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Copyright © 2021 Bruna Rodrigues

Capa: L.A Capas


Diagramação: Bruna Rodrigues
Revisão: Fernanda Broccoli
Está é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos
descritos, são da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes,
acontecimentos e lugares reais é mera coincidência. Texto em conformidade
com as normas do novo acordo ortográfico da língua portuguesa (Decreto
Legislativo Nº 54 de 1995).
Samantha – Meus Quatro Recomeços
Harém reverso
Livro 1
Bruna Rodrigues
1ª edição - 2021
Todos os direitos reservados.
São proibidos o armazenamento e/ ou a reprodução de qualquer parte dessa
obra, através de quaisquer meios – tangível ou intangível – sem a permissão
da autora. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela LEI No
9.610./98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Depois de sofrer uma grande desilusão amorosa e uma perda que a fez
questionar o sentido das suas escolhas, Samantha acredita que o recomeço
está ao seu alcance, após ela se candidatar para uma vaga de emprego na
empresa King.
Entretanto, o que Samantha não imaginou, é que o homem que fará sua
entrevista é o mesmo que ela xingou de babaca e mostrou o dedo do meio
alguns minutos atrás.
Se não bastasse entrar na vida de um King de forma equivocada, Samantha
acaba se envolvendo com os outros três.
Quatro irmãos!
Quatro personalidades diferentes!
O babaca!
O senhor bumbum perfeito!
O empalador!
O safado de sorriso fácil!
Essa é uma estória de harém reverso, onde a mocinha se envolverá com
mais de três homens.
Não recomendado para menores de 18 anos e para todos aqueles que não
aceitam que existem outras formas de amor, além da que a sociedade
preconceituosa impõe.
Antes de iniciar a leitura, vamos estabelecer alguns pontos. Samantha
é uma estória com o tema harém reverso. Harém reverso, é uma mulher que
se relaciona com mais de três homens. Por isso, antes de iniciar a leitura e
se chocar com o enredo, espero que tenha compreendido a temática do livro.
Samantha, seria um conto, os leitores que leram o conto Meus Cinco
Cowboys, sabem que Samantha faz parte do enredo da estória, contudo, eu
decidi tonar meus contos em uma série de livros, sendo assim, a estória da
Samantha sofreu algumas alterações da que foi passada no conto dos Meus
Cinco Cowboys, tendo isso em mente, eu peço que desconsiderem o conto,
até porque com o lançamento de Samantha, Meus Cinco Cowboys foi
retirado da Amazon. O conto dos cowboys voltará sendo o segundo livro da
Série Harém Reverso.
Mais uma vez deixo meu alerta sobre a temática do livro: Essa é
uma estória de harém reverso, onde a mocinha se envolverá com mais de
três homens.
Não recomendado para menores de 18 anos e para todos aqueles
que não aceitam que existem outras formas de amor, além da que a
sociedade preconceituosa impõe.

“E a gente vive junto


E a gente se dá bem
Não desejamos mal a quase ninguém
E a gente vai à luta
E conhece a dor
Consideramos justa toda forma de amor.”
LULU SANTOS
Primeira Parte
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Segunda Parte
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Epílogo
Próximo livro da série
Agradecimentos
Pedido da autora
Se a química
é perfeita,
não importa
quantas ligações
nós fazemos.
Daniel Brito
Atrasada e com medo, corro por entre as árvores o mais rápido que
posso. Não sei como pude me deixar levar, eu sempre tomo todo cuidado
com as horas quando vou vê-los, mas nessa vez eu me deixei levar e nem
posso me culpar. Como não me esquecer de tudo quando estou com eles?
Sorrindo penso em Kyle e no seu jeito romântico depois que fizemos amor,
Ryder e seu modo arrogante de comandar a nossa interação, John e suas
posições sexuais que sempre me deixam louca de desejo, Mason e seu modo
possessivo e Ethan com seus carinhos e cuidados.
Eu os amo.
Eu nunca pensei que isso seria possível, no entanto para mim é, eu os
amo. Amo cada um igualmente, amo estar com eles, amo o jeito que me
tocam, o jeito que fazem amor comigo, seus olhares, seus beijos. Suspiro já
sentindo falta de estar com eles, não podemos estar a vista de todos sempre
os seis juntos, isso poderia chamar atenção indesejada para nós, e quem
olhar com mais atenção, descobrirá que os irmãos Allen compartilham a
mesma mulher.
No caso eu.
Ao longe avisto minha casa, a fumaça saindo da chaminé me faz
saber que estou encrencada, afinal sou eu que a acendo, e o atraso de meia
hora é preocupante. Não quero nem imaginar o que meu pai fará comigo por
causa do meu descuido. Continuo a correr, sentindo a brisa atingir meu rosto,
o vento chicotear meus cabelos, mas meus pés param no meio do caminho,
minha respiração engatada, meus batimentos descontrolados, suguei o
máximo de ar para meus pulmões, tentando não transparecer meus medos,
caminho devagar com meus olhos fixos em um único ponto.
Meu pai.
Dou uma olhada para a corda em sua mão, imaginando que talvez ele
tenha acabado de chegar do pasto. Seu rosto é uma incógnita, não me dá
nenhuma dica do porquê ele está parado olhando para mim tão seriamente. A
poucos passos de chegar perto dele, notei a mudança em sua feição, a
expressão de aborrecimento está presente, meu coração acelera ainda mais,
sem saber o motivo.
— Pai, tudo bem? — Me aproximo cautelosa, ele mantém a
expressão ilegível.
— Sabe Samantha, hoje eu tive que ir até a fazenda dos Allen. —
Sinto minhas pernas vacilarem. — Tinha que ter uma conversa sobre a cerca
ao leste da fazenda, e antes que eu pudesse me encontrar com o senhor Allen,
sua mãe me ligou dizendo que estava passando mal. Perguntou se tinha como
eu voltar. — Ele dobrou a corda que segura.
— Pai, eu...
— Cala a boca! — Avança devagar na minha direção. — Eu
perguntei a sua mãe onde você estava, e sua mãe não soube me responder. Eu
fiquei possesso, por isso, encurtei o caminho passando pela cachoeira. —
Meu coração para de bater, meu maior medo se tornando real.
— Eu... eu... posso explicar — Um tapa no meu rosto me obrigou a
se calar.
— Não precisa explicar o que eu vi. — Meu pai levantou a mão que
segura a corda batendo com força nas minhas pernas. — Uma puta, você é
uma puta! — Me bateu mais duas vezes.
— Eu os amo! — Gritei tentando inutilmente me proteger dos ataques
do meu pai.
— Você é uma vergonha!
Voltou a me bater, e tudo que eu pude fazer foi me deitar no chão e
receber cada golpe em silêncio. Não havia mais nada que eu pudesse fazer
ou falar. Meu pai me fez perceber com sua atitude que ele nunca irá entender,
muito menos aceitar.
Usando a máscara da indiferença me aproximo da cachoeira, onde
muitas vezes foi palco dos nossos encontros, dos nossos momentos de amor
e paixão. Parados me olhando, estão os cinco motivos que eu pensei em fugir
sem olhar para trás, porém também estão os cinco motivos que me afastariam
da pessoa que mais amo na vida, e isso eu não posso permitir. Mesmo que
isso me doa até a alma, mesmo que eu sofra todos os dias, esse é o certo a se
fazer.
— Sami, tudo bem? Você sumiu, nos deixou preocupados. — Kyle
perguntou e meu interior se revoltou com o que eu terei que fazer.
— Estou bem. — Menti.
— Então, por que sumiu? — Mason questionou, todos com
semblantes sérios esperando pela minha resposta.
— Eu não posso mais... fazer isso. — As palavras queimaram minha
garganta como fogo.
— Não pode mais fazer, o quê? — Ryder perguntou com sua voz
grave. Decidida a acabar logo com isso, falei o que ensaiei a noite toda.
— Ficar com todos. — O esgotamento emocional está me matando.
— Eu não posso mais continuar com essa loucura. — As minhas palavras
pegam a todos de surpresa, suas expressões confirmam que eles não
esperavam ouvir isso, não de mim.
— Sami, do que você está falando? — Kyle deu um passo para mais
perto e eu dei dois para trás. — Há uma semana, nesse mesmo lugar você
disse que nos amava, o que mudou? — Dói, sua pergunta dói muito.
— Eu menti. — Agora quem dá dois passos para trás é ele. — A
verdade é que eu amo apenas um de vocês, os outros foram apenas um
passatempo. Um propósito para um fim. Eu sei que se eu quero ficar com um,
sou obrigada a ficar com todos.
Um som de risada chamou minha atenção, olhei para Mason que
sorria de lado, esse é o seu sorriso cruel, eu sei identificá-lo, eu o vi dar
esse mesmo sorriso várias vezes para David Burt, o cara que ele e seus
irmãos mais odeiam.
— Eu sabia. — Disse rude.
O quê?
— Sabia o quê? — Perguntei confusa.
Do que Mason está falando?
— Você ter começado a namorar primeiro o Kyle, e depois ter posto
na sua cabecinha que queria cada um de nós, só me provou que você não nos
ama. Na verdade, você não ama ninguém. — O peso das palavras do Mason
estão me destruindo e ele nem percebe, como ele pode dizer que não os
amo? Eu sempre demonstrei com meus beijos, com meus toques. — É bom
que você quis ter essa conversa, assim tudo fica às claras.
— Mason, do que você está falando? — Kyle perguntou ao irmão
que não se importava de destruir meu coração um pouco mais.
— A verdade irmão, estou falando apenas a verdade. — Mason
parou de olhar para o irmão voltando a me encarar. — Samantha, eu não te
amo, nem nunca irei te amar. O nosso sexo é bom, mas é apenas isso, sexo.
Eu queria foder, e você queria me dar, ponto.
A bile subiu e coloquei a mão na boca evitando vomitar com suas
palavras cruéis. Ele não me ama? Foi apenas sexo? Todos esses meses, não
significaram nada para ele? Me custa acreditar no que ele diz. Será que os
outros pensam a mesma coisa? Vim decidida a fazer o que meu pai me
obrigou, mas a revelação de Mason mudou meus planos, mudou tudo. Agora
sou eu que quero saber o que eles sentem por mim.
Foi tudo na minha cabeça? Foi tudo uma ilusão?
— Vocês... vocês... — Controlei o máximo que pude, mas as
lágrimas começaram a queimar meus olhos, o que me restou a fazer foi ser
orgulhosa demais para deixá-las caírem. E foi o que fiz, não permiti que
nenhuma caísse. — Também pensam como... o Mason?
Eu preferia não ter feito essa pergunta, mas eu preciso saber. Eu
preciso ter essa resposta para seguir em frente, talvez sabendo que eles
nunca me amaram a partida doa menos, e a falta que eles causarão passe
mais rápido, e o amor deixe de existir algum dia.
Eu não acredito que deixe.
— Olhe Samantha...
— Pare Ryder, eu fiz uma pergunta simples. — O interrompi. —
Então apenas responda — deixei a indiferença escorrer pela minha boca,
como se os homens na minha frente não estivessem me matando, como se
suas palavras não estivessem me destruindo.
— Eu não a amo, é apenas sexo. — Respondeu sucinto, sua resposta
partiu meu coração um pouco mais.
— Eu também não a amo, pensei que soubesse. — Ethan disse não
tendo coragem de olhar nos meus olhos.
— Samantha, eu sempre aproveitei os momentos que
compartilhamos, mas nunca foi amor, foi sexo e apenas isso. — John falou.
Olhando dentro dos seus olhos vi a sinceridade nas suas palavras, e isso por
fim partiu meu coração definitivamente.
Eles não me amam, nunca me amaram. Foi sexo, nada mais que isso.
Como fui boba, até parece que existe um amor assim, igual e verdadeiro
entre seis pessoas. Sinto minha garganta fechar, a vontade de correr para
longe deles e poder chorar minha dor escondida é forte, e pouco me
importando para eles, virei-me de costas e comecei a andar, deixando-os
para trás, sabendo que minha partida doerá apenas em mim.
— Sami, espere — a voz de Kyle foi um bálsamo, uma tranquilidade
e preocupação da qual eu necessitava nesse momento em que o mundo está
ruindo aos meus pés. Virei-me para ele e seus olhos marejados provou o que
eu sempre soube, ele me ama. O que tivemos foi tão real para ele como foi
para mim.
— Fale — Tentei mostrar indiferença, contudo, não fui capaz, não
poderei fazer isso com ele. Kyle é minha calma, dos cinco ele sempre foi
meu amor tranquilo.
— Eu te amo Sami, te amo demais. — Se aproximou e segurou
minhas mãos. — Me diga que sou correspondido, diga se é a mim que você
ama?
Eu te amo Kyle, com todo meu coração. Assim como amo cada um
dos seus irmãos. Igualmente, fortemente e dolorosamente.
Penso nas palavras do meu pai, na decisão difícil que tive que tomar,
e devido ao que os homens que eu amo falaram, eu sei o que devo fazer. Eu
amá-los não muda nada, Kyle ser o único a corresponder a esse amor não
muda nada, e sei que se eu, ao menos cogitasse ficar apenas com ele, não
daríamos certo. Seus irmãos são tudo para ele, a mulher certa para Kyle
precisa ser a mulher certa para todos seus irmãos, e essa não sou eu.
Dói o que irei fazer, dói saber que para eu partir eu precisarei partir
o coração do homem mais bondoso e apaixonante que eu conheci. Tudo que
vivi com eles ficará para sempre guardado no meu coração, mas esse é o fim
da minha história com eles, e a única coisa que posso desejar a eles, mesmo
que me machuque, é que a mulher certa os encontre, e que eles nunca a
deixem partir.
— Eu não o amo. — Disse com o tom mais frio que consegui
projetar. — Eu amo o Mason, e como ele deixou bem claro, foi apenas sexo.
— Dei uma última olhada para cada irmão e cravei meus olhos em Kyle. —
Assim como foi com você, só sexo Kyle. — A dor em seus olhos me fez
querer cair de joelhos e desmentir essas barbaridades, me fez querer contar
tudo que passei nessa última semana, mas eu preciso ser forte, preciso sair
daqui e nunca mais olhar para trás.
E foi o que eu fiz, parti sem olhar para trás, as lágrimas banhavam
meu rosto, enquanto ouvia Kyle gritando meu nome, seus irmãos o impediam
de chegar até mim. Foi doído, porém foi necessário.
É o que eu quero acreditar.
Ajudo minha mãe a se deitar na cama hospitalar, eu sei o tanto que
fazer quimioterapia a deixa cansada, por isso faço questão de estar ao seu
lado e cobri-la de cuidados e amor. Estar com minha mãe é a única coisa que
tem me consolado, que me permite deixar o sofrimento de lado. Ainda dói
como tudo acabou com Ryder, Ethan, Mason, John e Kyle. Sinto falta deles
todos os dias, quando penso nas palavras cruéis que disse para Kyle me
odeio por deixá-lo pensar que não o amo. Como forma de me torturar por
causar um sofrimento que nunca tive a intenção, fico recordando incontáveis
vezes o que seus irmãos me disseram. Se continuo sem desmoronar é pela
minha mãe, por ela e somente por ela.
Ainda lembro as palavras que saíram da boca do meu pai, o modo
indiferente que ele me revelou a doença da minha mãe, a escolha que me
obrigou a tomar, a forma que os olhos da minha mãe me imploraram para não
cometer um erro, tudo foi demais. Meu corpo ainda sangrava, ainda doía dos
golpes que levei quando fiz minha escolha, e eu sei que fiz a escolha certa.
— Seus olhos continuam transparecendo dor e sofrimento — minha
mãe disse me desconcentrando da minha tarefa de afofar seus travesseiros.
Não quero tocar nesse assunto que muito me machuca. — Eu ainda não
compreendo a sua escolha. — Me virei cética com o que ouvi.
— Como?
— Filha, por que não os escolheu? — Balancei a cabeça não
acreditando na sua pergunta. — Eu sempre soube o que você tinha com
aqueles irmãos, eu nunca disse nada porque não é minha vida. Queria que
você tivesse confiado em mim para contar. — Abri e fechei a boca tentando
assimilar suas palavras.
— Mãe...
— Você os ama, e está sofrendo. — Inclinei meu rosto em sua
direção quando sua mão se levantou com a clara intenção de me afagar. —
Posso não ser a melhor mãe do mundo, mas sempre vou querer sua
felicidade, e nesse momento você não está feliz.
— Para mim, você é a melhor mãe do mundo, estou feliz por estar ao
seu lado. — Beijei a palma da sua mão. — Eu os amo, está doendo, mas vai
passar. Eu nunca poderia ser feliz sabendo que escolhi eles ao invés da
minha mãe doente.
— Estou morrendo, se você os tivesse escolhido, eu morreria tendo a
certeza de que minha filha estaria onde seu coração pertence. — Deixei
algumas lágrimas caírem, porque as palavras da minha mãe são lindas,
contudo, ela não poderia estar mais errada. Meu coração pertence a eles,
mas os deles não pertencem a mim.
— Mãe, estou onde tenho que estar. — Disse dando por fim essa
conversa. — Agora descanse, estarei ao seu lado quando acordar. — Beijei
sua testa e me sentei na cadeira ao seu lado, não demorou muito para ela
adormecer. O que me restou fazer foi pegar o livro dentro da minha bolsa e
ler um pouco para esquecer meus problemas.

Em silêncio olho para o caixão da minha mãe sendo baixado, a dor é


excruciante, nunca pensei que seria capaz de aguentar tanta dor, no entanto,
por tudo que vi minha mãe passar, isso não é nada. O que me consola é saber
que sua partida foi tranquila, sua luta foi inspiradora. Mesmo o médico
dizendo que ela tinha poucos meses de vida, minha mãe lutou contra o câncer
todos os dias, nunca desistiu.
Limpo minhas lágrimas, engolindo em seco logo que sinto o olhar do
meu pai sobre mim, com pouco de coragem levantei a cabeça encontrando
seus olhos cerrados na minha direção. Meu pai nunca mais foi o mesmo,
depois do dia que descobriu sobre mim e os Allen. Tudo que recebo vindo
dele é indiferença e palavras duras. Tento na maioria das vezes me fazer de
forte, acreditando que é apenas uma fase e que logo ele irá me perdoar e
poderemos nos apoiar um no outro para superar a nossa perda, mas a cada
dia que passa vou perdendo as esperanças de que voltemos a ser como antes.
— Isso. — Me assustei quando ouvi sua voz embargada. — É sua
culpa. — Senti minhas pernas tremerem com o tom acusatório na sua voz. —
Sua mãe morreu de desgosto por ter uma filha puta e sem valor. Uma filha
que se deita com cinco homens como se fosse a coisa mais natural do mundo
— O peso da culpa duplica sobre meus ombros.
— Eu sinto muito. — Falei com a voz baixa. — Mas a morte da
minha mãe não é minha culpa, não é culpa de ninguém. — Dei a volta na
sepultura ficando ao seu lado, toquei sua mão com delicadeza, mas meu pai a
puxou para longe do meu toque. — Vamos superar isso juntos.
— Eu tenho nojo de você, nunca mais toque em mim. — Me deu as
costas, deixando-me sozinha.
Chorando em silêncio fiquei ao lado do caixão, até que o último grão
de terra o cobriu. Me despedi da minha mãe, colocando um lírio sobre a
terra. Sua flor favorita. Caminhei devagar me afastando aos poucos, não
estava com pressa de chegar em casa, não estava com pressa de nada. Tudo
que eu quero nesse momento é que o mundo pare, para que eu possa chorar
minha dor por vários dias, por várias noites.
Quando cheguei em casa foi o que fiz.

Terminei de preparar o café da manhã do meu pai, e saí apressada de


casa. Estou atrasada para uma entrevista de emprego, não posso perder essa
oportunidade, quero recomeçar e talvez esse emprego seja a chance de eu
ajudar meu pai. Ele sofre todos os dias a perda da minha mãe, não sei se um
dia ele irá se recuperar. Para mim como filha, é muito difícil assistir e não
poder fazer nada, eu perdi minha mãe para o câncer, e estou perdendo meu
pai para a bebida. Talvez, se conseguir esse emprego, eu possa mostrar a ele
que juntos podemos superar tudo.
Dirigindo seu velho carro, foquei meus pensamentos na minha
entrevista e no meu futuro, e sem me dar conta uma hora se passou. Cheguei
na cidade vizinha dez minutos atrasada. Estacionei em frente a empresa
King, onde me candidatei para a vaga de secretária. Meu currículo não é dos
melhores, mas tenho algumas qualificações das quais a empresa busca em
uma secretária, e o que me resta fazer é dar meu melhor para conseguir.
— Você não pode estacionar seu carro nessa vaga! — Ouvi uma voz
grossa gritar, olhei para meu retrovisor.
Um carro luxuoso estava parado atrás de mim, um homem de óculos
escuros estava com a cabeça para fora da janela gritando comigo, também
coloquei a cabeça para fora para respondê-lo. Não aceito que gritem
comigo.
— Vai me desculpar, mas vou sim, não tem nenhuma placa que diga o
contrário. — Saí do carro e ajeitei minha saia, coloquei a bolsa no ombro
caminhando decidida a conquistar esse emprego.
— Petulante! — O escutei berrar e sem me importar virei-me para
ele e mostrei o dedo do meio.
— Babaca! — Gritei de volta.
— E ainda por cima é sem educação. — Disse saindo com seu carro
do meio fio.
Rindo da cara do homem, fui até o balcão me informar em qual andar
seria minha entrevista. Quando a recepcionista deu o crachá nas minhas
mãos, dizendo em que andar deveria ir, sorri certa de que hoje seria meu
recomeço.
Ainda estou incrédulo com a audácia daquela mulher. Petulante,
penso, enquanto entro na empresa possesso de raiva. Que merda ela estava
pensando quando estacionou na minha vaga? MINHA VAGA, porra. Além de
eu estar atrasado por causa do trânsito, sou obrigado a ouvir e ver uma
mulher estranha me chamar de babaca, e se isso não bastasse, ela ainda se
achou no direito de me mostrar o dedo do meio.
Tive que estacionar meu carro na puta que pariu, por causa dela.
— Senhor King — Amanda, uma das nossas secretárias, se levantou
assim que pisei dentro da empresa. — Deseja que eu leve seu café agora? —
Assenti ainda olhando para o carro caindo aos pedaços que está parado em
frente à minha empresa.
Na minha vaga.
— Amanda. — A chamei. — Faça-me um favor, ligue para o guincho
e mande que eles reboquem aquela lata velha de frente da minha empresa. —
Apontei o carro em questão.
Amanda arregalou os olhos com o tom da minha voz, e estou pouco
me fodendo para seu choque. Sei que é errado descontar nela minha
frustração, mas fodasse, estou irritado a ponto de arrancar a cabeça de um.
— Sim, será feito agora mesmo, senhor. — Baixou a cabeça voltando
para sua mesa.
Passei a mão pelo cabelo me sentindo um pouco melhor. Agora quero
ver a marra daquela mulher, assim que ver que o calhambeque dela foi
rebocado. Uma pergunta ronda meus pensamentos, o que ela está fazendo na
minha empresa? Será que ela é esposa ou namorada de algum dos meus
funcionários? Porque trabalhar aqui, eu sei que ela não trabalha. Eu faço
questão de conhecer os funcionários que contrato, e eu não sou tão esquecido
para ter contratado uma mulher tão sem educação e não me lembrar.
Quer saber? Não me importa, tenho mais coisas para fazer do que
pensar naquela petulante. Caminho em direção ao elevador, preciso me
reunir com Jordan para debatermos as questões da aquisição da nossa nova
filial, para assim eu dar fim a esse contrato que está me causando tanta
irritabilidade.

Jordan não demorou para entrar na minha sala depois que o chamei,
sua expressão parecia estar tensa, enruguei a testa numa pergunta silenciosa
do que aconteceu. E tudo que Jordan fez foi bufar.
— Conheci uma encantadora mulher no elevador. — Disse e percebi
no seu tom que de encantadora a tal mulher não tem nada.
Seria a petulante? Não, creio que meu irmão não teria o mesmo
azar que eu.
— Conte-me mais. — Sorri pela expressão de desgosto em seu rosto.
— Estava no elevador em uma ligação com o Barry, foi uma
conversa rápida e continuei com os fones no ouvido porque iria ligar para
você em seguida, foi então que escutei uma mulher atrás de mim dizer: Olá,
senhor bumbum perfeito. — Ri com o modo que ele imitou a voz da mulher.
— Não ri caralho, eu virei-me para ver quem era e a peguei no flagra
com os olhos na direção da minha bunda. — Foi inevitável segurar a
gargalhada. — Que mulher tem tara por bunda? — Perguntou e dei os
ombros. — De qualquer forma, suas bochechas ficaram vermelhas por ser
pega, e para não a constranger ainda mais eu me virei para frente fingindo
que não ouvi.
— Credo, poderia pelo menos ter agradecido ao elogio, senhor
bumbum perfeito. — Provoquei.
— Vá a merda, Oliver — Sentou na cadeira à minha frente.
— Conte o que o Barry falou, logo terei que entrevistar uma
candidata. — Pedi, ele pegou sua pasta colocando os documentos na mesa,
começando a me explicar o que teríamos que fazer para finalizar nossa
aquisição.

Depois de meia hora em reunião com Jordan, resolvemos os arranjos


finais e não demorou para ele sair da minha sala. Conferi as horas e sabia
que havia feito a candidata esperar demais, peguei o telefone ligando para a
secretária de Jordan, e pedi que ela acompanhasse a candidata até minha
sala.
Peguei o seu currículo para dar uma lida rápida, e não gostei de
saber que ela não é qualificada para algumas coisas da qual eu queria que
ela fosse. Nada que eu não possa ensinar, pensei avaliando o restante das
suas informações. Me surpreendo por saber que ela é formada em economia.
Sempre fui um chefe que acredita na vontade do funcionário, ela não estar
apta para o que eu busco, não significa tanto como deveria, minha última
secretária é uma prova viva disso.
Darlene, tinha um dos currículos mais completos que eu já vi um
funcionário possuir, mas sua falta de responsabilidade em certos momentos
deixou a desejar, por esse motivo eu não queria mais tê-la ao meu lado. Eu
quero alguém dedicada e responsável, de resto podemos dar um jeito. Uma
batida na porta avisou da chegada de Olívia e Samantha Mitchell, a
candidata com grandes chances de ser minha nova secretária. Levantei-me
abotoando o terno e pedi que entrassem.
— Bom dia, seja... — A frase cordial morreu nos meus lábios ao ver
quem é a candidata.
Eu sabia que deveria ter prestado atenção na foto do currículo.
— Senhor, essa é a senhorita Mitchell. — Olivia disse, sem perceber
minha cara de desgosto e descrença. — Deseja que eu traga café ou água? —
Perguntou, mas eu ainda estava absorto demais para dizer alguma coisa.
Devo ter ficado em silêncio por muito tempo, pois logo ouvi um
limpar de garganta me trazendo de volta a realidade, me endireitei apontando
para a cadeira na minha frente, a senhorita petulante não demorou a se sentar.
— Pode nos deixar a sós, qualquer coisa que eu precisar te chamo.
— Disse abrindo meu terno e me sentando de novo, a má vontade presente na
minha voz.
— Claro, senhor, com licença. — Olivia saiu, e meus olhos correram
para a senhorita Mitchell.
A petulante pelo menos teve a decência de parecer culpada e
arrependida, não falando nada. Eu poderia fingir que nada aconteceu, mas eu
não sou assim. Não posso deixar o que ela me fez passar sem uma alfineta,
ou uma provocação. Inferno, ela me chamou de babaca e me mostrou o dedo
do meio, estou no meu direito de alfinetá-la pela falta de educação.
— Então a senhorita rouba minha vaga, me xinga, me mostra o dedo,
e não satisfeita entra na minha sala com a maior cara de pau se candidatando
para a vaga de minha secretária? — Perguntei debochado.
— Eu... — Se endireitou na cadeira me fitando com os olhos azuis
mais impressionantes que vi até hoje. — Eu não sabia quem era o senhor. —
Essa foi sua resposta.
— Está tentando me dizer que se soubesse quem eu era, teria saído
da minha vaga? — O som da sua respiração se tornou auditiva para mim. E o
som de um pequeno bufo não me passou despercebido.
Petulância no núcleo mais puro.
— Claro. — Respondeu e logo ficou em silêncio, desconfio que deva
estar completado a resposta: que não, mentalmente.
— Certo — Fiquei olhando para a mulher na minha frente por longos
segundos, perguntando a mim mesmo o que farei: Devo continuar com a
entrevista? Eu quero contratar essa petulante? Ligo para a Amanda e peço
que cancele o guincho?
— Eu quero pedir desculpas. — Sua voz me tirou do estupor das
minhas dúvidas.
— Estou ouvindo. — Disse e percebi a forma que ela apertou a bolsa
no seu colo.
— Peço desculpas pela minha atitude equivocada.
Atitude equivocada? Devo informá-la que sua atitude equivocada
foi falta de educação?
— Tudo bem. — Não estava, porra nenhuma. Eu menti. — Mas
devido ao que presenciei hoje, acredito que a senhorita não se enquadre no
tipo de secretária que procuro. — Ela não fez questão de disfarçar sua cara
de desagrado.
— Maravilha. — Disse num tom rude. — O senhor não poderia
apenas esquecer, e seguirmos em frente?
Ela está me dizendo o que devo ou não fazer? Inacreditável.
— Essa é minha decisão final. — Falei de cara fechada.
— Então é isso? — Perguntou fazendo um bico desaforado. — Não
vai me dar uma oportunidade, por causa da merda de uma vaga? — Oh,
boquinha suja, essa mulher não sabe o significado da palavra educação?
— A empresa é minha, a vaga que você roubou é minha, essa
entrevista é para eu contratar uma secretária para mim. Então sim, é isso,
senhorita... — Fingi não saber seu sobrenome só para intensificar a cor
vermelha no seu rosto.
Ela está irritada, e isso me agrada muito.
— Mitchell. — Respondeu entre dentes, e me concentrei para não
sorrir.
— Agora pode sair, tenho outras entrevistas agendadas.
Seus olhos azuis brilharam ferozes, e tenho que dar o braço a torcer,
ela é uma mulher linda. Pele clara, boca carnuda, olhos azuis incríveis,
cabelos castanhos volumosos, misture tudo isso com a irritação e temos uma
bela mulher.
—Esta é sua decisão final? — Perguntou e se levantou da cadeira,
colocando os dois braços na minha mesa me encarando, se eu não estivesse
irritando acharia essa situação toda excitante.
— Você é surda ou o quê? — Provoquei mais um pouco, e ela
rosnou.
Sim, ela rosnou. Nunca vi uma mulher rosnar.
— Você é um babaca. — Me deu as costas e abriu a porta, mas antes
de sair da minha sala parou na porta e se virou para mim. — Senhor King.
— Me chamou, mas foi desnecessário, meus olhos ainda estavam presos
nela.
— Sim.
— Tenha um bom dia. — Levantou a mão e me mostrou de novo o
dedo do meio.
Petulante!
— Senhorita Mitchell. — A chamei. — Se eu fosse a senhorita eu
correria. — Ela se voltou para mim e abri meu sorriso de vitória. — Pelo
que eu ouvi, alguém chamou o guincho para seu carro, afinal a senhorita
estacionou numa vaga que não é sua.
Ela não ficou para me xingar desta vez, correu e por um milésimo de
segundo me senti mal, mas logo passou e comecei a rir. Disquei o número de
Amanda e esperei ela atender.
— Senhor King?
— Amanda, a senhorita que acabei de entrevistar logo passará por
você, eu quero que informe que ela está contratada — Estou cometendo uma
loucura, mas ver sua petulância de novo me encantou. Devo estar louco. —
Vê com ela qual seria o melhor dia para ela começar a trabalhar e me ligue
para informar.
— Claro, mas alguma coisa, senhor?
— Não, é só. — Desliguei e por algum motivo sorri.
Isso será interessante.
Deve ter se passado uma meia hora quando o telefone na minha mesa
começou a tocar, mesmo contrariado acabei atendendo, talvez seja a Amanda
para me informar que dia a senhorita Mitchell começa a trabalhar para mim.
Deixei minha caneta de ouro em cima dos papéis que estava assinando e
atendi o telefone.
— Pois não?
— Senhor King, o senhor poderia descer até a recepção? — Franzi a
testa não entendo o tom alarmante na voz de Amanda.
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei me levantando e abotoando
meu terno.
— O segurança me informou que seu carro foi... — Ela ficou quieta e
meu sangue esquentou.
— O que aconteceu com meu carro? — Rugi no telefone, meu carro é
meu xodó.
— Uma mulher havia subido no seu carro e escrito uma palavra no
vidro. — Minhas narinas inflaram, e sem me importar com Amanda na linha
desliguei na sua cara e corri até onde meu bebê estava.

Puto. Eu estou puto e com muita raiva.


Leio mais uma vez a palavra que aquela petulante escreveu de batom
vermelho em letras enormes no meu carro, e considero chamar a polícia e
mandar prendê-la por vandalismo. O que ela estava pensando para ter
tomado essa atitude? Merda, eu a contratei, será que ela achou que eu estava
brincando com ela? Ela ao menos tem ideia de quantos custa um carro
desses? Esfrego minha barba sem saber o que fazer. Estou nervoso demais
para querer raciocinar com a lógica.
BABACA
A palavra parece debochar de mim, que vontade de ir atrás dela e
fazê-la limpar com aquela língua suja. Oh, mulher sem noção. Volto para
empresa e entrego as chaves para Amanda, pedindo gentilmente que ela ligue
para empresa que limpa meu carro regularmente, para eles virem buscá-lo.
Eu não posso mais ficar aqui, ou vou acabar descontando em quem não
merece.
Acho bom eu nunca mais te ver, senhorita Mitchell, porque você
acaba de entrar para a minha lista de desafetos.
Babaca. Babaca egocêntrico!
Argh! Que raiva, que ódio, que vontade de esmurrar a cara
pretensiosa dele. Sim, esmurrar com força. Nem me deu uma chance, tudo
por causa de uma vaga? Homem cretino. Por causa dele estou tão irritada
que sou capaz de matar um. Estou dentro do elevador, com os olhos presos
nos números de cada andar que passo. Queria que o elevador descesse mais
rápido, preciso saber se o babaca teve coragem de ligar para guinchar o
carro, ou se ele estava apenas querendo me assustar. Porque se ele fez isso...
Acho bom ele não ter feito.
As portas do elevador abrem no 5° andar, e dou de cara com um
homem distraído no celular, sua roupa informal me fez franzir o cenho, quem
entra em uma empresa de renome vestindo calça de moletom e uma camisa
simples? E o que eu tenho a ver com isso afinal? Eu deveria cuidar da minha
vida que eu ganho mais.
— Bom dia. — Me cumprimentou com um sorriso brilhante, e
murmurei um cumprimento baixo. Estou com muita raiva para ser simpática.
— Você parece brava ou é impressão minha?
Que homem mais curioso, por que ele não vai cuidar da vida dele?
— Estou. — Respondi rude.
— Alguém na empresa fez algo que você não gostou? — A nota de
preocupação na sua voz não me passou despercebida. Por isso, e só por isso,
resolvi me abrir com o desconhecido, colocar toda raiva e frustração para
fora.
— Sim, um tremendo babaca. — Falei e ele ergueu a sobrancelha
querendo saber mais. — O senhor King. — Disse cruzando os braços
indignada e ele abriu um sorriso.
— Qual deles? — Quantos existem?
— Sei lá, o que está procurando uma nova secretária. — Falei dando
os ombros.
— Ah, sei qual é.
— Bom para você, tudo que eu quero é que ele vai para a puta... —
Me silenciei, o homem na minha frente não tem culpa da minha irritação. —
Deixe para lá.
Ficamos em silêncio e não demorou para as portas do elevador se
abrirem no saguão, caminhei apressada até onde deixei o carro e o filho da
puta realmente pediu para o rebocarem.
— Babaca! — Xinguei em voz alta, mesmo sabendo que ele não está
aqui para ouvir meus desaforos.
— Eu? — Me surpreendi com a voz do homem do elevador ao meu
lado.
— Não. — Apontei para a vaga vazia. — O babaca King. Estacionei
o carro aqui...
— Espera aí, você estacionou aqui? — O homem me interrompeu
surpreso.
— Sim, ué. — Balancei os ombros. — Não vi o nome dele em lugar
nenhum. — Bufei.
— Entendi tudo — Passou a mão pelos lábios escondendo um
sorriso que eu consegui ver. — Precisa que eu chame um táxi, ou a ajude em
alguma coisa? — Ele é fofo. Além é claro de ser lindo de morrer.
Olhando para os lados vi vários carros parados, e tive uma ideia
maléfica. Isso vai ensinar algo para aquele homem.
— Você saberia me informar qual é o carro do babaca, King? —
Sorri marota.
— Posso saber por quê? — Assenti abrindo minha bolsa e pegando
meu batom vermelho.
— Quero deixar um recado fofo para ele. — O estranho sorriu e
muito solicito apontou para o carro no fim da rua. — Obrigada.
— De nada, gata. — Ele piscou para mim e senti minhas bochechas
queimarem. — Mas se eu fosse você faria isso rápido, pelo que eu o ouvi,
ele pediu para seu irmão pegar seu carro e estacionar na sua vaga.
— Pode deixar, farei rápido. — Acelerei os passos, mas escutei o
homem falar comigo e parei.
— Qual o seu nome? — Perguntou alto, com um sorriso divertido nos
lábios.
— Samantha! — Gritei retribuindo seu sorriso. — E o seu?
— Jayden. — Gritou de volta.
— Valeu, Jayden.
— Não por isso, gata.
Sorrindo fui até o carro do babaca deixar meu recadinho fofo para
ele. Espero que ele aprecie o tanto que eu estou apreciando.
Depois de quase três horas, enfim cheguei em casa. Estou cansada e
muito irritada. Fiquei uma hora e meia para conseguir pegar o carro do meu
pai de volta, e se já não estava cansada o suficiente, tive que dirigir de
Detroit para Ann Arbor. Uma viagem que foi mais rápida dessa vez, já que
pisei fundo no acelerador. As poucas economias que tinha guardado para
uma emergência, tive que usar para pagar a pequena multa, por ter
estacionado em um lugar indevido.
Indevido, o escambau.
Isso tudo foi culpa daquele babaca.
Escuto o barulho da televisão alta assim que abro a porta, toda a
irritação se dissipou dando lugar a apreensão. Meu pai não estará feliz pela
minha demora, como eu não estava em casa para fazer seu almoço, ele
provavelmente ficou sem comer. Se eu não ficar em cima dele, ele não se
alimenta como deveria, e não quero que ele adoeça. Não posso perder meu
pai, já perdi minha mãe, e é sofrimento demais para eu suportar.
Coloquei a chave do seu carro no ganchinho ao lado da porta, e me
apressei em ir para cozinha preparar uma refeição rápida. Eu também estou
com fome, e essa será uma ótima oportunidade para comermos juntos como
antigamente. Sinto falta da relação que tínhamos, mas entendo meu pai e sua
reação, darei o tempo que ele precisar para superar o que aconteceu.
Abri a geladeira procurando os ingredientes, quando sons de passos
me fizeram fechar a porta e encarar meu pai com a camisa aberta, descalço,
seu rosto confirmando que mais uma vez ele bebeu demais.
— Onde você estava? — A voz está entorpecida pelo álcool,
suspirei por saber o que terei que aguentar.
— Fui à entrevista daquele emprego que comentei com o senhor. —
Respondi ocupando minhas mãos em lavar os tomates. Uma omelete terá que
bastar até eu conseguir preparar um jantar mais elaborado.
— E conseguiu? — O deboche em sua voz não me passou
despercebido.
Esse é meu pai, o homem que mais desacredita da própria filha.
Houve um tempo que não era assim. Penso com dor no coração.
— Tenho que esperar a ligação para saber se consegui. — Me odiei
por ter mentido, mas não estou em um bom momento para ouvir as críticas do
meu pai.
— Duvido que consiga. — Deu as costas voltando para sua poltrona
velha na sala.
Voltei a picar os tomates, sem me importar com as lágrimas que
rolavam pelo meu rosto. Isso vai passar, eu sei que vai, só preciso continuar
sendo forte. Se não fosse a reserva do dinheiro pela fazenda que meu pai
vendeu, não sei como estaríamos hoje. Preciso dar um jeito de conseguir um
trabalho logo, não foi muito que sobrou daquele dinheiro. O tratamento da
mamãe não foi barato, e preciso resolver essa situação, antes que as coisas
piores.
Suspirei sabendo que terei que dar um jeito.

Passava de uma da manhã e não conseguia dormir, estava preocupada


com a dependência do meu pai com o álcool, cada dia que passa ele aumenta
a quantidade ingerida. O que começou com dois dedos de uísque, foi
evoluindo, e hoje meu pai bebe uma garrafa por dia. Interná-lo em uma
clínica está fora de cogitação, ele nunca permitiria tal coisa. E eu também
não estaria pronta para deixá-lo aos cuidados de pessoas que eu não
conheço. É por causa do luto que ele está assim, logo vai passar. É no que
eu acredito, e torço muito para estar certa.
Levantei-me da cama, para ir até a cozinha beber um copo de leite.
Quem sabe assim meu sono volta? Dei alguns passos e o som alto de vidros
sendo quebrados me alarmou, corri em direção ao quarto do meu pai e o
encontrei ajoelhado chorando com uma garrafa na mão, os porta-retratos com
as fotos dele e da minha mãe, quebrados no chão ao seu lado.
— Pai. — Me abaixei na sua frente, mas não tive chance de consolá-
lo, ele me empurrou me fazendo desequilibrar e cair em cima dos vidros.
— É tudo por sua culpa! — Gritou, me acusando mais uma vez. —
Você é um desgosto, uma puta que matou sua mãe de vergonha.
As lágrimas se acumularam nos meus olhos, eu só não sabia se era
por causa da dor pelos cortes que os vidros causaram nas minhas pernas, ou
se foi pelo que meu pai falou. Provavelmente pela segunda opção.
— Pai, levante-se, o senhor vai acabar se cortando. — Tentei tocá-
lo, contudo, um tapa na minha mão me fez recolhê-la.
— Já cansei de pedir para não me tocar. — Cambaleando ele
conseguiu se levantar, suspirei aliviada que ele estava fora de perigo com os
vidros estilhaçados. — Eu tenho nojo de você, tenho vergonha de chamá-la
de filha. — Riu enquanto chorava, ver meu pai nessa situação parte meu
coração.
— Pai, deite-se um pouco.
— Não me dê ordens! — Rugiu jogando a garrafa contra a parede —
Eu quero que você saia desta casa imediatamente. — Assenti, essa não é a
primeira vez que ele me expulsa, e sei que não será a última.
— Tudo bem, estou indo, só se acalme, por favor. — Virei-me e
corri para meu quarto para trocar de roupa.
Quando saí do meu quarto, vestida e com uma mochila nas costas,
meu pai já me esperava com a porta da casa aberta, baixei a cabeça e passei
por ele sem falar nada. Dei cinco voltas no quarteirão, dando tempo para
meu pai chorar segurando a foto dele e da minha mãe no dia do casamento
deles, e acabar dormindo de tristeza.
Depois de ter certeza de que passou um tempo considerável, voltei
para casa, encontrando-o dormindo na poltrona com a foto grudada no peito.
Desliguei a televisão, cobri seu corpo com a coberta, dei um beijo na sua
cabeça e voltei para meu quarto.
Preciso descansar, amanhã irei voltar a procurar um emprego. Se
fosse qualquer outra pessoa diria para eu sair dessa casa e não aceitar mais
viver assim, mas eu não posso fazer isso, ele é meu pai e está sofrendo.
Estarei ao seu lado até quando eu puder, e não permitirei que ele me afaste.
Isso nunca.

Preparei o café do meu pai como faço todas as manhãs, deixei um


aviso na geladeira dizendo para onde eu ia, e saí de casa para levar
currículos em Detroit de novo. Tenho que ter esperança de que alguma das
outras empresas me contrate.
Como não precisava dirigir com tanta pressa, dirigi devagar
apreciando a paisagem, liguei o som para ouvir música e foi quando uma
música que muito tempo não escutava me lembrou de cinco homens que por
muito tempo foram importantes para mim. Foi inevitável não aumentar o som
no último volume e chorar sentindo falta do tempo que vivemos juntos, falta
do tempo que eu acreditei que era amada.
Logo que cheguei em Detroit estava me sentindo muito triste, tudo
que guardei voltou com tudo. Eu pensei que depois de todo esse tempo eu
estivesse deixando de amá-los, no entanto, hoje provou que não. Como será
que eles estão? Como será que está Kyle? Espero que ao contrário de mim,
ele tenha conseguido me esquecer, que tenha conseguido deixar de me amar.
Desci do carro decidida a focar no meu objetivo e deixar minha dor
para depois. Segurando uma pasta fui confiante para cada empresa que
precisa de uma secretária.
Alguma delas a de me contratar, pensei confiante.

Estava acabada assim que me sentei em um banco debaixo de uma


árvore. Andei demais, e em quase toda empresa que fui não tinha mais vagas,
e as que tinham eu não era o perfil que elas buscavam. Abri minha bolsa,
pegando o lanche que havia preparado mais cedo para ser meu almoço,
dando algumas mordidas nele suspiro por não saber o que irei fazer. Talvez
esse seja o momento de procurar outros empregos, não tem que ser
especificamente no meio empresarial.
Frustrada, terminei de comer meu lanche, e voltei para o carro. O
melhor que faço agora é voltar para casa e ficar de olho no meu pai,
preparar algo gostoso para ele comer, e amanhã voltar para meu foco de
arrumar um emprego. Ao entrar no carro meu celular começou a tocar, franzi
o cenho, porque é incomum alguém me ligar, atendi o aparelho não querendo
que a pessoa do outro lado esperasse tanto.
— Alô.
— Senhorita Mitchell? — A voz do outro lado da linha era de
mulher. Não a reconheci.
— Sim, sou eu — afastei o celular do ouvido dando uma olhada
rápida no número, para ver se o reconheço, o que não é o caso.
— Aqui quem fala é a Amanda Fischer, eu trabalho na empresa
King. Tudo bem com você?
Empresa King? O que eles querem comigo?
— Sim, estou bem.
— Fico feliz em saber. Estou entrando em contato para lhe
informar que a senhorita tem a chance de fazer outra entrevista. — Outra
entrevista?
— Amanda, acredito que deve haver um engano, o senhor King me
disse que não me enquadro no perfil que ele busca. — Lembrar dessas
palavras me deixa espumando de raiva de novo.
Babaca.
— Mas nessa nova entrevista, seria para trabalhar como
secretária do outro senhor King — Recordo-me do homem do elevador me
dizendo que tem mais senhores King. — Estaria interessada? — Nem
preciso pensar muito.
— É claro. — Aproveitando que já me encontro na cidade resolvi
oferecer meu tempo. — Tem como a entrevista ser hoje?
— Um minuto. — Aguardei torcendo que sim, assim saberei ainda
hoje se tenho um emprego ou não. — Senhorita Mitchell?
— Sim.
— O senhor King, perguntou se teria como a senhorita vir agora
mesmo para empresa? — Sorri confiante.
— Sim, estou a caminho. Obrigada. — Desliguei com um sorriso
gigante nos lábios.
Dessa vez esse emprego será meu.
Continuo concentrado no documento que estou analisando, fingindo
não ver o idiota do meu irmão encostado na parede me encarando. Eu não sei
por que meus irmãos sempre me procuram para ajudá-los em suas merdas. E
o fato de mesmo assim eu ajudá-los é algo que diz mais sobre mim do que
deles, talvez esse seja o momento de eu rever minhas prioridades.
A verdade é que não me importo de ajudá-los, mesmo sabendo que
na maioria das vezes acaba em merda, só que o que Jayden está me pedindo
é um absurdo, eu me recuso a fazer isso. Não quero entrar em debates
desnecessários com Oliver, Jayden sabe que o que está me pedindo é seu
modo de fazer birra contra a autoridade do nosso irmão mais velho. Ele
sempre foi assim.
Oliver diz não, Jayden diz sim.
O infeliz começou assoviar chamando minha atenção, levantei meu
olhar encontrando-o concentrado olhando para suas unhas. Resmungo vendo
o quanto Jayden é infantil, muito me admira ele vir me cobrar um favor de
muito tempo atrás, por uma mulher que ele diz que não tem a intenção de
levar para cama.
O que será que essa mulher tem? Jayden, querendo ajudar uma
mulher sem segundas intenções? Apenas com a bondade do seu coração?
Conta outra. Talvez se ajudá-lo eu descubra o porquê desse interesse
repentino de ajudar a mulher em questão. Só espero que valha a dor de
cabeça que arrumarei quando Oliver descobrir.
— Tudo bem, caralho! — Falei pegando o telefone, o sorriso do
cretino me fez querer dar um soco na sua cara.
— Senhor, King. — Revirei os olhos ao ouvir a voz da Amanda.
Essa mulher nunca vai deixar de dizer meu sobrenome sem gemer?
Comi ela uma vez, acho que chegou a hora de superar.
— Amanda, você tem os dados da senhorita que se candidatou para
ser secretária do Oliver? — Fui direto ao que me interessa.
— Tenho sim.
— Perfeito, quero que ligue para ela, e pergunte se ela tem interesse
em fazer uma nova entrevista.
— Uma nova entrevista? O senhor, seu irmão, me ligou dizendo
que ela não será mais contratada — Esfreguei minha testa compreendendo
seu equívoco, o que só comprova como Oliver não ficará feliz.
— A entrevista é para ser minha secretária, e não do meu irmão. —
Expliquei odiando cada minuto disso.
— Mas e a Olívia? — Sua pergunta me irritou um pouco.
Que direito ela acha que têm, para me questionar em alguma coisa?
— Ela foi promovida. Agora faça o que eu pedi, assim que ela
decidir se aceitará ou não a nova entrevista me ligue avisando. — Desliguei
para não estender a conversa.
Agora terei que ver para qual setor irei promover a Olívia.
— Te custou muito? — Jayden perguntou rindo, o que me irritou
ainda mais.
— Oliver não ficará feliz, ainda mais depois que você me informou
quem é ela — recriminei, mas ele não pareceu se importar. Esse é o Jayden,
com o que ele se importa afinal?
— Com o nosso irmão mais velho eu me entendo depois. —
Arrogante.
Faço questão de assistir de camarote como Jayden vai lidar com o
Oliver. Voltei para o meu documento, minha parte dessa loucura estava feita,
agora não precisarei dar um minuto a mais do meu tempo para meu irmão.
Voltei a ler as cláusulas, quando a risada do idiota me fez revirar os olhos.
— Do que você está rindo? — Perguntei querendo que ele fosse
fazer algo de útil do que ficar me enchendo o saco. Talvez trabalhar, já que
ele é um dos donos?
— Nada demais, pode voltar aos seus papéis, que eu vou infernizar
um pouco nossos outros irmãos. — Até que enfim. — Assim que você tiver
uma resposta, me fale na mesma hora. — Assenti, e suspirei tranquilo
quando ele saiu da minha sala me deixando na minha amada paz.
Perto da hora do almoço já tinha resolvido a maioria dos documentos
que me foram atribuídos. Ser o gerente financeiro de uma grande corporação
como a empresa King demanda muito trabalho, e pouco tempo livre. E se tem
algo que amo, é ter o meu tempo livre para recarregar as minhas baterias do
estresse que a empresa me causa.
Estava fechando meu notebook quando o telefone na minha mesa
começou a tocar, resmunguei quando vi pelo identificador que a ligação
vinha da recepção, precisamente do telefone da Amanda. Cogitei não
atender, mas poderia ser sobre a tal candidata.
— Senhor King.
— É sobre a candidata? — Espero que seja.
— Sim, estou com ela na linha. Ela tem interesse na vaga, e
perguntou se teria como a entrevista ser hoje? — Fechei os olhos, decidido
a dar um fim nisso de uma vez.
— Pergunte se ela poderia vir agora mesmo. — Esperei na linha e
pude ouvir Amanda repassar a pergunta.
— Senhor, ela está vindo.
— Obrigado. — Desliguei e voltei a me sentar.
Mais um dia deixando de almoçar por causa de um dos meus irmãos.
Excelente.

Estou sentado na cadeira quando escuto uma batida na porta, peço


para que entre, e Olívia a abre, seu olhar para mim é deslumbrante, ela está
feliz desde que anunciei que ela será promovida. Seguro o som de frustração
que ameaça sair dos meus lábios, não por ter a promovido, é mais do que
merecido, o fato é que eu não queria ter perdido uma ótima secretária.
— Senhor, a candidata chegou. — Assenti, fazendo sinal para ela
trazer a minha possível nova secretária.
Me endireitei, e não demorou para Olívia voltar acompanhada de
uma mulher que reconheço de imediato. Prendi um sorriso quando seus olhos
se arregalaram olhando para mim. Isso vai ser divertido, penso. Suas
bochechas se colorem de rosas logo que apontei a cadeira à minha frente.
Dispenso Olívia para seu almoço, eu posso assumir tudo sozinho, e eu quero
muito assumir tudo sozinho. Então vamos começar essa entrevista de uma
vez, confesso que estou ansioso.
Senhor bumbum perfeito?
Abismada, olho para o homem sentado na minha frente. Isso não
pode estar acontecendo. Sinto meu rosto esquentar, com a mera lembrança
do que aconteceu no elevador quando o vi. Eu estava me encaminhando para
a entrevista com o babaca, quando esse homem lindo entrou no elevador
distraído em uma ligação. Estava de fones, suas mãos ocupadas com
papelada, ele nem percebeu minha presença, se percebeu não demonstrou.
E eu sem nada para me distrair, a não ser o homem lindo e de voz
rouca na minha frente, que dominou o ar com seu perfume marcante, fiquei
admirando-o e foi quando eu notei. A sua bunda. E que bunda. Grande, dura
e um pouco empinada. Eu crente que ele ainda estava na sua ligação,
sussurrei sem vergonha nenhuma: Olá, senhor bumbum perfeito, e esse foi
meu erro. No mesmo instante ele virou o rosto para mim, mas meus olhos
estavam na sua bunda, o que deixou a coisa toda uma vergonha sem
precedentes. A minha sorte foi que ele se virou para frente e não disse nada.
E como ele me olha agora, eu não sei dizer se ele se lembra ou não,
que eu sou a tarada do elevador. O senhor bumbum perfeito, apontou a
cadeira para mim se sentar, marchei até ela, sem deixá-lo notar como estou
tremendo de nervoso.
— Olivia, pode ir para seu almoço — A voz rouca direcionada a
mulher atrás de mim, me fez engolir em seco.
Abaixei os olhos tentando controlar minha respiração, lembrando o
quanto conseguir essa vaga é importante para mim. Aos poucos me acalmo,
mas ainda continuo sentindo minhas bochechas quentes.
— Eu não estou com seu currículo em mãos, a senhorita se importa
de se apresentar e me dizer suas qualificações? — Respirei pelo nariz
soltando o ar pela boca, levantei meus olhos encontrando os seus presos em
mim.
— Meu nome é Samantha Mitchell — continue respirando,
aconselhei a mim mesma — Sou formada em economia, falo três idiomas
fluentemente, o espanhol, o italiano, e o inglês que é minha língua materna.
— Capturei seu olhar surpreso.
— Formada em economia, e que fala três idiomas fluentemente, por
que quer trabalhar como secretária? — Abaixei a cabeça um pouco
envergonhada de admitir.
— Não consegui as notas finais. — Respondi mordendo os lábios.
— Posso saber o porquê? — Suspirei.
— Meus pais eram donos de uma fazenda simples nos arredores do
Texas — sinto uma dor no peito ao me lembrar de cinco homens que ainda
vivem lá — E infelizmente o preconceito de acharem que eu não era
capacitada, me fez não conseguir os melhores estágios disponíveis, assim
não alcançado as notas necessárias — dei os ombros como se isso
terminasse de explicar tudo, fingindo não me importar, como eu sei o tanto
que me importou na época.
— Certo — foi tudo que ele disse, antes de pigarrear voltando à
entrevista. — E o que te trouxe a Detroit? Se posso perguntar é claro. — O
aperto no meu peito se intensificou.
— Minha mãe estava com câncer no pâncreas, meu pai vendeu a
fazenda nos trazendo para morar em Ann Arbor.
— Por que em Ann Arbor e não Detroit? — Sua pergunta tem lógica,
mas prefiro não dizer que o motivo é que meu pai não queria trazer uma filha
puta para morar em uma cidade tão grande, com grandes riscos de se perder
na vida de vez.
— Ele não quis morar numa cidade tão movimentada. — Menti.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, mas logo voltou a me
entrevistar.
— E como pretende resolver o problema da localidade? — Não
tinha pensado nisso, e me recrimino por isso. — Você não poderá ficar
viajando todos os dias, além de cansativo, para mim não será viável. Posso
precisar de você nos finais de semana.
O que eu digo para o convencer? Não posso perder essa chance.
— Eu entendo, e farei o meu melhor. — Ele franziu a testa. — Não
será problema, eu te garanto. — Completei rapidamente.
Ele estudou minhas feições, e engoli em seco com medo de ele não
querer me dar uma chance por causa disso. Estou cansada dessa sociedade
que sempre duvida da capacidade de uma mulher em exercer qualquer coisa
que ela se presta a fazer.
Merda, se falamos que podemos, é porque podemos.
— Senhorita Mitchell, tenho três irmãos, ambos assumem cargos
diferentes na empresa — ah, claro, nem lembrei que ele é irmão do babaca
— Oliver, é o CEO, e na maioria das vezes precisa da minha ajuda para
resolver algumas questões, isso fará que algumas vezes ele precise da sua
ajuda. — Ele vai me contratar? — O Jayden, é da logística, ele não
precisará da sua ajuda, mas terá que arrumar espaço na minha agenda sempre
que ele achar pertinente fazer alguma reunião de última hora.
O sorriso que ameaçava se apontar nos meus lábios se fechou com a
menção do outro irmão. Jayden? Não pode ser o mesmo Jayden que eu
conheci, ou pode? É claro que pode. Por isso ele me disse que era para ser
rápida, que o irmão do Oliver estava descendo para pegar o carro e
estacioná-lo na vaga maldita. Ele era o irmão.
— O Will, é relações públicas, vive viajando, acredito que nem
chegue a vê-lo por aqui — O sorriso que se abriu nos lábios do homem à
minha frente, me fez sentir uma palpitação indevida. — Alguma dúvida?
Alguma dúvida? Várias.
— O senhor, vai me contratar? — Perguntei para ter certeza.
— Acredito que tenha ficado implícito, senhorita Mitchell — ele está
me dando uma oportunidade, e se quero que isso dê certo, preciso esclarecer
algumas coisas.
— Senhor, antes de me contratar devo contar o que eu fiz — baixei
os olhos, sem conseguir imaginar o que ele fará com as informações que irei
compartilhar.
— Do que a senhorita está falando? — Colocou a mão no queixo se
debruçando um pouco para frente.
Respirando com calma, e ciente que estou fazendo a coisa certa, abri
minha boca contando tudo.
— Eu estacionei na vaga do seu irmão, o senhor Oliver, e ele gritou
comigo falando que eu não podia estacionar naquela vaga específica. —
Esperei para ver se ele teria algo para falar, mas ele se manteve em silêncio
me ouvindo. — Eu posso tê-lo chamado de babaca e mostrado o dedo do
meio.
— Entendo, por isso ele não a contratou? — Sua pergunta não tem
represália, me deixando surpresa.
— Sim, tudo por causa de uma vaga idiota. — Grunhi fazendo o
homem na minha frente arquear as sobrancelhas. — Desculpe.
— Tudo bem, eu já sabia disso. — Respirei aliviada. Então ele
também sabe sobre o carro, o que significa que ele não voltará atrás na
minha contratação.
— Enquanto, ao carro, eu irei pagar os danos que causei — melhor
consertar um pouquinho do que fiz.
— Carro? — Franziu a testa.
— Por ter rabiscado de batom o vidro do carro do seu irmão. — O
lembrei, e ele abriu a boca fazendo um O perfeito.
— Foi você que escreveu babaca no carro do Oliver?! — Sua voz
alterada me dá indícios que ele não sabia sobre isso.
Maravilha.
— Eu pensei que seu outro irmão havia contado. — Respondi dando
os ombros.
— Que irmão? — Perguntou com um tom de voz que me arrepiou
inteira.
— O Jayden. — Falei e arregalei os olhos. — Quero dizer o senhor
Jayden.
— Por que ele me contaria? — Perguntou sério.
— Porque foi ele que me apontou onde o carro estava estacionado.
— Ele fez uma cara de espanto, e foi quando percebi que fiz merda.
Não se passou nem um segundo e a porta da sala se escancarou, a
figura ensandecida e transtornada de Oliver King, vulgo babaca, surgiu. Ele
olhou para mim com tanta raiva que apertei a bolsa no meu colo, como se ela
fosse meu bote salva-vidas nesta terra de malucos.
— VOCÊ! Bem que Amanda me informou que estaria aqui — sua voz
estava tão alta e furiosa que me encolhi na cadeira — Foi divertido pichar
meu carro? — Apontou o dedo na minha cara. — Responda à pergunta!
A raiva se apossou do meu ser calmo, e quando menos dei por mim,
estava frente a frente do homem mais arrogante que já conheci na vida, meu
dedo enfiado na sua cara dizendo todos os palavrões que conheço, enquanto
ela fazia o mesmo comigo, sem um pingo de cavalheirismo, sem um pingo de
educação, sem um pingo de porra nenhuma.
— Estou cagando! — Gritei. — Eu faria tudo de novo. Você é um
babaca, sabe quanto tempo durou para eu reaver o carro? Sabe o quanto eu
tive que pagar? — A fúria só crescia mais e mais. — Usei todas minhas
economias, porque não podia deixar o carro lá, primeiro porque o carro não
é meu, segundo porque meu pai... — Me calei arregalando os olhos
assustada com o que eu estava prestes a dizer.
Um silêncio caiu sobre a sala, e abaixei a cabeça com vergonha
demais de admitir a mim mesma que quase cometi um erro que prometi que
nunca cometeria. Eu quase contei que meu pai iria me bater, o que com
certeza iria chocá-los, afinal qual mulher de 26 anos ainda apanha do pai
como se fosse uma criança? Minha garganta está dolorida, como se fosse
minha punição por quase pôr para fora as minhas fraquezas, por quase
confiar os meus segredos a dois estranhos. Uma punição bem-merecida,
assim eu aprendo não ser tão impulsiva.
— O que você ia dizer? — Jordan perguntou e me endireitei.
— Esquece, nada de importante. — Respondi me virando para o seu
irmão babaca. — Eu irei pagar o estrago que causei. — Ofereci mesmo não
sabendo onde arrumarei o dinheiro.
— Não quebre seu cofrinho, eu não preciso dos seus trocados.
Duvido muito que você tenha o valor que pago para lavar meu carro. — Suas
palavras me feriram, mas não deixei me abalar, ao menos não na sua frente.
— Melhor para mim. — Virei-me para Jordan e na sua expressão eu
já sabia.
— Senhorita Mitchell, eu sinto muito, mas devido ao que presenciei,
não acho que dará certo você trabalhar para mim. — Assenti segurando as
lágrimas que já se acumulavam nos cantos dos meus olhos.
— Eu entendo. — Ofereci minha mão para ele, mas Jordan hesitou
em pegá-la e eu a puxei de volta, me sentindo com muita vergonha. A
humilhação deixando um gosto amargo na boca. — Obrigada de qualquer
forma.
Dei as costas aos dois, e fiz todo percurso até o carro em silêncio,
mantive a fachada de durona até que me sentei no banco do motorista, onde
encostei a cabeça no volante deixando toda minha dor sair em formas de
lágrimas, muitas e muitas lágrimas.
Preparo a carne querendo testar meu novo tempero secreto, e estou
ansioso para degustar sua maciez e sabor. Usando meu avental cozinheiro
gostosão, termino de ajeitá-la dentro da assadeira, a colocando no forno. É
como colocar um bebê para dormir. Ri do meu próprio pensamento. Não me
vejo nunca colocando um bebê para dormir, de onde surgiu isso? Prefiro não
saber. Voltei a mexer meu risoto, experimentando um pouco na palma da
mão.
Uma delícia, como eu.
Escutando música, preparei uma refeição digna de um rei, no caso o
rei sou eu mesmo. Espero que Jordan goste do jantar que estou preparando
especialmente para ele em forma de agradecimento. Soube pela Deise, que
soube pela Mila, que soube pela Amanda, que Jordan estava entrevistando
uma nova secretária. O que significa que aquela delícia em forma de mulher
será contratada. Se já não foi.
Samantha.
Linda.
Gostosa.
Não é fã do Oliver.
E eu quero prová-la.
Só preciso saber como farei isso longe dos olhos do Jordan, e
principalmente dos olhos do Oliver. É contra a política da empresa
relacionar-se com outro colega, mas eu sei que isso vale mais para mim, do
que para qualquer outro funcionário. Ter fodido a Amanda em cima da mesa
do Will não foi meu melhor momento, ainda mais quando fui pego por Oliver
que falou na minha cabeça por uns três dias.
Não se come funcionárias, seu idiota, quer levar um processo por
assédio?
Por uns dias me senti uma criança sendo repreendida pelo papai, mas
isso só durou até eu pegar Oliver enterrado na Amanda até as bolas. Foi ali
que eu percebi que meus irmãos são uns hipócritas. Porém isso são águas
passadas. Eu não fodo mais a Amanda, assim como nenhum dos meus
irmãos. Will e Jordan estavam a fodendo pelo que soube por Oliver.
Fizemos um pacto de nunca mais foder a mesma mulher, assim não entramos
em um terreno hostil.
Escuto o barulho de carros e sei que meus irmãos chegaram. É hora
do meu show. Estou torcendo que Oliver não me mate quando souber que
pedi para Jordan contratar aquela delícia. Finalizo o tempero da salada e
aguardo a entrada dos meus irmãos, quero saber o que eles acharão do meu
novo tempero secreto.
Por sermos milionários, nossa casa deveria estar lotada de
empregados, satisfazendo todas as nossas vontades, só que não é o caso,
meus irmãos e eu gostamos da nossa privacidade e simplicidade. Temos
nossa casa como um refúgio. Eu cozinho, Jordan lava e passa, Will limpa e
Oliver resmunga.
O primeiro que aparece no meu campo de visão é o Will, seu sorriso
de lado é um prenúncio de alguma coisa. De nós quatro o Will é o que mais
se parece comigo, Jordan é muito mais parecido com Oliver, seus modos
sérios e certinhos chegam a me dar arrepios, talvez por eles serem os mais
velhos explique por que me dou melhor com Will.
Aqueles dois chatos se completam.
— Irmãozinho, dessa vez você se superou. — Disse atacando as
panelas como um esfomeado.
— Do que você está falando? — Perguntei enquanto batia em sua
mão o afastando da comida.
Will ampliou seu sorriso, e não me disse mais nada, se sentou no
banco do outro lado da ilha, me encarando. Será que ele sacou alguma
coisa? Tenho certeza de que não, Will não sabe nada sobre Samantha e sua
entrevista, ou sabe? Eu não contei, e sei muito bem que Jordan não contaria.
— Will, desembuche — Eu exigi, cansado de receber seus olhares.
— Não é nada demais, estou sentado apenas esperando o show
começar. — Riu, me irritando mais.
— Que sho...
— Jayden, então foi você quem incentivou a louca a pichar, meu
carro? — Oliver entrou na cozinha transtornado, logo atrás dele vinha
Jordan.
Fiz minha melhor expressão de desentendido, os olhos
incriminatórios de Oliver, se encaixaram perfeitamente com o balançar
negativo da cabeça de Jordan. Sequei minha mão no pano, e com toda calma
tirei meu avental, mantendo em meu rosto a expressão de confusão.
— O quê? — Usei minha voz de indignação. — Por que eu faria
isso? Eu nem sei do que você está me acusando para ser sincero.
Aguentar Oliver falar de novo sobre o que aconteceu ao seu amado
carro, eu não irei suportar. Não depois de ontem. Duas horas, ouvindo-o
reclamar, praguejar, ameaçar, e amaldiçoar a pobre Samantha que estava no
seu direito de se vingar. Ela tem culpa se estacionou na vaga do meu irmão?
Porra, é claro que não. Já cansei de falar que ali não está escrito o nome
dele, então qualquer pessoa tem o direito SIM de estacionar se quiser.
— Jayden, pelo seu próprio bem eu espero que ela esteja mentindo.
— Franzi a testa.
Ela me entregou?
— Senão o quê? Porra, Oliver, é apenas um carro e já foi lavado. —
Seu sorriso se tornou sombrio.
— Isso é uma confissão? — Perguntou de um jeito que me deixou em
alerta. — Porque se for, nada me impede de pegar sua coleção de panelas
autografada por aquele chefe que você tanto admira, e fazer a mesma coisa.
— Você não ousaria. — Me empertiguei.
— Ousaria sim, você ajudou aquela lunática a degradar meu carro!
— Gritou furioso. — E aquela mulher teve a coragem de dizer na minha cara
que faria de novo. — Uma risada baixa fez Oliver olhar para Will. — Qual é
a graça?
— Nada, apenas surpreso como uma mulher estranha te tirou do sério
tão rápido. Eu preciso conhecê-la. — Will sorriu.
— E vai — eu disse olhando bem para Oliver. — Jordan, a contratou
como sua nova secretária. — Oliver bufou dobrando as mangas da camisa.
— Não, contratou não. — Oliver disse com um sorriso sinistro. —
Eu o proibi, e coloquei um alerta naquela mulher. Na minha empresa ela não
pisa mais. — Não sou de brigar com meus irmãos, mas essas atitudes de
Oliver estão começando a me irritar.
— Eu irei contratá-la então. — Eu disse decidido. — A empresa é
minha também.
— Você, não...
— Vou contratá-la, e fim de assunto. Tenham um bom jantar.
Não esperei nenhum deles falar nada, peguei as chaves do meu carro
e sai para espairecer um pouco. Não entendo por que Oliver está com tanta
raiva dessa mulher, só porque ela o chamou de babaca? Inferno! Com suas
últimas atitudes só comprova que ela está certa. Assumo que queria contratá-
la, porque tinha a intenção de entrar na sua calcinha, mas esse é o menor dos
meus motivos agora.
Eu quero contratá-la para ter o prazer de vê-la desfilando dentro da
empresa para infernizar meu irmão, para ele deixar de ser um babaca que se
acha o dono do mundo.
Não se preocupe Samantha, eu irei te contratar.
Então é isso.
Penso quando pego o uniforme de garçonete nas mãos. Tentei
arranjar um emprego que pudesse ganhar mais, mas infelizmente não
consegui. O que me resta fazer é dar graças por ter conseguido esse, fazendo
valer cada gorjeta que irei ganhar. O que importa para mim não é no que irei
trabalhar, mas sim saber que no fim de cada dia terei o dinheiro na mão, e
com isso tentar equilibrar as dívidas de casa. Com o tempo as coisas irão se
ajeitando.
É o que espero.
Depois do que aconteceu na empresa King, eu entendi que precisava
arranjar um emprego e não importava qual fosse. As dívidas estão
começando a se acumular, meu pai está cada dia mais afundado nas bebidas,
não querendo ver nada além da sua dor. O dinheiro que tem no banco está
escasso, e eu sei que se não agir rápido, logo estaremos em uma situação
complicada.
E eu me recuso a deixar chegar a esse ponto.
Por isso, depois de muito pensar, e pesar na balança o que realmente
importa, decidi aceitar esse emprego. Trabalhar de garçonete na pequena
lanchonete de Ann Arbor, me ajudará no novo recomeço que eu quero para
minha vida e a do meu pai. E o fato de o emprego ser aqui e não em Detroit
me ajudará a cortar gastos com o combustível.
— Você começa amanhã, às 17:00 — A voz da dona Arlete me
despertou dos meus devaneios.
— Tudo bem, muito obrigada. — Agradeci, me sentindo pela
primeira vez estar fazendo a coisa certa.
— Nos vemos amanhã, Samantha, até lá. — Me despedi e saí da
lanchonete com um imenso sorriso no rosto.
Eu consegui!

Quando entrei em casa o som alto da televisão, me fez adiantar a


imagem que veria a seguir. Meu pai sentado na poltrona, uma garrafa de
uísque nas mãos e seu mau humor causado pelo álcool de novo. Deixei a
bolsa a caminho do meu quarto, onde guardei meu uniforme, aproveitando
para trocar de roupa. E fui até ele para saber se comeu a comida que tinha
deixado na cadeira ao seu lado. Meu pai a cada dia está mais teimoso, não
se alimenta direito e isso tem me preocupado bastante. Não o quero doente,
não quero perdê-lo.
— Isso são horas? — Sua voz alcoolizada me fez fechar os olhos por
alguns segundos, me preparando mentalmente para o que viria como em
todas as vezes. — Posso saber onde a puta da minha filha foi? — Me abaixo
na sua frente para recolher as latinhas de cerveja jogadas no chão, e o prato
com resto de comida.
Ele comeu, suspirei de alívio.
— Fui à lanchonete que estava precisando de garçonete, e consegui o
emprego. — Falei me sentindo orgulhosa. Logo as coisas em casa irão
melhorar.
— Garçonete? — Zombou e fechei minhas mãos em punho, não
gostando do seu tom. — Paguei a tua faculdade, te dei tudo do bom e do
melhor, e agora você vai trabalhar de garçonete. — Gargalhou. — Você não
tem valor nenhum mesmo.
Levantei do chão decidida a não ouvir os comentários maldosos
vindo dele. Quando ele está assim, sei que preciso deixá-lo falando sozinho,
não posso bater de frente com meu pai nesse estado. Por isso, vou para
cozinha preparar alguma coisa para nos comermos, e quem sabe até lá ele
dorme um pouco, tirando os resíduos do álcool do seu sistema.
Eu amo meu pai, eu o amo muito, sei que as coisas entre nós não
andam às mil maravilhas depois que ele descobriu sobre mim e os Allen,
mas lá no fundo desse homem com tanta dor e ressentimento, ainda existe
meu pai. Um pai amoroso, um pai orgulhoso da sua filha, um pai que não
mediria esforços para ver sua filha feliz, e é por causa desse homem que eu
não posso desistir, é por causa dele que não posso dar-lhe as costas nesse
momento difícil. Me dói ouvi-lo me chamar de puta, dói sentir seu desprezo,
mas eu sei que isso vai passar. Tem que passar.
Num pequeno cantinho da minha cabeça, eu volto a pensar neles, sei
que não devo, ainda mais pela situação que passo com meu pai, mas não tem
como não lembrar como minha vida era há 10 meses, como eu era feliz por
tê-los comigo, por minha mãe estar viva e bem, meu pai me dando seu
carinho e afeto. Uma lágrima rolou pelo meu rosto e a capturei o mais rápido
que pude, não vou mais chorar, me recuso a chorar, tudo aconteceu como
tinha que acontecer. Chega de pensar em um passado que não fará diferença
nenhuma no meu presente, mesmo que me doa está na hora de deixá-los ir.
Tirando as lembranças do passado da minha cabeça, me concentro
em preparar o jantar, e não demora para o sorriso voltar aos meus lábios
sabendo que amanhã eu começo a trabalhar.
Tudo vai dar certo.

Meu primeiro dia no emprego não foi dos melhores, derrubei vários
copos, errei os pedidos, fiz confusão com os pedidos das outras garçonetes...
Resumindo, meu primeiro dia foi desastroso. Assim que meu turno encerrou
eu me tranquei no banheiro e chorei em silêncio, fiquei por vários minutos
colocando para fora meu fracasso. Quando achei que estava bom de derrubar
lágrimas peguei minhas coisas, as poucas gorjetas que ganhei e voltei para
casa.
E agora estou aqui sentada na cama chorando de novo, se não
bastasse um dia ruim no meu primeiro dia no emprego, chego em casa e
tenho que escutar as palavras cruéis do meu pai. Tudo que eu quero é um dia
em paz, um dia que eu possa extravasar toda essa tristeza e frustração, que
tem me matado um pouco a cada dia.
Tudo que aconteceu na minha vida foi como uma avalanche, e quando
acho que estou pronta para me reerguer vem uma mais forte e me derruba de
novo. Quantas vezes ainda sou capaz de me levantar sem desistir e ficar no
chão de uma vez? Estou tentando não ser pessimista, mas tudo que vem me
acontecendo não facilita em eu ser confiante.
Eu não posso desistir, eu preciso ser a rocha forte nessa casa, se eu
desmoronar o que será do meu pai? Talvez o que eu precise, é ir a algum
lugar onde possa pôr para fora tudo que tem me consumido todo esse tempo.
Raiva, frustração, tristeza, ressentimento, saudades.
Pensando nisso, levanto-me da cama e procuro uma roupa linda para
vestir, por hoje irei sair para me divertir, dançar e sorrir. Talvez passar um
tempo comigo mesma seja o que eu precise para não desabar de vez. Por
algumas horas irei me afastar dessa casa, do meu pai, de toda a tristeza
desses meses. Por hoje e só por hoje, eu irei me divertir, me permitir ser
feliz sem pensar em mais nada.

Assim que entrei na boate, sou recebida por uma música eletrônica
alta, os corpos se chocando contra o meu. Sinto a adrenalina se infiltrar nas
minhas veias, gritando liberdade. Faz tanto tempo que não me lembro como é
se sentir assim, fiquei fechada no meu mundo por tanto tempo, que esqueci o
tanto que gosto disso. Quando fazia faculdade, uma das coisas que mais
amava era sair para dançar com minhas amigas. E hoje eu irei reviver a
Samantha divertida, alegre, desinibida, corajosa e feliz. E para começar irei
beber, eu sei o que eu quero buscar hoje, e por isso fiz a escolha certa de vir
de táxi.
Sentei-me na frente do bartender gatinho e pedi um drink, sabendo
que esse seria o primeiro de muitos. Hoje eu quero curtir, e a única coisa que
peço é para a música não parar.

A cada drink ingerido, a liberdade gritava ainda mais alto em meu


peito, e hoje eu estou decidida a ser livre, me permitir esquecer todas as
dores e culpas que tenho sentido e carregado todo esse tempo. Hoje nada,
nem ninguém iria me dizer o que eu devo fazer, ou como devo me comportar.
Hoje eu quero que toda a sociedade vá a merda.
Depois de terminar meu quarto drink levantei-me indo para a pista de
dança, decidida a curtir minha noite de liberdade, como se deve. As músicas
foram me dando a descarga emocional que eu precisava. Dancei algumas um
pouco contida, mas quando o DJ colocou uma música mais erótica, me
excitei, ficando mais quente, desejando algo que eu não tenho mais.
Cinco homens ao meu dispor, para me dar prazer, para saciar todas
minhas vontades. Me fazendo implorar pelo orgasmo, que eu sabia que me
deixaria fora do ar por longos minutos.
Não sei se é por conta dos drinks que ingeri, ou a carência que tem
me matado a cada noite, o fato é que meu corpo começou a pegar fogo, um
fogo aterrador. Pousei minha mão entre o vão dos meus seios, descendo pela
minha barriga até o meio das minhas pernas. Um desejo feroz cresceu dentro
de mim, tirei a mão quando senti minha pele pegar fogo, com a vontade de
me tocar mais intimamente.
Esse não é o lugar indicado para eu me dar prazer, ainda mais em
meio a uma pista lotada. Virei-me decidida a ir embora e me embolar nos
meus lençóis, me lembrando de cinco homens e bons momentos que vivemos
juntos, porém uma mão na minha cintura me puxando para trás me fez bater
contra um corpo duro.
— Fiquei te olhando desde que você chegou. — Uma voz rouca
sussurrou no meu ouvido, a música sendo substituída por uma mais excitante,
meu corpo em chamas, meu sangue me queimando como lava. — E posso te
garantir, você está me deixando louco. — Sorri mordendo meu lábio e virei-
me para o estranho.
Oh, meu Deus! Que homem lindo.
Fiquei nas pontas dos pés, o estranho sendo uns bons centímetros
mais alto que eu. Segurei nos cabelos da sua nuca fazendo-o se abaixar, e
encostei meus lábios na sua orelha.
— Nunca toque em uma mulher sem sua permissão. — Sussurrei no
seu ouvido e ele me soltou. — Assim está melhor.
— Gostaria de dançar comigo? — seu pedido, sua boca.
— Uma dança. — Decretei.
Suas mãos voltaram para minha cintura levando meu quadril para se
moldar ao seu, senti sua excitação pressionar minha barriga, fazendo a
necessidade dentro de mim crescer a cada segundo. Toquei sua nuca com
minhas unhas, e o aperto na minha cintura se intensificou, sorri quando ele se
abaixou me provocando com sua respiração no meu pescoço.
Puxei-o para mim e ataquei sua boca, meus dedos se infiltrando nos
seus cabelos, minha língua acariciando a sua sedutoramente. Suas mãos
desceram até minha bunda e eu mordi seu lábio tomada de excitação e
desejo, como há muito tempo não sinto.
Sua ereção pressionou novamente minha barriga e gemi na sua boca,
precisando ser tocada, precisando colocar para fora tantos orgasmos
reprimidos. Aproveitei a pouca luz e alisei seu pau por cima da calça,
querendo deixá-lo louco como seus beijos estão me deixando. Suas mãos
apertaram mais forte minha bunda, e sem pensar em nada segurei uma das
suas mãos e o puxei em direção aos banheiros.
Não falamos nada, e nem precisávamos, se tratava apenas de desejo
e hoje eu iria dar fim ao meu. As filas para os banheiros me frustraram um
pouco, contudo, o estranho cutucou meu ombro apontando para o banheiro
destinado aos funcionários e sem pensar demais o segui.
Assim que entramos não tive tempo de raciocinar, ele me empurrou
contra a porta atacando minha boca esfomeado, puxei seus cabelos com
força recebendo uma mordida forte no lábio. Gostei do modo que ele me
tocava, se tratava apenas de desejo e excitação, não precisávamos saber o
nome um do outro, o que precisávamos era saciar um desejo insano que
crescia mais e mais entre nós dois.
Levantei meu vestido e colocando minha calcinha de lado me toquei,
necessitando me dar prazer como nunca necessitei antes.
— Eu quero te foder. — O estranho disse em meio ao nosso beijo
indecente.
— E eu quero que você me foda — Gemi quando ele tirou minha mão
do vão das minhas pernas, levando meus dedos molhados para sua boca,
seus dedos substituindo os meus em seguida.
— Está encharcada, e seu gosto é uma delícia — gemeu e escutei o
zíper da sua calça ser baixado.
— Quero rápido e duro. — Ordenei pensando apenas no meu prazer.
E foi o que ele fez, me virou de cara para porta, escutei o barulho da
embalagem do preservativo sendo rasgada, e não demorou, logo ele estava
se afundando no meu calor com apenas uma estocada. Suas mãos seguraram
meu ombro me mantendo parada, seus movimentos são rápidos, me deixando
alucinada com cada estoca recebida. Seu pau causando uma dor gostosa, ao
me atingir no lugar certo incontáveis vezes.
— Merda — Ouvi o praguejar e nem me importei querendo apenas
meu orgasmo, que não estava longe de ser alcançado. — Acho que tem...
— Menos falatório e mais foda — Pedi de olhos fechados e recebi
um tapa forte na bunda.
— Você que pediu princesa.
Princesa?
Gritei ao ser prensada na porta recebendo investidas duras, sua mão
segurou meu rosto contra a madeira, me fodendo ainda mais forte, apertei
meus olhos e me entreguei. Me deixei levar para o orgasmo mais forte que
tive em muito tempo.
Não sei quanto tempo se passou, minha alma parece que havia saído
do corpo, minhas pernas mal conseguindo me sustentar em pé, porém sorri
satisfeita sentindo meu desejo um pouco saciado. Dei uma olhada por cima
do ombro vendo o estranho praguejar alguma coisa enquanto limpava seu
pau, olhei para sua ação e arregalei os olhos.
— O preservativo estourou? — Perguntei chamando sua atenção, o
pânico consumindo até meus ossos.
— Eu ia dizer que algo estava estranho com o preservativo, mas
você disse menos falatório e mais foda, e foi o que fiz — Ele passou as
mãos por seus cabelos escuros. — Eu senti sua boceta cobrir meu pau
quando gozou, e sabia que alguma merda aconteceu. Foi quando me perdi no
momento e continuei. — O olhei incrédula.
— Me perdi no momento? E se você me passar alguma doença? Tem
certeza de que estourou?
— Eu não tenho doença! — Grunhiu. — E sim princesa, eu tenho
certeza, a porra do preservativo estourou. — Ele tentou se aproximar de
mim, mas não deixei. — Vamos dar um jeito nisso, podemos ir ao hospital se
você quiser, mas confie em mim eu não tenho doenças.
— Foda-se, como eu vou saber? Deixa-me pegar minha bola de
cristal dentro da bolsa e eu te digo se acredito em você ou não. Ah, é, eu não
trouxe minha bolsa. — Debochei e ele prendeu um sorriso. Estendi minha
mão para ele, tentando me acalmar e buscar a melhor solução — Deixe-me
ver o preservativo, às vezes ele nem estourou. — Respirei fundo e foi
quando senti algo escorrer pelas minhas pernas.
— Minha porra escorrendo por suas pernas, responde? — Encarei o
homem na minha frente, ele está levando isso na brincadeira?
— Idiota. Espero que você não tenha me passado nada. — Peguei o
papel que ele me ofereceu e me limpei o melhor que pude. — Eu não tenho
nada, estou limpa. — Disse para não o deixar preocupado sem motivo,
mesmo ele não parecendo estar se importando.
— Eu também estou, mas se quiser podemos ir ao hospital. — Meu
humor deu uma melhorada devido a sua preocupação.
— Não precisa, eu confiarei na tua palavra. — Disse e é a verdade.
— Se acontecer alguma coisa, você pode me ligar. Meu nome...
— Sem nomes, hoje eu queria me lembrar como era ser alguém que
eu deixei de ser há muito tempo, por isso vamos deixar assim. — Ele me
encarou por um tempo, mas acabou assentindo.
— Antes de eu ir, posso fazer uma coisa? — Pediu.
— Sim.
Ele avançou na minha direção, sua mão agarrou meu pescoço
enquanto sua boca me reivindicava de novo, sem nos darmos conta,
estávamos novamente perdidos um no outro. E sem querer me importar com
as consequências, me entreguei a ele de novo.
Depois que acabamos a terceira rodada, nos despedimos sem dizer
nada, peguei na minha bota o celular e o dinheiro, chamei um táxi, e fui
embora me sentindo incrível.
Cheguei na empresa mais cedo que o normal, estou ansioso, hoje
enfim a nossa nova aquisição será finalizada, e daqui 3 meses será a festa de
boas-vindas que daremos na filial de Chicago. Devido a outros
compromissos que ainda temos em Detroit, não poderemos antecipar a festa
de boas-vindas aos funcionários, e irmos para lá para iniciar os
treinamentos. Esses últimos dias temos dado o nosso melhor para finalizar
essa compra. Sempre soubemos o tanto que nosso pai idealizava conquistar
Chicago, e hoje depois que eu assinar os papéis poderemos ligar para ele e
contar que conseguimos.
Finalmente.
Nossa empresa de investimentos, enfim, estará ao lado de outras
grandes no mercado. O que meu pai começou há trinta anos, está colhendo
seus frutos hoje em dia. Já somos uma das 100 maiores empresas dos
Estados Unidos, na área de investimentos. Meus irmãos e eu sabemos o
quanto essa conquista é importante para nosso pai, e não poderíamos estar
mais realizados por podemos proporcionar isso a ele. É para isso que
trabalhamos dia e noite, ainda iremos colocar nossa empresa no pódio dentre
as três maiores.
Entrei na minha sala, sabendo que hoje seria um grande dia para
nossa empresa, mas principalmente para nossa família. Sorrio orgulhoso dos
meus irmãos, sem eles eu não conseguiria, e saber que eles confiam em mim
e nas minhas decisões me faz ter ainda mais certeza de que sem eles eu não
chegaria aonde estou. Sem eles eu não seria metade do empresário que sou.
Sentei-me na cadeira, ligando o computador, tenho alguns e-mails
urgentes para serem respondidos, só que um envelope pardo sobre minha
mesa, chama minha atenção. Lembro-me de ontem Olivia colocá-lo na minha
mesa junto das minhas correspondências, mas eu estava com pressa para
resolver as últimas pendências da aquisição, que deixei para vê-lo depois. O
que me lembra que Jordan e eu não podemos continuar sobrecarregando
Olivia, ela foi promovida e não deve continuar fazendo seu trabalho de
secretária. Precisamos contratar duas secretárias o quanto antes.
Pegando o pequeno envelope na mão, dou uma olhada procurando o
remetente e estranho por não encontrar. Ninguém envia nada para mim sem
se identificar, e muito me admira Olívia ter aceitado e colocado na minha
mesa. Decidi jogar o envelope no fundo da gaveta, depois eu o abro, neste
momento tenho mais coisas para fazer do que me preocupar com o seu
conteúdo.

Jayden estoura o champanhe e sorrimos oferecendo a taça para ele


enchê-las. Enfim assinei os papéis, a filial de Chicago é nossa. Nem acredito
que depois de meses e incontáveis reuniões, conseguimos. Assinei os papéis
com meus pais assistindo a tudo por vídeo chamada. Eles estão em Barbados
fazendo uma nova lua de mel ao redor do mundo. E a confiança que nosso
pai depositou em nós só prova que ele estava certo, nós estamos mais que
prontos em assumir o seu legado.
— Um brinde à filial de Chicago, e as muitas que ainda iremos
conquistar. — Digo emocionado.
Meus irmãos batem suas taças na minha, com sorrisos que refletem a
mesma felicidade que a minha. Estamos na minha sala, já se passou muito do
horário do expediente, mas quisemos ficar para brindarmos onde nosso pai
passou muitas horas trabalhando e construindo um império. Sermos filhos do
grande Arnold King, é um orgulho, ele nos deu a melhor educação possível,
nos moldou para sermos grandes homens, respeitando a personalidade de
cada um, nunca exigindo mais do que poderíamos dar.
O que nosso pai nos ensinou, vai muito além de como conduzir uma
empresa multimilionária, ele nos deu lições de vida, conceitos que iremos
levar para onde formos. Nosso pai, nos fez querer um dia construir uma
família como a que ele construiu. E a mulher que eu escolher para estar ao
meu lado, espero que seja tão parceira como minha mãe foi e é para meu pai.
— Aos nossos pais. — Jordan puxou o brinde que eu estava quase
fazendo.
— Aos nossos pais. — Repetimos emocionados.
— Então Will, pronto para comandar a filial de Chicago? — Jayden
perguntou dando um tapinha no ombro do nosso irmão.
— Não pensem que estão se livrando de mim, eu ficarei fora por
poucos meses. — Bebeu todo o conteúdo da sua taça antes de continuar —
Irei treinar os funcionários e depois volto. — Jayden fez um muxoxo. —
Daqui três meses espero vocês lá para a festa. — Voltamos a beber e
conversar, ainda estou em êxtase pela nossa conquista.
Depois de mais de uma hora, meus irmãos e eu decidimos ir para
casa, queremos descansar depois de um dia tão longo. Estamos saindo da
sala quando me lembro que tenho que fazer uma última coisa, peço para
meus irmãos irem na frente que logo eu os alcanço.
Esqueci de mandar um e-mail para Barry, preciso passar para ele o
que ficou decidido sobre a ida de Will para Chicago, poderia deixar esse e-
mail para depois, ou mesmo dar um telefonema amanhã cedo, mas prefiro
deixar tudo resolvido ainda hoje. Meu lema é: Não deixe para amanhã o
que você pode fazer hoje.
Sento-me na cadeira e ligo meu notebook, enquanto espero ele ligar,
abro a gaveta lembrando-me do envelope pardo, o pego e o avalio
novamente. Nada, nenhum nome, ou endereço, isso me deixa irritado.
Comecei a rasgar o envelope, mas parei, me surpreendo por dentro conter
dinheiro. Jogo todo o conteúdo sobre a mesa, e com uma rápida contagem,
acredito que tenha em torno de mil dólares.
Franzo a testa não entendendo que dinheiro é esse. Entre as notas
encontro um pequeno pedaço de papel dobrado. Confesso que estou curioso
para saber de onde veio esse dinheiro, e muito interessado em descobrir
quem enviou e o porquê? Desdobrei o papel, não reconhecendo a letra, mas
não demorei para descobrir quem me enviou esse envelope desaforado.
Hoje eu quebrei meu cofrinho,
e adivinha? Eu tinha o dinheiro.
Até nunca mais.
BABACA.
Petulante! Mulher irritante, como ela tem a audácia de me enviar
dinheiro como se eu precisasse desses trocados? E ainda por cima tem a
coragem de me mandar um bilhete me insultando mais uma vez. Quem ela
pensa que é? Conto o dinheiro e por incrível que pareça tem o valor exato
que gastei para limpar meu carro depois da sua brincadeira. O que essa
mulher quer me provar enviando esse dinheiro?
Guardei todo o dinheiro de volta, e procurei um dos envelopes que
sempre ficam à minha disposição, aproveitando que meu notebook já ligou,
procuro seu currículo que consta seu endereço, gravo as informações e
decido fazer a mesma coisa que ela. Espero que a senhorita Mitchell goste
do meu envelope assim como eu amei o dela. Sorrio de forma irônica
quando começo a preencher um cheque.

Estou terminando de tomar banho, quando me pego sorrindo


pensando naquela petulante. Quando foi a última vez que uma mulher me
intrigou, na mesma medida que me irritou? Nunca aconteceu. Devo dar os
devidos méritos à senhorita Mitchell, o que ela tem conseguido é digno de
admiração. O que ela está me causando é uma excitação de confronto, uma
excitação desafiadora.
Babaca.
Sorrio ainda mais, lembrando como seu rosto assume um tom
vermelho de raiva quando ela me chama pelo apelido carinhoso. Ah,
senhorita Mitchell, você não imagina o monstro que acordou com suas
afrontas. Ele está ensandecido, e a única coisa que saciará sua fome é
você.
Depois de me vestir, desço as escadas a procura de Will, quero
conversar com ele antes da sua viagem. Preciso acertar alguns pontos com
ele, isso volta para nossa discussão de ontem. Por que meu irmão é tão
cabeça dura? Qual é o grande problema de ele assumir a filial de Chicago
por um ano? Isso garantirá o melhor gerenciamento, e assim me poupará de
várias dores de cabeça futuras.
O encontro jogado no sofá, seu caderno de desenhos no seu colo,
deve estar desenhando outra paisagem. Contenho minha vontade de revirar
os olhos, e implicar com seu passatempo favorito. Me aproximo devagar e
dou uma espiada por cima do seu ombro, mas ele antecipa meus movimentos
e esconde o desenho de mim. Tudo o que eu pude ver foram grandes olhos
azuis, muito expressivos.
É uma mulher.
Será que temos alguém apaixonado aqui?
— O que você quer, Oliver? — Me repreendeu, se colocando na
defensiva.
— Nada demais, não posso conversar com meu irmão? — Me
justifico, sentando-me ao seu lado. — Quem é a mulher que está
desenhando? — Perguntei, e notei um leve suspirar, franzi a testa ficando
ainda mais interessado.
— Uma mulher que não sai da minha cabeça. — Sorriu.
— Está namorando, e esqueceu de nos avisar? — Caçoei.
— Você sabe que eu não namoro. — Bufou. — Ela é apenas uma
mulher sensual, desinibida e muito, muito gostosa. Trepei com ela em um
banheiro de balada. — Deu os ombros.
— Nossa que história incrível. — Debochei. — Por um segundo,
pensei que você estaria desenhando minha futura cunhada. — Provoquei e
ambos rimos.
— Não é para tanto. — Se endireitou. — Agora sem mais enrolação,
pode falar o que você realmente quer. — Ele me conhece muito bem.
— Chicago. Eu quero que você fique um ano. — Fui direto, ele se
levantou, rindo de lado.
— Não, já conversamos sobre isso.
— Will, um ano passa rápido, e não confio em ninguém além dos
meus irmãos para isso. Um ano, é tudo o que eu peço. — Sou sincero.
Espero o que ele tem a dizer, torcendo que ele tome a decisão
correta, porque do contrário não sei o que farei. A não ser que eu assuma
Chicago, e deixe Jordan responsável por Detroit até eu voltar. Um ano passa
rápido, afinal. E estando lá, eu mesmo posso escolher a pessoa que ficará no
comando, posso treiná-la, sabendo que estará preparada para lidar com tudo
que possa vir acontecer. É isso.
— Tudo bem, um ano. — A voz de Will chamou minha atenção,
mudando minha linha de pensamento. — Ficarei um ano, nenhum dia a mais.
— Suspirei assentindo.
— Um ano. — Concordo. — Obrigado.
— Somos irmãos, sempre pode contar comigo. — Ele estendeu sua
mão e a aceitei. — Está me devendo uma rodada de cerveja. — Ri.
— Vamos, você merece.
Fomos para cozinha, e relaxei meu corpo que estava todo tenso. Eu
não quero confessar em voz alta, no entanto, quando eu estava debatendo
comigo mesmo minha ida para Chicago, pensei que ficaria um ano ser ver
uma certa petulante de boca suja, e isso me incomodou.
Merda! O que isso significa?
Era o certo a se fazer.
Digo a mim mesma pela décima vez. Acabei com todas minhas
economias, mas precisava mostrar para aquele babaca que eu tinha o
dinheiro para pagá-lo. Tudo bem que agora estou mais dura que tudo. Sou
muito orgulhosa para deixar que as palavras dele se infiltrem na minha
cabeça. Demorei para juntar a quantia, mas agora estou de alma lavada,
sabendo que paguei pelo meu momento de descontrole.
Quando consegui o telefone do lugar em que ele sempre manda seu
carro para lavar, fiz uma ligação e descobri o quanto ele pagou para
limparem o que eu fiz. Fiquei horrorizada pelo valor. Eu poderia ter lavado
o carro dele por 100 dólares, mas quem sou para falar alguma coisa? O
importante é que paguei pelo meu erro, e tudo voltou ao normal.
Com tranquilidade entro no carro e dirijo de volta para Ann, preciso
preparar o almoço do meu pai. Hoje precisarei entrar mais cedo no trabalho,
preciso conseguir o dinheiro que tive que desfazer o mais rápido possível.
Preciso ter uma reserva para imprevistos, não posso ficar à mercê da sorte.
Devido aos últimos acontecimentos ficou claro que sorte não é uma palavra
da qual estou habituada
Um carro passa do meu lado e meu coração acelera ao reconhecer o
motorista. O empalador do banheiro. O que ele faz em Detroit? Por que
meu coração está acelerado e minha calcinha começou a umedecer? Olho
para o retrovisor tentando ver em qual esquina ele virou, mas já o perdi de
vista. Se fechar meus olhos ainda posso senti-lo entre minhas pernas. Aquela
foda foi gostosa, não é à toa que ele ganhou o apelido de empalador.
Esqueça Samantha, foi só uma vez.
E que vez.
Ah, empalador.
Sentindo meu corpo quente, a calcinha molhada, me obrigo a parar de
pensar no que aconteceu, e volto a prestar atenção na estrada antes que eu
cause um acidente.
Quando chego em casa tudo está em silêncio, pela primeira vez não
encontro meu pai jogado na sua poltrona, e não avisto nenhuma latinha de
cerveja, ou garrafa de uísque vazias jogadas no chão. Minhas expectativas
crescem por cogitar que meu pai possa ter começado a sair do seu período
de luto.
Saio pela casa o procurando, querendo rever meu velho pai, quem
sabe hoje seja o nosso recomeço? Com um sorriso que não cabe no meu
rosto, o encontro na cozinha, ele está cozinhando. Meus olhos se enchem de
lágrimas e sem conter minha felicidade corro e me jogo nas suas costas, o
cheiro de banho recém tomado exala da sua pele.
— Pai. — O abracei apertado.
— Samantha, uma hora você irá me matar. — Resmungou e me
afastei beijando seu rosto. — Não me assuste mais assim, menina.
Menina.
Fecho os olhos controlando a vontade de chorar sem parar, ele voltou
a me tratar como antes. Não sei o que aconteceu para essa mudança, mas não
me importo de querer descobrir, o que me importa é que meu pai voltou.
— Vou correndo trocar de roupa e lavar minhas mãos, e volto para te
ajudar. — Beijei seu rosto de novo e sai correndo.
Nem me importei pelas lágrimas que continuavam a rolar pelo meu
rosto, porque o sorriso ainda continuava na minha boca. Lágrimas de
felicidade. Nem me lembro a última vez que chorei de felicidade. Troquei de
roupa o mais rápido que fui capaz, fui ao banheiro lavar minhas mãos e
fiquei me encarando pelo espelho por alguns minutos.
Depois de uma tempestade sempre vem a tranquilidade de um dia
de sol.
Era o que mamãe dizia, e acredito que ela estava certa. Tudo de
agora em diante será diferente. Saí do banheiro seguindo para a cozinha para
ajudar o meu pai, quando meu celular começou a tocar. Ninguém liga para
mim. As únicas pessoas que poderiam me ligar seriam minhas amigas, mas
elas ficaram no meu passado assim como muita coisa da minha antiga vida.
Esse foi o acordo que fiz com meu pai, tudo ficaria para trás.
Encaro o celular e meu coração se aperta com o nome que pisca na
tela. Kyle. Minha mão treme e quase deixo o celular cair, apertei-o na ilusão
de que isso manterá meu controle. O som do toque preenche meu quarto, e
mantenho meus olhos na tela, o nome de Kyle se apaga, mas não demora
muito e volta a piscar. Meus olhos ardem pelas lágrimas que evito derramar,
meu coração se comprime pela dor que estou sufocando dentro do meu peito,
minha respiração se tornou tão escassa que não sei por quanto tempo
conseguirei ficar sem respirar.
Desiste Kyle, por favor, desiste.
Imploro por pensamento, torcendo que Kyle desligue e não volte a
me ligar. Ele não poderia ligar para mim hoje, não hoje que meu pai está
voltando a se reerguer, se meu pai sequer sonhar com essa ligação... Não!
Evito pensar o pior. O celular silencia e respiro aliviada por ele não voltar a
tocar.
Dói ter que evitar atender um dos homens que amo, mas sei que estou
fazendo o melhor para ele. Kyle merece ser feliz por inteiro, e comigo ele
seria feliz pela metade. Uma pessoa maravilhosa como ele, merece ser
completamente feliz. Eu nunca serei complemento suficiente para ele, e não
vejo a hora que ele também perceba isso e desista de mim para sempre.
Desligo meu celular, e vou para cozinha ajudar meu pai.
Tudo irá ficar bem, estou fazendo a coisa certa.
Dias se passaram, e eu me encontro no céu. Meu pai não teve
nenhuma recaída desde que decidiu parar com a bebida e recomeçar. Nossa
relação está voltando a ser como antes, e eu tenho feito o meu melhor para
não o decepcionar como antes. Troquei o número do meu celular, para ter
certeza de que Kyle, e nenhum dos seus irmãos me ligaria novamente, e até
mesmo outro dia, quando chegou uma carta endereçada para mim, eu a
rasguei sem lê-la. Não queria arriscar que meu pai notasse meu desconforto,
e pensasse que eu voltei a me relacionar com os Allen.
Quando li o nome do remetente meu coração acelerou, sem eu saber
o porquê. Eu ainda estou curiosa sobre seu conteúdo, não arrisquei nem em
guardar seus pedaços rasgados para juntá-los para ler mais tarde. O que será
que o senhor babaca queria comigo? Parece que nunca saberei, mas prefiro
assim, não quero nem imaginar o que meu pai pensaria se soubesse que
recebi uma carta de um homem que ele não conhece. Balanço a cabeça
espantando o medo que me corrói se tivesse sido meu pai a receber a carta e
não eu.
Sentada em frente a lanchonete na qual trabalho, espero acabar o meu
horário de descanso para retornar para as batatas, afinal elas não se fritam
sozinhas. Desde que fiz muitas confusões com pedidos, fui designada a
apenas fritar batatas, e para mim estava perfeito, só que o enjoo que peguei
de batatas está me atrapalhando muito. Ontem eu vomitei duas vezes apenas
por sentir o cheiro. Se continuar assim, minha chefe pode querer me
despedir, e não posso perder esse emprego. Dona Arlete já tem sido muito
boa para mim, não quero decepcioná-la, ela foi a única pessoa que me deu
uma oportunidade, e não posso jogá-la fora.
Respiro fundo tentando controlar meu enjoo, e volto para a
lanchonete. Assim que passei pela porta, choquei meu corpo contra um
cliente que devia estar de saída. Levanto minha cabeça para me desculpar, e
eu congelo no lugar ao ver o senhor babaca na minha frente. O que o senhor
certinho está fazendo aqui? Ele me olha dos pés à cabeça, arqueando uma
sobrancelha. Do seu lado está uma mulher alta e loira, que me encara com
nojo. Mordo a língua para não perguntar se ela perdeu alguma coisa.
— Me desculpe. — Peço, desviando meus olhos dos dois, andando
rápido para meu posto.
— Espere, eu acho que te conheço — ele diz me parando com sua
mão no meu braço, enquanto a outra segura sua bandeja com lanche e batatas.
Reparar nisso embrulha o meu estômago.
— Acredito que o senhor deva estar me confundindo. — Minto
tentando me desvencilhar da sua mão. — Agora se o senhor me der licença,
preciso voltar ao meu trabalho. — Tento mais uma vez me soltar, seu aperto
afrouxa, mas não o suficiente para me libertar.
Ele me avalia mais uma vez dos pés à cabeça, e engulo em seco
quando seus olhos cintilam reconhecimento.
Quais são as chances?
Quais são as fodidas chances de eu pensar nele, e o invocar como
se fosse uma assombração?
Todas as chances, essa é a resposta certa.
Eu sou muito azarada mesmo.
— Senhorita Mitchell? — Pergunta com um sorriso brincando no
canto dos lábios. — Quem diria. — Seguro a vontade de revirar meus olhos,
entrando no seu jogo.
— Oh, como pude não o reconhecer. — Dei um tapinha na minha
testa, fazendo um gracejo de esquecida. — Senhor King, é claro, como o
senhor está? — Me fingi de simpática.
— Estou bem — ele desviou o olhar olhando em volta da lanchonete,
mas não demorou para seus olhos voltarem para mim. — Você trabalha aqui?
— Perguntou indiferente.
Não está vendo?
— Sim. — Dei um sorriso forçado. — Por isso, peço licença,
preciso voltar a trabalhar. — Não esperei por sua resposta, eu simplesmente
dei as costas para ele e para a loira voltando para as batatas.

No fim da noite, só fico na espera da saída dos poucos clientes que


estão comendo, para sim correr para casa para tomar um banho. O cheiro das
batatas está impregnado até nos meus cabelos. Tenho tentado controlar meus
enjoos para dona Arlete não perceber, e a saída que encontrei é respirar pela
boca. Foi o que me ajudou a não precisar correr para o banheiro para
vomitar como aconteceu ontem. O que será que está acontecendo comigo?
Será alguma virose?
O sino da porta tocou chamando minha atenção. Era tudo que eu
precisava, mais clientes quando tudo que eu quero é ir embora. Como Lisa
foi embora mais cedo, me ofereci para ficar no seu lugar como atendente, e
vendo a pessoa que caminha até o caixa me arrependo amargamente do meu
ato gentil.
Oliver King caminha na minha direção, seu rosto mantém uma
expressão curiosa quando me encara. O que será que ele está pensando?
Engulo em seco quando ele para na minha frente. Olho em volta buscando
ajuda, os poucos clientes estão entretidos comendo, os meus colegas estão a
uma distância considerável, e dona Arlete está no seu escritório como
sempre no fim de cada noite. Merda, pensei ao ver ele se debruçar no balcão
para ficar mais próximo de mim.
— Eu precisei voltar para te perguntar. — Se aproximou ainda mais.
— O que você fez com o cheque? — Sussurrou a pergunta.
Franzi a testa não o entendo.
— O quê?
Além de babaca esse homem é doido? Do que raios ele está falando?
— Por que está trabalhando aqui? — Deu uma olhada para meu
uniforme fazendo uma careta.
— Olha, eu não sei do que o senhor está falando, e muito menos te
devo satisfação alguma de onde eu trabalho e o porquê.
— Eu só não entendo... — Ele fica mudo balançando a cabeça de um
lado para o outro. — Você não me procurou para me xingar ou agredir, você
nem ao menos depositou o cheque. Só me responda por quê? — Bufo
irritada.
— Eu sinceramente não sei do que o senhor está falando. Além de
babaca é doido? — Dei voz aos meus pensamentos.
O senhor babaca certinho, abriu um sorriso de lado e me odiei por
reparar na covinha que ele tem na bochecha, e me odiei ainda mais por
perceber como ele ficou mais lindo quando sorriu. Mudei o rumo dos meus
pensamentos, e me mantive na defensiva, esperando o que ele teria a me
dizer.
— Agora sim. — Ampliou o sorriso cretino. — Quando a vi me
tratando com educação achei que você estivesse tendo um derrame. —
Caçoou e fiz uma careta.
— Vai a merda. — Sussurrei para não assustar os clientes.
— Aí está ela, senti sua falta, petulante. — Revirei os olhos. — Já
disseram como fica linda quando está irritada? — Arregalei os olhos na sua
direção.
Ele está flertando comigo?
— Eu- eu preciso... trabalhar. — Minha voz me traiu e me odiei.
Faz tanto tempo que um homem não flerta descaradamente comigo,
que fico sem saber como agir. Patética, é o que sou.
— Suas bochechas estão vermelhas... — Se aproximou mais, sua
boca a poucos centímetros da minha. — Só não sei se é por raiva, ou por
timidez. — Seus olhos se prenderam nos meus lábios. — Eu iria adorar se
fosse por timidez.
Seus lábios encostaram nos meus, foi um toque tão leve que poderia
dizer que foi coisa da minha cabeça. Nossos olhos se prendem um dentro do
outro, tudo à nossa volta perdendo a importância. Minha respiração está
acelerada, sinto minha boca seca, e automaticamente molho meus lábios com
a língua, fazendo os olhos de Oliver se acenderem como fogo. Eu quero os
lábios do babaca devorando os meus, e essa constatação me deixa irritada,
eu diria muito irritada.
— Você-você... não... pode...
— Eu posso tudo o que eu quero — disse arrogante, e cada palavra
saída da sua boca projetou seus lábios contra os meus — E posso apostar
que você quer tanto quanto eu — passou a língua no seu lábio inferior
ricocheteando no meu. — Me diga o que fez com o cheque?
Que cheque? Quero perguntar.
— E a loira? — Mas foi essa a pergunta que saiu da minha boca.
— Meg? — só o diminutivo do nome da loira me irritou, e nem sei o
motivo, e muito menos quero saber. — É uma amiga, além de ser filha de um
sócio. — Riu me deixando ainda mais irritada. — Ciúmes?
— Está delirando? — Me defendi, forçando meu corpo para trás,
para assim sair do domínio do seu olhar. — Pensei que ela fosse sua
namorada. — Desviei meus olhos.
— Eu não namoro, e se namorasse eu não faria o perfil que trai. —
Balancei minha mão no ar me desfazendo dele.
— Eu preciso trabalhar. — Dei as costas, mas sua pergunta me fez
parar no lugar de saco cheio.
— Só me responda, o que você fez com o cheque? — Virei-me para
ele, e algo que ele viu no meu rosto o fez dar alguns passos para trás.
Esperto.
— Que cheque? De que merda você está falando? — Me alterei e
alguns clientes olharam para nós curiosos.
— Você realmente parece não saber. — Ele coçou seu queixo. Sua
expressão se fechou de repente olhando sério para atrás de mim.
— Tudo bem aqui, Sam? — Levei um susto com a voz de Tyler nas
minhas costas. — Precisa de ajuda? — Olhei para meu colega e sorri.
— Está tudo bem, o senhor aqui, já está de saída. — Olhei para
Oliver o desafiando. — Estou certa, senhor?
Ele me encarou com um desejo claro de me matar, não desviei meus
olhos, enfrentei a imensidão azul que ele tem, sem recuar. Eu não faço a linha
que recua. Oliver abriu um sorriso. Franzi a testa não sabendo o que ele
ainda pretendia.
— Tudo bem, amor, eu estou indo, mas irei te esperar lá fora. —
Abri a boca chocada com sua audácia, e sem esperar minha resposta ele
caminhou na minha direção segurando minha nuca, puxando meu rosto para
perto do seu. — Eu não vou embora sem minha resposta. — Arregalei os
olhos quando sua boca pressionou a minha.
Ele me soltou e saiu da lanchonete me deixando chocada, de olhos
arregalados e boca aberta. Qual é o problema dessa cara? E qual é o
problema do meu coração que bateu mais rápido quando senti seus lábios
nos meus? Talvez seja melhor eu não saber as respostas.
Acabo de voltar do aeroporto, Will embarcou, e nem acredito que
meu irmão aceitou assumir a filial de Chicago por um ano. Sua falta será
tremenda na empresa, assim como em casa, entretanto sua partida será muito
importante para nossa empresa, e não poderia estar mais orgulhoso pelo meu
irmão. Estaciono na minha costumeira vaga, e é inevitável meus pensamentos
não irem para ela. A petulante. Quatro dias passaram e em nenhum desses
dias ela me procurou por causa do cheque que enviei. Nem depositar, ela
depositou. Todo dia ligo para meu gerente para ter certeza.
Por que ela não me procurou?
Por que ela não depositou o cheque?
É um cheque de um milhão de dólares, merda!
Quando preenchi o cheque com um valor tão alto foi mais para ter o
prazer de receber sua visita na minha sala. Eu acreditava que ela iria entrar
na minha sala xingando todos os palavrões por aquela boquinha linda e
desaforada, mas não aconteceu. Então uma sensação estranha se apossou de
mim, em pensar que ela depositou o cheque ficando com o dinheiro, e eu nem
poderia falar nada, afinal foi eu que dei para ela. Porém conforme os dias
foram passando e nada de minha conta diminuir um milhão, me intrigou. Ela
me intriga.
Caminho apressado para o elevador, não quero ter a Amanda me
aborrecendo logo pela manhã. Antes que as portas se fechem vejo ela se
encaminhando apressada na minha direção, e me vejo obrigado a segurar as
portas.
— Senhor, deixei sobre sua mesa os currículos das possíveis
candidatas para ser sua secretária e do senhor Jordan. — Assenti pronto
para deixar as portas se fecharem, mas ela voltou a falar. — Mas caso os
senhores precisem com urgência, eu me candidato para ajudá-los.
Nem fodendo!
— Não será necessário. Obrigado.
As portas do elevador se fecharam e esfreguei a testa. Isso é para eu
aprender a não foder funcionárias. Quando saio no meu andar, caminho
apressado para minha sala, quero resolver alguns assuntos com Jordan, mas
antes irei ligar para meu gerente para saber se o cheque foi depositado, e
caso tenha sido, eu deixarei de pensar nessa mulher.
No fim das contas todas as mulheres estão atrás apenas do meu
dinheiro, ela pelo jeito não seria diferente. Não sei por que eu pensei que
ela seria. Sorrio debochado por ter pensado que ela me faria engolir aquele
cheque com seu punho. Melhor deixar essa história para lá, se ela depositou
o cheque que faça bom proveito do meu dinheiro.
Eu não me importo mais.

Nesses últimos dias tenho focado no meu trabalho para ver se


consigo tirar aquela mulher da minha cabeça de uma vez por todas, o que não
é o caso. Por que ela não deposita o maldito cheque de uma vez? Para que
tanta espera? Mas que inferno! Eu estava enlouquecendo com a dúvida do
porquê ela não depositou o cheque e nem me procurou, e para dar uma
aliviada na minha insanidade eu decidi contar para Jordan, mas o modo
como ele me olha incrédulo, penso que não foi uma boa ideia.
— Você o quê?! — Ele gritou me olhando de olhos arregalados.
— Não é para tanto, eu fiz para mostrar para ela que se mil dólares
para ela não fazem diferença, um milhão, não faz para mim. — Dei os
ombros.
— Oli, você deu um cheque de 1 milhão de dólares para uma mulher
que você odeia. — Disse ainda me olhando incrédulo.
— Odiar é uma palavra forte, ela apenas me irrita. Mesmo assim,
esse não é o caso.
— O que não justifica, seu doido. Um milhão. — Ele assobiou. —
Você quer trepar com ela? — Atirou a pergunta à queima roupa.
— Não! É claro que não! — Fui rápido em negar e Jordan me
conhecendo bem arqueou as sobrancelhas zombeteiro.
— Tá bom, você mente e eu finjo que acredito — Abaixei meus
olhos para a tela do meu notebook para conferir meu saldo no banco, e mais
uma vez me frustro por saber que nada mudou.
Quem não quer um milhão?
Qual mulher não quer arrancar dinheiro de um homem?
Caralho, e ela nem precisou foder comigo para ganhar.
— Ela não depositou o cheque — digo. Isso me incomoda mais do
que deveria.
— Oli, seja sincero, por que você está tão irritado, por ela não ter
depositado o cheque, ou por ela não ter o procurado?
Meu irmão espera minha resposta pacientemente, e não é como se eu
tivesse a resposta na ponta da língua. Eu estou irritado, e é isso.
— Não sei. — Sou sincero.
Penso em Savannah, uma ruiva que eu andava fodendo há uns anos.
Ela havia surrupiado meu cartão de crédito sem eu saber, ela trocou o seu
silicone para um maior, e comprou um videogame para seu irmão. Não
brinquei com nenhum dos dois, mas pelo menos ela devolveu meu cartão e
me agradeceu. O que me restou fazer foi esquecer que isso aconteceu e não
ter contado para nenhum dos meus irmãos.
Savannah nem aproveitou tanto do meu dinheiro, e me procurou para
agradecer, por que a petulante não me procura, caralho?
— Eu quero que ela me procure. — Confessei.
— Para quê? — Fitei meu irmão, e não tem mais por que eu negar.
— Para que eu tenha a chance de convidá-la para sair.
— Oli, Oli, Oli, você está caidinho por essa mulher, e tudo porque
ela te chamou de babaca — gargalhou às minhas custas. — Uma chance
para convidá-la para sair, e isso lhe custou apenas 1 milhão de dólares.
Deus te ajude meu irmão se vocês derem certo e você resolver pedi-la em
casamento.
— Não é para tanto. Eu só quero conhecê-la melhor, apenas isso. —
Jordan voltou a gargalhar.
A petulante me intriga, e é isso. Deixei as gargalhadas de Jordan para
lá e voltei a trabalhar. Preciso ocupar minha cabeça para não pensar nela e
no tanto que está tomando meus pensamentos.
Ann Arbor! É claro que teria que ter uma reunião com o nosso sócio
nessa bendita cidade. Quando estou conseguindo esquecer que a petulante
existe, algo acontece que me faz lembrar da sua existência intrigante. Eu
quase não tenho pensado nela. Hoje eu verifiquei meu saldo apenas quatro
vezes. Ontem eu verifiquei apenas seis, tudo está se controlando. Jordan usa
dessa informação para me provocar, mas ele não sabe de nada.
Eu não estou caído por uma mulher que mal conheço! Eu só estou
querendo saber que merda ela fez com o cheque que eu dei para ela, nada
mais. Tento prestar atenção no que o Richard fala, mas não estou
conseguindo me concentrar. Preferia quando era Will que vinha para essas
reuniões. Meg a filha do meu sócio, dá uma olhada para mim, e por debaixo
da mesa sinto seu pé subir pela minha perna. Era o que me faltava! Como
deixo avisado de uma vez por todas que não estou a fim de fodê-la sem ser
rude?
— Essa é uma excelente ideia, papai. — A voz melosa de Meg
dirigida a Richard com os olhos presos em mim, me causa asco. — Você não
acha, Oliver?
Sua perna sobe mais um pouco, e quando está perto de tocar meu pau,
afasto a cadeira para trás me levantando. Abotoei meu terno irritadiço. Essa
é a jogada que Richard usa com Will nessas reuniões. Ele fica falando e
falando, enquanto a filha vadia se insinua para ser fodida. Isso não funcionou
com o Will, e com toda certeza não funcionará comigo.
— Richard, para ser honesto não prestei atenção em nada que falou,
minha atenção está em algo que preciso resolver — Meg ampliou o sorriso.
De certo pensa que cai no seu joguinho. — Preciso ir, remarque essa reunião
para amanhã.
— Oliver, amanhã precisarei viajar.
Maravilha.
— Eu posso presidir, papai. — Meg piscou para mim, e me segurei
para não revirar os olhos.
— Eu não vejo por que não, minha filha. — Richard me olhou e
respirei fundo sabendo que precisarei aceitar essa merda. — Tudo bem, para
você, Oliver? — Claro que não está, mas o que posso fazer, se tudo o que eu
quero é ir ao endereço de Samantha?
— Sim. Nos vemos amanhã.
Saio apressado da sala sem dar tempo para ouvir nada de Richard e
de sua filha. Tudo que preciso é ir até a casa da petulante e questioná-la o
que ela fez com o cheque. Sei que depois que tiver a resposta, as coisas na
minha cabeça voltarão ao normal.
Estacionado do outro lado da rua, ainda olhando incrédulo a casa
simples. A petulante mora aqui? Essa casa é do tamanho do meu quarto.
Vim aqui para buscar uma resposta para a pergunta que não me deixa dormir
tranquilo, e me deparo com milhares pipocando na minha cabeça.
Por que ela não depositou o maldito cheque e comprou uma casa
melhor?
Por que eu não a empreguei de uma vez?
Foda-se o fato dela ter me chamado de babaca, eu devia tê-lo
contratado.
Desço do carro, andando rápido para a frente da pequena casa. Irei
fazer essas perguntas olhando dentro dos seus olhos, eu preciso saber as
respostas para tirar ela de vez da minha cabeça. Chega de ficar imaginado
mil e uma coisas diferentes, ela terá que me dizer o maldito porquê. Eu não
lido muito bem com a indiferença, e sou arrogante demais para deixá-la sair
dessa impune. O que foi, um milhão é pouco? Será que é isso? Dez milhões
faria ela me procurar?
Inferno, maldita seja.
Paro em frente ao portão odiando a situação em que me encontro.
Estou passando pelo inferno, tudo por causa de uma mulher. Uma maldita
mulher que perturba meu juízo desde o dia que coloquei meus olhos nela.
Contrariando todas minhas regras, e o meu maldito orgulho masculino, bato
três palmas, torcendo internamente para que ela me receba, e converse
comigo.
Parado em frente ao velho portão, espero ansioso para vê-la, mas a
demora da sua aparição me deixa irritado. Mas que merda eu estou
fazendo? Estou literalmente perturbado por essa mulher, só pode. Quer
saber? Que se foda, é melhor eu ir embora e esquecer que eu vim atrás dela,
fazendo esse papelão.
Dou alguns passos, decidido a voltar para meu carro, mas o barulho
do portão rangendo me fez olhar para trás e ver um senhor vestido em roupas
simples olhando para mim. Seu olhar me varre de cima a baixo, e pela
expressão em seu rosto, não parece feliz em me receber.
— Quem é você, e o que você quer? — A arrogância no seu tom, me
lembrou uma certa mulher que tem me tirado da minha zona de conforto.
— Meu nome é Oliver King. — Ofereci minha mão, que o homem
rejeitou me deixando com cara de tacho. Limpei minha garganta, tentando
não demonstrar meu desconforto. — Estou procurando a Samantha Mitchell,
ela se encontra? — Ele me dá uma nova olhada de cima a baixo.
— O que você quer com a minha filha?
Eu quero saber por que ela não me procurou?
— É sobre a entrevista que ela fez na minha empresa. — Menti
descaradamente, não tem como ele saber, ou tem? Tomara que não.
— Ela não está. — voltou para dentro fechando o portão na minha
cara. — E te aconselho a não voltar mais!
— Senhor. — Chamei, mas o homem não se deu ao trabalho de
voltar.
E agora o que eu faço para encontrar com a senhorita Mitchell?

Fecho os olhos segurando a vontade de pedir para a Meg parar de se


insinuar para mim, tudo que eu quero é acabar logo essa reunião e voltar
para Detroit, e esquecer que pisei nesta cidade. Quando Meg me ligou
avisando que a reunião precisaria acontecer ainda hoje, eu aceitei, porque
depois do fiasco que foi na casa da Samantha, eu preciso ocupar minha
cabeça com o trabalho, e por isso e só por isso, aceitei me reunir com a
Meg, não me importando que já esteja de noite, e que já passa das 21:00
horas.
— Oliver, você ainda está aqui? — Escutei a voz de Meg, respirei
fundo virando meu rosto para ela.
— Desculpe, estou um pouco cansado e com fome. — não é uma
mentira completa, só não especifiquei que o cansaço é por causa dela.
Seus olhos brilharam na minha direção, e olhando mais atentamente
para ela, tomei uma decisão, a partir de agora todas nossas reuniões serão
por videochamadas. Por que é tão difícil para ela entender que eu não
quero? Eu já percebi seu decote, já reparei que ela não está de calcinha - a
cada vez que faz o favor de cruzar e descruzar as pernas - eu só não quero.
Eu vim para Ann Arbor a trabalho, apenas isso. Não estou procurando sexo.
E mesmo se estivesse, não seria com a senhorita Megan Parker que eu
escolheria afundar meu pau.
— Podemos ir jantar. — Ela se levanta animada. — Tem um
restaurante muito bom, a poucas quadras daqui.
É claro que tem. E é claro que na cabecinha dela ela esteja
imaginando ser uma oportunidade perfeita para continuar se insinuando para
mim. Meu Deus, eu conheço esse tipo de mulher, e infelizmente estou
calejado de todas as artimanhas que elas tentam para me levar para cama, e
depois de alguns meses aparecem me dizendo que estão grávidas.
O fato de eu não poder ter filhos tem um único lado bom, eu consigo
me livrar das golpistas que me aparecem dizendo que serei papai. A família
que um dia irei construir, será com a mulher certa, e nossos filhos virão da
maneira que minha mulher escolher, seja por inseminação ou adoção. E
quando isso acontecer serei imensamente feliz, não deixando que uma
doença que me deixou estéril me abale mais.
— Restaurante não, estou com vontade de comer hambúrguer. — A
cara de nojo que Meg faz, me faz esconder um sorriso. Não quero estar em
um restaurante onde ela irá fazer a cena triste de tentar me seduzir passando
seu pé na minha perna até alcançar meu pau.
— Hambúrguer?
— Isso, com muita batata frita. Que tal? — Meg alisa sua blusa, de
certo está ponderando com irá me convencer a fodê-la.
Meu bem, não vai acontecer, apenas aceite.
— Ok, tem uma lanchonete aqui perto.
— Então vamos? Estou faminto.

Não pode ser!


Os olhos deslumbrantes na minha frente estão arregalados, a boca
vermelha está convidativa para ser beijada, o seu cheiro não demora a entrar
no meu sistema, seus seios por milésimos de segundos estiverem perto das
minhas mãos, e me odeio por estar segurando essa bandeja. A expressão de
indiferença não demora a aparecer no seu rosto lindo. É ela. Todo esse
tempo me atormentando o juízo, e aqui está ela. Como não me lembrava o
quanto essa maldita é linda? A olhei dos pés à cabeça, arqueei uma
sobrancelha pela roupa que está usando. Ela trabalha aqui?
— Me desculpe. — Sua voz soou estranha aos meus ouvidos. Cadê a
petulância?
— Espere, eu acho que te conheço — penso rápido e seguro no seu
braço quando ela dá alguns passos na intenção de se afastar. Demorou para
eu conseguir colocar meus olhos nela, não vou deixá-la escapar tão fácil.
— Acredito que o senhor deva estar me confundindo. Agora se o
senhor me der licença, preciso voltar ao meu trabalho — Nem fodendo vou
deixá-la ir.
Olho ela mais uma vez, ainda tentando assimilar que ela está na
minha frente. Quase um mês esperando essa condenada me procurar, e agora
ela simplesmente está na minha frente e nem me diz um, olá? Nem me
reconhece. Isso é um absurdo. Decido irritá-la um pouco, preciso descobrir
onde foi parar sua petulância desde a última vez que nos vimos.
— Senhorita Mitchell? — Sorrio de lado, adoro deixá-la irritada.
Será que ela se dá conta que seu rosto já está todo vermelho? — Quem diria.
— Oh, como pude não o reconhecer. Senhor King, é claro, como o
senhor está? — Ela está brincando, né? Ela não me reconheceu de cara? Eu
não esqueci o rosto dela se quer um fodido minuto, e ela simplesmente mal
se lembra de mim?
— Estou bem. — Respondi de má vontade. Dei uma olhada na
lanchonete a recriminado em pensamento. Ela se negou a trabalhar na minha
empresa, para estar trabalhando aqui? — Você trabalha aqui?
Quero perguntar o motivo de ela ter escolhido essa lanchonete e não
a minha empresa para trabalhar, porém não acho que seja o momento
oportuno para fazer tal pergunta.
— Sim. Por isso, peço licença, preciso voltar a trabalhar. — Ela se
virou caminhando rápido para longe de mim.
Filha da...
— Quem é? — A voz enjoativa de Meg me fez lembrar que ela ainda
está ao meu lado.
— Melhor irmos. — Desconversei.
O caminho de volta é tortuoso. Meg tenta estender qualquer assunto
entre nós, enquanto eu não paro de pensar na petulante vestida com aquele
uniforme amarelo horroroso, coberto de gordura. Vê-la daquele jeito me
incomodou, eu diria que me incomodou muito. Não pelo fato de estar
trabalhando naquela lanchonete, eu não julgo, e nem me caberia tal coisa. Eu
só não entendo como uma mulher com o currículo que ela tem aceita menos
do que merece. Sem falar do cheque, se ela tivesse o depositado ela não
precisaria trabalhar lá.
Eu devia ter engolido meu orgulho e tê-la contratado de uma vez. Ela
não tinha culpa de ter estacionado na minha vaga, e eu não devia ter agido
como um... Merda, ela está certa por ter me chamado de babaca, é o que sou.
— Está tudo bem, Oliver? — Paro no sinal vermelho e olho para
Meg que come algumas batatas fritas. — Nem tocou no seu pedido. Não era
você que estava com fome? — Brinca, mas eu estou sem ânimo.
— Estou muito cansado. — Volto a dirigir, não me importando com a
carranca que Meg faz. — Terminamos a reunião amanhã. — Digo sem deixar
espaço para contradição da parte dela.
Volto para meus pensamentos, enquanto ela volta a falar sem parar,
sem se dar conta que não presto atenção em nada que sai da sua boca. Assim
que estacionei em frente a empresa, a espero descer, e sem eu prever, Meg se
inclina para beijar meu rosto. Cerrei a mandíbula odiando o atrevimento que
essa mulher tem.
— Obrigada, Oliver, até amanhã. — Saiu do carro quase jogando a
bunda na minha cara.
— Até.
É tudo que digo, arrancando com o carro, indo direto para o único
lugar que não paro de pensar. Agora que sei onde a petulante está, não irei
para longe até ter todas minhas respostas.

Entrando na lanchonete ainda consigo ficar impressionado olhando


para essa mulher. Samantha, está no caixa, tão distraída e tão linda. O que
essa mulher tem que me deixa... Assim que ela percebe que estou entrando
ela morde o lábio inferior olhando em volta, o que ela está procurando? Será
que é uma saída? Seguro o sorriso que quer abrir nos meus lábios. Não
fugirá de mim, baby.
— Eu precisei voltar para te perguntar. — Me aproximei perto
suficiente para seu cheiro doce me atingir em cheio. Perfeito. — O que você
fez com o cheque? — Perguntei baixo, fazendo questão de não disfarçar meu
tom rouco.
— O quê? — O modo que franziu a testa, e seus olhos perdidos me
fez mudar a abordagem.
— Por que está trabalhando aqui? — Olhar essa roupa no seu corpo
é um ultraje. Ela não percebe que merece estar dentro de seda?
— Olha, eu não sei do que o senhor está falando, e muito menos te
devo satisfação alguma de onde eu trabalho e o porquê.
Ela não almeja ter o melhor? Ela não quer conquistar seu lugar no
mundo? Ser apenas uma garçonete é o bastante para ela?
— Eu só não entendo... — Samantha, só me explique o porquê de
trabalhar aqui ao invés de depositar o cheque? Gostaria de fazer a
pergunta, mas não tenho o direito de questioná-la. — Você não me procurou
para me xingar ou agredir, você nem ao menos depositou o cheque. Só me
responda por quê? — Ao menos isso eu não desisto de saber.
— Eu sinceramente não sei do que o senhor está falando. Além de
babaca é doido? — O tom na sua voz me faz sorrir. Nem me lembrava o
quanto ela fica linda irritada.
— Agora sim. — Dei meu sorriso que sei que deixa algumas
calcinhas molhadas, quando não causa raiva instantânea em outros. Eu torço
que com a petulante cause a segunda opção, gosto de ver a pimenta
vermelha. Em quantos lugares ela deve ficar vermelha? Ou para me torturar
como um indecente, será que a boceta dela é rosa? — Quando a vi me
tratando com educação achei que você estivesse tendo um derrame. —
Brinquei para disfarçar o desconforto que já se encontrava dentro da minha
calça.
— Vai a merda. — Meu pau pulsou forte. Inferno, eu gosto desse
jeito petulante dela.
Eu quero domá-la.
Eu com a fodida certeza quero domar essa mulher usando meu pau,
dedos e língua.
— Aí está ela, senti sua falta, petulante. Já disseram como fica linda
quando está irritada? — Ela parece surpresa com o meu flerte.
— Eu- eu preciso... trabalhar.
Ah, caralho, ela está com as bochechas vermelhas, e nem é pela
irritação, sua gagueira a entregou.
— Suas bochechas estão vermelhas... — Sua boca me atrai como
imã, e eu me aproximei ficando a poucos centímetros de beijá-la. — Só não
sei se é por raiva, ou por timidez. — Eu quero beijá-la. Olho para os lábios
carnudos, a ponto de mandar tudo para o espaço e devorá-los. — Eu iria
adorar se fosse por timidez. — Incapaz de resistir encosto meus lábios
superficialmente nos seus. Ela não consegue disfarçar a surpresa, e sua
língua sai da sua boca para umedecê-los, me torturando mais.
— Você-você... não... pode...
— Eu posso tudo o que eu quero — fiz questão de encostar em seus
lábios com cada palavra que saiu da minha boca. — E posso apostar que
você quer tanto quanto eu — molhei meu lábio fazendo questão de lamber o
seu. Estou tão duro que meu pau será capaz de rasgar minha calça se
continuarmos com essas preliminares. — Me diga o que fez com o cheque?
Melhor mudar de assunto, ou jogo tudo para o alto, e irei atacá-la
aqui mesmo.
— E a loira?
Quem?
— Meg? — Ela está preocupada com a... Espera... Ela está com
ciúmes? — É uma amiga, além de ser filha de um sócio. — Sorri constando
que é isso, pela careta que faz — Ciúmes?
— Está delirando? Pensei que ela fosse sua namorada. — Se afastou
desviando o olhar.
— Eu não namoro, e se namorasse eu não faria o perfil que trai.
Sinto-me ofendido por ela pensar que eu sou um traidor.
— Eu preciso trabalhar. — Ela me deu as costas, me deixando
irritado, eu não terminei de conversar ainda caralho.
— Só me responda, o que você fez com o cheque? — O
arrependimento pela pergunta não demorou a chegar quando os olhos de
Samantha se viraram para mim vermelhos de raiva. Dei alguns passos para
trás sem saber se ela seria capaz de pular no meu pescoço, tendo os clientes
ao nosso redor como testemunhas.
— Que cheque? De que merda você está falando? — Ela não parece
estar mentindo.
— Você realmente parece não saber. — Pensei alto.
Será que o cheque não chegou até ela? Pode ter acontecido algo com
o envelope? Estava ponderando o que iria falar, quando um homem chegou
por trás dela. Muito próximo para meu gosto.
— Tudo bem aqui, Sam? Precisa de ajuda? — O panaca disse, com
um sorriso idiota na cara.
Sam? Sério? Nem para ser mais criativo na escolha do apelido.
— Está tudo bem, o senhor aqui, já está de saída. — Está me
desafiando, consigo sentir sua arrogância daqui de onde estou. — Estou
certa, senhor?
Ela está me provocando, e esse é o momento perfeito para eu dar
uma aula para ela de como ser desagradável, arrogante, cínico e várias
outras coisinhas mais. Sorrio, olhando, o panaca atrás dela.
— Tudo bem, amor, eu estou indo, mas irei te esperar lá fora. —
Caminhei até ela e segurei sua nuca. — Eu não vou embora sem minha
resposta. — Cobri sua boca com a minha, a maciez dos seus lábios me
fazendo imaginá-los ao redor do meu pau, me engolindo várias e várias
vezes, até eu esporrar fundo na sua garganta.
Soltei sua nuca, caminhando para longe dela o mais rápido que
posso, porque se eu ficar vou acabar por chocar a todos com o que estou
querendo fazer. Aperto meu pau por cima da calça para dar uma aliviada na
pulsação que implora por sua boceta, quente, molhada e apertada. Como eu
quero ouvir seus desaforos a fodendo duro, rápido e com força. Encosto no
meu carro e volto meus olhos para dentro da lanchonete, na espera da
pequena petulante que acaba de ser marcada por mim. E mal sabe ela que
tudo que eu marco como meu, eu não abro mão nunca.
Lá está ele, me esperando encostado no carro como se fosse o
gostosão perdido no deserto.
Quando estava prestes a sair da lanchonete, eu torci internamente
para que o senhor babaca tivesse ido embora, porém ver o sorriso
presunçoso nos seus lábios, enquanto me espera encostado no seu carro, que
estou pensando seriamente em escrever outro recadinho, me faz perceber o
quão redondamente enganada eu estava. Bufo pela audácia que o babaca teve
em me beijar. Por causa dele tive que mentir para vários colegas quem é ele,
e a melhor saída que encontrei foi dizer que ele é um rolinho antigo, que
infelizmente ainda não me superou.
Oliver arreganha ainda mais os dentes quando me vê se
aproximando, e seguro a vontade de revirar os olhos. Eu poderia ser a
Samantha durona que não facilitaria nada, mas a verdade é que estou
cansada, e tudo que eu quero é chegar em casa para descansar.
A covinha inconveniente está evidente no sorriso indecente que ele
me dá quando paro na sua frente. Cruzo meus braços, e com um balançar de
cabeça incentivo ele a começar a me irritar com o que quer que seja que ele
queira me falar.
— Quer uma carona? Podemos conversar dentro do carro. — Diz
abrindo a porta do passageiro e meu alerta de homem babaca soou alto.
— Não, obrigada, aqui está ótimo. Pode falar. — Não vou entrar no
carro de um homem que eu mal conheço, e que ainda por cima me irrita com
uma facilidade impressionante.
Sua expressão vacila, mas não demora para o senhor babaca voltar
com tudo. Oliver sorri para mim, como se eu fosse uma palhaça que está
fazendo gracinhas para ele rir, faço uma cara de entediada e ele fecha o
sorriso. Poxa vida ele não se dá conta que eu estou cansada e tudo que eu
quero é uma cama para descansar?
— Jogando duro? — Perguntou balançando as sobrancelhas. — Eu
gosto muito.
Ah, esse homem deve estar com algum problema muito sério.
— Senhor King, facilite minha vida, e diga logo o que o senhor
deseja falar comigo.
Ele se afastou do carro e deu alguns passos para mais perto de mim.
Eu ainda estou confusa com a aparição repentina dele no meu local de
trabalho, sem contar sua atitude idiota de me beijar como se tivéssemos
algum tipo de relação. Eu estou numa fase da minha vida que não quero
problemas, e ter Oliver King me beijando em frente a algumas pessoas, que
infelizmente podem acabar comentando com meu pai, faz meu sangue gelar
com medo do que pode vir acontecer se meu pai ouvir qualquer coisa sobre
hoje.
— Por que me enviou aquele dinheiro? — Pergunta a poucos
centímetros de mim.
É por isso que ele está aqui?
— Olha, eu quis apenas reparar um erro. Foi errado o que eu havia
feito. — Sou sincera. — E se for por esse motivo que veio aqui para
conversar comigo...
— Não foi. — Me interrompeu. — Você recebeu algum envelope
meu para você?
— Ah, então é isso? É sobre o envelope que rasguei sem ler? — O
rosto dele fica em choque com o que digo.
Será que era algo importante?
— Você rasgou? — Perguntou com a voz alterada. — Você
simplesmente rasgou? — Perguntou debochado.
— Sim. — Torci a boca para o lado. — Era importante?
Oliver balança a cabeça, e me surpreendo quando ele começa a
gargalhar. Com certeza esse homem tem algum problema muito, muito sério.
Ele me encara em silêncio, e seus olhos assumem um brilho que me faz
engolir em seco. Em poucos passos ele quebra nossa distância, suas mãos
seguram na minha cintura, puxando meu corpo contra o seu. Fico tão chocada
com sua atitude que não faço nada.
— Você é uma mulher muito intrigante, senhorita Mitchell. — Seu
hálito com cheiro de menta me atinge. — O que devo fazer com você?
Minha mente vira gelatina quando ele segura minha nuca, seu olhar
intenso me faz ficar paralisada sem saber o que fazer. Seu polegar acaricia
minha bochecha, e sem eu esperar seus lábios cobriram os meus mais uma
vez, só que dessa vez sinto sua língua quente pedir passagem, e por algum
motivo que prefiro não pensar agora, eu permito.
Arfo quando sinto sua língua explorar minha boca com tanta devoção.
Não me lembro a última vez que fui beijada assim, na verdade, eu lembro
sim, foi quando... Oliver me faz perder a linha de raciocínio quando sua
boca desce pelo meu pescoço, me fazendo esquecer até do meu próprio
nome. Não segurei o gemido que escapou por meus lábios quando senti seus
dentes rasparem pela minha clavícula.
— Eu quero lamber, morder e chupar seu corpo inteiro. — Sua voz
rouca no meu ouvido soa tão indecente. — Eu quero te foder, Samantha. —
Fechei os olhos apertados tentando controlar inutilmente meus gemidos. —
Entra no carro, deixa eu te fazer gritar meu nome.
— Por que... está fazendo isso? — Minha voz está trêmula. — É por
que... rasguei o envelope sem ler? — Sua risada é rouca contra meu
pescoço.
— Entra no carro. — Voltou a repetir.
— Eu... eu...
O som da minha voz é perdida quando meu corpo é puxado para trás
com força. Caio no chão sentindo dor no meu cóccix pelo impacto. Olhei
para trás querendo ver quem foi o responsável pelo puxão agressivo e
congelei no lugar vendo meu pai. Minhas mãos começam a tremer
incontroláveis sabendo do que ele é capaz de fazer comigo. Tenho as
cicatrizes da última vez que ele me castigou.
— Voltou a ser uma puta? — Sua voz carrega todo o asco que sente
por mim. — Na verdade, nunca deixou de ser, não é mesmo, sua vadia? —
Minha vista embaçou pelas lágrimas que se acumularam nos cantos dos meus
olhos.
— Pai, eu...
— Cala sua boca! — Atrás do meu pai vejo alguns colegas saindo da
lanchonete para ver o que está acontecendo. Dona Arlete vem por último,
seus olhos param em mim caída no chão. — Eu sabia! Eu sabia que não
demoraria para você voltar a ser quem realmente é.
Eu tento me levantar, mas sou empurrada por meu pai. Sinto dor nos
meus joelhos e nas palmas das minhas mãos pela tentativa inútil que faço de
me proteger. Seguro o gemido de dor quando sinto ardência nas minhas
palmas.
— Seu lugar é no chão, como qualquer cadela no cio.
— Se encostar seus dedos mais uma vez nela, eu esqueço que é o pai
dela! — A voz irreconhecível de Oliver, me faz lembrar que ele ainda está
aqui. Mesmo com vergonha levanto minha cabeça para olhá-lo. Ele me
oferece uma mão para me ajudar a levantar, dou uma olhada para meu pai, e
nego sua ajuda levantado sozinha.
— Pai, eu posso explicar. Não é o que está imaginando. — Digo com
a voz embargada, as lágrimas rolando por meu rosto pela vergonha e pelo
medo.
— Me responda, ele tem irmãos? — Apontou para Oliver, que não
desviava seus olhos de mim.
— Pai, por favor...
— Responda! — Alterou o tom de voz. — Vocês sabem que tipo de
vadia ela é? — Grita a pergunta olhando para meus colegas e minha chefe.
— Samantha, não passa de uma puta que se deitava com cinco homens de
uma vez. — Sinto que posso desmaiar a qualquer momento. A vergonha me
fazendo abaixar a cabeça. — Cinco irmãos, cinco paus em que a cadela se
fartava. Foi por causa dela que minha mulher morreu. Morreu de vergonha
por ter uma filha puta! — Os olhos ferozes do meu pai se voltam para mim.
— Eu não quero você mais na minha casa. A partir deste momento não tenho
mais uma filha.
Estou com tanta vergonha, quero me esconder e nunca mais sair do
buraco que me enfiar. Não quero que meus colegas e minha chefe continuem
me olhando como se eu fosse um espetáculo, e não uma pessoa com
sentimentos. Sinto uma forte onda de enjôo e sem conseguir me segurar me
curvo vomitando no chão. As lágrimas não param de rolar ouvindo meu pai
contar mentiras sobre o que eu vive com os Allen, como se eu não estivesse
ouvindo, como se tudo que eu tivesse vivido fosse uma putaria e não amor.
Da minha parte foi amor, um lindo e forte amor.
Os cochichos falando de mim deixam um gosto amargo na boca, me
fazendo vomitar mais. Não sei quanto tempo se passou, minha cabeça
desligou os sons a minha volta, estou envergonhada demais para sair do chão
e levantar minha cabeça. Tudo que eu quero é continuar aqui, até ter certeza
de que não tem mais ninguém para me apontar o dedo e me julgar como se
me conhecesse.
A mão de alguém toca minhas costas, e não tenho coragem para olhar
por cima do ombro para descobrir quem é. O que meu pai falou abriu todas
as feridas que demorei meses para fechar. Não tenho coragem de levantar,
não tenho vontade de continuar sendo forte. Prefiro continuar sentada no
chão ao lado do meu vômito, do que olhar para as pessoas que eu conheço
me julgando sem saberem a verdade. Sem saberem que os cinco homens que
me envolvi, eram meus namorados, sem saberem que eu os amo, e precisei
escolher entre eles e minha mãe, tudo por causa do pai que me obrigou.
— Respire devagar, e beba isso, é água. — A voz da dona Arlete
próxima de mim me faz levantar a cabeça. Ela me estende uma garrafinha.
— Eu sinto muito por isso. — Peço sem parar de chorar.
Olho em volta e não tem mais ninguém em frente a lanchonete.
Procuro pelo carro de Oliver e continua estacionado no mesmo lugar, mas eu
não o vejo em lugar nenhum. Com a ajuda da dona Arlete me levanto, limpo
minha boca com as costas da mão. Tudo que eu quero é ir embora e me
esconder por vários dias, mas isso me faz lembrar as palavras do meu pai.
Eu não posso voltar para casa, ele me expulsou.
— Vamos entrar, você precisa se sentar. — Sigo dona Arlete em
silêncio e de cabeça baixa. A vergonha não me permite dizer nada, e muito
menos levantar a cabeça.
— Estou pouco me fodendo! — O berro que Oliver dá, me faz
levantar a cabeça, para vê-lo segurando Tyler pelo colarinho da camisa. —
Se eu fosse você sumia da minha frente, como o covarde do homem que se
diz pai dela.
Tyler arregala os olhos na minha direção, e não demora para os olhos
de Oliver se voltarem para mim. Oliver empurra Tyler que cai por cima da
mesa, seus passos são rápidos na minha direção, ele segura meu rosto, suas
mãos têm um toque suave, que por um segundo penso em me deixar se
aconchegar. Oliver deposita um beijo na minha testa, e baixo a cabeça sem
coragem de olhá-lo nos olhos depois do que ele viu e ouviu, porém ele
segura meu queixo levantando minha cabeça.
— Levante a cabeça. Não deixe nunca ninguém a rebaixar. O que
você faz da sua vida não diz respeito a ninguém. Não de poder para as
pessoas dizerem o que você deve ou não fazer, muito menos dizerem quem
você deve amar e se relacionar. — Meus olhos ardem emocionada pelas
suas palavras. — Vamos. — Sem mais, Oliver me pega no colo, caminhando
comigo para fora da lanchonete.
Eu poderia dizer muitas coisas, eu poderia ser contra, mas a verdade
é que eu não estou bem. Pela primeira vez não me sinto forte para lutar.
Oliver me coloca sentada no banco do passageiro, dando a volta no carro se
sentando no banco ao meu lado. Ele dirige pela noite, e em silêncio voltei a
chorar. Deitada com minha cabeça no vidro, fecho meus olhos querendo que
esse dia termine, e que amanhã tudo não passe de um pesadelo.
Sou acordado com o meu celular tocando sem parar, tateei a cômoda,
e o pego sem conferir o visor. Só existem três pessoas na face da terra que
me ligam depois das 23:00 horas, e essas pessoas são os idiotas dos meus
irmãos. Eles me ligam, despejam a merda da vez, e me pedem para ajudá-los
a limpar. Não necessariamente nessa ordem. Jayden uma vez me ligou para
avisar que estava indo fazer a merda, e queria me deixar a postos quando ele
precisasse da minha ajuda.
— Qual dos idiotas é, e que merda aconteceu? — Digo de olhos
fechados com a voz rouca de sono.
— Jordan, sou eu. Preciso de você. — Pulo da cama acendendo o
abajur.
Realmente apenas meus irmãos me ligam depois das 23:00 horas, e
Oliver foi o único que me ligou apenas uma vez desde então. E para ele estar
me ligando uma segunda vez, alguma merda muito séria deve ter acontecido
de novo. Dou uma olhada rápida na tela do celular para conferir as horas, e
já passa da meia-noite, o que significa que algo sério realmente aconteceu.
— Prepare o quarto de hóspedes, estou levando alguém para casa. —
Soltei uma risada involuntária.
— Eu estava dormindo, e você me acorda para contar uma piada? —
Continuo rindo. — Não trazemos ninguém para nossa casa, Oli, somos muito
metódicos em relação a isso.
— Jordan, é sério. Eu preciso de você — pelo apelo que consigo
notar na voz do meu irmão, decidi ajudar até podermos conversar e eu
descobrir o que está havendo.
— Iremos conversar sobre isso — alerto — Estou indo arrumar o
quarto — Saio do meu quarto para preparar o de hóspede.
— Até daqui a pouco. Obrigado. — Desliga a ligação, e vou fazer o
que me foi pedido.
Uma hora depois, Oliver passa pela porta de entrada com uma
mulher no colo, de princípio fiquei paralisado tentando ler na sua expressão
o que possa ter acontecido para meu irmão ter trazido uma mulher para nossa
casa. No entanto, quando reconheço a mulher dormindo com a cabeça
deitada no seu peito, encaro meu irmão chocado.
— Essa é a...
— Sim, e não faça barulho, não quero acordá-la, ela chorou o
caminho todo — rosnou — Dormiu tem pouco tempo — confusão resume
muito bem o meu estado vendo Oliver todo protetor.
Ele sobe as escadas com a senhorita Mitchell ainda dormindo nos
seus braços, e ao invés de esperar meu irmão retornar para enchê-lo de
perguntas, decidi segui-lo. Subi as escadas rápido, tomando cuidado para
não fazer barulho, alcancei Oliver em frente ao quarto, e abri a porta para
ele passar.
Meu irmão entra colocando-a na cama, enrugo a testa quando o vejo
beijar sua testa, cruzo os braços assistindo tudo em silêncio. Oliver vai até o
banheiro e não demora para retornar com uma toalha nas mãos.
— Por que precisa da toalha? — Perguntei baixo, não aguentando
mais de curiosidade.
— Quero limpar o rosto dela. Ela vomitou. Pega outra toalha e me
ajuda limpando os joelhos e mãos dela por favor? — Arqueio as
sobrancelhas e olho para onde Oliver aponta. Os joelhos dela estão
machucados com um pouco de sangue seco. Sem perguntar mais nada, vou
até o banheiro pegando outra toalha para ajudá-lo.
Passo a toalha suavemente nos joelhos dela, que estão com ralados
recentes. Uma ruga de preocupação se destaca na minha testa, quando vejo
cicatrizes nas suas pernas. Quero perguntar para Oliver se ele sabe de
alguma coisa sobre isso, mas decido termos essa conversa longe dela. Não
quero acordá-la, ainda mais agora que vi seus machucados de perto. Quando
terminei de limpar seus joelhos, tirei seus sapatos deixando-os ao lado da
cama. Oliver me encarou e dei os ombros.
— Ela vai ficar mais confortável sem. — Expliquei.
Volto a limpá-la, passando a toalha devagar por suas pernas, não
demorei na tarefa, pois ver suas cicatrizes estão acendendo meu lado
protetor. Agora eu entendo por que Oliver está ajudando-a. Molho a toalha
mais uma vez na pia do banheiro, e retorno para seu lado, começando a
limpar seus braços, as palmas das suas mãos também se encontram feridas.
Dou uma olhada para meu irmão que ainda mantém sua mão no rosto dela,
acariciando sua bochecha. Terminei minha parte, e fico encostado na porta
olhando para a interação de Oliver com a senhorita Mitchell.
— Tudo vai ficar bem, baby. Iremos te ajudar. — Ele sussurrou no
seu ouvido e deu um beijo na sua testa se afastando logo em seguida.
Esperei meu irmão no corredor, e assim que ele fechou a porta,
puxei-o para meu quarto. Está na hora de eu saber tudo que está acontecendo.
Depois de ter dado o cheque de um milhão para ela, eu nunca imaginaria que
Oliver traria a mulher para nossa casa. A senhorita Mitchell parece ser mais
importante do que meu irmão deixa transparecer.
— O que está acontecendo? — Sou direto. — Estão juntos?
— O pai dela a expulsou de casa. — Diz passando a mão pelo
cabelo. — Ele disse um monte de coisas a humilhando na frente de várias
pessoas. Eu não poderia deixá-la sozinha sem ter para onde ir.
— Oliver, do começo, por favor. — Peço, sentando-me na cama.
Meu irmão começa a me contar tudo que aconteceu desde que ele
pisou em Ann Arbor, escuto tudo em silêncio percebendo o quanto meu
irmão está caidinho pela mulher que ele insiste em chamar de petulante e
nem se dá conta.
Ele está fodido e nem percebe.
Nada melhor que começar meu dia com um bom treino de
musculação, seguido de um banho com masturbação, e fechar com chave de
ouro com um café da manhã dos campeões. Com a toalha enrolada na minha
cintura faço meu caminho para a cozinha, porém barulhos vindo do quarto de
hóspedes chamam minha atenção. Enrugo a testa, encostando meu ouvido na
porta. Escuto passos, uma porta se fechando, provavelmente a do banheiro,
abro a porta entrando no quarto, e não demora para o som da água caindo ser
ouvido. Me surpreendo por essa constatação, é raro meus irmãos e eu
usarmos o chuveiro deste quarto, a não ser... Quando saímos a noite e
fodemos alguma mulher aleatória.
Qual dos meus irmãos sacanas fodeu noite passada? Uma risada se
abre no meu rosto, irei infernizar qual deles for fazendo várias perguntas.
Deito-me na cama e coloco minhas mãos atrás da cabeça, estou com
fome, porém não tanto que não possa esperar. Um cheiro doce chama minha
atenção, pego o travesseiro e dou uma cheirada rápida. Uau, está muito
cheiroso. Se não fosse a regra de não trazermos mulheres para nossa casa, eu
poderia jurar que uma mulher dormiu nesta cama, uma mulher muito
cheirosa. Qual dos meus irmãos foi tão sortudo para ter o cheiro dessa
mulher impregnado nele?
O banho do bastardo sortudo não demora tanto como eu pensei, e
logo escuto a porta ser destrancada, me ajeitei melhor na cama, meu sorriso
está gigante no rosto, contudo ele se fecha quando uma certa mulher que não
sai da minha cabeça surge na minha frente, apenas de toalha e cabelos
molhados. Merda! Seus olhos se ampliam quando ela varre meu corpo, e sua
avaliação nada discreta começou despertar meu pau, que não ficará nada
discreto dentre alguns segundos.
— O quê... o quê...
Ela gagueja apertando a toalha no corpo. Dou um pulo da cama
virando de costas quando meu amigo acorda pronto para a ação. Qual dos
idiotas trouxe uma mulher para nossa casa, quebrando uma séria regra, e
ainda por cima esqueceu de me avisar? Sem dizer que essa mulher é a
Samantha, a mulher que eu não deixei de pensar um segundo sequer, e que
virou musa das minhas masturbações matinais.
— Bom dia, não sei se você se lembra de mim, eu sou o Jayden. O
cara do elevador — Levanto minha mão por cima da cabeça dando um
pequeno aceno. — Desculpe ter invadido o quarto. Eu pensei que fosse um
dos meus irmãos que estivesse aqui — dei uma olhada para ela por cima do
ombro — Ainda bem que não era, gosto mais dessa visão do que a deles
pelados. — Pisquei um olho virando meu rosto para a parede.
— Eu... eu não estou... pelada.
— É princesa, eu sou uma cara de sorte, mas não tanto assim. —
Escutei um riso baixo, e foi impossível não sorrir junto. — Mais uma vez
peço desculpas. Agora é melhor eu ir.
Saí do quarto e corri na direção do quarto do Jordan, ele terá que me
explicar direitinho o que a gostosa está fazendo aqui em casa. Samantha só
pode ter vindo com ele. E se ela veio com ele isso significa... Arregalo os
olhos com o entendimento do que isso significa.
Eu vou matar o Jordan, ele sabe que eu queria fodê-la. Não vou
conseguir olhar para ela como minha cunhada, ainda mais depois de todas as
homenagens que dediquei para ela no banheiro. Jordan terá muito que me
explicar, eu nem sabia que ele estava saindo com ela. Invado seu quarto e
não encontro o puto na cama, vou pisando duro até o banheiro e assim que
entro sou presenteando com a imagem nada interessante dele segurando e
manipulando seu pau.
— Sério, Jordan? — Chamei sua atenção e ele se virou para mim
assustado.
— Porra, que susto, não sabe bater, caralho? — Ele respondeu com o
pau ainda na mão.
— Eu quero saber, o que a gostosa da Samantha, está fazendo no
quarto de hóspedes? — sua expressão mudou ao mencionar o nome da
delícia de toalha no quarto ao lado.
— Como você...
— Eu entrei e a vi. — Respondo de uma vez. — Ela está com você?
Então é isso, vai se casar com ela? — Seus olhos se arregalaram.
— Claro que não, dá onde você tira essas asneiras? — Perguntou
desligando o chuveiro e pegando a toalha no suporte.
Ponderei por alguns segundos, e eu sabia que ele estava mentindo.
Fomos claros na nossa regra: Só colocaremos dentro da nossa casa as
mulheres que um dia serão nossas esposas. Como Jordan se envolveu com a
Samantha sem nos dizer nada, e ainda por cima tem tanta certeza de que ela
será sua esposa? Será que Oliver já está sabendo do feito do nosso irmão?
Claro que não deve, do contrário eu teria acordado com os gritos dele e não
com o pau latejando por ter sonhado fodendo duas mulheres.
— Ela está dentro da nossa casa, o que você quer que eu pense? —
Perguntei de braços cruzados.
— Não fui eu quem a trouxe. — Franzi a testa, não entendo o que ele
quer me dizer com isso. Se não foi ele quem a trouxe... NEM FODENDO!
— Você não está me falando...
— Sim, foi o Oliver. — Me interrompeu.
Estou chocado. Estou desacreditado. Estou alucinando.
Só pode, caralho!
— Você está me dizendo, que nosso querido irmão, que gritou aos
sete ventos que queria matar a mulher que pichou seu bebê, trouxe ela para
nossa casa? — Perguntei incrédulo.
— Pois é. — Jordan riu, saindo do banheiro e eu o segui ainda sem
acreditar.
Oliver, o todo certinho, trouxe para nossa casa a mulher que ele
chama de petulante, e que vez o outra chamou de diaba? Meu irmão bateu a
cabeça forte demais e não nos avisou? E se ele a trouxe isso quer dizer que
ele... NÃO CREIO.
— Ele está com ela? — Perguntei e Jordan riu mais.
— Eu diria que nosso irmão está fodido. — Balancei a cabeça rindo.
— O mundo é engraçado, não é mesmo? — Parei de sorrir quando o
semblante de Jordan mudou. — O que eu preciso saber?
Tudo perdeu a graça quando Jordan começou a contar tudo pelo que
Samantha passou na lanchonete. Nenhuma vez na vida eu tive raiva de
alguém, eu sou um cara de bem com a vida, que gosta sempre de fazer todos
a minha volta sorrir, mas não dessa vez. Eu tenho raiva desse homem que eu
nem conheço, tenho raiva por tudo que Jordan me conta que ele gritou para
todos ouvir, eu tenho raiva por não ter ido atrás de Samantha e a contratado
como eu queria. Eu tenho tanta raiva, e o que me resta fazer é ter a calma
necessária para ajudá-la se ela precisar de mim.
Sinto minha cabeça latejando quando abro meus olhos. Fleches da
outra noite não demoram a rodar na minha cabeça como o pior filme que já
vi na minha vida. Meu pai me humilhou. Lágrimas pinicam meus olhos
lembrando de suas palavras, de seu olhar de nojo. Meu pai nunca me olhou
daquele jeito, nem quando soube de mim e os Allen. Um pensamento passa
pela minha cabeça: Eu me lembro de ir embora com o senhor Oliver. Pulo
da cama olhando alarmada tudo à minha volta.
Onde eu estou?
Depois que entrei no seu carro não me lembro de muita coisa, só de
chorar, chorar e muito. Será que ele me trouxe para um hotel? Olho mais
atentamente a minha volta, e vou para perto da janela, constatando que não
estou em um hotel. Estou na casa dele? Ele não me traria para sua casa, ou
traria? Sou tirada dos meus pensamentos por batidas na porta.
— Posso entrar? — Reconheço a voz do senhor Jordan e fico em
silêncio.
— O que você está fazendo? — A voz grossa de Oliver me faz
tremer no lugar — Deixe-a em paz, ela precisa descansar. O que você
pretendia entrando no quarto?
— Calma, Oli, eu apenas ia perguntar se ela está com fome, ou
precisa de alguma coisa. — Me encolho pelo tom condescendente na sua
voz. Oliver deve ter contado o que me aconteceu.
— Se ela precisar, ela mesma dirá. Não vamos importuná-la,
Samantha precisa descansar. Você não ia tomar banho?
— Estou indo, papai.
As vozes cessaram, e respirei aliviada. Não estou pronta para ver
nenhum deles, ao menos não agora. A vergonha está me consumindo. Os
rostos dos meus colegas chocados ainda estão frescos na minha memória.
Não sei se serei capaz de sair desse quarto em algum momento.
— Samantha? — Me assusto ao ouvir Oliver. — Eu acredito que já
deva estar acordada. — continuo em silêncio. — Se quiser tomar um
banho, tem toalhas dispostas no banheiro. Deixarei aqui na porta uma
camisa e uma calça de moletom... São minhas... estão limpas... Merda. —
Sussurrou. — Eu quero dizer, que pode usá-las. Daqui a pouco sairei para
comprar algumas peças de roupas para você — Dou alguns passos tomando
coragem para abrir a porta, contudo, parei assim que ouço sua voz
novamente. — Espero que não fique zangada por eu ir comprar... Quer
saber? Eu vou ligar para uma loja e encomendar tudo, assim você não
poderá ficar brava comigo quando ver as calcinhas novas — sinto meu
rosto esquentar, mesmo assim tomei coragem de abrir a porta.
Seus olhos se arregalam quando me vê, engulo em seco pela
intensidade que recebo do seu olhar. Oliver dá dois passos para trás,
passando a mão pelo cabelo. Um sorriso pequeno se abre no canto da sua
boca.
— Bom dia. — Diz pegando a roupa do chão estendendo para mim
— Para você — Olho para suas mãos e volto a olhar para seu rosto.
— Obrigada, senhor King — Peguei as roupas da sua mão tocando
sem querer nos seus dedos.
— Oliver, pode me chamar de Oliver. — Assenti incapaz de ficar
mais tempo falando com ele.
— Obrigada... Oliver — seguro a porta para fechá-la, mas parei
antes olhando dentro dos seus olhos. — Por tudo.
— De nada, depois de tomar banho se quiser descer, eu estarei na
cozinha preparando seu café da manhã — ele coçou sua nuca, e eu mordi o
lábio sem saber o que dizer. — Ou posso trazer para você.
Baixo a cabeça, sem saber como responder a todo esse cuidado, não
me lembro a última vez que alguém cuidou de mim, ou ao menos se importou.
Ele está sendo tão gentil comigo, e eu não sei se ele está fazendo tudo isso
por pena. Espero que não seja por pena. Seguro as lágrimas, e levanto
minha cabeça. Oliver me ajudou e o mínimo que devo fazer é ser educada,
me mostrar agradecida. Se não fosse por ele, sabe-se lá onde eu teria
passado a noite.
— Eu... eu... irei descer.
— Estarei te esperando. Sem pressa. — Me deu um sorriso e fechei a
porta.
Fiquei por um tempo andando de um lado para outro pensando no que
farei de agora em diante, estou sem casa, não sei se ainda tenho um emprego,
e não tenho nenhum plano B se a caso eu não tiver. Cansada de ficar
pensando nessas coisas que me entristecem e não querendo deixar Oliver me
esperando por mais tempo me encaminhei para o banheiro para tomar meu
banho

Depois que termino de tomar meu banho, me sinto um pouco melhor.


Me encaro no espelho vendo meus olhos inchados e vermelhos, toda a dor
que sinto está estampada no meu rosto. Procuro por uma escova de dentes, e
não demorei em encontrar uma embalagem fechada. Escovo meus dentes, me
preparando mentalmente para vestir as roupas de Oliver, e descer para tomar
café com ele, e possivelmente com Jordan. Será que seus outros irmãos
moram aqui? Seus pais? Espanto esses pensamentos senão não terei coragem
para descer.
Destranco a porta, decidida a me vestir e descer logo, porém assim
que saio do banheiro me deparo com Jayden, deitado na cama apenas com
uma toalha enrolada na cintura. Arregalo os olhos, surpreendida por ele estar
aqui. Por que ele entrou neste quarto vestido apenas isso? Tento me mover
para correr de volta para o banheiro, mas meus pés parecem estarem colados
no chão. O que me resta a fazer é tentar conversar com ele, e descobrir o que
ele faz aqui.
— O quê... o quê... — Gaguejo, e sei que não serei capaz de
conversar com ele.
Jayden levanta da cama se virando de costas para mim, e agradeço,
não sei se poderia continuar firme nas minhas pernas se ele continuasse me
olhando como ele estava.
— Bom dia, não sei se você se lembra de mim, eu sou o Jayden. O
cara do elevador — Ele acha que eu não me lembro dele? É claro que eu me
lembro. — Desculpe ter invadido o quarto. Eu pensei que fosse um dos meus
irmãos que estivesse aqui. — Ele me olha por cima do ombro. — Ainda bem
que não era, gosto mais dessa visão do que a deles pelados. — Sinto meu
rosto ficar ainda mais quente pelo que ele fala.
— Eu... eu não estou... pelada. — Digo apertando a toalha envolta do
meu corpo.
— É princesa, eu sou uma cara de sorte, mas não tanto assim. — Foi
impossível não rir pela forma descarada que ele falou, porém me recompus
no mesmo instante. — Mais uma vez peço desculpas. Agora é melhor eu ir.
— Ele saiu do quarto sem eu precisar dizer nada, e fiquei por uns cinco
minutos olhando para a porta fechada sem saber se agora eu devo ou não
descer.
Depois de me vestir e pensar um milhão de coisas, decidi descer.
Não posso fazer essa desfeita ao Oliver, apesar de estar morrendo de
vergonha por tudo que me aconteceu, foi ele quem me ajudou. E tudo o que
me resta a fazer, é mostrar como estou agradecida pela sua ajuda.
Terminei de descer as escadas e fico perdida sem saber para onde ir.
A casa é enorme. Escuto vozes ao longe, e reconheço a voz de Oliver e
Jordan, caminho na mesma direção, tomando coragem a cada passo que dou.
As vozes vão ficando mais altas, eles parecem estar discutindo alguma coisa
sobre Chicago, e do irmão deles ter voltado antes do tempo. Dou passos
incertos chegando mais perto, e é impossível não ouvir a discussão.
— Foda-se Will, você disse que ficaria! E agora o que faremos? —
Oliver parece estar bem bravo.
— Calma, Oli, ele disse que deixou uma pessoa competente no seu
lugar. — A voz do Jordan está séria, quando fala: — Nada de discussões.
Dou um passo para trás, decidida a voltar para o quarto, e deixar
eles terem essa conversa em paz, mas não vou muito longe quando a voz de
Jayden me trava no lugar.
— Samantha, venha, senta-se para comer. — Penso em dar as costas
e correr para algum lugar seguro.
— Samantha? — A figura de Oliver não demora a aparecer na minha
frente. Ele estudou meu rosto por alguns segundos, não dizendo nada sobre o
meu estado. — Venha.
Respiro fundo, e caminhamos juntos para dentro da cozinha. Reparo
em Jayden segurando uma frigideira, usando um avental escrito: Cozinheiro
gostosão. Jordan está sentado do outro lado da ilha tomando algo na sua
xícara. Ele me deu um aceno e fiz o mesmo. Meus olhos correm pela
cozinha, parando no outro homem que me olha de olhos arregalados. Sinto
uma tontura forte quando uma enxurrada de imagens, desse mesmo homem e
eu fodendo dentro de um banheiro de boate, invadem meus pensamentos.
— Merda, não pode ser!
É o que eu escuto ele dizer antes de tudo ficar escuro.
Quando mandei tudo para puta que pariu em Chicago, voltando para
casa, já esperava o sermão que viria de Oliver, por eu não ter cumprido com
o que tinha me comprometido. Porém, com a fodida certeza, eu não esperava
ver a mulher da balada que eu fodi contra a porta de um banheiro na nossa
cozinha, ainda mais vestida com as roupas de um dos meus irmãos.
Que porra aconteceu nas semanas que passei em Chicago?
Avaliei a expressão de surpresa em seu rosto, e está óbvio que ela
não esperava me ver aqui, assim como eu não esperava vê-la na minha casa.
Eu perdi a conta de quantas vezes voltei naquela boate na esperança de
reencontrá-la, mas para meu azar ela está dentro da minha casa, fodendo com
toda certeza um dos meus irmãos. Cheguei tarde demais pelo visto. Olho
para cada um dos meus irmãos tentando adivinhar qual deles poderia estar
com ela. Pensar nisso me faz lembrar da nossa regra sobre trazer mulheres
para dentro da nossa casa, e o que isso significa.
— Merda! Não pode ser. — Pensei alto.
A desconhecida que tem perpetuado meus pensamentos como uma
deusa, fecha os olhos caindo, e antes que atinja o chão Oliver rodeia sua
cintura a amparando. Meus pés tomam vida própria quando caminham até
ela. A retiro dos braços de Oliver trazendo para os meus. Não penso em
nada quando caminho com ela para fora da cozinha, posso escutar meus
irmãos falarem, mas não presto atenção em nada. Subo as escadas com a
intenção de levá-la para meu quarto, contudo antes que eu alcance o topo da
escada sou parado com uma mão no meu ombro.
— O que pensa que está fazendo? — Oliver me perguntou
visivelmente irritado.
— Estou levando-a para meu quarto, irei chamar um médico para dar
uma olhada nela. — Sua testa se franziu, e decidi ser honesto com ele e com
nossos irmãos que estavam logo atrás.
Por mais que eu saiba o significado dela estar dentro da minha casa,
não posso mentir para meus irmãos. Eles precisam saber que eu me envolvi
com ela. Foi apenas uma noite, pode não ter significado nada para ela,
porém não posso deixar meus irmãos sem saberem. Ainda mais se ela... Não
consigo pensar nela como minha cunhada.
— Eu a conheço. — Os três se entreolham, e não demoraram para
voltarem suas atenções para mim. — Eu não sei como ela parou aqui, e nem
com qual dos três ela está. — Respirei fundo soltando a verdade. — É ela.
— Disse, entretanto eles não pareceram terem me entendido. — Ela é a
mulher da boate. — Três pares de olhos se arregalaram olhando da mulher
em meus braços para mim.
— Você está me dizendo...
— Sim, ela é a mulher dos desenhos. É por causa dela que fiquei
indo para Ann Arbor muitas vezes. — Respondi a Oliver, ele desce um
degrau como se tivesse sido atingido por minhas palavras.
É ele que está com ela?
Antes de ir para Chicago, contei aos meus irmãos o que me aconteceu
quando fui em uma balada em Ann Arbor com Meg. Disse sobre a mulher
linda que conheci, contei cada detalhe da nossa foda, mostrei os desenhos
que fiz dela, porém não disse a eles o quanto ela ficou e enraizada no meu
sistema. Não contei como ela ficou por debaixo da minha pele, queimando
minhas veias todas as vezes que lembrei do que aconteceu conosco naquele
banheiro. E eu não diria, mas agora tendo ela em meus braços, e com a
possibilidade de um deles estar com ela, possivelmente Oliver, me sinto na
obrigação de ser sincero com eles.
— Ela não saiu dos meus pensamentos desde que estive dentro dela.
— Respirei fundo olhando cada um dos meus irmãos nos olhos. — Qual de
vocês está com ela?
Meus irmãos me encararam como se tivesse nascido outra cabeça em
mim, porém nenhum deles teve tempo de me dizer nada, pois a mulher em
meus braços abriu seus lindos olhos, focando-os em mim. Engoli em seco
pela intensidade do seu olhar. Tenho tentado pintar incontáveis vezes esses
mesmos olhos nas minhas folhas em branco, e nunca fui capaz de chegar
perto de expressar suas tonalidades, muito menos sua intensidade. Contudo,
olhando-os agora tão de perto, eu posso voltar a tentar.
— Você está bem? — Perguntei alisando seu rosto gentilmente.
Ela tocou meus lábios, depois acariciou minha bochecha, um sorriso
tímido se abriu nos seus lábios.
— Kyle? — Disse com a voz baixa. Franzi a testa não sabendo se
ouvi direito do que ela me chamou. — É você mesmo? — Voltou a fechar os
olhos ainda sorrindo.
Ela deve estar delirando.
— Melhor colocar ela em uma cama, e chamar o médico. — Digo
para ninguém em específico.
Ando para meu quarto, não esperando para saber se meus irmãos
estão me seguindo ou não, apenas faço o que eu acredito que seja o certo.
Ela está um pouco pálida, talvez seja sua pressão que caiu, o melhor a se
fazer é chamar o médico e esperar o seu diagnóstico. E o tempo que ele
levar para a examinar, irei conversar com meus irmãos e descobrir quem é a
desconhecida, e com qual deles ela está.
Sorrio para meus cinco namorados, não acreditando que mais uma
vez eles me convenceram a me embrenhar no meio do mato. Kyle belisca
minhas pernas me fazendo gritar assustada, e Ryder nos olha sério
balançando a cabeça de um lado para o outro. Mostro a língua para ele e
sou surpreendida com um tapa na bunda, me fazendo gritar ainda mais, só
que dessa vez de felicidade.
Eu amo estar com eles. Amo nossos momentos divertidos, nossas
brincadeiras, nossos momentos de amor. Não sou capaz de continuar
negando o que meu coração implora para gritar ao mundo.
— Eu os amo! — Gritei, fazendo os cinco pararem de andar
voltando seus olhos para mim. — Eu os amo. — Disse mais uma vez, e o
sorriso que se abriu nos lábios de Kyle, me fez correr e pular no seu colo.
Sua boca não demorou em estar na minha, assim como não
demorou para os outros nos cercarem, para mais uma vez me lembrarem a
quem meu coração pertence.
Meu coração pertence aos Allen e para sempre continuará
pertencendo.
— Eu ainda os amo. — Sussurrei de olhos fechados.
Sinto meus olhos arderem por saber que foi um sonho, apenas mais
um dos muitos que tive desde que fui embora sem olhar para trás. Na minha
vida eu nunca me senti tão sozinha como estou me sentindo agora. Não quero
abrir meus olhos, e ver minha nova realidade. Ver que minha mãe não está
mais comigo, que meu pai me expulsou de casa, e que vivo com a incerteza
sobre meu futuro na casa de homens que eu não conheço. Ainda mais que um
desses homens é o empalador da boate.
Eu não tenho mais motivos para me manter de pé. Nada para me fazer
continuar acreditando em um recomeço. Tudo na minha vida mudou rápido
demais, eu tentei me adaptar às mudanças, contudo não serviu de nada. O que
eu quero é manter meus olhos fechados na esperança de que quando eu voltar
abri-los tudo não tenha passado de um pesadelo. Um terrível e triste
pesadelo.
— Ela ainda está delirando? — A voz de Oliver me fez retesar.
Pensei que estava sozinha. — Não seria melhor levá-la ao hospital?
Me levar para o hospital? Por quê?
Tudo bem que nos últimos dias eu não ando me sentindo bem, mas as
tonturas acredito que seja por eu não descansar como deveria, e os enjoos
são por não aguentar mais o cheiro de fritura. Me levar ao hospital é uma
medida muito drástica.
— Como eu disse, ela parece apenas estar desidratada e um pouco
anêmica. Quando os exames de sangue voltarem poderei dizer com certeza.
— Exames?
Abro meus olhos me deparando com cinco homens me olhando.
Quatro eu reconheço imediatamente, e o outro está de branco fazendo um
curativo no meu braço.
— Olá, Samantha, tudo bem? — O médico me cumprimenta
simpático, e fico encabulada por toda atenção recebida. — Meu nome é
Darren Baker, eu sou o médico que está cuidando de você. — Acenei sem
coragem de falar, tendo todos com os olhos em cima de mim. — Agora que
está desperta, vamos conversar? — Olhei do médico para os outros. —
Prefere que eles saiam? — Mordi o canto da boca negando. Não quero ter os
olhos do babaca me perfurando mais do que já estão. — Por que não me
conta como está se sentindo nas últimas semanas?
Pondero sua pergunta, avaliando como tenho me sentido, e em
resumo, estou me sentindo uma merda, entretanto acho que não é isso que o
doutor quer saber. Penso em tudo que venho sentindo, e não demoro a contar.
— Estou muito cansada, às vezes tenho tonturas leves, enjoos... Os
enjoos eu acredito que seja pelo cheiro do óleo que uso para fritar as
batatas. — Falar isso me faz pensar que talvez eu não tenha mais um
emprego. — Eu trabalho em uma lanchonete... ou trabalhava, e o cheiro de
fritura começou a me incomodar muito nas últimas semanas. — Dou os
ombros e o médico assente prestando atenção ao que eu digo.
— Mas alguma coisa? — Franzi a testa pensando em mais algum
sintoma.
— Não.
— Ok — ele pigarreou dando uma rápida olhada para os homens que
estavam muito silenciosos ouvindo tudo. — Você está em dia?
— Em dia? Em dia do quê? — Perguntei confusa.
O homem volta a pigarrear, para depois levantar a cabeça para me
olhar.
— Sua menstruação. Eu quero dizer, seu ciclo está em dia?
Como se uma avalanche estivesse se desfazendo na minha cabeça,
todos meus sintomas começam a fazer sentido. Todas as vezes que vomitei,
as vezes que estava muito cansada, os enjoos. Passei por tantas coisas que a
última coisa que eu pensaria era que minha menstruação atrasada tivesse a
ver com meus sintomas. Não preciso nem ouvir o diagnóstico final do
médico, eu já sei o que eu tenho.
Estou grávida!
Fecho os olhos não querendo imaginar como tudo irá se complicar
daqui para frente. Eu não sei se ainda tenho um emprego, mas sei que uma
casa para voltar eu não tenho mais. Ter um bebê demanda muitas coisas,
coisas que eu não terei como comprar. Mesmo que dona Arlete não me
mande embora, o tanto que eu ganho não é o suficiente para os cuidados que
um bebê precisa. Estou tão ferrada, como sairei dessa situação?
— Samantha? — A voz do médico me tira dos meus pensamentos. —
Está sentindo alguma coisa?
Abro os olhos e a intensidade que encontro nos olhos do Oliver, me
faz engolir em seco. Eu sei que ele me ajudou, porém agora não sei se ele
vai continuar querendo ajudar uma mulher grávida. Ainda mais essa mulher
que está grávida do seu irmão. Arrisco um olhar para o empalador e ele me
encara de volta.
Ele sabe!
— Eu... eu estou grávida? — Pergunto por perguntar, eu sei que
estou.
— Me diga, você teve relação sexual desprotegida que possa ter
acabado em uma gravidez? — As imagens de um certo empalador apertando
meu rosto contra a porta do banheiro, enquanto entrava e saia de mim com
força e rápido, me faz fechar os olhos assentindo por recordar de quando ele
me disse que o preservativo havia estourado. — Podemos esperar a
confirmação no exame de sangue, ou você pode fazer um de farmácia...
— Estou indo na farmácia agora mesmo. — A voz do empalador
interrompe o médico. Ele sai pela porta apressado, me mantenho quieta
vendo tudo se desenrolar na minha frente.
— Eu preciso de uma dose de uísque. — Oliver disse saindo logo
atrás.
— Eu vou descer para... preparar o almoço. — Jayden correu do
quarto.
Jordan não disse nada, ele simplesmente saiu. Suspirei colocando a
mão sobre o meu ventre. Eu não pensei muito sobre quando desejaria ser
mãe, mas eu sempre soube que um dia iria ter muitos filhos. E por causa do
meu relacionamento poliamor, que infelizmente não é bem-visto pelas
pessoas, eu freei meu sonho de uma família grande, vivendo apenas meu
amor com meus cinco namorados.
Agora tendo um pequeno ser crescendo dentro de mim, eu não
poderia me importar menos com as opiniões das pessoas. Esse bebê não é
fruto do amor que sinto pelos meus ex-namorados, mas será amado do
mesmo jeito, ou ainda mais.
Depois de tudo que passei com os Allen, e com a morte da minha
mãe, eu só tentava recomeçar. Um recomeço sem lágrimas, e sem me sentir
sendo uma vergonha para alguém. Agora percebo que talvez o recomeço que
eu tanto queria seja esse que está crescendo dentro de mim.
Grávida! Ela está grávida.
Será que existe a mínima possibilidade deste bebê que ela espera,
ser meu? Eu sei que fizemos sexo, e que o preservativo estourou, assim
como eu sei que se passaram muitos dias desde aquele. Será que ela fez sexo
com outro que possa ter a engravidado? Estou tão nervoso com a
possibilidade de que eu possa ser o pai, que eu nem sei o que pensar, ou o
que eu quero. Sem dizer que ela está envolvida com um dos meus irmãos.
Depois que a deixamos com o médico, fomos para o escritório do Oliver
para conversarmos, mas meus irmãos não me disseram nada de relevante.
Contudo, dentre os três, Oliver, foi o que se manteve na defensiva o
tempo todo. Eu voltei a contar para eles tudo que aconteceu entre nós, e a
possibilidade de eu ser o pai do bebê que a Samantha espera. Meus irmãos
ficaram chocados de princípio, mas não chegamos a aprofundar o assunto,
pois o médico nos chamou.
Agora tudo o que eu quero é entrar na primeira farmácia que eu
encontrar para comprar o teste de gravidez, para depois ter uma conversa
com a Samantha. Porém antes que eu possa alcançar a porta do carro, a mão
de Oliver se fecha no meu braço. A fúria que vejo em seus olhos, me faz ter
a certeza com qual dos meus irmãos Samantha está envolvida.
— Espere, eu vou junto. — Disse decisivo.
— Oliver, você está bem? — Perguntei, mesmo percebendo pela sua
expressão que ele não está.
— Estou, por que eu não estaria? — Olhei no fundo dos olhos do
meu irmão, e vi a mágoa estampada. — Vamos logo, peguei com o médico a
receita das vitaminas pré-natais que ela vai precisar.
Oh, merda, é claro, como eu não percebi antes.
— Oliver, ela não é a...
— Eu não quero falar sobre isso. — Entrou no carro fechando a
porta para evitar essa conversa que eu sei o quanto o desestabiliza.
Maldita seja, Vanessa!

Quando entro no quarto, Samantha ainda descansa de olhos fechados,


eu só sei que ela não está dormindo, porque sua mão alisa a barriga
carinhosamente. Daria tudo para saber no que ela está pensando. Será que
ela está feliz? Eu espero que sim. Nem em meus devaneios mais loucos,
imaginaria que estaria torcendo para ser o pai do seu bebê, mas essa é minha
atual realidade. Eu estou torcendo para ser o pai.
Com o teste na mão, caminhei para perto da cama e me sento, antes
de qualquer coisa, quero conversar com ela, saber se ela está bem, e me
apresentar como devia ter feito naquela noite na boate.
— Oi. — Digo baixo, não querendo assustá-la.
Seus olhos não demoram a se abrir, e me surpreendo por vê-los
vermelhos. Ela estava chorando. Com certo receio, cubro sua mão sobre a
barriga com a minha. Quero que ela saiba que pode contar comigo, assim
como pode contar com meus irmãos. Iremos dar toda a assistência que ela
precisar. Seus olhos se arregalam e não demora para as lágrimas caírem.
Deixo o teste de lado, e a puxei para meus braços, para ampará-la. Beijo sua
cabeça, e a trago para mais perto de mim. Quero que ela se sinta segura, e
que saiba que não está sozinha.
— Eu... eu... estou com medo — escutar sua confissão, torna
inevitável não a apertar um pouco mais nos meus braços.
— Não tenha, estaremos aqui para te ajudar. — Faço círculos nas
suas costas na intenção de acalmá-la. — Em tudo que precisar. — Enfatizo.
— Obrigada. — Afasta seu rosto e me encara. — Você já sabe, não
é? — Pergunta limpando as lágrimas.
— Que o bebê é meu? — Pergunto e ela assente. — Eu tinha minhas
dúvidas, mas agora não tenho mais. — Sorri, estendendo a mão para ela. —
Willian King, mas pode me chamar de Will. — Me apresento. Seu sorriso
ilumina seu rosto espantando as lágrimas de vez.
— Samantha Mitchell. — Aperta minha mão.
— Posso chamá-la de Sam?
— Pode. — Ela desviou os olhos para o teste ao seu lado. — Eu
tenho certeza de que estou grávida, os sintomas fazem total sentido. — Sam
pegou o teste encarando a embalagem. — Eu só não entendo todo esse medo
que estou sentindo de fazer o teste e dar negativo. — Ela levantou os olhos
fitando os meus. — É uma loucura, não é?
— Me diga uma coisa. — Segurei mais forte na sua mão. — O quão
feliz você estaria se o teste der positivo?
— Muito. — Ela mordeu o lábio inferior desviando seus olhos dos
meus. — E você, ficará feliz se positivar? — Ponderei sua pergunta por
alguns segundos, e de alguma forma eu já sabia essa resposta desde que ouvi
que ela está grávida.
— Muito. — Beijei o dorso da sua mão me levantando. — Pronta
para saber se seremos pais? — Ela olhou para nossas mãos juntas, depois
voltou a olhar para mim.
— Pronta.
Desde a saída do médico, eu fiquei deitada divagando sobre o que
faria da minha vida de agora em diante. De tudo que eu pensei e cogitei, meu
bebê é o centro de tudo. É por ele e para ele que eu farei o que estiver ao
meu alcance. Tudo o que amei na minha vida foi tirado de mim, primeiro foi
meu pai que descobriu sobre mim e os Allen. Desde aquele dia ele nunca
mais voltou a ser como antes, mesmo eu torcendo todos os dias para
acontecer. Segundo foi meus ex-namorados, eu abri mão deles para poder
estar ao lado da minha mãe, e faria tudo de novo mesmo sabendo tudo que
aconteceria depois. Por último e não mesmo importante, eu perdi minha mãe,
e a dor de ter a perdido não se compara a nada. E é por causa disso que eu
me recuso a perder mais alguém.
Estar debaixo do teto de um homem que eu chamei de babaca várias
vezes, e ver o quanto ele se importou comigo ao me abrigar em sua casa, só
prova que quem vê cara não vê coração. E eu me recuso a perder seja o quer
for o que eu tenha com o Oliver, assim como eu me recuso a perdê-lo. Eu
não sei o que ele está pensando depois de tudo, eu ainda não o vi, e depois
de ter uma conversa com o pai do meu bebê, eu preciso conversar com ele.
Depois de tudo que passei com meus ex-namorados, tudo o que
menos quero nesse momento é me envolver em qualquer confusão entre
irmãos. E agora que meu pai me expulsou de casa, eu poderia correr de volta
para os braços dos Allen e contar toda a verdade. Eles me aceitariam mesmo
estando grávida de outro? Ainda existe nós? Fechei os olhos e acariciei
minha barriga. Estou me sentindo tão sozinha, não sei qual é meu lugar.
Preciso ganhar o mundo para não faltar nada a esse bebê. E tudo o que eu
preciso agora é que alguém me diga que tudo vai dar certo.
Estou com medo. Medo do futuro, medo por não ter para onde voltar,
medo pelo meu bebê, medo de estar sozinha na sala de parto, medo de que
algo dê errado, medo...
— Oi.
Essa voz.
Abro os olhos querendo sorrir, por saber que de alguma forma eu não
estarei mais sozinha. Ao menos não por agora.
Will e eu encaramos o pequeno teste em cima da pia do banheiro, na
espera do resultado. Ele segura minha mão com tanta força que nem percebe
a careta que eu faço. Seguro a respiração quando a primeira listra azul
aparece, e em menos de dois segundos a segunda surge, mais clara que a
primeira.
Grávida!
Eu estou grávida!
Um recomeço!
Eu não estarei mais sozinha!
Me jogo nos braços de Will, e ele me envolve em um abraço gostoso.
Sinto sua palma encostar na minha barriga, e me emociono por saber que ele
estará ao meu lado.
— Eu serei pai. — Disse acariciando minha barriga.
— Eu serei mãe. — Digo emocionada.
Estamos entorpecidos de felicidade que não percebemos que na porta
parado olhando para nossas mãos juntas sobre minha barriga, está Oliver.
Não me lembro a última vez que me senti tão impotente. Na verdade,
eu me lembro sim. Foi quando eu saí de uma reunião às pressas porque
Vanessa, minha então namorada da época, me ligou de uma clínica para me
avisar que iria abortar o nosso bebê. Acho que nunca serei capaz de
esquecer suas palavras naquele telefonema.
— Eu estou aqui para abortar. Eu não irei parar minha carreira
por causa de um feto que eu nunca quis. Sabe o que ele faria com minha
carreira de modelo? Uma dica: Ele aniquilaria.
Não lembro muito depois que cheguei na clínica e o procedimento já
havia sido feito. Só sei que eu não serei capaz de esquecer suas frias
palavras, passe o tempo que passar. Eu sabia que o corpo era dela, eu sabia
que a decisão de seguir ou não com a gestação seria dela. Mas porra, ela
desfez do nosso bebê como se ele não fosse nada demais, para um ano
depois aparecer grávida de um empresário famoso. Isso me matou, isso me
mata todas às vezes em que penso.
E ver como Will alisa a barriga de Samantha, ambos felizes com o
resultado em cima da pia, me mata mil vezes mais. Eu não queria dar o braço
a torcer, mas a verdade é que eu quis essa mulher para mim desde que ela me
chamou de babaca e me mostrou o dedo do meio. Só que agora... Porra, eu
não estarei no caminho do meu irmão e da família que ele poderá dar a ela.
E isso me causa uma impotência sem tamanho, não tem nada que eu possa
fazer a não ser me afastar.
— Oliver? — A voz do meu irmão me tira das sombras que as
lembranças do passado sempre me levam.
— Ah, desculpe, eu não quis atrapalhar. — Fujo dos olhos da
Samantha. Não quero que ela veja refletido neles toda minha dor —
Passando só para avisar que terei que ir para Chicago — minto e não fico
para ouvir o que Will e Samantha teriam para me dizer.
Eu preciso fugir. Eu apenas preciso de espaço. Deixo a sacola com
as vitaminas pré-natais em cima da cama e vou para meu quarto fazer as
malas.
É um inferno. Estar em Chicago sendo que eu quero estar em Detroit
é um tremendo e fodido inferno. Não adiantou de nada fugir de Samantha, se
ela não sai dos meus pensamentos um minuto se quer. Eu tentei fingir
indiferença nos dois primeiros dias, não perguntando absolutamente nada
sobre ela, só que não foi possível no terceiro dia quando escutei sua voz
enquanto falava com o Jayden. Eu perguntei tudo, de como ela tem se
alimentado, a, se ela está tomando as vitaminas nas horas certas. Foi Jordan
que me contou tudo, ao que parece Will e Jayden estão ao lado dela depois
que eu vim para Chicago, a deixando como se eu não me importasse.
Ao que parece, ela me odeia ainda mais, fundou um clube dentro da
minha casa, denominado: Eu odeio o babaca ilimitado. Jayden até
encomendou camisetas, Jordan me fez o favor de enviar uma foto dela ao
lado de Jayden e Will, com línguas de fora e dedos do meio levantados. Eu
queria detestar a foto, mas a verdade foi que eu gostei.
Meus irmãos têm tentado me fazer voltar para casa, entretanto eu
ainda não estou pronto para ver Samantha como minha cunhada. E estar perto
dela não irá me ajudar em nada. Acredito que nada me fará voltar enquanto
eu não crer que eu ficarei bem em vê-la, e não querer beijá-la.
Eu não voltarei!
Estou trabalhando em uma pilha de papéis, porque essa tem sido
minha vida nesses últimos dias, que nem percebo meu celular apitando a
cada minuto. Será que são mensagens dos meus irmãos? Me apavoro
pegando o celular na mesma hora, pensando que possa ter acontecido algo
com a Samantha ou o bebê. Contudo sou surpreendido com uma enxurrada de
notificações do meu banco, mostrando várias compras no meu cartão de
crédito.
Era só o que me faltava, meu cartão foi clonado.
Procuro meu cartão na carteira, para ligar para o banco para
denunciar, porém sou surpreendido ainda mais por não o encontrar. Uma
notificação de mensagem de Jayden, faz os cabelos da minha nuca se
arrepiarem. É claro que ele está por trás. Clico na mensagem e junto da
palavra: Babaca, tem um vídeo.
— Você é um babaca — Samantha aparece no vídeo, com um monte
de sacolas nos braços, todas com as marcas das lojas mais caras que eu
conheço. — E por isso, Jayden e eu, entramos no seu quarto e pegamos seu
cartão de crédito. Sua ida para Chicago me causou muito estresse. Eu
soube pelo Will que soube pelo obstetra, que não faz bem para o bebê
tanto estresse. Por isso... — Ela faz questão de mostrar meu cartão black na
câmera. — Irei passar a tarde me desestressando. Passar bem, babaca.
Petulante!
O vídeo acaba, e corro para o aplicativo do meu banco para ver o
rombo que ela está causando no meu cartão, e quase caio da cadeira pelo
valor que ela já gastou. Filha da pu... Meu celular toca, e o nome do idiota
do meu irmão pisca na tela.
— Você está brincando comigo? — Rosnei.
— Calma, não é para tanto — massageio minhas têmporas. —
Deixa eu te perguntar, você ficaria muito puto se a Sam e eu passássemos
uma R8 no seu cartão? — Ele está brincando. Só pode, caralho!
— Você quer passar um carro no meu cartão?! Ainda por cima uma
R8, sabe o valor deste carro?! — Gritei enfurecido.
— É claro que eu sei. É que a Sam amou uma que vimos, e eu disse
que você daria para ela de presente. Estou errado? — Eu vou matar o
Jayden. — Você tem que ver como os olhos dela brilharam. — Foda-se.
— Eu estou voltando, e vocês estão fodidos na minha mão.
— Tudo bem, mas nós podemos comprar ou não?
Estou puto, estou muito puto. Quando eu colocar minhas mãos em
volta do pescoço do meu irmão, eu vou apertar até os olhos dele esbugalhar
para fora.
— Pode! — Grunhi.
— Ele deixou, Sam! Pode passar. — Escutei o bastardo gritar antes
de desligar na minha cara.
Não demora um minuto e meu celular apita a porra da compra do
carro que vai custar caro para a senhorita Mitchell. Ah, petulante, você não
perde por esperar. Abotoo meu terno e sigo para o aeroporto. Está na hora
de eu voltar para a casa.
Em todas as vezes que senti o gosto da felicidade, algo sempre
aconteceu para tirar o sorriso dos meus lábios. Não sei por que pensei que
agora seria diferente. Lembrar a expressão no rosto do Oliver, torce algo
dentro de mim, e ouvir da sua boca que ele estava indo para Chicago, causou
mais uma vez o sentimento de abandono. Ele sabe que mal conheço seus
irmãos, e nem se importou em me dar as costas e ir embora, sem me dizer se
era ou não para eu sair da sua casa. Eu posso estar grávida do seu irmão,
mas poxa foi ele que me trouxe, foi nele que eu depositei o pouco de
confiança que ainda possuía.
Sinto meus olhos arderem por me sentir mais uma vez abandonada.
Eu não quero me sentir assim, mas é inevitável não sentir e pensar em como
eu sou descartável para as pessoas que estão à minha volta. Toco minha
barriga, pensando o melhor para meu bebê, e mesmo querendo passar o dia
trancada no quarto evitando esses homens, decido descer para me alimentar.
Desde ontem, depois do aviso de Oliver eu fiquei no quarto, pedi
privacidade para os outros King, alegando que estava com um pouco de dor
de cabeça.
Contudo, eu não posso ficar fugindo, e me fingindo de superior e que
não estou triste, quando na verdade estou triste, e quero colo, quero deitar
minha cabeça no ombro de qualquer pessoa e apenas chorar minha dor em
silêncio. O aniversário de morte da minha mãe está se aproximando, e se não
bastasse toda dor que sinto em pensar nisso, o babaca foi para Chicago, sem
se despedir de mim.
Encarei meu reflexo no espelho, e é impossível não olhar para mim e
perceber que chorei. A roupa de Oliver está tão amarrotada no meu corpo, o
que me lembra que eu não tenho o que vestir se quiser tomar um banho. Meu
pai me expulsou com a roupa do corpo, que no caso era meu uniforme sujo
de gordura. Prendo meu cabelo fazendo um coque alto, jogo um pouco de
água no rosto e tomo a coragem necessária para encarar os irmãos King.

— Eu não vou ser contra se ela quiser dar uma surra nele. Para ser
honesto, irei estourar pipoca e assistir a tudo com um sorriso enorme no
rosto — A voz inconfundível de Jayden me faz engolir em seco. — Ela deve
estar bem brava com ele.
Ele está falando de mim bater no Oliver?
Não seria uma má ideia.
E brava é um eufemismo.
— Acredito que ela nem esteja pensando nisso. — A voz séria não
deixa margem para dúvidas de quem seja. Senhor bumbum perfeito —
Aliás, se eu pudesse apostar, diria que ela está pensando no bebê que ela
está esperando do nosso irmão. O senhor esperma supremo. — Debochou
fazendo Jayden rir.
Senhor esperma supremo? Não, ainda prefiro empalador.
— Ou... — Entrei na cozinha trazendo os olhares dos dois bobocas
para mim. — Ela está com fome, e tudo o que ela tem pensado é se
empanturrar de comida.
— Ou isso. — Jayden disse piscando para mim. — Bom dia, como
está se sentindo?
— Bem. — Menti, evitando seu olhar avaliativo.
Ele arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada, e eu agradeci
internamente. Dei uma olhada para Jordan que folheava o jornal e nem se
dignou a me dar bom dia. Continuar nessa casa é um erro, talvez eu deva
conversar com o Will, e dizer que eu prefiro partir. Não posso ficar em um
lugar que não sou bem-vinda.
— Tomou suas vitaminas? — Dei um pulo ao ouvir a voz grossa de
Jordan por trás do jornal.
Como ele sabe que eu estou olhando para ele?
— Ainda não — disse me sentando — Andei lendo a bula ontem e
algumas vitaminas têm que tomar depois de se alimentar — A última coisa
que pensei foi em tomar minhas vitaminas. Preciso dar prioridade ao que
realmente importa, e meu bebê é tudo o que me importa desde que vi o
resultado daquele teste. — Mesmo assim... obrigada por me lembrar. —
Agradeci com sinceridade. Jordan abaixou o jornal me dando um aceno
rápido e logo voltou para sua leitura.
Fiquei quieta de cabeça baixa, não sei o que conversar com eles.
Onde será que o Will está? Torço os dedos me sentindo nervosa, me sentindo
deslocada. Talvez, eu possa voltar para Ann Arbor e ver com dona Arlete se
ainda tenho meu emprego. Alugar um quartinho com o dinheiro que eu ganho
pode ser o suficiente para eu recomeçar. As outras coisas eu posso decidir
depois. A prioridade é eu estar em um lugar que eu me sinta bem, já que a
todo lugar que vou sou indesejada. Mordo o lábio com força para conter a
tremida que antecede meu choro. Não quero chorar na frente de Jordan e
Jayden. Suspiro tentando controlar minhas emoções. Respiro fundo algumas
vezes, e aos poucos consigo espantar as lágrimas.
— Aqui está — levantei a cabeça ao ouvir Jayden. — Coma tudo,
seja uma boa garota. — Ele diz piscando mais uma vez para mim.
Baixei a cabeça e olhei espantada para o imenso prato que ele
colocou na minha frente. Tem ovos mexidos, panquecas, morangos e apenas
uma fatia de bacon. Um copo enorme de suco de laranja não demora a
aparecer do lado do prato. Ele acha que eu dou conta de comer tudo isso?
— É muito. — Digo e olho de Jayden para Jordan que já dobra seu
jornal me encarando.
— Você precisa comer. — Jordan disse cruzando os braços em cima
da ilha. — Você está grávida agora, o bebê irá precisar de muitos nutrientes
para se desenvolver forte e saudável. — Pisco com suas palavras. Dou uma
olhada para meu lado e Jayden está rindo e balançando a cabeça.
— O Oliver viajou, mas deixou você encarregado, não é? — Jayden
debochou, voltei a encarar Jordan.
— Ele... ele... — Gaguejo e Jordan me olha incentivando a continuar
o que estava prestes a perguntar. — Pediu que cuidasse de mim? — Meu
coração não devia acelerar com a possibilidade, mas acelera.
— Oliver não disse nessas palavras, mas pediu sim. — Abaixo a
cabeça e não contenho o sorriso que se abre nos meus lábios.
De repente a comida que achei que não daria conta de comer, se
torna pouca diante da minha fome. Como tudo tendo Jordan e Jayden de
plateia, assim que coloco o último pedaço de panqueca na boca, Jordan me
estende as vitaminas. Em que momento ele as pegou? As tomo bebendo o
restante do suco. Um minuto se passa e sinto meu estômago embrulhar.
— Ah, não. Merda! — Corro em disparada para o banheiro.
Quando entro no quarto só tenho tempo de colocar a mão na boca e
entrar no banheiro antes de vomitar. Debruçada sobre o vaso coloco todo o
café da manhã para fora. Me sinto pegajosa quando termino, o suor da minha
testa escorre pela lateral do meu rosto. Preciso de um banho. Tiro a calça de
moletom, em seguida seguro a barra da camisa, mas antes que possa a tirar
olho para porta que tem Jordan e Jayden parados me encarando.
— O quê... o quê... Que merda vocês estão fazendo aí? — Perguntei
aflita, porque estou sem calcinha.
— Você correu e nos preocupamos. — Disse Jayden que olhava
estranho para minhas pernas. Graças a Deus que a camisa bate no meio das
minhas coxas. — Você está bem? — Sinto minhas bochechas queimarem
pela sua inspeção indelicada.
— Sim, enjoo matinal. — Ele continua olhando para minhas pernas,
até que um pigarro o tira do seu transe.
— Vamos te dar privacidade. — Jordan diz me dando as costas.
— Qualquer coisa que precisar, não hesite em pedir. — Jayden diz
saindo junto do seu irmão.
— Esperem. — Digo e os dois param se voltando para mim. —
Poderiam me arrumar outras peças de roupas? — Pedi envergonhada.
— Claro, espere que já trago. — Jordan disse, contudo antes que
saísse criei coragem para pedir mais uma coisa.
— Jordan... você poderia me arrumar uma... cueca? — Seus olhos e
de Jayden desceram pelo meu corpo parando no meio das minhas pernas.
Oh, merda. Eles estão me avaliando? É possível eles saberem que
estou sem calcinha?
— Eu... Se eu te emprestar uma cueca, Will me mata. — Ele disse e
senti minhas bochechas esquentarem. — E sabe-se lá o que Oliver faria.
— Eu empresto! — Jayden gritou saindo correndo do quarto.
Jordan ficou me olhando por longos segundos, e assim que Jayden
voltou com umas cinco cuecas em sua mão, ele desviou seu olhar.
— Essas são todas novas. — Jayden disse e alívio percorreu meu
corpo. Melhor assim.
— Obrigada. Eu darei um jeito de comprar algumas coisas que
preciso...
— Faça uma lista. — Jordan me cortou. — E eu compro. — Engoli
em seco pela intensidade que seus olhos estavam sobre mim.
— Ok. — Eu disse.
— Ok. — Ele concordou.
Os dois saíram do quarto e foi quando eu me dei conta que nada
estava ok. O que aconteceu aqui?
Maldita hora para Will não estar em casa, e Oliver estar fugindo
como um covarde. Quando Oliver me pediu que ficasse de olho na Samantha,
e a ajudasse em tudo que precisasse, concordei de imediato. Afinal a mulher
precisa de ajuda. Só que... Inferno, que porra foi aquela que aconteceu no
seu quarto? Por que meus olhos não conseguiram se afastar do seu corpo,
minha fodida imaginação ficou imaginando sua boceta nua debaixo daquela
camisa?
Ela está grávida do meu irmão e enrolada com o outro. Tudo o que
menos precisa é estar enrolada com mais dois. Foi difícil não perceber os
olhares que Jayden dava para ela. E eu nem quero saber qual foi o meu
problema por estar olhando-a daquele jeito. Com a lista que ela me deu em
mãos, percorro as lojas para comprar tudo que listou. Esse foi o modo que
encontrei para fugir de casa.
Will foi categórico antes de ir para empresa: Cuidem dela, e façam
tudo para ela se sentir bem. Ela precisa de roupas, então minha fugida se
enquadra no que ele me pediu. Dou outra lida vendo que já comprei tudo que
foi pedido:
(Tamanhos médios)
3 blusas simples
3 shorts simples
3 calça de moletom
1 blusa de frio
(Por favor, não ultrapasse o valor de 200 dólares. Obrigada)
Rio mais uma vez com o absurdo desse pedido. 200 dólares foi o que
paguei em uma blusa. Eu sou uma pessoa bem pragmática, então porque iria
me desbancar para a Walmart, onde foi que ela me pediu para ir comprar
suas roupas, sendo que o shopping fica a dez minutos de casa? Só porque
sairia mais barato? Ela sabe o quanto somos ricos? Eu ter gastado 8 mil
dólares comprando roupas para ela não foi nada demais. Comprei tudo que
ela não listou, como sapatos, tênis... lingeries.
Eu não quero nunca mais me lembrar das caras perplexas das
vendedoras da Victoria Secret, me olhando enquanto escolhia algumas
calcinhas, muito menos quando exigia a linha de renda com todas as cores.
Já posso imaginar a senhorita Mitchell usando cada uma. Sinto uma fisgada
no pau. Merda! O que importa, é que agora ela não precisará mais pegar
roupas emprestadas, muito menos andar pela casa sem calcinha.

— 8 MIL DÓLARES! — Voltou a gritar segurando as notas. — Você


enlouqueceu? — Olho para sua cama amarrotada de sacolas e nego com a
cabeça.
— Você precisava de roupas. — Me defendo.
— 8 MIL DÓLARES! Você sabe o quanto isso custa? — Perguntou
balançando a nota, o rosto vermelho de irritação. Seus lábios estão inchados
de tanto que havia mordido enquanto via a nota do meu cartão, e perceber
isso faz um desejo insano de querer beijá-la crescer dentro de mim.
— 8 mil dólares? — Perguntei dando os ombros.
— Engraçadinho! — Andou irritada na minha direção, batendo com a
nota no meu peito. — Me diga como irei te pagar de volta?
Seus olhos são duas labaredas, que me fazem engolir em seco. Ela
tem dimensão o quanto é linda? Agora entendo o motivo de Oliver estar
louco por essa mulher. Ela continua a falar, mas eu não escuto nada, meu
coração bate alto demais para me fazer raciocinar direito, e sem pensar na
merda que estou fazendo e nas consequências que isso irá trazer, eu seguro
sua nuca calando sua boca com a minha.
O mundo para de girar quando a língua de Jordan invade minha boca.
Sem delicadeza ele devora minha boca como se ela fosse a fruta mais
saborosa que ele já provou. Estou tão chocada com sua atitude que ele não
encontra resistência em sugar minha língua para dentro da sua boca, fazendo
um gesto muito indecente com ela. Qual é o problema com esses irmãos? Por
que justo hoje eles tiraram o dia para me beijar? Primeiro foi Will, que na
hora do almoço me encurralou na porta do quarto lembrando-me muito bem
do seu potencial contra uma porta. Depois foi Jayden, eu estava na cozinha o
ajudando a lavar os pratos depois que Jordan saiu para fazer um favor para
mim, e ele simplesmente falou um foda-se bem alto e me pegou no colo me
colocando em cima da ilha da cozinha, atacando minha boca em seguida. Se
eu não o tivesse parado, ele teria...
— Porra. — O gemido rouco que escapou junto de um palavrão da
boca de Jordan me faz lembrar em que boca minha língua está socada dessa
vez, e como isso é errado.
Um pouco assustada com tudo que aconteceu em poucas horas,
coloco minhas mãos no seu peito o empurrando. Eu não posso estar
envolvida com os irmãos King. De jeito nenhum eu quero estar em outro
relacionamento poliamor. O que eu tive com os Allen foi incrível,
inesquecível, contudo, foi minha maior desilusão. Eu não posso pensar
apenas nas minhas vontades e desejos, mesmo que ter beijado todos acendeu
algo dentro de mim... Isso está errado. Meu bebê vem em primeiro lugar, e
me recuso a tirar dele o que ele pode vir a ter.
Um pai e três tios.
Uma família.
— Vocês têm que parar com isso. — pedi de olhos marejados. —
Eu... eu não estou disposta a isso.
Sentindo minhas pernas tremerem me obrigo a entrar no banheiro e
trancar a porta. Preciso ficar um pouco longe desses irmãos, toda essa
intensidade não está me fazendo bem. Talvez, seja o momento para visitar
meu pai, e tentar... Sei lá, qualquer coisa que o faça me ouvir, e quem sabe
me perdoar? Eu aceitaria voltar para casa se ele me pedisse. Ele pediria
para eu voltar? Só tem um jeito de saber.

Parada em frente minha casa, respiro fundo fingindo que do outro


lado da rua dentro do carro não estão três irmãos king me olhando sérios. Eu
tentei sair daquela casa dizendo que precisava ver meu pai, que apesar de
tudo que ele disse e fez, ele é meu pai e eu me preocupo com ele. Will que já
estava em casa, me olhou sério e por um segundo pensei que ele não me
deixaria ir, o que acarretaria uma discussão, pois ele não é meu dono. Porém
tudo que ele fez foi suspirar e dizer que me levaria. Eu não pude negar, e
quando menos dei por mim, Jordan e Jayden entraram no carro conosco sem
nem perguntar se poderiam nos acompanhar.
A viagem foi tão constrangedora que o silêncio foi uma tortura. Será
que eles conversaram entre si sobre os beijos? Porque eu posso jurar que
Will dava olhares enviesados para Jordan e Jayden, o mesmo fazia os outros.
Eu sinceramente espero que eles não tenham falado nada, tudo que eu menos
preciso agora é de uma confusão entre nós.
Engolindo o bolo que está entalado na minha garganta, bato palmas
na esperança de que meu pai me atenda. Eu preciso vê-lo, preciso saber que
ele tem se alimentado, que ele... Paro minha linha de pensamento diante da
figura que surge no portão. Meu pai está abatido, seus passos são incertos,
ele está cambaleando. Ele bebeu, concluo. Seus olhos parecem incrédulos
quando percebem que sou eu. Não demora nem um segundo para seu sorriso
de indiferença se abrir. Tomo coragem dando um passo para frente.
— Pai...
— O que... o que a puta da minha filha está fazendo aqui? — Me
interrompeu falando alto para quem quiser ouvir.
— Eu... eu quero saber se o senhor está bem? Se precisa de algo? —
A risada debochada me faz engolir em seco. Escuto batidas de portas e meus
olhos correm apressados para o carro dos King. Os três estão de braços
cruzados com os olhos presos em mim. Desvio meu olhar, voltando para meu
pai. — O senhor tem se alimentado? — A dor no meu coração por ver sua
atual situação é indescritível. Comigo cuidando dele ele já mal se
alimentava, e agora sem mim... Eu nem quero imaginar o que ele passou
desde aquela noite em que me expulsou de casa.
Meu pai dá alguns passos incertos abrindo o portão, seus passos são
tão lentos quando se aproxima de mim que por um segundo penso em ajudá-
lo. Sinto meu corpo tremer de ansiedade, será que ele... Antes de prever sua
ação recebo um tapa no rosto. As lágrimas não demoram a descer. Meu pai
me odeia e isso nunca irá mudar. A triste ilusão que eu alimentava nunca irá
acontecer. Ele nunca irá me perdoar.
— Você está com eles? Voltou ser a vadia que dorme com mais de um
homem? — Vejo sua mão se levantar de novo, fechei os olhos na espera do
golpe, contudo não sinto nada além de braços a minha volta.
— Vem comigo, princesa — A voz calma de Jayden me faz acenar
sem protestar, tudo que eu quero agora é um lugar para chorar. Dentro de
mim eu sabia o que poderia acontecer vindo aqui, mas nunca imaginaria que
seria recebida assim. Ele me bateu sem ao menos me ouvir. — Mantenha os
olhos fechados, e abrace meu pescoço, eu irei te pegar no colo, como a
princesa que é. — Faço como ele pede, e encosto minha testa no seu peito
enquanto abraço seu pescoço.
— VOCÊ É UMA VERGONHA! UMA PUTA! — Tremi nos braços
de Jayden ouvindo as ofensas do meu pai. O homem que mais amo na vida, é
o mesmo que mais me fez sofrer. Engulo o choro estridente que quer romper
da minha garganta, está claro que ele não quer mais saber de mim. O que
quer dizer que ele nunca vai querer saber desse bebê.
— Vou te contar um segredo, promete não contar para meus irmãos?
— Franzi a testa, abro meus olhos e levanto meu rosto, encontrando o sorriso
maroto de Jayden, o mesmo que ele me presenteou no dia que escrevi babaca
no carro do seu irmão. Ele nem parece se abalar com as ofensas que meu pai
continua a gritar para mim.
— O quê? — Perguntei com a voz embargada, as lágrimas ainda
rolando pelo meu rosto.
— Eu sei onde Will esconde seus filmes de ação, edições raras. Sei
onde Jordan esconde seus chocolates, e o melhor... — Ele se inclinou
sussurrando no meu ouvido — Eu sei onde está o cartão sem limites do
Oliver — Faço uma careta não entendendo o que isso tem a ver com a
situação.
— Jay...
— Vamos para casa princesa, você ficará deitada na cama assistindo
os filmes raros do Will, enquanto come os chocolates caros do Jordan. —
Ele abriu a porta do carro me acomodando no banco do passageiro. — E
quem sabe mais tarde podemos dar uma voltinha no shopping com o cartão
do Oliver?
— E o Will? E o Jordan? — Perguntei depois que ele se sentou no
banco do motorista. — Eles não vão conosco?
— Eles irão depois. — Disse acelerando o carro para longe. Arrisco
uma olhada para trás e vejo Will com o celular na orelha e Jordan falando
com meu pai. — Tudo vai ficar bem, confie em nós.
— O que pretendem fazer? — Perguntei temendo por meu pai.
— Vamos interná-lo em uma clínica de reabilitação. — Jayden diz
como se não fosse nada demais e me viro para ele chocada. — Está claro
que ele é um alcoólatra, você não pode aceitar que ele te humilhe e te bata
como se você tivesse feito algo de errado. — A vergonha me atinge em
níveis muito altos.
— Como... como você sabe? — Eu não contei para Oliver os meus
problemas, muito menos sobre os problemas do meu pai com o álcool. Na
verdade, eu nunca contei para ninguém.
— Merda! — Jayden bate os dedos no volante.
— Jayden?
— Will... ele... Will que descobriu e nos contou. — Todo mal-estar
que eu estava por conta da humilhação se dissipa, abrindo espaço para um
sentimento que não sou capaz de nomear.
— O que ele descobriu? — Perguntei hesitante. Jayden desviou o
olhar da estrada por poucos segundos para me encarar.
— Sobre seus ex, sobre o alcoolismo do seu pai e... sobre a sua mãe.
— A bile subiu na minha garganta.
Eles desconfiaram de mim e por isso deram um jeito para descobrir
sobre a minha vida pelas minhas costas? Eles não confiaram que eu diria na
hora certa e no momento que estivesse pronta? Por que todos tem que
desconfiar de mim? Por que todos precisam...
— Samantha. — Ele me chamou, porém me mantenho quieta. — Por
favor, não pense besteira. Will quis saber mais sobre a mãe do bebê dele,
não pense que ele fez por mal. — A raiva cresce dentro de mim.
— Se ele queria tanto saber de mim, por que ele simplesmente não
perguntou? Por que ele se achou no direito de querer saber de mim e sobre
minha vida pelas minhas costas? — Um silêncio desconfortável cai sobre
nós, mas não demora muito pois Jayden volta a falar.
— Ele ia respeitar seu tempo... — Sinto a exasperação vinda dele.
— Mas Jordan e eu contamos sobre o que vimos... — Franzi a testa não
entendendo o que ele quer dizer. — Contamos sobre as cicatrizes nas suas
pernas, e ele quis saber o que aconteceu para te ajudar.
Me calo visivelmente abalada com sua confissão. Eles virão minhas
cicatrizes? Não me sinto bem com tantos sentimentos e com tantas coisas
vindo para mim. Sinto falta de ar, sinto minha cabeça começar a girar quando
olho para Jayden.
— Jayden, não estou me sentindo bem. — Seus olhos voam para
mim. — Estou com falta de ar. Eu... eu estou...
Uma freada brusca me joga um pouco para frente, mas graças ao
cinto não bato com a cabeça no painel do carro. Jayden manobra o carro
para o acostamento e assim que desliga o carro, sua mão se apressa em
soltar meu cinto.
— Respira devagar. — Ele pede e faço como ele me instruiu.
— Eu... eu estou cansada de tudo. — Confessei e me desato a chorar.
— Tudo tem sido difícil. Eu não sei o que será desse bebê. — Olhei para
Jayden que escuta meu desabafo sem me interromper. — Eu não tenho casa,
eu não sei se ainda tenho um emprego. Eu mal tenho dinheiro para comprar
coisas para mim. Como vou dar conta de todas as necessidades de um bebê?
— Soluço tampando meu rosto. — E se não bastasse por tudo, estou
preocupada com meu pai.
Não sei por quanto tempo fico chorando, Jayden não diz nada por um
longo tempo. E eu o entendo, o que ele poderia dizer para uma mulher
grávida, assustada com sua realidade?
— Sam. — Sua voz ao me chamar está baixa. Devagar tiro as mãos
do rosto e o encaro. — Meus irmãos e eu vamos cuidar de você e do bebê.
Vamos dar toda a assistência que vocês precisarem, assim como estamos
fazendo com seu pai nesse momento. Will não agiu por mal, ele apenas quis
saber pelo que você passou, Oliver não sabia muito quando dividiu conosco
sobre a noite que te trouxe para casa. Nos desculpe por nos preocupar,
agimos errado. Isso não voltará a se repetir, esperaremos você contar o que
quiser quando estiver pronta, e se quiser contar, sem pressão.
Me sinto tocada pelas palavras de Jayden, e sem me importar por ser
uma chorona, me inclino na sua direção e o abraço. Suas mãos não demoram
a me cercar, e me sinto protegida nos seus braços.
— Confie em nós. Tudo vai ficar bem. — Sussurrou no meu ouvido
me dando um beijo na testa.
Fiquei em silêncio aceitando o carinho que Jayden me dava alisando
minhas costas, e vez ou outra me dando um beijo na testa. Faz tanto tempo
que não me sentia cuidada que tudo que pude fazer foi fechar os olhos e
confiar nas suas palavras.
Tudo vai ficar bem.

Rindo encaro Jayden que acelera ainda mais a R8. Não acredito em
tudo que aprontamos com o cartão do babaca. Eu sei que não devia ter
aceitado a ideia louca de Jayden, mas o que poderia fazer se estou com raiva
daquele babaca que todas as vezes que liga para Jordan se recusa a falar
comigo? Eu passei esses últimos dias me sentindo insignificante, mas os
irmãos King não me deixaram pensar besteiras, e embarquei de cabeça na
aproximação com eles. E foi a melhor coisa que eu poderia ter feito, eles são
caras incríveis, divertidos, além é claro de lindos. E essa parte é a que tem
me incomodado muito. Eu não paro de pensar nos beijos que eles me deram,
e que não voltaram a me dar desde o que aconteceu na casa do meu pai.
Era para eu estar feliz com isso, mas não é o caso. Depois de saber
que meu pai está em uma clínica tendo todos os cuidados necessários, toda a
tristeza e a tensão que estava tendo evaporou. Uma enfermeira me liga todos
os dias para me atualizar sobre o seu estado, infelizmente ele não quer falar
comigo, entretanto saber que ele está sendo bem cuidado basta para mim.
E agora que não tenho mais tanta preocupação na cabeça, eu...
Merda, eu estou vendo os King com outros olhos. E meus hormônios não têm
ajudado em nada. Quando não estou secando Jayden sem camisa cozinhando,
estou secando Will e Jordan treinando na academia, com a desculpa estúpida
de estar fazendo companhia a eles para animá-los nos exercícios. Em uma
manhã peguei o vislumbre do pau duro de Jordan coberto pela calça de
moletom, e essa é a visão que tenho usado para me masturbar à noite.
Mesclando é claro com a performance do empalador. Nem quero pensar na
vez que fantasiei com os quatro me foden...
— Sam! — O grito de Jayden me faz pular no lugar. — Onde anda
com a cabeça? Estou falando com você — sinto meu rosto pegar fogo
quando olho para ele sem graça.
— Desculpe, estava distraída pensando no ultrassom que farei daqui
a dois dias. — Menti, e pelos olhos cerrados de Jayden não sei se acreditou.
— Ok. Como estava dizendo, Oliver está muito silencioso depois
que compramos a R8 ontem — Olhei para ele incrédula.
— Compramos? Ela é sua, eu só passei o cartão. — ainda não
acredito no valor que apareceu na hora de pagar.
— Mas para todos os efeitos ela é sua. — Ele sorri e meus olhos se
prendem nos seus lábios.
Não faça isso, Samantha!
Viro meu rosto para a janela e agradeço por estarmos chegando, não
sou capaz de ficar muito tempo dentro desse carro sem ficar imaginando-me
pulando no seu colo. É os hormônios, é isso, os hormônios. Eu não quero ser
fodida pelos quatro irmãos King... Por que insisto em colocar o babaca nas
minhas fantasias?
— Sam, por que suas bochechas estão tão vermelhas? — Quase
desloquei meu pescoço virando assustada para Jayden.
— Eu... eu não... — Me calei sem saber o que falar.
Eu preciso sair desse carro agora.
Assim que Jayden parou o carro, pulei para fora como se o banco
estivesse pegando fogo. Acelero meus passos para o segundo andar, preciso
me refugiar no meu quarto. Antes que alcance a maçaneta da porta e possa
respirar aliviada, um som de desaprovação atrás de mim me faz engolir em
seco. Não pode ser.
— Sabe, senhorita Mitchell, enquanto estava em Chicago fiquei
pensando o que você estaria fazendo. — Me virei aos poucos, e parado sem
camisa com as mãos nos bolsos da calça social está o babaca que odiei
grandemente nesses últimos dias. — Pensei que estaria olhando nomes de
bebês na internet, lendo livros sobre maternidade, ou alguma coisa
relacionada a sua gravidez. — Ele deu dois passos para frente. — Agora
imagina minha surpresa por saber o que na verdade a senhorita andou
fazendo.
Jordan, você me paga.
— Eu não sei do que o senhor está falando. — Fingi uma inocência
que não existe.
— Voltei a ser senhor? — Deu mais um passo.
— Sim, afinal voltou a ser um babaca — Um sorriso se abre em seus
lábios, mas não é um sorriso de: Obrigado, eu sou mesmo. Está mais para:
Vou te mostrar o babaca.
— Fundou um clube na minha casa. — Levantou um dedo. — Fez a
festa no shopping com meu cartão. — Levantou outro dedo, só que dessa vez
ele quebrou nossa distância e eu sou obrigada a grudar minhas costas na
porta. — E por último e não menos importante, comprou uma R8 como se
estivesse comprando um carrinho da Hot Wheels. — Levantou o terceiro
dedo e os colocou na frente do meu rosto. — O que eu deveria fazer com
você por isso? — Olhei dos seus dedos para seu rosto sério, e tudo que pude
pensar e que os queria dentro de mim.
Estou louca, é isso. Preciso fugir para as montanhas, é o único jeito
de não acabar pulando nesses irmãos. Mordo o lábio inferior com força
quando seu olhar corre por meu corpo.
— Você... — Ele se cala, e é só escutar sua voz rouca que o fogo que
estava me consumindo aumenta ainda mais. Preciso de um banho... frio... se
possível com toneladas de gelo. — Senhorita Mitchell, você está bem? —
Ele sorri arrogante, sua voz uma provocação nada bem-vinda.
— Não, eu não estou. — Meus olhos descem por seu peito, encaro
seu abdome com imagens indecentes da minha língua passando por ele
invadindo minha mente que já se encontra no limite. A calça tão baixa no seu
quadril me faz lamber os lábios vendo o contorno do seu pau duro. — Eu...
— Limpo a garganta. — Eu preciso tomar um banho.
Sim, eu sou uma covarde.
— Um bom banho para você então, depois voltamos a discutir a sua
punição. — Ele roçou sua barba na minha bochecha, sua boca encostou na
minha orelha, fechei os olhos — E sim, haverá punição — soltei um gemido,
e o babaca fez questão de rir baixo no meu ouvido — E atente-se que eu não
disse quantas — ele se afastou e sinto minhas pernas tremerem.
Estou fodida. Esses irmãos querem me enlouquecer.
Eu não vou me envolver com eles.
Eu não vou entrar em outro relacionamento poliamor.
Eu não vou....
Isso, continue a mentir para si mesma.
Quem sabe eu acabe acreditando nas minhas próprias palavras?
Fazendo minha série de exercícios, com a presença persistente de
Samantha na academia, me faz questionar se tem algo a mais por trás disso.
Nos primeiros dias que ela começou a acompanhar Jordan, Jayden e eu na
academia, eu pensei que ela queria companhia para não se sentir sozinha. Eu
sei que tudo que aconteceu com seu pai foi pesado, e o fato de eu ter
contratado um detetive que descobriu tudo sobre ela, não ajudou em nada. Eu
pedi desculpas para ela, e desde então temos tentado ser amigos. O que está
tornando as coisas mais difíceis do que eu imaginei.
Jordan a beijou, Jayden também, e eu a beijei como se ela fosse a
última mulher na terra. Eu não sei o que está acontecendo com meus irmãos,
inclusive comigo. Samantha está passando por muitas coisas, e meus irmãos
e eu estamos respeitando seu espaço. E desde que nós a beijamos, temos
evitado qualquer aproximação indevida. E agora com a volta de Oliver,
conversamos entre nós três e decidimos deixá-los se resolverem. Apesar do
bebê que ela espera ser meu, está claro que ela sente algo por Oliver, assim
como meu irmão sente por ela.
Não achamos certo o que fizemos enquanto ele estava em Chicago, e
não queremos complicar o que já se encontra bem complicado. Por isso...
— Estou com sede. — Samantha se levanta da cadeira com as
bochechas vermelhas. — Aqui está quente ou é impressão minha?
Ela está excitada de novo.
Caralho.
Dou uma olhada para Jay e Jordan que respiram fundo deixando seus
halteres no chão. Há dois dias começamos a perceber que Samantha fica
excitada perto de nós. Ela tenta disfarçar, mas é tão óbvia que fingimos não
perceber para ela não se sentir constrangida. Lendo alguns livros sobre
maternidade, soube que é normal a libido das mulheres subirem na gravidez.
Assim como há casos de mulheres que não têm libido nenhuma na gravidez.
Contudo, para foder nossos juízos, Samantha tem. Eu diria que tem e muito.
— Por que não entra? Senta-se no sofá para descansar um pouco. —
Aconselho, e Samantha morde o lábio inferior.
— Oliver, está na cozinha. — Franzi a testa não entendo o que isso
tem a ver. — Ele está apenas de cueca. — Responde à pergunta que nem fiz.
Suas bochechas se colorem ainda mais de vermelho, os bicos dos seus seios
se tornam evidentes através da malha fina da blusa que está usando. É
oficial, estou duro. — Eu... eu... não posso ficar sozinha com ele.
Entendi o que está acontecendo aqui. Samantha tem evitado estar
sozinha com qualquer um de nós. Por isso só se aproxima quando estamos
juntos. Caralho, agora tudo faz sentido. Sorrio em sua direção, deixando que
meu sorriso evidencie o que acabo de descobrir.
— Ah, merda. — Praguejou evitando olhar para mim. — Eu... eu vou
me deitar para descansar. — Mentiu descaradamente e seguro a vontade de
rir.
— Faça isso, a consulta é só daqui a três hora. — Digo fazendo
questão de ajeitar minha bermuda a deixando mais baixa no meu quadril. —
Se ainda estiver com calor tome um banho frio, ira te ajudar. — Pisquei para
ela e voltei para meus exercícios, ou vou acabar dando um foda-se para o
acordo que fiz com meus irmãos para deixar o caminho livre para Oliver.
Estou cansado desse jogo.
Depois de tomar um banho e me arrumar, peguei a chave do carro,
me encaminhando para o quarto de Samantha. Não acredito que hoje iremos
ver nosso bebê no ultrassom. Eu pensei que demoraria para aceitar a ideia
de ser pai, só que não é bem assim. Estou ansioso para saber se será menino
ou menina, escolher o nome, ver seu rostinho pela primeira vez. Desde que
Samantha fez o teste, eu tenho lido sobre maternidade e os primeiros
cuidados que um recém-nascido precisa. Descobri várias coisas importantes,
e a cada dia que passa a felicidade de ser pai me invade mais forte.
Antes de bater na porta de Samantha para dizer que estou pronto,
escuto grunhidos baixos. Franzo a testa tentando decifrar o que os sons
significam. Ela está com dor? Os sons parecem dor. Sem pensar no que estou
fazendo, invadi seu quarto, e...
— Porra!
Olhei chocado para a cena que se desenvolvia na minha frente.
Jayden está no meio das pernas de Samantha, enquanto Jordan está mamando
seus peitos como se fosse um bebê esfomeado. Ambos ainda estão vestidos
com as bermudas de malhação, com os corpos suados. Eles saíram mais
cedo do treino para isso?
— Custava ter trancado a porra da porta, Jay? — Jordan está sério,
Samantha está de olhos arregalados olhando para mim e Jayden dá os
ombros, como se o fato de o pegar de boca na boceta de Samantha não fosse
nada demais.
— Você mal me deixou entrar no quarto, acha mesmo que ia me
preocupar em trancar a porta? — Jay jogou de volta para Jordan que se
levantou da cama evitando olhar para mim.
Samantha está descabelada, nua, a tolha que evidencia seu banho está
jogada em frente a porta do banheiro, onde provavelmente eles a atacaram
sem dar-lhe chances de recuar. Espero a ira se apossar de mim, mas tudo que
sinto é um leve pulsar no meu pau. Merda. Samantha se senta, o
constrangimento por ser pega na cama com meus irmãos está evidente no seu
rosto. Me obrigo a virar de costas, dando a fodida privacidade que eles
precisam para se recompor.
— Estarei na sala te esperando — Antes de fechar a porta, respiro
fundo tentando controlar a rouquidão na minha voz. — Eu irei ligar na
clínica e dizer que iremos nos atrasar um pouco.
Não esperei eles dizerem nada, saí do quarto pensando nos vários
sentimentos conflitantes dentro de mim. Eu sabia que Jayden e Jordan
estavam no limite sobre o que estão sentindo sobre Samantha, mas porra,
fizemos um acordo. Concordamos em nos afastar e deixá-la se acertar com
Oliver. Ao que parece meus irmãos estão pouco se fodendo para o acordo e
para Oliver. Sinceramente não sei o que pensar com o que eu vi.

Andando de um lado para o outro na sala, tentava inutilmente


assimilar o que vi. Eu sei que desde que Samantha entrou nas nossas vidas,
cada um de nós ficou arrebatado por ela. Oliver foi o primeiro, eu fui o
segundo sem nem saber quem era ela, depois que ela veio morar conosco foi
a vez de Jayden e Jordan. Nós estávamos entrando numa espiral de desejo
sem nem perceber, e agora que Samantha começou a deixar transparecer que
nos quer, acredito que isso tenha sido o estopim para Jayden e Jordan
deixarem tudo de lado e se entregarem de vez para o que querem. Ela.
— Will. — Oliver surge na porta, parece ansioso. — Que bom que
consegui pegar você em casa. — Ele jogou sua pasta no sofá. — Eu quero ir
com você e a Samantha na clínica... eu sei que não sou o pai... — Coçou
atrás da cabeça. — Eu posso ir com vocês? Se não tiver problemas para
você, é claro.
Para Oliver sair no meio do expediente da empresa, está claro que
estar com Samantha na clínica é importante para ele, como é para mim. Seus
olhos estão ansiosos olhando para as escadas, meu irmão está tão atraído por
Samantha que esse foi um dos motivos que eu aceitei meu papel na vida dela,
sendo apenas o pai do seu bebê. Se Oliver está conseguindo passar por cima
do que viveu com Vanessa para estar perto de Samantha, está óbvio que ele
tem sentimentos profundos por ela. E por isso, e só por isso, eu tenho que
perguntar.
— Oliver, você gosta dela? — Atirei a pergunta. Seus olhos se
desviam das escadas e me encaram alarmados.
— Will, eu sei que você é o pai. Eu nunca irei me apossar de algo
que não é meu. — Consigo enxergar através da dor do meu irmão. — Eu só
quero estar perto dela, eu gosto do jeito que ela me desafia, da sua boca
atrevida me levando além do limite... — Sorriu. — Sim, eu gosto dela. —
Confessou.
Ver a verdade estampada na sua cara, só me faz me sentir mal pelo
que vi. Se Samantha sente ao menos que seja um pouco do que Oliver sente
por ela, acredito que ela não deveria estar com Jayden e Jordan na sua cama.
Sei que não tenho direito nenhum de querer julgá-los, ou de sequer dizer o
que eles devem, ou não fazer. O que de fato me incomoda nessa história é
eles terem feito pelas costas de Oliver, sabendo que ele sente algo por ela.
Sem dizer o bebê no meio disso tudo, não quero que se algo der errado
Samantha se afaste de nós, consequentemente me afastando do meu filho.
— Oli, eu preciso te contar...
— Will! — A voz de Jordan atrás de mim, contém repreensão ao me
interromper. Não quero olhar para ele e nem para o Jayden. Não posso fingir
que não vi o que eu vi.
— Ainda em casa? Pensei que já estava na empresa. — Oliver fala
com Jordan e nem percebe a animosidade entre nós.
— Estou indo agora. — Respondeu e saiu porta fora mal olhando
para mim.
Jordan está claramente irritado, resta saber se é por ter sido pego, ou
por perceber o que fez. Jordan além de irmão de Oliver e seu melhor amigo.
Se tem alguém que sabe o tanto que Samantha significa para Oliver, esse
alguém é ele. E se eu estiver certo, ele deve estar se odiando nesse momento.
— Aconteceu alguma coisa que eu deva saber? — A pergunta de
Oliver é a brecha para eu contar o que eu vi, mas não posso agir na
impulsividade, irei deixar que Jordan, Jayden ou Samantha conte. Se eles se
importam com os sentimentos de Oliver irão ser honestos com ele.
— Aconteceu, mas não serei eu a dizer. — Oliver assentiu, e ficamos
em silêncio esperando Samantha descer para irmos para a clínica.
Eu espero que meus irmãos e a Samantha saibam o que estão fazendo.
Eu não quero que nenhum deles saia machucado se algo não acabar bem.
Talvez, o medo de machucar um dos meus irmãos, e principalmente a
Samantha seja o que me faz me manter longe dela. Eu quero ser seu amigo,
quero apoiá-la em tudo que precisar. E o meu desejo por ela... um dia terá
que acabar.
É impossível ficar perto desses irmãos e não pensar em coisas
inapropriadas. Eu estou sendo a mais forte que posso em ir contra meus
desejos, mas não tem sido fácil. Aceitando que preciso me afastar, vou para
meu quarto, um banho frio terá que ajudar, como já tem me ajudado desde
que esse desejo insano pelos irmãos King começou. Eu sei que não deveria
estar desejando-os, que tudo que eles estão fazendo ao me ajudar, tem mais a
ver com o bebê do que comigo, propriamente dito. E por isso que todas as
vezes que me afasto deles e fico sozinha, me sinto mal por estar desejando-
os assim.
Eu sei o que foi estar em um relacionamento poliamor, sei os
obstáculos que passei com os Allen, sei como não foi fácil. E eu nem sei o
que os King poderiam me oferecer além do sexo, não conheço eles, na
verdade, não sei nada sobre eles. Acredito que eles nem sequer imaginam o
que se passa na minha cabeça, eu sei que eles sabem sobre o relacionamento
poliamor que eu tive com os Allen, contudo eles não tocaram no assunto
comigo. Eu tenho minhas dúvidas do porquê eles não me perguntaram nada,
pode ser pelo fato que não diz nada a respeito a eles, ou porque meu antigo
relacionamento é algo que eles não veem com bons olhos.
Eu estou enlouquecendo com tantas teorias e tantos desejos. Eu
preciso me colocar no meu lugar, e entender que o que tive com os Allen não
será o que eu terei com os King, eles querem ser meus amigos, eles estão me
ajudando, e o que me resta a fazer e não bagunçar as coisas por causa de
desejos impróprios. O melhor que faço é ficar quietinha na minha, uma hora
todo esse desejo terá fim.

Saio do banho me sentindo melhor do que mereço, está na hora de


pensar somente no melhor para meu bebê. Talvez seja a hora de pedir um
emprego para os King, para assim poder me tornar independente.
Estou tirando a toalha do meu corpo para me secar quando Jayden e
Jordan invadem meu quarto, ambos suados e sem camisas. Jayden pisca para
mim fechando a porta, enquanto Jordan caminha na minha direção.
Seja forte Samantha, rogo para mim mesma quando Jordan para na
minha frente me despindo com os olhos. Suas mãos seguram as minhas que
apertam a toalha como um bote salva-vidas.
— Chega de negarmos o que queremos? — Perguntou puxando a
toalha das minhas mãos e eu a deixei ir. Jordan a deixou cair aos meus pés,
seus olhos se acenderam como duas chamas vivas ao percorrer meu corpo
— Deite-se na cama — Não foi um pedido que saiu dos seus lábios, mas sim
uma ordem — Agora — minhas pernas tremeram ao dar os primeiros passos.
Quando me deitei na cama, Jayden estava ao lado de Jordan, os dois
me olhando com a clara intenção de me devorar. Toda a apreensão que eu
tinha de me envolver com os King caiu por terra. Eu sei que não posso
resistir a eles, negando que eu não os quero. Não me importando com mais
nada, abri minhas pernas dando a eles a visão completa da minha boceta.
Jayden foi o primeiro a cair de joelhos segurando minhas pernas bem
abertas, senti sua língua me varrer completamente, gemi de necessidade, meu
clitóris implorando para receber sua atenção.
— Deliciosa. — Disse voltando a me chupar com mais vontade.
Jordan sentou ao meu lado, seus dedos brincando com os bicos dos
meus seios. Pela sensibilidade que comecei a sentir nos últimos dias, seus
toques me fizeram gemer alto. Sua boca cobriu a minha engolindo meus
gemidos, tua língua não foi gentil como da última vez. Segurei seu cabelo o
puxando com força, eu quero mais dos seus beijos.
— Eu quero que você puxe meu cabelo assim, quando minha boca
estiver devorando sua bocetinha molhada. — Sussurrou no meu ouvido. —
Agora, eu preciso desses peitos na minha boca. — Sem dizer mais nada ele
abocanhou um seio inteiro, me fazendo urrar de excitação.
— Eu preciso... por favor — gemia enlouquecida quando Jayden me
lambeu em um lugar que eu não esperava. — Oh, merda. — Segurei sua
cabeça esfregando-me na sua cara.
— Assim mesmo princesa, eu amo levar surra de boceta na cara. —
Jayden riu se esfregando mais.
Eu não vou aguentar mais, eu preciso gozar. Jordan trocou de seio,
sugando mais forte, me fazendo delirar sentindo dor e prazer ao mesmo
tempo. Apertei meus olhos me concentrando no meu prazer, mas antes que a
libertação me alcançasse ouvi uma voz que fez meu sangue gelar, e minha
excitação acabar.
— Porra!
Meus olhos saltaram das órbitas vendo Will dentro do quarto
olhando para nós com horror. As palavras que quero dizer não saem da
minha boca. Me sinto dentro de um pesadelo.
— Custava ter trancado a porra da porta, Jay? — A voz de Jordan
me faz ver que não é um pesadelo.
— Você mal me deixou entrar no quarto, acha mesmo que ia me
importar em trancar a porta?
Me obrigo a me sentar, a vergonha que me consome é enorme. O que
eu fui fazer? Onde eu estou com a cabeça? Eles estão me ajudando e na
primeira oportunidade eu estou na cama com dois deles. Sinto enjoo pela
minha atitude. Will se virou de costas evitando olhar para nós e eu o
entendo, deve estar com raiva de mim. Talvez meu pai esteja certo, eu sou
uma puta que gosta de foder com vários homens.
— Estarei na sala te esperando. Eu irei ligar na clínica e dizer que
iremos nos atrasar um pouco.
A fala de Will antes de sair do quarto acaba comigo. Ele estava me
esperando para irmos na clínica ver nosso bebê, e eu estava deitada
deixando seus irmãos fazerem o que quiserem comigo. Tampo meu rosto
sentindo vergonha por ser assim. Evito olhar para Jayden e Jordan, tudo que
eu quero é ficar sozinha, não preciso sentir vergonha tendo uma plateia.
— Vocês podem me deixar sozinha? — Pedi com a voz embargada.
— Sam...
— Eu quero ficar sozinha. — Interrompi o que Jayden iria dizer, eu
não quero ter que olhar nos rostos deles. — Só saiam.
Não tirei as mãos do rosto até ouvir a porta bater, e quando dei conta
que estava sozinha no quarto, me deitei de lado e chorei me sentindo a pior
mulher do mundo.
O que eu fui fazer?
Não sei quanto tempo passou, eu continuo deitada na cama. A
vergonha não me deixa descer e encarar o Will. Acho que nunca poderei sair
deste quarto. Volto a chorar me odiando por ser assim, me odiando por ser
uma puta que só sente tesão estando com mais de um homem. Alguém bate na
porta do quarto e me escondo debaixo do lençol, não quero ter que olhar nos
olhos de Will e dizer como eu não valho nada, e que se ele quiser que eu
saia da sua casa irei sair.
— Samantha? — Ah, não, tudo menos isso. — Está tudo bem? Eu
posso entrar? — Ouvir a voz de Oliver faz a vergonha aumentar.
A porta se abriu e com a pouca confiança que me resta, saí de baixo
do lençol, pronta para encará-lo. Porém a pouca confiança que me resta se
abala quando Will entra com ele. Seus olhos varrem o quarto e a toalha
continua jogada no mesmo lugar, eu ainda continuo nua, com o lençol
cobrindo minha nudez. A diferença dessa vez é que Jayden não está
chupando minha boceta e Jordan não está mamando meus seios.
— Samantha, o que aconteceu? — Oliver pergunta, e eu sou incapaz
de mentir para o homem que me ajudou.
— Will, pegou Jayden chupando minha boceta, e Jordan mamando
meus seios — seus olhos se arregalaram diante da minha confissão. — E eu
entenderei se vocês quiserem que eu vá embora.
Will manteve seus olhos em Oliver, e eu o entendo, por que ele
olharia para uma puta como eu? Talvez o melhor que eu faça é ir embora.
— Will, pegou Jayden chupando minha boceta, e Jordan mamando
meus seios. E eu entenderei se vocês quiserem que eu vá embora.
Repasso mais uma vez as palavras que saíram da boca da Samantha,
e ainda penso que ouvi errado. Dou uma olhada para meu lado direito e Will
me encara tão chocado como acredito que eu esteja com as falas de
Samantha. Meus olhos se voltam para a mulher na cama, e é notável seu
desconforto olhando de mim para Will.
Quando fui para a empresa, senti algo me incomodar pensando que
hoje é o dia que Will e Samantha irão para a clínica verem o bebê. Tentei
focar no meu trabalho e não pensar sobre isso, mas foi impossível não
imaginar Samantha deitada na maca vendo o seu bebezinho pela primeira
vez. Eu sei que eu não tenho direito nenhum de estar ao seu lado segurando
sua mão, babado em uma tela pequena, mas inferno, eu quero estar ao seu
lado, eu sei que o bebê não é meu, e que Samantha também não é, mas eu
quero estar ao seu lado. Eu quero ver o sorriso que irá se abrir quando ela
olhar para aquela pequena tela que eu desejei tanto olhar quando Vanessa me
disse que estava grávida.
Por querer presenciar isso, eu não me importei de sair no meio do
expediente, não me importei de chegar em casa olhar nos olhos de Will e
pedir para acompanhá-los. Contudo, algo não me pareceu estar certo, Jordan
ainda estava em casa quando cheguei, e ele mal olhou para Will quando saiu
pela porta. E depois da conversa que tive com Will, estava claro que algo
aconteceu, mas Will não quis me contar o que tinha acontecido, e ficamos
aguardando Samantha descer para irmos para a clínica, mas ele nunca
desceu.
Olhando para seus olhos vermelhos, comprovei que ela não desceu
pois estava chorando. Eu não sei nomear o que estou sentindo nesse
momento. Ela estava com Jayden e Jordan quando foram pegos por Will, no
seu rosto é possível notar a vergonha e o arrependimento. Eu sei que não
devo me sentir traído pois não temos nada um com outro, mas me sinto. Ela
sente algo por Jayden e Jordan? A quanto tempo eles estão fodendo juntos?
Desde que fui para Chicago? Jordan me garantiu que mal falava com ela. Ele
mentiu para mim?
— Por favor, diga alguma coisa. — Samantha pediu, as lágrimas
rolando por seu rosto.
Por que está doendo? Eu não sou apaixonado por ela para estar me
sentindo tão traído. Ela pode se relacionar com quem quiser, eu apenas a
ajudei, não sou seu namorado, muito menos temos qualquer tipo de
relacionamento, mal nos damos bem. Então por que dói? Por que eu quero
sair desse quarto e não voltar a olhar na cara dela pelos próximos dias?
— Eu não tenho nada para dizer. — Disse depois de longos segundos
em silêncio. — Eu só vim ver se você estava bem antes de ir para a clínica.
— Coloquei as mãos dentro dos bolsos da calça. — Agora preciso voltar
para a empresa, só voltei para a casa porque esqueci alguns papéis. —
Menti e não olhei para Will que poderia me contradizer. — Depois que
voltarem da clínica me enviem uma mensagem para dizer como o bebê está.
— Dei as costas mal olhando para Will, mas antes que pudesse sair do
quarto Samantha falou e me virei para ouvi-la.
— É isso? — Perguntou limpando o rosto. — É tudo o que tem para
me dizer? — Pareceu irritada ao me questionar.
O que ela quer que eu diga? Que estou puto? Que estou com raiva?
Que quero socar a cara do Jayden e do Jordan? Principalmente do Jordan.
— Eu não sei o que você espera que eu diga. — Me aproximei dela.
— Samantha você é solteira, meus irmãos até onde eu saiba também são.
Você não me deve nenhuma explicação. — Me sentei ao seu lado limpando
seu rosto. — Não precisa achar que me deve algo, porque não deve. Estamos
de acordo? — Perguntei camuflando meu desconforto com tudo.
— Sim. — Dei um beijo na sua testa me obrigando a me levantar e
sumir dali o quanto antes.
— Perfeito, nos vemos depois.
Saí apressado do quarto antes que ela me chamasse de volta, e deixei
que ela conversasse com Will. Ao contrário de mim, talvez Will esperasse
uma explicação, afinal ela espera um bebê dele. Desci as escadas, peguei
minha pasta e voltei para onde eu sabia que seria mais útil, e que não
deveria ter saído.

As horas demoraram a passar, e meus pensamentos estavam presos


em Samantha e no que ela me confessou. Não consegui me concentrar nas
reuniões que tive por videoconferência, e as poucas vezes que esbarrei com
Jordan pelos corredores da empresa, fingi não saber de nada. Em nenhum
momento ele se mostrou interessado em conversar comigo para contar o que
aconteceu entre ele e a Samantha. Jayden eu não vi o dia inteiro, eu nem sei
se ele veio para a empresa. Will me mandou uma mensagem horas depois
dizendo que eles foram para a clínica e que está tudo bem com o bebê,
poucos minutos depois recebi uma mensagem dela que eu preferi não ler.
Volto a ler o documento nas minhas mãos tentando assimilar as
cláusulas e as letras miúdas, não sou eu que lido com isso, é o Jordan, mas
no momento tudo que eu menos quero é estar num espaço fechado com ele,
ainda por cima ouvindo sua voz. O que mais me deixa magoado com a
história é o fato do meu irmão e melhor amigo não ter me contado que olhava
para Samantha com outros olhos. Jayden eu meio que sabia que queria entrar
na sua calcinha. Agora Samantha e Jordan? Isso sim foi uma fodida surpresa.
— Posso entrar? — A cabeça de Jordan estava meio para dentro da
minha sala, eu nem ouvi ele abrindo a porta.
— Estou ocupado. — Voltei a ler o documento, fingindo que sua
presença não me magoa.
— É importante. — Coloquei o documento sobre a mesa e voltei a
encará-lo.
— Certo. Fale então. — Fingi indiferença, mal conseguia olhar para
ele e não imaginar a cena que a Samantha me descreveu.
Jordan entrou puxou a cadeira se sentando na minha frente, e como
menos dei por mim ele cobriu seu rosto, soltando um suspiro alto.
— Oli, eu fodi com tudo. Eu pisei na bola muito feio com você, e vou
entender se você não quiser mais olhar na minha cara. — Me empertiguei no
meu lugar.
— O que você fez? — Perguntei já sabendo a resposta, Jordan
levantou a cabeça para me encarar.
— Eu... dei uns amassos na Samantha... — Parou de falar esperando
minha reação, mas me mantive em silêncio, Jordan percebendo que eu não ia
dizer nada tomou fôlego, voltando a falar. — Com o Jayden, eu dei uns
amassos nela com ele, e porra, foi a melhor coisa que já fiz. — Enruguei a
testa, fingindo que a curiosidade não me bateu para saber mais sobre como
foi esses amassos.
— Tudo bem. Era só isso? — Jordan pareceu não entender meu
comportamento, nem eu mesmo entendia. Estou enciumado, mas não quero
deixar que isso transpareça.
— Você não está bravo por eu acabar de dizer que estava dando uns
amassos na sua garota? — Perguntou incrédulo. Ele sabe o quanto sou
possessivo com tudo que me pertence, mas mal sabe ele que Samantha não
me pertence. Ela nunca pertenceu.
— Minha garota? — Ri sem vontade. — Estamos na faculdade de
novo? — Balancei a cabeça. — Ela não é minha, não temos nada. —
Enrugou sua testa e sei que fui pego na mentira.
— Então... sem problemas se eu continuar dando uns amassos nela?
— Cerrei meus punhos debaixo da mesa longe dos seus olhos espertos. —
Com o Jayden? — Acrescentou o outro idiota, e dei os ombros pouco me
fodendo.
— Eu não tenho que dar minha benção, Jordan, se quiserem fazerem
uma suruba eu não ligo. — Abaixei meus olhos para meu documento.
— Gostei da ideia, vou pensar em chamar o Will, quem sabe ele e a
Sam topam? — Me provocou, mas não cai na sua provocaçãozinha infantil.
— Estamos bem? — Perguntou sério, levantei meus olhos e vi a sua
preocupação de que não estivéssemos.
— Sim, estamos. — Não menti, por mais que ainda não soubesse o
que estava sentindo sobre os amassos que ele deu em Samantha junto de
Jayden. — Agora suma daqui, porque preciso trabalhar.
— Sim, senhor.
Jordan saiu da minha sala mais tranquilo que entrou, e isso me fez
perceber que todo seu nervosismo era por não saber como eu agiria. Por
mais que esteja chateado, eu preciso ser realista, eu não tenho nada com
Samantha, com quem ela está não me importa, assim como se eu resolver
sair com outra ela não poderia dizer nada. Será que ela diria? Balanço a
cabeça tirando esses pensamentos da minha cabeça e voltando a trabalhar.
Um mês! Um maldito mês se passou, e Oliver não fala mais comigo
além do essencial, que se enquadra em: Oi, bom dia, boa tarde, boa noite,
sim, não, estou atrasado, preciso ir, nos vemos depois, tchau. Eu tenho sido
paciente, eu juro que tenho sido, conversei com o Will sobre o que rolou
entre Jordan, Jayden e eu, e Will pareceu encarar tudo numa boa, melhor que
foi com o babaca. Sim, ele voltou ao seu posto antigo.
O babaca engomadinho certinho e sem falhas.
Eu pensei que as coisas poderiam piorar o convívio com os irmãos
depois da minha safadeza com o Jay e o Jordan, mas não poderia estar mais
errada, as coisas se tornaram melhor. Jay se tornou um grande amigo, me faz
rir como ninguém, e graças a ele aprendi a cozinhar vários pratos chiques,
contudo vez ou outra ainda toca no assunto da nossa pegação, o que me
ocasiona calcinha molhada, e meu rosto pegando fogo.
Jordan por outro lado se tornou um confidente, conto coisas para ele
que não conto para Will e Jay, sem dizer que ele foi fofo em estar ao meu
lado no dia do aniversário de morte da minha mãe, passou o dia comigo
assistindo filmes e comendo chocolates. Will é um cara incrível e tenho
certeza de que será um excelente pai, ele tem me ajudado em tudo sobre
maternidade, tem tirado todas minhas dúvidas, além é claro de ser o cara que
me leva para visitar meu pai. No começo meu pai não me recebia, mas
depois de uma conversa que ele teve com o Will, ele aceita que o veja, são
poucos minutos, mas para mim tem sido um sonho, não falamos sobre muitas
coisas, e as coisas que falamos se resume ao tempo e suas refeições. Ele tem
tido um bom progresso, mas eu ainda temo que assim que tiver alta ele volte
a beber.
Tudo poderia ser considerado perfeito, mas não tá, tudo por causa de
uma única pessoa. Oliver babaca King. Eu estou chateada com ele, tenho
tentado me aproximar, mas ele tem me evitado e nem me dá brechas para
conversar. Estou cansada de esperar, estou cansada de deixá-lo no seu canto,
ele é tio do meu bebê, e eu quero que ele participe de tudo relacionado a
ele. Por isso, aqui estou eu, vestida com roupas sociais pronta para começar
meu trabalho sendo a secretária dele e do Jordan. Claro que agimos por suas
costas, e a única coisa que ele sabe é que uma nova candidata tentará a vaga,
já que demitiu a que contratou no mesmo dia que a pobre começou. Fiz
questão de sair meia hora antes dele, para ter o prazer de estacionar a R8 do
Jayden na maldita vaga dele.
Em frente ao elevador Jordan me aguarda com um sorriso lindo nos
lábios. A ideia de estacionar na vaga do babaca foi dele, e a ideia de vir
com a R8 foi do Jay, ele me lembrou que Oliver acredita que o carro seja
meu. Carro esse que ele comprou para mim. Will apenas me aconselhou a
fazer o dia de Oliver difícil, e eu estou ansiosa para começar.
— Acha que ele vai ficar muito zangado? — Perguntei ficando ao
lado de Jordan esperando as portas do elevador se abrirem.
— Um pouco. — Disse sorrindo trazendo sua mão para minha
barriga. — Está ficando cada dia mais aparente. — Sorri cobrindo sua mão
com a minha. — Estou ansioso para saber o sexo.
— Eu também, Will garante que é uma menina, Jay disse que é
homem com certeza — As portas se abriram e entramos ainda
compartilhando um dos muitos momentos que temos. Jordan adora alisar
minha barriga. Jay ama beijá-la, e Will ama fazer as duas coisas.
— É uma menina, e será tão linda como a mãe. — E lá está mais uma
vez o tremor que me invade quando dividimos esses momentos. Olho para
sua boca morrendo de vontade de beijar seus lábios. — Sam, você sabe que
é só pedir. — Sim, eu sei. Ele deixou bem claro na conversa que tivemos
algumas semanas atrás. Tanto ele como Jay e Will querem tentar um
relacionamento poliamor comigo, mesmo eles não sabendo como funciona.
Eu quero dizer sim, mas... As portas se abrem e saímos, acompanho Jordan
até onde será meu local de trabalho.
— Estou nervosa. — Confessei.
— Não fique, você sairá muito bem. — Seu braço passa por cima do
meu ombro. — Sabe que pode me chamar a qualquer momento.
— Eu sei, obrigada. — Sorri e sem esperar pela sua atitude, Jordan
roçou seus lábios nos meus.
— Jordan...
— Um beijo, apenas um beijo, Sam. — Pediu e não fui capaz de
negar, eu quero isso tanto ou mais que ele.
Abri minha boca para receber sua língua, e não contive o gemido que
escapou apenas por senti-la contra a minha. Enrosquei minha mão no seu
pescoço passando as unhas pela sua nuca, suas mãos apertaram minha
cintura, me fazendo arfar dentro da sua boca. Eu quero isso, eu quero Jordan,
assim como quero Will e Jay. Eles aos poucos me fizeram voltar a ter
confiança em mim, me fizeram enxergar que não é errado gostar de mais de
um. Eles são divertidos, eles me fazem bem, eles se preocupam comigo, eles
se importam com o bebê. Eu posso tentar...
— Que bonito! — A voz contrariada de Oliver me assustou me
fazendo desvencilhar dos braços de Jordan, e desgrudar minha boca da sua,
me virando para um homem lindo de terno que está com o rosto vermelho. —
Posso saber por que a merda daquela R8 está estacionada na minha vaga? —
Seus olhos foram de mim para Jordan, voltando e parando em mim. — Estou
esperando uma resposta.
Ele quer uma resposta? Pois ele terá a merda de uma resposta.
— Porque eu sou a sua nova secretária. E como estou grávida
mereço a melhor vaga. — Respondi de peito estufado, pronta para rebater
qualquer afronta que saia por aquela boca arrogante.
— Você o quê? — Perguntou dando alguns passos para perto de mim
e de Jordan que se mantinha no mesmo lugar.
— Serei. Sua. Nova. Secretária. — Falei pausadamente. — Entendeu
ou quer que eu desenhe? — Provoquei e ele praguejou algo que eu não fui
capaz de ouvir.
— Você não será. — Disse se aproximando mais.
— Sim eu serei. — Dei uns passos ficando peito a peito com ele.
Mesmo tendo que olhar para cima, não deixarei que ele pense que irei baixar
minha cabeça.
— Eu posso te demitir. — Disse com a boca próxima da minha.
— Você pode tentar, nada te impede. — Engoli o caroço por sentir
tanta falta dele.
— Se quer assim, por mim tudo bem. Eu irei fazer da sua vida um
inferno aqui dentro — A arrogância na sua voz, fez toda a falta que eu senti
dele ir para a puta que pariu.
— Me dê o seu pior, senhor babaca King. — Dei as costas para ele
fazendo questão de jogar meu cabelo no seu rosto.
Ao me virar vi o sorriso de Jordan, e contive a vontade de revirar os
olhos. Com passos decididos eu mesma fui à procura da minha mesa. Oliver
babaca King não perde por esperar. Ele quer fazer da minha vida um
inferno? Pois que ele tente. Vamos ver quem perde esse jogo primeiro.
De longe assisto em silêncio ao embate da Sam e Oliver. Meu irmão
está tão apaixonado por ela que mal consegue disfarçar. Na verdade, os dois
estão apaixonados e mal conseguem disfarçar. Eu sei que a Sam só não
aceita dar uma chance para Will, Jordan e eu, por causa do Oliver. Se o
babaca estivesse na jogada ela já teria dito sim a nós há muito tempo, e
provavelmente agora estaríamos juntos e fodendo feliz. Dou uma olhada para
o Will que está ao meu lado vidrado nos dois se provocando. O sorriso que
meu irmão abre no canto da boca não me passa despercebido.
— Isso são preliminares para eles. — Disse expandindo seu sorriso.
— O quê? — Perguntei confuso.
— Quer apostar comigo que ele está duro, e ela está molhada? —
Voltei meus olhos para eles e tento reparar no meio das pernas do meu
irmão, já que infelizmente eu não ponderei enfiar meus dedos dentro da
boceta da Sam para comprovar se o que meu irmão disse é verdade.
Sim, Oliver está duro. Aquele volume não dá para disfarçar.
— Por que eles não assumem o que sentem? — Perguntei frustrado.
— Nós mandamos a real para ela. Sam sabe que queremos tentar algo entre
nós, sabe que gostamos dela, mas ela insiste em dizer não. É por causa do
Oliver, eu tenho certeza, mesmo ela dizendo que não.
— Eles se gostam, eu diria que é até mais que gostar, mas o
problema meu irmão e que eles são dois cabeças duras. — Voltei a olhar
para Will, prestando atenção no que me fala. — Talvez esteja na hora de nós
ajudá-los, só assim para os dois se acertarem, e quem sabe ficarmos todos
juntos?
Todos juntos? Will esqueceu como nosso irmão é possessivo? Oliver
não irá querer compartilhar a Sam, e mesmo que queira, ele precisa estar
disposto a fazer esse relacionamento funcionar, e não vejo Oliver pulando de
cabeça em um relacionamento com vários outros parceiros envolvidos.
— Como? — Perguntei animado, apesar dos pesares eu quero a Sam,
e eu quero que ela me queira também, e que se para isso acontecer
precisamos de Oliver, que assim seja.
— Vamos ajudar Oliver a infernizá-la. — Enruguei a testa, com
certeza a falta de sexo está afetando a cabeça do Will.
— O quê? Nem fodendo. — Grunhi. — Sam não pode ficar irritada
estando grávida, não faz bem para o bebê. — Expliquei o que ele parece ter
esquecido.
— Não é uma irritação que possa fazer mal para minha estrelinha. —
Bufei irritado.
— Que porra de estrelinha, já disse que é homem. Homem. — Will
revira os olhos e quero muito mandar-lhe a merda.
— Ok, não vamos voltar a discutir sobre isso. — Ele está certo. Eu
sei que é homem, não tem o porquê eu me alterar todas as vezes que ele e
Sam usam disso para me provocar.
— Voltando a tramar contra nossa mulher e nosso irmão. — Nossa
mulher, gostei disso. — Jay, pense comigo. Os embates são preliminares
para eles, o que aconteceria com tantos embates assim por dia? — Assenti
entendo o que a mente diabólica do meu irmão está pensando.
— Foda selvagem. — Respondi querendo muito participar.
— Sim, foda selvagem. — Concordou me dando uma piscada.
— Oliver vai se dar bem. — Digo sentindo um pouco de inveja. —
Enquanto isso continuamos com nossas mãos. — Levantei minha mão
calejada de tanta masturbação.
— Pense pelo lado positivo.
— Qual lado positivo? — Perguntei vendo Sam jogar os cabelos na
cara de Oliver que fecha os punhos ao lado do corpo.
— Logo estaremos a fodendo... juntos. — Sorri imaginando vários
cenários em que acabam com Sam entalada com nossos paus, ou seria
começam?
— Contando os dias, irmão. Contando os dias. — Disse acenando
para Jordan que nos encarava com uma ruga na testa.
Nosso irmão não imagina como estamos empenhados para fazer esse
poli acontecer. Tenho dó da Sam por ter que aguentar o que virá na sua
direção, mas eu a recompensarei com muitas chupadas naquela boceta
gostosa que ela tem. Será que isso bastará para que ela me perdoe quando
descobrir que estaremos ao lado de Oliver para infernizá-la? Tomara que
sim.

Não está dando certo! Concluo ao ver Sam prestes a pular no


pescoço de Oliver. Conforme os dias foram passando está claro que meu
plano com Will não está dando certo, acredito que tenha chegado o momento
de conversar com meus irmãos e sermos sinceros sobre a Sam. Se a
queremos como já ficou claro que queremos, talvez esse seja o momento
certo de esclarecer as coisas.
— Eu sou sua secretária e não sua escrava, se não está bom me
demite, caralho! — Sam gritou na cara de Oliver que estava com o rosto
vermelho.
— Sua petulante boca suja! — Se aproximou ficando com o rosto a
centímetros do dela. — Aqui dentro eu é que mando, apenas me obedeça e
faça seu serviço. — Corajoso devo admitir.
— Claro, senhor babaca King, irei fazer a merda do meu serviço —
se virou de costas para Oliver, me encontrando parado na porta. — Perfeito,
isso é perfeito, mas um babaca King para terminar de estragar meu dia. —
Aí, essa doeu.
— Boa tarde, para você também amor. — Pisquei um olho tentando
ser charmoso, mas tudo que eu consegui da mulher furiosa na minha frente foi
um revirar de olhos.
Como eu queria pegá-la agora e acabar com toda sua irritação a
fodendo em cima da mesa do Oliver. Toda a vez que a vejo furiosa fico
louco para fodê-la, será que estou virando masoquista? Se Sam me desse
uma surra eu iria gostar? Se fosse uma surra bem dada de boceta eu não iria
gostar, eu iria amar.
— E dessa vez vê se não esqueça do meu café! — Oliver ordenou
fazendo Sam parar seus passos e o olhar por cima do ombro.
— Como desejar, senhor King. — Sorriu diabólica saindo da sala.
— Você sabe que ela vai cuspir no seu café, não sabe? — Perguntei
adentro a sala fechando a porta para nos dar privacidade para conversa que
teremos.
— Eu sei. — Foi tudo o que disse se sentando na sua cadeira. —
Essa mulher quer me enlouquecer. — Sorri e isso chamou a atenção do meu
irmão mais velho. — Qual a graça? — perguntou irritado.
— Precisamos ter uma conversa sobre ela. — Foi tudo que precisei
dizer para ter sua atenção. — Só precisamos esperar Will e Jordan. —
Oliver assentiu e esfreguei minhas mãos ansioso para que tudo ficasse
esclarecido entre nós.

Quando eu abri minha boca contando tudo para Oliver e Jordan,


parecia que estava contando a pior coisa do mundo. Oliver me olhava com
ódio e Jordan com decepção. Will ficou ao meu lado explicando a realidade
que meus irmãos parecem não querer enxergar diante dos seus olhos.
Queremos a Samantha, e não existe outro modo de ficarmos com ela se não
for através de um relacionamento poliamor. É isso que Will e eu estamos a
mais de meia hora tentando explicar para Oliver, Jordan pelo menos já
aceitou.
— E quem foi que disse que eu quero ficar com ela? — Perguntou
fingindo indiferença.
Babaca teimoso.
— Beleza, então que seja apenas Will, Jordan e eu. — Disse de saco
cheio de tentar convencê-lo do que está estampado na sua cara. — Talvez,
Sam prefira assim. — Dei de ombros.
— Eu... eu não sei como um relacionamento assim funciona. —
Oliver disse depois de alguns segundos em silêncio. — E vocês não pararam
para pensar no principal.
— E qual é? — Perguntei cruzando os braços.
— O bebê. — Respondeu se levantando. — Se... atente-se que eu
disse se. Se der certo entre nós cinco, como criaremos o bebê? Como o bebê
nos chamará? E se ela engravidar de outro de nós? Isso é confuso para mim,
imagina para uma criança em formação.
— Você está certo, também me preocupo, mas só tem um jeito de
sabermos se vai dar certo ou não. E é, tentando — Will disse, fazendo
Oliver voltar a sentar colocando as mãos na cabeça.
— Tudo bem, podemos tentar. — Concordou.
— Sim, podemos, mas no fim a decisão será da Sam. — Jordan disse
e assentimos. — E aceitaremos o que ela decidir.
Estava decidido. Tentaremos tudo que a Sam estivesse disposta a
tentar.
É real oficial, eu odeio os irmãos King! A raiva que eu sinto em
olhar para cada um me faz ter o desejo de estrangulá-los. O babaca King
fazer da minha vida um inferno na empresa não é surpresa, afinal ele disse na
minha cara que iria fazer. Agora Will e Jayden estão do lado dele, dizendo
para ter paciência e obedecê-lo é o cúmulo da ironia. Eu tenho tentado ser o
mais profissional possível dentro da empresa King, eu não quero que minha
relação com eles seja confundida com privilégio. Eu não quero que meus
colegas de trabalho saibam que moro com eles, e que estou carregando o
filho de um dos donos no ventre.
Tenho relevado os gritos de Oliver, tenho relevado a folga de Will
me pedindo um monte de papéis para serem copiados e arquivados, tenho até
relevado a cara de pau de Jay quando o peguei dentro da sua sala se
masturbando, para no outro dia o pegar com a mão no pau de novo. Eu tenho
exercitado minha calma, tenho meditado sempre antes de vir para o emprego,
mas tudo tem um limite. Tudo! E eu acabo de chegar no meu.
Estou há uma semana trabalhando fazendo meu melhor, sempre
solícita, sempre disposta, sempre gentil, mas foda-se, agora deu. Encaro os
quatro irmãos que não parecem se darem conta da minha presença, e
continuam sua reunião que não me engana mais, eu sei que eles fingem estar
em reunião para deixar tudo nas minhas costas. Muito me admira Jordan está
com eles, de todos Jordan foi o que sempre me acalmou quando estava
prestes a pular nos pescoços dos seus irmãos, mas vendo seu sorriso está
claro que é tão cretino quanto eles.
— Vão por mim, ela está pulando alto com a quantidade de papéis
que pedi para ela copiar e arquivar. Vocês precisavam ver a cara dela — O
filho da puta do pai do meu bebê diz para os irmãos que riem da minha cara.
— Eu queria ter visto, quem sabe aquela petulante desiste de
trabalhar e fica em casa? Estou preocupado com ela. Vocês viram se ela
tomou as vitaminas? Precisei sair cedo demais e não a vi as tomando.
— Tomou, e me fuzilou com o olhar quando pedi que ela trouxesse
o sanduíche saudável que fiz para ela, não a quero comendo porcaria por
aí — Jay, o indecente, diz com um sorriso largo nos lábios.
Eles amam fazer da minha vida um inferno dentro dessa empresa,
mas preciso dar o braço a torcer pela preocupação e cuidado que eles têm
comigo e com o bebê quando estou em casa. O que eles querem, afinal, me
enlouquecer? Na empresa me deixam brava, mas em casa faltam beijar meus
pés. Por que eles fazem isso? Não basta tudo que estou passando com os
hormônios da gravidez? Esses irmãos querem me deixar louca, isso sim. São
duros comigo na empresa sem motivos, e em casa parecem coelhinhos fofos.
Bipolaridade? Talvez, quem sabe? Dou um passo para entrar na sala de
Oliver quando a voz de Jordan me faz estacar no lugar de olhos arregalados:
— Vocês têm certeza de que ela irá querer ficar conosco? Eu não
entendo a lógica de vocês com esse plano.
— Jordan, quantas vezes terei que explicar? — Plano? De que
merda Jordan está falando? — Quando Will e eu tivemos essa ideia não
pensávamos em contar para você nem para o Oliver, mas depois de
presenciar um possível massacre de Sam para cima do nosso irmão, achei
melhor deixar vocês por dentro. Nós quatro a queremos, então é melhor
trabalharmos juntos, assim logo ela estará conosco.
— A deixando irritada? Estou preocupado que isso faça mal para
ela e para o bebê. — ouvir o tom de preocupação de Jordan faz a irritação
que estou sentindo de todos dar uma leve acalmada.
— Jordan, aquela petulante nos quer. — Babaca audacioso. — Eu
também me preocupo com o bebê e com ela, mas chega de ficar negando o
que todos nós queremos, e nós queremos ela.
Ok, meu coração está acelerado. Eles sequer imaginam o que implica
ficarmos juntos? Eu disse a mim mesma que não me envolveria com eles
desta forma, o que faz eles acreditarem que eu os quero? Não posso passar
por outra desilusão, não irei suportar se daqui algum tempo eles olharem nos
meus olhos e me dizerem que foi apenas sexo.
— Oliver está certo, ela quer nossos paus. Aquela carinha não me
engana, vocês deviam ter visto como os olhos dela brilharam me vendo se
masturbar — Jayden, seu filho da...
— Senhorita Mitchell? — Dou um pulo no meu lugar ouvindo a voz
odiosa da Amanda atrás de mim.
Eu odeio essa secretária oferecida. Eu sou contra a rivalidade
feminina, mas essa mulher está de brincadeira comigo. Um dia a peguei na
sala de Oliver cheirando seu terno que estava no encosto da cadeira, e
quando Oliver saiu do banheiro viu nos meus olhos o desejo de matá-la, e
tudo que o babaca fez foi pedir que Amanda nos deixasse. Ela faltou me
esganar quando passou do meu lado, e foi por pouco que eu não esganei o
Oliver. Ele deveria ter sido duro com ela e não comigo.
— Oi, eu... eu estava prestes a bater na porta do senhor King, quer
entrar primeiro? — Dei espaço para ela bater na porta enquanto eu me
recompunha de tudo que acabei de descobrir. Aprumei meu corpo, e ajeitei
os papéis nos meus braços, quando sai da sala de arquivos estava decidida a
fazer Will engolir cada folha, e ainda estou.
— Senhores King — A voz doce de Amanda me deu enjoo. Revirei
os olhos com o sorriso que ela abriu para eles.
— Amanda. — Oliver a cumprimentou. — Senhorita Mitchell. — Eu
sempre serei a senhorita Mitchell para ele. Custa me chamar pelo nome? —
Pois não? — Os olhos do babaca se prenderam em mim, e por algum motivo
senti minhas bochechas arderem.
Merda, eu estou com vergonha por ter os quatro King me olhando, ou
seria me devorando? Eu não devia ter ouvido essa conversa.
— O senhor me pediu para avisar se conseguisse falar com a loja
Baby World. Eu consegui e o dono está aguardando na linha 3. — Loja de
bebê? Franzi a testa olhando para Oliver que arregalou os olhos.
— Obrigado pela agilidade. — Desviou do meu olhar interrogativo.
— Existe algo mais que possa ser útil, senhor? — Revirei os olhos
pouco me importando para a cara que os irmãos fizeram para mim.
— Sim. — Oliver prendeu seus olhos nos meus. — Feche a porta
quando sair, teremos uma reunião de carência urgente com a senhorita
Mitchell. — Arfei com a cara safada que Jayden me olhou, enquanto Will
ajeitava algo na sua calça que eu prefiro não saber o que é. Jordan apenas
me encarou sem desviar uma única vez dos meus olhos
O que eles pensam que vão conversar comigo? Não me lembro de
merda nenhuma de reunião.
— Qualquer coisa que o senhor precisar é só me chamar. —
Amanda, a prestativa, passou por mim fechando a porta logo em seguida.
Oliver afrouxou sua gravata olhando para mim, senti minhas pernas
falharem quando Will e Jordan fizeram o mesmo. Jayden apenas me encarou
já que ele não usava gravata. Oliver pegou o telefone levantando um dedo
para eu esperar. Apertei os papéis nos meus braços querendo fugir desta sala
o quanto antes.
— Aqui quem fala é Oliver King, eu quero seus melhores vendedores
na minha casa amanhã de manhã. Pedirei para a secretária que entrou em
contato com você para passar meu endereço. Obrigado. — Desligou sem
desviar os olhos dos meus.
Engoli em seco nervosa com o que estava prestes a acontecer
naquela sala. Will deu passos na minha direção, enquanto eu covardemente
dava passos para trás, e não demorou para sentir a porta nas minhas costas.
Will parou na minha frente sorrindo de lado, olhou para seus irmãos quando
falou, fazendo todo meu corpo se arrepiar.
— Samantha mais porta, é igual a melhor foda de todas. — Virou o
rosto para mim. — Recordar é viver, Sam. — Disse me pegando de surpresa
quando segurou minha nuca atacando minha boca na sequência.
Oh, merda, estou ferrada, pensei deixando todos os papéis que
segurava cair aos meus pés.
Sinto que posso estar sonhando e tudo não passar de fruto da minha
imaginação. Entretanto, sentindo o pau duro de Will que se esfrega
descaradamente em mim, está comprovado que tudo é real. A pressão que
sinto no meio das minhas pernas, me desperta para algo que não sinto a
necessidade de dar fim há muito tempo. Dou um grito pega de surpresa
quando as mãos de Will me içam do chão, rodeio sua cintura com minhas
pernas, e não demora para ele me prensar na porta. Sua boca desce pelo meu
pescoço, explorando cada pedaço de pele exposta. Meus olhos se prendem
nos três irmãos atrás de Will, que me encaram, enquanto o outro me faz se
sentir no paraíso tendo sua boca sugando meu pescoço.
Não tem mais como negar, eu os quero. Quero os quatro me
possuindo, me tomando de todas as formas que existem.
Olhando para Oliver lambo meus lábios desejando sua boca na
minha, quero sentir seu gosto para ter certeza de que é tão bom como eu me
lembro. Gemo com a exploração de Will que está me deixando excitada, e
tendo os irmãos King me devorando com os olhos está elevando minha
excitação a níveis que eu não acreditaria ser possível apenas tendo seus
olhos sobre mim. Jay pisca para mim, fazendo a razão me acenar dando
tchau, deixando apenas o desejo insano que a cada segundo cresce mais e
mais por esses irmãos.
— Deite-a na minha mesa, e vamos saciar esse desejo — A voz
autoritária de Oliver me deixa mole nos braços de Will, deixando implícito
que eles podem fazer o que bem quiserem comigo.
O som alto de várias coisas sendo jogadas no chão, me faz abrir um
sorriso arrogante nos lábios. Eles estão ensandecidos para me terem, assim
como eu estou para tê-los. Will me deita na mesa de Oliver, e não se faz de
rogado em levantar minha saia, embolando-a na minha cintura. Quatro pares
de olhos encaram o meio das minhas pernas, e a provocadora que existe em
mim que sabe muito bem jogar esse jogo, abre as pernas oferecendo a eles o
eles estiverem dispostos a pegar.
— Puta merda! — Jay xingou, e o desejo refletido em seu olhar me
deixou querendo suas mãos em mim.
— Passe o trinco na porta, Will. — Oliver ordenou com a voz
irreconhecível de tão rouca que está. — Não sairemos dessa sala pelas
próximas horas.
Desci as mãos pelo corpo parando sobre meus seios, os acaricio sem
desviar meus olhos dos quatro homens que eu quero enlouquecer. Sem pudor
abro minha blusa social deixando meu sutiã vermelho à mostra, o sorriso de
Jordan reconhecendo a peça, faz a raiva que senti com suas compras
absurdas ser relevada apenas por ter o privilégio de ver esse sorriso na sua
boca. Desço com a mão direita pela minha barriga, querendo alcançar o
pulsar incessante do meu clitóris que implora por alívio, contudo não
cheguei ao meu destino, pois a mão de Oliver me intercepta.
— Quer prazer? Terá que pedir — Oliver riu arrogante me deixando
ainda mais excitada. Não posso negar que esse seu jeito convencido me
deixa molhada. — Quer gozar? Precisará implorar.
— Quem disse que eu preciso de você para ter meu prazer? —
Perguntei o desafiando com o olhar. Oliver nunca ouvirá da minha boca, mas
adoro nosso jogo de quem pode mais.
— Ah, petulante, você não imagina como você acaba de desafiar o
homem errado. Irei te fazer implorar. — Oliver levantou um dedo. — Irei te
fazer gritar. — Levantou mais um dedo. — E por último e não menos
importante, irei te fazer gozar. — Com três dedos levantados Oliver sorriu
colocando minha calcinha de lado com a outra mão. — E irei te fazer gozar
com esses três dedos.
— Arrogante. — Provoquei com o coração acelerado.
— Sou mesmo. As pessoas têm o costume de ser arrogante no que
fazem de melhor. — Explorou minhas dobras molhadas com os três malditos
dedos me arrancando um gemido dos lábios. — Talvez, o melhor seja ocupar
sua boca, não quero você assustando os funcionários quando começar a
gritar. — Babaca convencido.
Jay se posicionou do lado da minha cabeça, pegando meu rosto com
um pouco de força, o que me deixou ainda mais molhada com seu toque
bruto. O aperto da sua mão nas minhas bochechas fez meus lábios fazerem
um bico que ele sugou para logo morder. Gemi sendo devorada pela boca do
Jay e pelos dedos do Oliver.
— Estou louco para mamar essa boceta. — Oliver disse fazendo
minhas pernas tremerem com seus toques torturantes. — O que devemos
fazer com você? — Perguntou esfregando minhas dobras, evitando tocar
meus clitóris que implora para ser massageado.
— Por favor. — Gemi conseguindo escapar da boca impetuosa de
Jayden. — Eu quero todos me tocando... agora. — Exigi presa no olhar de
Oliver, que seria capaz de incendiar meu corpo.
— Você quer? — Will sussurrou a pergunta no meu ouvido. Nem
percebi que ele estava tão perto. — O que mais você quer? — Apertei meus
seios, querendo as mãos deles no lugar. Não tive tempo de acariciar meus
bicos rijos, pois Will agarrou minhas mãos levando meus dedos para sua
boca, onde ele fez questão de chupar cada dedo olhando para mim.
— Oh, merda. — Gemi entorpecida pela excitação.
— Vamos acabar logo com isso — Jordan pediu, e o tom na sua voz
se assemelhava ao meu. Pura excitação.
Senti os dedos de Oliver abrir minhas dobras explorando minha
abertura que provavelmente estaria escorrendo minha excitação. Fechei os
olhos apertados quando um dos seus dedos resvalou sobre meu ponto
inchado. Não sei se serei capaz de aguentar por mais tempo tanta tortura.
— Samantha, abra seus olhos. — Fui incapaz de não obedecer ao
comando de Oliver. Abri meus olhos e fui aprisionada pelo magnetismo dos
seus olhos que me encaravam com tanta fome. — Você realmente quer isso?
Nós precisamos saber que é isso que você quer.
Ele está brincando comigo? Estou deitada sobre sua mesa, tendo seus
dedos passeando pelas minhas dobras molhadas, estou a ponto de implorar
para eles me foderem, e ele está mesmo me fazendo essa pergunta idiota?
Forcei meu corpo a levantar, Oliver afastou seus dedos, assim como Jay
soltou meu rosto. Pelos seus olhares eu apostaria que eles acham que eu não
quero fazer mais isso, mas eles não poderiam estar mais errados. O que eles
começaram aqui hoje, é o começo de algo que eu não pretendo dar fim até
estar saciada. Algo que eu acredito que nunca acontecerá.
Estou duro como nunca estive, e ver na minha frente a causa de
tamanho tesão, deixam minhas mãos coçando para tocá-la. Quero deixá-la
tão louca pelos meus toques, como eu estou louco para possuí-la. Samantha
entrou na vida dos meus irmãos e na minha para nos deixar loucos por ela,
só pode. A queremos de várias formas, a queremos desde o primeiro
momento que a vimos, e para tê-la acabamos por aceitar nos envolvermos
com ela juntos. Nunca pensei que um dia estaria querendo a mulher que meus
irmãos também querem, nunca cogitei a possibilidade de compartilhar uma
mulher com eles, e aqui estamos.
Samantha é a única capaz de nos fazer desejar algo que não é bem-
visto pela sociedade, estamos dispostos a encarar tudo que vier nas nossas
direções por ela. Conversamos muito, e chegamos à conclusão de que a
queremos, estamos dispostos a lutar contra tudo e todos que nos apontarem
como errados.
As escolhas de cada pessoa não deveriam ser julgadas como certas
ou erradas, todos acertam e erram todos os dias. Ninguém está imune ao
erro, e o que cada pessoa faz com sua vida não deveria servir de palco para
outras pessoas se acharem no direito de julgar. O que talvez seja errado para
um, não é errado para outro. O mundo tem muitas coisas feias para as
pessoas se preocuparem com quem fulano está fodendo ou não.
Olhando para a mulher na minha frente, eu não poderia me importar
menos com as opiniões das outras pessoas. Quem sabe o que eu estou
sentindo e o que eu quero é eu, e meus irmãos é claro. As únicas opiniões
que eu irei considerar serão as dos nossos pais, e os conhecendo como eu
conheço, para eles importará apenas se estamos felizes.
— Eu os quero, vocês me querem — A voz doce de Samantha me
tirou dos meus devaneios. — Então o que estão esperando para virem me
pegar? — A provocação de Samantha não me passou despercebida.
Oliver a puxou da mesa contra seu corpo, sua mão segurou sua nuca
atacando sua boca. Vendo os dois juntos eu não sinto nada além de desejo. O
que aconteceu comigo e Jay no quarto de Samantha algumas semanas me
fizeram pensar muito, e vendo como Samantha passa dos braços de Oliver
para os de Will, eu não sinto ciúmes. Eu não sei como é um relacionamento
poliamor, mas acredito que a confiança e o amor são a base para o
relacionamento funcionar.
— Deixa-a nua. — Jay ordenou e as mãos de Will foram rápidas
tirando as peças de roupas do corpo da Samantha. — Linda. — Meu irmão
elogiou se aproximando para acariciar sua barriguinha que já era
perceptível.
— Se sentir qualquer desconforto nos avise. — Will pediu, alisando
sua barriga junto de Jay.
— Eu estou bem. — Sam disse me chamando com o dedo. — Eu
quero tudo o que os irmãos King têm a me oferecer. — Me aproximei
aceitando seu desafio e beijei sua boca.
Samantha alisou meus braços, suas mãos me apertando por onde
passavam. Peguei os bicos dos seus seios com meus dedos, dando uma leve
pressão com meu contato. Seu gemido foi engolido pelo meu beijo
esfomeado, suas mãos pararam no cós da minha calça, me afastei dos seus
lábios para olhá-la. Seu cabelo está uma confusão, suas bochechas estão
coradas, seus lábios inchados, desci meu olhar por seu corpo parando entre
o vão das suas pernas, onde sua excitação molhava suas coxas.
— Tire minha roupa. — Pedi, não suportando mais continuar vestido.
Minha ereção pede por libertação.
As mãos de Samantha foram para minha calça e sorri vendo sua
afobação, ela foi rápida em baixar minha calça e cueca, a ajudei chutando
minhas roupas para o canto. Ela ficou de joelhos na minha frente, e sem
precisar de um aval meu, ela segurou meu pau o colocando na sua boca
quente. Fechei meus olhos segurando sua cabeça, louco para impor um ritmo
mais rápido na sua sucção. Abri meus olhos e vi meus irmãos tirando suas
roupas com os olhos presos na mulher ajoelhada aos meus pés. Tirei minha
camisa ficando apenas de meias. Puxei meu pau da sua boca e acariciei seus
lábios inchados.
— Sua boca está me deixando louco. — Disse a fazendo ficar em pé.
— Mas eu quero sua bocetinha apertando meu pau. — A virei de frente para
meus irmãos e cai nos meus joelhos abrindo as bandas da sua bunda para ver
o quão pronta ela está para nos receber.
Ataquei sua bocetinha por trás, não me importando de lamber seu
cuzinho no processo, suas pernas tremeram com meu ataque e logo Jay
estava a segurando. Suguei toda a excitação que melava suas coxas, e seu
gosto me deixou louco. Dei três bombadas no meu pau que pulsava querendo
sua bocetinha. Eu preciso fodê-la, não serei capaz de suportar mais.
— Sam, goza na minha boca. — Pedi fechando meus lábios no seu
clitóris.
— Ah, merda! — Gritou sendo calada pela boca do Jayden.
Suas pernas tremiam sem parar com meu ataque, e não demorou para
sua libertação a atingir. Mamei gostoso sua bocetinha que não parava de
pulsar na minha boca. Fiquei de pé e dei uma olhada para meus irmãos,
deixando claro com meu olhar que não conseguiria segurar meu desejo.
Oliver assentiu, e Will me jogou um preservativo que não demorei em cobrir
meu pau.
— Debruça na mesa, Samantha. — Pedi com a voz irreconhecível de
tanto desejo.
Jay se afastou e Sam me olhou com os olhos brilhando, deitando-se
sobre a mesa me preocupei com sua barriguinha, mas logo ela foi um pouco
para trás ficando apenas com o tórax sobre a mesa. Fiquei atrás dela e sua
bunda encostou no meu pau me provocando, segurei sua cintura a mantendo
parada, peguei meu pau o guiando para a quentura da sua boceta. Meus pelos
se arrepiaram com o calor com qual meu pau foi recebido, fechei meus olhos
tentando inutilmente me acalmar quando meu pau se acomodou todo dentro
dela.
— Jordan. — Gemeu meu nome, e me apertou com as paredes da sua
bocetinha gulosa.
Sai quase todo da sua boceta e voltei com uma estocada curta,
segurei seus cabelos e repeti os movimentos umas cinco vezes, contudo não
era o suficiente. Eu quero a foder duro. Eu quero fazê-la gritar, eu quero
estapear sua bunda, e fazer valer cada dia que a lembrança de estar
mamando seus seios me torturou.
— Segure na borda da mesa. — Exigi e ela segurou. — Eu vou fodê-
la duro, você precisa me dizer se for demais, entendeu? — Perguntei e sorri
quando sua bocetinha contraiu apertando meu pau. — É isso que você quer,
não é? — Provoquei.
— Jordan...
Gemeu meu nome, e não precisou me dizer mais nada, eu sei o que
ela quer. Dei dois tapas na sua bunda e a fodi como eu quero desde aquele
dia no seu quarto. Minhas bolas pesaram e eu sabia que não duraria muito.
Olhei para meus irmãos e eles sorriram para mim olhando para Samantha
que gemia alto quase gritando. Os três manipulavam seus paus, e não me
pareceu errado o que fazíamos, talvez seja porque não é.
— Porra. — Gemi rouco não suportando mais, sentia o suor da minha
testa escorrer pela lateral do meu rosto. Não aguento mais, preciso gozar. —
Sam, aperta meu pau com essa bocetinha gostosa, eu vou gozar.
Sam apertou tão forte que não aguentei dar mais que quatro
bombadas antes de me desfazer dentro do preservativo. Caí em cima dela e
levei um susto me lembrando do bebê, dei um pulo saindo de dentro dela. A
ajudei a levantar da mesa e seu sorriso quando se virou para mim me fez
respirar mais aliviado em saber que não a machuquei. Suas mãos seguraram
meu rosto com delicadeza e não resisti em trazê-la para perto de mim. Beijei
sua boca devagar, aproveitando cada segundo, o momento que
compartilhamos foi incrível. Eu não sei o que estou sentindo em relação a
ela, mas eu sei que é algo que eu não senti por nenhuma mulher antes.
— Você está bem? — Perguntei preocupado de ter a machucado.
— Sim. — Sorriu fazendo algo dentro do meu peito aquecer. — Eu
estou. — Me deu mais um beijo e se afastou indo para os braços de Will.
Olhei para meu irmão que a beijou acariciando sua barriga. Eu não sei o que
o futuro nos reserva, mas olhando para Samantha tudo parece estar certo.
Ela estar conosco é certo.
Ainda alisando a barriga de Sam, me preocupo que tudo isso seja
demais para ela. Claro que ver Jordan a fodendo foi a coisa mais excitante
que vi na vida. A forma como ele a fodeu e a fez gritar tenho certeza de que
todo esse andar seria capaz de ouvir, porém como estávamos planejando
fodê-la, fizemos questão de impedir que qualquer outro funcionário subisse
sem ter autorização para tal coisa.
Essa ideia insana foi de Jay, e eu não acredito que topamos em fazê-
la. Será que a Sam percebeu que falamos sobre ela e nós de propósito?
Sabíamos que ela estava do lado de fora ouvindo nossa conversa, e com um
simples assentir eu e meus irmãos soubemos que era hoje que daríamos um
passo para mais perto do que queremos. Por um momento pensamos que a
aparição repentina de Amanda colocaria tudo a perder. Meus pensamentos
são interrompidos pela mulher estonteante e bem fodida na minha frente.
A sua mão desceu por meu abdômen alcançando meu pau que está
todo babado na ponta. Precisei parar de me masturbar vendo Jordan a
fodendo ou teria esporrado na minha mão como um adolescente. Aperto sua
cintura quando seu dedo circula a cabeça do meu pau espalhando minha
lubrificação, toco sua boceta com a mão aperta e posso sentir com a ponta
dos meus dedos como seus lábios estão um pouco inchados. Jordan não
pegou leve com ela.
— Você dá conta de todos? — Perguntei no seu ouvido, e o aperto
forte no meu pau me fez se arrepender da pergunta.
— É claro que dou. — Respondeu petulante como Oliver não cansa
de chamá-la.
Samantha continuou a acariciar meu pau e chamou Jayden que não
demorou em se aproximar. Sua outra mão foi para o pau do meu irmão que
não se importou de gemer com o contato. Ela manipulava nos dois sem tirar
os olhos de Oliver, meu irmão mais velho se aproximou tirando ela do meio
de Jayden e eu, e não se importou de pegá-la no colo levando-a para o sofá
preto que ficava no canto da sua sala.
Oliver a colocou sentada e se aproximou do seu rosto segurando seu
pau, Sam abriu a boca para recebê-lo e pelos próximos minutos assistimos
hipnotizados o que ela era capaz de fazer com sua língua. Oliver não durou
tanto, acredito que nenhum de nós seria capaz de durar com uma chupada
como aquela. Oliver gozou na sua boca e Sam engoliu tudo sem fazer uma
careta. Ver isso fez meu pau latejar na mão.
Oliver segurou sua nuca e beijou sua boca com fome, e logo depois
se ajoelhou na sua frente abrindo suas pernas e caindo de boca na sua
boceta. Os gritos de prazer de Sam preencheram a sala, eu não aguentava
mais segurar meu orgasmo, e por isso me aproximei dela e me masturbei até
me desfazer nos seus seios. Sam me olhou de forma provocativa, seus dedos
espalharam meu gozo por seus seios, e depois ela os levou para a boca
sugando cada um. Para deixá-la louca como Oliver estava a deixando
chupando sua boceta, me inclinei sobre seu corpo e suguei seus seios, não
me importando com meu gosto neles. Intercalei as chupadas entres os dois, e
junto de Oliver demos um orgasmo que a fez se tremer inteira.
— Parem, estou sensível. — Implorou empurrando a cabeça de
Oliver e tampando os bicos dos seus seios para que eu não voltasse a chupá-
los. — Preciso de cinco minutos. — Pediu e fechou os olhos ficando quieta.
— Jay, sua vez, tente não ser tão duro como o Jordan. — Oliver
disse me olhando, e eu o entendi, ele não queria sobrecarregá-la, por isso
não quis fodê-la. Olhei para Sam e era nítido que ela estava exausta. Jay se
aproximou e acredito que tenha notado no semblante dela que ela precisava
descansar.
— Eu gozei me masturbando. — Mentiu. Seu pau duro dizia outra
coisa. Ele notando meu olhar correu até sua cueca a vestindo. — Vamos
ajudá-la a se recompor.
Para Jayden estar recusando uma foda, prova que ele se importa
demais com a Sam, e pelo seu olhar sobre ela, a preocupação está visível no
seu rosto. Voltei a olhar para a mulher que está mexendo com a minha cabeça
e a dos meus irmãos, e ela ressonava baixinho.
— Ela dormiu? — Perguntei incrédulo.
— Sim. — Oliver respondeu. — Peguem as roupas dela, irei descer
com ela pelo elevador privativo até a garagem.
Oliver se vestiu rápido pegando a parte de cima do seu terno para
cobri-la. Ele alisou sua barriga e um sorriso se abriu nos seus lábios e eu
soube que o bebê mexeu. Era mexidas sutis, não dava para sentir na maioria
das vezes, mas quando sentíamos nos deixava bobos.
— Isso não voltará a acontecer. — Oliver disse sério a pegando no
colo. — Enquanto o bebê não nascer, não iremos estar todos juntos. É
demais para ela. — Assentimos de acordo. Ele está certo, ela está grávida e
de agora em diante não podemos exagerar. — Nos vemos em casa. — Oliver
passou por mim e dei um beijo nos lábios de uma Sam adormecida, e um
beijo em sua barriga onde ela carrega nosso bebê. O mesmo fez Jayden e
Jordan.
Presenciar o carinho e cuidado que meus irmãos têm com a Sam e o
bebê, me faz questionar se quando ele nascer meus irmãos conseguirão se
ver apenas como tios e não pais dele ou dela. Ainda mais se continuarmos
nos relacionando com sua mãe como estamos. Eu não consigo vê-los apenas
como tios do bebê, e por mim tudo bem. Contudo, será que a Sam, pensa
como eu?
Admiro Samantha dormindo no banco do meu carro, exausta com
certeza, e não tenho mais como negar que estou apaixonado por ela. Eu não
queria ver o que estava diante dos meus olhos desde que ela entrou na minha
vida, porém agora eu vejo. Eu sou apaixonado pela mulher que me leva à
loucura todos os dias. Quando Jayden veio com aquele papo de compartilhá-
la eu quis socar sua cara, contudo depois de hoje eu percebi que ela gosta
deles, realmente gosta deles.
Eu aceitei a loucura de Jayden e Will para saber se a querer apenas
para mim seria uma ilusão da minha cabeça, e hoje comprovei que é.
Samantha não quer apenas a mim, ela quer nós quatro. O possessivo que
existe dentro de mim quis tirá-la de dentro daquela sala antes do primeiro
toque dos meus irmãos no seu corpo, mas vendo aquele brilho indecente no
seu olhar eu soube que ela queria estar ali, e não havia mais nada que eu
pudesse fazer, ou eu tentava do jeito deles ou eu iria a perder, porque
somente eu não bastaria.
Um barulho baixo de ronco escapa dos seus lábios e sorrio pela
petulância dela ter pensado que daria conta de quatro paus sedentos para
fodê-la. Eu ainda não tive o prazer de me afundar na sua boceta deliciosa,
mas pude experimentar do seu gosto e aproveitar das maravilhas que sua
boca e língua são capazes. Ver meu irmão fodê-la me causou várias coisas
diferentes, mas nenhuma delas foi ciúmes como eu pensei que aconteceria. O
que está acontecendo comigo? Por que o que fizemos me fez querer mais?
Virei adepto da putaria estilo loucura total? Porra, eu vi os paus dos meus
irmãos! Ainda não acredito nessa merda.
Parei no sinal vermelho e acariciei sua barriga suavemente, não
quero acordá-la com meus toques indevidos. Sempre que vejo meus irmãos
acariciando sua barriga eu sinto uma inveja tremenda. Desde que Samantha
me contou sobre o que aconteceu entre ela e meus irmãos, eu a evitei. Eu não
conseguia olhar para ela, todas as vezes que fazia as suas palavras voltavam
para me atormentar sabendo que apenas eu não seria o suficiente. Será que
ela tem sentimentos por eles ou é um gostar diferente? E o que ela sente por
mim? Faço apenas parte do pacote King? Não querendo pensar nessas
dúvidas que não serão respondidas por ora, acelerei quando o sinal abriu a
levando para casa.

Fico de longe vendo Samantha conversar com as vendedoras, que o


dono da melhor loja de bebê de Detroit enviou para ela poder escolher as
melhores coisas para o bebê, enquanto bebo meu café puro. Quando
perguntei se o Will se importaria se eu os chamasse e ele sorriu dizendo que
não, aquele seu sorriso não me passou despercebido, e eu preferi não
perguntar o motivo.
Ontem quando trouxe Samantha para casa, a coloquei na sua cama e
lá ela ficou por muitas horas dormindo, saindo do quarto apenas para jantar.
Eu pensei que quando estivéssemos todos reunidos poderia surgir algum
constrangimento pelo que aconteceu na minha sala, mas não houve, Samantha
desceu as escadas, entrou na cozinha, e beijou cada um de nós na boca como
se não fosse nada demais, e talvez para ela não fosse. Depois que jantamos
ela tentou nos convencer de subir com ela para o quarto, mas fomos
categóricos em dizer que todos nós juntos, não acontecerá de novo até o
bebê nascer, ela nos ouviu e não aceitou bem.
— Então, estão dizendo que eu não dou conta? Eu posso ter ficado
cansada depois do primeiro round, mas precisam me entender, estou fora
de forma. — Encarei de boca aperta a mulher na minha frente. — Nada
que umas boas fodas para resolver.
— Sem fodas estilo gang-bang para você, até esse bebê nascer. —
Falei pondo final na discussão.
— Gang-bang? [i]Andou fazendo pesquisas, Oliver? — Perguntou
arqueando suas sobrancelhas de petulante. — E aquilo nem chegou perto
de uma gang, afinal somente o Jordan me comeu. — Olhou para cada um
de nós sorrindo de lado. — Vamos ver por quanto tempo irão continuar
com essa merda. — Piscou um olho para nós, sumindo ao subir as escadas.
— Vocês acham que ela irá tentar alguma coisa? — Will
perguntou.
— Não, é claro que não. — respondi não muito convicto da minha
resposta.
Olhando para o sorriso de Samantha escolhendo as cores do quarto
do bebê, é óbvio que ela está feliz. Acredito que ela nos entendeu, e esteja
percebendo que estamos querendo poupá-la, não queremos sobrecarregá-la
fazendo sexo. Tudo tem seu tempo. E agora ela precisa pensar na sua saúde e
na do bebê, depois que ele nascer poderemos fazer todos os tipos de putarias
que ela quiser.
— Gostou dessa cor? — Will perguntou segurando uma paleta de
cores na frente do seu rosto.
— Gostei, mas estou em dúvida ainda. — Voltou a olhar as cores das
paletas nas mãos do Jordan. — Não deveríamos esperar saber o sexo do
bebê primeiro para depois definir uma cor? — Perguntou mordendo o canto
da boca.
Sabendo que as vendedoras estariam aqui pela manhã, meus irmãos e
eu decidimos ficar para ajudá-la em qualquer decisão que ela pedisse nossas
opiniões, não nos importamos de termos cancelado todas nossas reuniões da
manhã para isso. O sorriso dela vale a pena. Estamos nisso quase a manhã
toda, e vendo tantas dúvidas que ela tem, fico feliz por nossa decisão.
— Se não gostar de nenhuma cor, podemos fazer de bichinhos, tem
uns modelos aqui que dá tanto para menina como para menino. — Jay disse
mostrando alguns papéis de parede para ela.
— Eu ainda não sei. — Balançou a cabeça olhando os papéis de
parede que Jayden mostrava.
— Já decidimos quase tudo referente ao quarto do bebê, não gostaria
de decidir a cor outro dia? Quem sabe quando souber o sexo do bebê? Eu
não me importo de vir aqui novamente. — Uma das vendedoras disse e
olhou para mim com um olhar pouco profissional. Não precisou de um
minuto para Samantha acompanhar o seu olhar e entender o que ela quis
dizer com aquelas palavras.
Samantha se levantou vindo até mim com um olhar que eu não pude
decifrar. Ela está linda usando um vestidinho solto, cada dia sua barriguinha
está mais evidente. Os cabelos estão presos num rabo de cavalo deixando
seu pescoço que estou louco para morder a mostra. Samantha parou na minha
frente, seus olhos correndo de mim para as vendedoras.
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei interessado.
— Aconteceu, eu percebi só agora que não dei um beijo de bom dia
nos meus homens. — Fez questão de dizer em alto e bom som. Samantha
segurou na minha nuca me provocando com suas unhas compridas. — Me dá
um beijo gostoso, Oliver. — Pediu com uma cara de safada, e eu fui incapaz
de negar seu pedido.
Baixei minha cabeça querendo provar seus lábios com um selinho
inocente, não quero fazer uma cena em frente de quem eu não conheço, mas
Samantha parece pensar diferente. Ela passa sua língua por meus lábios
querendo que eu abra minha boca, e como não faço o que ela quer, começa
dar umas mordidinhas sacanas no meu lábio inferior, conseguindo o que tanto
quer. Samantha suga minha língua para dentro da sua boca igual fez com meu
pau, não preciso de muito para estar pronto com sua provocação, seguro sua
cintura colando seu corpo ao meu. Samantha continuou a me beijar como se
na sala não tivesse ninguém nos olhando. Ela me deu mais um beijo muito
inapropriado para o momento, e foi desacelerado com vários selinhos.
— Uau, esse foi o beijo de bom dia dos campeões. — Sorriu
piscando para mim e se virando para meus irmãos. — Will, vem me dar um
beijo de bom dia também. — Pediu fazendo biquinho.
Will não demorou a se levantar e agarrar sua cintura beijando sua
boca, dando um show e tanto. Jayden não demorou a ficar de pé e ir para o
lado dos dois, Samantha saiu dos braços de Will indo para os dele, o beijo
deles foi ainda mais depravado. As vendedoras estavam com bochechas
vermelhas e desviaram os olhos quando Jordan foi até Samantha e atacou a
sua boca a fazendo gemer baixo. Percebi Samantha abrir os olhos ainda
beijando Jordan, ela olhou para as vendedoras e entendi o que aquela
petulante estava fazendo. Demarcando território. Sorri balançando a
cabeça.
— Ou podemos voltar no dia que a senhora preferir. — A outra
vendedora ofereceu pigarreando em seguida vendo Jordan apertar a bunda
de Samantha, e ela gemer alto.
Diaba.
— Tudo bem, podem ir, qualquer coisa ela liga. — Intervi antes que
as cabeças das pobres mulheres explodissem assistindo a tudo aquilo.
Samantha já estava indo para o colo de Jay enquanto começava a beijar o
Will. — Obrigado, eu as acompanho...
— Nem ouse, Oliver — Samantha disse parando de beijar Will,
para me fuzilar com o olhar. — Elas são capazes de encontrar a saída
sozinhas. — Dei um aceno para as vendedoras que correram porta fora.
— Isso foi rude, Sam. — Jayden disse e Samantha se levantou do seu
colo.
— Rude? Elas estavam quase pulando no colo de vocês. — Disse
com o rosto vermelho. — Tudo de melhor para os senhores, podem pedir
que nós iremos realizar o que desejarem. — Imitou o que uma das
vendedoras havia dito e rimos a fazendo praguejar. — Eu sou a mãe, eu que
elas deviam estar bajulando, e não os pa... — Ela se calou e enruguei a testa
não sabendo se entendi bem o que ela estava prestes a dizer. — Estou
cansada, vou subir para descansar. — Mudou de assunto, se virando de
costas, mas antes me olhou por cima do ombro. — Hoje irei faltar chefinho,
e nem ouse descontar do meu salário. — Disse toda atrevida e gostosa.
— Irei descontar na cama. — Revidei ganhando um dedo do meio.
— Petulante!
— Babaca! — Gritou e saiu nos deixando sozinhos.
Will olhou para mim, depois olhou para Jayden e Jordan, seus olhos
correram para onde Samantha havia ido, e não demorou para ele a seguir. Se
eu tivesse entendido certo, Samantha estava prestes a dizer que somos os
pais do bebê, e está claro que Will não gostou nada disso. Que homem
gostaria? Não estamos há muito tempo juntos para Samantha cogitar a
possibilidade de nos ver como os pais do seu bebê, esse é o papel do Will.
Somos os tios, apenas isso.
Entro no meu quarto com o coração na boca. O que eu quase falei?
Pais? Por que raios eu quase disse que todos eles são os pais do meu bebê?
Será que algum deles percebeu o que eu estava prestes a dizer? Isso que dá
eu ficar cega de ciúmes, quase coloquei tudo a perder. Eles não são os Allen,
eles não entendem do que um relacionamento poliamor é feito. Will não
entenderia se eu tentasse explicar, ou entenderia? Acredito que não, e nem
posso culpá-lo. Ando de um lado para o outro tentando controlar meu
nervosismo, eu sei que ficar assim não é bom para o bebê.
A porta do meu quarto é aberta abruptamente e não me surpreendo
por ver Will passar por ela, ele compreendeu o que estava prestes a dizer e
veio tirar satisfações. Como eu sou uma boba, só na minha cabeça eles iriam
entender que para mim, eu os vejo como pais do meu bebê. A preocupação
deles e nosso envolvimento pode ter sido o que fez eu confessar para mim
mesma o que estava negando todo esse tempo, estou sim apaixonada por
eles.
— Will, eu...
— Sam, você os vê como pais do bebê? — Me interrompeu fazendo
a mesma pergunta que eu me fiz milhares de vezes.
Como posso explicar para ele o que eu não sei explicar para mim
mesma? O que estou vivendo com os King, não é nada parecido com o que
vivi com os Allen. Eu sempre soube o que os Allen queriam de mim, quando
decidi confessar a mim mesma o que sentia por eles, cai de cabeça na
relação poliamor, eles me compartilhavam entre eles, e eu compartilhava
meu amor entre eles. Eu acreditei que eles faziam o mesmo, mas me enganei
e sofri muito por isso. Os King estão entrando em uma relação que eles não
entendem como funciona, e eu não sei se serei capaz de explicar para eles
entenderem.
— Will, eu não sei o que você quer ouvir, mas preciso dizer o que
está aqui dentro. — Apontei para meu coração. — Eu me envolvi com
vocês, meus sentimentos podem estar confusos agora, mas eu sinto os
mesmos sentimentos confusos por cada um de vocês. — Suspirei não
querendo confessar que esses sentimentos confusos é paixão. — O passo que
demos é um grande passo, e se vamos continuar é melhor decidimos o que
cada um espera desse relacionamento. Se... se vamos tentar fazer disso uma
relação poliamor, teremos que...
— Eu sei. — Will se aproximou segurando minhas mãos. — Se
vamos continuar, eles serão tão pais do bebê quanto eu. — Assenti de olhos
marejados, talvez tendo esse entendimento Will perceba que estar em um
relacionamento poliamor e cada um se entregar cem porcento, sem haver
ressentimentos, ciúmes ou dúvidas. É aceitar o amor em uma das suas várias
formas.
— Eles precisam querer ser pais, eu não posso dizer como devemos
levar o nosso relacionamento incomum, contudo, a única certeza que eu tenho
é que não farei eles assumirem tal responsabilidade se não for de suas
vontades. Podemos tentar fazer dar certo, se eles quiserem ser apenas os
tios. — Baixei a cabeça deixando uma lágrima cair. — Eu só não quero
perder o que acabei de encontrar com vocês. — Confessei meu maior medo.
— Sam, venha aqui. — Will abriu os braços e corri para me
aconchegar nele. — Vamos conversar com eles.
— Eu estou com medo.
— Não tenha, tudo vai dar certo. — Will beijou minha testa e
ficamos abraçados por longos minutos.

Dias haviam se passado desde a conversa que tive com Will, e ainda
não conversamos com seus irmãos, e nem sei quando iremos conversar.
Nossa rotina continua a mesma, algumas vezes consigo roubar beijos deles,
outras vezes que me considero sortuda consigo um bom amasso. Eles não
estão tentando me levar para cama, eu diria que estão se comportando como
perfeitos cavalheiros. E o que eu estou prestes a fazer pode levar todo esse
cavalheirismo embora. Assim espero. Há dois dias minha libido ficou
descontrolada, tem momentos que posso jurar que minha boceta está
vibrando de tanta excitação.
Avisto meus alvos pelo vidro da sala de reunião e ajeito meus seios
dentro da blusinha apertada. Meus bicos estão tão duros que sou incapaz de
pensar com racionalidade, quero esses homens me dando prazer e não me
importo se terei que deitar na mesa da sala de reunião e abrir minhas pernas
para implorar. Abri dois botões da blusa chamando a atenção de quatro
pares de olhos, quando entrei na sala. Percebo Oliver e Jordan se mexerem
nos seus lugares, e sorrio de lado.
— Senhor King, aqui está o gráfico que solicitou. — Falei quase
gemendo, dando os gráficos na mão de Oliver que pigarreou desviando o
olhar dos meus seios.
— Obrigado, senhorita Mitchell. — Amo quando eles estão nos
papéis de empresários fodões e eu no de secretária safada. Dou uma olhada
para a tela de videoconferência e quase praguejei alto a ver a mulher que
esteve com Oliver na lanchonete que eu trabalhava. Como é mesmo o nome
dela? Volto meu olhar para Oliver, fuzilando-o com o olhar. — Pode se
retirar, senhorita Mitchell, se precisarmos de você chamamos.
Filho da puta.
— Claro, com licença. — Falei com a voz mansa, deixando
acidentalmente minha mão bater no copo de água, derramando sobre seu
colo. — Oh, como sou desastrada. — Me ajoelhei rapidamente e sabendo
que aquela mulher não veria o que eu estaria fazendo, corri minha mão para
sua braguilha tirando seu pau de dentro da calça.
Oliver apertou minha mão querendo me impedir, dando desculpas
para a mulher que eu não precisava secar chão. Apertei seu pau que já estava
meio duro e o suguei para dentro da minha boca, quase gemendo de
satisfação.
— Cassete. — Praguejou, e eu sorri satisfeita comigo mesma. — Me
dê cinco minutos para secar a calça e já retorno, Meg. — Meg, revirei os
olhos. — Samantha! — Rosnou. Apertei minhas coxas para conter o desejo.
— O que ela... Puta que pariu! — Jayden gritou, olhei para o lado e
sua cabeça estava debaixo da mesa, pisquei para ele voltando a chupar seu
irmão.
— O que está acontecendo? — Ouvi a voz do Will questionar, mas
logo ele xingou seguido por Jordan.
— Samantha, saia debaixo dessa mesa, caralho. — Oliver disse tão
sério que soltei o seu pau ficando alarmada.
Levantei devagar sentindo um pouco de vergonha pelo que acabei de
fazer, e a repreensão de Oliver não ajudou em nada. Ajeitei minha blusa
fechando os botões, e me virei para tela de videoconferência pensando que
tal Meg estaria nela, mas não, a tela está toda preta. Voltei meus olhos para
Oliver esperando o que ele teria para me falar. Fosse o que fosse não iria me
estressar.
— Que merda você está pensando? — Perguntou furioso. — Estamos
no meio de uma videoconferência importante, não temos tempo para brincar
de putaria. — Inferno, isso me machucou. — Ainda por cima derrubou água
em cima da minha calça. — Não chore, não chore. Merda de hormônios.
— Calma Oliver. — Jordan pediu.
— Calma? Tive que parar uma reunião importante para...
— Chega! — Explodi. — Me desculpe, isso não irá se repetir, eu...
eu... — Respirei fundo. — Só queria fazer algo legal.
— Algo legal? — Oliver perguntou debochado. — Samantha, eu não
sei como funcionava seu relacionamento com seus ex-namorados, mas você
precisa entender que não somos eles, temos responsabilidades, essa empresa
é nossa responsabilidade, e não podemos simplesmente parar uma reunião
porque você quer chupar meu pau debaixo da mesa. — Ok, isso doeu mais,
muito mais.
— Oliver...
— Depois conversamos, está dispensada pelo resto do dia. —
Assenti saindo da sala.

Dentro da R8 chorava sem parar, eu não imaginava que Oliver fosse


ficar tão bravo comigo. É horrível quando nos sentimos deslocadas em um
lugar que alguém não nos quer, e foi assim que me senti dentro daquela sala
encarando a fúria de Oliver. Meu celular toca mais uma vez com a ligação de
Will, e mais uma vez evito, não querendo atender. Não sei quantas horas
estou dentro desse carro, só sei que não me sinto pronta para voltar para a
casa dos King. Eu só queria rodar na vã esperança de encontrar o caminho
que seja meu lar. Onde seria meu verdadeiro lar?
Troquei de faixa, querendo rodar um pouco mais antes de voltar para
enfrentar aqueles irmãos, que ficaram à tarde toda me ligando sem eu atender
a nenhum, e perdida em pensamentos não percebi um carro trocar de faixa
vindo na contramão diretamente na minha direção, só tive tempo de pôr a
mão sobre a barriga antes de sofrer o impacto.
Estou puto! Estou tão puto que sou capaz de matar qualquer pessoa
que cruzar o meu caminho hoje. Ainda estou digerindo a audácia que teve
aquelas duas vendedoras filhas da puta, em vender uma informação que não
diz respeito a elas. Se eu não conhecesse o jornalista que elas venderam a
informação sobre Samantha, eu não sei o que teria acontecido. Claro que
Edie só entrou em contato comigo, pelo que ele ganharia com isso, do
contrário ele sabe que eu processaria a merda da revista que ele trabalha e
isso lhe custaria muito mais.
Passei quase a manhã toda discutindo com o chefe daquelas duas
interesseiras, e nada que uma ameaça de arruinar seu negócio para ele fazer
as duas assinarem um acordo de confidencialidade. Estou exausto, nunca
imaginei que aquela marcação de território de Samantha iria me causar tanta
dor de cabeça. Se e quando decidirmos expor nosso relacionamento não
convencional será nos nossos termos, e não por causa de duas mulheres que
pensaram que poderiam lucrar em cima do que Samantha tem conosco.
Dou uma olhada na minha agenda, e não fico feliz por saber que terei
que presidir uma videoconferência com Meg. Tudo do que não preciso hoje
e das suas provocações e frases de duplo sentido, quero que essa reunião
dure o mínimo possível. Irei ser objetivo, iremos debater os lucros, o que
precisa ser mudado, como nosso novo plano administrativo está refletindo
no crescimento empresarial, e é isso.
Quero estar em casa, onde de um tempo para cá se tornou o melhor
lugar para eu me sentir bem. Ontem, estive na cozinha, enquanto Jayden
preparava nosso jantar, tendo do meu lado Jordan e Will implicando com os
nomes exóticos que Samantha insiste em colocar no bebê, foi meu melhor dia
em tempos. É disso que preciso todos os dias... nós.
Indo para a sala de reunião balanço a cabeça lembrando os nomes
que a Samantha queria colocar no bebê.
— Por que minha filha não pode ser chamada assim?
Que criança tem o nome Butterfly? Espero que Will não concorde
com isso.
— Sam, você quer mesmo colocar o nome dela de borboleta? —
Jayden perguntou se aproximando com uma colher de pau para ela
experimentar o molho que ele está preparado.
— Hum, delícia. — Ela lambeu os lábios e meu pau pulsou
lembrando como sua língua é experiente. — O que tem demais? É um nome
único.
— Vetado. — Will disse e concordamos fazendo ela revirar os
olhos.
— Tá bem, vou pensar em outro. — Fez biquinho. — Mas se for
menino o que acham de Storm? Eu gosto. — De onde ela tira esses nomes?
— Nosso filho não será chamado de Tempestade. — Will rebateu.
— A não ser que ele seja um x-men.
— Idiota. — Sam jogou a colher nele. — Mas por que meu filho
não pode ser chamado assim? — Lá vamos nós de novo.
Saio das lembranças engraçadas vendo meus irmãos entrarem na sala
de reunião para a videoconferência. Só a mera lembrança do que temos em
casa quando estamos juntos, levou embora um pouco da minha irritação. Só
ficarei 100 % quando estiver em casa. Percebo pelo semblante dos meus
irmãos, ao entrarem na sala que eles ainda estão putos como eu fiquei
quando soube o que as vendedoras estavam planejando.
Quando contei para eles, Jordan foi o primeiro a dizer para
processarmos todo mundo, Will ficou preocupado que se acaso elas
obtivessem sucesso como Samantha lidaria com a repercussão da notícia,
Jay apesar de ser o mais inconsequente, foi o que disse que precisamos ser
discretos fora de casa, que isso serviu para prestarmos atenção quem está à
nossa volta. E ele está certo, por isso concordamos em manter as aparências
quando estivermos longe de casa. Hoje pretendemos conversar com
Samantha e explicar o que está acontecendo, e o que combinamos. A ligação
de Meg aparece na tela e aceito sua chamada dando início a nossa reunião.

Estou terminando de analisar os gráficos de lucros do mês passado,


quando percebo o motivo das minhas noites mal dormidas, entrar na sala de
reunião. Quase engasgo com a saliva quando noto seus bicos pontudos,
implorando por uma boca para chupá-los, mordê-los... Foco, Oliver. Ela não
está sem sutiã, né? Me ajeito no lugar tentando manter minha máscara de
profissional, e meu pau quieto na cueca. Meg está atenta a tudo, e não quero
mais nenhuma pessoa tentando se beneficiar às nossas custas. Por isso
mantenho meu semblante sério e compenetrado, dou uma olhada rápida para
meus irmãos e eles parecem estar na mesma luta interna que eu. Espero que
Samantha deixe os gráficos desse mês sobre a mesa e suma da minha vista
até podermos estar em casa, onde poderei fazê-la pagar por essa afronta.
— Senhor King, aqui está o gráfico que solicitou. — Sua voz está tão
indecente que estou ficando duro imaginando o cenário em que eu a foderia
sobre essa mesa. Pigarreio tirando meus olhos dos seios que quero mamar
mais tarde.
— Obrigado, senhorita Mitchell. — Preciso que ela desapareça
desta sala o quanto antes, mas vendo o fogo nos seus olhos sei que ela deve
estar com os pensamentos longe imaginando como nos enlouquecer ainda
mais — Pode se retirar, senhorita Mitchell, se precisarmos de você
chamamos — soei energético, o olhar curioso de Meg não me passou
despercebido.
Meg não pode nem imaginar o que acontece entre a senhorita
Mitchell, meus irmãos e eu. Não quero nem pensar o que ela faria se tivesse
tal informação. Meg é excelente no seu trabalho, sagaz como ninguém, na
mesma medida que é prepotente, ela não aceita um não. E com certeza não
está feliz com os quatro não que recebeu de mim e dos meus irmãos.
— Claro, com licença. — Disse, e eu respirei mais aliviado,
contudo, sua mão bateu no copo sobre a mesa entornando sobre meu colo.
Porra. — Oh, como sou desastrada. — Samantha se ajoelhou debaixo da
mesa e suas mãos foram direito para minha braguilha. Caralho, isso não
pode acontecer.
— Não precisa secar o chão, senhorita Mitchell — Precisei soar
arrogante, os olhos de Meg ficaram ansiosos sobre nós, e não posso dar
vestígios para ela varejar como a boa cadela que ela é. O que Meg puder
fazer para foder com uma pessoa, ela irá fazer. Apertei forte a mão de
Samantha tentando parar sua ação imprudente, porém não surtiu efeito, logo
sua boca quente suga a cabeça do meu pau. — Cassete. — Essa boca vai me
levar direto para o inferno. — Me dê cinco minutos para secar a calça e já
retorno, Meg. — Não esperei o que Meg teria a dizer e desliguei, querendo
controlar a ninfomaníaca debaixo da mesa. — Samantha!
— O que ela... — Jayden olhou debaixo da mesa, não precisando
completar sua pergunta. — Puta que pariu!
Sim, puta que pariu!
— O que está acontecendo? — Will perguntou, e com uma olhada
debaixo da mesa ele teve sua resposta.
— Samantha, saia debaixo dessa mesa, caralho! — Exigi.
Samantha se levantou, abotoando sua blusa. Eu sabia que aqueles
botões não abriram acidentalmente. Ver seus lábios inchados quase me fez
reconsiderar sua vontade louca de me chupar. Guardei meu pau e quase gemi
de tão duro que ele está, a calça ficou apertada, mas terei que suportar, pelo
menos até essa reunião acabar. Olhando para Samantha, vendo seu semblante
refletir como se eu tivesse arrancado seu brinquedo favorito das mãos, ou
melhor da sua boca, faz minha raiva aumentar. Já basta o dia de merda que
eu estou tendo, ainda ter de parar uma reunião importante, que eu nem queria
estar fazendo, por que ela decidiu que quer chupar meu pau? Não, porra!
— Que merda você está pensando? Estamos no meio de uma
videoconferência importante, não temos tempo para brincar de putaria.
Ainda por cima derrubou água em cima da minha calça. — Disse furioso.
— Calma Oliver. — Jordan pediu, e dei uma olhada pedindo para
ele ficar na sua.
— Calma? Tive que parar uma reunião importante para...
— Chega! — Samantha gritou me interrompendo. — Me desculpe,
isso não irá se repetir, eu... eu... Só queria fazer algo legal. — Ela acha que
ter que parar, uma reunião importante é legal?
— Algo legal? — Repeti incrédulo. — Samantha, eu não sei como
funcionava seu relacionamento com seus ex-namorados, mas você precisa
entender que não somos eles, temos responsabilidades, essa empresa é nossa
responsabilidade, e não podemos simplesmente parar uma reunião porque
você quer chupar meu pau debaixo da mesa. — Disse sendo o mais sincero
possível, espero que ela entenda.
— Oliver...
— Depois conversamos, está dispensada pelo resto do dia. — A
interrompi não querendo mais conversar, se ela quiser podemos falar em
casa, só quero terminar essa reunião o quanto antes. Samantha saiu da sala
de cabeça baixa e um incômodo se alojou no meu peito.
Será que fiz merda?
— Oliver, não precisava ter falado com ela assim. — Will disse e
me concentrei no gráfico que Samantha me trouxe, não querendo olhar para
ele e ter certeza de que agi como um babaca que Samantha tanto adora me
chamar.
— Ela pareceu estar triste — Jordan pontuou, fazendo o incômodo no
meu peito aumentar.
— Eu posso ir atrás dela. — Jayden ofereceu. — Já que nosso irmão
fodeu com tudo mais uma vez. Se a ela queria chupar seu pau deixasse,
porra. Antes ela ter vindo chupar o meu.
Não irei mais suportar ouvir meus irmãos preocupados com
Samantha, sabendo que agi como um babaca. Eu devia ter a deixado chupar
meu pau como a porra de um pirulito. Em casa irei pedir desculpas pelo
meu comportamento, e espero que ela possa me desculpar, nem que para isso
eu passe a noite toda com meu pau dentro dela para convencê-la.
— Podemos voltar para a reunião? Em casa conversamos com ela —
finalizei o assunto Samantha, retornando à ligação para Meg que não
demorou para atender. — Onde paramos? — Perguntei tentando não pensar
em Samantha pelo resto do dia.
Quase oito horas da noite e Samantha ainda não voltou para casa.
Ando de um lado para o outro incomodado com sua falta de
responsabilidade. Tudo bem que ela deva estar me odiando agora, mas ela
poderia nos atender e dizer onde está e se está bem. Quando cheguei em casa
fui até seu quarto para conversar com ela e pedir desculpas pelo meu
comportamento, mas não a encontrei, fiz uma busca pela casa constatando
que ela não estava em lugar nenhum. Só depois me dei conta que seu carro
não estava estacionado onde ela sempre o deixa. Nem precisei pensar muito
para ter certeza de que fodi com tudo. Tentei ligar várias vezes e ela não me
atendeu, enviei mensagens que ela nem visualizou, ela deve estar muito
irritada comigo.
Pelos olhares que recebo dos meus irmãos sei que eles estão me
culpando, e eu nem posso dizer nada, se Samantha não está em casa a culpa é
mesmo minha. Por que falei daquele jeito com ela? Me recrimino por ter
sido tão impulsivo e grosso, ela não tem culpa das minhas merdas, muito
menos ter que lidar com elas. Tento mais uma vez ligar para seu celular,
chama algumas vezes caindo na caixa postal em seguida.
O que eu fui fazer?
Passamos as próximas horas esperando pela sua volta que nunca
acontece. Não querendo mais ficarmos parados, decidimos ligar para
hospitais, polícia ou qualquer pessoa que possa nos ajudar encontrá-la, ou
ao menos ter alguma notícia sua. Quando liguei para a polícia, eles disseram
que não podiam fazer nada até dar 24 horas do seu desaparecimento. Os
hospitais que entramos em contato não tinham nenhum paciente com a
descrição de Samantha, o que nos deixou aliviados, ao mesmo tempo que
não aliviou o estado de nervos que estamos sem saber dela. São 01:27 da
manhã, não sei se suporto esperar mais. Will está ligando para o último
hospital da lista telefônica, se eles também nos derem a mesma resposta que
os outros, iremos para as ruas procurá-la.
— Alô, desculpa pelo horário, estou ligando para saber se alguma
mulher de 26 anos, branca, cabelos pretos, grávida deu entrada... — Will
para de falar e meu coração se aperta. — Como? — A preocupação na sua
voz me faz temer o pior. Que não seja nada, que não seja ela, imploro. —
Eu... eu sou namorado, estou indo. — Suas mãos estão tremendo quando ele
desliga.
— Will? — Jordan chama sua atenção, mas ele continua em silêncio.
— Will? — Jordan exigiu.
— A Samantha... ela... sofreu um acidente. — Ele disse desabando
no sofá.
— O quê? Como... ela está? E o bebê? — Perguntei aflito.
Seus olhos se prenderam em mim, e o que vi refletido neles me fez
fechar os olhos esperando pelo pior.
O cheiro de álcool incomoda meu nariz me fazendo acordar, e sem
abrir os olhos tento me mexer, porém me sinto presa, incapaz de me mover.
Tento mais uma vez, e não consigo mover nada, meu corpo não obedece a
meus comandos. Abro meus olhos vagarosamente sentindo uma pressão
ocular forte me fazendo fechar os olhos no mesmo instante, assim que volto
abri-los pisco incontáveis vezes para me acostumar com a forte luz.
O que aconteceu?
Sinto-me como se estivesse tendo a pior das ressacas de todas, minha
cabeça está uma grande confusão, meu corpo está entorpecido, e eu não faço
a mínima ideia de onde estou. Busco na minha memória a última coisa da
qual me lembro, e nada vem ao meu auxílio para me ajudar a entender o que
está acontecendo. Será que mais uma vez cai na conversa do... Um som de
porta se abrindo, me faz querer virar a cabeça, e fico preocupada por
descobrir que não consigo. Meu coração dispara com medo do que pode
acontecer comigo. Respiro devagar tentando me acalmar, quero perguntar
quem é, contudo, minha boca não se mexe, meus olhos ardem sem saber o
que está acontecendo comigo. Por que meu corpo não me obedece?
— Ah, meu Deus. — é a voz de uma mulher. — Você acordou, vou
chamar o médico.
Médico? O que aconteceu comigo?
Não sei quanto tempo se passou, a angústia no meu peito não se
abrandou pela espera, pelo contrário, aumentou ainda mais, tudo que eu
quero é respostas. Ao ouvir a porta sendo novamente aberta, meu coração
acelerou no peito. Impossibilitada de me mover ou falar, fiquei na espera do
que o médico poderia me falar. Um barulho alto de algo sendo arrastado, me
fez fechar os olhos pelo som incômodo, tudo em mim parece estar mais
sensível.
— Oi, Samantha, eu sou o doutor Weyden. — Um homem por volta
de uns cinquenta poucos anos apareceu diante do meu rosto. — Você deve ter
muitas perguntas, e pretendo responder todas elas. Primeiro peço para que
mantenha calma, tudo ficará bem. Antes de conversarmos, preciso realizar
alguns exames em você, é um procedimento padrão feito para qualquer
paciente que passe pelo que você passou. Preciso saber como está seu nível
de compreensão, por isso estou falando o mais devagar possível. — Pisquei
sentindo meus olhos arderem, eu quero chorar. — Eu peço que confie em
mim, tudo dará certo.
Mantive meus olhos, presos nos do médico, querendo acreditar em
suas palavras.

Logo que retornei para o quarto estava cansada de manter meus olhos
abertos, minha cabeça estava com uma dorzinha chata e nem poderia pedir
um remédio para dor. Não quis chorar quando tentei falar e não consegui,
ainda assim não pude segurar quando fui deixada sozinha. O que está
acontecendo? Por que não consigo me mover? Fechei meus olhos, não
aguentando mais me sentir assim.
Devo ter dormido, porque assim que acordei e abri meus olhos,
quatro homens estavam parados ao redor da cama me olhando. Um deles
sorriu vindo para perto de mim, fechei meus olhos com medo. Minha cabeça
se encontra uma confusão, não sei se quero saber o que está acontecendo
para ter esses homens tão perto de mim.
— Sam, você acordou mesmo. — Sua voz parece tão feliz, contudo,
não tive coragem de abrir os olhos para saber se ele ainda sorria ou não. Ele
está me beijando? Sinto minha testa molhar comprovando que sim, ele está
me beijando — Eu ainda não acredito, pedi tanto por isso — Abri meus
olhos, e vi os seus marejados, no entanto logo ele se distanciou, antes que eu
pudesse tentar entender o porquê.
— Jayden, vá com calma, lembra o que o médico nos disse? — Uma
voz mais séria disse, e não sei o porquê, mas ouvir sua voz me deu calafrios.
— Só estou feliz, Oliver.
Dois homens se inclinam para cima de mim, ambos me beijando na
testa, fechei os olhos não querendo olhar para eles. Estou com medo, não sei
por que eles estão aqui, não sei quem são eles, eu só quero meus pais, meus
namorados. Preciso que alguém me diga o que está acontecendo. Abri meus
olhos desejando que eles não estivessem mais aqui, porém eles estavam no
mesmo lugar, em cima de mim, seus olhos estudando meu rosto.
— Ela parece assustada. — Um deles disse e não quis prestar
atenção em qual foi.
— Tudo está diferente para ela, o médico nos contou que isso iria
acontecer. — Fechei os olhos sentindo minhas lágrimas rolarem pela lateral
do meu rosto, sem nem poder limpar para eles não verem meu momento de
fragilidade e apreensão.
— Ela está chorando. — Não quero esses homens aqui me vendo
assim tão frágil, eu quero meus homens, meus pais, e não pessoas da qual eu
não conheço. — Vou chamar o médico.
Chorei por não sei quantos minutos, o silêncio do quarto me fazia
acreditar que estava sozinha, mas era abrir meus olhos e lá estavam eles, me
encarando. Assim que ouvi o som da porta, orei para que fosse o médico,
para ele pedir para esses homens saírem do meu quarto. Assim que o rosto
do médico pairou sobre mim, senti um tremendo alívio me envolver.
— Samantha, tudo bem? Pisque uma vez para não e duas vezes para
sim. — Pisquei uma vez. — Ok, está sentindo dor? — Pisquei uma vez de
novo. — Eu disse que iríamos conversar e pensei em fazer isso amanhã,
você parece cansada depois dos exames, não quero sobrecarregá-la. —
Colocou uma luz sobre meus olhos fazendo eu acompanhá-la, e assim eu fiz.
— Entretanto acredito que seja melhor deixar você saber o que aconteceu.
— Ele desviou o olhar para o lado, onde provavelmente os quatro homens
devem estar, porém logo seus olhos voltaram para mim. — Você sofreu um
acidente de carro. — Respirei fundo. — Meu plantão havia terminado,
quando fui chamado para atendê-la. Você sofreu traumatismo craniano, eu
tive que lhe operar às pressas ou você não resistiria. — Agora foi a vez de
ele respirar fundo. — No momento que você deu entrada não sabíamos nada
sobre você para podermos contatar algum familiar, eu tive que fazer uma
escolha, e a escolha que eu fiz a deixou em coma. — Senti meus batimentos
subirem, logo as máquinas ao meu lado começaram apitar.
— Ela não precisa ouvir isso agora — A voz do homem sério
sobressaiu aos bips.
— Ela precisa, Oliver. — O médico ainda olhava para mim. —
Samantha, você esteve em coma por mais de um ano. — Fechei meus olhos
não querendo ouvir mais nada. — Eu sabia do risco, mas eu precisava corrê-
lo. — Não abri meus olhos quando senti sua mão tocar a minha. — Você
quer ficar sozinha? Podemos conversar mais amanhã — Abri meus olhos
para piscar duas vezes. — Ok. — Quero ficar sozinha para pensar em tudo o
que me foi dito.
— Eu não irei sair.
— Oliver, ela precisa processar essa conversa, agora iniciaremos um
longo trabalho de recuperação, e não será fácil eu havia os avisado. —
Pisquei várias vezes querendo chamar a atenção do médico. — Samantha...
Você quer saber de alguma coisa? — Ele percebeu meu desespero e quase
respirei aliviada por ele me entender. Olhei para os homens de canto de
olhos. — Sobre eles? — Pisquei duas vezes. — O que você quer saber? —
Olhei para eles voltando a olhar para o médico. — Samantha... eu... não
entendo... Não pode ser.
— O que foi? — Um deles perguntou, mas não me importei para
saber qual foi.
— Samantha, você sabe quem são eles? — Pisquei apenas uma vez.
Não, eu não sei.
Assim que chegamos ao hospital corremos para o balcão de
informações, precisamos saber se Samantha e o bebê estão bem. Depois que
escutei que a moça que eu descrevi estava em cirurgia, pude jurar que estava
caindo sem nunca chegar ao chão. Ainda não quero acreditar que possa ser
ela. Samantha deve estar bem e indo para casa, certo? Ela deve ter saído
apenas para espairecer, tudo deve ser um mal-entendido. Minha cabeça está
a ponto de explodir, fico passando em loop infinito o que a atendente me
disse ao telefone, e tudo que sinto é um tremendo medo. Medo de perdê-la,
medo de perdê-los.
— Tem uma mulher que acabou de dar entrada com essas
descrições. Ela sofreu um acidente de carro, está em cirurgia, se você for
alguém da família peço que venha o quanto antes.
Foi o que bastou para que em poucos minutos estivéssemos dentro do
carro, furando todos os sinais vermelhos para chegarmos até ela. Eu quero
acreditar que não seja Samantha, por que se acaso for ela como está o nosso
bebê? Ele sobreviveu? Ela sobreviverá? Jordan é quem faz as perguntas
para a mulher da recepção, me mantenho em alerta escutando tudo o que ela
fala, torcendo para uma mínima chance de não ser a Samantha. Uma mínima
chance dela e o bebê estarem bem e em segurança.
— Os policiais acabaram de nos trazer a bolsa da paciente, para que
fosse fácil conseguimos contatar a família. — Ela disse e não demorou para
que eu estivesse quase em cima dela para perguntar o nome. — Samantha
Mitchell, a paciente que está em cirurgia se chama, Samantha Mitchell. —
Senti minhas pernas falharem, a bile subiu tão rápido que senti o amargor na
boca. Eu vou vomitar!
— Não pode ser. — Jayden pegou das mãos da mulher a carteira de
motorista da Samantha. — Eu não acredito, como ela está? E o bebê? Fala
alguma coisa caralho.
— Senhor, eu peço encarecidamente que se acalme, os senhores terão
que aguardar o médico que está a operando, apenas ele pode lhes informar
melhor seu estado. Peço gentilmente que me deem algumas informações da
paciente, depois poderão se acomodar na sala de espera.
Jordan se prontificou a responder, enquanto eu decidia sair. Preciso
respirar um pouco de ar fresco, se continuasse lá dentro eu acabaria
vomitando. Fecho os olhos a cada vez que o rosto de Samantha invade meus
pensamentos, seu sorriso safado quando quer nos provocar, seu sorriso doce
todas às vezes que fala sobre o bebê... O bebê. Eu não estou pronto para
saber como ele está.
— Will, eu... sinto muito. — Me viro e vejo Oliver me encarar de
olhos marejados.
— Agora não Oliver, eu... preciso ficar um pouco sozinho. —
Respirei fundo tentando me acalmar.
— É culpa minha, eu não deveria...
— Oliver, eu não quero ouvir. — Pedi sentindo meus olhos arderem,
não quero perder a Samantha, não quero perder o nosso bebê.
Logo depois de ver os resultados naqueles testes eu questionei se
seria um bom pai, naquele momento eu não tinha uma resposta, a única coisa
que passou na minha cabeça era que eu tentaria ser o melhor, não importava
o que eu precisasse fazer, eu tentaria ser o melhor. Por Samantha e por ele. A
cada dia a realidade foi ficando mais forte, e meu amor pelos dois também...
Eu não quero perdê-los... Eu não posso perdê-los.
— Eu... pensei em dois nomes para o bebê, eu ia contar para ela no
jantar — balancei a cabeça de um lado para o outro abrindo um sorriso
forçado nos lábios, a primeira lágrima caiu com medo de que eu nunca
tivesse a oportunidade de contar a ela.
— Eles vão sair dessa — a voz de Oliver não passou de um
sussurro, e eu não sabia a quem ele queria convencer, eu ou ele.
— Eu não sei de nada. — Confessei entrando no hospital com o
medo correndo até os meus ossos.

Cinco horas se passaram e nada do médico vir nos dizer qualquer


coisa, estamos no escuro sem saber como Samantha e o bebê estão, e a cada
minuto que se passa o medo se alastra ainda mais pelo meu corpo. Jayden
ameaçou processar o hospital por falta de notícias umas quatro vezes, Jordan
ameaçou cinco. Chegamos no nosso limite, precisamos de qualquer notícia
sobre eles, precisamos saber que estão bem. Meus pensamentos nesse
momento são meu maior tormento, se fechar meus olhos posso ver como ela
saiu daquela sala de reunião. Por que eu não fui atrás dela? Era o que eu
deveria ter feito.
— Eu vou lá de novo, eles não podem continuar nos negando
informações — Jayden se colocou de pé, contudo, antes que ele desse o
primeiro passo, um médico se aproximou de nós.
— Olá, os senhores são parentes da paciente Mitchell? — Abri a
boca para responder, porém Oliver foi mais rápido.
— Ela é nossa mulher. — O médico olhou para nós, e se pensou
alguma coisa guardou para si.
— A mulher de vocês chegou aqui com um traumatismo craniano
grave, precisava de uma cirurgia com urgência ou a perderíamos. — Ele
olhou para cada um de nós, mas seus olhos se prenderam em Oliver. — Eu
estava a operando quando outros exames foram necessários serem feitos com
ela ainda sendo operada... Fomos pegos de surpresa por descobrirmos sobre
a gravidez naquelas condições — senti meu coração falhar uma batida, quero
saber se está tudo bem com o nosso bebê, se eles estão bem. — A cirurgia
dela foi bem-sucedida, agora é aguardar as próximas 48 horas para termos
um melhor panorama do seu estado.
— O... bebê... — Oliver não concluiu a pergunta, e eu não sabia se
queria ouvir a resposta do médico.
— Nossa melhor obstetra foi chamada, o bebê por ora está bem.
Apesar do grande impacto que ela sofreu, as maiores escoriações foram na
cabeça e nas pernas. Ela quebrou as duas. Nosso ortopedista está operando-
a agora. — fecho os olhos me sentindo impotente. — Como eu disse,
precisamos aguardar. Mas alguma pergunta? — me afastei não querendo
ouvir mais nada.

Os dias que passaram desde a notícia sobre o acidente foram os


piores possíveis. Não consigo me concentrar em nada, meus pensamentos
estão apenas em Samantha e no nosso bebê, eles precisam sair dessa.
Enquanto aguardávamos o médico na sala de espera, para novas
informações, orava em silêncio. Assim que o médico se aproximou, seu
semblante estava condescendente, e fosse o que fosse que ele nos dissesse
não seria nada bom.
Escutava atentamente o que ele nos dizia, mas fiquei preso em uma
única fala.
— Ela entrou em coma, não sabemos quando e se, ela irá acordar.
Assim que chegamos em casa abalados com as notícias, Oliver se
trancou no seu escritório, e não demorou para escutarmos coisas sendo
quebradas.

Mesmo sem cabeça para nada, fomos até a clínica onde o pai de
Samantha está internado para contarmos o que aconteceu com ela, contudo,
assim que dissemos o que aconteceu, ele riu dizendo que ela está colhendo o
que plantou. Não demorou para sermos expulsos assim que o punho de
Jayden acertou o rosto dele.
Depois de dias tão tristes, hoje recebemos uma notícia boa. O
médico nos contou que é possível continuar com a gravidez da Samantha,
mesmo com ela estando em coma. Quando entramos no carro para irmos para
casa choramos por vários minutos sem nos importar se alguém via.

O bebê está bem! Hoje vimos ele pelo ultrassom, seu coração bate
tão forte. É emocionante saber que apesar de tudo ele é um guerreiro como a
mãe, não desiste sem lutar. Quando voltamos à clínica para contar ao pai de
Samantha sobre as boas notícias, ele se recusou a nos receber.

É uma menina! Eu, Jordan e Oliver sorrimos feitos bobos vendo a


pequena imagem da nossa filha na tela. Jayden não aceitou bem que teríamos
uma filha. Ele deu um beijo na testa da Sam, um beijo em sua barriga,
dizendo que ia para o bar. Tudo que ele nos disse foi:
— Uma menina! Uma menina! Eu... eu sou muito jovem para cabelos
brancos.
— Jay, calma, não é um bicho de sete cabeças ser pai de uma menina.
— Eu disse, fazendo ele gargalhar.
— Repete isso quando nossa menina estiver com quinze anos, e
vários filhos da puta querendo tocar na nossa princesinha.
Bastou isso para que todos fossemos para o bar encher a cara com
ele.

O pai da Sam não estava mais na clínica quando fomos contar que ele
seria avô de uma menina. Só espero que um dia ele não se arrependa da filha
incrível que ele está abrindo mão.
Nossa casa está uma bagunça com tantas roupinhas rosas espalhadas,
o quarto da nossa filha nem se fala, parece uma loja de brinquedos revirada.
Estávamos organizando as coisas quando Oliver chegou vindo para cima de
nós.
— Seus putos! — Berrou nos mostrando seu celular. — Usaram meu
cartão de crédito? — Gargalhamos alto.
— É óbvio, Oli, você é o CEO. — Jay respondeu segurando um
macacão rosa nas mãos. — Olha que gracinha, nossa filha irá amar. — Os
olhos do Oliver brilharam, e não demorou para ele abrir um sorriso. —
Espera para ver o carrinho rosa que eu comprei. Ele custou cinco mil
dólares, mas você precisa ver como ele é irado, valeu cada dólar.
— CINCO MIL DÓLARES?

A barriga da Sam está ficando cada dia maior, ela ainda não acordou,
mas todo dia nossa esperança é renovada.

Brigamos de novo hoje. Oliver não gostou do nome que Jayden e eu


gostamos. Jordan se absteve, dizendo que não quer tomar partido quando
Sam acordar e descobrir que eu e Jay estávamos querendo chamar a bebê de
Sunshine.
— Sam, vai gostar. — Defendi o nome lindo que escolhi para nossa
filha.
— Nem fodendo. — Oliver rugiu. — Nossa filha não vai se chamar
assim.

Nossos pais estão chocados até agora com nossa revelação. Eles
quase nos deserdaram, por termos demorado tanto para contar sobre
Samantha e nossa filha. Jayden fingiu um desmaio para distraí-los, contudo,
foi acordado aos tapas pela nossa mãe que não acreditou.

A obstetra nos informou hoje que nossa filha terá que nascer o quanto
antes, ela não está mais recebendo tudo que é necessário para se
desenvolver dentro da mãe. Choramos com medo de que algo aconteça com
ela, não imaginamos mais nossa vida sem nossa filha.

O nome dela será Harper Mitchell King.

Harper nasceu às 07:36, pesando 1.805 Kg, medindo 28 cm. Ela foi
direto para a incubadora onde esperaremos ela ficar forte para ser levada
para casa. Estamos tão babões pela nossa filha. Ela é uma guerreira como a
mãe.

Estamos entrando em casa com a nossa filha, depois de tantos dias


ela finalmente está em casa. Somos recebidos pelos nossos pais que não
demoram a pegar a pequena dos meus braços. Jordan está filmando com o
celular, como temos feito desde que Harper nasceu. Estamos fazendo isso
para quando Sam acordar, poder assistir a cada dia da nossa filha.

Hoje Harper fez cocô no terno caro do papai Oliver, gravei para a
Sam morrer de rir da cara dele depois. O que culminou nele xingando todos
os palavrões que conhece. Não poderia me importar menos.
O tempo está passando rápido demais, hoje Harper está fazendo
cinco meses. E ver minha filha crescer, sabendo que sua mãe ainda continua
em coma parte meu coração todas as vezes.

Jayden está se achando porque Harper é louca pelas papinhas que ele
faz. Entramos em uma discussão entres nós quatro dizendo outras coisas que
Harper ama, mas paramos quando ela balbuciou papa, ficamos todos bobos
acreditando que ela estava nos chamando pela primeira vez de papai, mas
tudo o que ela queria era mais papinha. O que comprovou que Jayden estava
certo, ela ama as papinhas dele.

Hoje Oliver levou nossa filha para o escritório, e Harper babou em


cima de um contrato que valia mais de 20 milhões. Jayden disse que Oliver
passou o dia no escritório olhando para o teto em um silêncio profundo. Não
tivemos coragem de conversar com ele para saber se estava tudo bem,
mesmo que ficamos rindo sem parar das artes que nossa filha apronta apenas
com ele.
Harper é a melhor.

Harper deu seus primeiros passos hoje, tudo podia ser lindo, se não
fosse o fato que a motivou. Ela estava caminhando para pegar a playboy de
Jayden de cima do sofá, isso fez que o momento mágico se tornasse
desespero.
Sam vai nos matar quando acordar.

Um ano sem a Sam, um ano em que não desistimos. Eu sei que ela vai
voltar para nós.
Hoje foi a primeira vez que tivemos coragem para ver como o carro
da Sam ficou depois do acidente. Saímos de lá agradecidos por nossas
garotas terem sobrevivido, porque vendo seu carro eu soube que foi um
milagre. Oliver pagou para sumirem com aquela sucata, pois ele nunca mais
queria botar os olhos naquilo que quase tirou de nós a nossa felicidade.

Hoje Harper está fazendo 1 aninho, e a cada dia ela se parece ainda
mais com a Sam. Sua festa foi o tema da pequena sereia, a mulher contratada
para ser a Ariel deu em cima do Jordan, o que resultou em ele mandando-a
embora. Desde o acidente nunca pensamos em nos envolvermos com outras
mulheres. Isso não vai acontecer, queremos apenas uma, ou melhor,
queremos apenas duas. Uma já está conosco só estamos esperando a outra
acordar.

Hoje a Samantha acordou... entretanto ela não sabe quem somos.


Dias se passaram desde que acordei, e eu continuo na mesma. Não
posso falar, não posso me mexer, tudo o que posso fazer é piscar. Estou
presa em um corpo inútil, que é incapaz de me levar para as pessoas que eu
amo. As visitas daqueles homens aumentaram ainda mais desde que eles
souberam que eu não faço a mínima ideia de quem eles sejam. Oliver,
Jordan, Will e Jayden, esses são seus nomes. Cada um se apresentou para
mim, na intenção de me lembrar quem são, e tudo que pude fazer foi escutá-
los para quem sabe funcionasse, mas não funcionou. Eu não sei quem eles
são, e muito menos o que significam para mim.
Ao que parece eu trabalhava para eles antes do acidente, eles não
entraram em detalhes com o quê, disseram que não queriam me
sobrecarregar, que teríamos muito tempo para conversar. Depois que eles se
foram, e eu fiquei sozinha com meus pensamentos, cheguei à conclusão de
que eles não estariam me visitando se eles não me conhecessem, não é?
Soube por Jordan, que são eles que estão custeando tudo desde que dei
entrada no hospital. Queria conseguir falar para perguntar dos meus pais, e
dos meus namorados. Nenhum deles veio me visitar desde que acordei. Eu
só gostaria de saber o que estou fazendo em Detroit, tão longe das pessoas
que mais amo.
Fechei os olhos frustrada, não saber as respostas das minhas
perguntas está me deixando estressada. Eu quero saber sobre meus pais,
sobre meus namorados. Será que eles sabem que sofri um acidente, que
fiquei tanto tempo em coma? Meus questionamentos são desviados com o
som da porta sendo aberta, essa é a única coisa que me faz ter certeza de que
alguém entrou. Os sons. Eu quero mover minha cabeça, eu quero falar... Eu
só quero sair daqui.
— Bom dia, princesa. — Reconheço essa voz, é o Jayden, de todos
os quatro ele é o que mais fala. — Lembra do que eu disse ontem? — Beija
minha testa e fecho os olhos, não compreendo todo esse carinho que ele e
seus irmãos têm comigo. Eu devo ter sido uma ótima funcionária. Com o que
será que eu trabalhava? — Estarei aqui para o que precisar.
Jayden me disse que estaria ao meu lado na nova etapa que meu
médico vai começar a traçar para mim. Ontem eu conheci a fonoaudióloga e
a fisioterapeuta que me ajudarão a voltar o quanto antes a falar e mover meu
corpo. É o que eu mais quero, mas eu fui avisada por elas que será um
processo lento, que não posso desanimar, cada dia será uma vitória, e foi
nisso que eu me agarrei. Eu sei que não será fácil, mas se quero sair daqui
preciso tentar o meu melhor.
— Jordan, me pediu para dizer que vem na parte da tarde. Agora de
manhã ele precisa cuidar da... — Jayden ficou em silêncio e abri meus olhos
encarando os seus arregalados. — Empresa. — Disse desviando os olhos
dos meus. — Soube pela enfermeira que ela já te alimentou. — Desviou o
assunto, e fiquei curiosa para saber o porquê. — Isso é bom, agora está forte
para começar seus primeiros exercícios. Está pronta para isso? — Pisquei
duas vezes para ele não pensar que estou sendo rude. — Você ficará bem
logo, eu acredito nisso. — Recebi outro beijo na testa e desejei muito que
Jayden estivesse certo. Só quero voltar para as pessoas que eu amo.

Eu não posso mais fazer isso. Tudo dói, e cada vez que tento levantar
a mão uma dor excruciante me consome, é como se meus ossos queimassem.
Eu nunca mais voltarei a ser como antes, essa é a verdade. As lágrimas
queimam nos meus olhos, ao mesmo tempo em tento mais uma vez levantar a
colher para levar comida para minha boca. Minha mão treme derrubando
tudo no prato outra vez. Faz dias que comecei a fisioterapia, eu pensei que
seria um processo rápido, mas não poderia estar mais errada. Levou oito
dias para conseguir sustentar meu pescoço, pelo menos agora posso virar
meu rosto para ver quem entra no quarto. Levou mais cinco dias para me
colocarem sentada na cama, mesmo que para isso eu precise estar presa as
cintas da cama, porque do contrário eu iria cair por ser incapaz de sustentar
meu corpo.
Incapaz...
Foi nisso que me tornei. Quando não estou tentando movimentar meu
corpo estou tentando falar, o que está ainda pior. Eu não acredito que
voltarei ao normal como todos acreditam, e tentam me fazer acreditar. Estou
cansada do otimismo deles, estou cansada de querer saber dos meus pais e
nenhum deles me falarem nada. Eu estou esgotada, eu só quero me sentir...
capaz.
— Você consegue, Sam, não desista — O otimismo na voz de Jayden
me irrita mais. Ele realmente cumpriu com o que me disse, todos os dias nas
horas dos meus exercícios ele está aqui. — Você é a mulher mais forte que
eu conheço, se alguém pode levantar essa colher é você.
Uma colher de plástico, eu não consigo levantar uma colher de
plástico.
— Com calma, Samantha, não se cobre tanto, hoje é a primeira vez
que tentamos, então nada de pressão — assenti devagar. Preciso conseguir,
não quero mais receber comida na boca por ninguém.
Com a mão tremendo tento mais uma vez. Encho a colher com um
pouco de sopa e começo o caminho até minha boca, minha mão treme muito
derrubando um pouco sobre mim, não desisto e continuo com meu objetivo.
Meus olhos ardem assim que consigo encostar a colher nos meus lábios, abri
a boca devagar e quase não acreditei quando a colher entrou.
Eu consegui! Eu consegui!
— Muito bem, Samantha. — Minha fisioterapeuta abre um sorriso
enorme. — Você conseguiu. — Abro um sorriso e derrubo lágrimas de
felicidade, essa é a primeira vez que estou feliz desde que acordei. Olho
para Jayden que chora e sorri ao mesmo.
— A mulher mais forte que eu conheço. — Ele repetiu e pela
primeira vez acredito nas suas palavras.
Eu sou forte! Eu posso e vou passar por isso.
Um mês e meio desde que Samantha acordou, e hoje foi o pior dia de
todos. O doutor Hayden foi enfático ao nos dizer que Samantha não tem nada
nos exames neurológicos que mostre o motivo da sua falta de memória. Pelo
que eu entendi, ela não lembra porque não quer lembrar. Um quadro
psicológico, foi o que o doutor nos disse. Samantha está bloqueando as
memórias que teve conosco. O doutor acredita que o choque do acidente,
mais a condição que ela se encontra pode ter sido os fatores que culminaram
nesse bloqueio. E o pior disso? Ela pode nunca se lembrar do que viveu
desde que nos conheceu. Porra!
Samantha tem progredido muito bem, ela consegue sorrir melhor,
consegue balbuciar sim e não, seus braços têm melhor mobilidade, por isso
ela começou a ter aulas para aprender a lidar com a cadeira de rodas, onde
infelizmente ela pode ficar por meses. Sua fala não evoluiu como
esperávamos, contudo, saber que ela está viva e bem, é o que nos consola.
Será questão de tempo para ela estar andando e falando como antes.
Em nenhuma vez desde que ela acordou, Oliver, ficou sozinho com
ela. Meu irmão ainda se culpa muito com o seu acidente, e não a nada que
falamos que ajude a aplacar sua culpa, a verdade é que meu irmão nunca irá
se perdoar. Se não bastasse todas as nossas preocupações e receios, ainda
tem a Harper, nossa filha precisa da mãe, e a mãe nem se lembra que ela
chegou a existir. Estamos fazendo nosso melhor, até contratar um detetive
particular para voltar às buscas pelo seu pai, estamos fazendo. Só queremos
que a Sam se sinta segura perto de nós, e que confie que queremos o melhor
para ela.
— J... Jol...Jol. — Me viro para ela que tenta pronunciar meu nome,
e sorrio feliz, há dois dias ela começou a tentar falar nossos nomes, nos
deixando muito felizes.
— Precisa de algo? — Me aproximo e ela levanta o braço com um
pouco de dificuldade apontando para a água. — Água? — Pergunto para ter
certeza, e para incentivá-la a responder.
— Si... si... sim. — Sorrio orgulhoso. Samantha tem se empenhado
muito, sua recuperação tem surpreendido até os médicos que cuidam dela.
Olhar para ela e saber tudo que ela perdeu enquanto dormia, mexe
muito comigo e com meus irmãos. Nossa filha cada dia que passa está tão
esperta, nos lembra todos os dias de sua mãe. Harper é uma mini cópia de
Samantha e talvez por causa dela, nós nos mantivemos tão fortes na
esperança de que Samantha um dia iria voltar para nós.

Entrar em casa é o melhor do meu dia, apesar de Samantha ainda não


estar liberada para vir para casa, estar em casa com minha família é o que
me mantém forte. É o lugar onde posso recarregar minhas forças, é onde eu
posso escutar o melhor som do mundo. O som da risada da minha filha.
Caminho em direção aos sons de risadas, e não me surpreendo em encontrar
Jayden brincando com nossa filha de cavalinho. Harper ama brincar com ele,
assim como ela ama brincar com Oliver em seu escritório... Ou seria babar
em seus documentos importantes? Definitivamente a segunda opção.
— E aí, Jay? — Cumprimento Jayden me abaixando para pegar
minha princesa no colo. — Oi, meu amor, aprontando muito com o papai
Jay? — Harper sorri, babando meu rosto. — Hoje a mamãe tentou falar meu
nome. — Digo para Harper, mas é Jayden que sorri se levantando.
— Jura? — pergunta de olhos marejados. — Logo ela poderá estar
aqui em casa conosco.
É tudo o que eu mais quero.
— Sim. — Fecho os olhos cheirando os cabelos de bebê da Harper,
isso tem sido a única coisa que me faz sentir bem. Harper é a única que
consegue tirar um sorriso sincero dos meus lábios desde tudo que aconteceu
com sua mãe. — Logo, a sua mamãe estará em casa. — Sussurrei no ouvido
da minha filha, torcendo que esse desejo não demore a acontecer.

Assim que pisei no hospital, meu coração batia acelerado no peito.


Todas as vezes que penso que vou ver a Sam, ele fica desse jeito. Na
verdade, a cada dia que a vejo está difícil segurar a vontade de dizer tudo
que está sufocado dentro do meu peito. Quero contar como sua falta foi
sentida, como não a ter ao nosso lado criando nossa filha fez falta em cada
nova descoberta que Harper fez, e que continua a fazer desde que ela
acordou. Quero poder olhar dentro daqueles lindos olhos e me declarar, não
quero ter que guardar meu amor, não mais, não depois de um ano e meio
esperando. Um ano e meio orando para que ela acordasse e voltasse para
nossas vidas.
Depois que entrei no seu quarto, sou recepcionado com seu sorriso.
Ela está se alimentando e é nítido sua melhora, suas mãos quase não tremem
como antes. A enfermeira ao seu lado sussurra algo em seu ouvido que a faz
sorrir ainda mais. Me aproximo, e a beijo na testa. Hoje quero conversar
com ela e fazer um pedido. Will não teve coragem, Jayden não quer ter que
mentir para ela e Oliver... bem, meu irmão não consegue olhar para
Samantha e não se odiar por tudo que aconteceu.
— Oi, Sam. Como está se sentindo hoje?
Devido a evolução de Samantha, ontem o médico nos disse que está
pensando em dar alta para ela, Samantha só terá que vir ao hospital apenas
para a fisioterapia e seus exercícios com a fonoaudióloga, contudo, meus
irmãos e eu decidimos pagar para ela fazer isso no conforto de casa, seu
médico não foi contra, mas nos alertou que a cada três dias ela precisa
comparecer ao hospital para ele acompanhar seu progresso.
— Be... Be... Bem. — Cada dia sua dicção está melhor, é impossível
não ficar orgulhoso pela sua força e dedicação. Nesses quase três meses em
que ela saiu do coma, tenho ficado impressionado com o seu progresso e
ainda mais apaixonado pela mulher forte que ela é.
— Fico muito feliz em saber. — Dei uma olhada para a enfermeira
fazendo um sinal para que ela nos deixasse sozinhos.
— Samantha, daqui a pouco eu retorno, continue se alimentando.
Você está indo muito bem.
Assim que fico sozinho com Samantha, penso em como abordar o
assunto da sua alta, e da nossa vontade de que ela vá para casa conosco. No
entanto, existem duas coisas que nos deixam receosos, a primeira é a sua
negativa imediata, e a segunda é ela ver a Harper. O doutor foi enfático em
nos dizer para não contar para Samantha quem Harper é, e que não devemos
contar nada sobre o que ela não se lembra, que ao fazer isso ao invés de
ajudar poderíamos estar a prejudicando. Por isso aqui estou eu, pronto para
mentir para a mulher que aprendi amar enquanto ela dormia.
— Sam. — Chamo sua atenção, fazendo-a olhar para mim. — Tenho
ótimas notícias para te contar, o doutor Weyden queria contar ele mesmo,
mas pedi que deixasse que eu te contasse. — Suas sobrancelhas dão uma
leve arqueada.
Como posso fazer isso? Como olhar dentro desses olhos
inacreditáveis e simplesmente mentir?
— Jo... Jol... — Sorrio por ver sua tentativa de me chamar.
— Desculpe, fiquei perdido em pensamentos. — Puxei uma cadeira,
sentando-se na sua frente. — Continue a comer, não quero que pare de se
alimentar por conta de mim. — Sam volta a comer, enquanto eu estou em
uma batalha interna entre o certo e o errado. — O doutor está querendo te
dar alta na próxima semana. — Digo atraindo sua atenção, e
consequentemente a fazendo parar de comer.
— Al... Alt...
— Sim, alta. — Seu sorriso me atinge em cheio.
Eu não posso fazer isso. Eu não posso enganá-la, não importa se isso
possa afetar suas lembranças. Eu simplesmente não posso mentir, não depois
de Samantha ter perdido tanto, eu... não vou fazer isso.
— Não pense muito sobre isso, Jordan, vocês estarão fazendo o
melhor por ela. Assim que ela se lembrar de quem vocês são, ela os
entenderá.
Pensar nas palavras do doutor não ajuda, na minha indecisão. Mentir
não é certo. Samantha perdeu muito da nossa filha, eu não posso colocá-la
dentro da nossa casa para convencê-la de que ela foi contratada para ser a
babá de Harper. Isso seria errado, além de cruel. Mesmo que contar a
verdade custe a Samantha lembrar de nós, eu não irei mentir, mesmo que
contar a verdade a faça nos odiar, eu não irei omitir. Não sobre Harper.
— Sam, eu preciso te contar algumas coisas... E eu darei todo espaço
que você quiser depois de me ouvir. Eu respeitarei sua vontade acima de
tudo, assim como eu sei que meus irmãos farão o mesmo. — Fechei os olhos
por alguns segundos respirando fundo, e assim que os abri encarei a linda
mulher na minha frente e... contei tudo.
Sinto muita dor! Não consigo abrir meus olhos sem sentir uma dor
dilacerante tomar conta da minha cabeça. Fleches confusos invadem meus
pensamentos de momentos que eu não sei se são lembranças do que vivi ou
apenas minha cabeça me pregando peças. Consigo ver Kyle em vários
desses fleches, em um deles ele está chorando por minha causa. Isso não faz
o menor sentido, eu amo Kyle, eu nunca o faria sofrer em hipótese alguma.
Só pode ser minha cabeça criando situações das quais eu não vivi.
Quatro homens que eu não consigo ver os rostos estão em muitos
desses fleches, eles me fazendo rir, eu os provocando, eles cuidando de mim.
Quando tento focar em seus rostos minha cabeça dói demais. O pulsar está
me matando, não sei quanto tempo ainda irei aguentar.
— Sam, por favor, me perdoa. — Escuto uma voz distante, mas não a
reconheço. — Eu não poderia mentir para você, não sobre ela.
Ela? Ela quem? Quem está falando?
— Senhor King, se o senhor não se retirar precisarei chamar a
segurança. O que o senhor fez, foi de uma irresponsabilidade sem tamanho.
— Pois chame, eu não irei sair sem saber que ela está bem!
O que está acontecendo?
— Enfermeira, chame a segurança.
Confusão! Tudo ao meu redor se torna uma tremenda confusão de
gritos e vozes alteradas em segundos. A dor na minha cabeça está ficando
insuportável, grito na vã ilusão de fazer todos os sons a minha volta parar.
Eu preciso que isso pare, eu não suporto mais. Grito até sentir o ar faltar nos
meus pulmões, porém uma picada no meu braço obriga meus gritos irem
cessando, toda a minha agitação interna ir se acalmando, suspiro de alívio
assim que os fleches que estavam me consumindo vão parando, e tudo o que
reste seja apenas o silêncio... a paz.

Sinto meus lábios molhados, eu diria muito molhados, como se


alguém estivesse me beijando enquanto durmo. Isso me faz recordar de uma
vez que o Kyle me acordou dessa forma, essa mera lembrança me faz querer
sorrir. Ele não estaria me acordando assim de novo, ou estaria? Não lembro
de ontem ter dormido com ele. Ah, já sei, Kyle tem essa mania de
sorrateiramente invadir o quarto de qual seja o seu irmão que eu esteja
dormindo. Essa é uma das muitas coisas que eu amo nele, Kyle sempre dá
um jeito de estar perto de mim.
— K... Ky... — Por que não consigo dizer o nome do Kyle?
— Você acordou, graças a Deus, eu não suportaria se você voltasse a
dormir por tanto tempo. — Eu não conheço essa voz. Onde eu estou? —
Cindo dias assim, e eu quase morri de medo de perdê-la.
Abro meus olhos, estou confusa, me deparo com dois olhos azuis me
encarando. O sorriso que ele direciona para mim, é algo que não faz o menor
sentido. Eu não o conheço, por que ele age como se eu o conhecesse? Seus
lábios grudaram nos meus novamente me deixando irritada. Quem esse
babaca pensa que é para beijar alguém que ele nem conhece?
— Pa... Pa... Par... — Mas que caralho, por que não consigo falar
direito? Parece que minha língua está embolada.
— Samantha? — O estranho babaca se afasta de mim com a testa
franzida, olhando para mim como se eu fosse um ser raro.
Seja quem for esse homem, eu já o detesto.
— Por que você está me olhando como se não me conhecesse? O
doutor disse que você passou a madrugada tentando falar meu nome, por isso
eu vim... Eu... Merda, você sabe quem eu sou ou não? — Que homem mais
babaca. — Você está me olhando como se quisesse me xingar... Oh, caralho,
é isso que você está fazendo em pensamento? — Ok, ele pode ser um
babaca, mas pelo menos é esperto. — Deixe-me adivinhar, está me
chamando de babaca? — Sorrio, um imenso sorriso de contentamento. —
Perfeito, isso é perfeito.
O estranho se afasta de mim e tento acompanhá-lo com o olhar, mas
se torna um pouco difícil, já que ele não para um minuto quieto. Reviro os
olhos vendo o showzinho que ele dá por nada, e decido me levantar. Tenho
mais coisas para fazer do que ficar deitada sendo beijada por um estranho
babaca e sem noção. Meu corpo treme assim que tento mover minhas pernas,
franzo a testa tentando me levantar e não conseguir. Por que meu corpo não
me obedece? Esse filho da puta usou a droga do estupro em mim? Isso faz
todo sentido, por isso não consigo falar, nem me mexer.
— Fi... Fil... Ba... Bab... — Que ódio, não consigo xingá-lo.
Os olhos do babaca se prendem em mim, e ele começa a gargalhar
balançando a cabeça em negativa, como se eu tivesse contado a melhor
piada do século. O fuzilo com o olhar, passando toda a irritação que olhar
para sua cara de babaca me causa.
— Tentar dizer Oliver, você não tenta, agora filho da puta e babaca,
você dá o seu melhor, não é mesmo? — Como ele tem coragem de gargalhar
de mim, depois de me drogar? Espera essa droga sair do meu sistema que
irei pular no seu pescoço, babaca. — Eu quero saber se você está bem?
Jordan está se sentindo muito culpado, não precisamos conversar sobre o
que ele te disse, o médico até nos aconselhou a deixar isso para lá, não
podemos te forçar...
Mas de que merda esse cara está falando? Continuo-o vendo mexer a
boca, mas não faço questão alguma de prestar atenção. Por que ele insiste
tanto em falar em médico? Pela primeira vez desde que abri meus olhos dou
uma olhada à minha volta, e arregalo os olhos ao perceber as paredes
brancas inconfundíveis de um quarto de hospital. Mas que porra aconteceu?
— Fique tranquila, logo que estiver em casa, te ajudaremos em
tudo... — O homem não cala a boca para eu tentar entender o que está
acontecendo. — Estruturamos a casa para tornar tudo confortável para
você...
— Ca... cal... cala...a — Foda-se! Com toda a força que existe dentro
de mim, levanto a mão mostrando o dedo do meio para ele. — Bo... boca,
ba...ba...baca.
Consegui! Ele finalmente calou a boca. Mas por que ele está me
olhando de olhos arregalados? Oh, merda, ele está vindo para cima de mim.
Antes de poder abrir minha boca para tentar xingá-lo de novo, sua boca está
colada na minha, sua língua invade a minha sem nenhuma delicadeza, mas
que inferno. Seu cheiro é bom, e algo no seu beijo é... Não! O que estou
fazendo? Eu tenho namorados, por que estou deixando esse estranho me
beijar? Sem ter pena dele, mordo sua língua, não com toda a força que
gostaria, mas o suficiente para afastá-lo. Seus olhos são duas chamas acesas,
assim que me olham surpresos e... irritados? Ele parece estar bravo.
— Mas que caralho, Samantha! — Ele coloca a língua para fora
tentando inutilmente olhá-la ao mesmo tempo que me mata com o olhar. —
Petulante, desgraçada!
Que droga está acontecendo aqui? Quem esse babaca pensa que é
para falar comigo desse jeito? Preciso descobrir o que está acontecendo,
o motivo de eu estar em um hospital e depois preciso encontrar meus
namorados para dar uma surra nesse babaca que teve a audácia de me
beijar, como se... Inferno, ele me beijou como se eu pertencesse a ele,
como se nos dois... Não! Algo deve estar muito errado aqui, e vou
descobrir o que é.
Culpa! Eu sinto culpa todos os dias, a cada minuto, a cada vez que
olho para Harper. A culpa pelo que aconteceu a Samantha será uma culpa
que nunca sairá de mim, talvez esse seja o motivo que eu não consiga ser
chamado de papai pela Harper, eu sou e continuarei sendo apenas o titio Oli.
A primeira vez que a segurei no colo meu coração transbordou de amor, tudo
o que mais queria era ser seu pai, contudo, foi olhar para sua mãe deitada
inconsciente na maca, que eu soube que eu não tenho esse direito, eu não
mereço ter Harper como filha, eu não mereço ter o que tirei de Samantha.
Assim que recebi a ligação de Jordan dizendo que ela havia
acordado, eu corri. Corri como se minha vida dependesse de vê-la, corri
com meu peito queimando pela falta de ar, corri precisando olhar dentro
daqueles olhos incríveis e pedir perdão. No entanto minha culpa não poderia
ter fim, não existe perdão pelo que eu fiz. Naquele dia eu chorei de
arrependimento, chorei sabendo que tirei muito mais que um ano de
Samantha. Eu tirei a Harper das suas lembranças, Samantha não lembra que
esteve grávida, não lembra dos meus irmãos. Ela se não lembrar de mim, é
algo bom, assim ela não precisa lembrar o quão babaca eu fui.
Chegar em casa e olhar para Harper sorrindo para mim me quebrou.
Dei um beijo na sua testa, a abracei o mais apertado que pude e subi para
meu quarto onde eu me odiei um pouco mais por tudo que causei a todos.
Desde então não fico sozinho com Samantha, minhas visitas a ela são
esporádicas. Não quero forçá-la a me aceitar por perto, eu tirei muito dela,
não posso tirar mais. E por isso eu tomei uma decisão, assim que Samantha
estiver bem, e recuperar sua memória eu irei partir. Irei o mais longe
possível que eu puder dela.

Ficar atolado no trabalho, é a única forma de desligar meu cérebro,


dela. Meus sentimentos estão cada vez mais contraditórios, ao mesmo tempo
em que não quero chegar perto dela, tudo o que mais quero é estar ao seu
lado e não sair de perto de jeito nenhum. Porém eu me forço a ficar afastado,
eu sei que estou fazendo o melhor para ela, o melhor para todos. Obrigo
meus olhos a voltarem a lerem os documentos nas minhas mãos, e não pensar
que nesse momento a mulher que eu amo está em coma de novo. Jordan
contou tudo a ela, e isso a fez entrar em colapso. O médico nos disse que seu
cérebro sobrecarregou com as informações que Jordan jogou sobre ela.
Samantha não estava preparada, o doutor precisou acamá-la a colocando
para dormir, isso foi há cinco dias e desde então Samantha não voltou.
Jordan se sente muito culpado, ele pensou que estaria fazendo o certo
em ser honesto com ela, ele nunca pensou que isso a faria sofrer. Meu irmão
está proibido de visitá-la, até que Samantha tenha alta e venha para a nossa
casa, meu irmão não pode vê-la, e isso está o matando. A única pessoa que
está mantendo a sanidade de Jordan intacta é a Harper, sem ela meu irmão já
teria invadido aquele hospital.
Meus pensamentos são interrompidos com o toque do meu celular, ao
conferir na tela quem poderia estar me ligando a uma hora dessas, meu
coração sofre um solavanco de preocupação.
— Alô, a Samantha está bem? — Pergunto aflito. Ver o nome do
doutor piscando na tela, fez todos os meus medos de perdê-la me sufocar,
causando uma imensa dor no meu peito.
— Oliver, ela está bem. A Samantha, está te chamando — Meus
olhos se enchem de água. Samantha está me chamando? Isso quer dizer que
ela acordou e se lembrou de mim?
— Ela... Ela acordou? Ela se lembrou? — Minha voz não disfarça
minha ansiedade. Pego minha carteira, a chave do carro e me apresso em
sair pela porta. Preciso chegar o quanto antes até ela, preciso segurá-la nos
braços e dizer o quanto a amo, e o quanto me arrependo por tudo.
— Ela ainda está inconsciente, mas murmura seu nome, não é
Oliver, mas chega perto. — Meu coração está descontrolado dentro do
peito. — Você pediu que ligasse se houvesse algo de novo...
— Estou a caminho! — O interrompo. — Arrume um jeito para eu
vê-la, não me importo se não está no horário de visitas, eu só preciso por
meus olhos sobre ela. — Mal escutei a resposta do doutor e desliguei o
celular, correndo para estar onde eu quis estar em todo esse tempo... Ao lado
dela.
Contemplo seu rosto, e não posso mais negar a vontade que tenho de
beijá-la, sabendo que é errado, e não me importando com isso, me inclino
sobre ela saboreando seus lábios. Mais de um ano sem sentir o sabor desses
lábios, e eles continuam com o mesmo gosto. Minha língua os lambe, e como
um viciado que ficou por tanto em abstinência da sua droga preferida, os
sugo devagar aproveitando cada fodido segundo, no entanto, o que eu
realmente queria estar fazendo era estar os devorando para dar fim a essa
fome que não tem fim desde que a conheci. Chupei o seu lábio inferior, para
logo chupar o superior, estou duro e isso só é mais uma prova do quão
bastardo eu sou.
— K... Ky... — Escuto um murmúrio baixo e me afasto. Samantha
falou? Suas mãos se movem, fazendo meu peito se encher de esperança.
— Você acordou, graças a Deus, eu não suportaria se você voltasse a
dormir por tanto tempo. Cinco dias assim, e eu quase morri de medo de
perdê-la. — Confesso meu maior medo, e sou golpeado com seus olhos se
abrindo. A visão mais linda do mundo, essa é a porra da visão mais linda do
mundo. Olhar dentro dos olhos de Samantha é encarar a imensidão de um céu
limpo, tendo o sol mais brilhante para iluminar tudo ao redor. Sou
arrebatado e não pensando direito a beijo novamente. Sou levado para um
mundo onde existem apenas nos dois.
— Pa... Pa... Par... — O som da sua voz me obriga a se afastar.
— Samantha? — Ela está tentando falar, será que está sentindo
alguma dor? Se está sentindo dor, por que seus olhos me encaram como se
não soubesse quem eu sou? — Por que você está me olhando como se não
me conhecesse? — Pergunto confuso. — O doutor disse que você passou a
madrugada tentando falar meu nome, por isso eu vim... Eu... Merda, você
sabe quem eu sou ou não? — Porra, seu rosto se transforma, ela parece estar
zangada. — Você está me olhando como se quisesse me xingar... Oh, caralho,
é isso que você está fazendo em pensamento? — Ela não estaria me
chamando de... Não, é claro que não. — Você está me chamando de babaca?
— Ela sorri, a filha da mãe abre o sorriso mais lindo que já vi. — Perfeito,
isso é perfeito.
Me afasto tentando entender o que está acontecendo aqui. Andando
de um lado para o outro, e chego à conclusão de que talvez ela possa estar
confusa, o doutor disse que ela teve um colapso, a confusão pode ser por
causa disso. Melhor chamar o doutor para vê-la, não podemos retroceder
agora que ela esteve tão perto de receber alta. Não posso tirar mais nada da
Samantha e da Harper, eu me recuso, o que eu puder fazer para recompensar
tudo o que ambas perderam por minha causa, eu farei.
— Fi... Fil... Ba... Bab... — Viro-me apressado, os olhos de
Samantha me fuzilam. Ela ia me chamar de filho da puta e babaca? Isso
significa que ela voltou? Minha petulante voltou?
— Tentar dizer Oliver, você não tenta, agora filho da puta e babaca,
você dá o seu melhor, não é mesmo? — Começo a gargalhar sentindo meu
peito mais leve. — Eu quero saber se você está bem? Jordan está se sentindo
muito culpado, não precisamos conversar sobre o que ele te disse, o médico
até nos aconselhou a deixar isso para lá, não podemos te forçar. Tudo o que
me importa agora é saber que você está bem? Suas memórias voltaram, elas
voltaram, Sam? — Samantha fica em silêncio olhando em volta, melhor não
forçar. — Não precisa responder agora, fique tranquila, logo que estiver em
casa, te ajudaremos em tudo. Estruturamos a casa para tornar tudo
confortável para você...
— Ca... cal... cala...a — A petulante que existe dentro dessa coisinha
atrevida levanta a mão me mostrando o dedo do meio. É linda quando está
sendo petulante comigo. Eu a amo, eu fodidamente amo essa mulher. — Bo...
boca, ba...ba...baca.
Para ela me tratar assim... significa? Arregalo os olhos, ela se
lembrou! Samantha sabe quem eu sou. Com uma felicidade que não cabe
dentro de mim eu avanço sobre ela, cobri sua boca com a minha, numa
necessidade que chega a doer. Uma necessidade dela, uma necessidade de
nós. Minha língua não pede, ela exige, exige a rendição da sua. Seu gosto
explode na minha boca, como o melhor gosto do mundo, meu pau engrossa,
pulsa, implora por alívio. Alívio esse que só ela pode me dar. Eu preciso
tocá-la.... Caralho! Que dor filha da puta, me afasto de Samantha com uma
dor tremenda na língua. Ela me mordeu! A filha da puta me mordeu. Tento
avaliar o estrago, enquanto a fuzilo com meu olhar.
— Mas que caralho, Samantha! — Minha fala está embolada, minha
língua tem pequenas marcas de dentes. — Petulante, desgraçada! — Fecho
os olhos tentando acalmar a fúria que acordou dentro de mim. — Logo que
sair daqui irei surrá-la, e torturá-la com minha língua, com meu pau, e pode
ter a fodida certeza de que irei usar meus dedos para explorar seu cuzinho
que vive piscando querendo engolir meu pau, assim como sua boquinha
petulante fez. — Seus olhos se arregalam, sua boca se abre, e nada disso me
comove. — E nem me olhe com essa cara de chocada, não era você que
estava implorando para mamar meu pau, pois bem, você irá mamar e beber
até a última gota. — Decreto.
— Qu... Que... Quem... é... Vo... Você? — Seus olhos estão
apavorados.
— Você não sabe quem eu sou? — Perguntei não querendo pensar
que... Samantha negou com a cabeça. — Os nomes Jordan, Will e Jayden
significam algo para você? — Outra negativa. Fechei os olhos tentando
controlar minha respiração, mas falhando miseravelmente.
Ah, caralho, essa merda de novo não!
Eu não sei o que está acontecendo, mas se tem algo que aprendi
desde muito nova, é me adaptar às mudanças. Meu pai sempre foi um homem
muito duro comigo, eu sempre precisei me moldar as suas vontades, as suas
escolhas e as suas malditas expectativas sobre mim. Por isso aprendi a ir
com a maré, ceder e me resguardar, não colocar em risco meus sonhos e
minhas vontades, mesmo que para isso eu fizesse tudo o que ele queria. Por
muitas vezes eu matei meus sonhos para viver os seus, porque um dia eu sei
que viveria a vida que eu escolhesse para mim.
E é pensando nisso, olhando para o homem na minha frente que ainda
parece surpreso com minhas negativas, que eu decido ir a favor da maré.
Primeiro, precisarei ceder, para depois descobrir o que está acontecendo,
para só então estar livre e viver de acordo como eu quero. Olhando para o
homem na minha frente eu forço uma risada, uma risada que o faça acreditar
que eu estava brincando, que é claro que eu lembro quem ele é.
Eu preciso conhecer o terreno que estou pisando.
— Ol... Oli. — Digo ainda mantendo um sorriso nos lábios. Sua testa
se franze, e meu sorriso se torna maior. — T... Te... pe-pe... guei. — Ele
sorri, na verdade, ele começa a gargalhar, e esse som faz meu corpo tremer
de... merda, é felicidade. Eu estou feliz por vê-lo sorrir.
— Sua petulante. — Disse vindo para perto de mim. — O que eu
faço com você? — Se senta ao meu lado, e segura meu rosto entre suas
mãos. — Então, você lembrou de tudo? Se lembrou de nós? — Sua
expectativa esperando minha resposta causa um aperto no meu coração. Por
algum motivo mentir para ele me incomoda, eu diria que me incomoda muito.
— Si... sim. — Minto e o aperto se intensifica.
Olhando para seu sorriso, uma imagem desfocada dele com três
homens aparece na minha cabeça, fecho os olhos sem saber o que isso quer
me dizer. Eu realmente os conheço? Parece que terei que descobrir.

— Você parece estar muito bem. — Escuto atentamente o Dr. falar, e


respiro aliviada. Estou a horas fingindo que eu me lembro de tudo, foi
difícil, por muitas vezes quase fui pega. A melhor saída que encontrei foi
ficar quieta, não quero correr o risco de conversar com um deles e acabar
me entregando. — O que o Jordan fez, foi muito perigoso. Além de você ter
sofrido um colapso, ele poderia ter causado um dano muito maior, no
entanto, suas últimas ressonâncias comprovaram que está tudo bem com
você.
— Jordan sabe que agiu errado. — A voz de Oliver chama minha
atenção para ele, e como uma corrente invisível que nos liga seus olhos se
fixam nos meus, causando mais uma vez a sensação de pertencimento. Isso
não pode estar certo. — Logo os outros estarão aqui e eu precisarei ir, não
posso deixar a Harper sozinha, Jordan precisa estar na empresa e não poderá
ficar com ela. — Assenti sem saber quem é Harper.
Oliver e nenhum dos outros que estiveram comigo, contaram algo
sobre uma mulher, essa é a primeira vez que escuto esse nome. Harper? Será
uma irmã? Mãe? Talvez seja...
— Samantha, espero que esteja tudo bem para você não poder ver
sua filha até ter alta. — Fi... Filha? O que o Dr. disse? Arregalo meus olhos,
eu... eu tenho uma filha? — Crianças menores de 10 anos não podem fazer
visitas. — Camuflo minha surpresa, assentindo de novo.
Estou em estado de choque, não sei como esconder minha reação
diante dessa revelação. Uma filha, eu tenho uma filha.
— Eu posso... mostrar fotos e vídeos dela, se você quiser. — Oliver
oferece, e pela primeira vez desde que o vi, eu o quero ao meu lado me
contando tudo sobre nós. Porque do modo que ele me beijou, só pode
significar uma coisa... Eu sou a mulher dele, e temos uma filha juntos.
— Eu... eu... que...ro.
Oliver se sentou do meu lado, pegou o celular, e tentei não chorar ao
ver a foto de uma linda bebê de papel de parede, mas foi impossível. Um
sentimento novo se apossou de mim, e tudo que eu mais quero é pegar essa
bebê nos meus braços.
Fiquei em silêncio vendo-o passar cada foto, desde o dia que ela
nasceu até os dias de hoje. Sinto meu peito apertar, e uma necessidade
sufocante de tê-la nos meus braços me torturar. Minha filha, essa linda bebê
é minha filha.
Desde que abri meus olhos hoje, nada fez sentido, não até esse
momento, não até ela. Fico não sei por quanto tempo olhando suas fotos,
enquanto Oliver a todo momento que pôde, está fazendo carinho nos meus
cabelos, e beijando meu rosto. Apesar de eu não saber... lembrar quem é ele,
estar ao seu lado me faz sentir bem, me sentir em ca... A porta do quarto é
aberta e por ela entram dois homens. O primeiro deve ter a minha idade, o
segundo parece mais velho, ambos sorriem para mim, sorrio de volta para
manter minha farsa de que sei quem eles são.
— Princesa, até que enfim lembrou de nós. — O mais novo disse
sorrindo e vindo para perto de mim. — Estou louco de saudades. — Antes
que eu possa dizer algo ele segura minha nuca tomando meus lábios nos seus.
Oh, merda, isso significa que... eu tenho um relacionamento com ele
também? Sem saber muito como agir, apenas repito os gestos da sua língua,
que é bem mais contida do que a do Oliver. Logo que sua boca se afasta,
outra já está colada à minha. O beijo desse é mais molhado, mais sensual, de
olhos fechados uma imagem dessa mesma boca me beijando em um banheiro
me surpreende me fazendo parar o beijo, e afastá-lo de mim.
— Tudo fica melhor com seus beijos. — Ele diz sorrindo. — Oli, o
Jordan está no carro te esperando com a Harper. — Se o tal Jordan está no
carro, quem são esses dois?
— E se eu fosse você, iria logo, Jordan está ansioso para ver a Sam,
não é Will? — O mais novo fala, e respiro aliviada, ele só pode ser o
Jayden.
— Ok, estou indo. — Oliver se inclina, ficando com o rosto perto do
meu. — Assim que der eu estarei aqui, alguém precisa estar em casa para
cuidar da Harper. — Ele sussurra e não demora mais que um segundo para
seus lábios estarem mais uma vez sobre os meus, fecho os olhos aceitando
seu beijo.
Eu não sei onde estão meus pais, eu não sei o que aconteceu entre
mim e os Allen, no entanto, o modo que esses homens que eu não me lembro
me beijam... Eles me amam? Temos um relacionamento entre nós? De qual
deles eu engravidei? Eu estou disposta a continuar os enganando, fingindo
que recuperei minha memória? Eu não sei, eu definitivamente não sei.
Quando tive essa ideia... eu não imaginava que....
Eu não posso enganá-los, eu não posso olhá-los nos olhos e fingir ser
alguém que eu não me lembro de ser. No entanto, preciso estar perto deles,
talvez esse seja o único modo de recuperar as lembranças que perdi.

A enfermeira me ajuda a vestir as roupas que Jordan trouxe para


mim. Hoje chegou finalmente o dia da minha alta. Hoje conhecerei minha
filha, a pegarei no colo, e começarei a viver com ela tudo que perdi. Eu
ainda não me lembrei de tudo, mas desde que aceitei em dar uma
oportunidade para querer lembrar, muitos flashes dos irmãos King surgiram
nos meus pensamentos, inclusive o dia que eu sofri o acidente. Eu não contei
a eles que menti, e acredito que nem seja necessário contar, como estou
recuperando minhas lembranças, não irá demorar a ter todas de volta.
Eu ainda não me lembro do que houve com meus pais, e nem o que
houve entre eu e os Allen, meu coração está dividido, porque nesse momento
eu me encontro muito confusa. Dentro de mim eu ainda amo os Allen... mas
tem os King. Eu não sei se é amor o que sinto por eles, no entanto, eu tenho
sentimentos fortes por cada um, algo dentro de mim me diz isso. Por isso,
estou dando a chance para eles se aproximarem, não acho justo afastá-los
por conta da minha falta de memória. Eles cuidam de mim, eles me mimam,
me fazem rir, me ajudam... Eles são bons para mim, e se fosse ao contrário,
eu estaria sofrendo por não lembrarem de mim.
Levanto a cabeça e analiso os homens maravilhosos na minha frente.
Jordan é protetor, Jayden é apaixonante, Will é carinhoso e Oliver... Ele é
desafiante, ele traz um lado meu que eu nunca achei bonito. Ele me provoca,
me faz ter raiva... Eu não tive nenhuma lembrança dos meus momentos de
sexo com eles, mas eu acredito que devam ser extraordinários. Sinto meu
rosto queimar, porque eu não deveria estar pensando nisso, não hoje.
— Eu... estou ne-nervosa. — Digo para eles que esperam a visita do
Dr. para me dar alta.
— Ela vai amar você, assim como nós. — Will fala, e um leve
pigarrear da enfermeira chama nossa atenção, fazendo as batidas do meu
coração diminuírem.
Eles me amam?
— Acabamos, o Dr. logo estará aqui. — Ela diz, nos dando uma
última olhada antes de sair.
Sinto um calor subir queimando do meu colo até meu rosto. Há dois
dias, ela entrou no quarto e me pegou num amasso com Jordan e Oliver,
desde então ela nos olha horrorizada.
— Minha mãe estará na nossa casa, ela quer muito conhecer você.
Ela nunca veio ao hospital porque queria dar privacidade para sua
recuperação, mas se você não estiver pronta para conhecê-la agora, eu...
— Tu... Tudo bem. — Interrompi Will que sorriu assentindo.
Dei uma leve gaguejada e o motivo não tem nada a ver com minha
dicção, ou nervosismo, mas sim com a olhada indecente que Oliver me dá.
Eu vivo excitada, a cada dia mais, e não sei até por quanto tempo eu
conseguirei me manter afastada deles nesse sentido. Coloco meu cabelo atrás
da orelha e baixo o rosto fugindo dos olhares que me queimam viva.
— Olha quem está pronta para ir. — O Dr. Hayden entra no quarto
alegre, e toda a névoa de desejo e excitação é desfeita. Ainda bem —
Samantha, passei aqui para lembrá-la de retornar para avaliações semanais.
E não deixe de tomar os remédios para a dor de cabeça, se ela se tornar
muito incômoda.
— Sim, irei... to-tomar — O Dr. olha de mim para os King e sorri.
— Estou feliz que finalmente vocês estão indo para casa... juntos —
Meu sorriso torna-se espelho de quatro, que a cada dia eu descubro gostar
mais. — Qualquer coisa que precisarem, sabem onde me encontrar. —
Suspiro, com meus olhos se enchendo d’água. Eu estou saindo do hospital
depois de tanto tempo. Estou saindo vitoriosa, pois venci muitas
dificuldades, me sinto renascida. — Até logo, Samantha.
— Até.
Meu coração está batendo tão rápido que é como se ele fosse capaz
de explodir a qualquer instante, eu nunca me senti assim antes. Estou prestes
a conhecer minha filha, e eu não sei como agir, não sei o que dizer a ela.
Devo me apresentar como sua mãe ou como a Sam? Eu perguntei ao Will o
que eu devo fazer e ele me disse para eu seguir meu coração.
Logo que sou colocada na cadeira de rodas por Oliver, a realidade
do que está prestes a acontecer se torna mais real do que eu venho
idealizado na minha cabeça a dias. Eu passei esse tempo pensando em várias
coisas, e meu coração pede um encerramento para cada parte importante da
minha vida, ao menos as partes que precisam ser encerradas. Isso vale para
meu pai. Isso vale para os Allen. Não tenho as memórias mais importantes
para saber o que realmente aconteceu, contudo, eu preciso dar adeus a quem
eu fui, a Samantha que conheceu os Allen não é a mesma de hoje. Quando um
fim é necessário ele precisa ser encerrado.
Eu sinto que ainda amo os Allen, contudo, eu sei que não pertenço
mais a eles, assim como eles nunca pertenceram a mim. Eu preciso pensar na
minha filha, e na vida que eu posso ter ao lado dos King. Uma lição que
estou seguindo depois de tudo pelo que passei, é que é melhor estar com
quem nos ama, do que rastejar pelo amor de quem não nos ama. Eu percebo
como os irmãos King me olham, e o brilho que refletem em seus olhos, nunca
refletiu nos olhos dos irmãos Allen.
Eu escolho ser amada, eu escolho aprender amá-los, eu escolho
minha filha, eu escolho recomeçar. Não é uma escolha difícil de tomar, na
verdade o pouco de que conheço deles e do que me lembro tornou a escolha
fácil. Gosto de estar com eles, nunca me senti tão leve e completa antes.
Oliver me auxilia empurrando a cadeira de rodas, e fico de boca
aberta vendo as rampas que eles fizeram na casa para eu conseguir transitar
melhor. Eles realmente fizeram as adaptações que me contaram. Paramos em
frente a porta de entrada, e parece que esse momento não deixa só a mim
nervosa, olho para os quatro que aparentam estar segurando a respiração. É
isso, chegou o momento de conhecer minha filha. Chegou o momento pelo
qual tenho buscado desde que soube da sua existência e as poucas
lembranças de estar grávida... Isso me faz pensar em algo.
— Espere... — Os quatro olharam para mim, cruzo os braços na
altura dos seios — É sério que... não chegaram a cogitar em colocar o
segundo nome dela de Butterfly?
— Eu disse que ela iria questionar isso quando acordasse. — Jayden
disse cruzando os braços olhando para Will que fechou os olhos.
— Sam, isso é sério? — Perguntou abrindo os olhos em desafio. —
Harper é só Harper, não tem segundo nome. — Fechei a cara, o nome dela
seria único se fosse Harper Butterfly Mitchell, além é claro de lindo. —
Pensando bem, eu queria colocar o nome dela de Sunshine, Oliver foi contra,
Jayden ficou ao meu lado e Jordan não quis se envolver.
Sunshine? Eu amei!
— Nem faça essa carinha que amou o nome, eu não os deixaria
colocarem esse nome na pobre criança. — Oliver disse me irritando como
sempre. — Deus me ajude com os próximos.
Próximos? Ok, meu coração errou uma batida.
Oliver pigarreou, algo pareceu incomodá-lo com a própria fala. O
que será? Não tive tempo de perguntar, porque a porta foi aberta por uma
mulher bonita... Eu diria muito bonita. Quem é essa mulher sorrindo para
eles como se eles fossem a porra dos salvadores do mundo?
— Meg? — Oliver disse e pelo seu tom não esperava encontrá-la
aqui. Cerrei meus olhos entres os dois querendo saber que merda estava
acontecendo.
— Você esqueceu sua carteira no hotel. — Os olhos da maldita se
prenderam em mim. — Eu vim até aqui para devolvê-la e encontrei sua mãe.
Ela me disse que você estava no hospital para buscar a mãe da filha do Will.
— Fez questão de contar quem é o pai da Harper, tirando os outros da
equação. Eu quero esganar essa mulher, mas antes quero matar o Oliver.
— Não precisava, mas fico agradecido. — Oliver respondeu me
olhando com o canto dos olhos.
Então ele está agradecido?
— Não me custou nada — Os olhos dela correm de Oliver para mim,
e cada segundo disso está me irritando. — Eu preciso ir, você me
acompanha até o carro?
Cinco, respiro fundo.
Quatro, olho nos olhos de Oliver o desafiando a ir.
Três, eu cairia no chão se me colocasse de pé?
Dois, as mãos de Will fazem massagem nos meus ombros.
Um, abro um sorriso, um lindo e perverso sorriso.
— Não vai dar, Meg. É Meg, não é? — Minha voz pinga sarcasmo, e
faço meu melhor para não gaguejar. — Você não imagina como estamos nos
contendo para não arrancar as roupas e fodermos aqui mesmo — os olhos
dela quase saltam das órbitas, enquanto as mãos de Will vacilam no meu
ombro, apertando mais forte. — Você... uh... se importaria de ir até seu carro
sozinha? — Perguntei esticando a mão para tocar o abdômen de Oliver, que
deu um passo para trás.
— Ela está brincando. — Oliver ri de nervoso e isso me irrita mais.
— Não é, Samantha?
— Não sei, vamos descobrir quando você quiser me tocar, e eu não...
deixar.
Não voltei a olhar para Oliver e muito menos para aquela mulher.
Toquei gentilmente nas mãos de Will pedindo em código para entrarmos. Eu
quero conhecer minha filha, e não perder meu tempo ficando irritada. Passei
pelos dois, fuzilando ambos com o olhar. Então ele esqueceu sua carteira?
No hotel? Com ela? Interessante, toda essa história é muito interessante. Eu
não estou com ciúmes daquele babaca, e espero que ele saiba disso, eu só
não gostei do modo que aquela mulher olhou para ele.
Se tem algo que eu não sou é ciumenta.... Porque se eu fosse... Bom,
Oliver estaria muito ferrado.

Harper é perfeita. Seu rostinho corado me olhando curiosa, enche


meus olhos d’água. Com a ajuda de Will coloquei-a sentada no meu colo de
frente para mim, e tudo à minha volta perde a importância rápido demais.
Com a testa colada a de Harper contemplo o amor instantâneo, o amor puro,
o amor incondicional. Se tinha alguma dúvida de cair de cabeça em uma
relação da qual tudo é confuso para mim ainda, ter esse pedacinho de mim
no meu colo, faz eu saber que não poderia ter feito melhor escolha.
Sinto seu cheiro imaginado tudo que perdi, mas esperançosa por tudo
que viverei ao seu lado. Abro meus olhos e como em câmera lenta os olhos
de Harper focam no meu rosto. Seus olhos são idênticos aos meus, seus
cabelos tão escuros como a noite, bate na altura dos seus ombros. Harper
está usando um vestido lindo, e meu coração bobo fica fascinado pela
menina de um ano e quatro meses nos meus braços.
— Você é linda. — Sorrio encantada. Dou um beijo no seu nariz, a
abraçando mais uma vez. Não quero soltá-la nunca mais.
— Definitivamente Harper é uma cópia sua. — A voz da mulher no
canto da sala, chama nossa atenção, principalmente a de Harper que começa
chamá-la querendo ir até ela. — Vem minha menina, vem como a vovó. —
Harper pede chão e não demora a estar no colo da avó.
— Minha mãe nos ajudou muito. Mal sabíamos que leite comprar —
Will sussurra no meu ouvido. — Nem queira saber a guerra que travamos na
primeira troca de coco... Spoiler: Oliver se sujou. — Soltei uma risada
imaginando a cena.
— Eu queria ter aproveitado cada minuto da Harper, mas fico feliz e
aliviada por saber que... ela teve vocês. — Sou sincera. Não posso ficar
pensando no que perdi e nem quero, só quero pensar adiante.
— Assim como você, Sam. Você nos teve a cada minuto. — Jayden
fala e meu coração bate mais rápido.
— E eu espero continuar tendo. — Pisquei, flertando
descaradamente. Lógico que aproveitei a distração da sua mãe com Harper.
— Não provoque. — Will pediu, e me arrepiei, porque sua voz soou
mais como uma ordem do que um pedido.
— Não me tente. — Respondi mordendo o lábio inferior.
Voltei a prestar atenção na minha filha, e logo ela estava novamente
sentada no meu colo, engatei uma conversa sobre bonecas, a qual ela
respondia com monossílabas, contudo, foi o suficiente para começarmos
criar nossa ligação de mãe e filha. Não me apresentei como a sua mãe, ainda
não acho que seja o momento. Quero que ela se acostume comigo primeiro.
Quero que Harper me veja como uma figura materna no seu tempo, apenas no
seu tempo.
Sabíamos onde estávamos nos envolvendo, e sabemos que Samantha
sabe ser uma provocadora do caralho quando quer. Uma petulante que não
mede esforços para me enlouquecer, caralho. E por que eu pensei que ela
agiria diferente? Qual foi o motivo que me fez acreditar que o que aconteceu
com a Meg iria passar batido? Eu não sei, sinceramente devo ter esquecido a
lunática pela qual sou apaixonado. Olhando para Samantha que está coberta
de espuma dentro da minha banheira, acho que subestimei a mulher por estar
em uma cadeira de rodas.
— Sabe, Oliver, eu andei pensando nas suas gracinhas hoje, e
cheguei a uma conclusão. — Nem um oi a filha da puta me deu, ela apenas se
apossou da minha banheira como se fosse a dona. — Você precisa de uma
lição.
De que porra ela está falando?
— Lição? — Perguntei afrouxando a gravata.
— Hum-hum, lição. — Por que ela está me tratando como uma
criança que precisa de um corretivo? — Você foi muito babaca mais cedo.
— Eu fui babaca? Você só pode estar brincando com a minha cara.
— Negou com a cabeça.
— Vamos aos melhores momentos? — Levantou um dedo. —
Esqueceu a carteira no hotel, sabe-se lá o porquê. — O segundo dedo ela faz
questão de levantar, afinal é o maldito dedo do meio. — Fazendo aquela
mulher aparecer aqui no melhor dia da minha vida. — Estreitou os olhos
levantando o terceiro dedo. — Acompanhou ela até o carro deixando de
estar conosco para eu ver a Harper pela primeira vez. Você não estava lá, e
eu quero saber o porquê?
Por culpa, por eu não me sentir pai da Harper... Na verdade, eu
não sou seu pai. Eu queria acreditar que era, mas não sou e nunca serei.
Eu não suportaria estar lá, eu não aguentaria presenciar tudo o que você
perdeu por minha causa. Ela não sabe quem você é, por minha culpa,
Samantha, minha e só minha.
— Samantha, você foi rude com ela, e você estava bem acompanhada
dos meus irmãos...
— Oliver, como você é um babaca. — Começou a gargalhar. —
Então, eu estava bem acompanhada dos seus irmãos e por isso sua presença
não era necessária? — Perguntou passando a espuma nos seios. Como ela
entrou na minha banheira? — Se sua presença não era necessária em um dos
melhores momentos da minha vida, me responda, em qual momento eu iria
querer sua presença agora?
Samantha está me desafiando a responder. Ela está chateada, e saber
disso é uma merda. Tem algum momento que eu não piso na bola com ela?
Com certeza não. Ouvir suas palavras me matam, eu achei que estaria
fazendo o certo naquele momento, mas não poderia estar mais errado e
fodido.
— Me descul...
— Não me peça desculpas. — Me interrompeu alterando sua voz. —
Até onde eu saiba, Oliver, as pessoas pedem desculpa quando se arrependem
de algo que fizeram. Você se arrepende de ter me deixado entrar com apenas
três dos quatro pais da minha filha para o encontro que eu venho sonhando
desde que me lembrei dela, para acompanhar uma mulher que não é a sua?
— Engoli em seco, um soco teria doído menos.
— Samantha...
— Não, eu não quero te ouvir. — Prendeu os cabelos no alto da
cabeça deixando a porra do pescoço que sou louco para morder a mostra. —
A única que coisa que eu quero agora é ser muito bem fodida, afinal eu
mereço por todo estresse que passei por sua causa. — Meu pau pulsou
querendo muito fodê-la.
— Isso eu posso fazer. — Sorri apertando meu pau por cima da
calça.
— É claro que pode. — Debochou com seu jeito petulante de ser —
Mas sua presença é desnecessária para esse momento — mordeu o lábio
inferior me desafiando a contestá-la. — Jordan, Will e Jay, podem vir eu
estou pronta. — Virei-me ao escutar passos se aproximando.
Onde eles estavam escondidos?
Jordan, Jayden e Will entraram no banheiro, e mal olharam para mim,
seus olhos estão presos na mulher nua dentro da banheira. Ela chama Jayden
com o dedo e meu irmão se aproxima se sentando na borda da banheira,
Samantha o acaricia, com a boca a poucos centímetros da dele, antes de
beijá-lo ela foca seus olhos em mim.
— Por que você não vai lá acompanhar a tal Meg? — Perguntou
colocando a língua para fora, Jayden não demorou para sugá-la.
O beijo dos dois é selvagem, meu pau está duro querendo fazer o
mesmo com essa língua afiada.
— Você está tão fodido Oliver — A voz de Will tão perto de mim,
me deixa irritado.
— Vocês estão com ela nessa merda? — Perguntei, enquanto assistia
Jayden tirar sua roupa com a ajuda mais do que bem-vinda da Samantha.
— O que você acha? — Se afastou tirando suas peças de roupas.
Continuo em pé como uma panaca, assistindo os quatro se tocando,
se beijando, sem dar a mínima para minha presença. Meu pau está tão
dolorido que não penso muito em colocá-lo para fora e me masturbar vendo
Samantha chupar meus irmãos.
— O que você pensa que está fazendo? — Samantha tira o pau de
Jordan da boca me fuzilando com o olhar.
— Meu pau está doendo, preciso gozar... a não ser que você queira
me ajudar com isso?
— Oliver, ou você assiste quieto, ou além de não me tocar mais, não
verá eu ser fodida.
Filha da puta.
— Quanto tempo? — Rangi os dentes por ter que fazer essa maldita
pergunta.
— Quanto tempo, o quê? — Perguntou irônica.
Como eu a odeio, nesse momento eu a odeio demais.
— A lição. — Rosnei, ao escutar os risinhos baixos dos malditos
dos meus irmãos.
— Ah, isso? Eu ainda não sei. — Segurou o pau de Jayden o
acariciando de leve. — No entanto, se você me emprestar o seu cartão de
crédito eu possa chegar à data mais rápido.
Petulante desgraçada!
— Ok.
É tudo que digo e fico que nem um idiota assistindo a tudo com a
porra do pau latejando, a dignidade socada goela abaixo, a arrogância
enfiada no... Não quero nem saber onde. Os gemidos dos quatro filhos da
puta se tornam uma tortura para mim, a ponta do meu pau está tão babada que
é perceptível ver através da calça jeans. Sou tão masoquista que continuo
com os olhos grudados no rosto dela, que está sendo fodida por Will e
Jordan, enquanto mama o pau do Jayden como se o mundo fosse acabar. Eu
quero tanto fodê-la. Dou um passo para mais perto e seus olhos fixam em
mim e sou obrigado a parar no lugar, Samantha volta a mamar o Jayden e sou
obrigado a aguentar minhas bolas doendo sem poder fazer nada.
Lição aprendida, caralho.
Estou com ciúmes, na verdade, estou fervendo de ciúmes. Por conta
de toda a emoção que estava sentindo por ver e segurar minha filha pela
primeira vez, não pensei muito sobre a atitude filha da puta de Oliver. E
agora deitada na minha cama, que Jayden teve o cuidado de me ajudar, estou
pensando em várias coisas, e uma delas é foder com esses homens. Temos
uma filha, e antes do acidente eu acredito que devíamos estarmos bem, então
por que não extravasar toda minha frustração e raiva de uma única vez?
Isso levanta um questionamento que eu não tive coragem de
aprofundar com nenhum deles. Eles me esperaram? Não ficaram com outra
mulher por todo esse tempo? É possível? Eu quero mesmo saber a resposta?
Não, eu não quero. Suspiro perdida dentro de mim mesma. Tudo está uma
confusão, e talvez chegou a hora de colocar as coisas em ordem. A porta do
quarto é aberta por Jordan, deixo que meu sorriso transpareça a ele as ideias
mais sujas possíveis.
— Sam, por que você está com uma carinha que vai aprontar? —
Perguntou ao se aproximar de mim, segurou minha nuca, e logo senti seus
lábios reivindicando os meus. Não lutei contra, aceitei de boa vontade seu
beijo dominador.
— Porque... eu vou. — Respirei fundo, o beijo de Jordan sempre me
deixa sem ar. — Eu quero dar uma lição no Oliver, e quero que você, Will e
Jay me ajudem. — Jordan franziu a testa.
— Que tipo de lição?
— Uma lição que vai ensinar a ele nunca me deixar de lado para
acompanhar aquela mulher de novo. — Sorri de lado. — E claro, servirá de
aviso para vocês não fazerem o mesmo.
— Estou ouvindo.
Comecei a contar o que planejo e o sorriso cúmplice de Jordan, me
deixou perceber que ele vai amar cada minuto do martírio do irmão mais
velho.

Os olhos de Oliver são chamas vivas de puro ódio, e isso me deixa


ainda mais excitada. Gemo não suportando mais as estocadas combinadas de
Will e Jordan, eles estão me levando para um orgasmo que não me lembro de
já ter sentido. Jayden toma minha boca para si, engolindo meus gemidos.
Reviro os olhos, não aguentando mais, aperto meus músculos internos
arrancando grunhidos roucos de Will e Jordan. Forço meus olhos a abrirem,
a expressão de fúria de Oliver me faz chegar ao orgasmo gritando de prazer.
— Aguenta, Samantha, estou perto. — Will sussurrou no meu ouvido.
— Me ajude a suspendê-la. Vamos fodê-la com força. — Jordan
ordenou e um vislumbre da sua voz autoritária invade meus pensamentos, e
vários flashes me causam uma tremenda dor me fazendo gritar. Tudo à minha
volta perde o foco, me fazendo ter certezas e não mais dúvidas.
Eu não tenho um relacionamento com eles.
Eles estavam apenas me ajudando porque meu... Meu pai me
expulsou de casa.
Por que ele me expulsaria de casa? Uma imagem de um caixão sendo
abaixado faz a dor propagar por todo meu corpo.
NÃO! POR FAVOR, NÃO!
Minha mãe... Minha mãe morreu.
Usando a máscara da indiferença me aproximo da cachoeira, onde
muitas vezes foi palco dos nossos encontros, dos nossos momentos de amor
e paixão. Parados me olhando, estão os cinco motivos que eu pensei em
fugir sem olhar para trás, porém também estão os cinco motivos que me
afastariam da pessoa que mais amo na vida, e isso eu não posso permitir.
Mesmo que isso me doa até a alma, mesmo que eu sofra todos os dias, esse
é o certo a se fazer.
— Sami, tudo bem? Você sumiu, nos deixou preocupados. — Kyle
perguntou e meu interior se revoltou com o que eu terei que fazer.
— Estou bem. — Menti.
— Então, por que sumiu? — Mason questionou, todos com
semblantes sérios esperando pela minha resposta.
— Eu não posso mais... fazer isso. — As palavras queimaram
minha garganta como fogo.
— Não pode mais fazer, o quê? — Ryder perguntou com sua voz
grave. Decidida a acabar logo com isso, falei o que ensaiei a noite toda.
— Ficar com todos. — O esgotamento emocional está me matando.
— Eu não posso mais continuar com essa loucura. — As minhas palavras
pegam a todos de surpresa, suas expressões confirmam que eles não
esperavam ouvir isso, não de mim.
— Sami, do que você está falando? — Kyle deu um passo para mais
perto e eu dei dois para trás. — Há uma semana, nesse mesmo lugar você
disse que nos amava, o que mudou? — Dói, sua pergunta dói muito.
— Eu menti. — Agora quem dá dois passos para trás é ele. — A
verdade é que eu amo apenas um de vocês, os outros foram apenas um
passatempo. Um propósito para um fim. Eu sei que se eu quero ficar com
um, sou obrigada a ficar com todos.
Um som de risada chamou minha atenção, olhei para Mason que
sorria de lado, esse é o seu sorriso cruel, eu sei identificá-lo, eu o vi dar
esse mesmo sorriso várias vezes para David Burt, o cara que ele e seus
irmãos mais odeiam.
— Eu sabia. — Disse rude.
O quê?
— Sabia o quê? — Perguntei confusa.
Do que Mason está falando?
— Você ter começado a namorar primeiro o Kyle, e depois ter
posto na sua cabecinha que queria cada um de nós, só me provou que você
não nos ama. Na verdade, você não ama ninguém. — O peso das palavras
do Mason estão me destruindo e ele nem percebe, como ele pode dizer que
não os amo? Eu sempre demonstrei com meus beijos, com meus toques. —
É bom que você quis ter essa conversa, assim tudo fica às claras.
— Mason, do que você está falando? — Kyle perguntou ao irmão
que não se importava de destruir meu coração um pouco mais.
— A verdade irmão, estou falando apenas a verdade. — Mason
parou de olhar para o irmão voltando a me encarar. — Samantha, eu não
te amo, nem nunca irei te amar. O nosso sexo é bom, mas é apenas isso,
sexo. Eu queria foder, e você queria me dar, ponto.
A bile subiu e coloquei a mão na boca evitando vomitar com suas
palavras cruéis. Ele não me ama? Foi apenas sexo? Todos esses meses,
não significaram nada para ele? Me custa acreditar no que ele diz. Será
que os outros pensam a mesma coisa? Vim decidida a fazer o que meu pai
me obrigou, mas a revelação de Mason mudou meus planos, mudou tudo.
Agora sou eu que quero saber o que eles sentem por mim.
Foi tudo na minha cabeça? Foi tudo uma ilusão?
— Vocês... vocês... — Controlei o máximo que pude, mas as
lágrimas começaram a queimar meus olhos, o que me restou a fazer foi ser
orgulhosa demais para deixá-las caírem. E foi o que fiz, não permiti que
nenhuma caísse. — Também pensam como... o Mason?
Eu preferia não ter feito essa pergunta, mas eu preciso saber. Eu
preciso ter essa resposta para seguir em frente, talvez sabendo que eles
nunca me amaram a partida doa menos, e a falta que eles causarão passe
mais rápido, e o amor deixe de existir algum dia.
Eu não acredito que deixe.
— Olhe Samantha...
— Pare Ryder, eu fiz uma pergunta simples. — O interrompi. —
Então apenas responda — deixei a indiferença escorrer pela minha boca,
como se os homens na minha frente não estivessem me matando, como se
suas palavras não estivessem me destruindo.
— Eu não a amo, é apenas sexo. — Respondeu sucinto, sua
resposta partiu meu coração um pouco mais.
— Eu também não a amo, pensei que soubesse. — Ethan disse não
tendo coragem de olhar nos meus olhos.
— Samantha, eu sempre aproveitei os momentos que
compartilhamos, mas nunca foi amor, foi sexo e apenas isso. — John falou.
Olhando dentro dos seus olhos vi a sinceridade nas suas palavras, e isso
por fim partiu meu coração definitivamente.
Eles não me amam, nunca me amaram. Foi sexo, nada mais que
isso. Como fui boba, até parece que existe um amor assim, igual e
verdadeiro entre seis pessoas. Sinto minha garganta fechar, a vontade de
correr para longe deles e poder chorar minha dor escondida é forte, e
pouco me importando para eles, virei-me de costas e comecei a andar,
deixando-os para trás, sabendo que minha partida doerá apenas em mim.
— Sami, espere — a voz de Kyle foi um bálsamo, uma tranquilidade
e preocupação da qual eu necessitava nesse momento em que o mundo está
ruindo aos meus pés. Virei-me para ele e seus olhos marejados provou o
que eu sempre soube, ele me ama. O que tivemos foi tão real para ele como
foi para mim.
— Fale — Tentei mostrar indiferença, contudo, não fui capaz, não
poderei fazer isso com ele. Kyle é minha calma, dos cinco ele sempre foi
meu amor tranquilo.
— Eu te amo Sami, te amo demais. — Se aproximou e segurou
minhas mãos. — Me diga que sou correspondido, diga se é a mim que você
ama?
Eu te amo Kyle, com todo meu coração. Assim como amo cada um
dos seus irmãos. Igualmente, fortemente e dolorosamente.
Penso nas palavras do meu pai, na decisão difícil que tive que
tomar, e devido ao que os homens que eu amo falaram, eu sei o que devo
fazer. Eu amá-los não muda nada, Kyle ser o único a corresponder a esse
amor não muda nada, e sei que se eu, ao menos cogitasse ficar apenas com
ele, não daríamos certo. Seus irmãos são tudo para ele, a mulher certa
para Kyle precisa ser a mulher certa para todos seus irmãos, e essa não
sou eu.
Dói o que irei fazer, dói saber que para eu partir eu precisarei
partir o coração do homem mais bondoso e apaixonante que eu conheci.
Tudo que vivi com eles ficará para sempre guardado no meu coração, mas
esse é o fim da minha história com eles, e a única coisa que posso desejar
a eles, mesmo que me machuque, é que a mulher certa os encontre, e que
eles nunca a deixem partir.
— Eu não o amo. — Disse com o tom mais frio que consegui
projetar. — Eu amo o Mason, e como ele deixou bem claro, foi apenas
sexo. — Dei uma última olhada para cada irmão e cravei meus olhos em
Kyle. — Assim como foi com você, só sexo Kyle.
— NÃO!
Abro meus olhos e me assusto com os rostos preocupados de Oliver,
Jordan, Will e Jayden me encarando. Sinto meu corpo tremer com a força
dessa lembrança. A dor no meu coração transborda em lágrimas pelos meus
olhos. Eu menti para Kyle o fazendo sofrer, eu fui cruel, não precisava ter
sido daquele jeito, eu poderia ter sido honesta. Ele me entenderia, Kyle me
entenderia, e eu não precisava ter o feito sofrer.
— Sam, você está bem? Você nos preocupou...
— Eu... eu... preciso corrigir um erro — Minha voz tremulou pela
dor, pela culpa. Eu não devo nada para Ryder, Mason, John ou Ethan. Agora
ao Kyle? Eu devo, e muito.
— Do que você está falando? — Oliver está visivelmente
preocupado, todos eles estão, e não tem como dosar essa pílula, eu preciso
ser sincera... em tudo.
— Eu preciso voltar ao passado, eu magoei uma pessoa que não
merecia, e todas as lembranças que eu não havia recuperado veio com tudo...
— Sam, você... — Levanto a mão para interromper Jayden.
— Eu menti, depois do colapso pela conversa com o Jordan, eu não
me lembrava de nada, não sabia quem vocês eram. — Suspiro fechando os
olhos. — Eu precisava me adaptar até descobrir o que estava acontecendo,
por isso fingi lembrar de tudo. — Abri os olhos e ver as expressões
magoadas nos rostos dos homens que eu amo traz uma dor profunda à tona.
— Conforme os dias foram passando recuperei algumas, não todas, e eu
sabia que se perguntasse algo vocês me pegariam na mentira. Minha voz já
havia melhorado, mas eu fingia que não, eu não queria falar... eu não queria
me entregar.
— Você... mentiu para nós? — O tom de acusação na voz de Oliver
não me passou despercebida. — Você nos enganou? Por quê? Você já pode
andar, também está mentindo sobre isso?
— Não. — Respondo limpando as lágrimas do meu rosto. — Eu
lembro de tudo, até do que eu não gostaria de lembrar. — Suspiro. — Assim
que eu voltar a andar irei viajar, preciso resolver uma coisa.
— Para onde você vai? — A pergunta de Will me faz engolir em
seco preocupada com suas reações.
— Irei reencontrar uma pessoa muito importante, uma pessoa que me
salvou de mim mesma no meu pior. — O sorriso de Kyle quando o conheci
faz o aperto no meu coração doer, a ponto de eu pensar que poderia estar
sangrando.
— Quem? — Oliver não pergunta, ele exige.
— Kyle Allen, meu primeiro e melhor amigo, também um dos meus
ex-namorados.
Fechei os olhos assim que os olhos magoados dos King focaram nos
meus culpados.
Não estou bem, na verdade, desde que ouvi as palavras da Samantha
estou tendo vários pensamentos contraditórios. Ela quer ver o ex, que foi seu
melhor amigo, o que consequentemente a fará ver todos, afinal eles são
irmãos. Samantha ter mentido para nós sobre suas memórias foi um golpe
que eu não esperava. Eu a entendo, no entanto não significa que não doa.
Desde que Samantha entrou nas nossas vidas, fizemos de tudo para ela se
sentir bem conosco, respeitamos seu tempo, aceitamos suas escolhas,
zelamos enquanto esteve em coma, fizemos tudo que esteve ao nosso alcance
para fazê-la feliz, independente de ela estar conosco ou não. Então por que
estou me sentindo traído? Traído por ela ter mentido, e principalmente por
querer ver seus ex. Estou morto de ciúmes só de cogitar essa merda.
Contudo, vê-la tão frágil culpada por algo que ela fez a um deles, me
fez querer tirar sua culpa e passar para mim. Samantha passou por muitas
coisas, não posso simplesmente ver e não fazer nada. Se ela quiser vê-lo, eu
irei apoiá-la, irei junto se ela quiser. Só quero que ela saiba que estarei ao
lado dela para tudo.
— Ela não vai! — Oliver rugiu, seu ciúme dando as caras.
— Oli, precisamos ser compreensivos... — Tentei inutilmente falar,
mas meu irmão não deixou.
— Compreensivo é meu pau. — Oliver se colocou de pé andando de
um lado para o outro. Está parecendo um animal enjaulado.
Depois de toda a confissão de Samantha, a deixamos descansar e
viemos para o escritório conversarmos sobre o que ouvimos, ou tentarmos,
afinal não está fácil de digerir. Oliver quer matar o tal do Kyle, Jordan quer
dar uma surra de pau na Samantha antes de ela ir, eu ainda não sei dizer
como me sinto e o Will...
— Vamos levá-la — Will disse, fazendo Jordan arregalar os olhos.
— Você só pode estar brincando, cassete. — Jordan disse enchendo
um copo com uísque e enchendo outro para Oliver.
— Jordan, você e Oliver estão prestes a mijar na Samantha para
marcar território, precisam se colocar no lugar dela, caralho. — Engulo meu
ciúme, entendendo onde meu irmão quer chegar. — Precisamos confiar no
que ela sente por nós, precisamos confiar que no fim ela nos escolherá...
— Você não pode estar falando sério. — Jordan bateu o copo com
força na mesa de centro.
— Estou, e seja qual for a decisão da Sam, iremos ficar ao seu lado.
— Will olhou para mim pedindo apoio, e não poderia negar ficar ao lado da
Sam, mesmo com o ciúme me corroendo.
— O Will está certo, precisamos levá-la, e além do mais... —
Respirei fundo, estou morrendo de ciúmes, eu respeito as escolhas da Sam,
mas não sou ingênuo de facilitar porra nenhuma. — Ela ainda não pode
andar, quer oportunidade melhor? — Falei não me sentindo tão culpado
como pensei que ficaria.
— Jay, de que merda você está falando? — Jordan perguntou e
Oliver se aproximou interessado no que eu tinha a dizer.
— Com a Samantha não podendo andar, podemos jogá-la sobre os
ombros e trazê-la de volta... caso as coisas não deem certo. — Oliver sorriu,
Jordan assentiu e Will...
— Vocês enlouqueceram só pode! — Ele olhou para o teto, respirou
fundo, porém logo assentiu. — Esse será o plano B, me ouviram? Vamos
acompanhar a Sam para rever o ex, e se acaso ela...
— A jogamos nos ombros e a trazemos de volta para casa. Perfeito,
eu amei o plano B. — Oliver interrompeu parecendo um louco surtado, e
nem posso culpá-lo, acredito que estamos todos assim.
— Estão me dizendo que querem me acompanhar até o Texas? —
Sam franziu a testa desconfiada. — Por quê?
Cruzou os braços, fazendo a expressão mais desconfiada de todas,
mas pudera, Oliver precisa estar sorrindo feito um psicopata? Sorrio de
forma canalha, do jeito que eu sei que ela gosta, fazendo meu rostinho
ingênuo. Sam não pode sonhar que estamos pensando seriamente em fodê-la
até todo o Texas ouvir a quem ela pertence.
— Queremos apoiá-la, queremos estar lá para você, apenas isso —
Oliver disse com seu sorriso ficando ainda mais assustador.
Sam passou longos segundos avaliando nossas palavras, eu estava
suando frio com medo de ela descobrir nossa armação por trás da boa
intenção. Assim que ela acordou invadimos seu quarto para contar a nossa
decisão de apoiá-la. Oliver continua com o sorriso sinistro na boca, não
consegue disfarçar o desconforto do ciúme. Jordan está com a expressão
serena, nem parece que ontem desceu para a academia para ficar socando o
saco de areia por horas. Eu nem posso culpar meus irmãos, estou pensando
seriamente em marcar meu território gozando no corpo inteiro da Sam, não
me importaria se ela parecesse uma vela derretida desde que provasse a
todos que ela é minha.
— Ok, digamos que vamos todos para o Texas...
— Todos não, não vamos levar nossa filha para conhecer seus ex. —
Jordan corta Samantha que revira os olhos.
— Só me respondam uma coisa, vocês não irão arrumar confusão
com os Allen, não é? — Olhei para meus irmãos e depois olhamos juntos
para Sam respondendo uníssono.
— Não, é claro que não.
Quase três horas dentro de um avião, mais uma hora dentro de um
carro alugado para finalmente estarmos na bendita fazenda. Olho para meu
lado e o sorriso que se abre nos lábios da Samantha me incomoda como o
inferno. Ela está sorrindo por quê? Eu pensei que estávamos fazendo o certo,
mas agora que estamos aqui, não sei mais. Oliver aperta o volante com
força, Jordan esfrega mais uma vez as têmporas, Will segura a nuca de
Samantha para beijar sua boca, enquanto eu percebo ao longe três homens
sem camisas virem na nossa direção.
— Essa merda fica cada vez melhor. — Oliver praguejou parando o
carro perto da casa grande.
Saímos do carro e ajudamos Samantha a se acomodar na sua cadeira
de rodas, os homens estão mais próximos e ao notarem Samantha suas
expressões vão de choque a raiva em questão de segundos. Cerro meus
punhos, o ciúme já se infiltrou nas minhas veias como droga. Ter vindo a
essa fazenda foi um erro, um maldito erro. Por que eu concordei mesmo com
essa merda? O rosto de Samantha se ilumina como se fosse o maldito sol.
Respiro fundo três vezes para essa visita não terminar antes mesmo de
começar.
— Samantha? — A voz de um homem vindo do outro lugar chama
nossa atenção. Ele dá passos rápidos para perto de nós, e logo está de
joelhos na frente da Samantha. — Sami, o que aconteceu? — Ele olha para a
situação dela na cadeira de rodas, e esquecendo o apelido ridículo é notável
sua preocupação com seu estado.
Já podemos usar o plano B?
Caralho de ciúmes!
— Sami? Que apelido de merda. — Oliver sussurrou apenas para
nossos ouvidos.
— Kyle, quanto tempo. — As mãos da Samantha foram para o rosto
dele e vi vermelho, me inclinei para sussurrar no seu ouvido.
— Sam, não nos provoque, caralho. — Péssima ideia, tudo isso foi
uma ideia de merda.
— Eu sou o Oliver, marido da Sam — Samantha arregalou os olhos
com o anúncio de Oliver. — Esses são meus irmãos, Will, Jordan e Jayden,
também maridos dela. — Ofereci minha mão assim como meus irmãos. Kyle
olhou para nossos rostos e depois olhou para Sam.
— Maridos? — Olhou para nossas mãos estendidas. — Não estou
vendo as alianças. — Filho da puta.
— Kyle, o que está acontecendo aqui? — Um dos homens parou ao
lado do Kyle nos fuzilando com o olhar, enquanto os outros dois cruzaram os
braços nos olhando mal-encarados.
— Eu ainda não sei, para falar a verdade. — Respondeu e apontou
para nós. — A Samantha veio com os maridos.
— Maridos? — Um deles perguntou arqueando uma das
sobrancelhas. — Conta outra. — Riu debochado. — Ela ama a todos iguais,
ou ama apenas um e usa os outros como brinquedinhos sexuais?
Não tive tempo de processar a pergunta, porque aconteceu tudo
rápido demais. Oliver partiu para cima do que riu, enquanto Jordan e Will
pularam para cima dos outros dois que estavam indo para cima de Oliver, eu
estava prestes a entrar na briga quando uma ruiva baixinha apareceu só de
biquíni, com uma barriga enorme evidenciando sua gravidez.
— Mas que porra! — Ela disse, tirando seu tamanco rosa para dar na
cabeça dos meus irmãos. — Seus putos, tirem as mãos dos meus homens!
— Alexia, cassete, você está sem roupas? — Um dos homens parou a
briga e praguejou pegando a pequena diaba no colo. — Você está gravida,
quer colocar nosso filho em risco, porra?
— Não grita comigo seu chucro!
Foi o homem dizer sobre a gravidez que a confusão cessou. Meus
irmãos arregalaram os olhos percebendo agora a mulher grávida que entrou
no meio da briga, e pelos olhares meus irmãos estão arrependidos. Ficamos
assistindo os homens visivelmente preocupados com a mulher, enquanto
Samantha nos fuzilava com o olhar.
— Nos desculpe. — Pedi, chamando a atenção de todos — Os
ânimos dos meus irmãos estão exaltados por causa que vocês foram
namorados da nossa mulher, e eles são um pouco possessivos — Expliquei,
o rosto da ruiva virou tão rápido que me assustei que ela poderia ter o
machucado. Seus olhos verdes param na Samantha.
— Espera aí. — A ruiva levantou a mão. — Você é a Samantha?
— Sim. — Sam respondeu com a testa franzida olhando da mulher
para os seus ex. — E você? — a ruiva riu diabolicamente, prendendo os
cabelos no alto da cabeça.
— Eu sou a Alexia, e vou acabar com você.
Ela não bateria em uma mulher na cadeira de ro... Oh, merda.
Meus pensamentos estão conturbados por tudo que aconteceu desde a
última vez que estive na fazenda Allen. Eu estou vivendo um inferno pessoal,
porque pela primeira irei olhar nos olhos de Kyle, e não sei como ele irá
reagir assim que ouvir a verdade do porquê eu menti para ele, e do fundo do
meu coração espero que ele possa tentar me entender. Ter os King ao meu
lado, está me deixando mais confiante, ao mesmo tempo que me deixa
temerosa. Eu não sei o que pode acontecer tendo todos esses homens juntos,
e para ser sincera não quero pensar nisso agora.
Com a ajuda de Jayden, pego Harper no colo e beijo sua testa, não
queria ter que deixá-la, mas o assunto que preciso tratar não será um bom
lugar para ela estar, além é claro de que não tive muita escolha sobre isso.
No entanto, o Jordan está certo de não querer que eu a leve, não quero que
minha filha sinta o ódio que irá emanar dos Allen na minha direção. Depois
de refletir tudo o que me aconteceu, eu tomei algumas decisões, e depois de
me esclarecer com Kyle irei colocá-las em ação. Não posso e nem quero
mais abrir mão da minha felicidade.
— Logo estarei de volta, e prometo não sair mais do seu lado. —
Sussurro no ouvido de Harper, me despeço com o coração apertado. —
Qualquer coisa nos ligue que eu volto o mais rápido que eu puder. — Digo
para a mãe do Jayden que me abre um sorriso.
— Harper, ficará bem. — Assenti dando um último beijo na minha
filha.

Quando conheci Kyle, foi em um dia muito difícil para mim, eu não
estava mais suportando as cobranças do meu pai. A pressão era tão grande
que por um minuto pensei o quão livre me sentiria se tudo desaparecesse.
Por muitas horas fiquei sentada em frente a cachoeira dos meus vizinhos
pensando em coisas que eu não deveria, e foi quando Kyle apareceu, ele
estranhou minha presença, e de um jeito fofo de Kyle ser, nos tornamos
amigos. Nos próximos dias marcamos de nos encontrar na cachoeira, e a
cada aproximação nossa amizade deu espaço para algo novo e mais forte. Eu
me apaixonei por Kyle e ele por mim.
O que vivemos estará para sempre marcado em mim, eu sempre irei
amar Kyle por ele ser quem é, contudo, meu amor agora é diferente. Eu não
estou mais apaixonada por ele, muito menos por qualquer um dos seus
irmãos. Meu coração está batendo descontrolado por quatros homens que
estão ao meu lado sem esperar nada em troca, que me amam apesar de eu tê-
los esquecidos, apesar de ter vindo na fazenda dos meus ex-namorados. Eles
me apoiam, me protegem, me amam. Eu ainda não disse o quanto os amo, e
estou pronta para dar esse passo, está na hora de aceitar minha felicidade ao
lado deles.
Por isso, e apenas por isso, aceito o soco de Alexia no meu rosto
sem reagir, sem protestar, de alguma forma eu sei que mereço. Levanto minha
cabeça, pronta para encarar a fúria de cada um, estou aqui por um motivo e
não irei embora sem fazer o que vim para fazer.
— Alexia! — Kyle esbraveja, e percebo a tristeza nos olhos de
Alexia. Agora eu a entendo, ela o ama demais, e apenas quer me bater pelo
que fiz a ele. Sorrio feliz por ele, feliz por seus irmãos, eles encontraram o
que tanto buscavam.
— Tudo bem, Kyle, eu estou bem. — Tranquilizo-o, mas um rosnado
ao meu lado me faz olhar para Oliver, meu babaca arrogante, possessivo e
ciumento. — Estou bem Oliver. — Ele inclina na minha direção e toco seu
rosto dando um beijo casto nos seus lábios. — Eu estou bem. — Sussurro
contra sua boca.
— Ela te deu um soco, Samantha. — Disse alisando onde levei a
pancada. — Irá ficar inchado, melhor irmos embora. — Fechei meus olhos
tocando sua testa.
— Ainda não — Abri meus olhos encarando cinco pessoas furiosas e
uma que não sei definir o sentimento. — Eu preciso conversar com vocês. —
Alexia se debatia nos braços de Ryder que a segurava forte. Ela queria me
matar, provavelmente, e quem sou eu por culpá-la? Ela conhece apenas o
lado dos Allen, e se fosse eu no seu lugar, também teria me dado um soco.
— Me solte, Ryder, me solte agora, porra. — Ryder a prendeu mais
forte. — Seu chucro, eu te odeio.
— Odeia porra nenhuma. — Ryder disse a fazendo bufar.
Olhando para a fúria de Alexia, percebi uma coisa... Não é com os
Allen que tenho que conversar. Não é a eles que tenho que contar o que me
aconteceu, para ser honesta comigo mesma, eu não tenho que dar explicação
a nenhum que não seja o Kyle, mas eu não posso fazer Alexia passar mais
nervoso, não posso colocar Kyle em uma situação que o faça escolher, eu já
passei por isso e é uma merda.
— Alexia. — A chamei. — Você pode conversar comigo? — Sua
testa franziu, para logo o rosto ficar ainda mais vermelho.
— Qual é a sua? O que faz aqui? Não está satisfeita por tudo que já
havia feito e voltou para fazer pior? Se for isso eu não irei deixar. — Eu abri
um sorriso.
— Você deve deixar Ryder e Mason muito loucos. — Olhei para os
dois que fecharam ainda mais suas expressões. — Alexia, você conhece o
Burt? — minha pergunta a fez abrir um pequeno sorriso cúmplice.
É claro que ela conhece.
— Samantha! — Mason disse meu nome na mais pura raiva que só
ele é capaz de transparecer.
— Filha da puta! — Ryder praguejou.
— Quem é Burt? — A voz de Oliver estava baixa, porém raivosa.
Oh, homem possessivo.
— Conheço. — Alexia responde sorrindo. — Um perfeito cavaleiro,
uma vez me ajudou quando meu carro quebrou misteriosamente no meio do
nada. — Seu sorriso expande, e por algum motivo muito insano eu gosto
dela. Na verdade, eu estou tentada a querer ser sua amiga.
— Alexia, não comece, caralho — John pediu, fazendo uma careta.
— Podemos conversar? — Tentei mais uma vez e dessa vez consegui
um aceno de Alexia.
— Claro que podemos.

Alexia se senta no sofá e fico à sua frente, dou uma olhada para trás e
os nove homens estranhos estão de braços cruzados nos olhando como
gaviões. Homens mais possessivos que esses existem? Volto a olhar para
Alexia que está batendo uma foto deles, seguro a vontade de rir. Alexia
parece ser... bem espirituosa. Daria tudo para saber como ela entrou na vida
desses homens que levam tudo na calma, eu acredito que deva ter sido
impagável.
— Ryder e Mason tem sérios problemas neandertais, e olha que
perguntei para minha sogra se ela chegou a fazer exame na cabeça dos dois,
porque algo de muito louco acontece nesses cérebros doentes. — Ela sorri,
mas logo fecha sua expressão. — O que você quer conversar?
— Eu imagino que você não goste de mim. — Começo. — Mas
quero explicar meus motivos, e talvez você me entenda.
— Primeiro, eu te odeio, e segundo, por que quer se explicar para
mim? — Sua pergunta faz sentido, mas tem dois motivos.
— Ryder e Mason, não me ouviriam, e eles não deixariam Kyle me
ouvir, e não quero desrespeitar você. — Alexia assentiu uma vez. — Antes
de começar minhas explicações, eu preciso dizer, eu amei demais cada um
deles, os amei igual, não tinha diferença no meu amor...
— Mesmo? Não foi isso que soube.
— Eu menti Alexia, eu menti sobretudo. — Ela abre a boca pega de
surpresa com minha confissão. — Meu pai... ele nos pegou juntos, depois de
ele me bater como se eu fosse a pior pessoa do mundo, ele me obrigou a
escolher.
— Escolher, escolher o quê?
Por alguns segundos fechei meus olhos, recordar aquele maldito dia
não é fácil, traz tanta dor, tanta culpa.
— Escolher entres os Allen ou a minha mãe com câncer — meus
olhos lacrimejaram me lembrando da sensação da dor da minha escolha. —
Escolher entre os homens que eu amava, ou minha mãe que era a pessoa que
eu mais amei na vida.
— Você escolheu sua mãe. — Deduziu.
— Eu escolhi, e a escolheria mil vezes mais. — Confessei sem
sombras de dúvidas. — Agora quer ouvir minha história? — Alexia limpou
a garganta, tocou sua barriga e se recostou no sofá me olhando.
— Quero.
Com as lágrimas rolando pelo meu rosto, eu contei para Alexia
minha história e ela me ouviu.
Eles não são tudo isso! Olho mais uma vez para os cinco homens na
minha frente, e sinceramente não sei o que Samantha chegou um dia a ver
neles. Pensar que minha mulher chegou a ficar com eles me deixa com o
sangue fervendo. Se estou aguentando estar aqui é por causa dela, somente
pela Samantha para aguentar essa merda toda.
— Então vocês são maridos dela? — O idiota que descobri que se
chama Ryder pergunta e não gosto do tom na sua voz.
— Ainda não. — Respondo sincero. — Mas pretendemos.
— Hum. — Ele ri e olha para o irmão ao seu lado. — Acredita que
Samantha irá casar com eles?
— Não mesmo.
— Por que tanto ódio por ela? Vocês realmente a conhecem, porque
para mim parece que não. — Will disse e concordo com meu irmão. Esses
caras não conhecem a Samantha.
— Manipuladora? Check. Desgraçada, sem coração? Check. —
Ryder diz fazendo três dos seus irmãos rirem. Kyle é o único que fica em
silêncio. — Estou esquecendo de algum, sei que estou.
— Não, vocês não a conhecem. — Agora quem riu foi nós. — Devo
agradecer? Porra acredito que devo. — Digo irritado por eles estarem
desrespeitando-a desse jeito. — Obrigado, graças a vocês temos a melhor
mulher ao nosso lado, a melhor mãe que nossa filha poderia ter...
— Sami, tem uma filha? — Kyle me interrompeu.
— Para você Samantha, e sim nós temos. — Oliver responde nada
feliz pelo apelido que Kyle continua a chamar nossa mulher.
O silêncio se estendeu mais uma vez entre nós, não tem muito o que
podemos conversar sem querer quebrar a cara um do outro. A batalha de
olhada continua, não sei quanto tempo Samantha está conversando com a
Alexia, eu só quero que termine logo para que possamos ir embora de uma
vez.
— Por que ela está em uma cadeira de rodas? — A pergunta de Kyle
faz Oliver fechar os olhos.
— Sofreu acidente de carro. — Respondo. — Ficou mais de um ano
em coma.
— Porra, e como ficou os pais dela? — Oliver gargalha ao meu lado
diante da pergunta.
— Vocês não sabem, não é? — Meu irmão questionou amargo. — A
mãe dela morreu, e o maldito pai dela disse que ela é a culpada.
— Culpada? Por que Samantha seria a culpada? — Mason pergunta,
mas Oliver não tem tempo para responder, Samantha surge com Alexia ao
seu lado, ambas com os olhos vermelhos. Elas choraram.
— Terminamos, podemos ir embora. — Samantha diz e nos
colocamos de pé ao mesmo tempo. — Obrigada, Alexia, por me ouvir.
Desejo felicidades a todos vocês, e que esse bebezinho venha com muita
saúde.
— Obrigada, desejo o dobro a vocês. — Alexia diz e é minha deixa
para começar a empurrar a cadeira de rodas, quero ir embora logo daqui,
mas a voz de Alexia me faz parar assim que ela chama a Samantha, virei a
cadeira de frente para ela. — Conte a eles. — Ela pede. — Conte a eles, é o
certo a se fazer.
Samantha fica por alguns segundos olhando para Alexia e muda seu
olhar para os seus ex-namorados, um sorriso que se abre no canto dos seus
lábios me faz querer saber o que ela está pensando.
— Não, não é. Eu demorei para entender, mas agora eu entendo. —
Samantha olhou para mim, depois para meus irmãos. — Eu estou em casa,
pela primeira vez na minha vida eu estou onde eu realmente quero estar. Eu
encontrei meu lar, Alexia, e eu não mudaria nada para evitar que isso
acontecesse. O que passou, passou, agora eu entendo que quem precisava de
um encerramento era eu. Eu vejo o tanto que vocês estão felizes, minha
escolha foi a certa a ser tomada, foi graças a ela que estamos onde estamos.
Por essa razão eu não mudaria nada e acredito que você também não, ou
mudaria?
— Não. — Alexia respondeu com um sorriso nos lábios, mesmo com
seu rosto molhado com lágrimas. — Não mudaria porra nenhuma.
Estou me sentindo bem, comparado ao que senti quando me despedi
dos Allen pela primeira vez. Sinto que todo aquele peso de culpa foi
retirado dos meus ombros, eles estão bem, estão felizes, e é o que realmente
me importa. Eu cogitei conversar com Kyle e contar a verdade, mas depois
de ver como eles estão felizes com a Alexia, que diferença faria se eu
contasse? Nada, não faria diferença nenhuma. Agora a única parte da minha
vida que falta ser resolvida é a de filha.
Em frente à minha antiga casa, choro em silêncio sabendo que fiz
tudo o que eu poderia ter feito como filha, eu não posso carregar os erros do
meu pai pelo resto da minha vida. Ele fez a escolha de ir embora, depois que
Oliver e Will conversaram comigo contanto a decisão do meu pai, eu tomei a
minha, eu irei aceitar sua vontade, e se um dia ele quiser me procurar estarei
disposta a ouvi-lo, porque apesar de tudo que sofri ele é e continuará sendo
meu pai. Olhando para o último lugar que fomos felizes em família, guardo
no meu coração a lembrança do quanto fui amada por meus pais,
independente dos meus erros e das minhas escolhas, se eu sou o que sou, é
graças a eles.
Dou uma última olhada para a antiga fachada vendo os novos
moradores dispersos com seus afazeres que nem me notaram, sorrio sabendo
que finalmente tudo que precisava ser colocado o ponto final foi feito,
mesmo eu sabendo que minha história com meu pai terá sempre uma vírgula.
Olho para trás e os quatro homens que não desistiram de mim em nenhum
momento estão à minha espera, respeitando meu momento, me aguardando
me despedir, dando a mim algo que nunca foi me dado. Escolha. Sorrio para
eles sabendo que meu coração pertence a eles, eu os amo, e não existe mais
nada que impeça nossa felicidade, está na hora de voltarmos para nossa casa
e finalmen...
— SAMANTHA! — Me assusto pela voz que me grita ao longe.
Olho naquela direção e meus batimentos aceleram vendo cinco homens e
uma mulher grávida montados em cavalos.
— Aqueles são...
— Ela pode estar cavalgando com aquela barriga? — A pergunta de
Jayden é a mesma que estou questionando em pensamento. O que Alexia está
fazendo? Essa mulher é louca.
— Melhor irmos embora. — Peço não sabendo ao certo o que eles
querem comigo, e não quero ficar para descobrir. — Algum de vocês
poderia me ajudar?
— Samantha, espere! — Escutar o desespero na voz de Kyle me faz
saber que Alexia contou tudo o que havia contado a ela, e ela prometeu não
contar.
Respiro calmamente tentando controlar a ansiedade que desperta
dentro de mim. Quando desisti de contar a Kyle, eu sabia que de alguma
forma tirei dos ombros dele a culpa que o tomaria se soubesse a verdade,
contudo, pelo semblante dele cavalgando na minha direção, está claro que o
sentimento de culpa o invadiu, e o que me deixa surpresa e ver o mesmo
semblante estampado nos rostos dos seus irmãos.
Kyle é o primeiro a pular do cavalo e correr até mim, engulo a
emoção que me invade, aperto minhas mãos uma na outra tentando controlar
a vontade de me jogar nos seus braços e pedir desculpas por ter ido embora
sem lhe contar a verdade. Kyle se joga aos meus pés e me puxa para seus
braços, não seguro as lágrimas que caem dos meus olhos. Esse é o abraço
que esperei por muito tempo.
— Por que Sami? Por que não nos contou? Teríamos dado um jeito,
não precisava ser como foi... — Me afasto de Kyle, seus olhos estão
confusos em olhar para mim. Atrás dele percebo Alexia limpar rapidamente
o rosto.
— Kyle, eu fiz o que deveria ter feito, e não me arrependo. — Seus
irmãos se aproximam e em seus olhos não tem mais o julgamento de antes.
— Tudo está como deve ser.
— Nós poderíamos ter lhe ajudado.
— Vocês poderiam sim, mas o que eu encontrei indo embora é algo
que nenhum de vocês poderia ter me dado. — Meus olhos se prendem em
Alexia. — Assim como se eu tivesse ficado, vocês não teriam encontrado em
Alexia o que eu nunca poderia ter lhes dado.
— Não fomos justos com você. — Ryder disse se aproximando.
— E eu não fui sincera com vocês, e está tudo bem.
— Nossas palavras foram cruéis. — É Mason quem fala. — Não
deveria ter falado com você daquele modo, e peço desculpas por isso.
— Eu também espero que possa me desculpar, Samantha. — John
fala se abaixando ao lado de Kyle. — Por tudo.
— Me desculpe.
Ethan.
— Me desculpe.
Ryder.
— Me desculpe.
Kyle.
Meus olhos se enchem de lágrimas, ouvir essas palavras depois de
tudo pelo que passei, alivia uma dor antiga que eu não esperava que
precisava de cura até esse momento. Um sorriso brota em meus lábios, uma
leveza enche meu peito, a calmaria do vento batendo em meu rosto faz meu
coração se encher de paz.
— Eu os desculpo, e espero que possam me desculpar também,
apesar daquelas palavras terem sido mentiras a dor que causei em você,
Kyle, não foi. — Ofereço minha mão para ele que a segura. — Eu sinto
muito, eu sofri com cada palavra que proferi, eu chorei com cada ligação sua
que precisei recusar. Espero que me entenda e que me desculpe.
— É claro que te desculpo. — Não me surpreendi com o abraço que
Kyle me dá, esse é o seu jeito de ser. — Alexia, está te olhando de um jeito
muito diabólico. — Sussurrei para que ninguém pudesse ouvir, mas acredito
que John ouviu, devido a sua risada.
— Ela nos contou a verdade, nos apoiou a vir conversar com você,
mas acaba ai, aquela baixinha é possessiva, e tenho certeza de que estarei
muito fodido quando voltar para a fazenda, e posso te garantir que não é do
jeito bom. — Soltei uma risada.
— Então é melhor tirar seus braços de mim, ou ficar sem sexo será o
menor dos seus problemas. — Confidenciei virando o rosto de Kyle na
direção onde Oliver e Jordan estavam prestes a pular sobre ele.
— Talvez esteja certa — se afastou fazendo Oliver e Jordan ficarem
ao meu lado como dois guarda-costas.
— Alexia, obrigada, eu não sabia que precisava disso até esse
momento.
— Eu não poderia deixá-los te odiando nas suas costas, aliás perdeu
a graça eu ficar te xingando. — Deu os ombros me fazendo rir.
— Espero um dia ouvir sua história.
— Vai por mim, é tão sem graça — Beliscou a bunda de Ryder —
Não é meu xucro das cavernas?
— Alexia, não comece. — Ryder disse abraçando sua cintura
puxando-a para mais perto. — Sabemos que não irá dar conta.
Limpei minha garganta, constrangida pelos olhares predatórios dos
Allen para Alexia e o sorriso satisfeito dela no rosto. Desviei meus olhos
para os meus homens e eles estavam olhando para mim, e isso aqueceu meu
coração.
— Pronta para voltarmos para casa? — Oliver perguntou me fazendo
sorrir.
— Sim... estou pronta.

Assim que passo pela porta meu coração dispara querendo ver uma
pessoinha que se tornou tudo para mim desde o momento que a tive em meus
braços. Harper está em pé ao lado da sua avó usando uma roupinha de
bailarina toda... preta? Olho para meu lado e Jayden expande seu sorriso e
Harper corre para seus braços.
— Olha só como minha princesinha ficou. — Ele beija seu rosto a
fazendo gargalhar. — Mãe, por que não me enviou uma foto? — Jay pergunta
para sua mãe sem tirar os olhos da nossa filha. Nossa. Sim, Harper é minha
filha com eles, e recuperar todas minhas lembranças tendo o agridoce de
saber que eles a criaram como eu queria, deixa meu coração transbordando
de amor.
Eu os amo por isso, a cada dia eu descubro algo que me faz amá-
los ainda mais.
— Eu perguntei para Harper se ela queria fazer surpresa, e ela
balançou a cabeça gritando um grande sim.
— Papai está te achando a bailarina mais linda do mundo. — Merda,
por que vê-los sendo pais babões me deixa excitada? — Viu, eu disse que
não tem problemas se você não quiser usar rosa. — Ele piscou para ela que
correu para os braços dos seus outros pais que estavam mais babões que
Jayden.
Pelas próximas horas entramos em um mundo que só existia nós,
beijei e apertei minha filha o máximo que pude, e a cada minuto que
presenciei dela com os pais deixou meu coração cheio de amor, e minha
calcinha arruinada de excitação. Depois que eles se despediram da mãe, a
agradecendo por ter cuidado da nossa filha, decidi esperar eles cuidarem da
nossa filha, cobrindo todas suas necessidades para colocar um plano louco
em ação.
Desde que tudo aconteceu eu não consegui estar com eles como eu
quero, não pude senti-los dentro de mim, e depois de tudo que passei, o que
mais quero é tê-los, de todas as formas. Com minha boca salivando de
desejo, observo Oliver e Jordan colocando os pratos e talheres na mesa,
enquanto Will coloca Harper na cadeira de alimentação, e Jayden como
sempre fazendo nossa comida.
Meus olhos passeiam de um para o outro, tantas cenas indecentes
passando pela minha cabeça. Eu os quero tão mal, quero uma foda tão suja,
tão depravada... tão errada. Meu rosto esquenta pelos meus pensamentos, e
pego o copo com água bebendo tudo de uma vez. Estou ardendo, estou
pegando fogo literalmente. Tudo que foi reprimido e esquecido, agora está
me consumindo.
— Sam, tudo bem? — Will pergunta, em seguida molha os lábios
com a língua, sua ação não passa despercebida por mim. Ele está tão
gostoso.
Como eu gostaria de ser empalada por ele nessa cadeira de rodas.
— Sim, tudo está perfeitamente bem. — Solto um suspiro frustrado
que chama a atenção dos quatro.
— Tem certeza? — Jay insiste colocando a travessa de carne assada
na mesa.
Ele sempre foi tão sexy assim cozinhando?
— Tenho.
Não, não tenho. Ainda bem que minhas pernas não estão funcionando,
ou iria traumatizar nossa filha pulando em cima dos quatro.
— Você está com o rosto vermelho. — Oliver tinha que notar, é
claro.
— Samantha. — Jordan me chamou, levantei a cabeça a tempo de vê-
lo com as mãos sobre as orelhas da Harper. — Você está excitada? Seu
rosto...
— Estou bem, podemos comer? — Mudei de assunto, eles não fazem
ideia do quanto estou molhada e não precisam saber disso agora. — Estou
com calor, apenas isso.
Os olhos deles estreitaram me fazendo engolir em seco. Preciso de
um banho frio para acalmar todo o fogo que está me consumindo. Pedi mais
água para Will, que mal tinha acabado de encher meu copo e bebi tudo em
um só gole, pedindo mais.
— Samantha...
— Eu estou bem, já disse — Rangi os dentes, o meio das minhas
pernas pulsa me deixando louca.
— Ok, então você está bem. — Debochou se sentando para comer.
Como eles deram conta das suas necessidades quando eu estava em
coma? Estou prestes a andar pelas paredes. Preciso me masturbar
urgentemente, mas não posso pedir para um deles me levar ao quarto, porque
eu sei que irei atacá-lo logo que entrarmos no quarto. Meus olhos se
prendem em Oliver, que sorri de lado, ele sabe. Me sirvo com um pouco de
comida e me forço a encher a boca, quando na verdade queria estar
enchendo com outra coisa.
Eu sempre tive a mente tão depravada assim?
Sorrio vendo a felicidade de Harper em comer a comida de Jayden, é
perceptível o quanto ela ama as comidas que ele prepara especialmente para
ela. Jayden me olha assim que leva outra colher de comida para a boca dela,
sinto meu interior vibrar com o sorriso que ele me dá junto de uma piscada.
— Amanhã precisaremos ir para empresa rever algumas coisas que
deixamos de lado, você ficará bem com nossa mãe te ajudando? — A
pergunta de Jordan me tira dos pensamentos mais indecentes que já tive,
estou começando me assustar comigo mesma.
— Claro.
— Titio Oli. — Meu coração para de bater quando viro meu rosto
para Harper chamando Oliver. Ela o chamou de titio?
— Eu sei muito bem o que a senhorita quer, e não, amanhã não irá
com o titio para a empresa.
Titio? Porque ele a trata... Eu pensei... Meus olhos se enchem de água
e nem sei por qual motivo, por ele não a ver como sua filha ou por saber que
isso me machuca tanto.
— Ela... ela não te chama de papai? — Pergunto e os olhos de todos
na mesa se arregalaram como se só agora se dessem conta que eu não sabia
disso. — Por quê?
— Samantha...
— Por quê? — Insisto. Oliver suspira baixando o garfo no prato.
— Porque eu não sou o pai dela. — Sua resposta me machuca. — Eu
sou apenas o tio, e é isso que continuarei sendo.
Baixo a cabeça tentando compreender suas palavras, se ele se
considera apenas seu tio, por que seus irmãos me deram a entender que ele
se considerava seu pai? Levanto minha cabeça e a expressão de dor em
Oliver me faz engolir as palavras que estava prestes a despejar sobre ele.
Volto a comer minha comida não querendo tratar desse assunto na frente da
nossa filha, mas assim que ela dormir, terei uma conversa muito definitiva
com os quatro.
Merda! O olhar de Samantha está baixo, é nítida sua tristeza, ela não
deveria descobrir sobre minha decisão dessa forma. Eu sei que deveria ter
contado sobre minha escolha antes, mas com a sua revelação das memórias
perdidas e recuperadas, e a vontade de ir ver seus ex, me fez querer esperar
o momento certo para termos essa conversa.
Espero que ela possa me entender, depois de tudo que passei com o
aborto do meu filho, e o que acabou acontecendo com ela por minha culpa,
eu percebi que não nasci para ser pai, e tudo bem para mim. Eu amo a
Harper, e aceito ser apenas seu tio na sua vida. Mesmo que às vezes ela me
chame de papai sem perceber, eu continuo a ensiná-la a me chamar de tio. É
o melhor para todos, e uma garantia de que eu nunca vou fazer merda com
nenhuma criança que Samantha vier a ter com meus irmãos, além da Harper.
Meus olhos se encontram com os de Samantha, e a tristeza que eu vi
ali a poucos segundos dá lugar para uma ferocidade que me faz engolir em
seco. Ajeitei sutilmente a gola da minha camisa, porque de repente ela
parece muito apertada no meu pescoço.
Eu imagino que para Samantha eu sou todo errado, que eu piso na
bola com ela incontáveis vezes, e ela está certa de pensar assim. Contudo,
como explicar a ela que minhas atitudes são para me proteger? Proteger
meus sentimentos que foram muito machucados da primeira vez que me
joguei de cabeça em um relacionamento. Eu a amo. Desde que a vi pela
primeira vez ela me hipnotizou, me fez enxergá-la quando eu não via nada
nem ninguém além do meu ego, além da minha arrogância. A Samantha me
fez amá-la quando eu acreditei não ser mais capaz. Eu errei com ela, errei
muito, ela não me conhece além do que eu deixo transparecer, e sei que se
não mudar irei perdê-la, e não terá outro culpado além de mim mesmo.
— Tudo bem, Oli? — Levanto a cabeça e todos estão me encarando,
fiquei tanto tempo perdido nos meus próprios pensamentos que nem percebi
o momento que chamei a atenção deles para mim.
— Sim. — Minto. Por mais errado que seja, às vezes a mentira é o
caminho mais fácil para alguém que está perdido na rede de verdade que
seus sentimentos o prenderam. Esse é o meu caso.
— Está tudo bem, Oliver, tem certeza? — Ali está ela, minha
petulante de nariz arrebitado pronta para chutar minhas bolas com toda a
força de que for capaz.
— Claro.
Baixo a cabeça, não quero ter que olhar para a raiva que Samantha
estampa em seu rosto, ela não faz mais questão nenhuma de esconder que
quer me matar. Eu imagino que ela está apenas esperando Will subir com a
Harper para pular no meu pescoço. E eu posso culpá-la? Não caralho, eu
não posso.
— Está suando, ou é impressão minha? — Pergunta sorrindo.
— Não, eu estou...
— Bem. Eu ouvi da primeira vez, Oliver, eu não sou surda, apenas
trouxa.
Ela vai mesmo me matar.
— Hora de subir com a Harper. — Will pulou da cadeira. — Dê boa
noite para todos, meu amor.
Harper vai um pouco no colo de cada um, recebendo seu abraço e
beijo de boa noite. Os olhos de Samantha me perfuram com todas as
promessas de retaliação possíveis. Será que ela irá me dar outra lição?
Espero que não, não suporto mais ter quer me masturbar todos os dias como
se fosse a porra de um adolescente de novo.
— Precisa de ajuda, Will? — Jay se oferece e Will assente.
Cacete, eu não posso ficar sozinho com essa mulher.
— Eu tenho alguns documentos que preciso ler, daqui a pouco eu
desço para te ajudar com banho e cama. — Jordan conversa com Samantha
que sorri para ele.
— Amei a parte da cama.
— Eu sei que amou. — Sem Harper na cozinha Jordan quase engole
Samantha com seu beijo. — Até daqui a pouco, Sam.
Jordan sai da cozinha sem me olhar. Eu sei que meus irmãos estão
querendo que eu me foda, quantas vezes eu ouvi a reprovação deles por
conta da minha atitude com a Harper? E eles foram bem sinceros ao me dizer
que quando Samantha descobrisse iriam me deixar se foder sozinho. Dito e
feito.
— Samantha...
— Você não fala, você apenas escuta. Que merda passa na sua
cabeça? Titio? Está de sacanagem comigo, porra?
— Você não entende.
— Eu não entendo? Eu entendo muito bem, e só irei fazer uma
pergunta para você. — Engoli em seco. — É isso que você quer... quer ser
apenas o titio da Harper? — Perguntou debochada.
— Samantha...
— Responda à pergunta. — Fechei os olhos, respirando fundo eu
respondi.
— Sim.
— Tudo bem.
Suspiro aliviado por ela me entender. Eu não quero que minha
decisão afete o que temos, ou afete o crescimento da Harper, apenas quero o
que eu acredito que mereça, e por mais que me doa confessar, eu não mereço
ter a Harper como filha, por minha culpa ela quase não nasceu, e por muito
pouco quase perdeu a mãe.
— Se você quiser, posso te ajudar com o banho e cama. — Pisco
para ela querendo aliviar o clima que ficou, mas ela não sorri. — Estamos
bem?
— Estamos. — Responde de nariz em pé. — Eu apenas não acho
certo, que o titio da minha filha, e irmão dos meus homens se ofereça para
me dar banho e me colocar na cama.
— Do que você está falando? — Pergunto com o coração apertado.
— Oliver, você fez sua escolha e eu acabo de fazer a minha. Você
escolheu ser apenas tio da minha filha, e eu escolhi que você será apenas
meu cunhado. A partir de hoje o que tínhamos acabou.
Arregalo os olhos, Samantha não pode estar falando sério. Abro a
boca para questioná-la, mas nesse momento Jordan e Jayden entram na
cozinha também de olhos arregalados.
— Sam...
— Me ajudem a subir para meu quarto? Quero descansar. —
Samantha corta o que Jay ia dizer e meus irmãos a ajudam com o que pediu.
— Boa noite, Oliver.
— Boa noite.
Eu pensei que estava fazendo o certo, mas eu não poderia estar
mais errado... Eu a perdi.
Cheguei no meu limite! Oliver quer continuar sendo um cabeça dura?
Pois que seja, faço questão de esfregar na cara dele o que está perdendo. Há
duas semanas tenho sido paciente, tenho dado o espaço para ele pensar na
sua escolha, estava tentando ser compreensiva e essas merdas. No entanto,
eu esqueci de algo muito importante, eu não estou lidando com qualquer
pessoa, eu estou lidando com o babaca arrogante que eu conheci há mais de
um ano e que virou minha cabeça de pernas para o ar, e isso foi a melhor
coisa que ele poderia ter me feito.
Com minhas muletas, ando devagar pelos corredores da empresa. Irei
mostrar para o babaca cretino o que ele está perdendo. Irei fazê-lo se
arrepender da sua escolha por todos os dias em que viver. Minha sogra ficou
com Harper e me ajudou a chamar o táxi, desde que comecei a sustentar meu
corpo, e a dar os primeiros passos, tenho aguentado todas as escolhas de
Oliver, e como ele tem sido um covarde, eu mal tenho o visto pela casa. Ele
vive refugiado na empresa e é por isso que estou aqui.
Eu o amo, eu amo aquele babaca cabeça dura, e por isso eu não
posso desistir dele. Apesar de tudo, foi ele que estendeu a mão e me ajudou,
foi ele que me trouxe as pessoas que mais amo na vida, e eu preciso fazer o
mesmo, não por achar que eu tenho obrigação, e sim porque sou incapaz de
me sentir completa sem ele.
Com passos lentos me encaminho para a sala de reuniões, onde irei
colocá-lo no seu lugar de uma vez por todas. Ele acha mesmo que vai sair
dessa ileso? Que eu esqueci sua ousadia de dizer que quer ser tio da nossa
filha, quando ambos sabemos que seus olhos dizem outra coisa? Oliver
acredita que eu não o vi todas as madrugadas entrar no quarto da Harper e
dizer o quanto a ama? O quanto queria que ela fosse sua filha? Pois eu vi,
percebi, e ouvi, e o amo ainda mais por isso, porque demorou para eu
entender, mas agora eu entendo seus motivos.
Culpa.
Pouco me importando para o rosto sério de Oliver que vejo através
do vidro da sala de reunião, me encaminho decidida a dar fim na nossa
separação de corpos, eu quero estar com eles, quero amá-los e ser amada.
Quero que meu corpo transmita tudo que eu sinto por eles. Abro a porta sem
fazer barulho, e meus olhos recaem sobre a sócia.
— Podemos fazer outra reunião naquele hotel, da última vez tivemos
uma grande vitória. — Ela diz tocando sutilmente no braço dele que sorri
fazendo meu sangue ferver.
— Oli, acho que poderíamos fazer a reunião em outro lugar, de
preferência em um restaurante no horário do almoço.
— Jordan, Meg está certa, a reunião será no hotel, depois que
terminarmos poderemos jantar.
— Claro, por que não? Jantamos no hotel, e assim que colocarmos os
pés dentro de casa, Samantha nos come vivos. — Jay brinca. — Nada contra
ser no hotel, mas poderia ser no horário comercial.
— Jay está certo. — Will concorda.
Me escondo atrás do vaso gigante e ostentoso que Oliver colocou
dentro da sala, e continuo a ouvir.
— Vocês precisam saber dividir as coisas, é trabalho, e a namorada
de vocês terá que entender. — A sócia diz como se me conhecesse, e não me
passou despercebido o deboche na palavra namorada.
— Meg, está certa, conversem com sua namorada e expliquem a
situação. — Como dói ouvir essas palavras de Oliver, ele não percebe que
eu ainda pertenço a ele como pertenço a cada um dos seus irmãos?
— Por que você não explica? Diga a ela com essas mesmas palavras.
— Jay joga de volta.
Cansada de ser boazinha com Oliver, me faço presente e cinco
cabeças se viraram para o barulho que faço ao derrubar sem querer o vaso
super hiper mega caro de Oliver.
— Ops, derrubei. — Os olhos de Oliver me fuzilam, mas ele não diz
nada, e é assim que ele tem se safado do que sente por mim. Oliver tem
evitado discutir comigo, porque ambos sabemos que é assim que nós
queimamos um pelo outro.
— Sam, você decidiu vir. — Jay se anima.
Desde que comecei a dar os primeiros passos ele tem me incentivado
a vir na empresa. Ele estava mais ansioso do que eu para esse confronto com
o Oliver.
— Sim, pode me ajudar? Não quero me machucar nesses caquinhos
de vaso edição rara alguma merda quebrados. — Mordo um sorriso quando
vejo Oliver cerrar os punhos.
Ah, Oliver, você não imagina que até o final desse dia queimaremos
em fogo vivo.
Meus olhos percorrem cada um, sinto a vibração da provocação
vibrar dentro de mim. Hoje irei colocar Oliver no seu lugar e de quebra
mostrar para essa sócia que esses homens são comprometidos. Oliver cerra
seus olhos para mim, e com um sorriso angelical nos meus lábios me sento
com a ajuda de Jay na outra ponta da mesa, bem à frente de Oliver, pronta
para enfrentá-lo. Finjo que minha presença era esperada, e como sou a
namorada dos donos, eu posso dar minha opinião em qualquer assunto que
eles estejam debatendo. Isso vale para a merda do hotel.
— Sobre o que falavam mesmo? — Indago tamborilando os dedos na
mesa.
— Ela faz parte do conselho? Não sabia que ela tinha ações, Oliver.
— Meg disse levando a ponta da caneta para os lábios.
Meus olhos foram automaticamente para o homem carrancudo na
minha frente, inclinei meu corpo um pouco, colocando meus seios sobre a
superfície de madeira como um banquete oferecido para ele. Seus olhos
automaticamente caíram no meu decote, que por estar com pressa não tive
tempo de colocar um sutiã. Sua mão aperta a caneta, e um sorriso nasce no
canto da minha boca.
— Responda, Oliver. Eu faço parte do conselho? Eu tenho ações? —
Desafio.
Ninguém diz nada, os olhos de todos ficam indo e vindo entre Oliver
e eu, está claro para todos que uma batalha está acontecendo entre nós dois,
seus irmãos estão cientes o que essa disputa entre nós dois irá levar. Oliver
molha os lábios com a língua, dando início ao nosso jogo louco e excitante.
No mesmo instante os bicos dos meus seios endurecem, cruzo as pernas,
conhecendo os golpes baixos dele.
— Samantha está assumindo a parte da filha na empresa. Como
Harper ainda é uma criança, ninguém melhor do que a mãe para cuidar do
seu futuro. — Responde sem desviar os olhos dos meus. — Estou errado,
senhorita Mitchell?
Estou suando?
— Não, está super certo, senhor B. — Molhei meus lábios,
passeando com minha língua bem devagar por eles. — Você sempre toma as
melhores decisões. — Me inclinei ainda mais sobre a mesa. — Graças a
você descobri que três é meu número perfeito, não sei de onde eu tirei que
seria quatro. Obrigada por isso.
— Bem, voltando ao assunto do qual estávamos tratando...
— Não precisa voltar ao assunto, eu quando entrei escutei um pouco
da conversa. — Interrompi Meg. — E você está certa... Ai, desculpe, posso
chamá-la de você? — Perguntei me fazendo de tola.
— Mas é claro.
— Então, continuando o que eu estava dizendo, eu concordo com a
reunião no hotel. — Disse fazendo Will, Jordan e Jay se mexerem no lugar.
— Um jantar seria muito agradável.
— É o que penso também. — Sorriu se virando para Oliver. — Será
meu acompanhante?
Oliver buscou meu olhar, fazendo todos olharem para mim mais uma
vez. Dessa vez, apenas dessa vez, transmiti tudo que eu estava sentindo com
meu olhar. Se Oliver aceitar ser o acompanhante dela, eu irei deixá-lo seguir
com sua vida. Eu o amo, contudo, quantas vezes mais terei que pausar minha
felicidade para esperar que ele perceba que somos perfeitos quando estamos
todos juntos?
— Eu...
— Ah, Oliver, vai me deixar ir sozinha? Seus irmãos irão com a
namorada...
— Samantha. — Interrompi com raiva borbulhando dentro de mim.
— Meu nome é Samantha, por favor, não me limite apenas como a namorada
deles.
— Desculpe, eu não tive...
— A intenção? — Questionei cansada dessa merda — É óbvio que
teve, e ao contrário do que pensa isso não me faz menos do que eu sou, eu
amo ser a namorada deles.
— Samantha...
— Não comece com Samantha, Oliver. Irei ser bem clara agora. —
Me levantei apoiando as mãos na mesa para sustentar meu peso. — Cansei
das suas merdas, vê se você decide o que quer de uma vez. Se me ama, se
me quer na sua vida, acho bom fazer alguma coisa, ou irá me perder para
sempre. Eu não irei ficar esperando a água bater na sua bunda fazendo você
acordar. A porra do acidente não foi sua culpa, mas cada escolha que você
toma para me manter longe de você é. Eu não posso continuar amando um
homem que vive preso numa culpa que não existe, não é justo comigo, não é
justo com seus irmãos e muito menos é justo com nossa filha. Se é isso que
você quer, eu irei embora da sua vida Oliver, irei morar em outro lugar com
seus irmãos, estamos construindo uma família, e não brincando de casinha.
— Sam. — Will se colocou do meu lado assim que me desequilibrei
tentando pegar minhas muletas para ir embora. — Tudo bem?
— Estou cansada, e com um pouco de dor. — Confessei. — Eu
precisava tentar, Will, apesar de ser um babaca, eu amo seu irmão. —
Sussurrei apenas para que ele pudesse me ouvir.
— A reunião acabou? — Jordan perguntou sério, eu nunca o vi assim
antes.
— Sim. — Oliver respondeu, mas não tive mais coragem para
encará-lo.
— Perfeito, estamos indo embora levar nossa mulher para casa. —
Meus olhos marejaram, depois de tudo que falei Oliver não se moveu do
lugar, não disse nada e isso está me machucando mais do que imaginei.
Jordan parou na minha frente, e com a mão tocou gentilmente meu
queixo levantando minha cabeça. Seus olhos pareciam estar decepcionados,
sem dizer nada encostou sua boca na minha. Seu beijo foi casto, mas o
suficiente para me lembrar o quanto eu o amo, o quanto amo Jay e Will, e
não posso mais evitar me entregar de vez para eles, por esperar alguém que
nunca foi meu.
— Eu te amo, Jordan. — Sussurrei, não planejei me declarar assim,
ainda mais tendo plateia, mas chega de me privar de ser feliz.
— Eu te amo, Sam — respondeu me beijando sem reservas, minha
boca se afastou da dele e me virei para meu lado onde Will ainda me ampara
pela cintura.
— Eu te amo, Will.
— Eu te amo, Sam.
Nos beijamos e um sorriso desabrochou nos meus lábios, segurei
forte no seu cabelo, sentindo a excitação varrer meu corpo. Senti alguém
posicionado atrás de mim, e ao me virar Jay me aguardava com um sorriso
enorme nos lábios.
— Eu te amo, Jay.
— E eu amo você, Sam.
Me assustei assim que Jay me pegou no colo, suas mãos segurando
minha bunda com vontade. Um arrepio correu pelo meu corpo, ao sentir o
pau duro de Will na minha bunda.
— De todas as decisões que você já tomou, Oliver, essa com a
fodida certeza é a pior. — Jordan disse abrindo a porta para Jay passar me
carregando no colo. — A partir desse momento você não é nada de
Samantha, além de cunhado é claro. Então se mantenha longe dela.
Uma pontada de tristeza atravessou meu corpo, Will deu um beijo na
minha testa, receber o carinho deles ameniza um pouco o vazio que estou
sentindo dentro de mim. Direciono uma última olhada para Oliver, e o que
vejo parte meu coração. Oliver se mantém calmo, como se nada demais
estivesse acontecendo. Sua sócia toca gentilmente seu braço, mas Oliver não
faz nada além de me olhar, viro meu rosto libertando Oliver do que ele não
quer.
Eu.
Assim que abro meus olhos encontro dois corpos me prensando.
Sorrio travessa sentindo seus paus duros me tocando, desde que resolvemos
seguir com nosso relacionamento Jordan, Will e Jay decidiram não me tocar
enquanto eu não estiver 100% melhor, não querem que eu apronte e leve
mais tempo com as muletas, o que é um exagero da parte deles, mal tenho as
usado.
Enquanto não escolhemos uma casa para morarmos, continuamos a
morar com Oliver, e isso não tem sido fácil. Apesar de eu saber que estou
fazendo o certo, que pela primeira vez estou pensando em mim e na minha
felicidade, ver ele todos os dias não me ajuda a esquecê-lo e muito menos a
deixá-lo de amar. Nossa rotina mudou drasticamente, Oliver não come mais
conosco, sua relação que antes era harmoniosa com seus irmãos, há uma
semana tomou outro rumo. Will, Jay e Jordan têm ciúmes de Oliver, eles não
veem mais o irmão como meu parceiro. Oliver fez sua escolha, e como
Jordan mesmo me disse agora ele terá que arcar com ela.
Saindo dos meus pensamentos depressivos em relação a Oliver,
voltei a prestar a atenção em Jay e Jordan, que ainda continuam a dormir.
Ontem quando foi a vez de eu dormir com Will e Jay, eu quase convenci os
dois a fazerem sexo comigo, mas a chegada de Jordan para me desejar bom
dia estragou meus planos. A cada noite eles se revezam e dois dormem
comigo, enquanto o outro dorme no seu quarto, tem funcionado para nós,
apesar de eu querer estar com os três ao mesmo tempo.
Sinto a pressão do pau de Jay na minha bunda, e sem vergonha
nenhuma, empurro de volta, meu interior se ascende desejando algo que há
tanto tempo não sei o que é. Escorrego para os pés da cama, me colocando
de quatro e não penso muito. Puxo devagar a cueca de Jay, seu pau descansa
no seu abdome, as veias me fazem engolir em seco, minha boca enchendo
d’água querendo sentir seu gosto na minha língua.
Baixo minha cabeça lambendo onde vaza um pouco do pré-sêmen,
seu gosto explode na minha boca, e o desejo tanto tempo evitado domina
todas as minhas vontades. Seguro seu pau, colocando a pressão certa,
fazendo Jay gemer, abocanho seu pau fechando os olhos para aproveitar cada
segundo. Sinto uma mão acariciar minha cabeça e olhando para o lado me
surpreendo vendo Jordan acordado.
— Ele pensa que está sonhando — Olho para Jay que continua a
dormir. — Mama mais forte. — Jordan pede rouco, obedeço com prazer
arrancando mais gemidos de Jay com minha boca.
Minha calcinha se encontra encharcada, chupo o pau de Jay sem tirar
os olhos de Jordan, que tira seu pau de dentro da cueca e o manipula
devagar, encantada com sua masturbação lenta viro minha bunda para seu
lado, dando a visão da minha calcinha arruinada.
— Porra.
Seus dedos não demoram para estar me tocando por cima do tecido
molhado, com a boca cheia meu gemido é reprimido assim que Jordan rasga
minha calcinha. Mamo mais forte e mais rápido fazendo o gemido rouco de
Jay soar alto demais, seus olhos se abrem confusos, mas logo que eles
pousam em mim, um sorriso safado se abre na sua boca.
— Princesa... caralho.
— Está bom, Jay? — Jordan perguntou enfiando dois dedos na minha
boceta, que os apertou de tão sensível que ela está — Porque a boceta da
Sam é o paraíso de tão encharcado e apertado.
Gemi alto, os dedos de Jordan se aprofundaram ao mesmo tempo que
Jay me fez levar mais do seu pau. Revirei os olhos desejando ter meu
orgasmo, rebolei nos dedos de Jordan, levei um tapa ardido na bunda,
ampliando ainda mais minha excitação.
— Jordan...
— Suga meus dedos com sua bocetinha apertada. — Recebi mais um
tapa.
— Sam, estou perto. — Parei de chupar o Jay que me recriminou
com o olhar.
— Eu preciso que me fodam, e preciso... agora. — Gemi depois que
senti a língua de Jordan bater no meu clitóris por trás, suas mãos na minha
cintura me mantendo quieta. — Oh, merda.
— Goza na minha língua — ordenou segurando mais forte na minha
cintura, não me deixando escapar da sua língua faminta. A excitação
reprimida cresceu dentro de mim e assim que a libertação me atingiu gozei
intensamente gritando o nome de Jordan.
Não tive tempo de me jogar de costas na cama para acalmar minha
respiração, Jay me puxou para seu colo pegando um preservativo de não sei
onde, cobrindo seu pau se encaixando em mim logo em seguida. A
penetração foi rápida, por mais molhada que esteja, não estava preparada
para sentir o pau de Jay dentro de mim. O tamanho de Jay acertou o lugar
certo, me fazendo fechar os olhos, para me entregar ao prazer que ele está
me fazendo sentir.
— Abra os olhos, eu quero ver seus olhos embriagados de excitação
quando meu irmão fizer você gozar. — Não foi um pedido, no sexo, Jordan
não pede, ele ordena. — Jay, fode a bocetinha de Sam, sem pena, vamos
deixá-la nos sentir o dia todo. — As palavras de Jordan tiveram um efeito
enorme em mim, eu amo ouvir sua boca suja.
— Eu quero os dois.
— Samantha, não provoque, caralho. — Jordan olhou para o teto,
sussurrando alguma coisa que não fui capaz de ouvir. — Sabe o quanto
temos pegado leve com você desde que a conhecemos?
Eles estavam pegando leve?
— Cavalga, Sam, fode meu pau com essa bocetinha apertada. —
Acelerei meus movimentos, Jay brincava com os bicos duros dos meus
seios, enquanto Jordan manipulava seu pau, deixando minha boca salivando.
— Vem, Jordan. — Mordi o lábio inferior com os olhos presos nos
movimentos da sua mão. — Me fode gostoso, eu quero ter os dois dentro de
mim.
— Porra, Samantha.
— Isso mesmo, eu quero sua porra na minha bunda.
Jordan sorriu pegando um preservativo dentro da gaveta do criado-
mudo, desenrolando pelo seu pau sem nenhuma pressa, apreciando meu
desespero de querê-lo dentro de mim. Jay retirou seu pau, em uma conversa
muda com seu irmão que eu não entendi. Jordan sondou minha boceta,
lambuzando seus dedos na minha excitação, levando para o meio da minha
bunda, seus dedos foram introduzidos aos poucos, causando um arrepio
gostoso pelo meu corpo. Eu amo fazer sexo anal, o prazer que a dupla
penetração me causa, é um prazer sem precedentes.
— Jordan... eu preciso...
— Está gulosa para receber dois paus? — Gemi, assim que senti
dois dedos de Jay invadirem minha boceta. Jordan e ele me fodiam ao
mesmo tempo, outro orgasmo estava sendo construído.
— Não, eu estou ansiosa para receber os seus paus.
Recebi um tapa forte na bunda, fui puxada por Jayden, que me
penetrou com apenas uma estocada, Jordan se posicionou atrás de mim, a
ponta do seu pau testando quão pronta eu estava, relaxei dando o
consentimento para ele me penetrar mais. O prazer que tomou meu corpo por
sentir os dois dentro de mim, me fez fechar os olhos e me entregar ao prazer
e amor que eles poderiam me dar.
Com uma felicidade que não cabe em mim, desço para preparar o
café da manhã, ainda pensando na boca gostosa de Sam mamando meu pau, e
na sua bocetinha apertando meu pau, enquanto me cavalgava gostoso demais.
Jordan ficou de passar no quarto da nossa filha para pegá-la, Sam voltou a
dormir depois que a fodemos mais uma vez. Afinal ela precisava descansar.
Assim que chego na cozinha sou pego de surpresa por ver Oliver
sentado tomando café, a dias meu irmão tem evitado estar conosco. Será que
ele pensou melhor na merda que está fazendo? Seus olhos levantam e me
encaram, Oliver parece irritado, seus olhos estão vermelhos, e eles só ficam
assim quando ele está muito bravo. Algo aconteceu na empresa e ele não nos
contou?
— Bom dia, Oli.
— Dia. — Respondeu de má vontade.
— Está tudo bem na empresa?
— Está tudo bem, por quê?
— Quero saber o motivo da sua cara de merda. — Oliver bateu a
caneca na mesa com força.
— Talvez, o motivo seja que quando estou em casa quero descansar
e não ficar ouvindo sua namorada gemer como uma...
— Como uma o quê, Oliver? — Perguntei irritado. Will surgiu na
cozinha ao lado de Jordan que segurava Harper no colo, o rosto dos meus
irmãos estão sérios, provavelmente eles também ouviram. Não gostei do
modo que Oliver estava prestes a se referir a Sam.
— Deixa para lá.
Jordan não cumprimentou nosso irmão mais velho, assim também fez
Will, a única a cumprimentá-lo foi nossa princesinha, que sentou no seu colo,
fazendo Oliver mudar sua cara de merda. Ficamos em silêncio, não tinha
assunto para conversar com Oliver, e o que Jordan, Will e eu poderíamos
conversar envolveria Sam, e Oliver não tinha mais direito de saber nada
sobre nossa mulher, ele fez sua escolha, mesmo eu sabendo que foi a escolha
mais idiota do mundo.
Continuei preparando as panquecas que Harper e Sam amavam
comer, que não percebi quando Sam entrou na cozinha, apenas senti seu
cheiro chegando até mim. Me virei, e ela está linda, suas bochechas
vermelhas, os lábios inchados, daria tudo para colocá-la deitada na mesa
para saber se sua bocetinha também está inchada.
— Bom dia. — Ela disse abaixando ao lado de Oliver, para beijar
nossa filha no rosto. — Está linda, meu amor. — Harper sorriu com o elogio.
Ainda não contamos para Harper que Samantha é a sua mãe, estamos
pensando em dizer daqui uma semana. Jordan e Will estão vendo uma casa
para nos mudarmos, depois que estivermos na nossa nova casa, contaremos
algumas coisas para nossa filha, de um jeito que de primeiro momento ela
possa entender, e conforme ela for crescendo iremos esclarecer as dúvidas
que possam vir a surgir.
— Bom dia. — Sam se aproximou de Will dando um beijo rápido no
canto dos seus lábios. — Espero que tenha aproveitado os sons dos meus
gemidos, porque Oliver não gostou nada disso. — Sam alfinetou Oliver, está
claro que ela ouviu o que ele disse. — Me desculpe, Oliver, não voltará a se
repetir.
— Eu amei muito os sons, aproveitei cada segundo. — Will
respondeu levantando a mão esquerda.
— Poderiam mudar de assunto? Isso não é o tipo de conversa que
devem ter na frente de uma criança. — Oliver resmungou, enquanto Harper
no seu colo estava entretida com sua boneca, não ouviu nada do que a Sam
disse, está claro que meu irmão quer implicar.
— Oliver está certo. — Sam respondeu, pegando Harper no colo. —
Peço desculpas mais uma vez, não voltaremos a conversar sobre isso quando
você estiver presente.
Soltei uma risada baixa. Tem como não amar essa mulher? Will e
Jordan me acompanharam, Oliver fechou seu rosto se colocando de pé. Uma
verdadeira criança birrenta. Sam o encarou e depois balançou a cabeça,
baixando os olhos para nossa filha. Ela o ama, Sam ama o babaca do meu
irmão, que não faz nada além de magoá-la.
Coloquei as panquecas prontas na mesa, Sam lambeu os lábios,
Harper sorriu, meu peito encheu de orgulho por saber o quanto minhas
garotas amam minha comida. Oliver olhava de Sam para nós, seu rosto
tomou uma expressão fria de repente, algo no que ele viu o incomodou a
ponto de ele usar sua expressão de desprezo.
— O jantar com a Meg, será amanhã, estava quase esquecendo que
ontem quando nos encontramos e ela me lembrou que eu não confirmei se
vocês iam. — Oliver disse e um sorriso se abriu. — O pequeno jantar sofreu
algumas alterações, será para mais pessoas do que Meg disse. Será um jantar
de gala, eu não sei se seja apropriado...
— Estaremos lá. — Jordan o cortou. — É bom que tenha bastante
pessoas, assim podemos assumir para todos nossa relação poliamor.
— Jordan...
— Eu disse que estaremos lá, Oliver, que tal agora você cuidar da
sua vida?
Oliver engoliu o que estava prestes a dizer, seus olhos correram por
todos parando na Samantha. Meu irmão babaca e cabeça dura assentiu
saindo da cozinha nos deixando sozinhos. Sam apoiou a cabeça na mão, isso
está uma merda, precisamos nos mudar, porque enquanto morarmos com
Oliver, Sam nunca irá superá-lo.
Tudo está uma merda, meus pensamentos não focam em nada que não
seja nela, está insuportável estar na presença dela e não poder tocá-la, não
poder calar aquela boca esperta com a minha. Samantha está me
enlouquecendo, caralho. Precisava ter gemido tão alto? E vê-la de manhã
com aquela expressão de bem fodida, não ajudou em porra nenhuma. Minha
vida está um inferno, meu arrependimento não me deixa dormir em paz, a
única coisa que tem me ajudado é a bebida, mas até isso eu tive que
abandonar, eu sei o quanto Samantha sofreu com o pai alcoólatra, e eu não
poderia causar a mesma dor, por mais que ela não esteja comigo.
Eu amo demais aquela petulante, e por que eu não consigo reparar
minhas merdas e correr atrás dela? Eu estou infeliz sem ela, mas não consigo
dizer, eu não consigo expressar o que estou sentindo. Se Samantha olhasse
com mais atenção nos meus olhos, ela veria tudo o que eu não sou capaz de
dizer. Meu silêncio não bastaria para ela, e é por isso que eu estou decidido
a deixá-la ser feliz com meus irmãos, eu não sou o homem certo para esse
tipo de relacionamento, sei que poderia machucá-la ainda mais com minhas
atitudes.
Sentado no meu escritório, me escondendo de todos, penso no que
gostaria de estar fazendo agora, como amaria provocar Samantha, deixá-la
irritada para depois beijá-la com todo o fogo que acende quando estamos
juntos. Meu pau está tão duro, que não sei mais o que faço para ele baixar,
me masturbei ouvindo Samantha gemer com os paus dos meus irmãos a
fodendo, e desde então meu pau quer mais do que a porra da minha mão.
Meus pensamentos são desviados com batidas na minha porta, era só o que
me faltava. Qual dos meus irmãos veio encher a porra do meu saco?
— Entre.
A porta se abriu, e minha mão foi automaticamente para meu pau, o
apertei com força querendo dar fim a minha loucura chamada Samantha
petulante Mitchell. Ela entrou na minha sala, com o nariz empinado, o
caralho do vestido tão curto que se a debruçar na minha mesa poderia ver
sua boceta coberta pela calcinha. Seus peitos são tão bons de olhar, que
daria tudo para saber se estão bons de chupar. Seus olhos percorrem minha
sala, como se estivesse procurando alguma coisa, e o que ela está
procurando é o que estou segurando.
— Perdeu alguma coisa, Samantha? — Perguntei, sendo o babaca
que no fundo sei que ela gosta.
— Não, estava apenas procurando se teria algum vaso raro, não
quero correr o risco de quebrar sem querer. — Sorriu e meu sangue ferveu.
— Bem lembrado, sabe quantos custou aquele vaso que
acidentalmente você quebrou?
— Sarcasmo? Sério, Oliver? Não combina com você — se sentou na
cadeira à minha frente. — E se quer mesmo falar do acidente que aconteceu
vários dias atrás, a única coisa que posso te dizer é desculpa, acidentes
acontecem.
Acidente é o caralho.
— O que aconteceu para você estar aqui? — Cortei a conversa, não
quero ficar perto dela além do necessário. — Seus namorados não estão na
empresa?
— Estão, eles estão com a Harper, enquanto estou aqui tentando
estabelecer uma conversa com um babaca como você.
— Começamos com os elogios? — Perguntei, mas pelo semblante
furioso da Samantha decidi dar um fim logo nessa merda, ou em poucos
minutos estarei a fodendo em cima da mesa. — O que você quer conversar?
— Molhou os lábios, sorrindo como a porra do anjo que ela não é.
— Quero voltar a trabalhar...
— Nem fodendo. — A interrompi.
— Oliver, eu quero trabalhar e se não for aqui, será em outro lugar,
mas infelizmente os outros lugares não me darão horários flexíveis.
— Horários flexíveis? — Ela pensa em trabalhar por quantas horas?
— Quanto horas pensou?
— Bom, eu pensei em TDDMV. — Deu os ombros.
— TDDMV? E que porra é essa? Trabalhar depois de mamar você?
Eu não sou contra, mas seus namorados podem não gostar.
— Você é um babaca nojento. — Faíscas pulavam dos seus olhos. —
TDDMV significa: Trabalhar dependendo da minha vontade.
— Ah, claro, e o que mais a madame quer? Posso te pagar
dependendo da minha vontade também?
— Não dá para conversar com você. — Se colocou de pé. — De
qualquer forma, eu quis vir apenas para você continuar acreditando que
manda em alguma merda, mas já estava resolvido. Começo amanhã. — Me
coloquei de pé também.
— Você não irá trabalhar para mim.
— Eu vou!
— Não vai, eu sou o CEO desta empresa, sou eu quem decido e
ponto final. — Samantha se inclinou para frente nossos rostos a poucos
centímetros um do outro.
— Eu começarei amanhã.
— Samantha, não me provoque, caralho!
— Eu adoro te provocar.
— Eu sei que adora, a petulância que existe em você não é deste
mundo.
— Assim como sua arrogância e babaquice. — Nos encaramos, nos
desafiamos, meu pau está muito duro, e aposto que a calcinha dela está
encharcada, mas inferno.
— Pode dizer o que quiser, mas eu sei que você adora minha
arrogância e babaquice. — Ela ficou quieta. — O que foi, não tem nada para
me falar? Não vai tentar ao menos negar?
— Na verdade, eu amo sua arrogância e babaquice, eu te amo do
jeito que você é. — Fechei minha boca pego de surpresa pela sua
declaração. — Mas antes de te amar, eu me amo, Oliver, e não aceito menos
do que eu mereço. E eu mereço muito mais que migalhas. Eu começo
amanhã, e por causa desse show que você me fez dar precisarei me
desestressar. — Samantha estendeu a mão para mim e enruguei a testa não a
entendendo. — Me passe o seu cartão de crédito, babaca.
— É o quê?
— Além de falar, agora precisarei desenhar? — Desdenhou. —
Quero que me dê seu cartão de crédito, irei ao shopping para gastar horrores
nele, e estando lá irei comprar meu vestido para o jantar de gala da sua
sócia.
— Você está estressada por minha causa e quer meu cartão para se
desestressar? — Perguntei debochado.
— Sim.
— Estou com o pau duro desde que fui acordado pelos seus gemidos,
o que você irá me dar para me ajudar com o meu problema? — Perguntei
fazendo Samantha olhar para meu pau, que pulsava quando a maldita lambeu
os lábios.
— Err... O cartão, Oliver. — Ordenou e meu pau gostou da sua
autoridade. Estou fodido. Sentei-me na cadeira, abri a gaveta pegando minha
carteira, tirei meu cartão de crédito, que não sabe o que é ficar quente desde
que meus irmãos o pegaram para comprar as coisas da Harper.
— Aqui está, espero que seus namorados não fiquem com ciúmes. —
Coloquei o cartão na sua mão.
— Obrigada, foi difícil? — Filha da puta. — Tenha um bom dia. —
Se virou, mas parou antes de abrir a porta, voltou a passos lentos parando
em frente à minha mesa. Colocou a bolsa na minha mesa junto do cartão, suas
mãos foram para baixo do vestido, Samantha se abaixou, e em poucos
segundos colocou sua calcinha de renda na minha mesa, o cheiro da sua
excitação não demorou para chegar até as minhas narinas. — Espero que
isso... — Apontou para a calcinha. — Ajude com seu probleminha. E não
Oliver, meus namorados não ficarão com ciúmes, pretendo comprar uma
fantasia bem indecente para agradá-los.
Pegou suas coisas, saindo da minha sala rebolando a bunda atrevida
que precisa de uns bons tapas. Samantha quer me enlouquecer andando pela
empresa sem calcinha e sutiã. Ela tem algum fetiche em andar por aí sem
nada por baixo? Porra, espero que não. E que porra de fantasia ela pretende
comprar? Mas que caralho.
Peguei sua calcinha na mão, está encharcada, levei-a até o nariz e
senti a porra do cheiro que me enlouquece desde o dia que cheirei direto da
boceta de Samantha, onde me fartei de tanto comê-la com a boca. Meu pau
pulsou com a lembrança, entrei no banheiro me trancando para mais uma
rodada de masturbação.

Quinze mil dólares!


Quinze mil, porra!
O que aquela petulante quer, me falir? Continuo a olhar para a fatura
digital do meu cartão sem acreditar no que vejo. Samantha está passando
meu cartão em cada fodida loja que encontra no caminho? Só pode, filha da
puta. Outra notificação do meu banco chega, paro de respirar logo que leio a
loja que ela fez sua mais recente comprinha. É um sex shop, mas que merda.
O que a maldita comprou para dar mais de mil dólares?
Não penso muito, pego meu celular ligando para ela, Samantha
demora um pouco para atender, mas não demora para eu ouvir sua voz.
— Oliver, você me ligando, ao que devo o prazer?
— Quinze mil dólares? Está de brincadeira comigo?
— Agora, acho que são mais de quinze mil, acabei de fazer uma
comprinha...
— Eu sei, porra. O que caralhos você comprou no sex shop? —
Estou mais puto por ela ter ido ao sex shop comprar coisas que não usará
comigo, do que ela ter gastado mais de quinze mil dólares no meu cartão.
— Ah, Oliver, você sabe.
— Não, eu não sei. O que você comprou?
— Nossa, mas que merda, essa ligação está me estressando...
— Samantha, eu não vou perguntar de novo. — Escutei uma
risadinha. Ela está rindo de mim? — Samantha...
— Ok, eu vou dizer. — Respirei fundo para me acalmar. — Comprei
alguns tubos de lubrificante para fazer anal, algumas caldas para fazer
oral, calcinhas comestíveis para ser devorada... literalmente por seus
irmãos. E comprei...
— Samantha, não quero mais saber... volte... para suas compras. —
Desliguei na cara dela.
Que penitência é essa que estou pagando, para ter essa mulher
impossível na minha vida?
Talvez, o melhor seja eu não saber a resposta.
Eu amo aquele babaca e detesto amá-lo. Onde estava com a cabeça
para tirar minha calcinha molhada e dar para ele? Não foi certo eu ter feito
isso, não temos mais nada um com o outro, e não porque eu não quero, mas
sim porque o babaca não sabe o que quer da vida. Independente de toda a
excitação que nos cerca quando estamos juntos, eu não deveria ter feito isso
com Jordan, Will e Jay.
Assim que o fogo baixou eu vi a burrada que cometi, preciso
conversar com eles e explicar, espero que eles não fiquem zangados comigo.
Não quero estragar o que estamos construindo, eu os amo, amo o que temos.
Decidida a fazer o certo, dou uma batida leve na porta da sala do Jordan,
não é ele quem abre, mas sim Will, ele me dá espaço para entrar. Jordan está
sentado na sua cadeira, ele para de mexer nos papéis se levantando vindo até
mim.
— Sam, aconteceu alguma coisa? — Tocou meu rosto. — Oliver
disse algo que te magoou? Sua expressão não está das melhores. — Encostei
minha testa no seu peito, estou me sentindo boba por insistir em algo que
parece não ter futuro.
— Eu o amo, eu amo demais aquele babaca, por que ele não quer nos
dar uma chance? — Confidenciei. Jordan segurou meu queixo levantando
minha cabeça.
— Você está certa, ele é um babaca — sorriu — Mas confie em mim,
ele não irá demorar a enxergar que não vive sem você, assim como eu e
meus irmãos não vivemos. — Olhei para Will que concordou.
— Não fique assim, venha aqui. — Fui para os braços de Will,
sentindo um nó na minha garganta.
— Eu estou com o cartão dele. — Confessei. — E dei minha
calcinha para ele. — Fechei os olhos apertado. — Molhada, dei minha
calcinha molhada para ele. — Will me afastou dos seus braços.
— Você está sem calcinha e molhada? — Abri meus olhos para ver o
sorriso safado que abriu em seu rosto.
— Will...
— As coisas irão acertar entre vocês, por que acha que não nos
importamos de você estar discutindo com ele sozinha? Torcemos para que
vocês se acertem. — Franzi a testa.
— Então por que disseram para ele ficar afastado?
— Simples, todos querem aquilo que não podem ter — foi Jordan
que disse, me virei para ele — E se antes Oliver te queria, mas não queria
dar o braço a torcer, agora será impossível ele resistir, ele não irá aguentar
ficar longe de você por muito tempo.
— O que você quer me dizer com isso? — Perguntei com o coração
disparado.
— O provoque, faça Oliver enlouquecer. Você está com o cartão
dele, não está? — Assenti. — Gaste, gaste muito, isso o enlouquecerá,
conhecendo meu irmão ele irá te ligar, então você o provoque mais.
— Vocês... não ficarão com ciúmes? Não quero magoá-los.
— Sam, você o ama? — Will atirou a pergunta.
— Amo.
— E nós amamos você, queremos sua felicidade, e sabemos que
você será ainda mais feliz com ele ao seu lado.
— Amo vocês ainda mais agora, por me entenderem. — Beijei Will
que me correspondeu, sua língua provou meu gosto, o que tinha começado
com Oliver estava prestes a ser terminado por Will e Jordan. Me afastei de
Will com um sorriso nos lábios. — Cadê nossa filha?
— Está com o Jay, em sua sala brincando. — Will respondeu.
— Passe o trinco na porta.
— Samantha, temos uma reunião daqui a pouco... — Jordan começou
a me explicar o que eu não fiz esforço nenhum para ouvir.
— Parece que vocês irão chegar atrasados. — Disse deixando meu
vestido cair aos meus pés. — Na mesa, ou em pé na porta? Querem saber?
Deixem para lá, quero na porta, estou com saudades do meu empalador. —
Puxei Will pela gravata atacando sua boca.
— Samantha, mas que... — As palavras de Will morreram assim que
apertei seu pau por cima da calça. — Jordan, vamos chegar atrasados. —
Will não demorou para me empurrar, em poucos segundos minhas costas
estavam contra a porta. — Então você quer seu empalador? — Will
perguntou com a boca colada na minha orelha.
— Sim — Gemi manhosa assim que Will cobriu minha boceta com
sua mão grande.
— Mas que porra, Will, essa reunião é...
— Jordan, o tempo que você gasta reclamando, eu já estaria suspensa
entre vocês dois, enquanto ambos me empalam. Vem, meu amor, vem ser o
empresário, mau caráter que fode sua funcionária no local de trabalho.
— Samantha, caralho. — Praguejou mais alguma coisa, mas não fui
capaz de ouvir, Will tomou toda minha atenção para ele.
— Sabe o que eu gostaria agora? — Will perguntou tirando seu pau
para fora, suas mãos me ergueram do chão, circulei sua cintura com minhas
pernas.
— O quê? — Questionei. Seu pau pincelou minha entrada espalhando
minha lubrificação por entre minhas dobras.
— Queria que você sentasse na minha cara, gostaria de lamber sua
boceta encharcada, brincar com seu clitóris com minha língua, até fazê-la
implorar pelo meu pau. — Soltei um gemido com sua penetração inesperada.
— Mas fodê-la por ora terá que bastar.
Soltei um gritinho que logo foi engolido pela sua boca, seus
movimentos eram certeiros, revirei meus olhos com tamanho prazer que o
Will é capaz de me proporcionar. Ele andou comigo pela sala, logo senti
minhas costas encostarem no peito de Jordan. Virei meu rosto para o lado, a
língua de Jordan traçou da minha bochecha até minha boca.
— O que eu devo fazer com nossa pequena insaciável? — Sua voz
rouca tão perto do meu ouvido, me fez apertar o pau de Will. — Puni-la por
nos fazer atrasar? Ou beneficiá-la por nos dar uma boa foda antes de uma
maldita reunião chata?
— Jordan... — Gemi seu nome, precisando dele dentro de mim.
— Compartilha essa boceta comigo, irmão?
— É claro.
Senti o vazio pela saída abrupta de Will, mas logo o vazio foi
preenchido por Jordan atrás de mim. Will continuou a me segurar, enquanto
Jordan me estocava rápido por trás. Meus olhos não desviaram dos olhos de
Will, fiquei presa no seu olhar, sentindo as remetidas brutas de Jordan. Abri
a boca para libertar meus gemidos que estavam sendo contidos até então.

O passeio com Harper e Jay, está sendo incrível, nunca imaginei que
pudesse ser tão feliz. Estou contando os dias para contar que sou sua mãe,
sonho com isso desde que a peguei no colo. Contudo, falta algo, e eu sei o
que está faltando. Mas como amar e querer um homem que não sente o
mesmo por mim? Segurando todas as sacolas com as roupas, sorrio feliz
pela minha atitude, Oliver acredita que estou esbanjando com seu cartão,
mas na verdade vim para o shopping comprar roupas para doar no abrigo
infantil.
Um dia passei de carro com Jordan em frente a um que pedia
doações, porque a época mais fria de Detroit está chegando, aquilo tocou
meu coração e estava disposta a conversar com meus namorados para pedir
ajuda, mas nem foi preciso, graças ao cartão do Oliver, contudo, não fui
boba e comprei meu vestido de luxo para o jantar que não quero ir.
— Sam, eu sei que temos que ir embora... Mas, aquilo ali é um sex
shop? — Jay apontou para uma fachada preta e vermelha.
— Acredito que sim. — Sorri tendo uma ideia. — Que tal mais
algumas comprinhas?
— Sim, com a fod... — Jay olhou para nossa filha que segurava sua
mão. — Fofa certeza. — Pisquei para ele indo fazer mais uma compra.
Alguns minutos depois voltei com mais sacolas nas mãos, e uma
carranca no rosto. Não acredito que aquele babaca desligou na minha cara.
Chega de ser boazinha, está na hora de fazer da vida de Oliver um inferno na
Terra, não suporto mais esse morde e assopra.
— Sam, aconteceu alguma coisa na loja?
— Estou furiosa, estou cansada, Jay, preciso saber qual é o problema
de Oliver, ele me quer, não quer, qual é a dele? — Digo frustrada.
Me sento ao lado dele na praça de alimentação, meus olhos queimam
com as lágrimas que insistem em querer rolar por meu rosto por causa de
Oliver. Por que não o deixo ir de uma vez? O que ainda me prende na ilusão
de que podemos ficar juntos? Talvez seja o desejo de ter minha família, ter
um lar para chamar de meu, depois de tudo que passei, os King se tornaram
isso para mim, se tornaram minha família, meus companheiros, meus amigos,
os pais da minha filha, eles se tornaram tudo que eu precisava e não tive,
tudo que eu queria viver e não pude. Apesar do Oliver ser um completo
idiota, ele é tudo isso para mim, mesmo que ele não veja ou não queira ver.
Eu preciso fazê-lo ver, preciso que ele queira enxergar.
— Jay, você acredita que Oliver sinta algo por mim? — Os olhos de
Jay se prenderam em mim, sua expressão antes brincalhona com nossa filha
mudou drasticamente com minha pergunta.
— O meu irmão é um babaca, mas não é um babaca sem motivos de
ser assim. — Franzi a testa não entendendo o que ele quer me dizer com
isso. — Sam, eu sei que estou agindo errado por sequer cogitar te contar
algo que eu não tenho direito, mas se não for eu a contar eu sei que o Oliver
não o fará.
— Do que você está falando?
— Vamos para casa, essa não é uma conversa que eu quero ter na
frente da nossa filha.
— Tudo bem, mas antes iremos ao abrigo, as crianças precisam das
roupas.
Jay assentiu, depois que entramos no carro para ir ao abrigo fiz tudo
no automático, pensando na conversa que terei logo mais com ele. Com a
apreensão do que possa ser o que impede Oliver de querer ficar comigo, fez
as mais loucas teorias invadirem meus pensamentos. Eu saberei lidar com o
que Jayden me contar? Parece que terei que descobrir.
Sei que não tenho direito de fazer o que estou prestes a fazer, mas
depois de ver o que está óbvio para qualquer pessoa que vê de fora, decidi
contar para Samantha o que aconteceu com meu irmão. Não estou agindo
certo com meu irmão, em contar sobre sua vida particular ainda mais algo
que o machucou tanto, no entanto, sei que estou fazendo o melhor para duas
pessoas que amo demais. Oliver pode me odiar depois, mas nada irá mudar
minha decisão.
Samantha está sentada na minha cama, me olhando andar de um lado
para o outro, está nítido que ela está nervosa. Antes eu acreditei que o
melhor seria Samantha ficar longe de Oliver, para assim poder superá-lo,
mas quem sou eu para dizer o que é melhor para ela? De um jeito que eu
nunca serei capaz de entender, Oliver e Sam se amam desse jeito louco deles
de se relacionar.
— Jay, me conte logo. — Pediu.
— Sam, antes de eu te contar o que aconteceu ao Oliver, eu preciso
que você entenda que para saber a verdade dos sentimentos dele, você terá
que perguntar a ele, somente Oliver pode dizer o que sente ou não por você.
Mas posso te garantir que meu irmão não é o cara egoísta, arrogante que ele
demonstra a maioria do tempo. — Sam molhou os lábios, antes de falar.
— O que aconteceu com ele?
— Meu irmão teve apenas um relacionamento sério, o nome dela é
Vanessa, eles namoravam sério, Oliver estava planejando pedi-la em
casamento no aniversário de namoro deles, mas antes Vanessa descobriu
estar grávida, meu irmão ficou tão feliz, você precisava ver a felicidade
dele, mas... — Parei para pensar na forma de explicar para Sam como
Vanessa foi uma filha da puta com meu irmão.
— Mas...
— Vanessa só pensava nela mesma, por isso tomou uma decisão
egoísta. Ela decidiu abortar o bebê sem o Oliver saber. Meu irmão ficou
devastado, por muito tempo não o reconheci mais. Oliver entendia que o
corpo era dela, e a decisão de seguir com a gravidez também era. Vanessa
não queria ser mãe, Oliver pediu para ela seguir com a gravidez, meu irmão
ia criar o bebê sem ela, mesmo assim Vanessa fez o aborto, quando Oliver
chegou na clínica o procedimento já havia sido feito.
— Oh, meu Deus, isso é cruel da parte dela, ela poderia ter sentado e
conversado com ele, eu não sei o que passou na cabeça dela para não querer
ser mãe...
— Com as palavras dela: O bebê vai atrasar minha vida.
— O Oliver deve ter sofrido muito.
— Você não imagina o quanto, mas isso não é a pior parte.
— Tem uma pior parte? — Perguntou aflita.
Respiro fundo me recordando daqueles dias difíceis com o resultado
dos exames do meu irmão, o choro, a desilusão, o arrependimento pelas
escolhas erradas. Foi difícil assistir o pior de Oliver, ficamos ao seu lado
dando todo apoio que ele precisava, isso me faz lembrar do que eu pareço
ter esquecido, eu amo meu irmão, e quero que ele seja feliz, e que toda dor
que ele sentiu com a escolha da Vanessa fique no passado.
— Oliver se tornou estéril. — Sam levou as mãos a boca. — Meu
irmão entrou numa estrada de autodestruição, bebendo muito, saindo todas as
noites, transando com mulheres aleatórias, infelizmente ele contraiu uma IST,
que nada mais é que uma infeção sexualmente transmissível, a sífilis.
— Eu não sei o que dizer, eu... — Sam parou de falar para chorar. —
Por isso... é por isso que ele não quer estar comigo? É por causa da sífilis?
— Não, Sam, ele está curado há muito tempo. Oliver fez meses de
tratamento, mas infelizmente não o impediu de ficar estéril.
Sam se levanta e começa andar de um lado para o outro, suas
lágrimas começam a rolar pelo seu rosto. Me aproximei devagar tocando
gentilmente seu ombro, a puxando para mim. A abraço apertado deixando
que ela chore no meu peito. Contar o que Oliver passou abriu uma dor
antiga, eu não quero nunca mais ver aquela tristeza no meu irmão. Oliver
merece ser feliz, ele precisa deixar o medo de se machucar de lado e ser
feliz.
— Jay...
— Sam, não desista do meu irmão. — Peço sussurrando no seu
ouvido. — Oliver é apenas um homem que foi muito machucado, ele está
protegendo seu coração, mas nesse processo meu irmão não enxerga que está
a magoando.
— Eu... eu quero correr atrás dele neste momento e dar na cara dele,
ao mesmo tempo que quero abraçá-lo apertado e dizer que eu não sou a
porra da sua ex. Eu nunca irei machucá-lo de propósito. Eu o amo, eu o amo
desde o momento que ele olhou nos meus olhos e me disse para não ter
vergonha de ser quem eu sou. O Oliver me deu tanto sem eu pedir. Eu não
irei desistir do meu babaca, nem que para isso eu precise agir como a
petulante que ele tanto me chama.
— Eu não esperava menos de você. — Beijei seus lábios.
— Jay. — Sam se afastou, me olhando com um sorrisinho no canto
dos lábios. — Qual é o sobrenome da tal Vanessa?
— Por quê? — Fiquei em alerta.
— Nada demais, apenas curiosidade. — Deu os ombros.
— Ward. Vanessa Ward.
— Ah, nunca ouvi falar. — Sorriu, voltando a me beijar. — Obrigada
por compartilhar comigo. Agora preciso resolver algumas coisinhas. —
Piscou saindo do quarto.
Será que eu fiz o certo em contar tudo para a Sam? Espero que
Oliver não me mate quando souber a bala que está indo para sua direção. Eu
fiz pensando na sua felicidade, tomara que meu irmão me entenda e não veja
isso como uma traição.
Vanessa Ward!
Digitei o nome da ex-namorada de Oliver no buscador da internet, e
não demora para aparecer várias fotos da mulher. Ela é casada com um
empresário, eles têm um filho de quase cinco anos, e ela está grávida
novamente. Leio a notícia que eles anunciaram recentemente de que serão
pais de gêmeos. Leio mais algumas notícias e fico em choque em encontrar
uma antiga, que noticia o rompimento do relacionamento de Oliver King e da
modelo em ascensão Vanessa Ward, pela data da postagem isso aconteceu há
sete anos. Faço algumas contas de cabeça e não demora para eu perceber
que ela engravidou quase um ano depois de abortar o bebê que esperava de
Oliver.
Jay me disse que Vanessa foi egoísta, e que abortou o bebê por
pensar somente nela, lendo várias matérias da família feliz que ela construiu,
eu concordo com ele. Em uma das minhas buscas encontro por um acaso uma
matéria antiga que parte meu coração em milhões de pedaços. Oliver não
merecia isso, e eu duvido que um dia ele sequer soubesse disso.
VANESSA WARD – CONTA TUDO SOBRE A DIFICULDADE DE
GERAR O PRIMEIRO BEBÊ.
“Eu descobri que tenho problemas para engravidar, eu só poderia
engravidar fazendo tratamento, os meios naturais para mim são inviáveis.
Philip, ficou ao meu lado em todo processo, eu o amo por não me deixar
desmoronar em meio a tantos negativos. Nosso bebê é um milagre.” Disse
a modelo que está de seis meses, esperando o primeiro filho do casal.
Minha garganta queima lendo, infelizmente eu acho que sei o que
essa mulher fez. Sem medir as consequências busco a empresa do marido
dela, assim que encontro o endereço e telefone, ajo no impulso fazendo algo
que eu espero que não me arrependa.

Me olho mais uma vez em frente ao espelho, conferido se estou


bonita, meu vestido em vermelho vivo destaca a cor da minha pele, minha
maquiagem tomei o cuidado de destacar apenas meus olhos, minha boca
optei por uma cor nude, afinal se tudo acontecer como planejei ela ficará
ocupada a noite inteira. Meus cabelos estão presos, deixando meu pescoço à
vista e pronto para um certo arrogante fazer festa. Essa noite serei a
personificação da diaba, da petulante, da safada que meus namorados tanto
me chamam. Nesta noite eu não irei facilitar para nenhum deles.
Com a coragem impregnada nas minhas veias, saí do meu quarto,
pronta para vencer a batalha que terei que traçar essa noite. Desço as
escadas devagar, dando um show aos quatro homens que me esperam perto
da escada. Um sorriso indecente brota no canto dos meus lábios assim que
cada um percorre meu corpo com os olhos. Eles quatro estão lindos de
smoking, minha excitação não demora a dar as caras. Minha querida sogra
que tanto me ajuda, segura Harper no colo, e seu sorriso cúmplice não me
passa despercebido.
Minha sogra é minha parceira de crime, ela me ajudou em cada
detalhe de hoje, me incentivou quando a preensão me fez duvidar da minha
decisão. A senhora K, como eu a chamo, tomou um grande espaço no meu
coração, onde o vazio enorme ficou depois que perdi minha mãe, minha
sogra o preencheu sem nem se esforçar. Desde o primeiro momento que me
conheceu me fez sentir bem, entendeu minha relação com seus filhos, e junto
do senhor K, nos apoiaram sem julgamentos.
— Você está linda, Sam. — Jay é o primeiro a sair do transe que eu
intencionalmente quis causar neles.
— Obrigada, meu amor. — Me aproximei dele, dando um beijo casto
em seus lábios. — Você está bem gostoso, aliás, vocês quatro estão. — Will
e Jordan sorriram com meu elogio descarado, enquanto Oliver pareceu
surpreso.
— Você também está bem gostosa. — Will disse me puxando para
seus braços. — Eu quero te foder com esse vestido. — Sussurrou no meu
ouvido. Beijei seu pescoço, traçando minha língua até sua boca.
— Que coincidência, eu também quero te foder. — Respondi
atrevida.
Fui até Jordan, que nem se preocupou em termos sua mãe e nossa
filha presenciando, o safado segurou minha nuca me dando um beijo que fez
o calor queimar meu corpo. Me afastei dele, meus olhos não demoraram a se
prender em Oliver que não tirava seus olhos de mim. Minha sogra me deu um
aceno sutil levando Harper com ela para fora, Will, Jordan e Jay seguiram a
mãe, nos deixando a sós.
— Vai vestida assim? — Lá vamos nós.
— Não está vendo?
— Estou vendo o quanto você tem a boca atrevida. Samantha esse
vestido está muito indecente para um jantar de gala.
— Não me importo. — Dei os ombros fazendo Oliver rugir com um
leão.
— Dá para notar seus bicos duros. — Baixei a cabeça olhando para
meus bicos desejando terem a boca gostosa de Oliver os chupando.
— Mas não dá para notar minha boceta molhada. Então se for apenas
os bicos eu consigo lidar. — Provoquei.
— Caralho, Samantha.
Oliver segurou na minha cintura me empurrando com força contra
parede. Sou pega de surpresa quando sua boca ataca a minha. Isso não fazia
parte do plano, mas eu estou amando, isso torna as coisas ainda mais fáceis
para mim. As mãos dele passeavam pelo meu corpo, sendo impossível eu
controlar meus gemidos. Me esfrego na sua ereção precisando aliviar a
inquietação que ele deixou meu corpo em poucos segundos.
— Eu queria te foder e fazer questão dos seus namorados ouvirem,
mas não posso fazer isso tendo minha mãe e a Harper a poucos metros de
nós. — Um suspiro de frustração escapou dos meus lábios.
— Oliver...
— Deixe para gemer meu nome quando meu pau estiver fundo dentro
de você, investindo duro. Sua bocetinha daria conta, Samantha? — A
pergunta é indecente em vários níveis, mas meu corpo sente cada palavra
suja de Oliver como a carícia mais safada de todas.
— Eu... eu preciso ir ao banheiro. — Sinto minha excitação escorrer
pelo meio das minhas pernas.
— Sua calcinha deve estar ensopada. — Sussurrou no meu ouvido,
sua língua lambeu meu pescoço me fazendo contorcer. — Assim que trocar,
deixe essa na minha cama, quando eu voltar irei precisar. — Sorri.
— Oh, Oliver, sinto muito. — Me afastei subindo as escadas para ir
ao banheiro, parei no topo da escada virando para ele. — Mas não estou
usando calcinha. — Pisquei indo me limpar.

Assim que entramos no espaço reservado para o jantar, eu estava


com um braço entrelaçado com Will, e com o outro entrelaçado ao braço de
Jay, Jordan estava parado atrás de mim, suas mãos segurando
possessivamente minha cintura. O babaca de Oliver, voltou às suas raízes e
estava de cara fechada olhando para nós. O espaço está todo decorado no
estilo mais luxuoso de todos. Eu nunca pensei que existem pessoas que
gostam de gastar dinheiro com decoração. Eu amo gastar dinheiro com
comida.
Não demorou para Meg surgir, seus sorrisos para meu babaca me
deixaram possessa, ainda mais por ele corresponder sabendo o quanto isso
iria me deixar irritada. Mudei minha expressão para a mais simpática de
todas.
— Estava ansiosa com sua chegada. — Meg disse beijando o canto
da boca dele. Meus olhos acenderam, encarei Oliver que teve a decência de
parecer incomodado com o gesto inesperado de Meg.
— Está linda. — Meu coração acelerou com o elogio que ele deu a
ela. O embate está perto. — Estou vendo bastante rostos conhecidos, chamou
quantas pessoas? — Brincou e isso me irritou.
Babaca, vou fazer você comer o pão que o diabo amassou.
— Só algumas. — Meg olhou para nós e abri um sorriso genuíno, ao
contrário do que Oliver pensa, eu não quero entrar numa rivalidade feminina
por causa de homem babaca, que no caso é ele. Minha rivalidade é com ele e
suas babaquices. — Samantha, você está deslumbrante.
Ela acabou de ganhar pontos comigo.
— Você também, está maravilhosa. — Ela sorriu e olhou para meus
namorados.
— Vocês formam um... como posso me referir ao relacionamento de
vocês?
— Benção? Sorte? — Brinquei. — Somos um poli. — Meg assentiu.
— Fiquem à vontade, logo mais o jantar será servido. — Virou o
rosto para Oliver. — Me acompanha? — Sorri para ele, deixando implícito
o quanto ele está fodido.
— Claro.
Os dois se afastaram indo cumprimentar algumas pessoas, Will nos
conduziu para a mesa que tinha um papel reservado aos King, não nos passou
despercebido os olhares, comentários e cochichos assim que passamos. Jay,
Will e Jordan me deram um beijo casto na boca, o cuidado deles me
emociona. Sentei-me na cadeira que Jordan puxou, ele se sentou do meu lado
direito e Will do esquerdo. Jay piscou para mim se sentando na minha frente.
— Qual o propósito desse jantar? — Perguntei procurando Oliver
por entre as pessoas.
— Status. — Respondeu Jordan. — Não iremos ficar tanto tempo,
não se preocupe.
— Eu não me importo de ficar algumas horas — Olhei para Oliver e
sorri.
Para ser feliz, eu entendi que precisava deixar o passado no passado,
aos poucos minhas feridas começaram a se curar sozinhas, contudo, estou
disposta a curar cada machucado que Vanessa tenha feito no coração de
Oliver. Meu babaca arrogante merece ser feliz, estou disposta a fazer tudo
que esteja ao meu alcance para isso acontecer.
Não consigo tirar meus olhos de Samantha, meu pau está duro desde
que a tive perto de mim, seu cheiro está impregnado no meu smoking. Vê-la
tão perfeita e feliz, me faz perceber o que estou perdendo em me manter
afastado. Eu preciso dessa mulher na minha vida, eu quero ser um dos seus
maridos, o pai dos seus filhos. Não consigo mais me manter afastado, eu
preciso dos seus sorrisos, eu preciso sentir seu amor. Chega de ser
cauteloso, não há o que temer tendo Samantha como a dona do meu coração,
eu sei que ela não fará nada para me machucar como Vanessa fez.
Sorrindo vendo-a de longe, tomei uma decisão definitiva, hoje irei
me declarar, irei dizer o quanto a amo, irei contar sobre meu passado e o
porquê demorei para enxergar o que esteve todo esse tempo na minha cara.
Meg continua a conversar comigo, faço alguns gestos com a cabeça para ela
acreditar que estou prestando atenção no que fala, mas toda minha atenção
está na linda mulher beijando meu irmão na boca.
— Oliver, está me ouvindo? — Meus olhos são obrigados a se
desviarem de Samantha, a contragosto olho para Meg.
— Desculpe, me distraí — Meg olha para a mesa onde meus irmãos
e Samantha estão.
— Você gosta dela, não é? — A pergunta de Meg me desarma. Está
tão perceptível assim?
— Meg, me desculpe, mas esse não é o tipo de conversa que eu
gostaria de ter, ainda mais com você. — Meus olhos voltam para a mesa dos
meus irmãos, assisto a interação feliz deles, sem se importarem com as
pessoas que olham para a mesa deles horrorizados.
— Você está apaixonado por ela, está estampado na sua cara. Oliver,
você será um idiota se perder essa mulher. — Meg disse me surpreendendo,
estou prestes a dizer algo, mas ela já me deixou sozinho.
Idiota? Babaca combina mais comigo.
— Pare, Jay, ou não responderei por mim. — Samantha gargalha,
chamando ainda mais atenção para nossa mesa.
— Você está muito cheirosa. — Meu irmão diz e volta a beijar seu
pescoço.
— Jay, aí... seu safado — Ajeito minha gravata borboleta me
sentindo incomodado pelos olhares de nojo que algumas pessoas direcionam
para Samantha. — Will me ajude.
— Nada disso, você merece cada provocação. — Will sorri.
— Jordan...
— Nem pensar, desde que sentou está nos provocando. — Jordan
bebeu um pouco do seu drink. — Jay, acabe com ela.
As risadas de Samantha recomeçam, quem assiste de fora pode
pensar que ela é escandalosa, o que não deixa de ser verdade, mas os sons
das suas risadas são contagiantes. O incômodo se intensifica ao ver que
algumas pessoas se levantam para ir embora, não quero que as pessoas a
julguem sem conhecê-la, ou pensem que estar no mesmo lugar que Samantha
manchem suas reputações arrogantes de merda. Me ajeitei no lugar assim que
um casal de investidores importante se aproximou da nossa mesa.
— Boa noite — A mulher nos cumprimenta, mas seu olhar de nojo
está em Samantha. — Vocês não percebem que estão incomodando as outras
pessoas?
— Oh, meu Deus, que vergonha. — Samantha se afasta de Jay rindo.
— Me desculpe, senhora, não tive a intenção de rir tão alto. — A mulher que
eu bem conheço a reputação olha para nós, sua avaliação esnobe parando
mais uma vez em Samantha.
— Acho que a senhorita, não entendeu. — A mulher se aproximou
de Samantha falando algo no seu ouvido. Os olhos de Samantha se
arregalaram, para logo baixar o olhar assentindo — Tenham uma boa noite
— A mulher e seu marido se afastaram, Samantha manteve a cabeça baixa
por alguns minutos, quando levantou seus olhos estavam vermelhos.
— Podemos ir embora? Estou com dor de cabeça. — Mentiu.
— Sam, aquela mulher falou...
— Podemos ir? — Interrompeu.
— Samantha, o que ela te falou? — Jordan perguntou visivelmente
irritado.
— Nada demais. — Samantha olhou para mim e o que vi refletido em
seus olhos doeu no meu coração.
— Então, é melhor irmos. — Will concordou se colocando de pé, eu
fiz o mesmo.
— Não! Antes de vocês irem, precisam esperar o discurso que Meg
dará agradecendo as pessoas por virem, e a importância da presença de cada
empresário e investidor. — Disse fazendo meus irmãos me olharem
chocados. — Fiquem, por favor. — Implorei olhando para Samantha.
— Tudo bem, eu posso esperar. — Samantha respondeu dando os
ombros, seu rosto com a expressão mais triste que já vi desde que a conheço.
— Por você, irei esperar por você. — Sua resposta acelerou meu coração,
por algum motivo sinto que Samantha não está falando do discurso.
Está na hora de ter minha mulher de volta, e será em grande estilo.
Bebo um gole do meu champagne escondendo meu sorriso por trás da
taça. Preciso muito agradecer a minha querida sogra, se não fosse ela e sua
grande amiga eu não estaria agora esperando Oliver fazer alguma cena
romântica para me reconquistar. Ver sua irritação com a possibilidade da
senhora Green estar me xingando ou me amaldiçoando foi o auge. Bem que a
senhora K disse que Oliver não ia admitir que alguém me diminuísse ou aos
seus irmãos. Dito e feito.
— Boa sorte, querida. Eles são muitos gostosos, que meu marido
não me escute.
Foi o que a gentil senhora cochichou no meu ouvido. Claro que a
encenação que fizemos, precisou mesmo da minha exposição para as outras
pessoas, os olhares de nojos ainda me incomodam. Não sei por que a
felicidade de uns é o incômodo de outros. Jordan, está com uma expressão
assassina no rosto, Will está chateado e Jay olha de cara feia para as pessoas
que continuam a nos olhar.
— Não precisamos ficar. — Jordan advertiu.
— Precisamos sim — Olhei para um pequeno palco montado no
canto do salão onde Oliver subia, meu sorriso tomou meu rosto. — Olha é o
Oliver. — Apontei para o palco.
— O que ele vai fazer? Pensei ter ouvido ele dizer que era a Meg
que iria fazer o discurso. — Jay disse, contudo, não me consegui dizer nada,
meu coração bate tão acelerado no peito que estou com medo de qualquer
momento acontecer alguma coisa comigo.
Oliver deu duas batidas no microfone chamando a atenção das
pessoas, ele está lindo no smoking, seus cabelos penteados para trás,
deixando sua fachada de arrogante e dono do mundo ainda mais sexy. Seus
olhos se prenderam em mim, ao mesmo tempo que segurei minha respiração.
Esse é o momento que tenho aguardado desde que tive a ideia, mas agora
vendo Oliver prestes a dizer algo, minhas dúvidas me paralisam. E se for um
erro? E se ele não fizer declaração nenhuma? E se tudo não passar de uma
ilusão minha? Merda, estou hiperventilando.
— Boa noite, como foi o jantar? Espero que tenha sido do agrado de
todos. — Oliver começou seu discurso, meu nervosismo está me deixando
louca. Pego minha taça virando todo seu conteúdo, preciso de álcool para
ficar mais calma, por isso pego o copo de uísque de Jordan tomando tudo em
um gole.
— Sam, tudo bem? — Will pergunta, mas minha atenção está no
palco.
— Eu estive ali atrás por alguns minutos pensando no que estava
prestes a fazer, o que estava tão perto de perder. Algumas vezes precisamos
de um chacoalham para nos fazer acordar e perceber que a melhor coisa das
nossas vidas está diante dos nossos olhos, e que por causa de orgulho, receio
ou até mesmo teimosia perdemos a chance de ser feliz. — Meus olhos se
enchem d’água, minha garganta está com um nó impossível de engolir. —
Uma das melhores coisas da minha vida tem menos de um metro de altura,
poucos dentes na boca, e vez ou outra rasga meus contratos multimilionários.
— Todos riram, menos eu, tudo que eu consigo fazer é chorar.
— Oliver está...
— Sim, o babaca do nosso irmão parece ter acordado para vida, e
decidiu fazer isso aqui e agora. — Jordan disse, interrompendo o que Jay
estava prestes a dizer.
— Por coisas que aconteceram no meu passado, eu tive receio de me
entregar ao sentimento que eu sinto por essa garotinha. Seu nome é Harper,
ela é filha dos meus irmãos e da mulher que eu amo. Como notaram naquela
mesa. — Oliver apontou para nós. — Eles vivem um poliamor, eu fazia
parte, mas por burrice, orgulho e babaquice eu perdi o relacionamento mais
verdadeiro, mais sincero que tive na vida. — Oliver continua olhando para
mim. — Eu tive medo, eu ainda tenho, mas estou disposto a me jogar se você
estiver disposta a estar lá para me pegar. — Merda, eu não estava esperando
por isso. — Eu não posso ter filhos, por consequências de escolhas erradas.
Eu nunca poderei te dar meus próprios filhos, porque escolhi o caminho mais
fácil, escolhi o caminho errado.
— Oliver. — Sussurrei seu nome, querendo que ele pare, não posso
mais ouvir. Sua dor me fere.
— De todas as escolhas erradas que fiz, não escolher você seria a
maior de todas. Eu te amo, Samantha, eu amo nossa garotinha, eu quero tentar
realmente tentar, ser feliz ao seu lado, mas só se você me aceitar de volta.
Você aceita?
Todos se viraram para mim, meu rosto está banhado em lágrimas. Eu
não esperava por essa declaração, eu o amo demais e não me importo com
quantas partes Oliver esteja disposto a me doar, desde que eu seja a única
com quem ele compartilha. Segurei minha respiração ficando de pé, meu
corpo está tremendo, eu nunca me senti assim antes. Ter o antigo Oliver na
minha vida era chegar perto do abismo e viver lá sabendo que eu corria o
risco de um dia acabar caindo. Agora ter este Oliver na minha vida, é
diferente, ao contrário de me proteger para não me machucar, eu preciso ter
o cuidado de não o machucar.
Meus passos até ele, são difíceis, não pela quantidade de pessoas
que olham para nós, mas por saber o significado desses gestos, por entender
a grandiosidade da sua atitude. Assim que paro em frente ao palco, Oliver
desce, sua expressão ao me olhar está diferente, ele está se entregando ao
que sente por mim. Depois de tudo que sofreu, Oliver, está depositando seu
amor e coração em mim, eu não poderia agir diferente do que fazer o
possível e impossível para garantir que eu esteja lá para o pegar.
— Eu te amo, Oliver, eu te amo muito. — Pego sua mão. — Pode se
jogar sem medo, que eu irei te pegar. — Em meio aos gritos dos seus irmãos
e os sons perplexos de algumas pessoas me jogo nos seus braços. — Eu
aceito, babaca.
— Ainda bem, não posso mais viver sem você, petulante.
Comigo suspensa nos seus braços, Oliver anda por entre as mesas,
me levando para os fundos do salão, os gritos dos seus irmãos aumentam
ainda mais. Sinto meu rosto queimar sabendo o que Oliver pretende, ele não
parece se importar de que todas as outras pessoas também saibam. Sua mão
serpenteia por meu corpo parando na bunda, o aperto que ele me dá me faz
soltar um grito.
— Oliver. — Protesto.
— Não comece com Oliver, estou mais de um ano esperando pelo
momento que estaria dentro de você. — Oliver entra no banheiro trancando a
porta comigo ainda suspensa no seu corpo. — Todas suas provocações terão
suas consequências.
— Oliver, você...
— Polpe suas palavras, dentro deste banheiro elas serão
irrelevantes.
Não pude contradizer mais nada, Oliver buscou minha boca com
tanta fome, que precisei segurar nos seus ombros para não me desequilibrar.
Sua ereção impressionante cutucava minha barriga, me deixando desejosa
para tê-lo dentro de mim. Tudo à nossa volta perdeu a importância, minha
língua duelava fortemente com a dele. Sem vergonha nenhuma me esfregava
no seu corpo, precisando ser tocada intimamente, precisando sentir seu toque
na minha pele, que se encontrava em chamas.
— Sabe o quanto eu quero me vingar pelo que fez? — Rosnou no
meu ouvido, me deixando mole em seus braços. —Eu te odiei tanto com
aquela maldita lição.
— Oliver, por favor, eu preciso de você.
— Implore, safada, como eu tive que implorar.
— Por favor, eu preciso muito de você.
Diante das minhas palavras de desespero, Oliver riu, mordendo meu
pescoço com força. Minha reação deveria ser confrontá-lo e mandá-lo a
merda, contudo, dessa vez eu me rendo ao seu jogo, eu me rendo a sua
maldita vingança, com a certeza de que terá volta. Puxo seus cabelos com
força, querendo que ele sinta um pouco de dor pela audácia de me fazer
implorar. Sua barba roçava meu pescoço descendo pelo meu decote,
deixando meu colo vermelho por causa do seu ataque.
— Você está mesmo sem calcinha? — Perguntou rouco.
— Sim, estou. — Mal reconheci minha voz.
— Caralho, Samantha, você tem que parar de andar por aí sem estar
com nada por baixo das roupas. — Sorri amando saber o que posso fazer
para deixar meu babaca sempre enlouquecido. — Eu preciso tanto estar
dentro de você.
— O que está esperando? — Perguntei massageando sua ereção por
cima da calça.
— Porra.
Fui virada de cara para porta, as mãos de Oliver explorando meu
corpo com pressa, seus dedos não demoraram para encontrar o meu nervo
pulsante. Me esfreguei na sua mão na busca incessante do meu próprio
prazer. Meus gemidos estão altos, minha testa está molhada por conta de
tanta excitação reprimida por esse homem. Oliver sabe o tanto que está me
deixando louca e faz questão de continuar sua tortura. Mantenho meus olhos
fechados me entregando para a mão habilidosa dele.
— O quanto cruel eu seria se parecesse agora? — Oliver para de
mexer seus dedos, gemo pela perda do prazer. — Você está encharcada.
— Babaca, acho bom...
— Você não tem que achar nada, petulante insuportável. — Seus
dedos voltam para dentro de mim, mais fundo e mais rápido, gemo
entorpecida logo que o orgasmo rompe dentro de mim, me deixado perdida
entre a loucura e o desejo que tenho por esse homem. — Eu amaria estar
dentro de você, mas quero fazer isso na nossa casa, quero te amar devagar, e
por mais que eu ame ter você só para mim, não estamos completos, falta
meus irmãos. — Oliver pensar nos seus irmãos nesse momento aquece meu
coração.
— Eu posso te chupar. — Ofereço me virando para ele, mal
conseguindo controlar a tremedeira nas minhas pernas.
— Eu sei que pode, mas ter sua boquinha mamando meu pau não
acabaria bem, eu acabaria te fodendo pela sua ousadia e safadeza. —
Revirei meus olhos arrumando meu vestido.
— Pelo jeito, o único que tem peito de me foder em um banheiro é o
Will — Minha provocação não passa impune, Oliver me puxa contra seu
peito, segurando forte a minha nuca.
— Não me provoque. — Me alertou. — Melhor sairmos daqui.
Ajeito meus cabelos que ficaram desarrumados com o ataque de
Oliver, mas o sorriso nos meus lábios é impossível de tirar. Estou muito
feliz, enfim minha família está completa.
Logo que chegamos em casa Samantha subiu as escadas correndo.
Minha petulante está aprontando, penso. Depois que saímos daquele jantar,
Samantha nos atacou sem pena dentro da limusine, por muito pouco não
fizemos o que a safada queria. Meus irmãos me zoaram o caminho todo,
dizendo o quanto babaca fui, e não satisfeitos, os cretinos tentaram
convencer Samantha a me dar mais uma lição, pela demora e por todo
estresse que eu causei. Ela disse que eu ganhei muitos pontos pela
declaração apaixonada, por isso minha única penitência é dar meu cartão de
crédito para mais um dos seus passeios no shopping.
Estou feito com ela.
— Vocês acham que a Sam está aprontando alguma coisa? — Jay
pergunta como se não conhecesse nossa mulher.
— É claro.
— É óbvio.
— Vou fazer de conta que você não fez uma pergunta idiota dessas.
— Digo tirando minha gravata borboleta. — Aprontar e provocar, são duas
coisas que Samantha nasceu para nos foder.
— Eu que vou fazer de conta que não ouvi essas mentiras sobre mim.
— Nós viramos para o topo da escada, e lá está a razão dos meus surtos.
— Samantha, mas que...
— Gostosa pra caralho.
— Vou concordar com o Jay.
— Meu pau está feliz em te ver.
Samantha desce as escadas usando um conjunto de lingerie vermelha,
nas suas mãos ela carrega vários tubos de lubrificantes, não dá para saber o
que ela tem em mente, mas seja o que for vai nos estragar para qualquer
outra mulher, o que para mim está tudo bem, não me vejo com outra que não
seja ela.
— Minha querida sogra, levou nossa filha para casa dela — disse
colocando os tubos de lubrificante na mesa de centro — O que significa que
hoje vamos à forra, não me responsabilizo pela estrutura que a casa irá ficar
depois que terminarmos.
— Samantha, você dá conta? Estamos falando de quatro paus, sei que
você é uma petulante do caralho, mas guerreira nesse nível? — Digo
pensando na integridade física dela, mas sua resposta desaforada é jogar um
tubo de lubrificante em mim.
— Me respeita, babaca. A não ser que você esteja pulando fora,
porque assim eu terei apenas três para dar conta. E acredite em mim, eu vou
dar.
— Começaram, até que durou muito a melação. — Jay resmungou.
— Eu quero ter os quatro dentro de mim. Tenho pensado muito nisso,
eu quero ser tomada por vocês juntos.
— Sam, você tem certeza? Iremos entender se você quiser estar
apenas com o Oliver hoje.
— Eu quero os quatro.
— Com uma condição. — Digo e olho para meus irmãos. — Hoje
iremos fazer amor com você. — Samantha nos olha chocada, e não sei como
devo ler sua expressão.
— Amor? — Indagou e olhou para seus pés, ficando em silêncio.
— Samantha, o que não está nos contando? — Jordan perguntou
diante do seu silêncio.
— Eu nunca... não é nada. — desconversou. — Vamos fazer isso no
meu quarto?
— Isso? — Will repetiu franzindo a testa.
— Sam, você nunca fez amor? — Jay fez a pergunta que eu estava
prestes a fazer. Samantha desviou os olhos, baixando a cabeça mais uma vez.
— Samantha, converse conosco, estamos aqui para você. — Disse
fazendo-a levantar a cabeça. — Confie em nós.
— Eu confio, é só que... eu já fiz amor, ou acreditei estar fazendo,
mas na verdade...
— Sam...
— Eu pensei que fazia amor com meus ex-namorados, mas depois
descobri que eu era apenas uma foda, talvez com Kyle...
— Samantha. — Me aproximei dela tocando seu rosto com gentileza,
fazendo-a olhar nos meus olhos. — Iremos te amar, iremos adorar seu corpo,
para nós você não é uma foda.
Selei nossos lábios, com meus dedos tocava delicadamente os fios
soltos do seu cabelo, aos poucos abri minha boca, pronto para adorar a boca
que tantas vezes me levou à loucura e ao desejo. Com minha língua tracei
gentilmente seus lábios, arrancando suspiros da sua boca, com os olhos
abertos vi Jordan ficar ao lado de Samantha, meu irmão começou um
caminho de beijos pelos seus ombros subindo ao pescoço, afastei minha
boca dando espaço para ele beijar nossa mulher.
Minhas mãos exploravam o corpo de Sam, acariciando cada pedaço
de pele, minha boca traçou com beijos seu colo, descendo por sua barriga
até parar nos meios das suas pernas, me ajoelhei sem tirar os olhos dela,
seus olhos estão incríveis, seu estado de excitação os faz ficarem ainda mais
azul, ainda mais extraordinários. Jordan e Will se ocupam dos seus seios,
mamando suavemente cada um dos seus mamilos.
Aos seus pés contemplo a perfeição, Samantha é linda, e fica ainda
mais linda entregue ao prazer. Jay se posiciona atrás dela, de joelhos
acariciando sua bunda, com uma única olhada para mim, eu entendo o que
ele pretende fazer. Com a sua ajuda tiramos a calcinha de Samantha, que está
muito molhada. Cheiro sua boceta, me inebriando no cheiro único que exala
da sua bocetinha molhada, abro seus grandes lábios expondo seu clitóris
inchado para mim, dou algumas batidinhas com minha língua, fazendo
Samantha se contorcer tendo as bocas dos seus homens no seu corpo.
Seus gemidos se tornam música para meus ouvidos, Jordan está
beijando sua boca, enquanto Will continua intercalando chupadas e mordidas
nos seus seios. Jay está com o rosto enfiado na sua bunda, o som molhado
que ele faz deixa minha boca salivando de vontade de me banquetear da
minha petulante. Mantendo os lábios da sua pequena boceta abertos, e mamo
seu clitóris.
— Ah, Oliver.... Jay, meu Deus... Will, eu preciso... Merda! — Sorri
amando ver seu desespero. — Jordan, me... beija.
Os gemidos de Samantha se tornam cada vez mais altos, sua
libertação está perto, abocanhei sua boceta, lambendo cada centímetro,
penetro dois dedos, investindo-os devagar, sinto as paredes da sua boceta se
contraírem tomando meus dedos com fome. Foco no seu clítoris e não
demora para ela se desmanchar na minha boca, gozando lindamente. Lambo
mais um pouco sua boceta, mas logo me afasto ficando de pé.
— Qual de nós você quer primeiro? — Pergunto não suportando o
latejar do meu pau.
— Eu... quero dois de cada vez. — Disse ofegante. — Não importa a
ordem, eu... só preciso ter vocês dentro de mim.
Peguei Samantha no colo, e comecei subir as escadas, se vou estar
dentro dela pela primeira vez, quero que seja no meu quarto, na minha cama.
Quero fazer amor com ela onde tenho sonhado desde o dia que ela empinou
seu nariz petulante para mim.
Eu nunca fiz amor, e a conclusão que eu cheguei sem nem mesmo ter
tido os King dentro de mim para comprovar. O que eu tive com os Allen nem
chega perto do que os King me fazem sentir, não estou os comparando, mas
sim percebendo que se eu tivesse escolhido os Allen eu teria cometido um
grande erro.
Os beijos de Oliver causam arrepios na minha pele, sua boca quente
toca cada lugar me deixando louca de desejo. Eu o quero dentro de mim, me
deixando ainda mais louca. Vejo seus irmãos entrarem no quarto, os três nus,
meu sorriso toma conta do meu rosto, está acontecendo, estaremos os cinco
juntos, depois de hoje nossa relação estará ainda mais solidificada.
— Eu amo vocês. — Digo emocionada. — Agora, preciso que façam
amor comigo. — Peço e os sorrisos que eles direcionam para mim, faz eu
perceber que se tivesse que passar por tudo de novo para hoje estar aqui
com eles, eu passaria por tudo mil vezes mais.
— Eu te amo. — Oliver diz, logo sinto a pressão do seu pau me
penetrando. — Eu estou lim...
— Oliver.
— Sim?
— Cala a boca e faz amor comigo. — Eu não preciso ouvi-lo dizer
que está limpo, eu confio nele, assim como confio nos seus irmãos.
Seus movimentos são lentos, ao contrário do que pensei de como
seria minha primeira vez com ele. Sua boca não se afasta da minha, seus
beijos transparecem seu amor, seu cuidado. Sou gentilmente trocada de
posição ficando por cima, sinto as mãos de Will tocar minha cintura logo em
seguida, me ajudando com os movimentos lentos em cima do seu irmão.
— Deite-se no peito do meu irmão. — Pediu no meu ouvido, me
deitei sobre Oliver me preparando para o que viria a seguir.
Will distribuiu beijos pelas minhas costas, seus dedos me preparando
para recebê-lo, Oliver continuava os movimentos lentos combinando com as
investidas gentis dos dedos de Will. Meu segundo orgasmo foi se
construindo com calma, Oliver e Will me agradando fazendo a experiência
se tornar inesquecível. Senti algo gelado ser passado no meu ânus,
provavelmente o lubrificante. Relaxei aos poucos sentindo Will entrar em
mim, assim que ele se acomodou por inteiro, seus gemidos me alertaram que
ele estava mais perto do que eu. Movi meu corpo para frente e para trás
anunciando que estou pronta para eles.
Oliver e Will se moveram devagar, alternando os beijos que me
davam, os apertei assim que o segundo orgasmo me atingiu, Will foi o
primeiro a me acompanhar, Oliver veio logo em seguida. Ficamos mais
alguns segundos conectados, mas logo saí da cama, eu ainda tinha mais dois
homens para satisfazer.
Jordan estava sentado na poltrona se acariciando, Jay estava em pé
movendo sua mão pela extensão do seu pau lentamente, quase um convite
para minha boca. Eu queria chupá-lo, mas imagino que assistir seus irmãos
fazerem amor comigo foi uma grande preliminar, tudo que ele e Jordan
devem estar querendo e estarem dentro de mim.
— Senta-se aqui no meu colo. — Jordan pediu, e não demorei em
sentar. — Não vou durar muito. — Anunciou.
— Depois você me compensa — disse segurando seu pau guiando
para o meio das minhas pernas. Sentei-me no seu pau, engolindo devagar
cada centímetro. — Vem, Jay.
Rebolei devagar no colo de Jordan, querendo prolongar o máximo
que ele pudesse aguentar. Jay ficou atrás de mim, mas não tocou minha
bunda, olhei para ele por cima do ombro, não entendo o motivo da sua
hesitação.
— Jay...
— Não quero te forçar hoje. — Ao dizer isso Jordan segurou minha
cintura saindo de dentro de mim.
— Empina sua bunda para ele, vamos compartilhar sua bocetinha,
amor.
Fiz como ele pediu, e senti Jay entrar em mim como uma única
investida. Jordan concentrou sua boca nos meus seios, enquanto Jay investia
em mim. A mão de Jordan cobriu minha boceta, logo seus dedos trabalhavam
junto de Jay.
— Estou quase. — Jay disse, empinei ainda mais minha bunda para o
estimular. — Porra, Sam.
Os jatos quentes de Jay me encheram, seus gemidos roucos me
deixando satisfeita por saber que ele está assim por minha causa. Logo que
Jay saiu de mim, Jordan entrou, ele está sedento e não o culpo.
— Sam, eu... caralho, não acredito. — Os protestos de Jordan não
evitaram ele gozar. Apesar de não ter se segurado, ele continua a investir em
mim, sua língua brinca com meus mamilos, enquanto seus dedos esfregam
meu clitóris.
— Não para. — Imploro, meu terceiro orgasmo está perto.
— Cobre meu pau com seu orgasmo, amor. — Ele pediu e não levou
mais que alguns segundos para eu conceder.

É quase meio-dia e estou sentada no colo de Jordan, recebendo


morangos na boca de Will, estou sendo mimada e estou amando cada minuto.
Jay está preparando as panquecas que tanto amo, ele disse que preciso
reabastecer minhas energias depois de tudo que fizemos ontem. Assim que a
primeira rodada acabou, não demorou muito para a segunda começar. Estou
um pouco comprometida, não posso negar.
Oliver entrou na cozinha com uma expressão séria, e eu pensando
que depois de tudo que fizemos ontem, hoje o homem estaria relaxado.
— Samantha, que porra você fez? — O tom da sua voz me
surpreende, ele está claramente irritado comigo, e eu nem sei o porquê.
— Do que você está falando? — Ele abana um papel para mim.
— Sabe o que é isso? — Balancei a cabeça negando. — É uma
intimação.
— Intimação? — Jordan pergunta fazendo eu arregalar os olhos.
— Por quê? O que eu fiz? — Questiono não entendendo nada.
— Primeiro, você irá me dizer como soube da Vanessa, e em
segundo, irá me contar o motivo de ela estar te processando por tê-la
ameaçado de morte.
— Ah, é isso? — Dou os ombros fingindo uma tranquilidade da qual
não estou sentindo.
Merda, estou ferrada.
A Samantha fez o quê?
Olho perplexo para ela com a minha mão parada no ar a caminho de
levar mais um morango para sua boca, tentando processar o que Oliver
disse. Samantha está sendo processada por Vanessa? Como Sam soube da
Vanessa e... Minha dúvida é automaticamente respondida assim que olho
para Jayden, que disfarça olhando para cima.
— Estou esperando, Samantha. — Oliver insiste.
— Ah, qual é? Eu não fiz nada demais. Aliás, eu acredito que ela
tenha aumentado um pouco do que conversamos, minha ligação foi cordial.
— Disse se levantando do colo de Jordan.
— Cordial? Então me responde miss simpatia, por qual motivo você
fez essa ligação? — Meu irmão perguntou fazendo Samantha fazer uma
careta.
— Merda, você me pegou. — Resmungou cruzando os braços. —
Olha, eu sei que não tenho o direito de ligar para sua ex para amea...
conversar com ela, mas poxa, tentem me entender, ela não podia fazer o que
fez e andar por aí impune.
— Samantha...
— Não Oliver, não tente defender aquela oportunista, ela tem sorte
de eu não me despencar para Nova York para dar na cara dela — disfarcei
um sorriso, não quero que meu irmão fique furioso. — Eu... não sei como...
Eu não sei como te contar uma coisa que eu descobri.
— Samantha, você nem me contou como soube da Vanessa, não sei se
quero descobrir...
— Ela não abortou seu filho. — Samantha interrompeu Oliver
soltando a bomba de uma vez.
— Do que você está falando? — Jay perguntou, nossas atenções se
voltaram para Sam que estava de olhos marejados.
— Ela não abortou seu filho... porque ela nunca esteve grávida de
você. — Oliver dá um passo para trás. Porra, Vanessa não fez isso. — Jay,
me contou tudo sobre seu passado com ela... — Oliver deu um olhar
enviesado para nosso irmão mais novo, que não pareceu se sentir culpado.
— Então eu quis fazer minhas próprias pesquisas sobre a mulher que te
machucou, em uma das matérias antigas publicadas sobre ela, encontrei uma
entrevista que ela disse que tem problemas para engravidar, que ela só
conseguiu engravidar do primeiro filho depois de se submeter a vários
tratamentos.
— Por favor, me diga que ela não fez isso. — A súplica do meu
irmão me machuca, todos sabemos como essa época foi difícil para ele.
— Eu sinto muito, Oliver. Eu fiquei cega de ódio, por isso eu busquei
um modo de entrar em contato com ela. — Os olhos de Samantha baixaram
para seus pés. — Assim que consegui falar com ela, eu... hipoteticamente
falando, eu posso tê-la ameaçado que se ela pisar em Detroit, ou chegar
perto de você, eu a mataria com resquícios de crueldade. Eu não estava
falando sério, eu só queria assustá-la, nada mais. — Levantou a cabeça para
nos encarar, meus irmãos e eu levantamos nossas sobrancelhas com dúvidas.
— Ok, eu falei muito sério, hipoteticamente falando é claro.
— Samantha, eu...
— Oliver, eu te amo, não quero que você volte a se fechar por conta
dela, você buscou uma fuga para sua dor, ela fez você acreditar em uma
mentira, e isso o afetou, eu entendo e compreendo. Infelizmente teve uma
consequência irreversível, mas o que nos resta fazer é seguir em frente. Às
vezes a melhor forma de superar uma perda, seja ela qual for, é viver. Eu te
amo, eu não estou com você por conta dos filhos que você poderia me dar,
eu estou com você porque eu te amo. — Sam, segurou o rosto de Oliver,
fazendo meu irmão encará-la.
Pela segunda vez em muito tempo consigo ver a dor do meu irmão
pelas atitudes de Vanessa, Oliver perdeu tanto, enquanto aquela... Espero que
as atitudes que ela teve com Oliver, não volte a se repetir com mais ninguém.
— Eu nunca poderei te dar uma família. — Mal pude ouvir a voz do
meu irmão. — Eu nunca...
— Oliver... — Sam o interrompeu, acariciando seu rosto.
— Sim.
— Você me deu uma família no instante que entrou na minha vida, eu
nunca poderei agradecê-lo o suficiente. — A testa de Sam encostou no peito
de Oliver. — Eu te amo, meu amor, não importa quantos bebês eu gerar,
vocês quatro serão os pais. — Sam se afastou dos braços de Oliver, nos
chamando para se aproximar. — Eu nunca irei querer saber quem é o pai
biológico dos futuros filhos que teremos, somos uma unidade, o que é de um,
é de todos. Estamos combinados? — Sorri orgulhoso da mulher que
escolhi... que nos escolheu para compartilhar sua vida conosco.
— Eu te amo, Sam. — Disse beijando-a na testa.
— Eu te amo, princesa. — Jay beijou sua bochecha.
— Eu te amo, meu amor. — Jordan beijou sua têmpora.
— O que seria das nossas vidas se você não tivesse estacionado na
minha vaga? — Oliver perguntou nos fazendo rir.
— Provavelmente tediosas. — Sam respondeu dando os ombros.
— Eu te amo muito petulante, obrigado pelo que fez, mesmo que isso
te custe algumas semanas presas.
— O quê? — Sam gritou. — Meu Deus, eu posso ser presa? O que
Harper vai pensar de mim? Eu posso ser presa... — Sam entrou em
desespero.
— Samantha, estou brincando. — Oliver disse fazendo-a ficar
vermelha.
— Corre!
— O que...
— Corre, porque assim que eu colocar minhas mãos em você babaca,
você estará fodido. — Oliver olhou para mim e dei os ombros, não dá para
saber quando Sam está falando sério.
Oliver começou a correr e Sam não demorou para ir atrás dele.
Poucos minutos depois, meus irmãos e eu subimos as escadas os encontrando
na cama fazendo am... Fodendo com fúria. Perfeito, conviver com os dois é
a garantia de que nunca ficaremos entediados.
Estamos em meio a uma reunião, quando a porta da sala é aberta por
Samantha, a fuzilo com o olhar, enviando todas as ameaças de retaliação
possíveis. Ela sabe o quanto essa reunião é importante para nós, pedimos
para ela esperar uma hora. Uma fodida hora. Mas não, tudo tem que ser do
jeito dela, como ela quer e pronto.
— Nossa proposta é alcançar o melhor para ambas as partes — a
voz de Meg pelos alto falantes, faz Samantha revirar os olhos, passando o
trinco na porta.
Samantha caminha a passos lentos até o quadro branco, pegando uma
caneta preta, desvio os olhos para meus irmãos e eles tentam não prestar
atenção na surtada da nossa namorada como eu, mas eu sei que tá difícil,
Samantha faz questão de chamar nossas atenções. Meg continua a falar,
contudo, estou atento ao que Samantha escreve no quadro branco. Assim que
ela se afasta, conseguimos ler o que escreveu. Tomo uma respiração mais
profunda diante da clara intenção dela de nos enlouquecer, percebo meus
irmãos se mexerem em seus lugares afetados tanto quanto eu.
Enquanto vocês continuam essa reunião chata,
eu vou estar debaixo da mesa
mamando vocês como se não houvesse amanhã.
PS: Oliver, nem ouse me negar isso.
— Até aqui estamos de acordo? — Meg falou alguma coisa, mas
meus olhos estão presos em Samantha que retira a blusa devagar, nos
presenteando com seus seios inchados à mostra.
Ela está andando sem sutiã na empresa? De novo? Mas que
caralho.
— Oliver?
— Sim, estamos — pigarreei tentando não ficar afetado com a bruxa
que está na nossa frente tirando a saia.
— Filha da puta. — Jordan sussurrou.
— Quero que analisem os gráficos que irei mostrar, percebam a sutil
mudança que começamos a gerar nos porcentuais. — Meg continua a falar,
mas não presto atenção em mais nada, apenas em Samantha e no seu dom de
me deixar sempre duro, na mesma proporção que me deixa puto.
Samantha desfila pela sala só de calcinha e saltos altos, assisto a
tudo hipnotizado, fingindo prestar atenção nos gráficos que estão na tela. Ela
gesticula com a boca perguntando se estamos duros, balanço a cabeça
negando. Eu quero que essa lunática ponha sua roupa e saia dessa sala o
quanto antes. Meus irmãos também negam e ela ri, tomando nossa recusa
como desafio, isso é tão típico dela.
— Como podem ver, está subindo. — Meg disse e não imagina o
quanto está certa. — Um trabalho em equipe bem-feito, pode fazer subir
como queremos. — Meg está falando dos porcentuais, no entanto, Samantha
está rindo sem som concordando com a cabeça.
Petulante!
Samantha sobe na mesa ficando atrás da tela em que estamos em
reunião com Meg. Ela abriu as pernas nos mostrando como sua calcinha está
molhada, afrouxei a gravata, sentindo a sala ficar quente. Seus dedos
brincam de subir e descer pela extensão da calcinha, enquanto mantém no
rosto a expressão mais safada de todas. Minha vista está ficando turva, a
excitação já se concentra toda no meu pau.
— Está perfeito. — Jayden diz com a voz rouca.
— É o que também acho, Jay. — Meg concorda, o que faz Samantha
fechar a cara.
Samantha puxou sua calcinha de lado, nos presenteando com a vista
da sua boceta brilhando de excitação. Minha boca saliva querendo provar
seu gosto, neste momento a odeio por ser tão má. Seus dedos brincam por
entre suas dobras molhadas, cerrei os punhos querendo mandar essa reunião
para puta que pariu e fodê-la em cima da mesa para ensiná-la a não brincar
conosco.
— Peço licença, estou com sede, vou me refrescar e já volto. —
Jordan se levantou sem esperar a resposta de Meg.
— Vamos continuar, ou esperemos seu irmão voltar? — Meg
pergunta, mas minha atenção está em Jordan, ele se aproximou de Samantha
puxando-a para a borda da mesa, arreganhando suas pernas e afundando seu
rosto entre elas em seguida.
— Podemos continuar sem ele. — Will disse limpando a garganta.
— Então, vamos continuar. — Meg volta a mostrar os gráficos e
aproveito para deixar o nosso microfone no mudo. Coloco o cotovelo na
mesa, tapando meus lábios com a mão.
— Samantha, você está tão ferrada quando essa reunião acabar. —
Meus irmãos me encaram, menos Jordan que continua se banqueteando da
nossa mulher. — Está no mudo. — Explico. — Jordan, não a deixe gozar. —
Peço e o som de indignação vindo de Samantha me faz rir.
Ela pensou que iria ganhar orgasmos depois de invadir nossa
reunião com sua petulância? Não mesmo, porra.
Porra, se tem gosto melhor do que o da Sam, eu desconheço.
Continuo a chupá-la, não me importando com mais nada, tudo o que eu
preciso é ter essa mulher chegando ao orgasmo com minha boca, para logo
em seguida eu me afundar no seu interior quente, fazendo-a chegar ao paraíso
com meu pau. Continuo com as minhas sugadas no seu clitóris, fazendo seus
gemidos antes contidos se tornarem cada vez mais altos.
Will logo está ao meu lado, meu irmão segura os seios de Sam,
intercalando sugadas entre os dois. Sorrio adorando ver nossa mulher se
contorcendo com nossas bocas, seu orgasmo não está longe. Introduzi dois
dedos na sua bocetinha encharcada, querendo intensificar a sensação da sua
libertação, introduzi um dedo na sua bunda, meus dedos trabalhando juntos
com minha língua. Sam, não geme mais, os sons que Will e eu tiramos dela
são gritos que se intensificam com aproximação do seu orgasmo.
— Porra. — Jay gemeu do seu lugar.
— Eu disse para não deixar ela gozar, caralho. — Oliver protesta.
Não dou ouvidos para nada, meu foco está em fazer minha mulher
gozar na minha boca. Os movimentos dos meus dedos ficam mais rápidos, os
sons molhados preenchem a sala, minha mão está completamente molhada,
Sam nunca ficou tão molhada assim antes. Eu quero fazê-la gozar. Mantenho
a consistência dos meus movimentos, não irei parar enquanto ela não
explodir na minha boca e na minha mão.
— Jor... Jordan
Meu nome saiu da sua boca em completo desespero. Continuo a
tortura com meus dedos e língua, Will continua com suas chupadas fortes,
juntos fazemos Sam explodir, meu rosto fica totalmente molhado. Ela
esguichou. Meu rosto e meu terno estão molhados, um sorriso arrogante
nasce no meu rosto, saio dos meios das pernas de Sam, e a encaro deitada na
mesa ofegante, os olhos fechados com um sorriso satisfeito no rosto. Will
está apertando sua ereção, assim faz Jay e Oliver, ambos estão em pé perto
de nós. A reunião acabou?
— Porra, isso foi a coisa mais sexy que eu vi. — Jay informa tirando
seu pau para fora.
Meu pau lateja tendo a visão da bocetinha de Samantha aberta na
minha frente, desci o zíper da calça social libertando meu pau, Samantha se
apoia nos cotovelos e nos olha lambendo os lábios. Me aproximo, seguro
suas pernas abertas e sem esperar conduzo meu pau para a entrada da sua
boceta.
— Jordan. — Gemeu assim que a penetrei.
— Temos pouco tempo, pedi para Meg um recesso de meia hora. —
Oliver anuncia. — Não podemos demorar.
— Me fodam rápido. — Sam pediu e atendi ao seu pedido. A fodi
rápido, minhas bolas pesando, meu orgasmo mais perto do que imaginei.
Levei os dedos que esfregava seu clitóris para sua boca, Samantha os sugou
com fome, meu pau latejou, meu corpo tremia logo que fechei os olhos
gozando forte.
— Sam. — Gemi seu nome nos últimos resquícios do meu orgasmo.
Sai de dentro dela, e Will tomou meu lugar, ao contrário de mim, meu
irmão durou um pouco mais, gozando na barriga de Sam, que riu esfregando
os dedos no seu gozo e levando os dedos para a boca. Oliver foi o próximo,
meu irmão não teve pena da bocetinha da Sam que já estava vermelha e um
pouco inchada, ele a fodeu duro, fazendo-a gritar por mais, Oliver gozou
forte, e ver a expressão realizada no rosto de Sam deixou meu pau duro,
pronto para outra. Jay foi o mais cuidadoso, fodeu a Sam com mais cautela,
fazendo-o durar mais, assisti-lo foder nossa mulher deixou Oliver, Will e eu
prontos para repetir tudo de novo.
— Estou perto, e você princesa?
— Estou... quase...
Jay aumentou suas investidas e não demorou para ele e Sam gemerem
juntos ao atingirem o orgasmo. Sam levou um bom tempo para conseguir
ficar de pé, seus cabelos estão uma bagunça, seu rosto vermelho, assim como
seu pescoço e seios. Ver nossas marcas no seu corpo não deveria me deixar
ainda mais excitado e possessivo, mas porra, me deixa.
— Cinco minutos para voltarmos para a reunião. — Oliver avisou.
— Tempo suficiente para cuidarmos da nossa mulher.
Cuidamos de Samantha, a limpamos, a vestimos, e assim que ela
estava pronta para voltar ao trabalho e nós para nossa reunião, Samantha
soltou a bomba que nos fez entender que com ela a tempestade sempre vem
depois de um dia de sol.
— Repete, acho que posso ter ouvido errado. — Oliver pediu e
Samantha revirou os olhos.
— Eu disse que...
— Eu não falei sério Samantha, mas que merda. Você está brincando
conosco, certo?
— Eu pareço estar brincando? — A Samantha deve estar louca se
acha que vamos concordar com sua decisão. — Vou até Nova York
conversar com ela, e peço para reconsiderar...
— NÃO! — Dizemos os quatro juntos.
Não acredito no que escuto, Samantha quer ir até Nova York para
conversar com Vanessa para ela reconsiderar sobre a indenização? Já
concordamos que iremos pagar, Samantha não precisa se preocupar, mas seu
orgulho não aceita que nós paguemos essa indenização milionária.
— Eu não quero que vocês percam dinheiro por minha culpa. Eu que
a ameacei, foi eu que agi no impulso. — Diz de olhos marejados. — É muito
dinheiro, não é justo.
— Sam, para nós esse valor não é nada. Acredite no que digo, esse
valor não interfere em 1% do nosso patrimônio. — Digo fazendo-a cruzar os
braços.
— Eu sabia! — Gritou. — Estão me negando ter o carro que eu
quero por puro capricho. — Limpou o rosto.
Ela não...
— Você nos enganou. — Oliver resmungou.
— Mas é claro, vocês me disseram que não poderiam comprar um
carro para mim, porque estavam passando por um período difícil na
empresa. Você colocou até limite no seu cartão, eu acreditei mesmo que a
coisa estava feia. — Nos olhou séria. — Por que mentiram para mim?
— Não queremos que tenha um carro. — Jordan respondeu.
— E posso saber o porquê? — Ajeitou o cabelo.
Sam não percebe o quanto temos medo de tudo se repetir? Como
temos medo de perdê-la? Não nos importamos de levá-la para onde ela quer,
não nos importamos de ter contratado um motorista, apenas a queremos em
segurança. Queremos o alívio de saber que no fim do dia ela sempre voltará
para nós, que não estaremos novamente na nossa sala esperando-a voltar, até
que o celular de um de nós toque avisando o pior.
— Sam, temos medo de que tudo se repita. — Confesso.
Sam fica por alguns minutos em silêncio olhando de um para o outro,
assim que a compreensão a atinge, seu rosto toma uma expressão
melancólica.
— Vocês... Eu sinto muito, não pensei o quanto querer um carro
poderia trazer lembranças tristes. — Disse se aproximando de nós quatro. —
Eu posso viver sem um carro, mas nunca poderia viver sabendo o quanto ter
um carro os faria sofrer. Me desculpem.
Nos envolvemos em um abraço, tendo Samantha no meio. Não
importa o que as pessoas pensam ou digam sobre nós, nos cinco sabemos o
quanto nosso amor é valioso e raro. Nosso relacionamento pode ser errado
para a sociedade, contudo, para nós, nosso relacionamento é a única coisa
certa numa sociedade tão errada.
— Mamãe, olha o que eu achei. — Harper vem correndo até mim,
mostrando a concha azul que tem na mão.
— É linda, meu amor — acariciei seus cabelos pegando a linda
concha que ela encontrou para olhar mais de perto.
Desde que decidimos não contar a verdade para Harper há três anos,
minha filha automaticamente me viu como uma figura materna na sua vida.
Harper era muito pequena para explicarmos sobre o acidente, e o motivo de
eu não estar ao seu lado exercendo o papel de mãe. Quando Harper fez dois
anos, na sua festinha de aniversário antes de cortarmos o bolo ela me
chamou de mamãe, desde então minha filha nem se lembra do tempo que não
estive com ela, por isso não achamos necessário contar algo que de certa
forma não faria diferença nenhuma. O mesmo aconteceu com Oliver, ele
parou de corrigir nossa filha, a deixando chamá-lo de papai, com os anos
que se passaram é como se essa época nunca tivesse acontecido nas nossas
vidas.
— Mamãe, o papai Jay, deixou o Mike comer areia.
— Seu pai fez o quê? — Perguntei olhando para os lados procurando
o desnaturado do meu marido.
— Mike estava me ajudando com o castelo de areia, encheu a mão de
areia e colocou na boca. Papai Jordan correu para lavar, mas o papai Jayden
disse: Deixe o garoto ser feliz.
Eu mato o Jayden, ele sabe o quanto a areia é imunda?
— Tudo bem, depois mamãe vai ter uma conversinha com seus pais.
— Dei um beijo no seu rosto devolvendo sua concha. — Ajuda a mamãe? —
Pedi tentando me levantar, eu sinto que posso explodir a qualquer momento.
— Eu não consigo, está muito pesada mamãe.
— Obrigada minha filha, pela parte que me toca — Olhei para os
lados procurando um dos meus maridos para me ajudar.
Quando aceitei o pedido de casamento deles há dois anos, eu pedi
que os quatro assinassem ou fingissem que assinavam o documento, para
assim eu não saber com qual deles eu realmente me casei. Infelizmente nosso
casamento poligâmico não é legalizado, então a saída que eles encontraram
para eu ter o King no sobrenome foi eu me casar com um deles. Eu não sei
qual deles é oficialmente meu marido e nem quero, eles prometeram nunca
me contar.
— Olha, o papai Oliver. — Olhei para onde minha filha apontou
vendo Oliver conversando com uma loira. Percebi que ela sorria para ele,
enquanto o babaca do meu marido sorria de volta.
Me coloquei de pé rapidamente com o incentivo de matá-lo nem
minha barriga imensa e pesada de sete meses de uma gravidez gemelar, seria
páreo para minha raiva. Segurando a mão da minha filha segui até onde o
babaca gostosão estava. A cada passo mais próximo os risos dos dois
ficavam mais alto. Logo que me coloquei ao lado de Oliver seu sorriso se
fechou, enquanto a loira continuava a sorrir.
— Atrapalho? — Perguntei calmamente.
— Não, meu amor. — Oliver me abraçou pelo ombro me puxando
para mais perto do seu corpo. — Essa é a Max, ela trabalha de babá para os
casais que querem um momento a sós. Eu pensei que mais tarde ela poderia
cuidar da Harper e do Mike, enquanto a levamos para o luau que você tanto
falou desde que chegamos — Oliver se aproximou sussurrando no meu
ouvido — E podemos te foder do jeito que tem pedido desde que nós
chegamos. — Um calafrio percorreu meu corpo.
— Quantas babás são disponibilizadas pelo hotel? — Perguntei para
Max, soando casual.
— Muitas, o senhor King olhou a ficha e me escolheu, estou muito
feliz com sua escolha, estou à disposição para satisfazê-los da melhor forma
possível.
Eu não sei se foi o tom, se foi como a frase soou aos meus ouvidos,
ou se foi a olhada descarada que a tal Max deu no corpo do meu marido,
porque eu simplesmente decidi que não queria mais ir para a porra do luau.
— Sinto muito, mas não iremos precisar dos seus serviços. — Disse
por fim.
— Amor... — Levantei a mão interrompendo o que Oliver iria dizer.
— Agradeço, mas hoje pretendo passar a noite com meus filhos,
pode ir, se mudarmos de ideia eu entro em contato. — Despachei a babá
gostosa e com o corpo perfeito sem peso na consciência.
Max deu uma última olhada para Oliver, se afastando logo em
seguida. Os olhos do babaca se viraram para mim, mas minha expressão o
fez recuar. Ao longe, meus maridos vinham jogando nosso filho de colo em
colo como uma bola, as gargalhadas de Mike chamavam atenção por onde
passava, um sorriso orgulhoso se abriu nos meus lábios. Essa é minha
família. Essas são as pessoas que eu mais amo na vida.
Volto meu olhar para Oliver que sorri vendo a mesma cena do que eu.
Ele pega nossa filha no colo, colocando-a sobre seus ombros, fazendo as
gargalhadas de Harper se misturar com as do Mike. Meus filhos são minhas
maiores bênçãos, não imagino minha vida sem a Harper, o Mike ou as
gêmeas que espero. Harper com quase cinco anos é uma princesa, enquanto
Mike com quase dois é um príncipe.
Oliver caminha de encontro aos irmãos, uma nostalgia aquece meu
coração por lembrar tudo que meus maridos fizeram, todo o amor que eles
têm por mim e por nossos filhos. E pensar que tudo que aconteceu para me
trazer aqui começou por causa de uma única palavra, por causa de uma
maldita vaga de estacionamento.
Acariciei minha barriga com um sorriso nos lábios, relembrando o
dia que o homem mais incrível entrou na minha vida, dando para mim tudo
que eu apenas sonhei. Oliver colocou nossa filha no chão, que correu para os
braços de Will, logo ele olhou para trás e algo que ele viu em meu rosto fez
um sorriso cretino abrir no canto dos seus lábios.
— Você não vem, petulante? — Sorrindo dou a única resposta que
poderia.
— Sim, babaca.
Eu sou um imã para idiotas e para canalhas cretinos, que amam
enfeitar a cabeça da noiva pelas suas costas. Escondida atrás de uma pilastra
no hotel luxuoso, assisto Peter, meu querido e cretino futuro ex-noivo, beijar
e paparicar uma morena linda. Meus olhos teimam em me fazer acreditar que
eu devo estar louca e vendo coisa onde não tem. No entanto, como Peter está
devorando a boca da mulher como se fosse a última boca do deserto, está
claro que estou vendo tudo certo. Não estou com problema nas vistas, muito
menos delirando, o máximo que posso estar sentindo é dor de cabeça pelo
peso do chifre que estou carregando sabe-se lá quanto tempo.
Eu pedi para Peter uma coroa para usar de acessório na minha
fantasia de halloween, não um par de chifres. Canalha traidor.
Eu vou lá, está na hora de acabar com essa palhaçada, eu confio no
controle que eu exerço sobre mim mesma, sei que nada demais irá
acontecer...
Continua...
Obrigada meu Deus, por mais um trabalho entregue.
Quero agradecer a todos os leitores que fizeram esse livro acontecer.
Graças a vocês e ao sucesso que meus contos chegaram, eu tomei a coragem
necessária para ser a primeira autora nacional com um livro de harém
reverso na Amazon. Obrigada, esse livro é para todos vocês. Quero
agradecer as minhas bases que ficam nos bastidores me apoiando e vibrando
comigo em cada conquista: Minha irmã e meu marido.
“Fer, eu te amo muito, eu sei que ter perdido o Adriano foi um
baque que não esperávamos. Quero que saiba que pode contar comigo
para tudo, assim como eu sei que posso contar com você para qualquer
coisa louca que eu invente.”
Paula, minha maior incentivadora de harém reverso que eu já tive
notícias, obrigada pelos surtos no zap, pelas cobranças e por ter acreditado
em mim e nas minhas estórias.
As meninas do meu grupo no zap, muito obrigada, vocês me
incentivam a cada dia... PS: Se pegaram raiva do Oliver, esperem para ver o
que Ryder irá aprontar em Alexia.
A todos leitores que estão chegando, obrigada por darem uma chance
para Samantha e seus recomeços.
Obrigada!
Nos vemos nos meus próximos lançamentos.
[i]
Sexo heterossexual entre uma mulher e diversos homens ao mesmo tempo.

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