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Conto da Ilha Desconhecida: resumo

É um texto narrativo, com personagens, espaço e tempo reduzidos.

Este conto que gira em torno de um homem que vai até o rei para pedir que lhe dê um barco. Ao
chegar ao castelo, percebe que existem duas portas: uma delas é a porta dos obséquios, em que o monarca
passa a maior parte do tempo recebendo presentes dos seus súditos. A outra é a porta das petições, onde o rei
praticamente nem aparece e existe um processo muito burocrático para que se possa pedir algo ali. Mas,
naquele dia, o homem estava determinado e exigiu que o rei o recebesse para que ele fizesse o seu pedido.

Ao ser questionado sobre os seus motivos para desejar ter um barco, ele responde que deseja
encontrar a ilha desconhecida. No entanto, o homem sabia que, de acordo com os geógrafos, não havia mais
ilhas desconhecidas, pois todas elas já teriam sido encontradas por alguém. Mesmo assim, ele acredita que
possa descobrir uma nova.

Tudo parece estar contra aquele homem sonhador: o rei não parecia disposto a dar-lhe um barco,
os marinheiros não aceitariam participar dessa empreitada, o mar andava agitado e os geógrafos do rei
tentavam, de qualquer maneira, convencê-lo de que a aventura seria em vão, pois ele não conseguiria
encontrar uma ilha que ainda não tivesse sido descoberta.

Mesmo diante de todas essas adversidades, o homem não se abateu e nem desistiu do seu
propósito. E assim, com muita insistência, conseguiu convencer o monarca a dar-lhe o barco. E não foi só
isso, pois também conquistou a simpatia de uma das criadas que fazia a limpeza do castelo, de modo que ela
abandonou o seu trabalho para seguir aquele homem.

No entanto, nem tudo ia tão bem: além da mulher da limpeza, o homem não encontrou mais
ninguém que aceitasse acompanhá-lo durante a viagem. Não havia no reino um marujo sequer que desejasse
participar dessa busca por uma ilha desconhecida.

A história transcorre, portanto, ao redor dessa busca do protagonista pela ilha desconhecida sobre
a qual ele não sabia absolutamente nada (afinal, se soubesse algo, a ilha já seria conhecida!). Talvez para a
surpresa da maior parte dos leitores, ele consegue encontrar a ilha, no lugar onde menos esperava.

Características e análise da obra


Entre os principais aspetos que podem ser observados nesse conto de Saramago, é possível
destacar:

• Os personagens não possuem nome, apenas profissão ou alguma característica que os


identificam. Nesse quesito, o conto dialoga com os textos fabulares;

• Não há localização geográfica, ou seja, o narrador não diz onde fica o reino de onde parte o
enredo;

• Há poucos pontos finais, uma vez que Saramago costuma utilizar vírgulas com mais frequência,
já é uma marca do autor;

• Sentenças curtas;

• Diálogos intercalados com descrições de personagens e cenas, deixando a leitura dinâmica.


A história do homem querendo encontrar uma ilha desconhecida é, na verdade, uma metáfora que
indica a busca do ser humano por aquilo que ele não conhece, a busca pelo novo, mesmo quando ela é
marcada por incertezas.

O fato de ele conseguir encontrar a ilha que tanto desejava, mesmo sem ter o apoio e incentivo de
outras pessoas, é uma demonstração clara de que cada um tem dentro de si aquilo que precisa para atingir as
suas metas e objetivos.

Por outro lado, a personagem feminina, representada pela mulher que limpava o castelo, tem uma
grande importância: ela traz a reflexão sobre a impossibilidade de mergulhar em uma aventura como essa de
forma completamente isolada, por outro lado, a necessidade que isso trás de se dispor a conviver com
alguém.

O Conto da Ilha Desconhecida mostra o quanto pode ser cômodo permanecer na própria zona de
conforto, sem enfrentar o desconhecido. No entanto, a evolução humana está justamente em buscar o novo,
em desafiar a si mesmo e procurar superar constantemente os próprios medos e limites. Também não deixa
de ser uma lição de otimismo, uma vez que o homem encontra a ilha apesar de todas as adversidades que
existiam até então.

Por fim, utilizando tempos medievais como referência, Saramago ainda traz uma crítica social. O
fato de não revelar os nomes dos personagens e identificar cada um por meio da sua função, reforça essa
ideia. O rei, por exemplo, estava sempre disposto a receber os presentes, mas não a atender as necessidades
do seu povo.

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