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Jordan não demorou para entrar na minha sala depois que o chamei,
sua expressão parecia estar tensa, enruguei a testa numa pergunta silenciosa
do que aconteceu. E tudo que Jordan fez foi bufar.
— Conheci uma encantadora mulher no elevador. — Disse e percebi
no seu tom que de encantadora a tal mulher não tem nada.
Seria a petulante? Não, creio que meu irmão não teria o mesmo
azar que eu.
— Conte-me mais. — Sorri pela expressão de desgosto em seu rosto.
— Estava no elevador em uma ligação com o Barry, foi uma
conversa rápida e continuei com os fones no ouvido porque iria ligar para
você em seguida, foi então que escutei uma mulher atrás de mim dizer: Olá,
senhor bumbum perfeito. — Ri com o modo que ele imitou a voz da mulher.
— Não ri caralho, eu virei-me para ver quem era e a peguei no flagra
com os olhos na direção da minha bunda. — Foi inevitável segurar a
gargalhada. — Que mulher tem tara por bunda? — Perguntou e dei os
ombros. — De qualquer forma, suas bochechas ficaram vermelhas por ser
pega, e para não a constranger ainda mais eu me virei para frente fingindo
que não ouvi.
— Credo, poderia pelo menos ter agradecido ao elogio, senhor
bumbum perfeito. — Provoquei.
— Vá a merda, Oliver — Sentou na cadeira à minha frente.
— Conte o que o Barry falou, logo terei que entrevistar uma
candidata. — Pedi, ele pegou sua pasta colocando os documentos na mesa,
começando a me explicar o que teríamos que fazer para finalizar nossa
aquisição.
Meu primeiro dia no emprego não foi dos melhores, derrubei vários
copos, errei os pedidos, fiz confusão com os pedidos das outras garçonetes...
Resumindo, meu primeiro dia foi desastroso. Assim que meu turno encerrou
eu me tranquei no banheiro e chorei em silêncio, fiquei por vários minutos
colocando para fora meu fracasso. Quando achei que estava bom de derrubar
lágrimas peguei minhas coisas, as poucas gorjetas que ganhei e voltei para
casa.
E agora estou aqui sentada na cama chorando de novo, se não
bastasse um dia ruim no meu primeiro dia no emprego, chego em casa e
tenho que escutar as palavras cruéis do meu pai. Tudo que eu quero é um dia
em paz, um dia que eu possa extravasar toda essa tristeza e frustração, que
tem me matado um pouco a cada dia.
Tudo que aconteceu na minha vida foi como uma avalanche, e quando
acho que estou pronta para me reerguer vem uma mais forte e me derruba de
novo. Quantas vezes ainda sou capaz de me levantar sem desistir e ficar no
chão de uma vez? Estou tentando não ser pessimista, mas tudo que vem me
acontecendo não facilita em eu ser confiante.
Eu não posso desistir, eu preciso ser a rocha forte nessa casa, se eu
desmoronar o que será do meu pai? Talvez o que eu precise, é ir a algum
lugar onde possa pôr para fora tudo que tem me consumido todo esse tempo.
Raiva, frustração, tristeza, ressentimento, saudades.
Pensando nisso, levanto-me da cama e procuro uma roupa linda para
vestir, por hoje irei sair para me divertir, dançar e sorrir. Talvez passar um
tempo comigo mesma seja o que eu precise para não desabar de vez. Por
algumas horas irei me afastar dessa casa, do meu pai, de toda a tristeza
desses meses. Por hoje e só por hoje, eu irei me divertir, me permitir ser
feliz sem pensar em mais nada.
Assim que entrei na boate, sou recebida por uma música eletrônica
alta, os corpos se chocando contra o meu. Sinto a adrenalina se infiltrar nas
minhas veias, gritando liberdade. Faz tanto tempo que não me lembro como é
se sentir assim, fiquei fechada no meu mundo por tanto tempo, que esqueci o
tanto que gosto disso. Quando fazia faculdade, uma das coisas que mais
amava era sair para dançar com minhas amigas. E hoje eu irei reviver a
Samantha divertida, alegre, desinibida, corajosa e feliz. E para começar irei
beber, eu sei o que eu quero buscar hoje, e por isso fiz a escolha certa de vir
de táxi.
Sentei-me na frente do bartender gatinho e pedi um drink, sabendo
que esse seria o primeiro de muitos. Hoje eu quero curtir, e a única coisa que
peço é para a música não parar.
— Eu não vou ser contra se ela quiser dar uma surra nele. Para ser
honesto, irei estourar pipoca e assistir a tudo com um sorriso enorme no
rosto — A voz inconfundível de Jayden me faz engolir em seco. — Ela deve
estar bem brava com ele.
Ele está falando de mim bater no Oliver?
Não seria uma má ideia.
E brava é um eufemismo.
— Acredito que ela nem esteja pensando nisso. — A voz séria não
deixa margem para dúvidas de quem seja. Senhor bumbum perfeito —
Aliás, se eu pudesse apostar, diria que ela está pensando no bebê que ela
está esperando do nosso irmão. O senhor esperma supremo. — Debochou
fazendo Jayden rir.
Senhor esperma supremo? Não, ainda prefiro empalador.
— Ou... — Entrei na cozinha trazendo os olhares dos dois bobocas
para mim. — Ela está com fome, e tudo o que ela tem pensado é se
empanturrar de comida.
— Ou isso. — Jayden disse piscando para mim. — Bom dia, como
está se sentindo?
— Bem. — Menti, evitando seu olhar avaliativo.
Ele arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada, e eu agradeci
internamente. Dei uma olhada para Jordan que folheava o jornal e nem se
dignou a me dar bom dia. Continuar nessa casa é um erro, talvez eu deva
conversar com o Will, e dizer que eu prefiro partir. Não posso ficar em um
lugar que não sou bem-vinda.
— Tomou suas vitaminas? — Dei um pulo ao ouvir a voz grossa de
Jordan por trás do jornal.
Como ele sabe que eu estou olhando para ele?
— Ainda não — disse me sentando — Andei lendo a bula ontem e
algumas vitaminas têm que tomar depois de se alimentar — A última coisa
que pensei foi em tomar minhas vitaminas. Preciso dar prioridade ao que
realmente importa, e meu bebê é tudo o que me importa desde que vi o
resultado daquele teste. — Mesmo assim... obrigada por me lembrar. —
Agradeci com sinceridade. Jordan abaixou o jornal me dando um aceno
rápido e logo voltou para sua leitura.
Fiquei quieta de cabeça baixa, não sei o que conversar com eles.
Onde será que o Will está? Torço os dedos me sentindo nervosa, me sentindo
deslocada. Talvez, eu possa voltar para Ann Arbor e ver com dona Arlete se
ainda tenho meu emprego. Alugar um quartinho com o dinheiro que eu ganho
pode ser o suficiente para eu recomeçar. As outras coisas eu posso decidir
depois. A prioridade é eu estar em um lugar que eu me sinta bem, já que a
todo lugar que vou sou indesejada. Mordo o lábio com força para conter a
tremida que antecede meu choro. Não quero chorar na frente de Jordan e
Jayden. Suspiro tentando controlar minhas emoções. Respiro fundo algumas
vezes, e aos poucos consigo espantar as lágrimas.
— Aqui está — levantei a cabeça ao ouvir Jayden. — Coma tudo,
seja uma boa garota. — Ele diz piscando mais uma vez para mim.
Baixei a cabeça e olhei espantada para o imenso prato que ele
colocou na minha frente. Tem ovos mexidos, panquecas, morangos e apenas
uma fatia de bacon. Um copo enorme de suco de laranja não demora a
aparecer do lado do prato. Ele acha que eu dou conta de comer tudo isso?
— É muito. — Digo e olho de Jayden para Jordan que já dobra seu
jornal me encarando.
— Você precisa comer. — Jordan disse cruzando os braços em cima
da ilha. — Você está grávida agora, o bebê irá precisar de muitos nutrientes
para se desenvolver forte e saudável. — Pisco com suas palavras. Dou uma
olhada para meu lado e Jayden está rindo e balançando a cabeça.
— O Oliver viajou, mas deixou você encarregado, não é? — Jayden
debochou, voltei a encarar Jordan.
— Ele... ele... — Gaguejo e Jordan me olha incentivando a continuar
o que estava prestes a perguntar. — Pediu que cuidasse de mim? — Meu
coração não devia acelerar com a possibilidade, mas acelera.
— Oliver não disse nessas palavras, mas pediu sim. — Abaixo a
cabeça e não contenho o sorriso que se abre nos meus lábios.
De repente a comida que achei que não daria conta de comer, se
torna pouca diante da minha fome. Como tudo tendo Jordan e Jayden de
plateia, assim que coloco o último pedaço de panqueca na boca, Jordan me
estende as vitaminas. Em que momento ele as pegou? As tomo bebendo o
restante do suco. Um minuto se passa e sinto meu estômago embrulhar.
— Ah, não. Merda! — Corro em disparada para o banheiro.
Quando entro no quarto só tenho tempo de colocar a mão na boca e
entrar no banheiro antes de vomitar. Debruçada sobre o vaso coloco todo o
café da manhã para fora. Me sinto pegajosa quando termino, o suor da minha
testa escorre pela lateral do meu rosto. Preciso de um banho. Tiro a calça de
moletom, em seguida seguro a barra da camisa, mas antes que possa a tirar
olho para porta que tem Jordan e Jayden parados me encarando.
— O quê... o quê... Que merda vocês estão fazendo aí? — Perguntei
aflita, porque estou sem calcinha.
— Você correu e nos preocupamos. — Disse Jayden que olhava
estranho para minhas pernas. Graças a Deus que a camisa bate no meio das
minhas coxas. — Você está bem? — Sinto minhas bochechas queimarem
pela sua inspeção indelicada.
— Sim, enjoo matinal. — Ele continua olhando para minhas pernas,
até que um pigarro o tira do seu transe.
— Vamos te dar privacidade. — Jordan diz me dando as costas.
— Qualquer coisa que precisar, não hesite em pedir. — Jayden diz
saindo junto do seu irmão.
— Esperem. — Digo e os dois param se voltando para mim. —
Poderiam me arrumar outras peças de roupas? — Pedi envergonhada.
— Claro, espere que já trago. — Jordan disse, contudo antes que
saísse criei coragem para pedir mais uma coisa.
— Jordan... você poderia me arrumar uma... cueca? — Seus olhos e
de Jayden desceram pelo meu corpo parando no meio das minhas pernas.
Oh, merda. Eles estão me avaliando? É possível eles saberem que
estou sem calcinha?
— Eu... Se eu te emprestar uma cueca, Will me mata. — Ele disse e
senti minhas bochechas esquentarem. — E sabe-se lá o que Oliver faria.
— Eu empresto! — Jayden gritou saindo correndo do quarto.
Jordan ficou me olhando por longos segundos, e assim que Jayden
voltou com umas cinco cuecas em sua mão, ele desviou seu olhar.
— Essas são todas novas. — Jayden disse e alívio percorreu meu
corpo. Melhor assim.
— Obrigada. Eu darei um jeito de comprar algumas coisas que
preciso...
— Faça uma lista. — Jordan me cortou. — E eu compro. — Engoli
em seco pela intensidade que seus olhos estavam sobre mim.
— Ok. — Eu disse.
— Ok. — Ele concordou.
Os dois saíram do quarto e foi quando eu me dei conta que nada
estava ok. O que aconteceu aqui?
Maldita hora para Will não estar em casa, e Oliver estar fugindo
como um covarde. Quando Oliver me pediu que ficasse de olho na Samantha,
e a ajudasse em tudo que precisasse, concordei de imediato. Afinal a mulher
precisa de ajuda. Só que... Inferno, que porra foi aquela que aconteceu no
seu quarto? Por que meus olhos não conseguiram se afastar do seu corpo,
minha fodida imaginação ficou imaginando sua boceta nua debaixo daquela
camisa?
Ela está grávida do meu irmão e enrolada com o outro. Tudo o que
menos precisa é estar enrolada com mais dois. Foi difícil não perceber os
olhares que Jayden dava para ela. E eu nem quero saber qual foi o meu
problema por estar olhando-a daquele jeito. Com a lista que ela me deu em
mãos, percorro as lojas para comprar tudo que listou. Esse foi o modo que
encontrei para fugir de casa.
Will foi categórico antes de ir para empresa: Cuidem dela, e façam
tudo para ela se sentir bem. Ela precisa de roupas, então minha fugida se
enquadra no que ele me pediu. Dou outra lida vendo que já comprei tudo que
foi pedido:
(Tamanhos médios)
3 blusas simples
3 shorts simples
3 calça de moletom
1 blusa de frio
(Por favor, não ultrapasse o valor de 200 dólares. Obrigada)
Rio mais uma vez com o absurdo desse pedido. 200 dólares foi o que
paguei em uma blusa. Eu sou uma pessoa bem pragmática, então porque iria
me desbancar para a Walmart, onde foi que ela me pediu para ir comprar
suas roupas, sendo que o shopping fica a dez minutos de casa? Só porque
sairia mais barato? Ela sabe o quanto somos ricos? Eu ter gastado 8 mil
dólares comprando roupas para ela não foi nada demais. Comprei tudo que
ela não listou, como sapatos, tênis... lingeries.
Eu não quero nunca mais me lembrar das caras perplexas das
vendedoras da Victoria Secret, me olhando enquanto escolhia algumas
calcinhas, muito menos quando exigia a linha de renda com todas as cores.
Já posso imaginar a senhorita Mitchell usando cada uma. Sinto uma fisgada
no pau. Merda! O que importa, é que agora ela não precisará mais pegar
roupas emprestadas, muito menos andar pela casa sem calcinha.
Rindo encaro Jayden que acelera ainda mais a R8. Não acredito em
tudo que aprontamos com o cartão do babaca. Eu sei que não devia ter
aceitado a ideia louca de Jayden, mas o que poderia fazer se estou com raiva
daquele babaca que todas as vezes que liga para Jordan se recusa a falar
comigo? Eu passei esses últimos dias me sentindo insignificante, mas os
irmãos King não me deixaram pensar besteiras, e embarquei de cabeça na
aproximação com eles. E foi a melhor coisa que eu poderia ter feito, eles são
caras incríveis, divertidos, além é claro de lindos. E essa parte é a que tem
me incomodado muito. Eu não paro de pensar nos beijos que eles me deram,
e que não voltaram a me dar desde o que aconteceu na casa do meu pai.
Era para eu estar feliz com isso, mas não é o caso. Depois de saber
que meu pai está em uma clínica tendo todos os cuidados necessários, toda a
tristeza e a tensão que estava tendo evaporou. Uma enfermeira me liga todos
os dias para me atualizar sobre o seu estado, infelizmente ele não quer falar
comigo, entretanto saber que ele está sendo bem cuidado basta para mim.
E agora que não tenho mais tanta preocupação na cabeça, eu...
Merda, eu estou vendo os King com outros olhos. E meus hormônios não têm
ajudado em nada. Quando não estou secando Jayden sem camisa cozinhando,
estou secando Will e Jordan treinando na academia, com a desculpa estúpida
de estar fazendo companhia a eles para animá-los nos exercícios. Em uma
manhã peguei o vislumbre do pau duro de Jordan coberto pela calça de
moletom, e essa é a visão que tenho usado para me masturbar à noite.
Mesclando é claro com a performance do empalador. Nem quero pensar na
vez que fantasiei com os quatro me foden...
— Sam! — O grito de Jayden me faz pular no lugar. — Onde anda
com a cabeça? Estou falando com você — sinto meu rosto pegar fogo
quando olho para ele sem graça.
— Desculpe, estava distraída pensando no ultrassom que farei daqui
a dois dias. — Menti, e pelos olhos cerrados de Jayden não sei se acreditou.
— Ok. Como estava dizendo, Oliver está muito silencioso depois
que compramos a R8 ontem — Olhei para ele incrédula.
— Compramos? Ela é sua, eu só passei o cartão. — ainda não
acredito no valor que apareceu na hora de pagar.
— Mas para todos os efeitos ela é sua. — Ele sorri e meus olhos se
prendem nos seus lábios.
Não faça isso, Samantha!
Viro meu rosto para a janela e agradeço por estarmos chegando, não
sou capaz de ficar muito tempo dentro desse carro sem ficar imaginando-me
pulando no seu colo. É os hormônios, é isso, os hormônios. Eu não quero ser
fodida pelos quatro irmãos King... Por que insisto em colocar o babaca nas
minhas fantasias?
— Sam, por que suas bochechas estão tão vermelhas? — Quase
desloquei meu pescoço virando assustada para Jayden.
— Eu... eu não... — Me calei sem saber o que falar.
Eu preciso sair desse carro agora.
Assim que Jayden parou o carro, pulei para fora como se o banco
estivesse pegando fogo. Acelero meus passos para o segundo andar, preciso
me refugiar no meu quarto. Antes que alcance a maçaneta da porta e possa
respirar aliviada, um som de desaprovação atrás de mim me faz engolir em
seco. Não pode ser.
— Sabe, senhorita Mitchell, enquanto estava em Chicago fiquei
pensando o que você estaria fazendo. — Me virei aos poucos, e parado sem
camisa com as mãos nos bolsos da calça social está o babaca que odiei
grandemente nesses últimos dias. — Pensei que estaria olhando nomes de
bebês na internet, lendo livros sobre maternidade, ou alguma coisa
relacionada a sua gravidez. — Ele deu dois passos para frente. — Agora
imagina minha surpresa por saber o que na verdade a senhorita andou
fazendo.
Jordan, você me paga.
— Eu não sei do que o senhor está falando. — Fingi uma inocência
que não existe.
— Voltei a ser senhor? — Deu mais um passo.
— Sim, afinal voltou a ser um babaca — Um sorriso se abre em seus
lábios, mas não é um sorriso de: Obrigado, eu sou mesmo. Está mais para:
Vou te mostrar o babaca.
— Fundou um clube na minha casa. — Levantou um dedo. — Fez a
festa no shopping com meu cartão. — Levantou outro dedo, só que dessa vez
ele quebrou nossa distância e eu sou obrigada a grudar minhas costas na
porta. — E por último e não menos importante, comprou uma R8 como se
estivesse comprando um carrinho da Hot Wheels. — Levantou o terceiro
dedo e os colocou na frente do meu rosto. — O que eu deveria fazer com
você por isso? — Olhei dos seus dedos para seu rosto sério, e tudo que pude
pensar e que os queria dentro de mim.
Estou louca, é isso. Preciso fugir para as montanhas, é o único jeito
de não acabar pulando nesses irmãos. Mordo o lábio inferior com força
quando seu olhar corre por meu corpo.
— Você... — Ele se cala, e é só escutar sua voz rouca que o fogo que
estava me consumindo aumenta ainda mais. Preciso de um banho... frio... se
possível com toneladas de gelo. — Senhorita Mitchell, você está bem? —
Ele sorri arrogante, sua voz uma provocação nada bem-vinda.
— Não, eu não estou. — Meus olhos descem por seu peito, encaro
seu abdome com imagens indecentes da minha língua passando por ele
invadindo minha mente que já se encontra no limite. A calça tão baixa no seu
quadril me faz lamber os lábios vendo o contorno do seu pau duro. — Eu...
— Limpo a garganta. — Eu preciso tomar um banho.
Sim, eu sou uma covarde.
— Um bom banho para você então, depois voltamos a discutir a sua
punição. — Ele roçou sua barba na minha bochecha, sua boca encostou na
minha orelha, fechei os olhos — E sim, haverá punição — soltei um gemido,
e o babaca fez questão de rir baixo no meu ouvido — E atente-se que eu não
disse quantas — ele se afastou e sinto minhas pernas tremerem.
Estou fodida. Esses irmãos querem me enlouquecer.
Eu não vou me envolver com eles.
Eu não vou entrar em outro relacionamento poliamor.
Eu não vou....
Isso, continue a mentir para si mesma.
Quem sabe eu acabe acreditando nas minhas próprias palavras?
Fazendo minha série de exercícios, com a presença persistente de
Samantha na academia, me faz questionar se tem algo a mais por trás disso.
Nos primeiros dias que ela começou a acompanhar Jordan, Jayden e eu na
academia, eu pensei que ela queria companhia para não se sentir sozinha. Eu
sei que tudo que aconteceu com seu pai foi pesado, e o fato de eu ter
contratado um detetive que descobriu tudo sobre ela, não ajudou em nada. Eu
pedi desculpas para ela, e desde então temos tentado ser amigos. O que está
tornando as coisas mais difíceis do que eu imaginei.
Jordan a beijou, Jayden também, e eu a beijei como se ela fosse a
última mulher na terra. Eu não sei o que está acontecendo com meus irmãos,
inclusive comigo. Samantha está passando por muitas coisas, e meus irmãos
e eu estamos respeitando seu espaço. E desde que nós a beijamos, temos
evitado qualquer aproximação indevida. E agora com a volta de Oliver,
conversamos entre nós três e decidimos deixá-los se resolverem. Apesar do
bebê que ela espera ser meu, está claro que ela sente algo por Oliver, assim
como meu irmão sente por ela.
Não achamos certo o que fizemos enquanto ele estava em Chicago, e
não queremos complicar o que já se encontra bem complicado. Por isso...
— Estou com sede. — Samantha se levanta da cadeira com as
bochechas vermelhas. — Aqui está quente ou é impressão minha?
Ela está excitada de novo.
Caralho.
Dou uma olhada para Jay e Jordan que respiram fundo deixando seus
halteres no chão. Há dois dias começamos a perceber que Samantha fica
excitada perto de nós. Ela tenta disfarçar, mas é tão óbvia que fingimos não
perceber para ela não se sentir constrangida. Lendo alguns livros sobre
maternidade, soube que é normal a libido das mulheres subirem na gravidez.
Assim como há casos de mulheres que não têm libido nenhuma na gravidez.
Contudo, para foder nossos juízos, Samantha tem. Eu diria que tem e muito.
— Por que não entra? Senta-se no sofá para descansar um pouco. —
Aconselho, e Samantha morde o lábio inferior.
— Oliver, está na cozinha. — Franzi a testa não entendo o que isso
tem a ver. — Ele está apenas de cueca. — Responde à pergunta que nem fiz.
Suas bochechas se colorem ainda mais de vermelho, os bicos dos seus seios
se tornam evidentes através da malha fina da blusa que está usando. É
oficial, estou duro. — Eu... eu... não posso ficar sozinha com ele.
Entendi o que está acontecendo aqui. Samantha tem evitado estar
sozinha com qualquer um de nós. Por isso só se aproxima quando estamos
juntos. Caralho, agora tudo faz sentido. Sorrio em sua direção, deixando que
meu sorriso evidencie o que acabo de descobrir.
— Ah, merda. — Praguejou evitando olhar para mim. — Eu... eu vou
me deitar para descansar. — Mentiu descaradamente e seguro a vontade de
rir.
— Faça isso, a consulta é só daqui a três hora. — Digo fazendo
questão de ajeitar minha bermuda a deixando mais baixa no meu quadril. —
Se ainda estiver com calor tome um banho frio, ira te ajudar. — Pisquei para
ela e voltei para meus exercícios, ou vou acabar dando um foda-se para o
acordo que fiz com meus irmãos para deixar o caminho livre para Oliver.
Estou cansado desse jogo.
Depois de tomar um banho e me arrumar, peguei a chave do carro,
me encaminhando para o quarto de Samantha. Não acredito que hoje iremos
ver nosso bebê no ultrassom. Eu pensei que demoraria para aceitar a ideia
de ser pai, só que não é bem assim. Estou ansioso para saber se será menino
ou menina, escolher o nome, ver seu rostinho pela primeira vez. Desde que
Samantha fez o teste, eu tenho lido sobre maternidade e os primeiros
cuidados que um recém-nascido precisa. Descobri várias coisas importantes,
e a cada dia que passa a felicidade de ser pai me invade mais forte.
Antes de bater na porta de Samantha para dizer que estou pronto,
escuto grunhidos baixos. Franzo a testa tentando decifrar o que os sons
significam. Ela está com dor? Os sons parecem dor. Sem pensar no que estou
fazendo, invadi seu quarto, e...
— Porra!
Olhei chocado para a cena que se desenvolvia na minha frente.
Jayden está no meio das pernas de Samantha, enquanto Jordan está mamando
seus peitos como se fosse um bebê esfomeado. Ambos ainda estão vestidos
com as bermudas de malhação, com os corpos suados. Eles saíram mais
cedo do treino para isso?
— Custava ter trancado a porra da porta, Jay? — Jordan está sério,
Samantha está de olhos arregalados olhando para mim e Jayden dá os
ombros, como se o fato de o pegar de boca na boceta de Samantha não fosse
nada demais.
— Você mal me deixou entrar no quarto, acha mesmo que ia me
preocupar em trancar a porta? — Jay jogou de volta para Jordan que se
levantou da cama evitando olhar para mim.
Samantha está descabelada, nua, a tolha que evidencia seu banho está
jogada em frente a porta do banheiro, onde provavelmente eles a atacaram
sem dar-lhe chances de recuar. Espero a ira se apossar de mim, mas tudo que
sinto é um leve pulsar no meu pau. Merda. Samantha se senta, o
constrangimento por ser pega na cama com meus irmãos está evidente no seu
rosto. Me obrigo a virar de costas, dando a fodida privacidade que eles
precisam para se recompor.
— Estarei na sala te esperando — Antes de fechar a porta, respiro
fundo tentando controlar a rouquidão na minha voz. — Eu irei ligar na
clínica e dizer que iremos nos atrasar um pouco.
Não esperei eles dizerem nada, saí do quarto pensando nos vários
sentimentos conflitantes dentro de mim. Eu sabia que Jayden e Jordan
estavam no limite sobre o que estão sentindo sobre Samantha, mas porra,
fizemos um acordo. Concordamos em nos afastar e deixá-la se acertar com
Oliver. Ao que parece meus irmãos estão pouco se fodendo para o acordo e
para Oliver. Sinceramente não sei o que pensar com o que eu vi.
Dias haviam se passado desde a conversa que tive com Will, e ainda
não conversamos com seus irmãos, e nem sei quando iremos conversar.
Nossa rotina continua a mesma, algumas vezes consigo roubar beijos deles,
outras vezes que me considero sortuda consigo um bom amasso. Eles não
estão tentando me levar para cama, eu diria que estão se comportando como
perfeitos cavalheiros. E o que eu estou prestes a fazer pode levar todo esse
cavalheirismo embora. Assim espero. Há dois dias minha libido ficou
descontrolada, tem momentos que posso jurar que minha boceta está
vibrando de tanta excitação.
Avisto meus alvos pelo vidro da sala de reunião e ajeito meus seios
dentro da blusinha apertada. Meus bicos estão tão duros que sou incapaz de
pensar com racionalidade, quero esses homens me dando prazer e não me
importo se terei que deitar na mesa da sala de reunião e abrir minhas pernas
para implorar. Abri dois botões da blusa chamando a atenção de quatro
pares de olhos, quando entrei na sala. Percebo Oliver e Jordan se mexerem
nos seus lugares, e sorrio de lado.
— Senhor King, aqui está o gráfico que solicitou. — Falei quase
gemendo, dando os gráficos na mão de Oliver que pigarreou desviando o
olhar dos meus seios.
— Obrigado, senhorita Mitchell. — Amo quando eles estão nos
papéis de empresários fodões e eu no de secretária safada. Dou uma olhada
para a tela de videoconferência e quase praguejei alto a ver a mulher que
esteve com Oliver na lanchonete que eu trabalhava. Como é mesmo o nome
dela? Volto meu olhar para Oliver, fuzilando-o com o olhar. — Pode se
retirar, senhorita Mitchell, se precisarmos de você chamamos.
Filho da puta.
— Claro, com licença. — Falei com a voz mansa, deixando
acidentalmente minha mão bater no copo de água, derramando sobre seu
colo. — Oh, como sou desastrada. — Me ajoelhei rapidamente e sabendo
que aquela mulher não veria o que eu estaria fazendo, corri minha mão para
sua braguilha tirando seu pau de dentro da calça.
Oliver apertou minha mão querendo me impedir, dando desculpas
para a mulher que eu não precisava secar chão. Apertei seu pau que já estava
meio duro e o suguei para dentro da minha boca, quase gemendo de
satisfação.
— Cassete. — Praguejou, e eu sorri satisfeita comigo mesma. — Me
dê cinco minutos para secar a calça e já retorno, Meg. — Meg, revirei os
olhos. — Samantha! — Rosnou. Apertei minhas coxas para conter o desejo.
— O que ela... Puta que pariu! — Jayden gritou, olhei para o lado e
sua cabeça estava debaixo da mesa, pisquei para ele voltando a chupar seu
irmão.
— O que está acontecendo? — Ouvi a voz do Will questionar, mas
logo ele xingou seguido por Jordan.
— Samantha, saia debaixo dessa mesa, caralho. — Oliver disse tão
sério que soltei o seu pau ficando alarmada.
Levantei devagar sentindo um pouco de vergonha pelo que acabei de
fazer, e a repreensão de Oliver não ajudou em nada. Ajeitei minha blusa
fechando os botões, e me virei para tela de videoconferência pensando que
tal Meg estaria nela, mas não, a tela está toda preta. Voltei meus olhos para
Oliver esperando o que ele teria para me falar. Fosse o que fosse não iria me
estressar.
— Que merda você está pensando? — Perguntou furioso. — Estamos
no meio de uma videoconferência importante, não temos tempo para brincar
de putaria. — Inferno, isso me machucou. — Ainda por cima derrubou água
em cima da minha calça. — Não chore, não chore. Merda de hormônios.
— Calma Oliver. — Jordan pediu.
— Calma? Tive que parar uma reunião importante para...
— Chega! — Explodi. — Me desculpe, isso não irá se repetir, eu...
eu... — Respirei fundo. — Só queria fazer algo legal.
— Algo legal? — Oliver perguntou debochado. — Samantha, eu não
sei como funcionava seu relacionamento com seus ex-namorados, mas você
precisa entender que não somos eles, temos responsabilidades, essa empresa
é nossa responsabilidade, e não podemos simplesmente parar uma reunião
porque você quer chupar meu pau debaixo da mesa. — Ok, isso doeu mais,
muito mais.
— Oliver...
— Depois conversamos, está dispensada pelo resto do dia. —
Assenti saindo da sala.
Logo que retornei para o quarto estava cansada de manter meus olhos
abertos, minha cabeça estava com uma dorzinha chata e nem poderia pedir
um remédio para dor. Não quis chorar quando tentei falar e não consegui,
ainda assim não pude segurar quando fui deixada sozinha. O que está
acontecendo? Por que não consigo me mover? Fechei meus olhos, não
aguentando mais me sentir assim.
Devo ter dormido, porque assim que acordei e abri meus olhos,
quatro homens estavam parados ao redor da cama me olhando. Um deles
sorriu vindo para perto de mim, fechei meus olhos com medo. Minha cabeça
se encontra uma confusão, não sei se quero saber o que está acontecendo
para ter esses homens tão perto de mim.
— Sam, você acordou mesmo. — Sua voz parece tão feliz, contudo,
não tive coragem de abrir os olhos para saber se ele ainda sorria ou não. Ele
está me beijando? Sinto minha testa molhar comprovando que sim, ele está
me beijando — Eu ainda não acredito, pedi tanto por isso — Abri meus
olhos, e vi os seus marejados, no entanto logo ele se distanciou, antes que eu
pudesse tentar entender o porquê.
— Jayden, vá com calma, lembra o que o médico nos disse? — Uma
voz mais séria disse, e não sei o porquê, mas ouvir sua voz me deu calafrios.
— Só estou feliz, Oliver.
Dois homens se inclinam para cima de mim, ambos me beijando na
testa, fechei os olhos não querendo olhar para eles. Estou com medo, não sei
por que eles estão aqui, não sei quem são eles, eu só quero meus pais, meus
namorados. Preciso que alguém me diga o que está acontecendo. Abri meus
olhos desejando que eles não estivessem mais aqui, porém eles estavam no
mesmo lugar, em cima de mim, seus olhos estudando meu rosto.
— Ela parece assustada. — Um deles disse e não quis prestar
atenção em qual foi.
— Tudo está diferente para ela, o médico nos contou que isso iria
acontecer. — Fechei os olhos sentindo minhas lágrimas rolarem pela lateral
do meu rosto, sem nem poder limpar para eles não verem meu momento de
fragilidade e apreensão.
— Ela está chorando. — Não quero esses homens aqui me vendo
assim tão frágil, eu quero meus homens, meus pais, e não pessoas da qual eu
não conheço. — Vou chamar o médico.
Chorei por não sei quantos minutos, o silêncio do quarto me fazia
acreditar que estava sozinha, mas era abrir meus olhos e lá estavam eles, me
encarando. Assim que ouvi o som da porta, orei para que fosse o médico,
para ele pedir para esses homens saírem do meu quarto. Assim que o rosto
do médico pairou sobre mim, senti um tremendo alívio me envolver.
— Samantha, tudo bem? Pisque uma vez para não e duas vezes para
sim. — Pisquei uma vez. — Ok, está sentindo dor? — Pisquei uma vez de
novo. — Eu disse que iríamos conversar e pensei em fazer isso amanhã,
você parece cansada depois dos exames, não quero sobrecarregá-la. —
Colocou uma luz sobre meus olhos fazendo eu acompanhá-la, e assim eu fiz.
— Entretanto acredito que seja melhor deixar você saber o que aconteceu.
— Ele desviou o olhar para o lado, onde provavelmente os quatro homens
devem estar, porém logo seus olhos voltaram para mim. — Você sofreu um
acidente de carro. — Respirei fundo. — Meu plantão havia terminado,
quando fui chamado para atendê-la. Você sofreu traumatismo craniano, eu
tive que lhe operar às pressas ou você não resistiria. — Agora foi a vez de
ele respirar fundo. — No momento que você deu entrada não sabíamos nada
sobre você para podermos contatar algum familiar, eu tive que fazer uma
escolha, e a escolha que eu fiz a deixou em coma. — Senti meus batimentos
subirem, logo as máquinas ao meu lado começaram apitar.
— Ela não precisa ouvir isso agora — A voz do homem sério
sobressaiu aos bips.
— Ela precisa, Oliver. — O médico ainda olhava para mim. —
Samantha, você esteve em coma por mais de um ano. — Fechei meus olhos
não querendo ouvir mais nada. — Eu sabia do risco, mas eu precisava corrê-
lo. — Não abri meus olhos quando senti sua mão tocar a minha. — Você
quer ficar sozinha? Podemos conversar mais amanhã — Abri meus olhos
para piscar duas vezes. — Ok. — Quero ficar sozinha para pensar em tudo o
que me foi dito.
— Eu não irei sair.
— Oliver, ela precisa processar essa conversa, agora iniciaremos um
longo trabalho de recuperação, e não será fácil eu havia os avisado. —
Pisquei várias vezes querendo chamar a atenção do médico. — Samantha...
Você quer saber de alguma coisa? — Ele percebeu meu desespero e quase
respirei aliviada por ele me entender. Olhei para os homens de canto de
olhos. — Sobre eles? — Pisquei duas vezes. — O que você quer saber? —
Olhei para eles voltando a olhar para o médico. — Samantha... eu... não
entendo... Não pode ser.
— O que foi? — Um deles perguntou, mas não me importei para
saber qual foi.
— Samantha, você sabe quem são eles? — Pisquei apenas uma vez.
Não, eu não sei.
Assim que chegamos ao hospital corremos para o balcão de
informações, precisamos saber se Samantha e o bebê estão bem. Depois que
escutei que a moça que eu descrevi estava em cirurgia, pude jurar que estava
caindo sem nunca chegar ao chão. Ainda não quero acreditar que possa ser
ela. Samantha deve estar bem e indo para casa, certo? Ela deve ter saído
apenas para espairecer, tudo deve ser um mal-entendido. Minha cabeça está
a ponto de explodir, fico passando em loop infinito o que a atendente me
disse ao telefone, e tudo que sinto é um tremendo medo. Medo de perdê-la,
medo de perdê-los.
— Tem uma mulher que acabou de dar entrada com essas
descrições. Ela sofreu um acidente de carro, está em cirurgia, se você for
alguém da família peço que venha o quanto antes.
Foi o que bastou para que em poucos minutos estivéssemos dentro do
carro, furando todos os sinais vermelhos para chegarmos até ela. Eu quero
acreditar que não seja Samantha, por que se acaso for ela como está o nosso
bebê? Ele sobreviveu? Ela sobreviverá? Jordan é quem faz as perguntas
para a mulher da recepção, me mantenho em alerta escutando tudo o que ela
fala, torcendo para uma mínima chance de não ser a Samantha. Uma mínima
chance dela e o bebê estarem bem e em segurança.
— Os policiais acabaram de nos trazer a bolsa da paciente, para que
fosse fácil conseguimos contatar a família. — Ela disse e não demorou para
que eu estivesse quase em cima dela para perguntar o nome. — Samantha
Mitchell, a paciente que está em cirurgia se chama, Samantha Mitchell. —
Senti minhas pernas falharem, a bile subiu tão rápido que senti o amargor na
boca. Eu vou vomitar!
— Não pode ser. — Jayden pegou das mãos da mulher a carteira de
motorista da Samantha. — Eu não acredito, como ela está? E o bebê? Fala
alguma coisa caralho.
— Senhor, eu peço encarecidamente que se acalme, os senhores terão
que aguardar o médico que está a operando, apenas ele pode lhes informar
melhor seu estado. Peço gentilmente que me deem algumas informações da
paciente, depois poderão se acomodar na sala de espera.
Jordan se prontificou a responder, enquanto eu decidia sair. Preciso
respirar um pouco de ar fresco, se continuasse lá dentro eu acabaria
vomitando. Fecho os olhos a cada vez que o rosto de Samantha invade meus
pensamentos, seu sorriso safado quando quer nos provocar, seu sorriso doce
todas às vezes que fala sobre o bebê... O bebê. Eu não estou pronto para
saber como ele está.
— Will, eu... sinto muito. — Me viro e vejo Oliver me encarar de
olhos marejados.
— Agora não Oliver, eu... preciso ficar um pouco sozinho. —
Respirei fundo tentando me acalmar.
— É culpa minha, eu não deveria...
— Oliver, eu não quero ouvir. — Pedi sentindo meus olhos arderem,
não quero perder a Samantha, não quero perder o nosso bebê.
Logo depois de ver os resultados naqueles testes eu questionei se
seria um bom pai, naquele momento eu não tinha uma resposta, a única coisa
que passou na minha cabeça era que eu tentaria ser o melhor, não importava
o que eu precisasse fazer, eu tentaria ser o melhor. Por Samantha e por ele. A
cada dia a realidade foi ficando mais forte, e meu amor pelos dois também...
Eu não quero perdê-los... Eu não posso perdê-los.
— Eu... pensei em dois nomes para o bebê, eu ia contar para ela no
jantar — balancei a cabeça de um lado para o outro abrindo um sorriso
forçado nos lábios, a primeira lágrima caiu com medo de que eu nunca
tivesse a oportunidade de contar a ela.
— Eles vão sair dessa — a voz de Oliver não passou de um
sussurro, e eu não sabia a quem ele queria convencer, eu ou ele.
— Eu não sei de nada. — Confessei entrando no hospital com o
medo correndo até os meus ossos.
Mesmo sem cabeça para nada, fomos até a clínica onde o pai de
Samantha está internado para contarmos o que aconteceu com ela, contudo,
assim que dissemos o que aconteceu, ele riu dizendo que ela está colhendo o
que plantou. Não demorou para sermos expulsos assim que o punho de
Jayden acertou o rosto dele.
Depois de dias tão tristes, hoje recebemos uma notícia boa. O
médico nos contou que é possível continuar com a gravidez da Samantha,
mesmo com ela estando em coma. Quando entramos no carro para irmos para
casa choramos por vários minutos sem nos importar se alguém via.
O bebê está bem! Hoje vimos ele pelo ultrassom, seu coração bate
tão forte. É emocionante saber que apesar de tudo ele é um guerreiro como a
mãe, não desiste sem lutar. Quando voltamos à clínica para contar ao pai de
Samantha sobre as boas notícias, ele se recusou a nos receber.
O pai da Sam não estava mais na clínica quando fomos contar que ele
seria avô de uma menina. Só espero que um dia ele não se arrependa da filha
incrível que ele está abrindo mão.
Nossa casa está uma bagunça com tantas roupinhas rosas espalhadas,
o quarto da nossa filha nem se fala, parece uma loja de brinquedos revirada.
Estávamos organizando as coisas quando Oliver chegou vindo para cima de
nós.
— Seus putos! — Berrou nos mostrando seu celular. — Usaram meu
cartão de crédito? — Gargalhamos alto.
— É óbvio, Oli, você é o CEO. — Jay respondeu segurando um
macacão rosa nas mãos. — Olha que gracinha, nossa filha irá amar. — Os
olhos do Oliver brilharam, e não demorou para ele abrir um sorriso. —
Espera para ver o carrinho rosa que eu comprei. Ele custou cinco mil
dólares, mas você precisa ver como ele é irado, valeu cada dólar.
— CINCO MIL DÓLARES?
A barriga da Sam está ficando cada dia maior, ela ainda não acordou,
mas todo dia nossa esperança é renovada.
Nossos pais estão chocados até agora com nossa revelação. Eles
quase nos deserdaram, por termos demorado tanto para contar sobre
Samantha e nossa filha. Jayden fingiu um desmaio para distraí-los, contudo,
foi acordado aos tapas pela nossa mãe que não acreditou.
A obstetra nos informou hoje que nossa filha terá que nascer o quanto
antes, ela não está mais recebendo tudo que é necessário para se
desenvolver dentro da mãe. Choramos com medo de que algo aconteça com
ela, não imaginamos mais nossa vida sem nossa filha.
Harper nasceu às 07:36, pesando 1.805 Kg, medindo 28 cm. Ela foi
direto para a incubadora onde esperaremos ela ficar forte para ser levada
para casa. Estamos tão babões pela nossa filha. Ela é uma guerreira como a
mãe.
Hoje Harper fez cocô no terno caro do papai Oliver, gravei para a
Sam morrer de rir da cara dele depois. O que culminou nele xingando todos
os palavrões que conhece. Não poderia me importar menos.
O tempo está passando rápido demais, hoje Harper está fazendo
cinco meses. E ver minha filha crescer, sabendo que sua mãe ainda continua
em coma parte meu coração todas as vezes.
Jayden está se achando porque Harper é louca pelas papinhas que ele
faz. Entramos em uma discussão entres nós quatro dizendo outras coisas que
Harper ama, mas paramos quando ela balbuciou papa, ficamos todos bobos
acreditando que ela estava nos chamando pela primeira vez de papai, mas
tudo o que ela queria era mais papinha. O que comprovou que Jayden estava
certo, ela ama as papinhas dele.
Harper deu seus primeiros passos hoje, tudo podia ser lindo, se não
fosse o fato que a motivou. Ela estava caminhando para pegar a playboy de
Jayden de cima do sofá, isso fez que o momento mágico se tornasse
desespero.
Sam vai nos matar quando acordar.
Um ano sem a Sam, um ano em que não desistimos. Eu sei que ela vai
voltar para nós.
Hoje foi a primeira vez que tivemos coragem para ver como o carro
da Sam ficou depois do acidente. Saímos de lá agradecidos por nossas
garotas terem sobrevivido, porque vendo seu carro eu soube que foi um
milagre. Oliver pagou para sumirem com aquela sucata, pois ele nunca mais
queria botar os olhos naquilo que quase tirou de nós a nossa felicidade.
Hoje Harper está fazendo 1 aninho, e a cada dia ela se parece ainda
mais com a Sam. Sua festa foi o tema da pequena sereia, a mulher contratada
para ser a Ariel deu em cima do Jordan, o que resultou em ele mandando-a
embora. Desde o acidente nunca pensamos em nos envolvermos com outras
mulheres. Isso não vai acontecer, queremos apenas uma, ou melhor,
queremos apenas duas. Uma já está conosco só estamos esperando a outra
acordar.
Eu não posso mais fazer isso. Tudo dói, e cada vez que tento levantar
a mão uma dor excruciante me consome, é como se meus ossos queimassem.
Eu nunca mais voltarei a ser como antes, essa é a verdade. As lágrimas
queimam nos meus olhos, ao mesmo tempo em tento mais uma vez levantar a
colher para levar comida para minha boca. Minha mão treme derrubando
tudo no prato outra vez. Faz dias que comecei a fisioterapia, eu pensei que
seria um processo rápido, mas não poderia estar mais errada. Levou oito
dias para conseguir sustentar meu pescoço, pelo menos agora posso virar
meu rosto para ver quem entra no quarto. Levou mais cinco dias para me
colocarem sentada na cama, mesmo que para isso eu precise estar presa as
cintas da cama, porque do contrário eu iria cair por ser incapaz de sustentar
meu corpo.
Incapaz...
Foi nisso que me tornei. Quando não estou tentando movimentar meu
corpo estou tentando falar, o que está ainda pior. Eu não acredito que
voltarei ao normal como todos acreditam, e tentam me fazer acreditar. Estou
cansada do otimismo deles, estou cansada de querer saber dos meus pais e
nenhum deles me falarem nada. Eu estou esgotada, eu só quero me sentir...
capaz.
— Você consegue, Sam, não desista — O otimismo na voz de Jayden
me irrita mais. Ele realmente cumpriu com o que me disse, todos os dias nas
horas dos meus exercícios ele está aqui. — Você é a mulher mais forte que
eu conheço, se alguém pode levantar essa colher é você.
Uma colher de plástico, eu não consigo levantar uma colher de
plástico.
— Com calma, Samantha, não se cobre tanto, hoje é a primeira vez
que tentamos, então nada de pressão — assenti devagar. Preciso conseguir,
não quero mais receber comida na boca por ninguém.
Com a mão tremendo tento mais uma vez. Encho a colher com um
pouco de sopa e começo o caminho até minha boca, minha mão treme muito
derrubando um pouco sobre mim, não desisto e continuo com meu objetivo.
Meus olhos ardem assim que consigo encostar a colher nos meus lábios, abri
a boca devagar e quase não acreditei quando a colher entrou.
Eu consegui! Eu consegui!
— Muito bem, Samantha. — Minha fisioterapeuta abre um sorriso
enorme. — Você conseguiu. — Abro um sorriso e derrubo lágrimas de
felicidade, essa é a primeira vez que estou feliz desde que acordei. Olho
para Jayden que chora e sorri ao mesmo.
— A mulher mais forte que eu conheço. — Ele repetiu e pela
primeira vez acredito nas suas palavras.
Eu sou forte! Eu posso e vou passar por isso.
Um mês e meio desde que Samantha acordou, e hoje foi o pior dia de
todos. O doutor Hayden foi enfático ao nos dizer que Samantha não tem nada
nos exames neurológicos que mostre o motivo da sua falta de memória. Pelo
que eu entendi, ela não lembra porque não quer lembrar. Um quadro
psicológico, foi o que o doutor nos disse. Samantha está bloqueando as
memórias que teve conosco. O doutor acredita que o choque do acidente,
mais a condição que ela se encontra pode ter sido os fatores que culminaram
nesse bloqueio. E o pior disso? Ela pode nunca se lembrar do que viveu
desde que nos conheceu. Porra!
Samantha tem progredido muito bem, ela consegue sorrir melhor,
consegue balbuciar sim e não, seus braços têm melhor mobilidade, por isso
ela começou a ter aulas para aprender a lidar com a cadeira de rodas, onde
infelizmente ela pode ficar por meses. Sua fala não evoluiu como
esperávamos, contudo, saber que ela está viva e bem, é o que nos consola.
Será questão de tempo para ela estar andando e falando como antes.
Em nenhuma vez desde que ela acordou, Oliver, ficou sozinho com
ela. Meu irmão ainda se culpa muito com o seu acidente, e não a nada que
falamos que ajude a aplacar sua culpa, a verdade é que meu irmão nunca irá
se perdoar. Se não bastasse todas as nossas preocupações e receios, ainda
tem a Harper, nossa filha precisa da mãe, e a mãe nem se lembra que ela
chegou a existir. Estamos fazendo nosso melhor, até contratar um detetive
particular para voltar às buscas pelo seu pai, estamos fazendo. Só queremos
que a Sam se sinta segura perto de nós, e que confie que queremos o melhor
para ela.
— J... Jol...Jol. — Me viro para ela que tenta pronunciar meu nome,
e sorrio feliz, há dois dias ela começou a tentar falar nossos nomes, nos
deixando muito felizes.
— Precisa de algo? — Me aproximo e ela levanta o braço com um
pouco de dificuldade apontando para a água. — Água? — Pergunto para ter
certeza, e para incentivá-la a responder.
— Si... si... sim. — Sorrio orgulhoso. Samantha tem se empenhado
muito, sua recuperação tem surpreendido até os médicos que cuidam dela.
Olhar para ela e saber tudo que ela perdeu enquanto dormia, mexe
muito comigo e com meus irmãos. Nossa filha cada dia que passa está tão
esperta, nos lembra todos os dias de sua mãe. Harper é uma mini cópia de
Samantha e talvez por causa dela, nós nos mantivemos tão fortes na
esperança de que Samantha um dia iria voltar para nós.
Quando conheci Kyle, foi em um dia muito difícil para mim, eu não
estava mais suportando as cobranças do meu pai. A pressão era tão grande
que por um minuto pensei o quão livre me sentiria se tudo desaparecesse.
Por muitas horas fiquei sentada em frente a cachoeira dos meus vizinhos
pensando em coisas que eu não deveria, e foi quando Kyle apareceu, ele
estranhou minha presença, e de um jeito fofo de Kyle ser, nos tornamos
amigos. Nos próximos dias marcamos de nos encontrar na cachoeira, e a
cada aproximação nossa amizade deu espaço para algo novo e mais forte. Eu
me apaixonei por Kyle e ele por mim.
O que vivemos estará para sempre marcado em mim, eu sempre irei
amar Kyle por ele ser quem é, contudo, meu amor agora é diferente. Eu não
estou mais apaixonada por ele, muito menos por qualquer um dos seus
irmãos. Meu coração está batendo descontrolado por quatros homens que
estão ao meu lado sem esperar nada em troca, que me amam apesar de eu tê-
los esquecidos, apesar de ter vindo na fazenda dos meus ex-namorados. Eles
me apoiam, me protegem, me amam. Eu ainda não disse o quanto os amo, e
estou pronta para dar esse passo, está na hora de aceitar minha felicidade ao
lado deles.
Por isso, e apenas por isso, aceito o soco de Alexia no meu rosto
sem reagir, sem protestar, de alguma forma eu sei que mereço. Levanto minha
cabeça, pronta para encarar a fúria de cada um, estou aqui por um motivo e
não irei embora sem fazer o que vim para fazer.
— Alexia! — Kyle esbraveja, e percebo a tristeza nos olhos de
Alexia. Agora eu a entendo, ela o ama demais, e apenas quer me bater pelo
que fiz a ele. Sorrio feliz por ele, feliz por seus irmãos, eles encontraram o
que tanto buscavam.
— Tudo bem, Kyle, eu estou bem. — Tranquilizo-o, mas um rosnado
ao meu lado me faz olhar para Oliver, meu babaca arrogante, possessivo e
ciumento. — Estou bem Oliver. — Ele inclina na minha direção e toco seu
rosto dando um beijo casto nos seus lábios. — Eu estou bem. — Sussurro
contra sua boca.
— Ela te deu um soco, Samantha. — Disse alisando onde levei a
pancada. — Irá ficar inchado, melhor irmos embora. — Fechei meus olhos
tocando sua testa.
— Ainda não — Abri meus olhos encarando cinco pessoas furiosas e
uma que não sei definir o sentimento. — Eu preciso conversar com vocês. —
Alexia se debatia nos braços de Ryder que a segurava forte. Ela queria me
matar, provavelmente, e quem sou eu por culpá-la? Ela conhece apenas o
lado dos Allen, e se fosse eu no seu lugar, também teria me dado um soco.
— Me solte, Ryder, me solte agora, porra. — Ryder a prendeu mais
forte. — Seu chucro, eu te odeio.
— Odeia porra nenhuma. — Ryder disse a fazendo bufar.
Olhando para a fúria de Alexia, percebi uma coisa... Não é com os
Allen que tenho que conversar. Não é a eles que tenho que contar o que me
aconteceu, para ser honesta comigo mesma, eu não tenho que dar explicação
a nenhum que não seja o Kyle, mas eu não posso fazer Alexia passar mais
nervoso, não posso colocar Kyle em uma situação que o faça escolher, eu já
passei por isso e é uma merda.
— Alexia. — A chamei. — Você pode conversar comigo? — Sua
testa franziu, para logo o rosto ficar ainda mais vermelho.
— Qual é a sua? O que faz aqui? Não está satisfeita por tudo que já
havia feito e voltou para fazer pior? Se for isso eu não irei deixar. — Eu abri
um sorriso.
— Você deve deixar Ryder e Mason muito loucos. — Olhei para os
dois que fecharam ainda mais suas expressões. — Alexia, você conhece o
Burt? — minha pergunta a fez abrir um pequeno sorriso cúmplice.
É claro que ela conhece.
— Samantha! — Mason disse meu nome na mais pura raiva que só
ele é capaz de transparecer.
— Filha da puta! — Ryder praguejou.
— Quem é Burt? — A voz de Oliver estava baixa, porém raivosa.
Oh, homem possessivo.
— Conheço. — Alexia responde sorrindo. — Um perfeito cavaleiro,
uma vez me ajudou quando meu carro quebrou misteriosamente no meio do
nada. — Seu sorriso expande, e por algum motivo muito insano eu gosto
dela. Na verdade, eu estou tentada a querer ser sua amiga.
— Alexia, não comece, caralho — John pediu, fazendo uma careta.
— Podemos conversar? — Tentei mais uma vez e dessa vez consegui
um aceno de Alexia.
— Claro que podemos.
Alexia se senta no sofá e fico à sua frente, dou uma olhada para trás e
os nove homens estranhos estão de braços cruzados nos olhando como
gaviões. Homens mais possessivos que esses existem? Volto a olhar para
Alexia que está batendo uma foto deles, seguro a vontade de rir. Alexia
parece ser... bem espirituosa. Daria tudo para saber como ela entrou na vida
desses homens que levam tudo na calma, eu acredito que deva ter sido
impagável.
— Ryder e Mason tem sérios problemas neandertais, e olha que
perguntei para minha sogra se ela chegou a fazer exame na cabeça dos dois,
porque algo de muito louco acontece nesses cérebros doentes. — Ela sorri,
mas logo fecha sua expressão. — O que você quer conversar?
— Eu imagino que você não goste de mim. — Começo. — Mas
quero explicar meus motivos, e talvez você me entenda.
— Primeiro, eu te odeio, e segundo, por que quer se explicar para
mim? — Sua pergunta faz sentido, mas tem dois motivos.
— Ryder e Mason, não me ouviriam, e eles não deixariam Kyle me
ouvir, e não quero desrespeitar você. — Alexia assentiu uma vez. — Antes
de começar minhas explicações, eu preciso dizer, eu amei demais cada um
deles, os amei igual, não tinha diferença no meu amor...
— Mesmo? Não foi isso que soube.
— Eu menti Alexia, eu menti sobretudo. — Ela abre a boca pega de
surpresa com minha confissão. — Meu pai... ele nos pegou juntos, depois de
ele me bater como se eu fosse a pior pessoa do mundo, ele me obrigou a
escolher.
— Escolher, escolher o quê?
Por alguns segundos fechei meus olhos, recordar aquele maldito dia
não é fácil, traz tanta dor, tanta culpa.
— Escolher entres os Allen ou a minha mãe com câncer — meus
olhos lacrimejaram me lembrando da sensação da dor da minha escolha. —
Escolher entre os homens que eu amava, ou minha mãe que era a pessoa que
eu mais amei na vida.
— Você escolheu sua mãe. — Deduziu.
— Eu escolhi, e a escolheria mil vezes mais. — Confessei sem
sombras de dúvidas. — Agora quer ouvir minha história? — Alexia limpou
a garganta, tocou sua barriga e se recostou no sofá me olhando.
— Quero.
Com as lágrimas rolando pelo meu rosto, eu contei para Alexia
minha história e ela me ouviu.
Eles não são tudo isso! Olho mais uma vez para os cinco homens na
minha frente, e sinceramente não sei o que Samantha chegou um dia a ver
neles. Pensar que minha mulher chegou a ficar com eles me deixa com o
sangue fervendo. Se estou aguentando estar aqui é por causa dela, somente
pela Samantha para aguentar essa merda toda.
— Então vocês são maridos dela? — O idiota que descobri que se
chama Ryder pergunta e não gosto do tom na sua voz.
— Ainda não. — Respondo sincero. — Mas pretendemos.
— Hum. — Ele ri e olha para o irmão ao seu lado. — Acredita que
Samantha irá casar com eles?
— Não mesmo.
— Por que tanto ódio por ela? Vocês realmente a conhecem, porque
para mim parece que não. — Will disse e concordo com meu irmão. Esses
caras não conhecem a Samantha.
— Manipuladora? Check. Desgraçada, sem coração? Check. —
Ryder diz fazendo três dos seus irmãos rirem. Kyle é o único que fica em
silêncio. — Estou esquecendo de algum, sei que estou.
— Não, vocês não a conhecem. — Agora quem riu foi nós. — Devo
agradecer? Porra acredito que devo. — Digo irritado por eles estarem
desrespeitando-a desse jeito. — Obrigado, graças a vocês temos a melhor
mulher ao nosso lado, a melhor mãe que nossa filha poderia ter...
— Sami, tem uma filha? — Kyle me interrompeu.
— Para você Samantha, e sim nós temos. — Oliver responde nada
feliz pelo apelido que Kyle continua a chamar nossa mulher.
O silêncio se estendeu mais uma vez entre nós, não tem muito o que
podemos conversar sem querer quebrar a cara um do outro. A batalha de
olhada continua, não sei quanto tempo Samantha está conversando com a
Alexia, eu só quero que termine logo para que possamos ir embora de uma
vez.
— Por que ela está em uma cadeira de rodas? — A pergunta de Kyle
faz Oliver fechar os olhos.
— Sofreu acidente de carro. — Respondo. — Ficou mais de um ano
em coma.
— Porra, e como ficou os pais dela? — Oliver gargalha ao meu lado
diante da pergunta.
— Vocês não sabem, não é? — Meu irmão questionou amargo. — A
mãe dela morreu, e o maldito pai dela disse que ela é a culpada.
— Culpada? Por que Samantha seria a culpada? — Mason pergunta,
mas Oliver não tem tempo para responder, Samantha surge com Alexia ao
seu lado, ambas com os olhos vermelhos. Elas choraram.
— Terminamos, podemos ir embora. — Samantha diz e nos
colocamos de pé ao mesmo tempo. — Obrigada, Alexia, por me ouvir.
Desejo felicidades a todos vocês, e que esse bebezinho venha com muita
saúde.
— Obrigada, desejo o dobro a vocês. — Alexia diz e é minha deixa
para começar a empurrar a cadeira de rodas, quero ir embora logo daqui,
mas a voz de Alexia me faz parar assim que ela chama a Samantha, virei a
cadeira de frente para ela. — Conte a eles. — Ela pede. — Conte a eles, é o
certo a se fazer.
Samantha fica por alguns segundos olhando para Alexia e muda seu
olhar para os seus ex-namorados, um sorriso que se abre no canto dos seus
lábios me faz querer saber o que ela está pensando.
— Não, não é. Eu demorei para entender, mas agora eu entendo. —
Samantha olhou para mim, depois para meus irmãos. — Eu estou em casa,
pela primeira vez na minha vida eu estou onde eu realmente quero estar. Eu
encontrei meu lar, Alexia, e eu não mudaria nada para evitar que isso
acontecesse. O que passou, passou, agora eu entendo que quem precisava de
um encerramento era eu. Eu vejo o tanto que vocês estão felizes, minha
escolha foi a certa a ser tomada, foi graças a ela que estamos onde estamos.
Por essa razão eu não mudaria nada e acredito que você também não, ou
mudaria?
— Não. — Alexia respondeu com um sorriso nos lábios, mesmo com
seu rosto molhado com lágrimas. — Não mudaria porra nenhuma.
Estou me sentindo bem, comparado ao que senti quando me despedi
dos Allen pela primeira vez. Sinto que todo aquele peso de culpa foi
retirado dos meus ombros, eles estão bem, estão felizes, e é o que realmente
me importa. Eu cogitei conversar com Kyle e contar a verdade, mas depois
de ver como eles estão felizes com a Alexia, que diferença faria se eu
contasse? Nada, não faria diferença nenhuma. Agora a única parte da minha
vida que falta ser resolvida é a de filha.
Em frente à minha antiga casa, choro em silêncio sabendo que fiz
tudo o que eu poderia ter feito como filha, eu não posso carregar os erros do
meu pai pelo resto da minha vida. Ele fez a escolha de ir embora, depois que
Oliver e Will conversaram comigo contanto a decisão do meu pai, eu tomei a
minha, eu irei aceitar sua vontade, e se um dia ele quiser me procurar estarei
disposta a ouvi-lo, porque apesar de tudo que sofri ele é e continuará sendo
meu pai. Olhando para o último lugar que fomos felizes em família, guardo
no meu coração a lembrança do quanto fui amada por meus pais,
independente dos meus erros e das minhas escolhas, se eu sou o que sou, é
graças a eles.
Dou uma última olhada para a antiga fachada vendo os novos
moradores dispersos com seus afazeres que nem me notaram, sorrio sabendo
que finalmente tudo que precisava ser colocado o ponto final foi feito,
mesmo eu sabendo que minha história com meu pai terá sempre uma vírgula.
Olho para trás e os quatro homens que não desistiram de mim em nenhum
momento estão à minha espera, respeitando meu momento, me aguardando
me despedir, dando a mim algo que nunca foi me dado. Escolha. Sorrio para
eles sabendo que meu coração pertence a eles, eu os amo, e não existe mais
nada que impeça nossa felicidade, está na hora de voltarmos para nossa casa
e finalmen...
— SAMANTHA! — Me assusto pela voz que me grita ao longe.
Olho naquela direção e meus batimentos aceleram vendo cinco homens e
uma mulher grávida montados em cavalos.
— Aqueles são...
— Ela pode estar cavalgando com aquela barriga? — A pergunta de
Jayden é a mesma que estou questionando em pensamento. O que Alexia está
fazendo? Essa mulher é louca.
— Melhor irmos embora. — Peço não sabendo ao certo o que eles
querem comigo, e não quero ficar para descobrir. — Algum de vocês
poderia me ajudar?
— Samantha, espere! — Escutar o desespero na voz de Kyle me faz
saber que Alexia contou tudo o que havia contado a ela, e ela prometeu não
contar.
Respiro calmamente tentando controlar a ansiedade que desperta
dentro de mim. Quando desisti de contar a Kyle, eu sabia que de alguma
forma tirei dos ombros dele a culpa que o tomaria se soubesse a verdade,
contudo, pelo semblante dele cavalgando na minha direção, está claro que o
sentimento de culpa o invadiu, e o que me deixa surpresa e ver o mesmo
semblante estampado nos rostos dos seus irmãos.
Kyle é o primeiro a pular do cavalo e correr até mim, engulo a
emoção que me invade, aperto minhas mãos uma na outra tentando controlar
a vontade de me jogar nos seus braços e pedir desculpas por ter ido embora
sem lhe contar a verdade. Kyle se joga aos meus pés e me puxa para seus
braços, não seguro as lágrimas que caem dos meus olhos. Esse é o abraço
que esperei por muito tempo.
— Por que Sami? Por que não nos contou? Teríamos dado um jeito,
não precisava ser como foi... — Me afasto de Kyle, seus olhos estão
confusos em olhar para mim. Atrás dele percebo Alexia limpar rapidamente
o rosto.
— Kyle, eu fiz o que deveria ter feito, e não me arrependo. — Seus
irmãos se aproximam e em seus olhos não tem mais o julgamento de antes.
— Tudo está como deve ser.
— Nós poderíamos ter lhe ajudado.
— Vocês poderiam sim, mas o que eu encontrei indo embora é algo
que nenhum de vocês poderia ter me dado. — Meus olhos se prendem em
Alexia. — Assim como se eu tivesse ficado, vocês não teriam encontrado em
Alexia o que eu nunca poderia ter lhes dado.
— Não fomos justos com você. — Ryder disse se aproximando.
— E eu não fui sincera com vocês, e está tudo bem.
— Nossas palavras foram cruéis. — É Mason quem fala. — Não
deveria ter falado com você daquele modo, e peço desculpas por isso.
— Eu também espero que possa me desculpar, Samantha. — John
fala se abaixando ao lado de Kyle. — Por tudo.
— Me desculpe.
Ethan.
— Me desculpe.
Ryder.
— Me desculpe.
Kyle.
Meus olhos se enchem de lágrimas, ouvir essas palavras depois de
tudo pelo que passei, alivia uma dor antiga que eu não esperava que
precisava de cura até esse momento. Um sorriso brota em meus lábios, uma
leveza enche meu peito, a calmaria do vento batendo em meu rosto faz meu
coração se encher de paz.
— Eu os desculpo, e espero que possam me desculpar também,
apesar daquelas palavras terem sido mentiras a dor que causei em você,
Kyle, não foi. — Ofereço minha mão para ele que a segura. — Eu sinto
muito, eu sofri com cada palavra que proferi, eu chorei com cada ligação sua
que precisei recusar. Espero que me entenda e que me desculpe.
— É claro que te desculpo. — Não me surpreendi com o abraço que
Kyle me dá, esse é o seu jeito de ser. — Alexia, está te olhando de um jeito
muito diabólico. — Sussurrei para que ninguém pudesse ouvir, mas acredito
que John ouviu, devido a sua risada.
— Ela nos contou a verdade, nos apoiou a vir conversar com você,
mas acaba ai, aquela baixinha é possessiva, e tenho certeza de que estarei
muito fodido quando voltar para a fazenda, e posso te garantir que não é do
jeito bom. — Soltei uma risada.
— Então é melhor tirar seus braços de mim, ou ficar sem sexo será o
menor dos seus problemas. — Confidenciei virando o rosto de Kyle na
direção onde Oliver e Jordan estavam prestes a pular sobre ele.
— Talvez esteja certa — se afastou fazendo Oliver e Jordan ficarem
ao meu lado como dois guarda-costas.
— Alexia, obrigada, eu não sabia que precisava disso até esse
momento.
— Eu não poderia deixá-los te odiando nas suas costas, aliás perdeu
a graça eu ficar te xingando. — Deu os ombros me fazendo rir.
— Espero um dia ouvir sua história.
— Vai por mim, é tão sem graça — Beliscou a bunda de Ryder —
Não é meu xucro das cavernas?
— Alexia, não comece. — Ryder disse abraçando sua cintura
puxando-a para mais perto. — Sabemos que não irá dar conta.
Limpei minha garganta, constrangida pelos olhares predatórios dos
Allen para Alexia e o sorriso satisfeito dela no rosto. Desviei meus olhos
para os meus homens e eles estavam olhando para mim, e isso aqueceu meu
coração.
— Pronta para voltarmos para casa? — Oliver perguntou me fazendo
sorrir.
— Sim... estou pronta.
Assim que passo pela porta meu coração dispara querendo ver uma
pessoinha que se tornou tudo para mim desde o momento que a tive em meus
braços. Harper está em pé ao lado da sua avó usando uma roupinha de
bailarina toda... preta? Olho para meu lado e Jayden expande seu sorriso e
Harper corre para seus braços.
— Olha só como minha princesinha ficou. — Ele beija seu rosto a
fazendo gargalhar. — Mãe, por que não me enviou uma foto? — Jay pergunta
para sua mãe sem tirar os olhos da nossa filha. Nossa. Sim, Harper é minha
filha com eles, e recuperar todas minhas lembranças tendo o agridoce de
saber que eles a criaram como eu queria, deixa meu coração transbordando
de amor.
Eu os amo por isso, a cada dia eu descubro algo que me faz amá-
los ainda mais.
— Eu perguntei para Harper se ela queria fazer surpresa, e ela
balançou a cabeça gritando um grande sim.
— Papai está te achando a bailarina mais linda do mundo. — Merda,
por que vê-los sendo pais babões me deixa excitada? — Viu, eu disse que
não tem problemas se você não quiser usar rosa. — Ele piscou para ela que
correu para os braços dos seus outros pais que estavam mais babões que
Jayden.
Pelas próximas horas entramos em um mundo que só existia nós,
beijei e apertei minha filha o máximo que pude, e a cada minuto que
presenciei dela com os pais deixou meu coração cheio de amor, e minha
calcinha arruinada de excitação. Depois que eles se despediram da mãe, a
agradecendo por ter cuidado da nossa filha, decidi esperar eles cuidarem da
nossa filha, cobrindo todas suas necessidades para colocar um plano louco
em ação.
Desde que tudo aconteceu eu não consegui estar com eles como eu
quero, não pude senti-los dentro de mim, e depois de tudo que passei, o que
mais quero é tê-los, de todas as formas. Com minha boca salivando de
desejo, observo Oliver e Jordan colocando os pratos e talheres na mesa,
enquanto Will coloca Harper na cadeira de alimentação, e Jayden como
sempre fazendo nossa comida.
Meus olhos passeiam de um para o outro, tantas cenas indecentes
passando pela minha cabeça. Eu os quero tão mal, quero uma foda tão suja,
tão depravada... tão errada. Meu rosto esquenta pelos meus pensamentos, e
pego o copo com água bebendo tudo de uma vez. Estou ardendo, estou
pegando fogo literalmente. Tudo que foi reprimido e esquecido, agora está
me consumindo.
— Sam, tudo bem? — Will pergunta, em seguida molha os lábios
com a língua, sua ação não passa despercebida por mim. Ele está tão
gostoso.
Como eu gostaria de ser empalada por ele nessa cadeira de rodas.
— Sim, tudo está perfeitamente bem. — Solto um suspiro frustrado
que chama a atenção dos quatro.
— Tem certeza? — Jay insiste colocando a travessa de carne assada
na mesa.
Ele sempre foi tão sexy assim cozinhando?
— Tenho.
Não, não tenho. Ainda bem que minhas pernas não estão funcionando,
ou iria traumatizar nossa filha pulando em cima dos quatro.
— Você está com o rosto vermelho. — Oliver tinha que notar, é
claro.
— Samantha. — Jordan me chamou, levantei a cabeça a tempo de vê-
lo com as mãos sobre as orelhas da Harper. — Você está excitada? Seu
rosto...
— Estou bem, podemos comer? — Mudei de assunto, eles não fazem
ideia do quanto estou molhada e não precisam saber disso agora. — Estou
com calor, apenas isso.
Os olhos deles estreitaram me fazendo engolir em seco. Preciso de
um banho frio para acalmar todo o fogo que está me consumindo. Pedi mais
água para Will, que mal tinha acabado de encher meu copo e bebi tudo em
um só gole, pedindo mais.
— Samantha...
— Eu estou bem, já disse — Rangi os dentes, o meio das minhas
pernas pulsa me deixando louca.
— Ok, então você está bem. — Debochou se sentando para comer.
Como eles deram conta das suas necessidades quando eu estava em
coma? Estou prestes a andar pelas paredes. Preciso me masturbar
urgentemente, mas não posso pedir para um deles me levar ao quarto, porque
eu sei que irei atacá-lo logo que entrarmos no quarto. Meus olhos se
prendem em Oliver, que sorri de lado, ele sabe. Me sirvo com um pouco de
comida e me forço a encher a boca, quando na verdade queria estar
enchendo com outra coisa.
Eu sempre tive a mente tão depravada assim?
Sorrio vendo a felicidade de Harper em comer a comida de Jayden, é
perceptível o quanto ela ama as comidas que ele prepara especialmente para
ela. Jayden me olha assim que leva outra colher de comida para a boca dela,
sinto meu interior vibrar com o sorriso que ele me dá junto de uma piscada.
— Amanhã precisaremos ir para empresa rever algumas coisas que
deixamos de lado, você ficará bem com nossa mãe te ajudando? — A
pergunta de Jordan me tira dos pensamentos mais indecentes que já tive,
estou começando me assustar comigo mesma.
— Claro.
— Titio Oli. — Meu coração para de bater quando viro meu rosto
para Harper chamando Oliver. Ela o chamou de titio?
— Eu sei muito bem o que a senhorita quer, e não, amanhã não irá
com o titio para a empresa.
Titio? Porque ele a trata... Eu pensei... Meus olhos se enchem de água
e nem sei por qual motivo, por ele não a ver como sua filha ou por saber que
isso me machuca tanto.
— Ela... ela não te chama de papai? — Pergunto e os olhos de todos
na mesa se arregalaram como se só agora se dessem conta que eu não sabia
disso. — Por quê?
— Samantha...
— Por quê? — Insisto. Oliver suspira baixando o garfo no prato.
— Porque eu não sou o pai dela. — Sua resposta me machuca. — Eu
sou apenas o tio, e é isso que continuarei sendo.
Baixo a cabeça tentando compreender suas palavras, se ele se
considera apenas seu tio, por que seus irmãos me deram a entender que ele
se considerava seu pai? Levanto minha cabeça e a expressão de dor em
Oliver me faz engolir as palavras que estava prestes a despejar sobre ele.
Volto a comer minha comida não querendo tratar desse assunto na frente da
nossa filha, mas assim que ela dormir, terei uma conversa muito definitiva
com os quatro.
Merda! O olhar de Samantha está baixo, é nítida sua tristeza, ela não
deveria descobrir sobre minha decisão dessa forma. Eu sei que deveria ter
contado sobre minha escolha antes, mas com a sua revelação das memórias
perdidas e recuperadas, e a vontade de ir ver seus ex, me fez querer esperar
o momento certo para termos essa conversa.
Espero que ela possa me entender, depois de tudo que passei com o
aborto do meu filho, e o que acabou acontecendo com ela por minha culpa,
eu percebi que não nasci para ser pai, e tudo bem para mim. Eu amo a
Harper, e aceito ser apenas seu tio na sua vida. Mesmo que às vezes ela me
chame de papai sem perceber, eu continuo a ensiná-la a me chamar de tio. É
o melhor para todos, e uma garantia de que eu nunca vou fazer merda com
nenhuma criança que Samantha vier a ter com meus irmãos, além da Harper.
Meus olhos se encontram com os de Samantha, e a tristeza que eu vi
ali a poucos segundos dá lugar para uma ferocidade que me faz engolir em
seco. Ajeitei sutilmente a gola da minha camisa, porque de repente ela
parece muito apertada no meu pescoço.
Eu imagino que para Samantha eu sou todo errado, que eu piso na
bola com ela incontáveis vezes, e ela está certa de pensar assim. Contudo,
como explicar a ela que minhas atitudes são para me proteger? Proteger
meus sentimentos que foram muito machucados da primeira vez que me
joguei de cabeça em um relacionamento. Eu a amo. Desde que a vi pela
primeira vez ela me hipnotizou, me fez enxergá-la quando eu não via nada
nem ninguém além do meu ego, além da minha arrogância. A Samantha me
fez amá-la quando eu acreditei não ser mais capaz. Eu errei com ela, errei
muito, ela não me conhece além do que eu deixo transparecer, e sei que se
não mudar irei perdê-la, e não terá outro culpado além de mim mesmo.
— Tudo bem, Oli? — Levanto a cabeça e todos estão me encarando,
fiquei tanto tempo perdido nos meus próprios pensamentos que nem percebi
o momento que chamei a atenção deles para mim.
— Sim. — Minto. Por mais errado que seja, às vezes a mentira é o
caminho mais fácil para alguém que está perdido na rede de verdade que
seus sentimentos o prenderam. Esse é o meu caso.
— Está tudo bem, Oliver, tem certeza? — Ali está ela, minha
petulante de nariz arrebitado pronta para chutar minhas bolas com toda a
força de que for capaz.
— Claro.
Baixo a cabeça, não quero ter que olhar para a raiva que Samantha
estampa em seu rosto, ela não faz mais questão nenhuma de esconder que
quer me matar. Eu imagino que ela está apenas esperando Will subir com a
Harper para pular no meu pescoço. E eu posso culpá-la? Não caralho, eu
não posso.
— Está suando, ou é impressão minha? — Pergunta sorrindo.
— Não, eu estou...
— Bem. Eu ouvi da primeira vez, Oliver, eu não sou surda, apenas
trouxa.
Ela vai mesmo me matar.
— Hora de subir com a Harper. — Will pulou da cadeira. — Dê boa
noite para todos, meu amor.
Harper vai um pouco no colo de cada um, recebendo seu abraço e
beijo de boa noite. Os olhos de Samantha me perfuram com todas as
promessas de retaliação possíveis. Será que ela irá me dar outra lição?
Espero que não, não suporto mais ter quer me masturbar todos os dias como
se fosse a porra de um adolescente de novo.
— Precisa de ajuda, Will? — Jay se oferece e Will assente.
Cacete, eu não posso ficar sozinho com essa mulher.
— Eu tenho alguns documentos que preciso ler, daqui a pouco eu
desço para te ajudar com banho e cama. — Jordan conversa com Samantha
que sorri para ele.
— Amei a parte da cama.
— Eu sei que amou. — Sem Harper na cozinha Jordan quase engole
Samantha com seu beijo. — Até daqui a pouco, Sam.
Jordan sai da cozinha sem me olhar. Eu sei que meus irmãos estão
querendo que eu me foda, quantas vezes eu ouvi a reprovação deles por
conta da minha atitude com a Harper? E eles foram bem sinceros ao me dizer
que quando Samantha descobrisse iriam me deixar se foder sozinho. Dito e
feito.
— Samantha...
— Você não fala, você apenas escuta. Que merda passa na sua
cabeça? Titio? Está de sacanagem comigo, porra?
— Você não entende.
— Eu não entendo? Eu entendo muito bem, e só irei fazer uma
pergunta para você. — Engoli em seco. — É isso que você quer... quer ser
apenas o titio da Harper? — Perguntou debochada.
— Samantha...
— Responda à pergunta. — Fechei os olhos, respirando fundo eu
respondi.
— Sim.
— Tudo bem.
Suspiro aliviado por ela me entender. Eu não quero que minha
decisão afete o que temos, ou afete o crescimento da Harper, apenas quero o
que eu acredito que mereça, e por mais que me doa confessar, eu não mereço
ter a Harper como filha, por minha culpa ela quase não nasceu, e por muito
pouco quase perdeu a mãe.
— Se você quiser, posso te ajudar com o banho e cama. — Pisco
para ela querendo aliviar o clima que ficou, mas ela não sorri. — Estamos
bem?
— Estamos. — Responde de nariz em pé. — Eu apenas não acho
certo, que o titio da minha filha, e irmão dos meus homens se ofereça para
me dar banho e me colocar na cama.
— Do que você está falando? — Pergunto com o coração apertado.
— Oliver, você fez sua escolha e eu acabo de fazer a minha. Você
escolheu ser apenas tio da minha filha, e eu escolhi que você será apenas
meu cunhado. A partir de hoje o que tínhamos acabou.
Arregalo os olhos, Samantha não pode estar falando sério. Abro a
boca para questioná-la, mas nesse momento Jordan e Jayden entram na
cozinha também de olhos arregalados.
— Sam...
— Me ajudem a subir para meu quarto? Quero descansar. —
Samantha corta o que Jay ia dizer e meus irmãos a ajudam com o que pediu.
— Boa noite, Oliver.
— Boa noite.
Eu pensei que estava fazendo o certo, mas eu não poderia estar
mais errado... Eu a perdi.
Cheguei no meu limite! Oliver quer continuar sendo um cabeça dura?
Pois que seja, faço questão de esfregar na cara dele o que está perdendo. Há
duas semanas tenho sido paciente, tenho dado o espaço para ele pensar na
sua escolha, estava tentando ser compreensiva e essas merdas. No entanto,
eu esqueci de algo muito importante, eu não estou lidando com qualquer
pessoa, eu estou lidando com o babaca arrogante que eu conheci há mais de
um ano e que virou minha cabeça de pernas para o ar, e isso foi a melhor
coisa que ele poderia ter me feito.
Com minhas muletas, ando devagar pelos corredores da empresa. Irei
mostrar para o babaca cretino o que ele está perdendo. Irei fazê-lo se
arrepender da sua escolha por todos os dias em que viver. Minha sogra ficou
com Harper e me ajudou a chamar o táxi, desde que comecei a sustentar meu
corpo, e a dar os primeiros passos, tenho aguentado todas as escolhas de
Oliver, e como ele tem sido um covarde, eu mal tenho o visto pela casa. Ele
vive refugiado na empresa e é por isso que estou aqui.
Eu o amo, eu amo aquele babaca cabeça dura, e por isso eu não
posso desistir dele. Apesar de tudo, foi ele que estendeu a mão e me ajudou,
foi ele que me trouxe as pessoas que mais amo na vida, e eu preciso fazer o
mesmo, não por achar que eu tenho obrigação, e sim porque sou incapaz de
me sentir completa sem ele.
Com passos lentos me encaminho para a sala de reuniões, onde irei
colocá-lo no seu lugar de uma vez por todas. Ele acha mesmo que vai sair
dessa ileso? Que eu esqueci sua ousadia de dizer que quer ser tio da nossa
filha, quando ambos sabemos que seus olhos dizem outra coisa? Oliver
acredita que eu não o vi todas as madrugadas entrar no quarto da Harper e
dizer o quanto a ama? O quanto queria que ela fosse sua filha? Pois eu vi,
percebi, e ouvi, e o amo ainda mais por isso, porque demorou para eu
entender, mas agora eu entendo seus motivos.
Culpa.
Pouco me importando para o rosto sério de Oliver que vejo através
do vidro da sala de reunião, me encaminho decidida a dar fim na nossa
separação de corpos, eu quero estar com eles, quero amá-los e ser amada.
Quero que meu corpo transmita tudo que eu sinto por eles. Abro a porta sem
fazer barulho, e meus olhos recaem sobre a sócia.
— Podemos fazer outra reunião naquele hotel, da última vez tivemos
uma grande vitória. — Ela diz tocando sutilmente no braço dele que sorri
fazendo meu sangue ferver.
— Oli, acho que poderíamos fazer a reunião em outro lugar, de
preferência em um restaurante no horário do almoço.
— Jordan, Meg está certa, a reunião será no hotel, depois que
terminarmos poderemos jantar.
— Claro, por que não? Jantamos no hotel, e assim que colocarmos os
pés dentro de casa, Samantha nos come vivos. — Jay brinca. — Nada contra
ser no hotel, mas poderia ser no horário comercial.
— Jay está certo. — Will concorda.
Me escondo atrás do vaso gigante e ostentoso que Oliver colocou
dentro da sala, e continuo a ouvir.
— Vocês precisam saber dividir as coisas, é trabalho, e a namorada
de vocês terá que entender. — A sócia diz como se me conhecesse, e não me
passou despercebido o deboche na palavra namorada.
— Meg, está certa, conversem com sua namorada e expliquem a
situação. — Como dói ouvir essas palavras de Oliver, ele não percebe que
eu ainda pertenço a ele como pertenço a cada um dos seus irmãos?
— Por que você não explica? Diga a ela com essas mesmas palavras.
— Jay joga de volta.
Cansada de ser boazinha com Oliver, me faço presente e cinco
cabeças se viraram para o barulho que faço ao derrubar sem querer o vaso
super hiper mega caro de Oliver.
— Ops, derrubei. — Os olhos de Oliver me fuzilam, mas ele não diz
nada, e é assim que ele tem se safado do que sente por mim. Oliver tem
evitado discutir comigo, porque ambos sabemos que é assim que nós
queimamos um pelo outro.
— Sam, você decidiu vir. — Jay se anima.
Desde que comecei a dar os primeiros passos ele tem me incentivado
a vir na empresa. Ele estava mais ansioso do que eu para esse confronto com
o Oliver.
— Sim, pode me ajudar? Não quero me machucar nesses caquinhos
de vaso edição rara alguma merda quebrados. — Mordo um sorriso quando
vejo Oliver cerrar os punhos.
Ah, Oliver, você não imagina que até o final desse dia queimaremos
em fogo vivo.
Meus olhos percorrem cada um, sinto a vibração da provocação
vibrar dentro de mim. Hoje irei colocar Oliver no seu lugar e de quebra
mostrar para essa sócia que esses homens são comprometidos. Oliver cerra
seus olhos para mim, e com um sorriso angelical nos meus lábios me sento
com a ajuda de Jay na outra ponta da mesa, bem à frente de Oliver, pronta
para enfrentá-lo. Finjo que minha presença era esperada, e como sou a
namorada dos donos, eu posso dar minha opinião em qualquer assunto que
eles estejam debatendo. Isso vale para a merda do hotel.
— Sobre o que falavam mesmo? — Indago tamborilando os dedos na
mesa.
— Ela faz parte do conselho? Não sabia que ela tinha ações, Oliver.
— Meg disse levando a ponta da caneta para os lábios.
Meus olhos foram automaticamente para o homem carrancudo na
minha frente, inclinei meu corpo um pouco, colocando meus seios sobre a
superfície de madeira como um banquete oferecido para ele. Seus olhos
automaticamente caíram no meu decote, que por estar com pressa não tive
tempo de colocar um sutiã. Sua mão aperta a caneta, e um sorriso nasce no
canto da minha boca.
— Responda, Oliver. Eu faço parte do conselho? Eu tenho ações? —
Desafio.
Ninguém diz nada, os olhos de todos ficam indo e vindo entre Oliver
e eu, está claro para todos que uma batalha está acontecendo entre nós dois,
seus irmãos estão cientes o que essa disputa entre nós dois irá levar. Oliver
molha os lábios com a língua, dando início ao nosso jogo louco e excitante.
No mesmo instante os bicos dos meus seios endurecem, cruzo as pernas,
conhecendo os golpes baixos dele.
— Samantha está assumindo a parte da filha na empresa. Como
Harper ainda é uma criança, ninguém melhor do que a mãe para cuidar do
seu futuro. — Responde sem desviar os olhos dos meus. — Estou errado,
senhorita Mitchell?
Estou suando?
— Não, está super certo, senhor B. — Molhei meus lábios,
passeando com minha língua bem devagar por eles. — Você sempre toma as
melhores decisões. — Me inclinei ainda mais sobre a mesa. — Graças a
você descobri que três é meu número perfeito, não sei de onde eu tirei que
seria quatro. Obrigada por isso.
— Bem, voltando ao assunto do qual estávamos tratando...
— Não precisa voltar ao assunto, eu quando entrei escutei um pouco
da conversa. — Interrompi Meg. — E você está certa... Ai, desculpe, posso
chamá-la de você? — Perguntei me fazendo de tola.
— Mas é claro.
— Então, continuando o que eu estava dizendo, eu concordo com a
reunião no hotel. — Disse fazendo Will, Jordan e Jay se mexerem no lugar.
— Um jantar seria muito agradável.
— É o que penso também. — Sorriu se virando para Oliver. — Será
meu acompanhante?
Oliver buscou meu olhar, fazendo todos olharem para mim mais uma
vez. Dessa vez, apenas dessa vez, transmiti tudo que eu estava sentindo com
meu olhar. Se Oliver aceitar ser o acompanhante dela, eu irei deixá-lo seguir
com sua vida. Eu o amo, contudo, quantas vezes mais terei que pausar minha
felicidade para esperar que ele perceba que somos perfeitos quando estamos
todos juntos?
— Eu...
— Ah, Oliver, vai me deixar ir sozinha? Seus irmãos irão com a
namorada...
— Samantha. — Interrompi com raiva borbulhando dentro de mim.
— Meu nome é Samantha, por favor, não me limite apenas como a namorada
deles.
— Desculpe, eu não tive...
— A intenção? — Questionei cansada dessa merda — É óbvio que
teve, e ao contrário do que pensa isso não me faz menos do que eu sou, eu
amo ser a namorada deles.
— Samantha...
— Não comece com Samantha, Oliver. Irei ser bem clara agora. —
Me levantei apoiando as mãos na mesa para sustentar meu peso. — Cansei
das suas merdas, vê se você decide o que quer de uma vez. Se me ama, se
me quer na sua vida, acho bom fazer alguma coisa, ou irá me perder para
sempre. Eu não irei ficar esperando a água bater na sua bunda fazendo você
acordar. A porra do acidente não foi sua culpa, mas cada escolha que você
toma para me manter longe de você é. Eu não posso continuar amando um
homem que vive preso numa culpa que não existe, não é justo comigo, não é
justo com seus irmãos e muito menos é justo com nossa filha. Se é isso que
você quer, eu irei embora da sua vida Oliver, irei morar em outro lugar com
seus irmãos, estamos construindo uma família, e não brincando de casinha.
— Sam. — Will se colocou do meu lado assim que me desequilibrei
tentando pegar minhas muletas para ir embora. — Tudo bem?
— Estou cansada, e com um pouco de dor. — Confessei. — Eu
precisava tentar, Will, apesar de ser um babaca, eu amo seu irmão. —
Sussurrei apenas para que ele pudesse me ouvir.
— A reunião acabou? — Jordan perguntou sério, eu nunca o vi assim
antes.
— Sim. — Oliver respondeu, mas não tive mais coragem para
encará-lo.
— Perfeito, estamos indo embora levar nossa mulher para casa. —
Meus olhos marejaram, depois de tudo que falei Oliver não se moveu do
lugar, não disse nada e isso está me machucando mais do que imaginei.
Jordan parou na minha frente, e com a mão tocou gentilmente meu
queixo levantando minha cabeça. Seus olhos pareciam estar decepcionados,
sem dizer nada encostou sua boca na minha. Seu beijo foi casto, mas o
suficiente para me lembrar o quanto eu o amo, o quanto amo Jay e Will, e
não posso mais evitar me entregar de vez para eles, por esperar alguém que
nunca foi meu.
— Eu te amo, Jordan. — Sussurrei, não planejei me declarar assim,
ainda mais tendo plateia, mas chega de me privar de ser feliz.
— Eu te amo, Sam — respondeu me beijando sem reservas, minha
boca se afastou da dele e me virei para meu lado onde Will ainda me ampara
pela cintura.
— Eu te amo, Will.
— Eu te amo, Sam.
Nos beijamos e um sorriso desabrochou nos meus lábios, segurei
forte no seu cabelo, sentindo a excitação varrer meu corpo. Senti alguém
posicionado atrás de mim, e ao me virar Jay me aguardava com um sorriso
enorme nos lábios.
— Eu te amo, Jay.
— E eu amo você, Sam.
Me assustei assim que Jay me pegou no colo, suas mãos segurando
minha bunda com vontade. Um arrepio correu pelo meu corpo, ao sentir o
pau duro de Will na minha bunda.
— De todas as decisões que você já tomou, Oliver, essa com a
fodida certeza é a pior. — Jordan disse abrindo a porta para Jay passar me
carregando no colo. — A partir desse momento você não é nada de
Samantha, além de cunhado é claro. Então se mantenha longe dela.
Uma pontada de tristeza atravessou meu corpo, Will deu um beijo na
minha testa, receber o carinho deles ameniza um pouco o vazio que estou
sentindo dentro de mim. Direciono uma última olhada para Oliver, e o que
vejo parte meu coração. Oliver se mantém calmo, como se nada demais
estivesse acontecendo. Sua sócia toca gentilmente seu braço, mas Oliver não
faz nada além de me olhar, viro meu rosto libertando Oliver do que ele não
quer.
Eu.
Assim que abro meus olhos encontro dois corpos me prensando.
Sorrio travessa sentindo seus paus duros me tocando, desde que resolvemos
seguir com nosso relacionamento Jordan, Will e Jay decidiram não me tocar
enquanto eu não estiver 100% melhor, não querem que eu apronte e leve
mais tempo com as muletas, o que é um exagero da parte deles, mal tenho as
usado.
Enquanto não escolhemos uma casa para morarmos, continuamos a
morar com Oliver, e isso não tem sido fácil. Apesar de eu saber que estou
fazendo o certo, que pela primeira vez estou pensando em mim e na minha
felicidade, ver ele todos os dias não me ajuda a esquecê-lo e muito menos a
deixá-lo de amar. Nossa rotina mudou drasticamente, Oliver não come mais
conosco, sua relação que antes era harmoniosa com seus irmãos, há uma
semana tomou outro rumo. Will, Jay e Jordan têm ciúmes de Oliver, eles não
veem mais o irmão como meu parceiro. Oliver fez sua escolha, e como
Jordan mesmo me disse agora ele terá que arcar com ela.
Saindo dos meus pensamentos depressivos em relação a Oliver,
voltei a prestar a atenção em Jay e Jordan, que ainda continuam a dormir.
Ontem quando foi a vez de eu dormir com Will e Jay, eu quase convenci os
dois a fazerem sexo comigo, mas a chegada de Jordan para me desejar bom
dia estragou meus planos. A cada noite eles se revezam e dois dormem
comigo, enquanto o outro dorme no seu quarto, tem funcionado para nós,
apesar de eu querer estar com os três ao mesmo tempo.
Sinto a pressão do pau de Jay na minha bunda, e sem vergonha
nenhuma, empurro de volta, meu interior se ascende desejando algo que há
tanto tempo não sei o que é. Escorrego para os pés da cama, me colocando
de quatro e não penso muito. Puxo devagar a cueca de Jay, seu pau descansa
no seu abdome, as veias me fazem engolir em seco, minha boca enchendo
d’água querendo sentir seu gosto na minha língua.
Baixo minha cabeça lambendo onde vaza um pouco do pré-sêmen,
seu gosto explode na minha boca, e o desejo tanto tempo evitado domina
todas as minhas vontades. Seguro seu pau, colocando a pressão certa,
fazendo Jay gemer, abocanho seu pau fechando os olhos para aproveitar cada
segundo. Sinto uma mão acariciar minha cabeça e olhando para o lado me
surpreendo vendo Jordan acordado.
— Ele pensa que está sonhando — Olho para Jay que continua a
dormir. — Mama mais forte. — Jordan pede rouco, obedeço com prazer
arrancando mais gemidos de Jay com minha boca.
Minha calcinha se encontra encharcada, chupo o pau de Jay sem tirar
os olhos de Jordan, que tira seu pau de dentro da cueca e o manipula
devagar, encantada com sua masturbação lenta viro minha bunda para seu
lado, dando a visão da minha calcinha arruinada.
— Porra.
Seus dedos não demoram para estar me tocando por cima do tecido
molhado, com a boca cheia meu gemido é reprimido assim que Jordan rasga
minha calcinha. Mamo mais forte e mais rápido fazendo o gemido rouco de
Jay soar alto demais, seus olhos se abrem confusos, mas logo que eles
pousam em mim, um sorriso safado se abre na sua boca.
— Princesa... caralho.
— Está bom, Jay? — Jordan perguntou enfiando dois dedos na minha
boceta, que os apertou de tão sensível que ela está — Porque a boceta da
Sam é o paraíso de tão encharcado e apertado.
Gemi alto, os dedos de Jordan se aprofundaram ao mesmo tempo que
Jay me fez levar mais do seu pau. Revirei os olhos desejando ter meu
orgasmo, rebolei nos dedos de Jordan, levei um tapa ardido na bunda,
ampliando ainda mais minha excitação.
— Jordan...
— Suga meus dedos com sua bocetinha apertada. — Recebi mais um
tapa.
— Sam, estou perto. — Parei de chupar o Jay que me recriminou
com o olhar.
— Eu preciso que me fodam, e preciso... agora. — Gemi depois que
senti a língua de Jordan bater no meu clitóris por trás, suas mãos na minha
cintura me mantendo quieta. — Oh, merda.
— Goza na minha língua — ordenou segurando mais forte na minha
cintura, não me deixando escapar da sua língua faminta. A excitação
reprimida cresceu dentro de mim e assim que a libertação me atingiu gozei
intensamente gritando o nome de Jordan.
Não tive tempo de me jogar de costas na cama para acalmar minha
respiração, Jay me puxou para seu colo pegando um preservativo de não sei
onde, cobrindo seu pau se encaixando em mim logo em seguida. A
penetração foi rápida, por mais molhada que esteja, não estava preparada
para sentir o pau de Jay dentro de mim. O tamanho de Jay acertou o lugar
certo, me fazendo fechar os olhos, para me entregar ao prazer que ele está
me fazendo sentir.
— Abra os olhos, eu quero ver seus olhos embriagados de excitação
quando meu irmão fizer você gozar. — Não foi um pedido, no sexo, Jordan
não pede, ele ordena. — Jay, fode a bocetinha de Sam, sem pena, vamos
deixá-la nos sentir o dia todo. — As palavras de Jordan tiveram um efeito
enorme em mim, eu amo ouvir sua boca suja.
— Eu quero os dois.
— Samantha, não provoque, caralho. — Jordan olhou para o teto,
sussurrando alguma coisa que não fui capaz de ouvir. — Sabe o quanto
temos pegado leve com você desde que a conhecemos?
Eles estavam pegando leve?
— Cavalga, Sam, fode meu pau com essa bocetinha apertada. —
Acelerei meus movimentos, Jay brincava com os bicos duros dos meus
seios, enquanto Jordan manipulava seu pau, deixando minha boca salivando.
— Vem, Jordan. — Mordi o lábio inferior com os olhos presos nos
movimentos da sua mão. — Me fode gostoso, eu quero ter os dois dentro de
mim.
— Porra, Samantha.
— Isso mesmo, eu quero sua porra na minha bunda.
Jordan sorriu pegando um preservativo dentro da gaveta do criado-
mudo, desenrolando pelo seu pau sem nenhuma pressa, apreciando meu
desespero de querê-lo dentro de mim. Jay retirou seu pau, em uma conversa
muda com seu irmão que eu não entendi. Jordan sondou minha boceta,
lambuzando seus dedos na minha excitação, levando para o meio da minha
bunda, seus dedos foram introduzidos aos poucos, causando um arrepio
gostoso pelo meu corpo. Eu amo fazer sexo anal, o prazer que a dupla
penetração me causa, é um prazer sem precedentes.
— Jordan... eu preciso...
— Está gulosa para receber dois paus? — Gemi, assim que senti
dois dedos de Jay invadirem minha boceta. Jordan e ele me fodiam ao
mesmo tempo, outro orgasmo estava sendo construído.
— Não, eu estou ansiosa para receber os seus paus.
Recebi um tapa forte na bunda, fui puxada por Jayden, que me
penetrou com apenas uma estocada, Jordan se posicionou atrás de mim, a
ponta do seu pau testando quão pronta eu estava, relaxei dando o
consentimento para ele me penetrar mais. O prazer que tomou meu corpo por
sentir os dois dentro de mim, me fez fechar os olhos e me entregar ao prazer
e amor que eles poderiam me dar.
Com uma felicidade que não cabe em mim, desço para preparar o
café da manhã, ainda pensando na boca gostosa de Sam mamando meu pau, e
na sua bocetinha apertando meu pau, enquanto me cavalgava gostoso demais.
Jordan ficou de passar no quarto da nossa filha para pegá-la, Sam voltou a
dormir depois que a fodemos mais uma vez. Afinal ela precisava descansar.
Assim que chego na cozinha sou pego de surpresa por ver Oliver
sentado tomando café, a dias meu irmão tem evitado estar conosco. Será que
ele pensou melhor na merda que está fazendo? Seus olhos levantam e me
encaram, Oliver parece irritado, seus olhos estão vermelhos, e eles só ficam
assim quando ele está muito bravo. Algo aconteceu na empresa e ele não nos
contou?
— Bom dia, Oli.
— Dia. — Respondeu de má vontade.
— Está tudo bem na empresa?
— Está tudo bem, por quê?
— Quero saber o motivo da sua cara de merda. — Oliver bateu a
caneca na mesa com força.
— Talvez, o motivo seja que quando estou em casa quero descansar
e não ficar ouvindo sua namorada gemer como uma...
— Como uma o quê, Oliver? — Perguntei irritado. Will surgiu na
cozinha ao lado de Jordan que segurava Harper no colo, o rosto dos meus
irmãos estão sérios, provavelmente eles também ouviram. Não gostei do
modo que Oliver estava prestes a se referir a Sam.
— Deixa para lá.
Jordan não cumprimentou nosso irmão mais velho, assim também fez
Will, a única a cumprimentá-lo foi nossa princesinha, que sentou no seu colo,
fazendo Oliver mudar sua cara de merda. Ficamos em silêncio, não tinha
assunto para conversar com Oliver, e o que Jordan, Will e eu poderíamos
conversar envolveria Sam, e Oliver não tinha mais direito de saber nada
sobre nossa mulher, ele fez sua escolha, mesmo eu sabendo que foi a escolha
mais idiota do mundo.
Continuei preparando as panquecas que Harper e Sam amavam
comer, que não percebi quando Sam entrou na cozinha, apenas senti seu
cheiro chegando até mim. Me virei, e ela está linda, suas bochechas
vermelhas, os lábios inchados, daria tudo para colocá-la deitada na mesa
para saber se sua bocetinha também está inchada.
— Bom dia. — Ela disse abaixando ao lado de Oliver, para beijar
nossa filha no rosto. — Está linda, meu amor. — Harper sorriu com o elogio.
Ainda não contamos para Harper que Samantha é a sua mãe, estamos
pensando em dizer daqui uma semana. Jordan e Will estão vendo uma casa
para nos mudarmos, depois que estivermos na nossa nova casa, contaremos
algumas coisas para nossa filha, de um jeito que de primeiro momento ela
possa entender, e conforme ela for crescendo iremos esclarecer as dúvidas
que possam vir a surgir.
— Bom dia. — Sam se aproximou de Will dando um beijo rápido no
canto dos seus lábios. — Espero que tenha aproveitado os sons dos meus
gemidos, porque Oliver não gostou nada disso. — Sam alfinetou Oliver, está
claro que ela ouviu o que ele disse. — Me desculpe, Oliver, não voltará a se
repetir.
— Eu amei muito os sons, aproveitei cada segundo. — Will
respondeu levantando a mão esquerda.
— Poderiam mudar de assunto? Isso não é o tipo de conversa que
devem ter na frente de uma criança. — Oliver resmungou, enquanto Harper
no seu colo estava entretida com sua boneca, não ouviu nada do que a Sam
disse, está claro que meu irmão quer implicar.
— Oliver está certo. — Sam respondeu, pegando Harper no colo. —
Peço desculpas mais uma vez, não voltaremos a conversar sobre isso quando
você estiver presente.
Soltei uma risada baixa. Tem como não amar essa mulher? Will e
Jordan me acompanharam, Oliver fechou seu rosto se colocando de pé. Uma
verdadeira criança birrenta. Sam o encarou e depois balançou a cabeça,
baixando os olhos para nossa filha. Ela o ama, Sam ama o babaca do meu
irmão, que não faz nada além de magoá-la.
Coloquei as panquecas prontas na mesa, Sam lambeu os lábios,
Harper sorriu, meu peito encheu de orgulho por saber o quanto minhas
garotas amam minha comida. Oliver olhava de Sam para nós, seu rosto
tomou uma expressão fria de repente, algo no que ele viu o incomodou a
ponto de ele usar sua expressão de desprezo.
— O jantar com a Meg, será amanhã, estava quase esquecendo que
ontem quando nos encontramos e ela me lembrou que eu não confirmei se
vocês iam. — Oliver disse e um sorriso se abriu. — O pequeno jantar sofreu
algumas alterações, será para mais pessoas do que Meg disse. Será um jantar
de gala, eu não sei se seja apropriado...
— Estaremos lá. — Jordan o cortou. — É bom que tenha bastante
pessoas, assim podemos assumir para todos nossa relação poliamor.
— Jordan...
— Eu disse que estaremos lá, Oliver, que tal agora você cuidar da
sua vida?
Oliver engoliu o que estava prestes a dizer, seus olhos correram por
todos parando na Samantha. Meu irmão babaca e cabeça dura assentiu
saindo da cozinha nos deixando sozinhos. Sam apoiou a cabeça na mão, isso
está uma merda, precisamos nos mudar, porque enquanto morarmos com
Oliver, Sam nunca irá superá-lo.
Tudo está uma merda, meus pensamentos não focam em nada que não
seja nela, está insuportável estar na presença dela e não poder tocá-la, não
poder calar aquela boca esperta com a minha. Samantha está me
enlouquecendo, caralho. Precisava ter gemido tão alto? E vê-la de manhã
com aquela expressão de bem fodida, não ajudou em porra nenhuma. Minha
vida está um inferno, meu arrependimento não me deixa dormir em paz, a
única coisa que tem me ajudado é a bebida, mas até isso eu tive que
abandonar, eu sei o quanto Samantha sofreu com o pai alcoólatra, e eu não
poderia causar a mesma dor, por mais que ela não esteja comigo.
Eu amo demais aquela petulante, e por que eu não consigo reparar
minhas merdas e correr atrás dela? Eu estou infeliz sem ela, mas não consigo
dizer, eu não consigo expressar o que estou sentindo. Se Samantha olhasse
com mais atenção nos meus olhos, ela veria tudo o que eu não sou capaz de
dizer. Meu silêncio não bastaria para ela, e é por isso que eu estou decidido
a deixá-la ser feliz com meus irmãos, eu não sou o homem certo para esse
tipo de relacionamento, sei que poderia machucá-la ainda mais com minhas
atitudes.
Sentado no meu escritório, me escondendo de todos, penso no que
gostaria de estar fazendo agora, como amaria provocar Samantha, deixá-la
irritada para depois beijá-la com todo o fogo que acende quando estamos
juntos. Meu pau está tão duro, que não sei mais o que faço para ele baixar,
me masturbei ouvindo Samantha gemer com os paus dos meus irmãos a
fodendo, e desde então meu pau quer mais do que a porra da minha mão.
Meus pensamentos são desviados com batidas na minha porta, era só o que
me faltava. Qual dos meus irmãos veio encher a porra do meu saco?
— Entre.
A porta se abriu, e minha mão foi automaticamente para meu pau, o
apertei com força querendo dar fim a minha loucura chamada Samantha
petulante Mitchell. Ela entrou na minha sala, com o nariz empinado, o
caralho do vestido tão curto que se a debruçar na minha mesa poderia ver
sua boceta coberta pela calcinha. Seus peitos são tão bons de olhar, que
daria tudo para saber se estão bons de chupar. Seus olhos percorrem minha
sala, como se estivesse procurando alguma coisa, e o que ela está
procurando é o que estou segurando.
— Perdeu alguma coisa, Samantha? — Perguntei, sendo o babaca
que no fundo sei que ela gosta.
— Não, estava apenas procurando se teria algum vaso raro, não
quero correr o risco de quebrar sem querer. — Sorriu e meu sangue ferveu.
— Bem lembrado, sabe quantos custou aquele vaso que
acidentalmente você quebrou?
— Sarcasmo? Sério, Oliver? Não combina com você — se sentou na
cadeira à minha frente. — E se quer mesmo falar do acidente que aconteceu
vários dias atrás, a única coisa que posso te dizer é desculpa, acidentes
acontecem.
Acidente é o caralho.
— O que aconteceu para você estar aqui? — Cortei a conversa, não
quero ficar perto dela além do necessário. — Seus namorados não estão na
empresa?
— Estão, eles estão com a Harper, enquanto estou aqui tentando
estabelecer uma conversa com um babaca como você.
— Começamos com os elogios? — Perguntei, mas pelo semblante
furioso da Samantha decidi dar um fim logo nessa merda, ou em poucos
minutos estarei a fodendo em cima da mesa. — O que você quer conversar?
— Molhou os lábios, sorrindo como a porra do anjo que ela não é.
— Quero voltar a trabalhar...
— Nem fodendo. — A interrompi.
— Oliver, eu quero trabalhar e se não for aqui, será em outro lugar,
mas infelizmente os outros lugares não me darão horários flexíveis.
— Horários flexíveis? — Ela pensa em trabalhar por quantas horas?
— Quanto horas pensou?
— Bom, eu pensei em TDDMV. — Deu os ombros.
— TDDMV? E que porra é essa? Trabalhar depois de mamar você?
Eu não sou contra, mas seus namorados podem não gostar.
— Você é um babaca nojento. — Faíscas pulavam dos seus olhos. —
TDDMV significa: Trabalhar dependendo da minha vontade.
— Ah, claro, e o que mais a madame quer? Posso te pagar
dependendo da minha vontade também?
— Não dá para conversar com você. — Se colocou de pé. — De
qualquer forma, eu quis vir apenas para você continuar acreditando que
manda em alguma merda, mas já estava resolvido. Começo amanhã. — Me
coloquei de pé também.
— Você não irá trabalhar para mim.
— Eu vou!
— Não vai, eu sou o CEO desta empresa, sou eu quem decido e
ponto final. — Samantha se inclinou para frente nossos rostos a poucos
centímetros um do outro.
— Eu começarei amanhã.
— Samantha, não me provoque, caralho!
— Eu adoro te provocar.
— Eu sei que adora, a petulância que existe em você não é deste
mundo.
— Assim como sua arrogância e babaquice. — Nos encaramos, nos
desafiamos, meu pau está muito duro, e aposto que a calcinha dela está
encharcada, mas inferno.
— Pode dizer o que quiser, mas eu sei que você adora minha
arrogância e babaquice. — Ela ficou quieta. — O que foi, não tem nada para
me falar? Não vai tentar ao menos negar?
— Na verdade, eu amo sua arrogância e babaquice, eu te amo do
jeito que você é. — Fechei minha boca pego de surpresa pela sua
declaração. — Mas antes de te amar, eu me amo, Oliver, e não aceito menos
do que eu mereço. E eu mereço muito mais que migalhas. Eu começo
amanhã, e por causa desse show que você me fez dar precisarei me
desestressar. — Samantha estendeu a mão para mim e enruguei a testa não a
entendendo. — Me passe o seu cartão de crédito, babaca.
— É o quê?
— Além de falar, agora precisarei desenhar? — Desdenhou. —
Quero que me dê seu cartão de crédito, irei ao shopping para gastar horrores
nele, e estando lá irei comprar meu vestido para o jantar de gala da sua
sócia.
— Você está estressada por minha causa e quer meu cartão para se
desestressar? — Perguntei debochado.
— Sim.
— Estou com o pau duro desde que fui acordado pelos seus gemidos,
o que você irá me dar para me ajudar com o meu problema? — Perguntei
fazendo Samantha olhar para meu pau, que pulsava quando a maldita lambeu
os lábios.
— Err... O cartão, Oliver. — Ordenou e meu pau gostou da sua
autoridade. Estou fodido. Sentei-me na cadeira, abri a gaveta pegando minha
carteira, tirei meu cartão de crédito, que não sabe o que é ficar quente desde
que meus irmãos o pegaram para comprar as coisas da Harper.
— Aqui está, espero que seus namorados não fiquem com ciúmes. —
Coloquei o cartão na sua mão.
— Obrigada, foi difícil? — Filha da puta. — Tenha um bom dia. —
Se virou, mas parou antes de abrir a porta, voltou a passos lentos parando
em frente à minha mesa. Colocou a bolsa na minha mesa junto do cartão, suas
mãos foram para baixo do vestido, Samantha se abaixou, e em poucos
segundos colocou sua calcinha de renda na minha mesa, o cheiro da sua
excitação não demorou para chegar até as minhas narinas. — Espero que
isso... — Apontou para a calcinha. — Ajude com seu probleminha. E não
Oliver, meus namorados não ficarão com ciúmes, pretendo comprar uma
fantasia bem indecente para agradá-los.
Pegou suas coisas, saindo da minha sala rebolando a bunda atrevida
que precisa de uns bons tapas. Samantha quer me enlouquecer andando pela
empresa sem calcinha e sutiã. Ela tem algum fetiche em andar por aí sem
nada por baixo? Porra, espero que não. E que porra de fantasia ela pretende
comprar? Mas que caralho.
Peguei sua calcinha na mão, está encharcada, levei-a até o nariz e
senti a porra do cheiro que me enlouquece desde o dia que cheirei direto da
boceta de Samantha, onde me fartei de tanto comê-la com a boca. Meu pau
pulsou com a lembrança, entrei no banheiro me trancando para mais uma
rodada de masturbação.
O passeio com Harper e Jay, está sendo incrível, nunca imaginei que
pudesse ser tão feliz. Estou contando os dias para contar que sou sua mãe,
sonho com isso desde que a peguei no colo. Contudo, falta algo, e eu sei o
que está faltando. Mas como amar e querer um homem que não sente o
mesmo por mim? Segurando todas as sacolas com as roupas, sorrio feliz
pela minha atitude, Oliver acredita que estou esbanjando com seu cartão,
mas na verdade vim para o shopping comprar roupas para doar no abrigo
infantil.
Um dia passei de carro com Jordan em frente a um que pedia
doações, porque a época mais fria de Detroit está chegando, aquilo tocou
meu coração e estava disposta a conversar com meus namorados para pedir
ajuda, mas nem foi preciso, graças ao cartão do Oliver, contudo, não fui
boba e comprei meu vestido de luxo para o jantar que não quero ir.
— Sam, eu sei que temos que ir embora... Mas, aquilo ali é um sex
shop? — Jay apontou para uma fachada preta e vermelha.
— Acredito que sim. — Sorri tendo uma ideia. — Que tal mais
algumas comprinhas?
— Sim, com a fod... — Jay olhou para nossa filha que segurava sua
mão. — Fofa certeza. — Pisquei para ele indo fazer mais uma compra.
Alguns minutos depois voltei com mais sacolas nas mãos, e uma
carranca no rosto. Não acredito que aquele babaca desligou na minha cara.
Chega de ser boazinha, está na hora de fazer da vida de Oliver um inferno na
Terra, não suporto mais esse morde e assopra.
— Sam, aconteceu alguma coisa na loja?
— Estou furiosa, estou cansada, Jay, preciso saber qual é o problema
de Oliver, ele me quer, não quer, qual é a dele? — Digo frustrada.
Me sento ao lado dele na praça de alimentação, meus olhos queimam
com as lágrimas que insistem em querer rolar por meu rosto por causa de
Oliver. Por que não o deixo ir de uma vez? O que ainda me prende na ilusão
de que podemos ficar juntos? Talvez seja o desejo de ter minha família, ter
um lar para chamar de meu, depois de tudo que passei, os King se tornaram
isso para mim, se tornaram minha família, meus companheiros, meus amigos,
os pais da minha filha, eles se tornaram tudo que eu precisava e não tive,
tudo que eu queria viver e não pude. Apesar do Oliver ser um completo
idiota, ele é tudo isso para mim, mesmo que ele não veja ou não queira ver.
Eu preciso fazê-lo ver, preciso que ele queira enxergar.
— Jay, você acredita que Oliver sinta algo por mim? — Os olhos de
Jay se prenderam em mim, sua expressão antes brincalhona com nossa filha
mudou drasticamente com minha pergunta.
— O meu irmão é um babaca, mas não é um babaca sem motivos de
ser assim. — Franzi a testa não entendendo o que ele quer me dizer com
isso. — Sam, eu sei que estou agindo errado por sequer cogitar te contar
algo que eu não tenho direito, mas se não for eu a contar eu sei que o Oliver
não o fará.
— Do que você está falando?
— Vamos para casa, essa não é uma conversa que eu quero ter na
frente da nossa filha.
— Tudo bem, mas antes iremos ao abrigo, as crianças precisam das
roupas.
Jay assentiu, depois que entramos no carro para ir ao abrigo fiz tudo
no automático, pensando na conversa que terei logo mais com ele. Com a
apreensão do que possa ser o que impede Oliver de querer ficar comigo, fez
as mais loucas teorias invadirem meus pensamentos. Eu saberei lidar com o
que Jayden me contar? Parece que terei que descobrir.
Sei que não tenho direito de fazer o que estou prestes a fazer, mas
depois de ver o que está óbvio para qualquer pessoa que vê de fora, decidi
contar para Samantha o que aconteceu com meu irmão. Não estou agindo
certo com meu irmão, em contar sobre sua vida particular ainda mais algo
que o machucou tanto, no entanto, sei que estou fazendo o melhor para duas
pessoas que amo demais. Oliver pode me odiar depois, mas nada irá mudar
minha decisão.
Samantha está sentada na minha cama, me olhando andar de um lado
para o outro, está nítido que ela está nervosa. Antes eu acreditei que o
melhor seria Samantha ficar longe de Oliver, para assim poder superá-lo,
mas quem sou eu para dizer o que é melhor para ela? De um jeito que eu
nunca serei capaz de entender, Oliver e Sam se amam desse jeito louco deles
de se relacionar.
— Jay, me conte logo. — Pediu.
— Sam, antes de eu te contar o que aconteceu ao Oliver, eu preciso
que você entenda que para saber a verdade dos sentimentos dele, você terá
que perguntar a ele, somente Oliver pode dizer o que sente ou não por você.
Mas posso te garantir que meu irmão não é o cara egoísta, arrogante que ele
demonstra a maioria do tempo. — Sam molhou os lábios, antes de falar.
— O que aconteceu com ele?
— Meu irmão teve apenas um relacionamento sério, o nome dela é
Vanessa, eles namoravam sério, Oliver estava planejando pedi-la em
casamento no aniversário de namoro deles, mas antes Vanessa descobriu
estar grávida, meu irmão ficou tão feliz, você precisava ver a felicidade
dele, mas... — Parei para pensar na forma de explicar para Sam como
Vanessa foi uma filha da puta com meu irmão.
— Mas...
— Vanessa só pensava nela mesma, por isso tomou uma decisão
egoísta. Ela decidiu abortar o bebê sem o Oliver saber. Meu irmão ficou
devastado, por muito tempo não o reconheci mais. Oliver entendia que o
corpo era dela, e a decisão de seguir com a gravidez também era. Vanessa
não queria ser mãe, Oliver pediu para ela seguir com a gravidez, meu irmão
ia criar o bebê sem ela, mesmo assim Vanessa fez o aborto, quando Oliver
chegou na clínica o procedimento já havia sido feito.
— Oh, meu Deus, isso é cruel da parte dela, ela poderia ter sentado e
conversado com ele, eu não sei o que passou na cabeça dela para não querer
ser mãe...
— Com as palavras dela: O bebê vai atrasar minha vida.
— O Oliver deve ter sofrido muito.
— Você não imagina o quanto, mas isso não é a pior parte.
— Tem uma pior parte? — Perguntou aflita.
Respiro fundo me recordando daqueles dias difíceis com o resultado
dos exames do meu irmão, o choro, a desilusão, o arrependimento pelas
escolhas erradas. Foi difícil assistir o pior de Oliver, ficamos ao seu lado
dando todo apoio que ele precisava, isso me faz lembrar do que eu pareço
ter esquecido, eu amo meu irmão, e quero que ele seja feliz, e que toda dor
que ele sentiu com a escolha da Vanessa fique no passado.
— Oliver se tornou estéril. — Sam levou as mãos a boca. — Meu
irmão entrou numa estrada de autodestruição, bebendo muito, saindo todas as
noites, transando com mulheres aleatórias, infelizmente ele contraiu uma IST,
que nada mais é que uma infeção sexualmente transmissível, a sífilis.
— Eu não sei o que dizer, eu... — Sam parou de falar para chorar. —
Por isso... é por isso que ele não quer estar comigo? É por causa da sífilis?
— Não, Sam, ele está curado há muito tempo. Oliver fez meses de
tratamento, mas infelizmente não o impediu de ficar estéril.
Sam se levanta e começa andar de um lado para o outro, suas
lágrimas começam a rolar pelo seu rosto. Me aproximei devagar tocando
gentilmente seu ombro, a puxando para mim. A abraço apertado deixando
que ela chore no meu peito. Contar o que Oliver passou abriu uma dor
antiga, eu não quero nunca mais ver aquela tristeza no meu irmão. Oliver
merece ser feliz, ele precisa deixar o medo de se machucar de lado e ser
feliz.
— Jay...
— Sam, não desista do meu irmão. — Peço sussurrando no seu
ouvido. — Oliver é apenas um homem que foi muito machucado, ele está
protegendo seu coração, mas nesse processo meu irmão não enxerga que está
a magoando.
— Eu... eu quero correr atrás dele neste momento e dar na cara dele,
ao mesmo tempo que quero abraçá-lo apertado e dizer que eu não sou a
porra da sua ex. Eu nunca irei machucá-lo de propósito. Eu o amo, eu o amo
desde o momento que ele olhou nos meus olhos e me disse para não ter
vergonha de ser quem eu sou. O Oliver me deu tanto sem eu pedir. Eu não
irei desistir do meu babaca, nem que para isso eu precise agir como a
petulante que ele tanto me chama.
— Eu não esperava menos de você. — Beijei seus lábios.
— Jay. — Sam se afastou, me olhando com um sorrisinho no canto
dos lábios. — Qual é o sobrenome da tal Vanessa?
— Por quê? — Fiquei em alerta.
— Nada demais, apenas curiosidade. — Deu os ombros.
— Ward. Vanessa Ward.
— Ah, nunca ouvi falar. — Sorriu, voltando a me beijar. — Obrigada
por compartilhar comigo. Agora preciso resolver algumas coisinhas. —
Piscou saindo do quarto.
Será que eu fiz o certo em contar tudo para a Sam? Espero que
Oliver não me mate quando souber a bala que está indo para sua direção. Eu
fiz pensando na sua felicidade, tomara que meu irmão me entenda e não veja
isso como uma traição.
Vanessa Ward!
Digitei o nome da ex-namorada de Oliver no buscador da internet, e
não demora para aparecer várias fotos da mulher. Ela é casada com um
empresário, eles têm um filho de quase cinco anos, e ela está grávida
novamente. Leio a notícia que eles anunciaram recentemente de que serão
pais de gêmeos. Leio mais algumas notícias e fico em choque em encontrar
uma antiga, que noticia o rompimento do relacionamento de Oliver King e da
modelo em ascensão Vanessa Ward, pela data da postagem isso aconteceu há
sete anos. Faço algumas contas de cabeça e não demora para eu perceber
que ela engravidou quase um ano depois de abortar o bebê que esperava de
Oliver.
Jay me disse que Vanessa foi egoísta, e que abortou o bebê por
pensar somente nela, lendo várias matérias da família feliz que ela construiu,
eu concordo com ele. Em uma das minhas buscas encontro por um acaso uma
matéria antiga que parte meu coração em milhões de pedaços. Oliver não
merecia isso, e eu duvido que um dia ele sequer soubesse disso.
VANESSA WARD – CONTA TUDO SOBRE A DIFICULDADE DE
GERAR O PRIMEIRO BEBÊ.
“Eu descobri que tenho problemas para engravidar, eu só poderia
engravidar fazendo tratamento, os meios naturais para mim são inviáveis.
Philip, ficou ao meu lado em todo processo, eu o amo por não me deixar
desmoronar em meio a tantos negativos. Nosso bebê é um milagre.” Disse
a modelo que está de seis meses, esperando o primeiro filho do casal.
Minha garganta queima lendo, infelizmente eu acho que sei o que
essa mulher fez. Sem medir as consequências busco a empresa do marido
dela, assim que encontro o endereço e telefone, ajo no impulso fazendo algo
que eu espero que não me arrependa.