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Produção Textual e Expressão

Oral

Profa. Margarete Terezinha de Andrade


Costa

Aula 3

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
CONVERSA INICIAL

Nós vivemos cercados de textos. Nós produzimos, recebemos e


repassamos textos o tempo todo. Eles são os mais variados, tanto em forma
quanto conteúdo. É necessário conhece-los para ampliar as formas de uso,
quanto mais sabemos sobre determinado objeto mais fazemos uso adequado
dele. Assim, vamos estudar diferentes tipos e gêneros textuais a fim de poder
usa-los de forma mais assertiva.

Basicamente os textos são divididos em tipos textuais. Eles não são


puros, isto é, não apresentam apenas as características que o agrupam em
determinado tipo. É possível encontrar traços descritivos em um texto
narrativo, por exemplo.

Os tipos mais conhecidos são:

 Texto argumentativo

 Texto explicativo

 Texto descritivo

 Texto narrativo

Nesta rota vamos estudar o domínio discursivo e alguns tipos e gêneros


textuais usados em nosso dia a dia. Veremos o gênero textual acadêmico,
literário, eletrônico e jornalístico.

Acesse a videoaula disponível no material on-line.

CONTEXTUALIZANDO

Observe os balões:

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Que mensagem cada um deles estaria repassando?

Em qual situação eles seriam usados?

Que tipo de pessoa estaria falando?

Você percebeu que os textos mudam de acordo com a intenção da


fala? Da mesma maneira, os gêneros representam as diferentes intenções e
caracterizam os contextos de uso. Uma receita de bolo, por exemplo, tem uma
intenção clara e é usada em contextos específicos. Da mesma forma um
ofício, uma reportagem, um anúncio etc.

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PESQUISE

Conceitos de domínio discursivo

Nesta aula vamos estudar conceito de domínio discursivo. Vamos


começar buscando o que significa domínio. O dicionário Michaelis traz:

s. m. (lat. dominiu) 1 V. dominação. 2 Qualidade de proprietário. 3


Faculdade de dispor de alguma coisa como senhor dela.

4 Propriedade. 5 Autoridade. 6 Espaço ocupado, habitação, lugar;


pertença.

7 Possessão. 8 Território extenso que pertence a um indivíduo ou


Estado. 9 Âmbito de uma arte ou ciência: No domínio da Medicina. 10
Conhecimento. 11 Influência.

Fonte: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-
portugues&palavra=dom%EDnio

Discurso é qualquer situação que abrange a comunicação, como ele se


dá nas relações, como ele se dispõe, se apresenta. Portanto “domínio
discursivo” refere-se às propriedades do discurso, as qualidades que um
discurso pode ter. Diferentes qualidades agrupam textos com características
afim: os gêneros discursos.

Assim, ao estudar domínio discursivo vamos conhecer a dominação,


a propriedade, a autoridade e o espaço do discurso. Para isso vamos
estudar os tipos e gêneros textuais. Como se apresentam e qual a
característica mais comum da maioria deles.

Os tipos textuais são divididos de acordo com a organização de sua


estrutura e finalidade. Eles variam entre cinco tipos, que são:

 Narração

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Conta uma história, ficcional ou não, geralmente contextualizada em um
tempo e espaço, nos quais transitam personagens.

 Dissertação
Texto opinativo, cujas ideias são desenvolvidas por meio de estratégias
argumentativas que têm por finalidade convencer o interlocutor.

 Exposição
Apresenta informações sobre um objeto ou fato específico, enumerando
suas características através de uma linguagem clara e concisa.

 Injunção
Instrui o interlocutor, utilizando verbos no imperativo para atingir seu
intuito.

 Descrição
Descreve objetivamente ou subjetivamente coisas, pessoas ou situações.

Os gêneros textuais são categorias que indicam determinadas


situações sociais de uso do texto. São as propriedades de cada texto que
podem ser percebidos pela formatação, organização e, principalmente, por
sua finalidade.

Você quer convidar alguém para uma festa, usa um convite.


Convite é um gênero textual que usa elementos da narração para cumprir
uma determinada função.

Os gêneros textuais são inúmeros, pois inúmeras são as situações


sociais. Eles são produto social, isto é, são usados socialmente e, assim,
estão sujeitos a mudanças. O gênero textual não elimina a tipologia textual
tradicional (narração, descrição e dissertação) – um complementa o outro.

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Veja algumas relações entre tipologia e gêneros textuais:

TIPOLOGIAS GÊNEROS
Conto de fadas, fábula, biografia
Narrativa
romanceada, romances, contos,
É a modalidade na qual um narrador
crônicas (literária, social ou esportiva),
conta uma história. Tem como
charge, piada, crônica, novela,
elementos: personagens, fato, tempo,
notícia, reportagem, casos contados
motivo, modo e lugar.
em rodas de amigos etc.
Descritiva
Cardápio; anúncio, classificado, conto
O texto faz um retrato com palavras
de fadas, poema (descritivo), fábula,
de alguma coisa, pessoa, lugar,
biografia romanceada, romance,
sentimento.
conto, crônicas (literária, social ou
A classe gramatical mais usada é o
esportiva), notícia, reportagem, casos
adjetivo, pois tem a função de
contados em rodas de amigos etc.
caracterizar os seres.
Artigos de opinião, carta de leitor,
Argumentativa carta de reclamação, carta de
O texto defende uma ideia do autor ou solicitação, debate regrado, sermão,
seu ponto de vista sobre determinado tese, manifesto, discurso de defesa
assunto e há intenção de persuadir o (Direito), discurso de acusação
interlocutor. (Direito), resenha crítica, editorial,
ensaio etc.
Aula, texto expositivo (em livro
Expositiva didático), seminário, conferência,
Apresenta informações sobre algum comunicação oral, palestra, entrevista
assunto. de especialista, artigos científicos,
A finalidade é esclarecer, expor, notícias jornalísticas, verbetes de
informar, refletir, explicar ou avaliar enciclopédias; trechos informativos de
sobre algum conhecimento validado. outros gêneros, como romances,
relatórios e cartas etc.

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Anúncios e peças publicitárias,
receitas de culinária, instruções de
Injuntiva
uso, instruções de montagem, regras
Recomenda como realizar uma ação.
de utilização, leis, receitas de
Emprega linguagem objetiva e
culinária, guias, regras de trânsito,
simples
obrigações a cumprir, normas de
conduta etc.

Os gêneros textuais podem ser agrupados por categorias:

 Gênero jornalístico
 A função de informar
 Linguagem simples, clara e objetiva.

 Gênero jurídico
 Linguagem formal
 Utilizado pela advocacia, poder judiciários e médicos

 Gênero literário
 Narrativo ou épico, lírico, dramático.
 Características: narrar fatos, explorar o fictício o imaginário

 Gênero epistolar ou interpessoal


 Maneira fácil: abreviando palavras, inserindo caracteres.
 Conversa dinâmica.

 Gênero publicitário
 Combina imagem e mensagem para chamar a atenção do
consumidor.

Alguns gêneros textuais são voltados a áreas específicas:

 Científico: artigo científico, tese, dissertação, resenha, trabalho de


conclusão, patente etc.

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 Jornalístico: editorial, notícia, reportagem, entrevista, anúncio, artigo de
opinião, entrevista etc.

 Religioso: oração, reza, lamentação, catecismo, homilia, cântico religioso,


sermão etc.

 Comercial: fatura, nota promissória, currículo, boleto, comprovante de


renda etc.

 Jurídico: lei, contrato, regimento, estatuto, norma, certificado etc.

O número de gêneros textuais é infinito, visto que, para cada


ocasião usa-se um gênero próprio. Da mesma forma, novos gêneros são
criados conforme novas situações acontecem. Cabe a nós conhecer os
mais variados tipos e saber analisá-los e fazer bom uso deles.

Assista à videoaula da professora Margarete para saber mais sobre os


gêneros e tipos textuais! Acesse a videoaula disponível no material on-line.

Gêneros textuais e discursivos acadêmicos

O Gênero Textual Acadêmico é um texto científico, isto é, ele exige


pesquisa, sistematização e aprofundamento. O texto acadêmico, por refletir
cientificidade, é usado para divulgar estudos e pesquisas para a comunidade
em geral – daí a necessidade de ser um texto extremamente bem elaborado.
Igualmente, ele precisa ser universal, isto é, entendido por diferentes esferas
sociais e, mesmo fazendo uso de uma linguagem técnica, deve ser um texto
acessível a todos. Assim, o texto científico tem como características:

 Objetividade
Ser sucinto e econômico na linguagem e ser preciso no uso de termos.

 Clareza

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Escolha adequada do vocabulário, boa pontuação e construções sintáticas
bem ordenadas.

 Impessoalidade
Emprego de verbos e pronomes em terceira pessoa do singular, isenção
de opiniões pessoais e imparcialidade, sem juízo de valor.

 Linguagem técnica
Uso de termos específicos e exatos e, preferencialmente, explicar os seus
significados.

 Recursos formais
Notas de rodapé, citações e referências.

Outra característica importante dos textos acadêmicos são os meios


usados para convencer os leitores. É necessário, por exemplo, provar a
relevância das informações postas. Logo, é imprescindível que a origem das
informações usadas nos textos seja conhecida e renomada cientificamente –
daí a importância da seleção das referências bibliográficas usadas para a
construção do texto.

A Internet pode ser uma boa fonte de informações. Porém, devemos


buscar fontes confiáveis, conhecidas e indicadas por especialistas.

Uma boa dica é consultar material de universidades conhecidas


(UNICAMP – USP – UNB – UFRS).

Também é necessário pesquisar o que já foi dito sobre o assunto a ser


escrito. Há muito material bom sobre os mais diversos assuntos, ao pesquisa-
lo conhecemos o que já foi discutido sobre o tema e o que se pensa sobre ele,
nossas ideias se completam ou até modificam-se após ler os textos
disponíveis sobre o assunto, isso ajuda também a perceber a importância da
matéria e até onde já se foi sobre ela.

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Vamos analisar alguns gêneros científicos:

 Dissertação:
Marca pela exposição, defesa de uma ideia que será analisada e discutida
a partir de um ponto de vista. O autor expõe argumentos, com fatos e
dados dos que utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas
ideias.
 Tese:
É uma hipótese intelectual. É um texto que defende uma ideia e que, para
tal, apresenta o resultado de uma investigação complexa e aprofundada
sobre temas amplos, com abordagem teórica definida.
 Ensaio:
Texto que discute um tema de relevância teórica e científica com base em
livros, revistas, artigos publicados entre outros.
 Resumo:
Texto objetivo que destaca o assunto principal, o objetivo de um texto.
 Resenha:
Descrição meticulosa de um livro, de um capítulo ou de parte de um livro,
de um artigo, de uma apostila ou qualquer outro documento, com o objetivo
de explorar algum ponto mais específico em debate pelos pesquisadores
da área.
 Artigo científico:
Texto de divulgação de pesquisas em periódicos especializados (revistas),
congressos, seminários entre outros espaços de exposição científica.
 Paper:
Pequeno artigo científico a respeito de um tema. Discute e divulga de
ideias, fatos, situações, métodos, técnicas, processos ou resultados de
pesquisas científicas.
 Sumário:
Lista hierarquizada de assuntos de um texto. Ele apresenta de forma
esquemática os conteúdos principais de um escrito.
 Palestra:

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Apresentação oral de informações de natureza científica para um
determinado público.
 Conferência:
Reunião de pessoas para discutir determinadas questões ou problemática
buscando soluções e propostas.

Todo texto acadêmico veicula o resultado de uma investigação


científica, filosófica ou artística. Ele é objetivo e claro e reflete o rigor de um
trabalho sério, correto e crítico. Seu conteúdo, parte fundante do texto, deve
ser apresentado com uma linguagem formal e dentro da norma culta. A
materialização da arte de escrever bem está ligada diretamente ao contato
que temos com bons textos. Desta forma é necessário ler sempre para
aprimorar nossa sensibilidade textual.

Acesse a videoaula disponível no material on-line.

Gênero literário e cotidiano

O texto literário, diferentemente do acadêmico, trabalha com a


emoção. Ele tem uma construção própria e, portanto, heterogênea. Sua
elaboração é peculiar, pois descreve universos específicos de cada autor. Sua
função é poética, estética e valoriza mais o conteúdo que a forma. Assim, há
uma “licença poética” que permite ao autor ultrapassar os limites da língua
padrão. Alguns recursos (como pontuação, figuras de linguagem etc.) são
explorados pelo autor a fim de aproximar-se do leitor criando arte e beleza.
Para tal, também se trabalha com a musicalidade, o ritmo e a organização das
palavras com elevado nível de criatividade.

O texto literário nem sempre está ligado à realidade: ele é subjetivo,


metafórico e tem a intenção de instigar a imaginação do leitor.

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 Conto
Narrativa curta com tempo (cronológico ou psicológico) reduzido e poucas
personagens em função de um núcleo. Pode ter caráter real ou fantástico.
 Romance
Narrativa longa. Possui vários núcleos (um principal e outros secundários).
Várias personagens em lugares e tempos variados.
 Biografia
É um gênero literário em que o autor narra a história da vida de uma
pessoa ou de várias pessoas. De um modo geral as biografias contam a
vida de alguém.
 Crônica
Relata o cotidiano das pessoas, situações que presenciamos e já até
prevemos o desenrolar dos fatos. A crônica utiliza da ironia e o sarcasmo.
 Tragédia
Gênero dramático de enredo, atualmente também diz respeito a dramas
que podem ter um final feliz. Na clássica tragédia grega, os personagens
lutam contra o Destino, uma força que sobrepuja as ações dos homens e
dos deuses.
 Comédia
É uma peça humorística na qual a ação precisa não somente ser possível
e plausível, mas, também, ser um resultado necessário da natureza do
personagem. De forma geral, é o que é engraçado, o que faz rir.
 Folhetim
O gênero folhetim tem uma periodicidade, isto é, não aparece inteiro em
um jornal e/ou revista, é dividido em capítulos, sendo necessário esperar
a próxima edição do meio de comunicação para acompanhar o texto.
 Fábula
Semelhante a um conto em sua extensão e estrutura narrativa. Porém,
sempre termina com uma moral. As personagens são animais, mas com
características semelhantes às dos seres humanos.

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 Epopeia
Pertencendo ao gênero épico, é uma narrativa que apresenta com maior
qualidade os fatos originalmente contados em versos. Embora tenha
fundamentos históricos, não representa os acontecimentos com fidelidade
– geralmente reveste os acontecimentos relatados com conceitos morais
e atos exemplares que funcionam como modelos de comportamento, além
de atribuir um carácter quase divino ao herói.
 Lenda
História fictícia a respeito de personagens ou lugares reais. Sendo assim,
a realidade dos fatos e a fantasia estão diretamente ligadas. A lenda é
sustentada por meio da oralidade, torna-se conhecida e só depois é
registrada por meio da escrita. O autor, portanto, é o tempo, o povo e a
cultura. Normalmente fala de personagens conhecidas, santas ou
revolucionárias.
 Poema
Poema é uma obra literária que pertence ao gênero da poesia e cuja
representação pode ser feita em forma de versos, estrofes ou prosa, com
a finalidade de manifestar sentimento e emoção. Um poema possui
extensão variável e, ao longo do texto, expõe temas variados em que há
enredo e ação, escritos por meio de uma linguagem que emociona e
sensibiliza o leitor.
 Novela
É uma narrativa menos longa que o romance e maior que um conto. Possui
apenas um núcleo, que acompanha a trajetória de apenas uma
personagem. Já a telenovela é um tipo diferente de narrativa. Ela advém
dos folhetins, que, em um passado não muito distante, eram publicados
em jornais. O romance provém da história, é herdeiro da epopeia. A
novela, por sua vez, provém de um conto e tudo nela se encaminha para
a conclusão.

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Os gêneros textuais no cotidiano

Todos os dias circulam entre nós diversos gêneros textuais, estes os


mais variados possíveis. Vamos estudar alguns deles:

 Conversação
São os diálogos estabelecidos em qualquer âmbito, desde as situações
mais familiares até as mais formais. Uma conversa informal entre amigos,
por exemplo, é um gênero que não pode ser considerado com os mesmos
parâmetros de uma discussão entre um grupo de professionais.

 Bilhete
É um texto empregado em contextos informais. São textos curtos, rápidos
e temporais escritos em pequenos papéis. Por ser uma comunicação entre
pessoas conhecidas, é permitido o uso de abreviações, apelidos,
desenhos ou representações gráficas. Normalmente, a linguagem é
simples, despretensiosa e coloquial.

 Diário
Os diários são textos escritos periodicamente. Neles são relatadas
experiências, acontecimentos, ideias, opiniões ou fatos do cotidiano que
são relevantes ao escritor. Não existe necessariamente a figura do leitor
do diário, algumas vezes os textos carregam marcas de intimidade e
segredos que não expressam a intenção do escritor de que sejam lidos.
Eles podem ser considerados como autobiografia. No universo virtual os
diários são semelhantes aos blogs (diários virtuais) nos quais há a
presença de um leitor.

 Anedota
A intenção da anedota (ou piada) é fazer rir. O texto circula em situações
informais e descontraídas; são textos curtos, rápidos e organizados a fim
de buscar sentido inesperado ou surpreendente. A estrutura normalmente
é a narrativa do cotidiano com algum tipo de deslocamento de sentido que
cria graça e humor. O texto é, na grande maioria das vezes, oral. Tem sua
versão escrita, mas não para uso prático.

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 Convite
Vários são os tipos de convites, há uma forma para cada situação, porém
os elementos mínimos necessários são os mesmos: nome de quem está
sendo convidado, tipo de evento, data, horário, local etc.

 Cartão-Postal
O cartão-postal é um texto curto e são usados na maioria das vezes por
viajantes que querem divulgar os lugares que visitam. Assim, o texto é
trivial, sem informações importantes.

A maioria dos gêneros descritos você já deve ter conhecido. O


interessante aqui é a linguagem usada neles, dependendo do grau de
intimidade dos interlocutores e do público a que o texto se destina. Isto quer
dizer que a linguagem coloquial, usada no dia a dia, é mais adequada para
alguns gêneros textuais. A linguagem depende da circunstância de uso da
língua. Deve-se levar em consideração o assunto tratado, o gênero
empregado e a mensagem a ser transmitida.

O uso da língua está diretamente ligado à sua finalidade. Nós não


falamos de uma única maneira, ela varia dependendo de vários fatores,
circunstâncias e interlocutor.

Acesse a videoaula disponível no material on-line.

Gêneros textuais eletrônicos

Em tempos de comunicação mediada por ferramentas digitais são


incalculáveis as possibilidades de novos gêneros textuais eletrônicos. As
formas midiáticas proporcionadas pela Internet são extremante inovadoras e
de fácil acesso e a criação de gêneros é tão rápida que seria impreciso

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determo-nos somente em algumas, correndo o risco de cairmos na
desatualização.

O surgimento de novos gêneros digitais derivados de gêneros já


existem de acordo com Bakhtin e são chamados de “transmutação”. Alguns
termos estruturais de um gênero permanecem ou se repetem em novos.

FIORIN (2008, p. 65) coloca que:

Não só cada gênero está em incessante alteração; também está em


contínua mudança seu repertório, pois, à medida que as esferas de
atividade se desenvolvem e ficam mais complexas, gêneros
desaparecem ou aparecem, gêneros diferenciam-se, gêneros ganham
um novo sentido. Com o aparecimento da Internet, novos gêneros
surgem: o chat, o blog, o mail etc. Esses novos gêneros surgem
mediante uma necessidade sociocomunicativa e por atratividades
exercidas pela mídia eletrônica.

Bakhtin e Fiorin assentam que os gêneros acompanham a evolução


humana e, por isso, são mutáveis.

Vamos analisar alguns gêneros mais comuns?

 Blog, weblog ou diário virtual:


Gênero textual digital no qual o autor publica textos, comentários,
acontecimentos, links de sites, artigos (posts), imagens etc. Ele pode ser
atualizado constantemente e permite a interação de visitantes.

 Chat:
Gênero textual digital no qual os autores conversam virtualmente. A
conversa é interacional, isto é, acontece simultaneamente, em tempo real.
Para MARCUSCHI (2005, p. 28), existem “inúmeras pessoas interagindo
simultaneamente em relação síncrona e no mesmo ambiente”. A
comunicação pode acontecer por meio da linguagem verbal, sonora,
visual, espacial, sensorial entre outras.

 WhatsApp:
Aplicativo telefônico muito popular que possibilita a troca de mensagens
instantaneamente e gratuitamente. Ele permite a criação de grupos, envio
de imagens, vídeos, sons, áudio etc.

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 E-mail (Eletronic mail) ou correio eletrônico:
Talvez seja o gênero textual mais usado nos últimos tempos e o causador
de maior mudança na comunicação escrita. Por meio dele é possível
enviar mensagens pela Internet em tempo real, registrando-se as
interações e tornando-as dinâmicas.

Os E-mails seguem as características linguísticas da carta, do bilhete


e de outros gêneros similares:

 Vocativo: pessoa para a qual é destinada

 Texto: mensagem

 Despedida: assinatura do remetente

Muitos outros gêneros poderiam ser apresentados, mas com certeza


não daríamos conta de todos eles. Assim, vamos voltarmos à escrita utilizada
no universo digital. A forma de escrever (também chamada de “netspeak”)
possui características específicas, devido às ferramentas disponibilizadas
pelo suporte digital (computador, notebook, tablet, celular...) a escrita é móvel,
isto é, pode ser movimentada, modificada, formatada, repetida, corrigida entre
tantos outros recursos.

Dependendo do uso e da intenção do escritor o texto é enviado sem


revisões o que algumas vezes isso não interfere no entendimento do texto.
Havendo assim, um estilo próprio de leitura e entendimento da língua, também
possibilitando uma visão mais aberta sobre a comunicação escrita, diferente
da visão formal e voltada para a norma culta; a qual intimidava as pessoas de
escreverem.

Desta forma, nunca se escreveu tanto quanto nos tempos atuais, a


maioria das pessoas lê e escreve todos os dias. E este fenômeno é muito

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interessante no universo linguístico, a produção de textos é maior e a
comunicação escrita está cada vez mais consolidada.

Porém a comunicação via meio digital é diferente da fala e escrita


tradicionais, ela é uma mistura dos dois:

Fala Escrita tradicional “Netspeak”


Palavra sonora e gráfica
Palavra sonora Palavra gráfica
ao mesmo tempo
Entonação de voz, Podem-se usar além do
Baseia-se no
gestos, interação com o vocabulário, símbolos,
vocabulário
meio, reações diversas imagens, fotos, sons...
Pode requere ou não a
Requer a presença dos Não requer a presença
presença dos
interlocutores dos interlocutores
interlocutores
Pode ser imediata ou
É espontânea e imediata Evita a improvisação não, com ou sem
improvisações
Pode ser subjetiva e
É mais objetiva, precisa
É mais subjetiva objetiva ao mesmo
e elaborada
tempo
É repetitiva e A redundância é um Pode ser redundante ou
redundante recurso estilístico não
Comunicação unilateral
Comunicação bilateral Comunicação unilateral
ou bilateral
O contexto O contexto O contexto
extralinguístico é extralinguístico tem extralinguístico é
importante menos influência indiferente
Tem vivacidade e
Tem mais vivacidade Tem permanência
permanência

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Percebemos que as possibilidades da escrita via meio digital
“netspeak” amplia as possibilidades de comunicação. Houve um tempo que
isso era preocupante pelo uso de “intenetês” na qual a escrita era modificada,
vejamos:

não: n tc: teclar acho: axo que: q

sim: s porque: pq qualquer: qq também: tb

de: d aqui: aki mais ou mas: + cadê: kd

Com a ampliação do acesso aos meios de comunicação digitais,


percebemos também que o “intenetês” vem diminuindo, visto que algumas
vezes atrapalhava o entendimento da mensagem, por atingir um número
maior de usuários.

Acesse a videoaula disponível no material on-line.

Gênero e tipos textuais aplicados à área jornalística

Texto Jornalístico

O texto jornalístico tem como função a comunicação. São vinculados


em jornais, revistas, rádios, televisões e outros meios de comunicação aberto
ou fechados. Ele tem papel informativo e precisa ser bem escrito, pois poderá
atingir diferentes pessoas em diversos lugares para cumprir seu papel social.
Assim, ele está apoiado em três pilares:

 Atualidade
O texto jornalístico organizar-se em torno do presente.

 Veracidade
O texto jornalístico deve apoiar-se na verdade.

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 Universalidade
O texto jornalístico deve ser de interesse público.

A linguagem deve ser clara, simples, imparcial e objetiva com cuidados


na escolha das palavras e termos a fim de sermos compreendidos. Se for
necessário usar um termo específico ou técnico, palavras estrangeiras ou
siglas é interessante explicá-los. Parágrafos e frases curtas ajudam o
entendimento do assunto; da mesma forma, a ordem direta das frases é mais
interessante. A ordem direta está relacionada com a sequência:

Sujeito Verbo Complemento

Maria matou o companheiro

No exemplo “Maria matou o companheiro” a frase é curta, direta e de


fácil entendimento; diferente da ordem inversa: “O companheiro de Maria foi
morto por ela”.

O texto também deve ser atrativo, deve chamar a atenção e ser de


interesse do leitor. Dados que provam a veracidade de uma informação são
bem-vindos. A repetição de dados podem ser um bom recurso quando se
busca a memorização ou assimilação de determinada informação.

A preferência pelo uso da linguagem denotativa (sentido próprio das


palavras) e preferível à linguagem conotativa (sentido figurado das palavras).
Isso evita a ambiguidade, ou seja, o entendimento equivocado a informação.

O escritor deve revisar sempre o seu texto para evitar erros de


informações, de gramáticas, de nomes, porque geram incredibilidade ao
autor.

O bom texto jornalístico responde às seguintes questões:

O quê? Acontecimento, evento, fato ocorrido.

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Quem? Qual (ou quais) personagens estão envolvidos no
acontecimento.

Quando? Horário em que ocorreu o fato.

Onde? Local que aconteceu o episódio.

Como? Modo que ocorreu o evento.

Por quê? A causa do evento.

O texto jornalístico também tem vários objetivos que determinam suas


características e suas denominações específicas. Normalmente ele é
chamado de matéria. Vamos estudar cada uma delas detalhadamente, mas,
antes, vamos conhecer alguns dos termos característicos desse assunto:

 Lide ou “lead”: primeiro parágrafo do texto, abertura de textos noticiosos.

 Notas: notícia curta, responde o lide.

 Notícias: traz algumas informações adicionais e depoimentos.

 Reportagens: aprofundam um assunto.

 Pauta: escolha do tema ou assunto de um texto jornalístico informativo.

 Apuração: coleta das informações e dos dados e verificação da


veracidade dos fatos.

 Redação: transformação das informações em um texto.

 Edição: correção e revisão dos textos.

 Pautas quentes: assuntos que não podem esperar para serem


publicados.

 Pautas frias: não são ligadas ao calor da notícia.

 Pautas especiais: nascem de uma investigação ou pesquisa.

 Artigo: reflete a opinião do autor sobre um assunto, um tema ou uma ideia.

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 Editorial: expressa de forma direta a opinião da empresa, direção ou
equipe de redação sem ser imparcial e objetivo.

 Resenha Crítica: faz um julgamento a respeito de produtos culturais como


livros, exposições, filmes, peças de teatro etc.

 Perfil: enfatiza aspectos do personagem central da notícia.

 Charges e ilustrações: formas visuais com características de humor,


usadas para expressar opiniões.

Ainda temos a Pirâmide invertida, que é um recurso jornalístico que


hierarquiza as informações na ordem decrescente de importância.

Acesse a videoaula disponível no material on-line.

NA PRÁTICA

Agora, propomos a você uma atividade de observação.

Você deverá observar, durante o seu trajeto até o trabalho, a academia,


o supermercado etc. algumas mensagens escritas e deverá classificá-las de
acordo com sua tipologia e seu gênero textual.

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SÍNTESE

Bem, agora vamos recapitular o conteúdo que aprendemos nesta aula?


Acesse a videoaula disponível no material on-line.

Referências

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal.


Tradução de Maria Ermantina Galvão. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

________. Estética da criação verbal. São Paulo: WMF Martin Fontes, 2010.

CAMPELL, T. The first email message. PreText Magazine. 1998.

CRYSTAL, D. Language and the Internet. Cambridge: Cambridge University


Press. 2001.

MAINGUENEAU, D. Novas tendências em análise do discurso. 3. ed. Trad.


Freda Indursky. São Paulo: Pontes. 1987. 171 e-scrita Revista do Curso de
Letras da UNIABEU Nilópolis, v. 3, Número 1 B, Jan. - Abr. 2012

________. Análise de Textos de Comunicação. Trad. Cecília P. de Souza


e Silva e Décio Rocha. São Paulo: Cortez, 2000.

________. Diversidade dos gêneros. In: MACHADO, Ida Lúcia; MELLO,


Renato de (Orgs.). Gêneros: reflexões em análise do discurso. Belo Horizonte:
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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

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