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Sinopse: Um homem procura e encontra uma ilha paradisíaca

"A história da ilha desconhecida" também começa mais racional e legal, e ela fala para Saramago,
que o início, mas empate pode imediatamente e acabou por ser crucial sinal verde para a ação mais
longe: "Um homem bateu na porta do rei e disse: Dê-me um navio. " O governante está perplexo
por causa do tom arrogante de seus súditos, ele pede quase desafiadoramente: "E posso perguntar
por que você quer um barco" A resposta é clara e afirma: "Para encontrar a ilha desconhecida." O
homem corajoso e irreverente é dado o que ele pediu, embora ninguém acredita na ilha e ele é
ridicularizado por sua idéia. Sua viagem parece ser impossível desde o início, mas nada pode
alcançá-lo a seu pedido, seu objetivo, posto fora. Obstáculos não se importa, ele pode vagar com o
poder do pensamento para fora do caminho. A árdua jornada para a ilha por seus companheiros
para dar-se rapidamente, mas ele acredita que somente em seu sonho e pode suportar todas as
dificuldades. Como o homem viajar até ameaçados de fome, porque ele não tem dinheiro
suficiente para um supermercado, encher o navio, como se por magia com animais e torna-se uma
espécie de arca de Noé moderna. O poder da imaginação salva-lo novamente e ele pode suportar a
longa e árdua jornada para a ilha desconhecida, que é algo que nos é dito, "não existe, é apenas
uma idéia em sua cabeça." O homem finalmente encontra um estado paradisíaco, em que cumprir
todos os seus desejos sonhou.

O Conto da Ilha Desconhecida é um livro do escritor português José Saramago, lançado em


1997. É uma história na qual, em poucas páginas, o autor descreve metaforicamente o mundo,
referindo também aspectos do ser humano, suas ambições e, em especial, as suas frustrações.
Através desse texto o autor realiza também uma critica à burocracia, logo no inicio de seu texto.

A obra retoma um mote caro a Fernando Pessoa: "Para viajar, basta existir". É quando o sonho e
a imaginação tornam a aventura possível e a ficção é capaz de levar o homem daqui para ali,
saindo ele do lugar ou não.

Trata-se de um homem que, depois de insistir muito, consegue do rei uma embarcação para
procurar uma ilha que, segundo ele, ainda não tinha sido descoberta por viajantes e geógrafos.

"O homem nem sonha que, não tendo ainda sequer começado a recrutar os tripulantes, já
leva atrás de si a futura encarregada das baldeações e outros asseios, também é deste
modo que o destino costuma comportar-se connosco, já está mesmo atrás de nós, já
estendeu a mão para tocar-nos o ombro, e nós ainda vamos a murmurar, Acabou-se, não
há mais que ver, é tudo igual."

O conto da ilha desconhecida de José Saramago reúne elementos essenciais necessários a sobrevivência de
qualquer individuo. Um conto magnífico que relata a força que impulsiona o homem, a idealização e a busca de um
objetivo ou sonho lançado, astúcia e a necessidade de se fazer convincente para realização da conquistas de seus
ideais. Evidente no conto o ensinamento da questão a qual: .(..) “não nos vemos se não nos saímos de nós, Se não
nos saímos de nós próprios (...)” Saramago descreve em sua obra o elemento vital para a sobrevivência em um
mundo complexo e, em muitas vezes, desconhecido. O enredo segue a partir da atitude de um homem, bater a porta
de um rei, pedindo que ele o atenda, passando por cima da burocrática regra de protocolo, imposta a ser seguida,
nunca anteriormente infringida. O homem para ser atendido pelo rei, passa a ficar durante três dias diante da porta das
petições. Enquanto o rei, esperto, fica a maior parte do tempo, na porta dos obséquios, uma porta a qual ele recebe os
presentes e agrados de seus súditos. Não era comum que alguém ficasse tanto tempo na porta das petições mesmo
porque (...) “ali só podia atender um suplicante de cada vez, donde resultava que, enquanto houvesse alguém à
espera de resposta do rei, nenhuma outra pessoa se poderia aproximar a fim de expor as suas necessidades ou as
suas ambições”. (...) “A primeira vista, quem saia ganhando com o homem a porta à espera era o rei porque assim, era
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menos pessoas que lhe incomodava e tinha mais tempo de descanso, para receber, contemplar e guardar os
obséquio”.“À segunda vista, o rei perdia e muito, porque os protestos públicos, ao notar-se que a resposta estava a
tardar mais do que o justo fazia aumentar gravemente o descontentamento social, o que, por seu turno, ia ter
imediatas e negativas conseqüências no afluxo de obséquios”.Quando o rei resolve atender o homem, este expõe o
seu desejo: um barco para ir ao encontro da ilha desconhecida. O rei o questiona e lhe diz que não há mais ilhas
desconhecidas e resiste para atender o pedido do homem, tentando convence-lo que já não haviam mais ilhas
desconhecidas e, caso houvesse também lhe pertencia.
O rei acaba concedendo ao pedido do homem, porque a vizinhança e as pessoas que os assistiam na fila da porta das
petições começaram a gritar “dá-lhe o barco, dá-lhe o barco!!”. Perante esta manifestação não havia como o rei não
atender o pedido do homem. As pessoas gritavam não para serem solidárias ao homem na tentativa de sua conquista,
mas, para que assim tão logo ele saísse e desse o lugar às outras pessoas que ali esperava a sua vez de pedir. A
mulher da limpeza que era encarregada de cuidar dos afazeres do palácio e atender as pessoas que iam a porta das
petições, após ouvir a conversa do rei com o homem, resolveu sair pela porta das decisões que nunca era usada. A
mulher resolveu ir a busca de seu novo oficio e vocação, lavar e limpar barcos, a futura encarregada das baldeações e
outros asseios. Um modo a qual o destino passava a se comportar. Enquanto o homem vai a busca de sua tripulação,
após a conquista do barco, a mulher cuida dos afazeres da embarcação. O enredo segue, a partir desse ponto,
mesclando fluxo de consciência, a realidade e sonhos dos personagens. Saramago tem uma característica própria em
seu estilo literário quanto à pontuação. A leitura do conto é bem rápida, porém eloqüente, faz com que o leitor repense
nos verdadeiros valores do individuo (...) ”Se não sai de ti, não chegas a saber quem és” (...)Desejo que tenham a
oportunidade, assim que possível, de apreciar a leitura desse conto, criado por um dos maiores escritores portugueses
contemporâneo

ANÁLISE DE O conto da ilha desconhecida:


Livro com 62 páginas, das quais 16 são aquarelas de Arthur Luiz Piza. O texto é apresentado em partes,
não respeitando paragrafação e pontuação, obrigando o leitor a se manter preso às
mãos do narrador e a seguir com ele, navegando para dentro de si mesmo,
questionando as suas próprias vergonhas. Saramago conta a história de um
homem que bate à porta do rei para pedir-lhe um barco a fim de navegar em
busca da ilha desconhecida. O rei fazia-se de desentendido e somente ordenava a
abertura da porta quando a insistência se tornava mais do que notória e
perceptível à vizinhança que poderia considerá-lo um mau rei. O protagonista
dessa história não desistirá facilmente e, quando a mulher da limpeza, pela nesga
da porta, perguntou-lhe o que queria, ele exige - ao contrário dos outros
suplicantes - ser atendido pessoalmente pelo rei. Como só era possível atender
um suplicante de cada vez, novamente o rei, preocupado com sua reputação,
atende-o, porém após três dias de paciente espera do homem. O “intrometido” se
havia negado a encaminhar o requerimento pelas “competentes” vias
burocráticas: mulher da limpeza, primeiro e segundo ajudantes, primeiro,
segundo e terceiro secretários e o rei, sendo que a mulher da limpeza era
encarregada de atender à porta, emitir o requerimento, que seguia todo o caminho contrário e retornava
a ela mesma que o despachava: sim ou não, conforme seu estado, além de lhe caber limpar e costurar(...)
Nunca o aparecimento do rei havia sucedido, fato que causou surpresa, não só aos novos candidatos à
porta, mas também, novamente, à vizinhança. Assim, essa pequena grande história, brincando com os
sentidos das palavras envoltas num misto de fantasia e realidade, convida-nos a partir em busca de nossa
própria ilha desconhecida, talvez escondida dentro de nós mesmos.
“...mas quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou eu quandonela estiver”. (p.40)
“Se não sais de ti, não chegas a saber quem és”. (p.40)
“Como as pessoas se enganam nos sentidos do olhar, sobretudo ao princípio”.
(p.49)
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Nesse nosso mundo materialista e individualista no qual o ter se sobrepõe ao ser, vivendo na incerteza,
causada pelo medo de enfrentar o novo e desconhecido, cada vez mais desconhecido; nos chocando cada
vez menos com as barbáries do mundo; cegos, pelas nossas próprias “portas”.

Em poucas palavras ele nos leva a refletir profundamente sobre a natureza humana.

Neste maravilhoso livro de José Saramago, o autor coloca-nos a pensar sobre nós mesmos, o
que somos, ou descobrirmo-nos. Quando o homem do leme fala com a mulher da limpeza sobre
a ilha deconhecida e esta cita-lhe o filósofo do rei, que diz: "Que todo o homem é uma ilha". Na
opinião do homem do leme ele complementa a ideia do filósofo, falando que: "É necessário sair
da ilha para ver a ilha, não nos vemos se não saímos de nós..." Quando decidimos conhecer
verdadeiramente essa ilha desconhecida que somos nós, aí então, começamos a entender a nós
mesmos. Pois cada um, cada pessoa que existe no mundo é uma ilha desconhecida, porém, só
nós próprios podemos desvendar os mistérios da nossa ilha, quanto as outras ilhas podemos
entende-las e compreende-las, mas jamais poderemos descobrí-las.

Pouco é muito
É um livro pequeno e bem simples mesmo, mas traz uma mensagem muito bonita.

Um homem quer ir à procura de uma Ilha Desconhecida e todos acham que ele está maluco, pois, segundo eles, todas
as ilhas já são conhecidas e se não são conhecidas não há como saber se elas realmente existem.

Nos mostra que precisamos sair de onde estamos e procurar coisas novas para nos conhecermos mais.

"É necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós"

4.0 |
| minha estante
DanielCisneiros 07/11/2009

Ensaio apresentado na cadeira de Literatura Portuguesa 5


Como o próprio nome já nos indica, este livro não é mais um dos romances do José Saramago, mas sim um conto.
Disso nosso estranhamento já se inicia. Porque esse conto merece uma publicação à parte de um livro de contos?
Tem ele o porte de um romance ou novela, para ser publicado à parte? Essa é uma questão que provavelmente não
terá resposta, pelo menos neste texto, mas que serve como introdução à discussão sobre o livro, pois, mesmo não
sendo imanente a ele, leva-nos ao estranhamento, que é a primeira coisa que a arte deve causar. Se nos estranhamos
já por causa da edição, somos levados à conclusão (que poderia ser equivocada, mas não nesse caso), de que ela
serve (metonimicamente) como “propaganda” da obra, ou seja, de que se a edição nos causa estranhamento, a obra
também o causará e, logo, é uma obra de arte.

Ainda quanto ao título, sendo a obra, ou não, publicada solitariamente, é interessante se destacar que esse conto, se
assume como tal. Poderia o José Saramago ter lhe dado o título de “A Ilha Desconhecida”, ou outro qualquer que a
imaginação lhe permitisse. O fato de titulá-lo como “O Conto da Ilha Desconhecida”, já cria, então, mesmo antes de
levar o leitor a ler o livro, a impressão (destaquemos esta palavra, impressão) de que a história a ser contada está
distante do leitor, de que se trata de apenas um conto.
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Destaquemos o ar de “texto infantil” que o autor dá à obra. Iniciando pela edição: livro pequeno, curto, com letras
grandes, espaçamento grande, presença de figuras, linguagem simples (e o que não soa comum ao leitor brasileiro é
devido às diferenças lingüísticas entre as terras lusitanas e brasileiras). Já quanto ao texto, Saramago inicia a história
com a frase: “Um homem foi bater á porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco”. Embora não seja algo fora da
realidade, a presença de um rei, e que mora numa casa que será descrita depois como cheia de portas, uma para
cada “assunto”, nos leva já ao imaginário da tradição da literatura infantil universal, (que sempre traz esses elementos
da sociedade medieval/moderna - rei, mistério, embarcações). A impressão de superficialidade psicológica das
personagens, que também é um traço de certos textos infantis (entre eles os contos de fadas), também está presente
no livro. Outro traço comum especificamente, aos contos de fadas, que também está presente no texto do Saramago é
certa aterritorialidade e atemporalidade. Não se sabe dizer, ao certo, em que época (embora algo indique que seja
depois do início das “grandes navegações”), e nem em que local (embora outro tanto indique, ao leitor ocidental, que
se passe num mundo ocidental e, talvez, mais especificamente, na Europa) se passa a história. Todo esse ar infantil,
caracterizado pelos elementos mencionados, se une à palavra “conto”, no título do livro, reforçando a idéia de
“distanciamento” da realidade.

Vamos à trama e ao enredo do livro: Um homem deseja ir ao mar, buscar uma ilha desconhecida. Para isso vai à casa
do rei pedir um barco. O rei, depois de muita “burocracia”, concede o barco, embora não acredite na sanidade de um
homem que busca uma ilha desconhecida num período em que todas as ilhas são conhecidas (ou pelo menos, assim
se crê). O homem vai, então, à doca, requisitar o barco que o rei lhe concedeu, sem saber que a mulher da limpeza do
palácio do rei, abandonou o emprego para segui-lo. Repete-se, entre o homem e o capitão do porto, o diálogo sobre a
não-existência de ilhas desconhecidas. Por fim o capitão do porto entrega um barco, uma caravela, ao homem, ao
passo que a mulher da limpeza apresenta-se-lhe. Enquanto ela fica a limpar o barco, o homem vai recrutar a
tripulação. Ele retorna sem ninguém. Os dois conversam, ela lhe apresenta o barco, eles jantam e vão dormir, em
aposentos separados. O homem tem um sonho em que o barco já está ao mar, com uma grande tripulação, e
alimentos, e animais, e grãos, que brotam quando começa a chover. E então aparece uma ilha, mas já conhecida, e
todos se desembarcam, levando os animais. Ficam o homem e os grãos, e eles seguem, e os grãos criam raízes, que
penetram no barco, e se tornam árvores, e é uma floresta navegante. O homem acorda e, não se sabe como, ele está
abraçado à mulher, corpos confundidos. No outro dia eles pintam o nome do barco de “A Ilha Desconhecida” e ela sai,
“à procura de si mesma”.

A principal coisa a se destacar é o “contar” da história. É característico de Saramago, e neste livro, talvez, mais do que
em outros, por ser menor que os outros (em tamanho), que mais que a criação da história (por mais bela que ela seja),
o ponto forte de Saramago é o modo como ele a conta. É o jeito “Saramaguiano” de se contar a história que a torna
mais bela do que já pode ser. Destaquemos, neste seu “jeito”, três características: A estruturação diagramática das
frases do texto, que se intercalam em grandes períodos, criando uma pequena quantidade de longos parágrafos.
Nesses períodos, diversas frases se seguem, separadas por vírgulas, destacando-se, quando necessário, a mudança
de fala das personagens, não pela travessão (que não existe no texto de Saramago, pelo menos com essa função) e
sim por vírgulas. É a descrição, por exemplo, de uma ordem passando de funcionário em funcionário, até, por fim, ser
executada, o que intensifica a crítica à burocracia, mais do que as próprias ações.

A segunda característica a se destacar é a presença de “máximas”, ou seja, daquelas frases, ou expressões, que
carregam em si próprias, à parte do texto (do co-texto e do contexto) uma carga de sentido extremamente forte,
abstrata e por vezes filosófica. Um exemplo disso é a máxima “todas as ilhas, mesmo as conhecidas, são
desconhecidas enquanto não desembarcarmos nelas”.

A terceira característica é o fato de José Saramago não nomear os seus personagens, salvo raras exceções (que não
ocorrem nesse livro). Poder-se-ia relacionar isso ao já mencionado ar de “texto infantil” (vale lembrar, por exemplo, os
príncipes inúmeros não nomeados nos contos de fadas, assim como algumas bruxas).

Essas três características destacadas são comuns à obra do autor, mas neste livro adquirem função importante na
construção objetiva e, principalmente, subjetiva, dos significados do texto. Vamos lá:

A primeira característica, a dos períodos intercalados, cria, sem dúvida, uma fluidez na leitura, o que lhe dá certo ritmo,
remetendo-nos, imanentemente, à tão importante busca pela ilha desconhecida (ou pelo conhecimento do fim da
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história, no plano da leitura).

A presença das máximas segue a linha machadiana de sinalizar o leitor de que nem tudo deve ser aceito como é
posto. Certas coisas devem ser mais bem analisadas (leia-se: o suposto “ar infantil”).

A não-nomeação das personagens nos sugere a universalidade das situações por ele vividas. Já que sabemos que
nem tudo é o que parece, juntemos a isso, também, a aterritorialidade e atemporalidade do texto, tomando-as como
fatores de universalização. Logo, a busca pela ilha desconhecida é de todos, seja quem for, em qualquer época, onde
quer que esteja.

Sendo um pouco mais ousado, e com grandes riscos de cair em erro, pode-se afirmar que, talvez, a suposta falta de
profundidade psicológica seja também um fator de universalização. Sendo ou não essa suposição errada, fato é que a
superficialidade psicológica das personagens é falsa. A proposta deste texto não permite maiores reflexões, estão
apontaremos algumas características que sinalizam a profundidade psicológica da mulher da limpeza:

Um momento do texto a se refletir é aquele em que a mulher da limpeza sai pela porta das decisões por ter decidido
que bastava de lavar palácios e que sua verdadeira vocação era lavar barcos. Em outro momento ela corre, animada,
afirmando que o barco que o capitão do porto daria ao homem era o seu barco; mas logo depois ela se desculpa,
falando que aquele era apenas o barco de que ela gostara e que o barco era, na verdade, do homem. Logo depois,
limpando o barco a mulher se preocupa por não haver comida no barco; mas ela não se preocupa por si, que já está
acostumada ao “mau passadio do palácio”, mas sim por causa do homem. Já contando ao homem sobre conversas
com o filósofo do rei, ela diz que uma vez esse filósofo lhe disse que todo homem é uma ilha, e ela prossegue dizendo:
“eu, como aquilo não era comigo, visto que sou mulher, não lhe dava importância, tu que achas”.

Essas pequenas sinalizações (referentes à primeira parte da história), que necessitam de um estudo muito mais
objetivo, delimitado e aprofundado, servem para desmentir a leitura superficial do texto, que indica uma falsa
superficialidade psicológica das personagens.

Vamos agora ao que talvez seja o ponto principal da história. Entregando o jogo “de cara”, vamos ao caráter alegórico
da expressão “ilha desconhecida”, tomando-a como a essência da alma humana. O conto do Saramago, em um plano
de leitura um pouco mais aprofundado, fala-nos da busca que o “homem universal” empreende atrás de sua própria
essência. Como dizem as personagens/Saramago, na página 40: “[...] quero encontrar a ilha desconhecida, quero
saber quem sou eu quando nela estiver, [...], Se não sais de ti, não chegas a saber quem és [...]”.

Nessa busca a história se divide em duas partes: Na primeira a homem busca um barco para ir à procura da ilha
desconhecida. Buscar o barco é o primeiro passo para se atingir a ilha desconhecida, pois, depois de ter um barco, o
homem consequentemente já estará ligado à ilha desconhecida pelo mar. O barco é também, numa leitura, uma
representação da consciência, que é o que vai guiar o homem pelo mar, que representa todas as possibilidades a se
seguir. O rei assume, então, na luta para se conseguir um barco, o papel do acaso, que é sempre maior que nós,
dificilmente atende às nossas expectativas, mas sempre está prestes a nos trazer uma surpresa.

Enfim, o homem finalmente recebe uma caravela, que era o barco que, à época das grandes navegações, os
portugueses usavam para sair à procura de terras desconhecidas, e, mais do que isso, à procura de si mesmos, à
procura de uma razão para se viver, de algo que os tirasse do marasmo da existência sem expectativas e realizações
(que são as coisas que fazem a vida mais interessante). Buscar o barco já é, por si só, uma forma de se sair do
marasmo, já é um objetivo a se atingir, visando o superobjetivo da introspecção. A busca do barco é o primeiro passo
para sair de si e tentar ver quem se é.

A segunda parte se inicia quando o homem volta da cidade sem qualquer marinheiro que o acompanhe na busca pela
ilha desconhecida. O homem se vê só, acompanhado em sua solidão e em seu sonho, pela mulher da limpeza. Eles
são dois, sozinhos em si, e não se completam, embora compartilhem do mesmo ideal. Isso é explicado por algo já dito
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pelo homem algumas páginas, do livro, antes. Disse ele que mesmo as ilhas conhecidas são desconhecidas enquanto
não pisamos nelas. E nesse momento o homem ainda não pisou na ilha desconhecida que é a mulher ao seu lado, e
nem a mulher pisou na ilha desconhecida que é o homem ao seu lado. São duas ilhas desconhecidas, lado a lado em
sua ignorância.

Esse fato é o que efetivamente inicia o “encontrar a ilha desconhecida”. Pois ao se perceberem sós eles se percebem
um ao outro, embora não percebam que se perceberam. É no momento em que isso ocorre que eles vão dormir e se
inicia o sonho do homem.

O sonho do homem funciona, de certo modo, como uma ferramenta para se sair de si próprio. No sonho ele não está
mais só. Ele está acompanhado de outros marinheiros, de víveres, de grãos... Mas todos se vão tão logo encontram
uma ilha conhecida. E ele fica só, vagando pelo mar. Na nossa busca por nós mesmos é também isso o que ocorre.
Até certo momento podemos estar acompanhados. Mas chega um momento em que só ficamos nós, em busca de nós
mesmos. E nesse momento ficamos vagando, até que, de repente, atingimos o que esperávamos e já perdêramos as
esperanças de encontrar. Pelo menos até nos acostumarmos e termos que recomeçar a empreitada. Nessa busca
acontece, às vezes, como no sonho, de carregarmos grãos, que cremos que podem facilitar nosso trabalho. Mas
esses grãos às vezes se derramam, e começam a se infiltrar em tudo, e a ganhar vida própria, a crescer e a
governarem o barco de nossa vida. Aí viramos florestas ambulantes, cheios de grãos que não somos nós. Nesse
momento o que temos a fazer é destruir essa floresta que impede que nos vejamos e, enfim, nos encontrarmos (pelo
menos por alguns segundos).

É o que acontece ao homem. Até que, enfim, ele percebe uma sombra em seu sonho e acorda deitado ao lado da
mulher da limpeza, compartilhando com elas suas intimidades, corpos confundidos. Neste momento específico eles
deixam de ser duas ilhas desconhecidas, passam a se conhecer e a conhecer a si próprios. E aí eles se percebem
como um só. E como um só eles precisam encontrar sua essência, já que separados eles já a conhecem. Pintam
então o barco com o nome de “A Ilha Desconhecida”, e saem, fundidos, eles e o barco, a procura de si mesmos.

São os pontos apresentados, e, principalmente o caráter alegórico da história, (história que se torna uma alegoria de si
própria, ao fantasiar a alegoria com ares de texto infantil) que tornam a leitura de “O Conto da Ilha Desconhecida” uma
leitura densa e reveladora, e que merece estudos mais aprofundados do que os que se dariam a um conto qualquer.

A viagem em busca de ilhas desconhecidas serve em seu livro como uma metáfora para a auto-descoberta.
He plays on the well-known saying that no man (or every man, depending on whether the speaker wants to
insist that man is inextricably connected to society, or there is always a core to him that is inaccessible to
others) is an island when he has his protagonist insist that "you have to leave the island in order to see the
island, that we can't see ourselves unless we become free of ourselves." Ele joga com o ditado bem
conhecido que nenhum homem (ou a cada homem, dependendo se o orador quer insistir em que o homem é
intrinsecamente ligadas à sociedade, ou há sempre um núcleo para ele que é inacessível para os outros) é
uma ilha quando ele tem seu protagonista insistem que "você tem que deixar a ilha, a fim de ver a ilha, que
não podemos ver a nós mesmos, a menos que nos tornamos livres de nós mesmos." We might say that this
is one of the things great narrative art does: to allow us, through an extended empathetic engagement in the
lives of others, to become free of ourselves, to leave our own islands (as I suggest in and ). Podemos dizer
que esta é uma das coisas que faz grande arte narrativa: permitir que nós, através de um envolvimento
empático estendida na vida dos outros, para tornar-se livres de nós mesmos, para deixar nossas próprias
ilhas

 Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar."

 "Quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou quando nela estiver."

13. O discurso de José Saramago é um discurso oralizante. Explica esta afirmação.


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Diz-se que o discurso de José Saramago é um discurso oralizante, pois ele assume o
papel de um contador de histórias, como se o narrador estivesse a contar a história em
voz alta e reproduzisse sozinho as falas de todas as personagens. Por isso existe a tal
fuga às regras do discurso direto: não muda de linha, não usa dois pontos nem travessão,
as mudanças de falas são assinaladas por vírgula e letra maiúscula e as frases
interrogativas não apresentam ponto de interrogação, mas reconhecem-se pela própria
estrutura sintática.

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