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Sentidos 12, Unidade 4 – Contos Cenários de resposta

Página(s) Domínio / texto Cenário de resposta

146 Informar 1. Narrativa pouco extensa e, por isso, concentrada. As personagens são em número reduzido, havendo, geralmente, uma centralizadora que confere
unidade ao conto. O espaço e tempo apresentam linearidade e surgem numa perspetiva convergente; particular exigência no que se refere ao equilíbrio
da dimensão narrativa e descritiva, fruto da reduzida extensão.

147 Compreensão do Oral 1.


a. F – O programa radiofónico foi transmitido por ocasião do centenário do nascimento do escritor (15 de outubro de 2011).
b. F – O autor era um amante da liberdade, por isso foi oposicionista ao Estado Novo.
c. V

2.1 [D]
2.2 [B]
2.3 [A]
2.4 [C]

3. [A], [E]

149 Aplicar 1.
[A] – [1] e [3]
[B] – [2] e [5]
[C] – [4] e [6]

2.1
a. Leitura de um conto de Manuel da Fonseca no 3.º ciclo.
b. Dia seguinte ao da leitura de um conto de Manuel da Fonseca no 3.º ciclo (lendo mais dois contos do mesmo autor).
c. Dia anterior ao momento da enunciação (“Ontem”, dia da leitura do último conto de Manuel da Fonseca).
d. Momento da enunciação.

2.2
a. Anterioridade.
b. Posterioridade.
c. Anterioridade.

2.2.1
a. O complexo verbal “tinha lido” remete para uma ação anterior à que ocorreu na véspera do momento da enunciação, ou seja, realizada antes do
“ontem”.
b. Considerando que o [D] corresponde ao momento da enunciação (“hoje”), conclui-se que o [C] é anterior a este, ou seja, reporta-se ao “ontem”,
comprovado pelo uso do pretérito perfeito, exemplificado na forma verbal “li”.
c. A afirmação “Depois desse primeiro contacto”, que ocorreu no 3.º ciclo, situa a ação correspondente ao [B] num tempo anterior ao do momento da
enunciação, que é o do “hoje”.
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2.3 Formas verbais simples: “li”, “fiquei”, “confirmaram”; formas verbais complexas: “tinha lido”, “fui ler”.

2.4 Pretérito perfeito do indicativo.

150 Informar 1.
a. F – O espaço representado é o Alentejo rural, mas apresentado como palco de “conflitos e tensões” (l. 8).
b. V
c. V
d. F – As personagens são caracterizadas pela solidão e pela angústia.

156-159 Educação Literária 1.1 Primeira parte – “Solidão”: a vida dos habitantes era monótona e triste; durante o dia os homens trabalhavam e à noite dirigiam-se para as suas casas
e dormiam; António Barrasquinho passava o dia sentado à espera de atender os poucos fregueses que se deslocavam à sua venda. Segunda parte –
"Convivialidade": após a chegada da telefonia, todos os habitantes se dirigiam no fim de um dia de trabalho à venda onde conviviam e ouviam notícias e
canções.

A – primeira parte do conto

2. António Barrasquinho (Batola) tem uma compleição física baixa, é “atarracado, as pernas arqueadas” (ll. 10-11) e veste
de forma tipicamente alentejana: ‘chapeirão’, ‘o lenço vermelho amarrado ao pescoço’” (ll. 11-12). É indolente, apático,
“vem dormindo lá dos fundos” (l. 2); “vem tropeçando nos caixotes” (l. 9), infeliz, solitário, alcoólico, “senta-se e começa a
beber a pequenos goles” (ll. 15-16); violento, “Era o Batola, bêbado, a espancar a mulher” (ll. 46-47).

A mulher é “Muito alta, grave” (l. 4), tem “um rosto ossudo” (ll. 4-5); é responsável, diligente, “abre a venda e avia aquela
meia dúzia de fregueses” (l. 3); “volta à lida da casa” (l. 4); determinada, autoritária, dominadora, “é ela quem ali põe e
dispõe” (l. 5).

Os ceifeiros trabalham arduamente nos campos, de onde chegam exaustos do dia de imenso trabalho, “figurinhas
dobradas pelos atalhos” (l. 85).

O Rata, personagem evocada por Batola, é um mendigo, um agente de mudança, pois trazia o mundo à aldeia,
combatendo a solidão de Batola e o isolamento de Alcaria: “Pedia de monte a monte, […] Até fora a Beja. Voltava cheio de
novidades.” (ll. 54-56).

3. O relacionamento é conflituoso: ela é dominadora quando tem de tomar decisões, ativa; ele é violento quando está ébrio; ostenta uma postura
passiva.

4. A ação passa-se na pequena aldeia alentejana de Alcaria, mais especificamente num microespaço que é a venda do Batola.

5. Alcaria é perspetivada como um espaço pobre, deserto, isolado, transmitindo monotonia e solidão. A venda do Batola, que comunica com os fundos
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da casa, caracteriza-se igualmente pela pobreza e pela desarrumação e desleixo. Destaca-se ainda o caminho que passa ao lado da venda e através do
qual se estabelece comunicação com o exterior, com o mundo: “o velho caminho que vem de Ourique e continua para sul”.

6. Os habitantes eram pobres, tal como o espaço em que habitavam, estavam isolados do mundo e viviam do trabalho dos campos; o seu ritmo de
vida dependia da luz do Sol e a chegada da noite trazia-lhes ainda mais solidão e mais escuridão.

7.1 Batola sentia-se abatido, solitário e desalentado com o que observava em seu redor: “para qualquer parte que volte os olhos, estende-se a solidão
dos campos” (ll. 77-78), “despropósito de plainos sem fim, todos de roda da aldeia, e desertos!” (ll. 80-81).

7.2 “solitário como um desgraçado” (l. 44) e “[…] engrossa até se alongar, como um uivo de animal solitário” (ll. 95-96). Estas expressões retratam a
solidão e a infelicidade dolorosa; no primeiro caso, fruto do mau relacionamento com a mulher, e, no segundo, do isolamento e da monotonia em que
vive.

8.1 O espaço psicológico é perspetivado quando Batola recorda o velho amigo Rata e a novidade que este trazia de outros espaços que se afiguravam
diferentes daquele onde se encontrava. No fundo, a personagem Rata comprova o isolamento a que Alcaria estava votada e a solidão dos seus
habitantes: (“[…] lhe vem à ideia o velho Rata” até “por todo aquele mundo.” (ll. 53-57).

9. O modo de vida das personagens é rotineiro e monótono, comprovável pela utilização do gerúndio no complexo verbal em várias referências a
Batola (“vem tropeçando nos caixotes”, l. 9; “enquanto vai passando as mãos pela cara”, l. 11), e o espaço é desolador e vasto. Estas duas
características levam à perceção de que o tempo “se arrasta” e que não passa, como se verifica em segmentos textuais como “matando o tempo com
longos bocejos” (l. 49) ou “No estio […] os dias do tamanho de meses” (ll. 49-50); “carregado de tristeza, o entardecer demora anos” (l. 82); “a noite
[…] tomba tão vagarosamente” (ll. 82-83). Apresenta-se, portanto, uma perspetiva psicológica do tempo.

10.1 As expressões encerram personificações relativas ao espaço e ao tempo e contribuem para a caracterização psicológica destas duas categorias
narrativas. Dir-se-ia que são o espaço e o tempo que condicionam o comportamento dos seres humanos, que não conseguem vencer nem mudar a
monotonia nem a rotina das suas vidas; tanto o que se avista (espaço) como o dia a dia (tempo) são tão deprimentes que os habitantes estão
condenados ao isolamento e à letargia. A descrição das casinhas como “nuas” remete ainda para a pobreza extrema do espaço físico.

B – segunda parte do conto

1.1 A rotina será alterada pela chegada de dois estranhos, o vendedor e Calcinhas, que, supostamente por terem problemas no carro, tiveram de parar.
Então, o homem bem vestido aproveitou para vender uma telefonia a António Barrasquinho.

2.1 O vendedor representa o progresso. A personagem faz uso da sua capacidade persuasiva para convencer Batola a comprar uma telefonia, o que,
inicialmente, não se mostra tarefa complicada. Mais difícil foi convencer a mulher de que o rádio seria importante naquele deserto. Destacam-se como
características o poder de argumentação na demonstração das qualidades do rádio; o poder de persuasão, uma vez que convence a mulher a ficar com o
rádio, “se não quiserem, devolvem-na” (l. 177). Na opinião de Batola, ele é “simpático e franco” (l. 120), o que acaba por contribuir para o seu engenho
de vendedor. No entanto, toda a estratégia usada pelo vendedor indicia o seu caráter enganador: por um lado apresenta como razão para ter parado na
venda uma avaria do carro; por outro, aceita deixar o aparelho à experiência durante um mês, mas levando consigo as letras assinadas por Batola.

2.2 O discurso direto permite, por um lado, dar destaque à personagem – o vendedor – e ao seu papel na tarefa de vender o aparelho. Por outro lado, o
alargamento diegético deste passo do texto leva a que o tempo da narração seja equivalente ao tempo da ação, o que nos permite assistir à eficácia do
discurso e ao modo como determina a decisão de Batola. Além disso, imprime vivacidade e transmite verosimilhança ao texto narrativo.

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3. Ao decidir a compra do aparelho, desafiando a mulher, “Pronto! Quem manda sou eu!” (l. 167), Batola vai provocar várias mudanças, desde logo, a sua
própria transformação, a da vida dos ceifeiros (e dos restantes habitantes da aldeia) e a alteração da relação conflituosa entre ele e a mulher.

4. Os habitantes da aldeia, que anteriormente recolhiam cedo a suas casas, passaram a vir à venda, a ouvir as notícias e as melodias, deixando, assim, de
viver na solidão. A telefonia trouxe o convívio e a comunhão a Alcaria (“Um sopro de vida paira agora sobre a aldeia”, l. 198). A rádio trazia o mundo ao
deserto alentejano quer através das notícias (da guerra) quer através da música. Desta forma, os habitantes da aldeia “sentem que não estão já tão
distantes as suas pobres casas” (l. 199).

5.1 Barrasquinho mostra-se animado, lúcido, responsável (“começou a levantar-se cedo e a aviar os fregueses”, l. 212); conversador, interessado, ansioso
por notícias (“é, de todos, o que mais vaticínios faz sobre as coisas da guerra.”, ll. 213-214).

6. As notícias de guerra dadas pelas emissões de rádio permitem localizar a ação no período da Segunda Guerra Mundial: “notícias da guerra!...” (l. 139) e
“aquela voz poderosa fala de cidades conquistadas, divisões vencidas, bombardeamentos, ofensivas.” (ll. 201-202).

7. Apesar de a ação do conto se prolongar por um mês, os momentos centrais são o dia da chegada do vendedor, que traz consigo o rádio, e o dia em
que termina o período experimental (que corresponderá à reconciliação de Batola com a mulher). Podem salientar-se, ainda, as referências às noites
de todo o mês porque correspondem, num primeiro momento, à letargia habitual, por oposição ao posterior período de vitalidade da aldeia,
motivado pelas audições radiofónicas.

8. Ao contrário da morosidade da passagem do tempo na primeira parte do conto, provocada pelo isolamento de Alcaria, na segunda, a mudança no
modo de vida das pessoas, o convívio que ocorre à noite à volta da telefonia, dá a ideia aos habitantes de que não estão isolados, transmite a
sensação de que, afinal, o tempo passa rápido: “o fim do mês caiu de surpresa em cima da aldeia da Alcaria.” (ll. 222-223).

9.1 Por um lado, atendendo à brevidade narrativa, característica do conto, trata-se de uma questão de economia narrativa. Ao reportar o discurso da
personagem, o narrador tem a possibilidade de introduzir um adjetivo – “apressado” − mostrando uma oposição relativamente à atitude por ela assumida
durante a venda do aparelho.

10.1 O fim deste mês poderia significar a devolução do aparelho, tal como impusera a mulher de Batola. Essa possibilidade representaria o regresso à
solidão, à miséria, à vida dura e monótona do trabalho rural e o fim da “convivialidade”. No fundo, nada mais esperaria aquela população do que a
solidão da noite e uma vida pouco digna enquanto seres humanos: “[…] saíram da venda mudos e taciturnos. Fora esperava-os o negrume fechado. E eles
voltavam para a escuridão, iam ser, outra vez, o rebanho que se levanta com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo cansaço e pela noite…”
(ll. 226-229).

11.1 Chegado o momento de devolver o rádio, é a mulher de Batola que, com ar submisso, sugere ao marido que não devolva o aparelho: “− Olha… Se
tu quisesses, a gente ficava com o aparelho:” (ll. 245--246). Esta personagem, autoritária e arrogante no início da ação, aparece transformada, após
um mês de ausência. Perdeu a postura dominadora e apresenta “uma quase expressão de ternura” (l. 244) após perceber que, afinal, viviam num
deserto e só aquele aparelho permitiria uma ligação ao “mundo”.

12.1 Pela análise do conto, pode associar-se a ideia de “cinzas” à primeira parte, em virtude da ausência de vitalidade dos aldeãos, do seu quotidiano
“cinzento” e desconsolado, fruto da solidão em que viviam naquele “deserto”. O “fogo” corresponderá à segunda parte, que descreve a mudança
operada na aldeia pela telefonia. Assiste-se a “um sopro de vida”, que leva os habitantes de Alcaria (homens, mulheres, crianças, namorados, …) à venda
do Batola todas as noites para ouvir “as notícias da guerra” e “as melodias que vêm de longe”. No fundo, das cinzas renasceu o fogo!

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C – globalidade do texto
1.
a. Anterioridade.
b. Simultaneidade.
c. Posterioridade.

2. Modalidade deôntica, valor de obrigação.

3.
a. Predicativo do sujeito.
b. Sujeito.

4.
a. Derivação não afixal.
b. Derivação por sufixação.

5. Valor temporal.

6. Orações coordenadas assindéticas.

7. “lavra”, “cava”, “terra”, “ceifa” e “recolhe”.

8. Coesão gramatical referencial (uso anafórico de pronomes).

9.
a. Sonorização e metátese.
b. Vocalização.

159 Compreensão/Expressã 1.1


o Oral a. F − Tem havido sempre crescimento.
b. F − Cerca de três quartos das fotografias tiradas são divulgadas na Internet.
c. V
d. F − A rotina diária, desde o acordar até ao deitar, é o "alvo" preferido da fotografia.
e. V
f. V
g. V
h. F − Apesar de se tirarem mais fotografias digitais, elas não terão a longevidade das “de papel” e, portanto, perder-se-ão mais facilmente, e com elas a
memória de tais momentos.

2.1 Resposta de caráter pessoal. No entanto, poderão ser desenvolvidos os seguintes tópicos:
− as características, as origens e os interesses dos membros mais antigos da família, os antepassados;
− a construção da história de cada geração da família e o modo como esta se desenvolve;

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− as festas de família e o reforço dos laços familiares;


− a evolução física, as diferentes fases de crescimento e as mudanças que sofremos desde que nascemos.

160 Informar 1.
[A] – [5]
[B] – [7]
[C] – [2]
[D] – [6]

161 Informar 1.
a. Relação marcada por oposições − ela é diligente, trabalhadora, sossegada, mas ativa; Batola é indolente, passivo, apático. Conhecemos o nome, apelido
e alcunha da personagem masculina; da mulher, nem o nome.

b. Relação de amizade e convivência enquanto foi possível a Rata “viajar” e trazer as novidades. Na doença do mendigo, Batola é solidário com o amigo,
mas “nem trocavam palavra” (l. 21); contudo, a morte do antigo mensageiro agudiza a solidão de Batola.

c. Relação de oposição no que se refere à “produtividade” e à “dureza da vida”. Batola é preguiçoso e os ceifeiros trabalham todo o dia arduamente. Os
homens são desprovidos de bens e Batola usa um fio de ouro no colete; os homens sentem a solidão e a falta de esperança e Batola tem consciência
dessa condição dos seus conterrâneos. No entanto, tanto ele como os outros apresentam uma certa condição animalesca.

164-165 Aplicar 1.1


[A], [D] e [G] – Descrição: utilização do presente, do pretérito perfeito e do pretérito imperfeito; recurso à adjetivação (“desgarradas e nuas”); recursos
expressivos – personificação “casinhas […] nuas”.
[B] e [F] – Narração: sequencialização de ações; recurso a marcadores espácio-temporais ("uma última vez"; “ao meter os papéis dentro da pasta”)
[C] – Dialogal: alternância de interlocutores; sinais gráficos da mudança de interlocutor; recurso à pontuação (interrogações e exclamações) para simular
a modulação de voz da oralidade.
[E] – Explicativo: finalidade de demonstrar o funcionamento do aparelho (rodar o botão); recurso à especificidade lexical e ao presente do indicativo.
[H] – Argumentativo: tentativa de convencer o interlocutor através do argumento “financeiro”; verbos no presente do indicativo.

2.1
[A] – Descritiva; presente do indicativo – “sobe que sobe”; “há de”; estruturas qualificativas: “janelas de guilhotina”, “telhados de ardósia em escama”;
recursos expressivos: enumeração “de esquinas de azulejo, janelas de guilhotina, telhados de ardósia em escama”.
[B] – Narrativa; marcador temporal – “No dobrar do século XIX”; sequencialização das ações; utilização do pretérito perfeito: “fracassou”, “gostou”.
[C] – Explicativa; vocabulário específico – “A corrente faz girar um imã dentro de uma bobina”; explicação do funcionamento do semáforo.
[D] – Descritiva; recurso a modificadores – frases relativas “que se aproxima”, “que tem corrido mundo”, “que tem morado no fundo de uma gaveta”;
utilização de verbos de estado: “é vago e sem contornos”.
[E] – Narrativa; utilização de verbos no pretérito perfeito e sequencialização das ações: “teve”, “casou-se”, “divorciou-se”; no entanto, de “fez loiros
cabelos” até “como dantes eram” o segmento é descritivo.

167 Leitura 1. Determinantes possessivos: “Minha avó” (l. 6); “Meu avô” (l. 9); pronomes pessoais: “Não sendo eu” (l. 16); “deslocar-me” (l. 23); formas verbais na
primeira pessoa do singular: “tenho [para contar]” (l. 23); “reparei que” (l. 24).

2. Em primeiro lugar, a não coincidência entre o tempo da escrita e o do acontecimento evocado, conforme se vê nas múltiplas referências ao passado,
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por oposição ao presente, conforme os segmentos textuais: “Não sendo eu então, e até hoje” (l. 16); “caberia aqui […] se não fosse outra a história que
tenho para contar” (ll. 22-23); “Fossem estes meus avós […], e eu admitiria, hoje” (ll. 32-33). Em segundo lugar, o recurso à memória, visível em vocábulos
como “recordação” ou “lembrança”.

3. O desafio subtil do avô quando chegava a casa, à tardinha, depois do trabalho e a “proibição” da avó transformaram “o fruto proibido” em “fruto
apetecido”.

4. A ação passa-se em 1933, um ano depois de Salazar ter chegado à Presidência do Conselho em Portugal, ou seja, nos primórdios do Estado Novo. Na
Europa, assiste-se à subida de Hitler ao poder, o que virá a originar a Segunda Guerra Mundial.

5. O isolamento do Ribatejo – o Século era o único jornal que chegava à Azinhaga; o analfabetismo dos avós e a pouca instrução dos restantes familiares;
a fotografia do chanceler austríaco Dollfuss a assistir a um desfile de tropas e a constatação de que era “baixinho”.

6.
a. LEGERE > leger > leer > ler – apócope, síncope e crase (por ordem);
b. Palatalização.

7. Parassíntese.

8. Modalidade epistémica com valor de certeza.

9. Complemento do nome.

167 Escrita Sugere-se o seguinte plano:


Introdução: referência à necessidade de o ser humano guardar momentos importantes da sua vida.
Desenvolvimento:
– relevância desses momentos para preservar, por exemplo, os laços afetivos que o unem a outras pessoas;
− pertinência da memorização das aprendizagens efetuadas no percurso de vida e evolução do ser humano.
Conclusão: a memória é fundamental para o crescimento psicoemocional e social do ser humano.

168 Compreensão do Oral 1.1


a. Nascimento (em Lisboa).
b. Casamento com Urbano Tavares Rodrigues.
c. Permanência em França.
d. Morte (em Lisboa).

1.2 Escritora e colaboradora em jornais e revistas.

1.3 Tanta gente, Mariana − estreia literária (1959); As palavras poupadas – prémio Camilo Castelo Branco; Os armários vazios; Flores ao telefone; Seta
despedida; A flor que havia na água parada.

2.

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[A] – [3]
[B] – [6]
[C] – [8]
[D] – [7]
[E] – [2]
[F] – [4]
[G] – [9]
[H] – [10]

3. Pelo discurso, facilmente se infere um relacionamento de enorme cumplicidade, amizade e amor entre o casal. São evidentes as marcas emotivas no
seu discurso, sobretudo pelo recurso às marcas não verbais: emotividade do discurso, semblante alegre, …

169 Informar 1.
a. F – Só são póstumas as obras A flor que havia na água parada e Havemos de rir?
b. F – É um marco graças à técnica narrativa evidenciada.
c. V

169 Escrita 1. Da obra da autora constam textos narrativos, textos dramáticos e poéticos. No entanto, são os primeiros que maior relevância assumem e destes
destaca-se a primeira obra, Tanta gente, Mariana…, pois aí são já visíveis aspetos técnico-estilísticos e temáticos que viriam a caracterizar a obra da
escritora. A sua escrita, límpida, mas consistente, apresenta-nos uma visão desencantada da vida e da condição humana e versa temas como a solidão, a
morte ou a passagem do tempo.

(75 palavras)

174-175 Educação Literária 1.1 A personagem chama-se George e caminha numa rua longa, mas familiar, uma vez que é a “rua onde George volta a passar depois de mais de vinte
anos” (ll. 3-4).

2.1 A construção do retrato faz-se, aparentemente, com apelo à memória. O rosto da jovem vai surgindo aos poucos e vai ganhando contornos mais
definidos à medida que vai ficando mais presente. Inicialmente é desfocado, “vago e sem contornos” (l. 12), como se se tratasse de uma mancha. Vai
ganhando, depois, feições, ainda que “incertas”. Ao ficar mais próximo, destacam-se os olhos largos, semicerrados, a boca fina e os cabelos lisos escuros
“sobre um pescoço alto de Modigliani” (ll. 21-22).

2.2 As sensações visuais dominam a construção do retrato, tal como se de uma pintura se tratasse, desde a descrição dos vestidos, “claros, amplos” (l. 9),
ao seu movimento e à composição do rosto, “vago e sem contornos” (l. 12), “pincelada clara” (ll. 12-13), “mancha pálida” (l. 16), “olhos largos” (l. 20) e
“pescoço alto” (l. 21). Existe também o recurso à sensação auditiva na referência à voz “real e viva” (l. 17).

3. Simbolicamente, estas alusões dão conta do desdobramento da personagem, comprovável pelo movimento dos vestidos (que são muito semelhantes),
pela fotografia que George tem guardado ao longo da vida, e que constitui o seu único “fetiche”, e que é, afinal, a imagem “da mais nova”, e, por fim,
pela voz que se mantém clara como no passado, apesar de todas as perturbações da vida de George. Todas estas referências indicam que se trata de uma
recordação e não da realidade, o que se comprova por meio da expressão “nesse tempo, dantes, não sabia quem era Modigliani”.

4. Ironia, uma vez que pretende evidenciar as diferenças culturais entre George, que era conhecedora de literatura, cinema e pintura, e os seus pais, que
ela considera quase ignorantes, o que acaba por influenciar a sua decisão de partir.
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Sentidos 12, Unidade 4 – Contos Cenários de resposta

5. A interrogação pretende reforçar a inconstância e o caráter plural de George, ideia que percorre todo o parágrafo. Em primeiro lugar, as várias
transmutações físicas, evidenciadas na mudança da cor dos cabelos, sem, contudo, se aproximarem da cor primordial; em segundo lugar, as vivências
amorosas (“Teve muitos amores”, l. 36, “casou-se, divorciou-se”, l. 37) e o movimento físico que caracteriza a sua vida, “partiu, chegou, voltou a partir” (l.
38).

6. George desloca-se à vila após a morte dos pais, para vender a casa que herdou. Esta ação originou o reencontro da mulher adulta com a jovem que foi
no passado (“cujo nome quase quis esquecer, quase esqueceu”, ll. 8-9), mas de quem nunca se tinha libertado (guardou sempre a sua fotografia), o que
acabará por suceder agora, já que o frágil elo que ainda a ligava ao passado (a casa) se quebrou, afastando por completo Gi (“o esquecimento desceu
sobre ambas”) e o espaço natal (“Árvores, casas e mulher acabam agora mesmo de morrer”, ll. 123-124).

7.1 Ambos ambicionam coisas diferentes da vida. Carlos pretende “criar” raízes na vila; construir uma casa, o que poderá ser entendido com obtenção de
estabilidade e fixação ao local. Gi, por seu lado, pretende ver o mundo, partir, vontade que não concretizará se tiver a casa; por isso, vive em casas
arrendadas, não estando presa a pormenores: a casa alugada é a certeza de “rua nova à espera dos seus pés” (l. 48).

8.1 A velocidade do comboio associada à simbologia do termo “fugir” significa o corte radical com o passado. Quebrado o laço umbilical com o berço
materno – a casa –, nada mais a ligará a quem foi.

9.1 O processo de construção é semelhante ao da figura feminina mais jovem, Gi. A figura vai-se criando “aos poucos como um puzzle gasoso, inquieto,
informe”, até se corporizar, neste caso, numa “mulher velha” (l. 136).

10. O discurso direto evidencia a personagem e a relevância da sua voz; o diálogo entre o presente, George, e o passado, Gi, funcionando como uma
analepse através da qual são revelados aspetos do passado da personagem e confirmadas algumas informações do presente – vive em Amesterdão. Já no
confronto com o futuro, a personagem autoassume o seu receio da passagem do tempo e as repercussões que isso terá no plano pessoal (“cheguei à
ignomínia de pedir […] retratos da minha família”, ll. 156-157) e profissional (“um dia vai reparar […] que as mãos lhe tremem”, ll. 165-166).

11. As três fases da vida humana aparecem fragmentadas e são corporizadas pela memória e pela imaginação, estando representadas no nome que a
personagem vai assumindo ao longo dos tempos: Gi, uma jovem de 18 anos, repleta de sonhos e de projetos, que anseia abandonar a terra natal para os
cumprir. George, adulta, no apogeu da vida, tem 45 anos, pintora bem-sucedida, “já com nome nos marchands das grandes cidades da Europa”, mulher
independente a todos os níveis – financeiro, profissional, amoroso. Georgina, precursora do futuro de George, antevendo os temores emocionais,
anuncia a solidão (“vivo tão só”) e o envelhecimento físico.

12. A viagem física de George dá origem a uma viagem interior. Desta forma, por um lado, dá-se o reencontro com o seu passado e a revisitação, através
da memória, desse tempo e dos sonhos que a povoavam e a impeliam a partir; por outro, através de uma idealização, é possível antever o
envelhecimento físico e a solidão causadas pelo desprendimento emocional em que George vive. Comprova-se, assim, prevalência do espaço psicológico.

13. O nome da personagem, aparentemente masculino, dever-se-á à sua maneira de ser, mulher independente, liberta, também no campo amoroso, e
com vontade de vencer no mundo da pintura, isto é, uma mulher que é o oposto das suas contemporâneas e conterrâneas, muito mais dedicadas a
tarefas ditas ou consideradas mais apropriadas às mulheres.

14. Trata-se de um conto em virtude da concentração espacial e temporal. A história desenrola-se em dois espaços: numa rua (da vila natal de George) e
no comboio que leva a personagem de regresso a Amesterdão. Decorre num curto período de tempo: correspondendo ao curto diálogo de George com o
seu “eu” do passado e à antevisão do “eu” do futuro. E a ação é única: uma viagem interior da pintora. Está também presente uma personagem única.

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Sentidos 12, Unidade 4 – Contos Cenários de resposta

15.1 Descritiva – recurso à adjetivação/estruturas qualificativas – “pesada e espessa e dura”; “[aragem] macia e como que redonda”. Narrativa –
sequencialização de ações – “Andam lentamente”; “onde George volta a passar”; “perdeu a bússola”.

16. “bibelots” – empréstimo; “guarda-chuva” – composição morfossintática (palavra + palavra).

17.1. b e c

17.2
b. abdica/renuncia/prescinde;
c. disponível/por perto

18. coesão gramatical referencial; interfrásica – uso do conector adversativo.

175 Expressão Oral 1.


A tela de Klimt representa três figuras femininas: uma mulher idosa, uma jovem e uma criança, todas nuas. Esta representação poderá querer
evidenciar o ciclo da vida (a infância, a idade adulta e a velhice), mostrando a passagem do tempo e a sua influência no ser humano.
A mulher idosa encontra-se de perfil, com os cabelos a tapar-lhe o rosto, apresentando as consequências físicas da passagem do tempo: seios
caídos, flacidez e deformações que se espalham por todo o corpo. Ao lado, está uma jovem mãe, com cabelos ruivos, cujo aspeto físico não revela ainda a
passagem do tempo, uma vez que os seios são firmes e a pele não se apresenta envelhecida; segura ternamente uma criança adormecida nos braços,
denotando tranquilidade e segurança, reforçadas pela existência de um manto que envolve as duas figuras.

(fonte consultada: http://www.unicamp.br/chaa/eha/atas/2009/TERRA,%20Manan%20-%20VEHA.pdf)

175 Escrita 1.
Proposta de desenvolvimento do texto:
− A imagem de Klimt pode ilustrar o presente, o passado e o futuro de George.
− A figura mais velha será o retrato que Georgina coloca perante os olhos de George – a inevitável influência da passagem do tempo.
− A mulher adulta será a fase do presente da pintora – a beleza e a fecundidade.
− A criança representará a fase mais jovem de George, a ingenuidade de Gi, o passado e a maturação do espírito e dos sonhos.

176 Informar 1. [D] – [B] − [A] – [C]

177 Informar 1.
a. F – Afigura-se como um momento introspetivo sobre a existência humana.
b. V
c. F – A foto serve de modelo aos seus autorretratos, mas é uma forma de lhe recordar a sua imagem quando jovem.

179 Leitura 1.1 [B]


1.2 [B]
1.3 [D]
1.4 [B]
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Sentidos 12, Unidade 4 – Contos Cenários de resposta

1.5 [C]
1.6 [A]
1.7 [B]

181 Verificar 1.
a. F. A ação decorre na década de 1940 (durante a Segunda Guerra Mundial).
b. V
c. F. O comportamento e o modo de agir de Batola revelam que a personagem sofre com o isolamento da terra.
d. F. Antes da chegada da rádio, a mulher de Batola toma as decisões e dirige a vida pessoal e profissional do casal.
e. F. As novidades são contadas a Batola na venda.
f. F. Na primeira parte do conto não existe vida social; todos se recolhem nas suas casas com o cair da noite.
g. V
h. F. A rádio foi mais importante, já que permitiu aos habitantes de Alcaria o contacto com o mundo exterior; saber as notícias do país e do mundo e
também ouvir música.
i. F. O conto apresenta concentração espácio-temporal da ação.

2.
[A] – [3]
[B] – [5]
[C] – [6]
[D] – [2]
[E] – [4]
[F] – [8]

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