMBÓLICO ........ 432
Magda Wacemberg Pereira Lima Carvalho
Glória Maria Monteiro de Carvalho
ATRASOS DE FALA: CONTRIBUIÇÕES DO INTERACIONISMO PARA A
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO ................................... 443
Irani Rodrigues Maldonade
Maria Salete F. Rios
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM E FALAS DE PACIENTES DEMENCIADOS:
PROCESSOS DE EVOLUÇÃO E INVOLUÇÃO DA LINGUAGEM? ............... 460
Mariana Emendabili
Melissa Catrini
JOGOS DE PALAVRAS NA POESIA INFANTIL DE CECÍLIA MEIRELES:
UMA ABORDAGEM LINGUÍSTICO-ESTRUTURALISTA ............................... 474
Alexandrina Verônica Guedes das Neves
Glória Carvalho
Maria de Fátima Vilar
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A RELAÇÃO DA CRIANÇA COM A
LÍNGUA ............................................................................................................................... 488
Irani Rodrigues Maldonade
A AQUISIÇÃO DA ORALIDADE NA CRIANÇA COMO UM PASSO
RELEVANTE NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM ESCRITA:
UMA ABORDAGEM INTERACIONISTA ............................................................... 514
Adauto Alves da Silva
HETEROGENEIDADE E PLURALIDADE: EFEITOS DA CLÍNICA DE
LINGUAGEM EM CASOS DE SUJEITOS COM PARALISIA CEREBRAL .. 525
R. Vasconcellos
HOMEM, LINGUAGEM E CULTURA – O ATO DE AQUISIÇÃO DA
LINGUAGEM ..................................................................................................................... 551
Marlete Sandra Diedrich
ASPECTOS DA FALA EM IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER ........ 561
Giorvan Ânderson dos Santos Alves
Isabelle Cahino Delgado
Ivonaldo Leidson Barbosa Lima
Jully Anne Soares de Lima
Brunna Thaís Luckwu de Lucena
AS INTERFACES DA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA COM ÊNFASE
NO LETRAMENTO EM SUJEITOS COM SÍNDROME DE DOWN .............. 573
Vanessa Evellin Fernandes Isidro Gomes
Ágata Brendel de Lemos Pessoa
Giorvan Ânderson dos Santos Alves
Isabelle Cahino Delgado
SOBRE A INSTITUCIONALIZAÇÃO DE PESSOAS COM PARALISIA
CEREBRAL: A DIFÍCIL RELAÇÃO SUJEITO-OUTRO-LINGUAGEM ........ 585
Tatiana Lanzarotto Dudas
A CRIANÇA AUTISTA NA ENUNCIAÇÃO: CONSIDERAÇÕES SOBRE A
CATEGORIA DE PESSOA............................................................................................. 601
José Temístocles Ferreira Júnior
Marianne C. B. Cavalcante
DISLEXIA, ESCOLA E EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE TRATAMENTO
................................................................................................................................................. 615
Diva Helena Frazão de Vasconcelos
RELEVÂNCIA E MARCAÇÃO DE NÚMERO: PROCESSAMENTO NA
INTERFACE GRAMÁTICA-PRAGMÁTICA, DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM E DÉFICIT ESPECÍFICO DA LINGUAGEM DE ORDEM
PRAGMÁTICA................................................................................................................... 633
Jacqueline Rodrigues Longchamps
Letícia Maria Sicuro Corrêa
DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO E DA LINGUAGEM DA
CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN ................................................................ 655
Márcia Paiva de Oliveira
Liana da Costa Paiva
Graciara Alves dos Santos
Rosilene Moreira Pantoja
MULTIMODALIDADE EM AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM: PRESSUPOSTOS
TEÓRICO-METODOLÓGICOS ................................................................................... 668
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante
Andressa Toscano Moura de Caldas Barros
Paulo Vinícius Ávila-Nóbrega
Paula Michely Soares da Silva
13
APRESENTAÇÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
1 ANIMAÇÃO E GESTUALIDADE
2 METODOLOGIA
3 DADOS E RESULTADOS
Mickey: Puxa vida, Donald! Acho que a Margarida vai gostar mesmo do
presente dela. E aí, você sabe o que é? (olha para frente e aponta com o
dedo para o relógio)
Pato Donald: É um relógio!
Mickey: Um relógio cuco!
Figura 1 - Gesto de apontar do Mickey para o relógio.
3.3 Gesticulação
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. Introdução
Proposta de trabalho:
Elucidaremos a seguir algumas propostas de trabalho com a
leitura na educação infantil, visando, refletindo, analisando e
observando a presença intrínseca e fundamental da gestualidade, ora
desenvolvida pela professora, ora pela própria criança, em busca de uma
aproximação com o objeto lido.
Sabemos que a criança nesta fase está ingressando no mundo da
leitura, por meio de sua alfabetização e letramento, em que responder e
compreender a leitura feita pelo professor, não corresponde,
necessariamente, ler o texto, principalmente de forma estrita as letras,
pois nesta fase a leitura da criança é muito mais permeada pela imagem,
os desenhos encontrados no livro, sua identificação com as imagens
lidas, etc.
Apresentaremos algumas situações de leitura a serem
trabalhadas em sala, sempre tendo em vista a presença do gesto como
orientador e fundamental neste processo de aprendizagem pela criança
da leitura.
A – Leitura compartilhada: Os gestos são importantes na interação e
funciona como organização do pensamento.
49
Considerações Finais
Referências
This fact leads us to conclude that she resorted to safe houses, naturally
created by extra-curricular social sites, during her process of acquisition
of PB as L2.
1 Introdução
3 Os dados desse sujeito foram também analisados em Oliveira (2013), que aborda o
fenômeno da aculturação como preponderante no processo de aquisição e discute como
a experiência vivida por Kate pode orientar uma prática de ensino de língua estrangeira
direcionada pela cultura.
58
4
Nesse trabalho, Canagarajah (2009) utiliza a expressão “zonas de segurança”,
conforme a análise teórica de Pratt (1991, p. 40), que analisa situações de contato
cultural presentes em sociedades pós-coloniais e as define como “espaços sociais e
intelectuais, onde grupos podem se constituir em comunidades horizontais,
59
5 Comer água é uma expressão popular da Bahia que significa ingerir muita bebida
alcoólica.
65
6 “As human beings learn to use a second language, they also develop a new mode of
thinking, feeling, and acting – a second identity. (BROWN, 1994, p.22).
66
Referências
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Introdução
Língua de
Gesticulação Pantomima Emblemas
Sinais
obrigatória obrigatória presença de fala obrigatória
Continuum 1
presença de fala ausência de fala opcional ausência de fala
presença de
ausência de ausência de presença de
algumas
Continuum 2 propriedades propriedades propriedades
propriedades
linguísticas linguísticas linguísticas
linguísticas
não não parcialmente totalmente
Continuum 3
convencional convencional convencionais convencional
global e global e segmentados e segmentada e
Continuum 4
sintética analítica sintéticos analítica
Continuum de Kendon
100
Língua de
Gesticulação Pantomima Emblemas
sinais
Presença Presença presença
Obrigatória
Continuum 1 obrigatória de obrigatória de obrigatória de
ausência de fala
fala fala fala
Presença de presença de presença de Presença de
Continuum 2 propriedades propriedades propriedades propriedades
linguísticas linguísticas linguísticas linguísticas
parcialmente parcialmente parcialmente Totalmente
Continuum 3
convencional convencional convencionais convencional
Global e Global e segmentados e Segmentada e
Continuum 4
sintética analítica sintéticos analítica
Continuum de Ávila-Nóbrega e Cavalcante
Considerações
Referências
INTRODUÇÃO
A constituição da gesticulação
Emblemático Língua de
Gesticulação Pantomima
s sinais
Presença Presença
Ausência da Ausência da
obrigatória da opcional da
Contínuo 1 produção produção
produção produção
verbal verbal
verbal verbal
Presença de
Ausência de Ausência de Presença de
algumas
Contínuo 2 propriedades propriedades propriedades
propriedades
linguísticas lingüísticas lingüísticas
lingüísticas
Não Não Parcialmente Totalmente
Contínuo 3
convencional convencional convencional convencional
Global e Global e Segmentada e Segmentada e
Contínuo 4
sintética analítica analítica analítica
Quadro 1. Extraído de McNeill (2000, p.5)
Extrato 1
Contexto: Mãe e criança brincando com um telefone de brinquedo.
Díade: C; idade:10m 23d
Gesticulação materna
Quadro 2.
113
Gesticulação da criança
Quadro 3.
Fala materna
Quadro 4.
Fala da criança
Quadro 5.
pega o telefone que também é de brinquedo e diz “ó, telefone pra tu, fala
aí...” o incentivo da mãe continua e ela diz “Fala Vivi” com esse recorte
podemos ver que nessa situação, a mãe deve ser vista como um
elemento de extrema importância no processo de interação do bebê com
o mundo, isso pode ser considerado como consequência do uso dos
gestos. No caso aqui observado, a mãe incentiva a criança a interagir e
falar ao telefone de brinquedo.
Podemos observar que nessa sessão a criança já com mais idade,
produz a sua maneira uma produção verbal “au?” com sentido de dizer
“alô” tal igual à mãe. Segundos depois a criança produz quase que
perfeitamente o seu modo de dizer “alô” dizendo “aô?”. Mesmo a
produção de fala ou verbal produzida pela criança não se tratar de um
recorte idêntico à fala materna podemos concluir que a uma entrada
dessa criança não só no processo de interação, mas na construção da
aquisição da língua. A criança reproduz o seu “Aô” da maneira que foi
possível demonstrando-nos obter o mesmo sentido comunicativo do
“Alô” produzido pela mãe.
Extrato 2
Contexto: Mãe e criança sentadas em um tapete no quarto. Díade: C;
Idade: 10 m23d
Extrato 6
115
Gesticulação materna
Quadro 6
Gesticulação da criança
Quadro 7
116
Fala materna
Quadro 8
Fala da criança
Quadro 9
Considerações Parciais
REFERÊNCIAS
blind child and all the specific aims are identify and describe the speech,
prosody and gestures of the blind child. For this, it was realized an
observational study in the school environment, in which the researcher
had two days to school collecting data. In this context the child was
videotaped telling a story of your choice, on the first day narrated the
story of Snow White and the second day chose to hear and retell the
story of the Ugly Duckling. The collected data showed during the
storytelling, children used speech with prosodic parameters as
variations in vocal intensity; cadence speaks slowly and pauses in
specific situations as to represent the hunter in the story of Snow White
modified voice quality for a more serious tone gestures with speech was
characterized with the swing of the body and repetitive hand
movements. Thus, in situations of storytelling blind children used
mainly speech and prosody to produce senses.
INTRODUÇÃO
1 Thus the occurrence of gestures, along with speech, implies that during the act of
speaking, imagistic and syntactic, are being coordinated.
123
1. MULTIMODALIDADE E NARRATIVA
2. MULTIMODALIDADE E CEGUEIRA
3. METODOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Introdução
Conclusões
Referências Bibliográficas
Introdução
(2000) acrescenta que existe variação nos gestos, ainda que sejam
alguns comuns a uma comunidade falante (CAVALCANTE, 2008).
Conceituando o termo gesto, McNeill (2000) assegura ser este um
termo que necessita explanação, uma vez que não temos gesto no
singular, mas gestos. Ele afirma que prefere o termo no plural, pois há
vários momentos em que precisamos distinguir movimentos
consecutivos nomeados de gestos.
Segundo Cavalcante (2008), o autor McNeill (1985) proporciona
um contínuo para vários movimentos titulados de gestos. Esse continuo
foi elaborado por Kendon (1982) que é conhecido como o “contínuo de
Kendon”. Encontra-se inserido nesse contínuo os gestos e a relação com
a produção vocal, dentre eles estão: a gesticulação; a pantomima; os
emblemas; a(s) língua(s) de sinais.
Kendon (1982) organiza seu contínuo a partir de quatro relações
estabelecidas entre gesto e fala:
Gesticulação Pantomima Emblemáticos Língua de sinais
Presença
Contínuo Presença
obrigatória de Ausência de fala Ausência de fala
1 opcional de fala
fala
Presença de
Ausência de Ausência de Presença de
Contínuo algumas
propriedades propriedades propriedades
2 propriedades
lingüísticas lingüísticas lingüísticas
lingüísticas
4. Metodologia
O corpus
Idade na
Idade na
Díade Sessões Sexo última Filmagens e transcrições
1ª sessão
sessão
A 12 M 13m 23 d 21m 03 d Concluídas
B 48 M 02m 00d 24m 00 d Concluídas
C 48 F 00m 15d 24m 00 d Concluídas
D 04 F 24m 24d 31m 00 d Concluídas
E 11 M 11m 05 d 20m 28 d Concluídas
F 05 F 24m 11d 29m 11 d Concluída
G 05 M 28m 12d 32m 08 d Concluída
H 02 M 04m24d 30m Concluída
5. Resultados e discussões
(Conversa)
17:20
viiixi... INC..é Beli?
17:28 Tá cetu!
Considerações finais
Referências bibliográficas
Introdução
Exploram as
0 _ _
Categoria 1 imagens
(A imagem
não ilustra) Não exploram as
1 _ 1
imagens
Categoria 2 Exploram as
2 1 1
(A imagem imagens
apenas
ilustra o Não exploram as
texto) 6 3 3
imagens
Categoria 3
(A imagem Exploram as
0 _ _
ilustra e imagens
influencia
no
entendime Não exploram as
nto do 10 6 4
imagens
texto)
Exploram as
4 3 1
Categoria imagens
4 (Imagem
interage
com o Não exploram as
0 _ _
texto) imagens
Considerações finais
Referências
a) Introdução
c) A importância do apontar
e) Metodologia
que contém cerca de nove díades compostas por crianças que vão de 0 a
36 meses.
Os dados correspondem a sessões quinzenais gravados em
videocassete, com duração média de vinte minutos cada, e em contexto
o mais naturalístico possível, na casa da díade. No intuito de dar mais
visibilidade ao funcionamento multimodal ao longo da primeira
infância, período que corresponde aos três primeiros anos de vida da
criança, organizamos os dados em grupo, como é apresentada na tabela
a seguir.
Fragmento 1
Díade B, idade 23m e 4d
Contexto: Mãe e criança passeando na praia.
Mãe Bebê
Ou mãi... ôta
1 [calada] Vou sentá... vou me sentá (Bb aponta para a
cadeira)
Tá cansadu.
2 [Bb não fala nada]
Fragmento 2:
Díade A idade de 12 meses
Mãe e bebê sentados no chão.
MÃE BEBÊ
1 Cadê u umbigu de vitória? (aponta para o umbigo da mãe)
2 U meu não, u teu! Aqui, ó!
(aponta para o umbigo do bebê)
(olha e aponta para o próprio umbigo)
g) Considerações finais
h) Referências
Introdução
Referencial Teórico
Características do DEL
Descrição metodológica
1. P: Oi Bibi.
2. F: Oi Pa, ta bom?
3. P: Tô, Paipai ta bom, e você?
4. F: Bom, Ta bom pa?
5. P: Ãh?
6. F: Tu ta bom?
7. P: Tô bem X DEL, e você ta bom?
8. F: Tô
9. F: Ta thau
10. F: Ta Pintan Pa?
11. P: Ãh?
12. F: Pintan Pa?
13. P: Não, to saindo já.
14. F: Sain.
15. P: To saindo agorinha.
16. F: Pa, ta sain vovó, é pa?
17. P: Cê que te pega?
18. F: Hâ, que beé papa? (nesse momento, o X DEL se levanta e aponta para a
direção da casa da tia).
19. P: Ah, que ir para casa da Isabela?
20. F: Hâ.
21. P: Da Rafaela?
22. P: É pra ir te buscar lá? (aqui, ele mexe o dedo indicador de um lado para o
outro representando negação).
23. F: É, Não Be, não Pa. Ta bom.
24. F: Vam, fica quiquinho volta pa vovó. (nessa emissão, o X DEL faz gestos de
bater a mão na perna e impulsionar as mãos)
25. P: De lá vem pra casa da vovó.
26. P: Ta bom, papai te busca.
27. F: Thau pa.
28. P: Thau.
212
Considerações Finais
Referências
INTRODUÇÃO
T Turno discursivo
Cena: Conversa referente à reportagem que descreve o fato do Presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama e o seu senador Roger Wicker terem recebido uma “carta” envenenada.
Interlocutores: Investigador e Sujeito Afásico
PLANOS MULTIMODAIS
T I GESTUAL VERBAL/PROSÓDICO
Vocês viram que foi noticiado na TV
01 Investigador 14:00:06 uma explosão, uma não, duas,
estava acontecendo algo’’ Onde foi’’
14:01:00 ((põe a mão na
fronte indicando gesto de ((BOMBA’))
02 José
continência-fazendo alusão
ao Estados Unidos))
14:01:30 ((inclinou a
cabeça para o lado,
((Obama (+) pá, pá, pá))
04 José esboçando aspecto de
espanto))
14:02:10 ((apresenta o
número três através dos
dedos das mãos e em
((Hitler-Hi’))
06 José seguida solicita uma folha
de papel e escreve - cá, cá,
cá - mostrando aos demais
sua escrita))
225
Nazista’’
10 Investigador 14:03:50
Três homens Nazista’’
14:04:00 ((balança a
cabeça verticalmente
11 José indicando concordância a ((Sim, Sim, é, é, é’))
indagação do investigador
sobre Nazista))
Inves
07 tigad 14:03:37 Sky, Globo, Xuxa, Sexo... XUXA
or
14:03:55((
pega uma
folha de
papel e
caneta e
inicia a
escrever,
08 José em seguida ((AQUI, depois ::OH OH))
mostra sua
escrita aos
demais do
grupo
apontando
para o
papel))
Inves
É verdade, a Globo tem 90% da programação relacionado
09 tigad 14:04:00
com sexo. E a Sky também’’
or
14:04:30((
mexendo a
cabeça
verticalme
nte
indicando
concordân
10 José -
cia e os
dedos
polegar e
maior de
todos
indicando
dinheiro))
José
14:00:00 ((Bate palma e
02 ((aqui: AH, AH, :: PADRE PADRE))
em seguida beija a mão))
Investigador
03 14:00:00 Você não gosta do papa’’
José 14:00:00
((movimentando a
cabeça e o dedo indicador
04 ((oh +oh +rapaz+SAFADO)
horizontalmente,
indicando discordância
com a figura do Papa))
Investigador O atual papa não aparenta ser mais
05 14:00:00 simples quando comparado com os
anteriores’’
230
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Língua de
Gesticulação Pantomima Emblemáticos
sinais
Presença
Presença
Contínuo 1 obrigatória de Ausência de fala Ausência de fala
opcional de fala
fala
Presença de
Ausência de Ausência de Presença de
algumas
Contínuo 2 propriedades propriedades propriedades
propriedades
linguísticas linguísticas linguísticas
linguísticas
Não Não Parcialmente Totalmente
Contínuo 3
convencional convencional convencional convencional
Global e Global e Segmentada e Segmentada e
Contínuo 4
sintética analítica analítica analítica
Extraído de McNeill (2000, p.)
M.: (Mãe chama bebê dizendo): vea cá, vea cá! Oia vem vê o nene, nené
vem vê o nené Luquinha ô o nené da foto qui tu gosta, Luquia ô o nené,
tá veno tu aqui?
C.: (Bebê está em pé, mexendo numa toalha que está sobre a cadeira.
Bebê diz): Ê (com euforia, desce rápido da cadeira , sai correndo, pra vê
o nené.)
M.: (Mãe com o telefone na orelha) diz: alô painho, alô painho Luquinha
tá aqui brincano com a casinha
C.: (bebê tenta pegar o telefone) diz: dê dê (esticando a mãe) êiê êiê
(continua esticando a mão)
Fragmento:3
M.: (mãe mostrando a gatinha para o bebê) pergunta é a gatinha é?
C.:( Bebê olha pra gatinha) diz: há há há há
M.: (Mãe aponta para o gato) dizendo: sai naninha manda ela sair, mande
C.: (Bebê tenta repetir estirando o braço e balançando o dedo indicador)
dizendo: hem hem hem.
M.:( Mãe aponta o dedo o balançando negativamente) diz: sai naninha!
Sai!, manda ela sair manda!
C.: (Bebê repete tudo que a mãe faz, aponta o dedo e o balança
negativamente em direção a gata)
M.: pergunta: Pode ir imbora!né?
C.:(olhando pro animal)diz: Ênhem Ênhem
5- ALGUMAS CONSIDERAÇÔES
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
MÉTODO
2 cha'mi e'la
Andressa'
cha'mi e'la'
cha'mi e'la si
naum ela naum
vai
“chame ela, chame ela senão ela não vai” (turno 2);
“ vá pra lá pra ela ficar com você” (turno 6);
“ Pare, senão ela vai ficar tonta” (turno 7);
“ Chame ela, Andressa” (turno 8);
“ vá para a garagem, traga ela para a garagem. Venha, leve” (turno 9).
Neste recorte (sessão 2), fica claro o incômodo que L. sente com
estímulo auditivo. Repetidas vezes ela coloca as mãos nos ouvidos
quando há estímulo sonoro (turnos 1, 4, 6, 7, 9, 12, 13). Estas “pistas”
dadas por Larissa através da sua linguagem corporal, que nos parecem
tão claras não são interpretadas por sua mãe. Ainda que a criança ponha
a mão sobre os ouvidos sempre que há um estímulo auditivo mais forte,
sua mãe não parece perceber que o som pode incomodá-la; ao contrário,
solicita que ela tire as mãos dos ouvidos, fala alto e bate palmas.
Esta manifestação linguística através do corpo (colocar as mãos
sobre os ouvidos) é interpretada pela mãe como sendo “mais uma das
manias que ela tem por causa do autismo” (afirmação da mãe da
criança), apesar de a criança estar ainda sob hipótese diagnóstica. A
solicitação da criança, sua manifestação de inquietação e incômodo não
são acolhidas, e sim tratadas como patológicas. Assim, L. não pode
“dizer” o que sente, porque sua comunicação não é compreendida. Não
é uma criança que mostra que tem intolerância ao barulho ao colocar as
mãos sobre os ouvidos, é o autismo que aparece em primeiro plano,
nomeando tal comportamento de “estereotipia”.
Neste recorte, assim como aconteceu no recorte anterior, não
parece haver intenção de interagir com a criança, mas sim de filmá-la. O
discurso materno, apesar de ser sobre a filha, não parece facilitar sua
inserção na dialogia. É como se falasse sobre alguém sem que esse
alguém estivesse presente.
10 bom né?
Referências bibliográficas
Introdução
1 Tradução nossa para “the adult took responsibility for joint attention by monitoring the
infant’s gaze and bringing her own attention to the same focus”.
270
autor enfatiza que também o infante deve ser capaz de exercer tal
monitoramento. Porém, para que a capacidade de estabelecimento de
uma cena de atenção conjunta seja recíproca, a criança precisa
desenvolver rotinas interativas em que sejam vivenciadas experiências
de engajamento visual.
Butterworth (1995) utiliza ainda o que ele chama de três
mecanismos para explicar a atenção conjunta. Apontado como
ecológico, no primeiro mecanismo, o adulto orienta o olhar do bebê para
uma determinada direção. Já no segundo mecanismo, o mecanismo
geométrico, o próprio bebê apresenta a capacidade de localizar o olhar
do adulto e direcionar seu olhar para onde o adulto está olhando. O
terceiro mecanismo, ou mecanismo representacional espacial, é
estabelecido quando o bebê controla a atenção visual conjunta através
de movimentos realizados pelo adulto com a cabeça e os olhos.
Conforme podemos perceber, tanto Tomasello (2003) quanto
Butterworth (1995) subdividem explicações a respeito da atenção
conjunta em três diferentes pontos. Desse modo, vemos a possibilidade
de entrelaçar as duas teorias, conforme apresentamos na tabela 1.
271
Tabela 1
Tipo de Atenção
Mecanismo Contexto
Conjunta
A criança direciona seu olhar através de um movimento
que a permite verificar um dado objeto inserido no
espaço. Não há obrigatoriamente o uso do gesto de
Verificação Ecológico apontar pelo adulto. A orientação espacial em direção
ao objeto foco pode ser realizada unicamente por
linguagem verbal num contexto em que se fala sobre tal
objeto.
A criança projeta seu olhar para um determinado objeto
foco da atenção conjunta ao acompanhar um
comportamento gestual do adulto. Há a presença do
gesto de apontar (segundo a tipologia de Tomasello),
porém, conforme os mecanismos de Butterworth, o
Acompanhamento Geométrico
olhar do adulto é o direcionador da atenção da criança.
Este dado reforça a hipótese de que na ausência do
apontar convencional, apenas o olhar em direção a um
objeto cumpre a função de levar a criança a observar o
foco da atenção conjunta (COSTA FILHO, 2011).
A criança apresenta noção espacial mais madura, de
modo que se torna capaz de controlar o
desenvolvimento da cena de atenção conjunta. Ambos
os sujeitos, adulto e criança, são responsáveis pela troca
Representaci comunicativa caracterizada na cena de atenção
Direta
onal espacial conjunta, que combina linguagem verbal (com
frequente presença de itens linguísticos dêiticos) e
linguagem não verbal, representada por gestos
declarativos e/ou imperativos, além do direcionamento
feito através do olhar.
2 Tradução nossa para: “Joint attention is thus not only important to coordinate the
interlocutors’ attentional focus in the speech situation, it also plays an important role in
the internal organization of discourse”.
273
2. Metodologia
Com cada díade foram gravadas quatro sessões, sendo duas com a
presença da mãe, e outras duas apenas com a criança. Esta organização
teve por intuito verificar como a atenção conjunta, processo observado
na pesquisa, constituir-se-ia quando a criança tivesse o interlocutor real
(mãe) e também quando não tivesse este interlocutor, reduzindo a
274
3. Análises de dados
Fragmento 1
Díade A – Sessão 3 – Idade da criança: 3;9;28
Fragmento 2
Díade B – Sessão 1 – Idade da criança: 3;9;18
Considerações Finais
Referências
Introdução
2 Na busca, três trabalhos não nos deram acesso ao resumo, pelo Banco de Teses da
Capes, portanto não foram considerados, nesse momento.
3 Não há registro no Banco de Teses da Capes, de pesquisas no ano de 2012,
ABORDAGEM TRABALHOS
Teoria histórico-cultural 3
Perspectiva sócio construtivista 1
Sócio interacionismo 3
Abordagem bakhtiniana 1
Concepção interacionista de linguagem 1
Psicologia histórico-cultural 1
Sociologia da infância 2
Perspectiva discursiva 2
Psicologia cultural 1
Perspectiva universalista e “neodarwinista” 1
Abordagem sócio discursiva 1
Modelo interacionista sócio discursivo 1
Perspectiva sócio pragmática 1
Perspectiva sócio cognitiva 1
Intercionismo linguístico 1
Teoria psicanalítica 1
Quadro 2 – Abordagem teórica
4 Considerações finais
Referências
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1 “[…] attitudes and affective states that influence the degree of effort that learners make
2 “Learners may make efforts to learn an L2 for some functional reason – to pass an
examination, to get a better job, or to get a place at university. […]
Some learners may choose to learn a particular L2 because they are interested in the
people and culture represented by the target-language group.
[…] motivation involves the arousal and maintenance of curiosity and can ebb and flow
as a result of such factors as learners’ particular interests and the extent to which they
feel personally involved in learning activities.” (ELLIS, 1997, p. 75, tradução nossa).
“[…] motivation is the result of learning. […] learners who experience success in learning
may become more, or in some contexts, less motivated to learn.” (ELLIS, op. cit., p. 75-
76, tradução nossa, grifo do autor).
301
3 METODOLOGIA
3 “[...] a learner overgeneralizes an English rule for inverting subject and object in
questions: ‘Tell me what can I do.’.” (LITTLEWOOD, 2004, p. 507, tradução nossa, grifo
do autor).
4 “[...] a speaker omits elements that are redundant [...]”. (Ibid., p. 508, tradução nossa).
5 “Sir... tea there.” (Ibid., p. 508, tradução nossa, grifo do autor).
302
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
APÊNDICE A – Entrevista
ENTREVISTA
1. Há quanto tempo você estuda a Língua Inglesa? Onde começou seus estudos?
____________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
1. INTRODUÇÃO
dados como inovações lexicais. Nesse sentido, tomamos como fonte de exclusão o
Dicionário Unesp de Português Contemporâneo (Borba, 2004).
2 Ver o desenvolvimento da proposta interacionista em de Lemos (2006).
318
Episódio 1
(A criança (R) contava para a mãe (M) e para a irmã (D)
sobre a briga que teve com um colega da escola)
M.: Por que que vocês brigaram Raquel?
RA.: É porquee (alto) / é porque/ eu vou te contá a brigação
M.: hãã! Hãã
D.: Por naaada né, Quel?
M.: deixa ela contar
(G - 3;10.28)
Episódio 2
(Diálogo entre pai e filho)
Cr. Pai, você nasceu na Itália, fala italiano. E eu, nasci aonde?
P. Você nasceu aqui, meu filho. Aqui pertinho, inclusive, no
Barra D`or. (se referindo ao hospital que fica na Barra).
Cr. E que língua que eles falam lá, pai?
P. Eles quem, filho?
Cr. Ué, os barradores!5
5 Dado (2) retirado de: LEÃO, M. Criança fala cada coisa... Disponível em:
<http://noticias.r7.com/blogs/mariana-leao/2011/10/24/crianca-fala-cada-coisa/>.
Acesso em: 12 de maio de 2013.
320
6 Apesar dos problemas metodológicos que um dado desse tipo de fonte coloca para o
fazer científico, já que muitas vezes, o dado é modificado pelo sujeito que o relata,
optamos por trazer esse episódio, porque a inovação lexical ali presente, mesmo que
floreada pelo adulto, já é capaz de mobilizar a discussão sobre os limites das regras na
análise linguística que aqui pretendemos abordar.
7 Não se pode atribuir a criança uma intenção de criar uma palavra nova. Tal dado revela,
9 Não devemos nos esquecer que, assim como mostra o próprio mestre, tratam-se
sempre de graus de consciência diferentes “sendo que o mais elevado ainda se encontra
na inconsciência pura, comparado ao grau de reflexão que acompanha a maioria de
nossos atos” (SAUSSURE apud. NORNMAND, 2009, p. 52).
322
Episódio 3
(A criança estava contando uma história para a mãe, ao
mesmo tempo que manipulava brinquedos de bichinhos)
M.: aai que bonitiiinho (começa a rir breve/e)
RA.: ee daííí
M.: ah?
RA.: o meniniinho fooi cortaa oo (bastotiinha) o meniniinho
M.: foi cor/ cortá o quê?
RA.: foi corrtá lãazinha do carneri[?]
M.: [quem] saabe como é que faala corta a lã do carneiro
M.: [tem uma palavraa chama tosqueaar _ viu?]
(G – 4;05.04)
Episódio 4
(Em uma aula de dança, após ter sido posicionada perto do
ventilador para iniciar o passo, a criança reclama)
Cr. Eu sempre tenho que ficar perto do espitador.
Ad. Por que “espitador”?
Cr. Por que parece aspirador.
(CP – 5)10
10Dado recolhido pela autora durante o processo de interação com crianças. O dado foi
anotado logo em seguida que foi ouvido, conservando-se assim suas características.
323
Episódio 5
(Criança e adulto estavam em frente a uma lousa e
conversando sobre vampiros e relâmpagos)
RA.: mais eu viii? (MIA) mais eu pensei que era relaampa ?
sabe o que a Camila faz? Ela põe tuudo no oolho
324
Episódio 6
(RA está contando a história de um rato)
M.: qual raato?
RA.: mulapeeti (ri)
RA.: [o raato] muligueeti
M.: muligueeti nunca ouvi [falar]
(G- 4;03.02)
Episódio 7
(Mãe e criança conversam, enquanto brincam de boneca)
M.: conta uma coisa e conta aí como é que foi esse passeio
aí na casa da Bárbara?!
RA.: (MIA) assei uu passei (MIA) éé relottiiih? ?
11Apesar de não ter relevância para o percurso argumentativo que estamos delineando
é imprescindível notar que, no dado 5, a inovação “mimeleu”, se coloca em uma relação
associativa com o “Mila”.
325
M.: uh?
RA.: o passseeeio o passeio (MIA) passeio fooi legaal por
isso que é relotchidi
M.: é o quê?
RA.: o passeio foi/ legaaal
M.: relotidi quê isso?
RA.: relotidi é legal é isso que eu to falando
M.: ce que inventou?
RA.: é!
RA.: que que é relotidi então?
M.: sei lá! Não existe! Essa palavra não existe em português
RA.: portuguêe? Mais _ eu falo portugueeeis?
M.: faala
(G – 4; 06.17)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA
AQUISIÇÃO/APRENDIZAGEM DE LE: UM ESTUDO SOBRE CRIANÇAS
BRASILEIRAS APRENDIZES DE INGLÊS
ABSTRACT: According to Bakhtin and the Circle (1976, 1997, 2010), the
beings are constituted by language in their interpersonal relationships.
Based on that, we believe that the acquisition/learning of a foreign
language (FL) provides to the learners a new process of constitution of
their subjectivity. By dealing with the FL, learners start to see the world
and, therefore, their social relationships, in a different way, culturally
and linguistically speaking. This fact means the FL may be the
opportunity for a reconstitution of the subjectivity which may change
the way of acting of the learners and be found in their discourse. The
main objective of this paper is to present a part of a dissertation that is
being developed. In this project we intend to analyse the linguistic
production in a FL (English) by children that started their contact with
this language in a formal context of learning, a private language school.
In order to do so, we considered the way the children use the FL in two
main categories: “answers to the teacher” and “spontaneous use”.
Through these analysis categories, we want to think about the
relationship established between learners and the FL. To achieve our
objectives, we collected some data at a private language school and in
the end of this process we had 13 sessions/classes collected in a four-
month period. We use a qualitative approach of analysis as we intend to
reflect about the singularity of the three learners studied in our project
in order to talk about their process of acquisition/learning of the FL.
1. Introdução
2. Vygotsky e Bruner
uma criança pode fazer tal e tal coisa, independentemente, isso significa
que as funções para tal e tal coisa já amadureceram nela.” (VYGOTSKY,
2007, p. 97). Já, quando está em sua ZDP, a criança não consegue realizar
as atividades sozinhas e precisa contar com a ajuda de outra pessoa que
atua como mediador, um facilitador, entre a criança e o novo
conhecimento em questão. Vygotsky (2007, p. 97) afirma que a ZDP é:
Tal fato geraria decepção e falta de motivação por parte dos alunos,
provocando efeitos negativos na aprendizagem. Cabe ao professor
investigar e analisar os seus alunos para que as atividades
desenvolvidas sejam adequadas para o nível de desenvolvimento no
qual elas se encontram. Vygotsky (2007, p. 103) postula que:
5 Os professores devem ser cuidadosos para não esperar que as crianças produzam uma
6 Deixe-me definir o que eu quero dizer por formato. Para que as crianças pequenas
entrem na linguagem, elas precisam adentrar relações sociais de um tipo que
contextualize a linguagem no diálogo. Um formato é um exemplo simplificado dessa
classe de relações. É um microcosmo regido por regras no qual o adulto e a criança fazem
coisas para e com o outro. Eventualmente, os formatos permitem que o adulto e a criança
façam coisas um com o outro por meio da linguagem como auxiliar a meios não-verbais.
341
8 Aprender uma nova língua pode envolver negociar novas identidades e é ligada a quem
nós somos, quem nós gostaríamos de nos tornar, como nos sentimos sobre nós mesmos
e em como formamos nossas relações sociais.
348
5. Análises iniciais
Fragmento 1
(1) *TEA: agora a teacher vai fazer assim
(2) *TEA: ó
(3) *TEA: do you like yellow ballon or red ballon?
(4) *TEA: I like red ballon
(5) *TEA: fala I like yellow ballon
(6) *G: I like yellow ballon
(7) *TEA: very good
(8) *TEA: do you like look
(9) *TEA: do you like big spider or small spider?
(10) *G: do you like small spider
(11) *TEA: yes I like small spider
(12) *TEA: u: big spider u
(13) *TEA: too big
(14) *TEA: ok
(15) *TEA: let me see
(16) *TEA: look do you like red train or yellow plane?
(17) *G: yellow plane
(18) *TEA: I like
(19) *G: yellow plane
(20) *TEA: yes very good
(21) *TEA: I like red train
(22) *TEA: very good
(23) *TEA: look do you like yellow rabbit or green turtle?
(24) *G: green turtle
(25) *TEA: I like
(26) *G: I like green turtle
(27) *TEA: very good I like green turtle too
350
Fragmento 2
As alunas estão no chão pintando um desenho quando G. ergue e mostra
a sua pintura para a professora.
6. Considerações finais
7. Referências
ABSTRACT: The starting point for this work is the case study of L. (8 years),
a bilingual child (Portuguese and German) filmed in situations of
interaction with the mother, in German, and with another child of the same
age in Portuguese. Videos that make up the corpus were transcribed
according to the norms of CHAT tool, from CLAN program, designed for the
CHILDES project (MACWHINNEY, 2000). Our purpose is to verify if the
child understands the humor produced in both languages and what
language mechanisms lead to such understanding. From the studies on
humour in the child's language (Aimard, 1988; Del Ré, 2003, 2010, 2011)
and a dialogical-discursive approach (Bakhtin, 1988,1997,1999), we
analyze episodes of interactive situations, taking into account the fact that
the subject is constituted as such in and through language, in the
relationship / social-verbal interaction they have with the other and with
other discourses. We believe, in agreement with works of Falasca (2012)
and Bueno (2013), that the learning / acquisition of a language is
responsible for the outcrop of a different identity of the individual who is
immersed in this process. According to Bakhtin (1997), the language
cannot be separated from its ideological content, because the discursive-
ideological traces define the genre of the discourse. Thus, we believe that
humor - language conduct that can integrate different genres in different
communicative situations- has its cultural specificities, which often hinders
its understanding. The first results seem to indicate, to date, a difference of
358
1Vale ressaltar que, para Bakhtin, o outro do qual ele trata não é individual, mas sim
aquele que tem valor social, ideológico e que, em última instância, representaria a
coletividade.
359
METODOLOGIA
PRIMEIROS DADOS
[Code Switching]
10* Mãe: Ah, wie wär´s mit buntem Papier?
11* L.: Buntem Papier? Super Idee, aber...Mama...glaubst du ist das
nicht so “fraco”? Also zu…leicht, weisst du? So..das kann abgeschnitten,
so..abreisen…Vorsichtig!
[Code Switching]
10* Mãe: Ah, como ficaria com papel colorido?
11* L.: Papel colorido? Ótima ideia, mas....mãe... você não acha que
isso é muito “fraco”? Digo, muito...fraco, sabe? A ponto de cortar,
rasgar...cuidado!
1* Mãe- Aber willst du eine Seite vor, wenn du sagst “ih, das klebt”,
wenn du sagst du willst sie ein Dutt hat, dann könnte man eine Seite kurz
machen, wo die Haare so bis hier gehen und die andere Seite lang, und
kann man zusammen wickeln zu dem Dutt .
364
2* L- Ja.
3* Mãe- Dann klebe ich das nämlich hier.
4* L- Ja, ja, ja, versteh´ ich.
5* Mãe- Hast du da auch Kleber darauf getan?
6* L- Ja!
7* Mãe- So...super! Sieht zwar noch so aus wie eine Nonne oder
wie ein Scheich, ein arabischer Scheich aber in Kürze [risos]
8* L- [risos]
1* Mãe: Mas você quer um lado para frente, se você disser “ih, está
grudando”, se você disser que você quer que ela tenha um (…), então eu
poderia fazer um lado curto, onde o cabelo viria até aqui, e o outro lado
comprido, e daí dá pra amarrar o cabelo junto ao (...) .
2* L: Sim .
3* Mãe: Então eu vou colar aqui .
4* L.: Sim, sim, sim, entendi .
5* Mãe: Você também pos cola aqui?
6* L.: Sim!
7* Mãe: Sim, então…..ótimo! Parece até com uma freira ou um
sheik, um sheik árabe, mas resumindo [risos]
8* L.: [risos]
PRIMEIROS RESULTADOS
interações com a mãe, em alemão, são mais lúdicas, menos focadas nas
ações cotidianas e, permitindo, assim, talvez a instauração de um
ambiente mais descontraído e propício à produção humorística. Além
disso, a presença do português, que hoje seria a língua dominante de L.,
aparece nas interações em alemão, como observado na situação 1.
Na interação em português, especificamente, estamos analisando
a presença de uma possível produção de humor negro de L., já que a
outra criança se mostra chocada com a “tragédia” representada pelos
bonecos, a de que um “destino cruel” teria acometido a vida deles mas L.
parece se mostrar indiferente – seu tom irônico nos dá essa impressão,
ainda que tente aparentar estar chocada tanto quanto a outra criança.
Segundo Freud (1905, p.262), este tipo de humor retira da “atenção
consciente o conteúdo ideacional que porta o afeto doloroso, tal como
faz com a repressão e, assim, domina o automatismo da defesa.”.
Já na situação 2 em alemão, a comparação que a mãe faz do cabelo
dos bonecos com o véu de uma freira ou o turbante de um sheik árabe
gera riso, que é compartilhado por L. Assim, o que demonstraria que L.,
ao rir da comparação que tinha a intenção de fazer rir, compreende esse
jogo dentro da língua, ainda que essa não seja, no momento, sua língua
alvo.
Ainda nas interações em alemão, é interessante ressaltar a
presença do code-switching, termo este que nós entendemos como a
alternância que L. faz usando o português para reiterar o seu projeto de
dizer. O uso dele se justifica na língua alemã, já que L. a utiliza em
interações específicas, como em conversas induzidas por sua mãe, ou
pelo telefone, com os avós que moram na Alemanha. Além disso, ao
alternar o alemão com o PB, não haverá prejuízo de compreensão para
a interlocutora de L., no caso sua mãe, que é falante de PB. Já na interação
em PB, L. não realiza o code-switching durante as gravações que temos.
Nossa hipótese é a de que esse fenômeno não ocorreria já que a outra
criança que interage com L. não é falante de PB e, portanto, não
compreenderia seu enunicado, mas também, pelo PB ser sua língua
dominante, é menos provável que ela recorra a esse recurso.
366
Referências
entendendo que o uso dos pronomes, por exemplo, seja aleatório, mas
parte do processo de aquisição. Dessa maneira, nosso maior interesse é
contribuir com o desenvolvimento desse tema trazendo um novo olhar
para os dados da criança bilíngue. Para tanto, fizemos usos de categorias
criadas juntamente com a professora Anne Salazar, para que
pudéssemos unir os aspectos linguístico e discursivo (tanto para o
locutor como para o interlocutor) com um olhar mais detalhado para os
enunciados e a situação de enunciação. E com relação à aquisição dos
pronomes pessoais e auto-referência, consideramos os estudos de
Morgenstern (2006).
A partir da análise dos dados de Mar. (2,5 a 3,2 anos), que
compõem o corpus mais amplo e do qual realizamos um recorte para
este trabalho, criamos 36 categorias 1 (dentre elas o pronome pessoal e
as marcações verbais) para que fosse possível investigar não só como a
criança realiza a referência a ela e ao outro, mas também como o outro
faz referência à criança e a si próprio; bem como os momentos
discursivos em que estas marcas são utilizadas.
Trata-se, portanto, de considerar a impossibilidade de dissociação
entre o linguístico e o cognitivo (Bruner, 1975), o papel do input, do
diálogo (Bakhtin, 1988), do outro, da socialização linguageira (Ochs,
Schieffelin, 1999), para que a criança possa aos poucos construir uma
gramática coerente (Tomasello, 1992). Assim, queremos estabelecer
relações entre as formas utilizadas por esta criança para referirem-se a
si próprias e o processo de constituição de suas subjetividades que
ocorre no diálogo com o outro (Del Ré, Hilário, Viera, 2012).
Falar em expressões referenciais significa tratar de “gramática” e,
no nosso caso, essa gramática é pensada a partir de uma perspectiva
dialógica. Ou seja, concebemos que a linguagem se constrói na interação
social e que o processo de aquisição da linguagem ocorra por meio dos
2 Neste artigo não apresentaremos e nem nos aprofundaremos nas discussões sobre o
que seria o bilinguismo.
3 Aquisição simultânea de duas línguas apenas quando a criança foi exposta a estas duas
Mar. utiliza o code-switching com o pai para se opor a ele quando não
quer comer.
O que podemos dizer é que, no caso de Mar., é relevante o fato de
que ela faça uso deste “recurso” em situações diversas, com ou sem
interlocutores que sabem a língua, fugindo dos padrões estabelecidos
por algumas pesquisas anteriores. O que torna este assunto significativo
é que Mar. mesmo sendo considerada uma bilíngue “típica”, pois
adquiriu as duas línguas em contexto familiar e ao mesmo tempo, ela
reage de maneira ora divergente, ora igual às pesquisas sobre este
tópico. Os episódios que seguem parecem-nos relevar e explicar a
importância da pesquisa de caso, o olhar para o que é individual, pois
cada indivíduo tem peculiaridades e especificidades únicas.
Finalmente, quanto ao quadro teórico que utilizamos, os conceitos
de subjetividade e identidade são de grande importância para nosso
trabalho, pois aspiramos observar, descrever e compreender a maneira
como se dão as manifestações da individualidade e a constituição da
subjetividade na criança – por meio de algumas marcas de referência
que ela deixa em seu discurso.
Dessa forma, tendo em vista as leituras de Bakhtin e do Círculo e
as discussões dentro de nosso grupo de pesquisa (GEALin), entendemos
que a individualidade se manifesta nas escolhas dos elementos que
compõem o enunciado, isto é, ela emerge nas escolhas individuais, a
singularidade está ligada a uma materialidade expressa, a um
posicionamento do sujeito em determinado momento histórico. Assim,
cada “ato singular”, cada manifestação em forma de linguagem, de
diálogo, de discurso, está repleto de marcas de subjetividade e estas
marcas seriam as diferentes identidades (Del Ré, Hilário, Vieira, 2012).
Este estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa de base
etnográfica, ou seja, aquela que tem no participante da interação
linguística seu maior interesse, além do contexto social em que estão
envolvidos. Teve também como característica o aspecto longitudinal,
pois fizemos uso de gravações mensais, de aproximadamente 1 hora,
com a mãe e com o pai (filmados separadamente), em vídeo no decorrer
375
Dados
5 Preferimos adotar para este artigo, o termo Code-Switching para a criança bilíngue e
“trocas” para os pais por se tratar de fenômenos linguísticos divergentes partindo de
nossa concepção do que é bilinguismo, ou seja, os pais de Mar. não são bilíngues dentro
de nossa definição.
376
Gráfico 1:
Gráfico 2:
377
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Gráfico 3:
Exemplo 3:
Exemplo 4:
Gráfico 4
Gráfico 5
383
Gráfico 6
Referência de segunda pessoa utilizada
pelos pais
60
40
20
0
Marina ela/elle menina você/tu nenhum
Mãe Pai
Exemplo 5:
22 *CHI: vamo(s) .
23 *MOT: entao <vamo(s) primeiro> [/] <vamo(s) primeiro> arrumar tudo isso
.
24 *MOT: vai#guarda .
25 *MOT: mas é para guardar arrumadinho .
26 %act: CHI começa a jogar os brinquedos dentro da casinha .
384
Exemplo 6:
Exemplo 7 :
Gráfico 7
Exemplo 8 :
388
Exemplo 9 :
Considerações finais
Referência
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de identidade/alteridade”. Estudos Linguísticos, SP, 38 (2): 19-29,
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discursivo no diálogo entre uma criança e seus pais: manifestação da
subjetividade linguageira?. Alfa, 54 (2), 2010 http://seer.fclar.
unesp.br/alfa/article/view/3180 Acesso em 15/02/2011
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de la morphosyntaxe. Bulletin d’Audiophonologie, 6. 305-328, 1997
SALAZAR-ORVIG, A. Les mouvements du discours: style, référence et
dialogue dans des entretienscliniques.books.google.com.br/books
?id=TuFbAgAACAAJ&dq=Anne%20Salazar%20Orvig&source=gbs_slid
er_thumb. Acesso em Agosto, 2010. Resenhas Harmattan, 1999. 294 p.
393
INTRODUÇÃO:
leve ou esteja ainda por vir. Isso ocorre pelo fato de que, segundo Bakhtin/
Voloshinov (1997, p.31), tudo o que é ideológico é também um signo, à
medida que possui um significado que excede a sua natureza física. Sendo
a palavra uma realidade que não existe fora de sua função de signo, é nela
– e na linguagem como um todo - que mais claramente se pode notar as
relações sociais (BAKHTIN/VOLOSHINOV, p. 36). É preciso pensar, então,
de que maneira se dá a realidade dos signos e, em especial, da linguagem.
Como realidade ideológica, a linguagem apenas se faz possível entre
sujeitos socialmente organizados, de forma a gerar, em cada signo, uma
significação que seja interindividual. É somente adquirindo um valor
social que se adentra no domínio da ideologia. Dessa forma:
4 O eu não pode existir sem o outro; o outro é o que dá sentido ao eu. (tradução nossa)
402
259 *STU: é: I I like the United_Kingdom 'cause is a:: a country very traditional .
260 *STU: and I like of the monarchy and the lifestyle in the United Kingdom.
LE, para ele, é entrar em uma outra realidade, tal como tratamos nessa
pesquisa, pois consideramos, assim como Bakhtin e Medvedev, que a
língua seja um recorte da realidade (MARCHEZAN, 2010, p. 266) e,
assim, ao aprender uma LE, aprendemos também a visão de mundo
recortada por tal língua. No turno 79, o aluno refere-se à viagem que fez,
no início de 2011, para a Inglaterra e sobre a possibilidade de essa
consideração de dois planos distintos relacionar-se com a viagem, mas,
no turno 80 ele já esclarece que isso ocorria mesmo antes, quando ainda
não havia visitado outro país.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
METODOLOGIA
41. novatos já (.) na verdade a relação (.) ela é boa e ela é média, porque (..) é uma
42. escola de Estado (.) primeiramente e ainda mais os alunos de lá, eles não são ton
43. disciplinados como os alunos que tem lá na Europa, ou seja, eles falam de
44. qualquer maneira com os professores, desrespeitam os professores, fazem bagunça
45. (.) tem uns que já são mais calmos (.) que eu já sou mais amigos deles, ou seja,
46. esses que são (.) esses tipos de maloqueiros (.) como eu falo (.) meio doidos, eu não
47. me relaciono com eles (.) eu fico distante (.) pá: essa energia que eles trazem pras
48. pessoas (.) eles não me contagiarem (..) já essas pessoas (.) que elas tem um:
49. estudo bom, eu já me rela/relaciono mais com elas (.) e meus amigos já melhores
50. eu já fico com eles (.) então essa é a minha re/relação boa e média (.) boa por
51. causa dos meus amigos (.) e média (.) por causa (.) desse assunto de alunos não
52. interessados em estudo
53. E: como é que você se vê tendo, nascida na Espanha, aos 9 anos vindo para o
54. Brasil, você tendo essa dupla cidadania, como é que você se enxerga dentro desse
55. contexto?
56. I: bom (.) eu me acho o máximo (..) porque (.) aqui no Brasil quando eu cheguei o
57. povo dizia “olha ela é da Espanha (.) fala em espanhol pra mim (.) como é lá?
58. você sente falta de lá? como é? é igual aqui? lá tem isso? tem manga? tem esse
59. certo tipo de árvore aqui? tem esses bichos?” não, não tem (.) digo bem (..). aí
60. também na Espanha (.) quando meu/meus amiguinhos também sabiam que a minha
61. mãe era brasileira (.) eles “menina eu quero conhecer a tua mãe (.) como é (.)
62. lá?, tu/tu já foi no Brasil? lá é bonito? que é que tem lá?” disse eu não sei o que
63. tem lá (.) quem sabe é a minha mãe (..) aí a minha mãe ficava sorrindo de mim por
64. causa que (.) diziam/eu dizia pra ela que queriam conhecer ela (.) que era saber de
65. tudo dela (.) como era lá (.) se era bonito ou não
66. E: o que você fazia na Espanha que você não faz no Brasil hoje e vice-versa?
67. I: como assim vice-versa?
68. E: uma coisa que você fazia na Espanha que você não consegue fazer no Brasil e
69. ao contrário, uma coisa que você faz aqui no Brasil que você não fazia na
70. Espanha.
71. I: bom (.) vou dizer di/do meu jeito mesmo (.) eu não vou fazer desse/desse jeito
72. que você explicou não (.) bom o que eu fazia lá na Espanha (.) era um roteiro bem
73. diferente do/do que aqui no Brasil (.) por que lá a minha mãe/meu pai tinha mais
74. condições financeiras né (.) aí a gente às vezes ia no final de semana (.) ou nos
75. dias de semana (.) a gente ia (..) pro Shopping (.) fazias umas compras (.) as vezes
76. a gente (.) eu ia até de viagem com o meu pai (.) é: por causa que ele (.) era
77. caminhoneiro (..) aí ele importava vários produtos, ou seja, da França para
78. Alemanha (.) aí eu viajava junto com ele o tempo todo (..) aí é (.) eu isso o que eu
79. fazia com o meu pai era impossí/é impossível fazer aqui, por causa que ninguém
80. aqui (?) caminhoneiro e ninguém nem vai pra fora do país (.) lá meu pai sim (.) aí
81. eu conheci lá França (.) Alemanha (.) é: o que mais (..) é: (4) na verdade eu acho
429
82. que eu conheci já quase a metade da Europa, né (.) eu fui pra (..) Suíça, fui?
83. Sué/Suíça (.) eu fui (.) pra perto da (.) Noruega (.) eu fui (..) em Dinamarca (..)
84. hum esses países assim né? mas os países que eu fu(?) mais (.) foi na França e
85. Alemanha (.) foi os países que eu mais freqüentei (..) na verdade é isso que eu não
86. consigo fazer aqui no Brasil (..) já no Brasil o meu roteiro já é diferente (.) é um
87. roteiro já (..) de (.) um/uma (.) um desenvolvimento artístico meu, ou seja, todos os
88. dias eu vou para o Espaço Cultural pá poder ter as minhas aulas de música (.) pá
89. poder eu ter um futuro, né, brilhante (.) aí sempre recebo elogios das pessoas (.)
90. dos professores (.) também, eu chego em casa (.) muito tarde né, às vez quando a
91. gente volta de ônibus (.) aí a gente quando a minha mãe tem, um dinheirinho extra
92. a gente sai pá ir pu cinema (.) comprar algumas coisinhas (.) isso
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
writing, that the child, not literate yet, knows the alphabet letters, and
writes from a chain of signifiers, entering, this way, the movement of the
symbolic and giving meaning to the Other, to the linguistic-discursive
operation.
SUJEITO E ESCRITA
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
ANÁLISE DO CORPUS
FIGURA 1
1 NELHR
2 mIeIEnHA
3 AIioguel
4 UIMGAOORES
5 DIegomIguel
Leitura da criança
“Ela uma vez uma menininha qui:: foi pá casa da VOvozinha dela
Aí...aí... aí... ((a criança interrompe a “leitura” para reclamar com o irmão
mais velho que tenta atrapalhá-lo)) a:: mãe dela mandou levar os doces
pá vovozinha dela aí:: a mãe disse pá ela pá ela ir de um lado, aí, aí ela
FOi seguinu pelo lado da folesta que o lobo mandou, aí... aí... ela disse que
foi pá casa da vovozinha, aí o lobo chegou pimeilo ( )
Aí o LObo mau CUmeu a vovozinha, aí quando ele cumeu, vistiu o da
vovozinha, verdade.
Aí como chegou o lobo mau, aí a Chapeuzinho Vermelho disse assim:
- qui zolhos tão grande você tem
Aí depois foi:
- qui:: naliz tão gande você tem.
- é pá te cheilá melhor. - Aí
- qui olelhas tão gande você tem.
- É pá te ouvir melhor.
- Que boca gande você tem.
- É pá te coMÊÊÊ.
Aí ela escondeu LOgo no armálio. Aí:: quando iscodeu no armálio, aí o
lobo pegou no sono. Aí o caçador viu, aí o caçador cortô a barriga dele,
do lobo, aí ele tava sintinu a vovozinha, aí quando cortô, encheu de
pedas, aí:: folam felizes pala sempe.”
439
FIGURA 2
1 DDII
2 DILEgj
3 ocIeEgRRp
4 egmIoÃE
5 eBHnEPIegoo
6 COnO
7 PIiLEgH
8 DIego
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1- Introdução
2- O interacionismo
aquele que escuta sua própria fala, sendo capaz de retomá-la, reformulá-
la e reconhecer a diferença entre sua fala e a fala do outro, assim como
entre a instância subjetiva que fala e a instância subjetiva que escuta de
um lugar outro. Essa interpretação se apresentou, portanto, como
contra-argumento à interpretação dos fenômenos que apontam para
essa divisão como evidência de capacidades metalinguísticas,
justamente a partir da discordância entre essas duas instâncias.
Segundo a autora, sua proposta, assentada quer sobre a alteridade
radical da língua relativamente ao organismo, quer sobre a consideração
daquilo que, na fala da criança, aponta para um sujeito que, ao se
constituir na língua, por ela é também dividido; representa acima de
tudo uma alternativa à noção de desenvolvimento. Sendo assim,
retomando-se o tema deste artigo, pode-se indagar: como o
fonoaudiólogo, que tem que avaliar as queixas de crianças com atraso de
fala/linguagem, encaminhadas pelo pediatra da unidade básica de saúde
(UBS) lida com isso? Em que medida o quadro teórico interacionista
seria suficiente, ou até mesmo útil, para interpretação dos atrasos de
fala/linguagem das três crianças? Como o quadro teórico interacionista
poderia auxiliar o terapeuta em sua reflexão sobre a clínica
fonoaudiológica?
para qualquer outra área da saúde. Tal procedimento visa propiciar uma
efetiva comunicação entre o profissional que faz um encaminhamento
de determinado paciente para qualquer serviço na área de saúde e
aquele que, em seguida, atende o referido paciente.
Basicamente, no instrumento (formulário) em questão, registram-
se: a) os dados de identificação do paciente, tais como: seu nome, idade
ou data de nascimento, número de registro na unidade básica de saúde
do qual é usuário, endereço e fone; b) dados relativos à avalição do
paciente na área do profissional que solicita o encaminhamento do
paciente e/ou descrição do estado do paciente; c) os achados clínicos,
procedimentos e/ou resultados de avaliações que o solicitante já tenha
realizado1 anteriormente; d) as razões pelas quais o encaminhamento
do paciente é solicitado para determinada área da saúde. Finalmente, o
profissional que solicita o encaminhamento do paciente deve assinar,
datar e carimbar o instrumento, que o usuário deverá entregar na
unidade básica de saúde a que pertence, para que o fonoaudiólogo tome
conhecimento do mesmo, quando for até o estabelecimento de saúde em
questão.
A rotina de visitas do fonoaudiólogo às unidades de saúde varia
conforme o distrito2 em que o profissional trabalha, assim como também
variam suas ações. Há especificidades territoriais que demandam
atenções e atuações diferenciadas. Desta forma, na sua rotina de
trabalho de visitas às unidades básicas de saúde de sua região 3, o
fonoaudiólogo tem acesso a todos os encaminhamentos dirigidos à área,
5- Algumas considerações
REFERÊNCIAS
1) estágio inicial:
produção da linguagem oral relativamente preservada;
tendência a repetir idéias;
anomia;
raras parafasias verbais;
leitura preservada;
dificuldades na introdução e manutenção coerente de tópicos
durante o discurso;
compreensão de escrita comprometida.
2) estágio intermediário:
falhas de evocação são mais frequentes
repetições de idéias aumentam
presença de parafasias verbais, de termos vagos e de neologismos;
dificuldade em acompanhar discursos;
empobrecimento semântico da fala;
diminuição do interesse pela leitura;
tendência a uso de automatismos;
ruptura do discurso;
comprometimento da compreensão.
464
3) estágio final:
todas as funções cognitivas estão comprometidas;
redução significativa da produção oral;
dificuldade maiores de compreensão;
presença de perseverações e de ecolalias;
mutismo.
O Senhor está com dor para engolir, Sr. J.? (Faz feição de dor para engolir)
O Senhor está com dor para engolir?
Eu to. To com dificuldade de de de falar
de me mu de me mu mudar, de engolir...
E por que será que ta com dificuldade? De
onde sera que ela vem?
É. De de de de de de de de de do interior.
É uma du/ uma dúvida que ficou.
Uma dúvida que ficou. Que vem do O que é.
interior. E o senhor não consegue
esclarecer essa dúvida e nem saber o
que/
Referências bibliográficas
1 Introdução
COLAR DE CAROLINA
Com seu colar de coral,
Carolina
Corre por entre as colinas
Da colina.
O colar de Carolina
Colore o colo de cal,
Torna corada a menina.
1ª estrofe
Com/ colar/ coral – 1º- verso da 1ª- estrofe
Carolina/ corre/ colunas/colina – 2º-, 3º- e 4º- verso da 1ª-
estrofe.
Encontramos o jogo rimático em Carolina e colina com ênfase
nas aliterações encontradas com repetição da letra C
Na 2ª- estrofe, os sons também se assemelham em:
485
Considerações Finais
Referências
1. Introdução
2Trata-se da abreviação do nome da criança que gravei desde um ano e meio até quatro
anos e meio de idade, cujos dados subsidiaram vários trabalhos, tais como a dissertação
de mestrado (MALDONADE, 1995), a tese de doutorado (MALDONADE, 2003) e alguns
artigos (MALDONADE, 2010, 2011 e 2012).
492
4Um dos resultados de pesquisa das autoras diz respeito aos erros de flexão verbal no
processo de aquisição da linguagem. Elas afirmam que a segunda e terceira conjugações
verbais não são produtivas no português, razão pela qual aparecem os erros de flexão
verbal na fala da criança, que toma como padrão a primeira conjugação verbal.
Entretanto, outra situação bastante diferente é encontrada no corpus de M e também no
de um dos sujeitos analisados por Figueira (2003), em que não se verificam apenas erros
de verbos de segunda e terceira conjugações seguindo o padrão da primeira conjugação.
497
5São os “shifters”.
6O termo discurso foi encontrado na tradução de Pujol y Cabanes (1974) para o
espanhol, enquanto que, na tradução de Ruwet (1963) para o francês figura
“l’énonciation elle-même”.
7Na tradução para o espanhol encontra-se “hecho em si” e, na francesa, “l’acte ou le
8A sequência dos números indica a idade da criança no episódio expressa em ano, meses
à mãe de M (S), ao pai de M (L), à irmã mais velha de M (Dani), à outra irmã, também
mais velha do que M (Mari) e à prima de M (A).
502
I: Ã?
M: A gente até mide que ela é do meu tamanho. (M diz enquanto
continua pintando um desenho)
S: Não também.
5) 3;04.21
S: Eu não quero que bota essa almofada no chão, M. Você tá careca de
sabê disso!
I: Cê mede com o Chico também, M?
M: Ã?
I: Você mede com o Chico também?
M: Não, o Chico nem é médico. O Chico tá qui pra brincá de médico?
505
n(d)a língua. Colaboram ainda para mostrar o risco que seria sobrepor
as categorias da descrição linguística à fala das crianças. Além disso,
atestam que não se pode predizer quais serão as relações que
aparecerão na fala da criança, e quais serão as cadeias sonoras que
servirão para ancorar as futuras combinações linguísticas. Elas não são
fixas. Há sempre o trabalho do sujeito com a língua(gem) que
inesperadamente pode romper com qualquer previsibilidade e, com
isso, fazer despontar o sujeito falante na cadeia significante de forma
única e singular. Isso nos permite tratar esses momentos como
relacionados à subjetividade em constituição do ser falante, que não
serão os mesmos (iguais) para qualquer outra criança. Fatos (e efeitos)
como esses levaram De Lemos (2002) a afirmar que o processo de
aquisição da linguagem é um processo de subjetivação.
Em 5, observa-se ainda que há duas formas linguísticas diferentes
na fala de M: “medo” e “mido”. A primeita apareceu em responta à
pergunta “você também mede pra sabê quem é mais alto, quem é mais
baixo, com o Chico?” de I e a segunda surgiu em responta à pergunta “E
com a Ana Cláudia?”, também de I. Sem enveredar para qualquer outro
efeito que “Medo” pode suscitar pelo lado psicanalítco, limito-me a
mostrar que duas forma linguísticas aparecem na fala de M para poder
ocupar o mesmo lugar sintático e, por isso, podem ser entendidas, neste
caso, como formas concorrentes. Na realidade são erros, pois “medo” e
“mido” não correspondem às formas previstas pela língua adulta para
esse lugar sintático. Note-se, entretanto, que “mido” foi dito em tom
mais baixo por M; fato este que podeira ser interpretado como marca de
“incerteza” ou “insegurança” da criança ao operar sobre a língua.
O fato é que ocorrências intrigantes como a anterior, não limitam
o que se pode encontrar na fala da criança com relação ao tema
proposto. Veja, a seguir, a última ocorrência que problematiza o tema
em questão.
M: Pata.
Mari: Nossa, cê pintou o pescoço dela de rosa. Não existe pata assim!
M: Cê lembra eu fala “pescosto”?
Mari: É mesmo!
M: Mas é pescoço. Agora já cresci. (continuou pintando o pescoço da
pata com o lápis de cor-de-rosa)
fala, mesmo que de uma maneira incipiente, uma diferença na língua. Tal
situação pode ser indicativa do início da condição de escuta que a
criança tem de sua própria língua.
A ocorrência 5 focaliza como as relações linguísticas vão sendo
trabalhadas na fala da criança (pela criança). Além disso, é possível
entender a aproximação com o paralelismo de Jakobson (1970, 1974),
já que a simples disposição em paralelo confere a cada similitude e
diferença um peso particular. O paralelismo entre formas (medo e
mido) faz surgir sempre possibilidades novas, imprevistas, uma vez que
não há como prever o rumo que as ressignificações podem tomar na fala
da criança (v. DE LEMOS, 1992). Tais considerações impedem que ao
paralelismo seja associada uma visão de aprendizagem na aquisição da
língua materna. Ele se torna útil para enfrentar a heterogeneidade
constitutiva da fala da criança, distante da noção de desenvolvimento.
Não se nega com isso que a língua possa estar em causa na fala da
criança, conforme esta ocorrência parece indicar. É o caso assinalado
por Jakobson (1974) em que parte da mensagem remete ao código. Há
uma atividade (linguístico-discursiva) cuja referência é a própria
língua/linguagem. É o enunciado da própria criança que dá sustentação
para as novas formas serem derivadas. Mostra-se aqui uma das
possibilidades de como se pode interpretar a “operação sobre o
linguístico” “feita” pela criança em seu processo de aquisição da
linguagem.
Na ocorrência 6 não é possível deixar de apontar a naturalidade
com que as relações da língua se apresentam na fala de M. Além disso,
deixa registrado que a explicitação das relações linguísticas pela criança
não é um passo necessário no processo de aquisição da linguagem,
podendo esta acontecer ou não. Sobre isso, Karmiloff-Smith (1986)
afirma que a “consciência” pode surgir como resultado do processo de
aquisição da linguagem e não como ponto de partida, contrariamente ao
que Lorandi; Lamprecht (2008) hipotetizam. Neste aspecto,
aproximamo-nos mais do afirma Karmiloff-Smith (1986).
511
REFERÊNCIAS
1 As fases de que se fala no texto poderá ser melhor analisada na seguinte obra; Ferreiro,
criança. A pesquisadora viu que essa teoria psicológica não dava conta
de todo esse processo de aquisição de linguagem escrita, Borges (idem)
explica os passos pelo qual a criança é capturada pela escrita.
A criança que escreve não tem consciência de seu agir e começará
pelos desenhos rabiscos garatujas e etc. esse é o momento de
singularidade momento também em que a criança vai sendo capturada
pela linguagem, os rabiscos para essa autora, querem dizer muitas
coisas, e quando ela fala em uma não consciência, quer dizer que a
criança nesse momento não é um sujeito psicológico, não tem uma
consciência sobre o seu fazer, como tem atestado a teoria psicológica.
alunos, pois, isso ele vai adquirir com o passar dos tempos, a sala de aula
deve ser um ponto de criação das crianças uma sala de cotação de
histórias pelos professores os gêneros deve ser os mais variados
possíveis como; carta, bilhete anúncio, contos e etc. Após o
envolvimento dos alunos eles são solicitados a fazer suas produções que
possivelmente versem sobre os temas em circulação em sala de aula de
forma bem natural. A noção de erro não deve ser mencionada nesse
contexto às trocas entre alunos às conversas sobre os textos em
circulação devem ser permitidas até mesmo as ajudas entre os alunos
devem ser encaradas como normal.
Enfim, as questões abordadas aqui sobre a teoria interacionista de
aquisição de linguagem escrita, tem demonstrado que a teoria
psicológica não dá conta da de todos os pressupostos que envolvem esse
processo. Os questionamentos de Borges ancorada na teoria
psicanalítica ressignificada pela psicanálise lacaniana tem apresentado
um novo olhar sobre esse campo de conhecimento capaz de provocar
discussões, mostrando que a aquisição de linguagem, não tem nada a ver
com a noção de desenvolvimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
Pesquisadora (Pós-Doutorado na área de Aquisição da Linguagem do Departamento de
Linguística e Língua Portuguesa da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP de
Araraquara).
526
ABSTRACT: This article refers to the doctoral thesis "Body and subject:
a significant difference in cerebral palsy" (VASCONCELLOS, 2010)
theoretically based in De Lemos Brazilian Interactionism (1992, 2002,
2006, 2007 among others) and its consequences in the Integrated
Project Language Acquisition, Language Clinic and Language Pathology,
CNPq / LAEL - PUCSP, that brings together researchers under the
coordination of Lier-DeVitto , in which I include myself . In the thesis, I
sought to deepen the discussion about the body and “body-language”
distinction considering subjects with cerebral palsy who do not speak,
aiming to demonstrate the viability of a Language Clinic therapy not
conducted by a focused reasoning on motor difficulties that prevent
these individuals oralization. To considerate “body”, not that of
Medicine, an initial dialogue with neurology was developed, focusing on
the last findings (neuroimaging techniques) and their relationships with
the oldest ones (Freud's claims about the nature of cerebral palsy) that
suggest strong convergence. The difference, both theoretical and clinic ,
which I introduced in the thesis, for the treatment of subjects with
cerebral palsy who do not speak is illuminated by the effects of this clinic
that includes the so called Alternative Communication systems with
graphic - visual symbols that enable the materialization of significant,
which is done by way of loan the therapist’s body and voice. Patient data
analyzed in the thesis referred to the presence of a “body-language” and
to the heterogeneities in their effects promoted in this clinic that raised
considerations about listening purposes, the ‘transference’ and the
pleasure or conflict that accompany the production of certain vocalized
speech of some patients .
527
1 Não pretendo, contudo, realizar aqui uma extensa discussão crítica sobre tais sistemas
para pessoas com dificuldades motoras e para não leitores com “boa
compreensão da linguagem falada”, mas também porque inaugurou o
uso sistemático dos sistemas de sinais gráficos em geral, asseguram
Tetzchner & Jensen (1997, p. 7). Os autores sustentam que, depois de
1985, o emprego de processos comunicativos, envolvendo a
comunicação com ajuda, teve grande repercussão.
O Picture Communication Symbols (PCS) reúne desenhos lineares
em preto e branco, originalmente desenvolvidos por Johnson em 1981,
com o objetivo de serem utilizados como Sistemas Alternativos de
Comunicação de alta ou baixa tecnologia. Trata-se de um sistema
basicamente pictográfico, “para quem um nível simples de expressão
seja aceitável, porque o sistema tem um vocabulário limitado, apesar de
permitir a inclusão de outros desenhos e fotos” (FERNANDES, 2006)3. O
PCS é o sistema gráfico-visual alternativo de comunicação de maior
alcance em termos mundiais, tendo sido traduzido para 40 línguas
diferentes.
Segundo Mizuko (1987), “muitos estudos têm apontado para o
PCS como o mais transparente dos sistemas”. Na literatura sobre a CA,
um sistema é transparente se “forma, movimento ou função do referente
estão representados de maneira que o significado do símbolo seja
rapidamente evocado na ausência do referente” (MIZUKO, 1987). Como
se vê, no dito do campo dos Sistemas Gráfico-Visuais – principalmente
no PCS, que se apoia em desenhos, a questão do significado e da
significação fica atrelada, sem exceção, à determinação precisa de uma
relação de correspondência entre referente (coisa no mundo) e
representação (sua forma, movimento ou função). Mesmo no Bliss, esse
é o caso, porque a linguagem não é mais do que nomenclatura e,
portanto, tem função de fornecer símbolos que designem coisas no
3Essa caracterização do PCS foi retirada de um texto elaborado por Fernandes e está
disponível no site www.clik.com.br, que reúne, entre outros tópicos, uma breve
apresentação da CA. A última atualização do referido texto sobre CA data de
21/07/2006.
531
DA ANCORAGEM TEÓRICA
surpreendidos por uma fala que irrompe sem ser esperada, tanto que os
dados de J. que integram os dados da tese, foram gravados. J. chega à
clínica com 10 anos e depois de quatro anos de atendimento e passa, a
rudimentos de fala que vão ganhando contornos ao longo do
atendimento clínico. No segmento abaixo temos um sujeito que, ao
mesmo tempo em que apontava símbolos do PCS em sua prancha, podia
realizar gestos articulatórios. Observe-se, porém, que praticamente não
há alternância dialógica: os pedaços de fala de J. são incorporados, sem
dúvida, dos enunciados da terapeuta. Há uma espécie de precipitação,
de pressa, nas produções de J. - no momento da transcrição desse
material, inclusive, a impressão que se tinha era de que as falas de T. e
de J. eram concomitantes. Essas falas aparecem sublinhadas e em
negrito, a seguir e em itálicas estão os símbolos que J. indica em sua
prancha. SI corresponde a emissões ininteligíveis.
545
Segmento 1 - J. (19a)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Introdução
1 O homem e a linguagem
2 O homem e a cultura
Considerações finais
Referências bibliográficas
Paraíba – UFPB.
4 Mestranda em Odontologia. Graduada em Fonoaudiologia pela Universidade Federal
da Paraíba – UFPB.
5 Mestre em Modelos de Decisão em Saúde. Professora do Departamento de
a mean score of 2.0 for the naming test, and the average score of 1.0 for
the repeat. The DA group showed a mean score of 2.0 for the naming
test, and 0.85 for repeat testing. The characteristics of this study
demonstrate that it is likely that Alzheimer's disease in its early stage
(mild), does not compromise the motor aspect of speech, not hindering
its intelligibility. What we mean by that more than 50% to 70% of
dementia cases, whether of individuals with Alzheimer's disease (AD), it
directly affects cognition and language, but may affect the motor aspects
of speech, only in later stages of the disease. CONCLUSION: The study
showed a strong trend of seniors with Alzheimer's disease mild, with no
neurological pathology and associated motor, presenting similar
aspects in understanding the elderly without pathologies, independent
of being institutionalized or not talking.
INTRODUÇÃO
MÉTODOS
REPETIÇÃO Agora eu vou pedir para o Sr (a) repetir o que eu vou dizer.
Certo? Então repita: “NEM AQUI, NEM ALI, NEM LÁ”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Fonoaudiologia da UFPB;
4Doutora em Linguística pelo PROLING/UFPB e Docente do Departamento de
Fonoaudiologia da UFPB.
574
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS
DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
desenhos com figuras e traços, além da opção de preenchimento colorido, que vêm
acompanhados da escrita correspondente acima. É inspirado no sistema de cores
utilizado no Blissymbolics e mantém a convenção de dividir os símbolos do PCS em seis
categorias semântico-gramaticais, representadas por cores diferentes: pessoas
(amarelo), verbos (verde), sentimentos (azul), objetos (laranja), miscelânia (branco).
Além disso, esses símbolos são utilizados em pranchas de comunicação individuais, que
consistem em superfícies sobre as quais são dispostos os símbolos que serão indicados
pelos seus usuários. Não há uma eleição prévia de símbolos porque as pranchas de
comunicação são construídas junto com o paciente de acordo com o texto clínico. O
sujeito pode, então, apontá-los ou realizar uma varredura, olhando os símbolos e
confirmando o que deseja dizer através de meneios de cabeça ou outro gesto. Não me
deterei à explicação exaustiva dos Sistemas Suplementares ou Alternativos de
Comunicação porque meu foco nesse artigo é outro, apesar de utilizar a prancha de
comunicação na instituição. No entanto, há mais informações em Asha, 1991; Tetzchner
e Martinsen, 1992; Lloyd, 1985; Lloyd, Loncke e Arvidson, 1999; Chun, 1991;
Vasconcellos, 1999; Asha, 1991; Duarte, 2005; entre outros.
593
várias formas. Esses cuidados, dirigidos aos sujeitos com PC, não levam
em conta suas queixas – são decididos pelos cuidadores.
Nessas instituições, a questão da clínica, que envolve demanda e
desejo, assume, como procurei indicar, um perfil bastante complexo.
Importa enfatizar que é improvável que aconteça uma entrevista com
familiares – frequentemente, o clínico, ao ingressar na instituição, lê
prontuários (muitas vezes antigos e escritos por algum funcionário que
teve algo a dizer sobre aquela pessoa). Fato é que ninguém se sente
responsável pelos internos. A pessoa com PC tem uma história que não
pode contar, uma queixa que não pode enunciar e uma demanda que
deve e precisa ser decifrada. Queixa e demanda que devem ser
apreendidas nos movimentos corporais dirigidos ao outro.
Nas instituições, ao lado das dificuldades impostas pela Paralisia
Cerebral, há ainda obstáculos acrescentados pelas características desses
estabelecimentos. Penso que menos do que ter como meta a realização
de um diagnóstico inicial, o aspecto mais importante é que ocorra uma
mudança de posição do clínico, que ele possa se deslocar para uma
posição que “dê voz e vez” à pessoa com PC. Trata-se de assumir uma
posição que não descrimine e não infantilize o paciente ou que o
homogeneíze na classe de “deficientes”. Trata-se de uma posição clínica
devotada à outra idéia de “cuidado”. Note-se que sugiro mudança, antes
de tudo, no clínico. Assim, sob efeito das críticas às instituições, com base
em minha experiência como “fonoaudióloga contratada” nesses
internatos, considero que o passo primeiro e mais essencial a ser dado
corresponda ao deslocamento de uma posição clínica cristalizada -
posição que foi circunscrita pela idéia de doença, de deficiência e de
incapacidade das pessoas com PC.
No caso de instituições, que abrigam pessoas com Paralisia
Cerebral, é forte, como disse, o peso da noção de patologia e de
anormalidade no imaginário de profissionais, cuidadores e voluntários.
A falta de semelhança em relação ao corpo do outro parece impor a idéia
de anomalia. Atribui-se, de imediato, portanto, uma condição de
fragilidade (generalizada) à pessoa que chega ali para morar. Não é,
595
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
I – Considerações iniciais
2 Nome fictício.
609
9 Vá para
garagem, traga
ela para
garagem. Venha,
leve.
Recorte 2
Contexto interativo: A terapia é iniciada com a entrada da terapeuta e da
criança na sala. Há bolas coloridas espalhadas no chão. Ao entrar, Hugo
pega uma das bolas, e a terapeuta, outra.
Idade: 07 anos e 05 meses
3 Para ter acesso a uma leitura mais esmiuçada desses e de outros dados, recomendamos
V – Considerações finais
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
A DISLEXIA DE DESENVOLVIMENTO
Dispraxia
Déficit de atenção
Disgrafia
Disortografia
Discalculia
DISLEXIA E ESCOLA
médicos mantêm diálogo mínimo com a escola, sendo seu contato quase
que exclusivamente mantido com o paciente e com a família.
DADOS DA PESQUISA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
O presente trabalho teve suporte da CAPES para 1a autora (bolsa de doutorado) e da
FAPERJ para a segunda (Projeto: DEL (Déficit Específico da Linguagem) e DAp
(Dificuldades de Aprendizagem): pontos em comum, especificidade no DEL e bases de
possíveis intervenções – FAPERJ CNE E_12/2011). O desenvolvimento do modelo on-
line aqui apresentado tem suporte da bolsa PQ-CNPq.
634
INTRODUÇÃO
A INTERFACE GRAMÁTICA-PRAGMÁTICA
Na produção:
As distinções gramaticais veiculadas pelos traços formais são
compulsórias, na medida em que se encontram expressas na morfologia
da língua;
3Esta é uma representação simples baseada em Levelt (1989). O MINC, de fato, atua na
codificação gramatical, entendida no que diz respeito à computação sintática (notar a
árvore na área central da Figura 1).
641
Na compreensão:
O ouvinte deve reconhecer a informação morfológica pertinente à
intencionalidade e conduzir o processamento na IGP;
O processamento na IGP é crucial para a obtenção do nível de
explicatura, isto é, um nível representacional dependente de
processamento inferencial, referência e enriquecimento.
Condição singular:
Preâmbulo: Esse é Pedro e esse é o estojo escolar dele. Ele carrega um monte de coisas
nesse estojo. O que a gente normalmente carrega num estojo escolar? O que mais você
acha que pode ter aqui dentro? Agora, preste atenção. Pedro pegou uns objetos de seu
estojo. Ele pegou a régua4 e umas canetas.
Pergunta alvo: Ele pegou todas as réguas?
Condição plural:
Preâmbulo: Esse é o José e essa é a gaveta da mesa de cabeceira dele. Mas olha quanta
coisa tem dentro! Que bagunça! O que você consegue ver? E o que mais você acha que
tem debaixo disso tudo? Agora, preste atenção. José tirou uns objetos da gaveta. Ele tirou
um chaveiro e os papéis5.
Hipóteses e previsões:
Inferir que: Havia apenas uma maçã na caixa com base em “Pegou a
maçã na caixa”.
MÉTODO:
Participantes:
22 crianças com idade variando entre 7;0 a 9;3, divididas em dois
grupos:
DAp: 11 crianças com idade média de 8;1, sendo 6 meninos e 5
meninas;
CTRL: 11 crianças com idade média de 8;1, sendo 6 meninos e 5
meninas.
Material:
3 listas aleatorizadas com 16 estímulos, sendo 8 no singular e 8 no
plural, acrescidos de 8 distratores;
3 arquivos PowerPoint com slides contendo as figuras
correspondentes a cada um dos estímulos e distratores;
Um notebook Sony Vaio;
Um gravador digital Panasonic, modelo RR-US511.
Procedimento:
Após uma breve fase de ambientação, as experimentadoras
diziam às crianças que estavam levando uma atividade para a escola
para ver se elas gostavam: um jogo com computador. Após o pré-teste,
tinha início a tarefa propriamente dita. As experimentadoras liam cada
estímulo e distrator (com preâmbulo e pergunta alvo) para as crianças
645
Resultados e discussão:
Os dados foram submetidos a uma ANOVA 2 grupo (DAp; CTRL) X
2 número (singular; plural), na qual grupo foi um fator grupal e número,
um fator intra-sujeito. Foi obtido um efeito principal de número bastante
significativo (F(1,20) = 8,91 p < .007), demonstrando que a
compreensão da totalidade atrelada à referência mostrou-se mais
custosa na condição singular (cf. gráfico 1):
8,0
6,0
3,59
4,0
1,96
2,0
0,0
Singular Plural
Gráfico 1 – Médias de respostas SIM em função de
número (máx. score = 8)
8,0
6,0 4,82
4,0 DAp
2,091,82 2,36
CTRL
2,0
0,0
Singular Plural
Gráfico 2 - Médias de respostas SIM em função da
interação grupo-número (máx. score = 8)
Pedro pegou uns objetos de seu estojo. Ele pegou a régua e umas canetas.
Ele pegou todas as réguas? → “primeira pergunta” (resposta esperada: SIM)
Quantas réguas tinha no estojo? → “segunda pergunta” (resposta esperada: 1)
Padrões de respostas:
8,0
6,0
3,59
4,0
2,0 1,14
0,0
Singular Plural
8,0
6,0
4,55
4,0 3,27
2,0
0,0
DAp CTRL
Gráfico 4 - Médias de respostas “1” à segunda
pergunta da condição singular em função de grupo
(máx. score = 8)
649
Design:
Variáveis independentes: grupo (DAp; CTRL) e prosódia ostensiva
(sem, com), em que grupo e prosódia ostensiva foram fatores grupais.
Variáveis dependentes (seguindo o mesmo padrão de análise da
condição “sem prosódia ostensiva”):
a) número de respostas SIM;
b) número de respostas SIM+(n=1);
c) número de respostas “1” à segunda pergunta na condição singular.
Material:
A única diferença está no número de estímulos: 3 listas
aleatorizadas com 8 estímulos (os mesmos da condição singular do
experimento anterior), seguidos de 8 distratores.
Procedimento:
Idêntico ao da etapa anterior. A única diferença foi que, desta vez,
foi feito o emprego de marcação prosódica no determinante do DP alvo:
650
“Pedro pegou uns objetos de seu estojo. Ele pegou “a” régua e umas
canetas. Ele pegou todas as réguas? Quantas réguas tinha no estojo?”
Resultados e discussão:
Os dados foram submetidos a uma ANOVA 2 grupo (DAp; CTRL) x
2 prosódia ostensiva (sem, com), em que grupo e prosódia ostensiva
foram fatores grupais. Nenhum efeito ou interação foi obtido(a). Ao que
parece, nenhum dos dois grupos se beneficiou da marcação prosódica,
aqui tomada como uma informação ostensiva favorecedora da
interpretação da unicidade/totalidade dos itens em questão (cf. gráfico
5):
8,0
6,0
4,0 Sem
2,64
2,09 1,82
1,27 Com
2,0
0,0
DAP CTRL
Gráfico 5 – Médias de respostas SIM em função de
grupo nas condições sem e com marcação prosódica
(máx. score = 8)
8,0
6,0 5,41
4,0 2,91
2,0
0,0
DAp CTRL
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, F.; ALCHIERI, J.; LEITE, R.; LIMA, S.; SILVA, R. E SOUZA,
C. Síndrome de Down: estudo exploratório da memória no contexto de
escolaridade. Cien. Cogn. 14 (2), 35-46. (2009). Disponível em:
http://www.cienciasecognicao.org.
ALVES, Fátima. Para entender Síndrome de Down. Rio de Janeiro:
Wak, 2011.
ANDRADE, R. e LIMONGI, S. (2007). A emergência da comunicação
expressiva na criança com síndrome de Down. Pró-Fono Revista de
667
1. INTRODUÇÃO
1 Tradução nossa.
671
2 A não tradução deste se dá pela falta de um termo que possua a mesma carga
semântica, pois a ideia que se tem é a de ritmo, batida, musicalidade.
672
4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS