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Colégio Nossa Senhora do “Perpétuo Socorro”.

Diretora: Vera Lúcia Ferreira Santos.


Professora: Ingrid Lopes
Disciplina: Redação (7º ano)
Conteúdo: Miniconto (Revisão para a 2ª avaliação)

• No livro, o conteúdo da 2ª avaliação está nos capítulos 9, 10 e 11.

Leia o seguinte texto:


Dilemas*
Uma nova estrela no céu espiava a menininha faminta engolir lágrimas.
Janaína Bellé

* necessidade de escolher entre duas saídas contraditórias e igualmente insatisfatórias.

O miniconto é um texto narrativo, portanto, tem os cinco elementos da narrativa:


personagem, espaço, narrador, tempo e ação:

ELEMENTOS DA NARRATIVA
Personagens É quem participa da história.
Espaço É onde a história se passa.
Narrador É quem conta a história, pode ser um
observador ou alguém que participa da
história.
Tempo É o momento em que se passa a história.
Geralmente, as histórias são contadas no
passado.
Ação É o que acontece na história.

O miniconto tem características próprias, as quais permitem que se diferencie de outros


textos narrativos, sendo a principal delas o fato de ser uma história curta, contada em poucas
palavras, como é o caso do miniconto “Dilemas”. Entretanto, é importante lembrar que a extensão
de um miniconto varia de acordo com a intenção do autor, então podemos ter minicontos com 11
palavras, como o caso de “Dilemas”, e minicontos com várias linhas.

Além da brevidade, há outras características importantes do miniconto:


Características do miniconto

• Expressividade: apesar de ser um texto conciso, o miniconto tem a capacidade de


expressar grandes mensagens em poucas palavras.
• Planejamento: por apresentar reflexões importantes sobre a vida, a escrita de um
miniconto exige muito treino e planejamento, embora seja um texto curto. Então, não se
trata de escrever qualquer coisa, mas pensar profundamente no significado que as
palavras têm.
• Origem: o miniconto faz parte do Minimalismo, movimento artístico que surgiu nos anos
1960, que buscava valorizar o essencial. Os pintores trabalhavam em quadros cuja
mensagem ficasse clara por meio de poucos recursos, evitando excesso de informações.
A pintura minimalista usa um número limitado de cores e privilegia formas geométricas
simples, repetidas simetricamente. A seguir, um quadro minimalista:

Sem título, Frank Stella, 1966. Imagen: Museo Thyssen-Bornemisza

• Público-alvo: qualquer leitor que se interesse por literatura, sendo que o miniconto tem
um apelo especial para o homem de hoje, que tem muitos compromissos e pouco tempo
para a leitura.

ATIVIDADE
Leias os minicontos seguintes e faça o que se pede:

Metamorfose

Em uma casa, uma barata acordou transformada em um homem. As outras ao redor


estranharam e correram, assustadas. Apenas uma permaneceu. Foi pisoteada, sem pena nem
dó, pelo ex-companheiro, agora "humano".
(Roberto Passos do Amaral Pereira)
1) Identifique os elementos da narrativa do miniconto:

a) Personagens: a barata que virou humana, a barata pisoteada e as outras baratas.

b) Espaço: uma casa

c) Narrador: 3ª pessoa, observador.

d) Tempo: passado e o verbo “acordou” indica que a história se passa de manhã.

e) Ação: uma barata virou um ser humano

Idades
Apesar das rugas fez-se menina outra vez ao procurar conchas à beira-mar. E, ao olhar o
vai-e-vem das ondas, voltou no tempo e feito peixe reaprendeu a nadar em seus sonhos de
meninice.
(Joselma Noal)

2) Identifique os elementos da narrativa do miniconto:

a) Personagens: uma mulher madura (perceba que ela tem rugas).

b) Espaço: “à beira-mar” indica que a história se passa em uma praia.

c) Narrador: 3ª pessoa, observador.

d) Tempo: passado, o fato de a história se passar em uma praia indica que seja durante o dia.

e) Ação: uma mulher madura volta a se sentir criança após entrar em contato com o mar e fazer
coisas que fazia na infância.

3) Leia o miniconto a seguir de Heloísa Seixas:

Múltiplo sorriso

Pendurou a última bola na árvore de Natal e deu alguns passos atrás. Estava bonita. Era um
pinheiro artificial, mas parecia de verdade. Só bolas vermelhas. Nunca deixava de armar sua
árvore, embora as amigas dissessem que era bobagem fazer isso quando se mora sozinha.
Olhou com mais vagar. Na luz do fim de tarde, notou que sua imagem se espelhava nas bolas.
Em todas elas, lá estava seu rosto, um pouco distorcido, é verdade – mas sorrindo. “Estão
vendo?”, diria às amigas se estivessem por perto. “Eu não estou só”.
Heloísa Seixas. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/ fq251209.htm>. Acesso em: 19 dez. 2014.
A autora Heloísa Seixas dedica uma parte de sua obra à escrita de micro-contos, do qual é
exemplo o texto acima. Ainda que de caráter narrativo, podemos afirmar que a narrativa nos
conduz a uma reflexão, que se traduz:

a) na impossibilidade de ser feliz em meio à solidão, gerando grandes mágoas.


b) na dificuldade de se manter fiel aos seus ideais, promovendo impasses.
c) na difícil conciliação entre opiniões distintas, afastando as amizades.
d) na tentativa de driblar a solidão, criando situações melancólicas. (alternativa correta)

4) O dinamismo do mundo atual, os novos recursos de comunicação, a diversidade de atividades


do dia a dia exigem do homem contemporâneo maior rapidez em suas ações e corroboram
com o surgimento de novos textos literários, nos quais o poder de síntese reflete a nova
realidade. Neles se diz muito com pouquíssimas palavras, tal qual ocorre no texto que segue.
Leia-o e analise as proposições a ele referentes:

Porém igualmente

É uma santa. Diziam os vizinhos. E D. Eulália apanhando.


É um anjo. Diziam os parentes. E D. Eulália sangrando.
Porém igualmente se surpreenderam na noite em que, mais bêbado que de costume, o
marido depois de surrá-la, jogou-a pela janela, e D. Eulá-lia rompeu em asas o voo de sua
trajetória
Um espinho de marfim e outras histórias, Marina Colasanti.

( V ) "Porém igualmente" são palavras usadas pela autora para expressar a surpresa dos
vizinhos e parentes que acompanharam a trajetória da protagonista, até que ela alçou voo e
conseguiu libertar-se da dominação e do poder do marido.
( V ) No texto, há subliminarmente uma crítica aos parentes e vizinhos de D. Eulália, os quais
acompanhavam seu sofrimento e nada faziam em seu favor, embora a considerassem,
metaforicamente, uma santa e um anjo.
( V ) O paralelismo dos dois primeiros parágrafos e as metáforas do último dão à narrativa
ritmo e melodia próprios da poesia, o que nos permite reconhecer no texto um tom poético.
( V ) A liberdade de D. Eulália é consequência da última violência do marido, personagem
antagonista, que lhe finalizou a trajetória de opressão.
( V ) Com densidade, síntese e linguagem poética, a narrativa de Marina Colasanti constitui um
relato de um só incidente. Por ser extremamente breve, recebe a designação de miniconto,
gênero que se ajusta à vida contemporânea.

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