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AULA 2 || LITERATURA – ELEMENTOS DA NARRATIVA

Objetivo da aula: Conhecer os elementos da narrativa e identificá-los em textos narrativos


ficcionais, incluindo os personagens, o enredo, o foco narrativo (as diferentes vozes no
texto, em discurso direto e indireto) e a caracterização dos espaços e dos tempos
cronológico e psicológico.

NARRATIVA

Uma narrativa é um texto que conta uma história, fictícia ou não. Além disso, é uma
tipologia comumente utilizada para compor gêneros de textos literários, como fábulas,
romances, novelas, crônicas, etc.

GÊNEROS LITERÁRIOS

Há várias maneiras de se contar uma história, essa escolha designa o gênero literário a
que o texto pertence. Esses são gêneros literários narrativos:

● Crônica: um gênero textual curto que trata de acontecimentos corriqueiros do


cotidiano;
● Conto: uma história curta, condensada, com unidade de tempo e espaço;
● Fábula/Apólogo: são narrativas breves, de caráter alegórico e ensinamento moral.
Enquanto na fábula aparecem animais falando, no apólogo aparecem objetos
inanimados com vida;
● Romance: é uma narrativa longa, com enredo denso, geralmente apresentando uma
história nuclear, centrada nas personagens principais, e outras pequenas tramas e
personagens secundários;
● Novela: é similar ao romance, mas de tamanho mais curto.

ELEMENTOS DA NARRATIVA
● Personagens: são os agentes, as pessoas que estão envolvidas na narrativa, os
que desempenham as funções ativas da narrativa. Personagens podem ser
humanos, robôs, animais, plantas e muitas outras coisas.
○ Personagem protagonista: é o personagem principal;
○ Antagonista: é o personagem que gera o conflito, que cria o clima de tensão,
é aquele que se opõe ao personagem principal (como os vilões, por
exemplo);
○ Secundário: são as personagens que exercem certa influência ou não no
desenrolar dos acontecimentos, também são chamados de coadjuvantes.
● Narrador: O narrador é aquele que conta a história. Dependendo da posição que o
narrador assume frente à história, dizemos que ele é em 1ª ou 3ª pessoa.
○ Narrador observador: foco narrativo na 3ª pessoa, ocorre quando o narrador
não participa da história, apenas observa e conta o que ocorreu. No caso do
observador, limita-se a relatar os fatos percebidos pela exterioridade da
personagens, registrando suas ações e falas;
○ Narrador onisciente: também em 3ª pessoa. Onisciência significa
conhecimento pleno de todas as coisas, assim, esse tipo de narrador, vai
além das aparências, trazendo ao leitor os pensamentos, sentimentos e
sensações das personagens;
○ Narrador personagem: foco narrativo na 1ª pessoa, é quando o narrador
participa da história, sendo um personagem dela (Exemplo: Dom Casmurro)

● Tempo: O tempo é o “quando” da narrativa. Pode ser cronológico ou psicológico:


○ Tempo cronológico: ocorre quando a narrativa traz um tempo mensurável,
seja por horas, dias, meses, anos, etc. Nesse sentido, o leitor é capaz e
perceber o tempo de duração dos acontecimentos narrados;
○ Tempo psicológico: O tempo psicológico, que não é mensurável, flui na
mente das personagens. Nesse caso, transmite-se a sensação
experimentada durante o tempo em que o fato ocorreu: a personagem pode
ter passado por situações que pareceram extremamente longas, mas que,
na realidade, duraram apenas alguns minutos.

● Espaço: o espaço é o local onde se passam as ações. Em alguns casos, o espaço


se torna elemento fundamental da narrativa, influindo e interferindo no enredo. Em
outros, ele não tem relevância na trama, servindo como mero localizador.

● Enredo: é o conjunto de acontecimentos ou eventos que compõem a narrativa. O


enredo corresponde à maneira como a história se desenrola, a forma como a trama
vai se desenvolvendo. Geralmente, ele é estruturado dessa forma:
○ Situação inicial: situação de equilíbrio (contextualização) ou já aparece
algum problema;
○ Conflito: o equilíbrio passa ao desequilíbrio, pois surge um conflito;
○ Desenvolvimento: é o centro da narrativa, o desenrolar da história;
○ Clímax: é o ápice da narrativa, a situação de maior relevância.
○ Desfecho: é o final, que pode ou não ser feliz.

TIPOS DE DISCURSO NA NARRATIVA

Embora seja o narrador quem conte a história, a voz dos personagens também chegam
até nós, leitores. Chamamos essa “fala” do personagem de “discurso”. Dependendo da
forma como o narrador expõe a voz da personagem, teremos os tipos de discurso:
● Discurso direto: o discurso direto é a tradução fiel da fala da personagem. Nesse
caso, indica-se o interlocutor, cuja fala é marcada por pontuação específica,
geralmente o travessão ( - ) ou as aspas ( “ “);
● Discurso indireto: no discurso indireto, ao invés de a personagem “falar”, é o
narrador quem reproduz aquilo que foi dito pela personagem. Assim, os verbos
aparecerão em 3ª pessoa;
● Discurso indireto livre: nesse tipo de discurso, a voz do personagem e do narrador
se encontram. Pode apresentar e traduzir pensamentos e/ou reflexões da
personagem.

Atividade em conjunto:
Ler o conto “Natal na barca”, de Lygia Fagundes Telles, para identificar os diferentes
elementos da narrativa apresentados na aula.

QUESTÕES PARA TESTAR O APRENDIZADO

QUESTÃO 1

Considere os fragmentos do conto “Natal na barca”, de Lygia Fagundes Telles, para


responder à questão.

“Não quero nem devo lembrar aqui por que me encontrava naquela barca. Só sei que em
redor tudo era silêncio e treva. E que me sentia bem naquela solidão. Na embarcação
desconfortável, tosca, apenas quatro passageiros. Uma lanterna nos iluminava com sua
luz vacilante: um velho, uma mulher com uma criança e eu [...]”.

“[...] Debrucei-me na grade de madeira carcomida. Acendi um cigarro. Ali estávamos os


quatro, silenciosos como mortos num antigo barco de mortos deslizando na escuridão.
Contudo, estávamos vivos. E era Natal [...]”

“[...] Fiquei sem saber o que dizer. Esbocei um gesto e em seguida, apenas para fazer
alguma coisa, levantei a ponta do xale que cobria a cabeça da criança. Deixei cair o xale
novamente e voltei-me para o rio. O menino estava morto. Entrelacei as mãos para
dominar o tremor que me sacudiu. Estava morto. A mãe continuava a niná-lo, apertando-o
contra o peito. Mas ele estava morto”.

“- Acordou o dorminhoco! E olha aí, deve estar agora sem nenhuma febre!

– Acordou?!
Ela sorriu:

- Veja...

Inclinei-me. A criança abrira os olhos – aqueles olhos que eu vira cerrados tão
definitivamente. E bocejava, esfregando a mãozinha na face corada. Fiquei olhando sem
conseguir falar”.

Com relação às características do espaço onde se passa a narrativa, é correto afirmar


que:

A) há elementos que colaboram na construção de um clima melancólico, o que pode ser


observado pelo emprego da sequência “silêncio e treva”.

B) o espaço reduzido da barca opera como desencadeador das impressões que a


narradora manifesta sobre a mulher e a criança.

C) a imagem constituída na barca e na cerca sobre a qual a narradora se apoia representa


um elemento da tensão e da ruína vividas por ela.

D) seus elementos pouco ou nada interferem no clima da narrativa, tampouco colaboram


na produção dos efeitos de sentido no conjunto dos trechos.

QUESTÃO 2

Com relação ao conto “Natal na barca”, aponte a alternativa INCORRETA:

A) Há uma relação entre a criança que abre os olhos e o Menino Jesus bíblico.

B) Durante todo o conto, pode-se notar uma crença da narradora na fala da mãe do
menino, mas no final, essa atitude muda completamente.

C) A expressão “verde e quente”, no final da narrativa, traz uma conotação de vida.

D) A mulher, com um manto escuro na cabeça, olhos brilhantes, dialoga com a figura
natalina de Maria.

QUESTÃO 3

Assinale a alternativa INCORRETA tendo em vista as concepções de literatura e suas


relações com a vida social.
A) A literatura está em diálogo permanente com o mundo que nos cerca, com a produção
literária posterior e, além disso, com outras artes e linguagens.

B) Ao serem estudados movimentos literários ou sequências de escritores, não é


admissível perceber os movimentos de ruptura e retomada.

C) O texto literário é discurso e, como tal, está dialogando continuamente com outros
discursos, com outras vozes ou com a tradição literária.

D) O texto literário é produzido numa situação mais concreta de interação, isto é, um


escritor, ao produzir, tem em mente um possível grupo de leitores para quem escreve.

Gabarito

Questão 1 (UFMS): Letra A) há elementos que colaboram na construção de um clima


melancólico, o que pode ser observado pelo emprego da sequência “silêncio e treva”.

Questão 2 (COLTEC 2016): Letra B) Durante todo o conto, pode-se notar uma crença da
narradora na fala da mãe do menino, mas no final, essa atitude muda completamente.

Questão 3) (COLTEC 2021): Letra B) Ao serem estudados movimentos literários ou


sequências de escritores, não é admissível perceber os movimentos de ruptura e
retomada.

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