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Pedagogia tecnicista
A partir dos anos 50, ganha força entre nós a influência behaviorista americana
(comportamentalista), introduzindo alterações na organização da escola e no currículo, e
culminando no tecnicismo que se instala oficialmente no sistema educacional brasileiro
na década de 70, com a Lei n. 5.692/71.
A intensificação da preocupação com os métodos levou à busca da eficiência
instrumental. O eixo do ensino nessa perspectiva é a organização racional dos meios.
Enquanto na escola nova os meios são controlados e definidos por professores e alunos,
na tecnicista o processo racionalizado é que define o que farão professores e
alunos, como e quando. Preocupação com a objetividade e a operacionalidade do
ensino.
Aqui o pressuposto é de que a maior produtividade do indivíduo (capital cultural
individual) conduz à maior produtividade da sociedade (visão desenvolvimentista). A
educação subordina-se à sociedade (reduzida a mercado) em sua função de formar
recursos humanos (mão-de-obra) em primeiro lugar e não seres humanos plenos,
cidadãos. É o que alguns autores vão chamar de visão produtivista da educação.
Em termos da concepção de aprendizagem, a perspectiva empirista predomina nessa
proposta, tendo como postulado básico que o conhecimento é produto da experiência
exterior. Essa concepção coloca em relevo o objeto, os estímulos externos, a pressão do
ambiente e, em plano secundário, a atividade do sujeito que conhece. O behaviorismo
apoia suas investigações numa base empirista e chega a definir a aprendizagem como
mudança de comportamento resultante do treino ou da experiência. Nessa perspectiva, a
aprendizagem identifica-se com o condicionamento (reações a estímulos que podem ser
previstas, medidas e controladas).
O sujeito que aprende é um receptáculo de informações, passível de ser moldado (objeto
e não sujeito). A aprendizagem, resultando da experiência externa, não precisa das
significações do sujeito, nem de sua atividade organizativa. O que garante a
aprendizagem é o ensino baseado em práticas pedagógicas que submetem os alunos à
autoridade do professor, dos livros, dos exercícios programados, das avaliações.
Essa perspectiva conduz à crescente burocratização da escola, à fragmentação e à
especialização do trabalho docente e ao reinado dos materiais instrucionais, reduzindo o
papel do professor à administração de um sistema de instrução concebido por
especialistas.
Teorias Críticas
Teorias crítico-reprodutivistas
O cunho economicista da abordagem educacional dos anos 70 (visão produtivista da
educação, propostas tecnicistas de organização da educação), gerou análises
educacionais de fundamentação marxista, que colocam em discussão a relação escola-
sociedade numa perspectiva de profunda crítica à escola como reprodutora das
desigualdades sociais.
As teorias crítico-reprodutivistas – teoria da escola/aparelho ideológico do Estado,
Althusser (1974); teoria da violência simbólica, Bourdieu e Passeron (1975); teoria da
mistificação pedagógica, Charlot (1979); teoria da escola dualista, Baudelot e Establet
(1980) – preocuparam-se em explicar o funcionamento da escola tal como este ocorre
na sociedade capitalista. Não apresentaram propostas pedagógicas, mesmo porque não
viam a escola como instrumento de luta pela transformação social.
Essas teorias tiveram como principais conseqüências no meio educacional:
. colocaram em evidência o comprometimento da escola com os interesses do grupo
dominante (escola dual: escola de natureza e qualidade diferenciadas para o povo e para
as elites; escola excludente: instrumento de discriminação social e de legitimação do
sucesso dos já favorecidos );
. disseminaram um pessimismo desmobilizador entre os educadores (especialmente da
escola pública), levando-os a sentirem-se impotentes diante dos condicionadores sociais
e a não acreditarem nas possibilidades da prática educativa.
Papel do
Conteúdos
Aluno
Escolares Metodologia
Papel do Professor
Tendênci Didática Função de Avaliação
Memorizar
as Fatos e
Implementar ações conhecimen
Tradicion conceitos Exposição SelecionarClassificarContabil
Vigiar / Corrigir to ouvir c/
al científicos oral pelo izar
Aconselhar atenção
das professor
Fazer
disciplinas
exercícios
escolares
Facilitar a Participar Temas de Descoberta
aprendizagem ativamente interesse do pelo aluno
Renovada Acompanhar o processo de
Coordenar Pesquisar aluno Passos do
/ Nova desenvolvimento do aluno
atividade Demonstrar Temas da método
Apoiar curiosidade vida científico
Dar
FatosConceit
respostas Aplicação
Implementar ações os
programada de materiais
Aplicar materiais Princípios Medir
Tecnicista s instrucionais
instrucionaisContro científicos Controlar
Reagir a pelo
lar fragmentados
estímulos professor
externos
Pensar,
refletir,
interpretar
experiências,
vivências.
Buscar
informações
Diálogo
Processar
Construção
informações,
Mediar a Pensar, coletiva do
fatos, Diagnosticar e regular as
construção do refletir conhecimen
conceitos, aprendizagens
Libertador conhecimento Interpretar to
princípios, Orientar as intervenções
a Crítico- Provocar, desafiar, experiência Interações
normas, pedagógicas
social problematizar s, vivências entre os
procedimento Acompanhar o
Criar situações de Buscar sujeitos no
s, valores, desenvolvimento do aluno
aprendizagem informações processo de
atitudes
conhecimen
Conheciment
to
os científicos
e
experiências
socioculturais
vistos de
forma
globalizada
Fonte: elaborado pela autora do texto
Teorias “pós-críticas”
Os anos 90 trouxeram uma nova perspectiva de abordagem das questões educacionais.
Sem perder de vista a característica crítica, foram incorporadas outras categorias de
análise ao campo educacional, reconhecido como um espaço epistemológico social
(SILVA, 1999), em que é importante identificar as conexões entre saber, identidade e
poder.
Assim como as teorias críticas deslocaram a ênfase dos conceitos pedagógicos de
ensino, aprendizagem, métodos didáticos, para os conceitos políticos de
conscientização, libertação, prática social, as teorias pós-críticas vieram trazer um novo
deslocamento na direção de conceitos como subjetividade, intersubejtividade,
multiculturalismo, diversidade, identidade, gênero, etnia, representação (ver Dicionário
de Educação Inclusiva).
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública. São Paulo: Loyola, 1985.
No capítulo Tendências Pedagógicas na Prática Escolar, o autor buscar mostrar como a
prática dos professores é influenciada por determinadas teorias de educação, devendo as
mesmas ser desveladas para que estes assumam escolhas conscientes.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, 1985. 95 pp.
Esta foi uma leitura fundamental nos anos 80 e, ainda hoje, oferece uma boa síntese
para os educadores que desejam uma compreensão mais sistemática e crítica das
diferentes teorias da educação. Ajuda especialmente na discussão das relações entre
educação e sociedade.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
Abordagem atual das teorias que fundamentam a organização curricular, situando-as no
seu processo evolutivo até as grandes transformações que vêm ocorrendo na década de
90, com as teorias pós-críticas. Avança em relação à abordagens da década anterior, em
que predominam as contribuições de autores com Libâneo e Saviani.
Outras Fontes Consultadas:
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Porto Alegre:
Civilização Brasileira, 1979.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo, Cortez, 1992.
PALACIOS, Jésus. Tendências contemporâneas para uma escola
diferente. Cadernos de Pedagogia, Barcelona, v. 5. 5 mar. 1979.