Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AULA 08 –
A FILOSOFIA, A
FORMAÇÃO DO
EDUCADOR E AS
PRÁTICAS
EDUCATIVAS
Caro estudante,
Bons estudos!
Analisar o objetivo da filosofia da educação na formação de professores;
Relacionar a formação do educador com a sua ação pedagógica;
Identificar questões atuais sobre o cenário da educação brasileira.
Assim, cada uma das formas teóricas apresentadas acima deve ser entendida
como esforço de compreensão do ser humano enquanto um ser em desenvolvimento,
apesar de limites históricos e pedagógicos de cada uma delas. Elas podem ter um
papel formativo para prática dos professores, porque indicam caminhos, tendências e
maneiras de vivenciar o processo educacional. Elas podem não ser admitidas por um
determinado educador, mas, como dimensão de sua cultura, ela pode ser atuar
negativamente em sua prática pedagógica. Por isso, a necessidade constante da
crítica do que se pensa e do que se faz no campo da educação, o que é possível
através da filosofia, especialmente através da filosofia da educação.
Ainda quando se trata de uma teoria como essencialismo onde se destacam as
disciplinas fundamentais e determinantes como base para um autêntico processo
educacional, o que se tem em vista é a constituição do ser humano em seu embate
contínuo com a história, com o mundo e consigo mesmo, enquanto uma experiência
que desde o nascimento entra no jogo da coletividade. Por isso, também é importante
elucidar como uma teoria se torna ingenuamente adquirida em um ambiente de
práticas sedimentada.
Enquanto subsídio para que o estudante possa ter um olhar crítico sobre o
cenário educação no Brasil, devemos conhecer um pouco da história dos principais
pensamentos pedagógicos brasileiros. Assim, você entenderá a influência dessas
ideias nas práticas pedagógicas contemporâneas.
Como você pode imaginar, o pensamento pedagógico brasileiro foi influenciado
pelas tendências filosóficas da educação que você viu nas seções anteriores. Essas
correntes orientam o desenvolvimento da filosofia da educação em uma perspectiva
global e, claro, têm oferecido subsídios para posicionamentos teóricos e práticas
pedagógicas no Brasil.
Em primeiro lugar, devemos considerar que a educação no Brasil teve sua
construção estruturada através do objetivo de catequização e dominação dos povos
indígenas, projeto que foi desenvolvido pelos jesuítas que estenderam sua ação
catequizante ao esforço de criação das primeiras instituições de ensino no Brasil.
Educação que, inicialmente, tinha como objetivo central a transformação de condutas,
observando a necessidade de alfabetização ou de processos pedagógicos mais
amplos, somente no limite necessário para o condicionamento de novos
comportamentos (CALEGARI, 2014; LIMA, 2018).
Além disso, foram os jesuítas que inauguraram os primeiros modelos de ensino
superior no Brasil, sendo possível identificar nessas instituições as origens das
universidades brasileiras. A formação nas instituições educacionais dirigidas pelos
jesuítas assemelhava-se a uma Faculdade de Filosofia, no modelo das universidades
europeias, ou seja, se orientava segundo o esforço de uma ampla formação no campo
das humanidades, conforme os limites e aspectos da cultura intelectual vigente na
Europa.
Destacou-se, nesse sentido, a instituição Estudos Gerais do Colégio dos
Jesuítas da Bahia, onde estavam organizados e funcionavam, inicialmente, duas
instituições de ensino superior. O Colégio dos Jesuítas, para a formação de
sacerdotes e bacharéis em Artes, e a Aula de Fortificação e Artilharia, para a formação
de engenheiros militares. No século VII, ainda que não tivessem a aprovação oficial
de Portugal, os jesuítas trataram essa instituição de ensino como uma universidade,
pois dirigiam faculdades de Artes, de Teologia, Matemática e Engenharia. Nestes
cursos, foram formados, durante o período colonial, especialmente no século XVIII e
XIX, novos sacerdotes, engenheiros e doutores, dando origem a primeira elite
intelectual brasileira (FRANCA, 1952).
Em 1890, Caetano de Campos (1844-1891), um importante médico e educador
brasileiro, defendeu a necessidade da criação de um curso normal superior em
território brasileiro, mas esta proposta não se concretizou. Foi somente na década de
1920 que Sampaio Dória (1883 – 1964) idealizou a construção da Faculdade de
Educação em São Paulo para a formação de inspetores, diretores de escolas normais,
ginásios e grupos escolares, além de professores de escolas complementares.
Embora esse projeto tenha se tornado lei, ele não se consolidou e apenas uma
década depois, iniciou-se a trajetória dos cursos de pedagogia no Brasil, constituindo-
se, assim, no ambiente de criação da Faculdade de Filosofia de São Paulo, a primeira
institucionalização de uma proposta de formação de educadores em território
brasileiro através do primeiro curso de pedagogia brasileiro (VIEIRA, 2008). Como
aponta Lima (2018), essa institucionalização se deu em um momento histórico onde o
mercado de trabalho se tornava mais exigente, sob a influência de um cenário de
modificações econômicas e sociais de alcance mundial.
Com relação ao pensamento pedagógico brasileiro liberal e os defensores da
escola nova no Brasil, na década de 1930, é possível identificar quatro projetos de
qualificação do Magistério. Entre ele se afirmam o Instituto de Educação da
Universidade de São Paulo, criado por Fernando de Azevedo, em 1934, e a Escola
de Educação da Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em 1935, criada
por Anísio Teixeira. Os Institutos de Educação do Distrito Federal e de São Paulo
foram, portanto, elevados ao nível universitário, tornando-se a base dos estudos
superiores de educação em território nacional. O paulista foi incorporado à
Universidade de São Paulo, fundada em 1934, e o carioca foi incorporado à
Universidade do Distrito Federal, criada em 1935 (EVANGELISTA, 2002; SAVIANNI,
2009).
Essas duas instituições foram a base em que se organizaram os cursos de
formação de professores para as escolas secundárias, ampliadas como projeto para
todo o país a partir do decreto-lei n. l.190, de 4 de abril de 1939, que deu organização
definitiva à Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, dando os
contornos de um projeto pedagógico que tinha objetivos nacionais, conforme
prioridades que se organizam segundo a maneira como estado brasileiro estava
estabelecido naquele momento. Nesse período, os objetivos pedagógicos se
orientavam pelo esforço de formar quadros técnicos administrativos para a educação
e de professor para as escolas normais (LIMA, 2018; SAVIANI)
No que diz respeito ao pensamento pedagógico progressista do Brasil,
destacam-se as iniciativas relacionadas à educação política versus a instrução.
Conforme Gadotti (2001, p. 248), “Paschoal Lemme [foi] iniciador do pensamento [...].
A tese central de suas obras é que não há educação democrática a não ser em uma
sociedade verdadeiramente democrática”.
Seguindo a mesma linha pedagógica, Álvaro Vieira Pinto defendia que:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 9. ed. São
Paulo, Loyola, 2005.
ALVES, Rubens. Ao mestre com meu carinho. A arte de pensar com o afeto. São
Paulo: Verus, 2004.
ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1980
VIEIRA, Cleber Santos. Entre as coisas do mundo e o mundo dos livros: prefácios
cívicos e impressos escolares no Brasil Republicano. São Paulo, 2008.Tese
(doutorado), FEUSP.