Você está na página 1de 7

ESCOLA SECUNDÁRIA / 3.º C.E.B.

POETA AL BERTO
maio de 2018
TESTE DE AVALIAÇÃO DE PORTUGUÊS – 9.º C
Aluno(a): ____________________________ A docente: Patrícia Santos

GRUPO II - Leitura/Educação Literária

Lê o texto. Se necessário, consulta o vocabulário.

Texto A
Nuno Júdice: “Quando acabo um poema, não sei muito bem o que
escrevi”

Estudava Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa quando em março de 1972 e em


junho de 1973 via editados os primeiros livros de poesia. A noção de poema e Crítica doméstica dos
paralelepípedos, então publicados na coleção Cadernos de Poesia da Dom Quixote, têm nova edição,
distante dos tempos em que o premiado autor assinava como John Seablood, um fervoroso das
5 histórias de terror e vampiros.

Era fã do género de terror?


Sim, de Bram Stoker1, H.P. Lovecraft1. É um tipo de literatura que hoje já não me provoca o mesmo
fascínio; é uma relação que de certo modo hoje se reconciliou em mim. Essa relação com os temas
mais negros.

10 A reconciliação é fruto da idade?


Sim, também era o ambiente da altura. Tínhamos a ditadura, havia um tipo de vida que hoje não há,
apesar de haver outros problemas, mas o ambiente é muito menos opressivo. Falar desse lado
noturno era uma forma de exprimir a negatividade de quem vivia nessa época. Hoje já não há censura,
há uma libertação muito maior da escrita, e do pensamento sobre as coisas.

15 Que títulos começou por ler?


A [coleção] Biblioteca dos rapazes, o Tintim, toda aquela literatura para adolescentes. Foi muito
importante porque abriu um imaginário ligado à viagem, com o [Robert Louis] Stevenson, o Júlio
Verne, que era uma forma de fuga ao mundo muito fechado daquele tempo. Estávamos fechados em
Portugal. Era difícil viajar, sair das fronteiras. Só através da imaginação era possível essa fuga.

20 Nasceu na Mexilhoeira Grande. A poesia coincide ainda com os tempos de Algarve?


Não, vivia em Lisboa. Em casa dos meus pais havia Álvaro de Campos, Antero de Quental, António
Nobre, Cesário. Pude muito facilmente ter acesso a esses livros, acho que desde que aprendi a ler. Na
escola também esse contacto com a poesia era comum. Senti-me motivado desde muito cedo.

Saiu do Algarve com que idade?


Com quatro anos. Os meus avós viviam lá; ia ao Algarve sempre que havia férias. A relação com a

25 Natureza, com o mar, sempre foi muito presente na minha vida. Os meus pais viviam em Lisboa, mas
a minha mãe era de lá.

Diz que descobre a sua voz pelos 17 anos. Como se dá essa descoberta?
Quando se começa a escrever e há um momento em que se encontra qualquer coisa que não se
reconhece noutros. Foi no fim do liceu, até porque estava numa turma com muita gente que escrevia.
Trocávamos poemas. A poesia na época estava muito marcada por um lirismo que vinha do século
XIX. Líamos coisas muito recentes, e foi a partir dessa troca de opiniões que encontrámos uma voz
30
própria.

In Jornal Sol, edição online – https://sol.sapo.pt/artigo/403617/nuno-j-dice-quando-acabo-um-poema-nao-sei-muito-


bem-o-que-escrevi (acedido em 23.04.2018, texto com supressões)

VOCABULÁRIO
1
autores do género de terror.

1. Seleciona, em cada item, a alínea que completa cada frase de forma adequada, de acordo
com o sentido do texto.
1.1. Na expressão “os temas mais negros” (linha 9), a palavra “negros” poderá ser substituída
por
(A) pretos.
(B) escuros.
(C) tristes.
(D) sombrios.

1.2. O gosto de Nuno Júdice pela literatura de terror teve a ver com
(A) o facto de, na altura, ser ainda adolescente.
(B) o regime ditatorial da época.
(C) os problemas pessoais do escritor.
(D) o ambiente opressivo em casa.

1.3. Nuno Júdice começou por ler literatura de viagens juvenil, porque
(A) adorava conhecer novas terras.
(B) era a única forma de se evadir de Portugal.
(C) em Portugal, apenas se lia estas obras.
(D) eram as únicas obras na biblioteca.
1.4. Nuno Júdice sentiu-se “motivado desde muito cedo” (linhas 24-25) para
(A) aprender a ler.
(B) conviver com pessoas diferentes.
(C) ler poesia.
(D) ir à escola.

1.5. Na frase “Líamos coisas muito recentes, e foi a partir dessa troca de opiniões que
encontrámos uma voz própria” (linhas 34-35) a palavra “voz” significa
(A) expressão.
(B) marca.
(C) fala.
(D) língua.

Texto B
Lê o poema de Nuno Júdice. Caso necessário, consulta o vocabulário.

Escola e um fio de versos e verbos


canta, no fundo do pátio,
O que significa o rio, no coro de arbustos que
a pedra, os lábios da terra 20 o vento confunde com crianças.
que murmuram, de manhã,
o acordar da respiração? A chave das coisas está
no equívoco2 da idade, na
5 O que significa a medida sombria abóbada3 dos meses,
das margens, a cor que no rosto cego das nuvens.
desaparece das folhas no
In Meditação sobre Ruínas, Nuno Júdice.
lodo de um charco1?

O dourado dos ramos na


10 estação seca, as gotas VOCABULÁRIO
1
pântano; lodaçal; lameiro.
de água na ponta dos 2
mal-entendido; erro; confusão;
cabelos, os muros de hera? engano.
3
aquilo que apresenta a forma de
uma superfície côncava.
A linha envolve os objetos
com a nitidez abstrata
15 dos dedos; traça o sentido
que a memória não guardou;
2. Delimita os dois momentos que constituem o poema. Justifica a tua resposta.

3. Demonstra que a Natureza é o tema comum às questões das três primeiras estrofes.

4. Transcreve da quinta estrofe uma personificação e comenta o seu valor expressivo.

5. Atenta na última quadra.


5.1. Comprova que o sujeito poético não obtém uma resposta objetiva para a “chave das
coisas”.

Texto C

Lê o excerto do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente.

6. Neste
excerto,
o Diabo
vê o
Fidalgo
“em
feição”
de entrar
na sua
barca.
Comprova esta afirmação,
 indicando os argumentos utilizados pelo Diabo para condenar o Fidalgo;
 referindo a razão pela qual o Fidalgo considera não ser aquela a sua barca.
A resposta deve ter entre 40 e 70 palavras.

GRUPO III
1. Associa a palavra sublinhada nas frases da coluna A à classe e subclasse que lhe
correspondem na coluna B.
COLUNA A COLUNA B
(A) O terror é um tipo de literatura que já não
(1) Conjunção subordinativa completiva.
fascina Nuno Júdice.
(B) O poeta admitiu que a ditadura
(2) Conjunção subordinativa comparativa.
influenciou as suas leituras na
adolescência. (3) Conjunção subordinativa consecutiva.
(C) Portugal é menos opressivo que na
(4) Conjunção subordinativa causal.
adolescência do poeta.
(D) Ele optou por escrever poesia que era
(5) Pronome relativo.
mais do seu agrado.

2. Para responderes a cada item (2.1. a 2.3.), seleciona a opção que completa cada afirmação.

2.1. A frase que contém uma oração subordinada adverbial temporal é


(A) Durante a adolescência, Nuno Júdice passava férias com os avós.
(B) Nuno Júdice ia ao Algarve sempre que havia férias.
(C) Desde que tivesse férias, Nuno Júdice ia ao Algarve.
(D) Dado que os avós viviam no Algarve, Nuno Júdice passava lá as férias.

2.2. A frase em que a palavra “mal” é um advérbio é


(A) Nuno Júdice ia ter com os avós no Algarve mal ficava de férias.
(B) Não há mal que sempre dure nem bem que não se acabe.
(C) Nuno Júdice mostra-nos como se vivia mal durante a ditadura.
(D) Na ditadura, há uma luta constante entre as forças do bem e do mal.

3. Reescreve as frases a seguir apresentadas, substituindo a expressão sublinhada por um


pronome pessoal adequado.
a) “Quando acabo um poema, não sei muito bem o que escrevi”.
b) Nuno Júdice escreveria histórias de terror se gostasse do género de terror.
c) “Líamos coisas muito recentes” (linha 34).

4. Identifica a função sintática desempenhada pelas expressões sublinhadas nos versos a seguir
transcritos.
a) “traça o sentido / que a memória não guardou” (versos 15-16).
b) “A chave das coisas está / no equívoco da idade” (versos 21-22).

GRUPO IV
Ser poeta é partilhar com o outro os sentimentos guardados no coração.

Escreve um texto de opinião, com um mínimo de 160 e um máximo de 260 palavras, que
pudesse ser publicado num jornal escolar, em que defendas a afirmação anterior.
Lembra-te de que deves escrever a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
Apresenta, no mínimo, dois (2) argumentos que sustentem a tua posição.

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos
algarismos que o constituam (exemplo: /2017/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte: – um desvio dos limites de extensão implica
uma desvalorização parcial até dois pontos; – um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.

COTAÇÃO DO TESTE
GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO IV
1.1. ….......... 2 pontos 1. ....................... 6 pontos
Compreensão 1.2. ….......... 2 pontos 2.1. .................... 2 pontos  Tema e tipologia
do oral 1.3. ….......... 2 pontos 2.2. .................... 2 pontos  Coerência e pertinência
1.4. ….......... 2 pontos 3. ....................... 6 pontos  Estrutura e coesão
1.5. ….......... 2 pontos 4. ....................... 4 pontos  Morfologia e sintaxe
2. …............. 6 pontos  Vocabulário
3. …............. 6 pontos  Ortografia
4. …............. 5 pontos
5.1. ….......... 6 pontos
6. …............. 7 pontos _____________
_________ _________ ___________ 30 pontos
10 pontos 40 pontos 20 pontos
TOTAL: 100 pontos
CENÁRIOS DE RESPOSTA DO TESTE

ITENS DE RESPOSTA
COTAÇÕES
Grupo I – Textos A e B
1.1. (D); 1.2. (B); 1.3. (B); 1.4. (C); 1.5. (A) 2x5=10
…………………………………………………………………………………….................... …….……
2. Nas três primeiras estrofes do poema, o sujeito poético interroga-se sobre o
significado das “coisas”; nas três últimas, procura responder às suas interrogações. 4+2*=6
…………………………………………………………………………………….................... …….……
3. Ao longo das três primeiras quadras, o sujeito poético questiona-se sobre o “rio”, a
“pedra”, os “lábios da terra”, a “medida / das margens”, a cor das “folhas / no lodo de
um charco”, a mudança de tonalidade dos “ramos na / estação seca”, “as gotas / de 4+2*=6
água”, os “muros de hera“, ou seja, diversos elementos da Natureza.
…………………………………………………………………………………….................... …….……
4. A personificação “no coro de arbustos que / o vento confunde com crianças.” salienta
a ideia de que a Natureza partilha o som das crianças que a memória do sujeito
poético “não guardou”. 3+2*=6
……………………………………………………………………………………....................
5.1. A resposta às questões iniciais do sujeito poético assume um caráter subjetivo, na …….…..
medida em que reside num “equívoco da idade”, sem conseguir revelar-se na
“sombria abóbada dos meses” e no “rosto cego das nuvens”. Por outras palavras, é 4+2*=6
na ambiguidade, na escuridão e na ignorância que se mantém a “chave das coisas”.
…………………………………………………………………………………….................... …….……
6.
5+2*=7

* Conteúdo + forma (para todas as situações assinaladas com sinal +)

Grupo II – Gramática
1. (A)–(5); (B)–(1); (C)–(2); (D)–(4). 1,5x4=6
…………………………………………………………………………………….................... …….....….….
2.1. (B) 2
…………………………………………………………………………………….................... …….….….....
2.2. (C) 2
…………………………………………………………………………………….................... …….….….....
3. a) Quando o acabo, não sei muito bem o que escrevi.
b) Nuno Júdice escrevê-las-ia se gostasse do género de terror. 2x3=6
c) Líamo-las [...].
…………………………………………………………………………………….................... …….….….....
4. a) Sujeito. 2x2=4
b) Predicativo do sujeito.

Grupo III – Escrita


Na redação do texto, o aluno deverá:
– escrever um texto de opinião;
– cumprir as instruções fornecidas relativamente ao género textual e à extensão
do texto;
– produzir um discurso coerente do ponto de vista da informação fornecida e da 30
progressão textual;
– usar adequadamente parágrafos, marcadores do discurso e pontuação;
– utilizar vocabulário adequado, pertinente e variado;
– escrever com correção ortográfica e morfossintática.

Você também pode gostar