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Alexei Ivanov teve sua vida controlada por seu pai que, mesmo
depois de ter sido executado como um traidor da Bratva, deixou o
filho com uma bomba em suas mãos.
Patrícia Gerard foi vendida por sua família para servir como
barriga de aluguel do herdeiro da Família Ivanov, agora se vê
grávida e sem saída a não ser aceitar um contrato de casamento
com o pai do seu filho, um homem que ela nunca viu, mas que será
seu marido.
Ela fará de tudo para proteger seu bebê.
Ele promete que irá cuidar dela e do seu filho e, para isso, eles
serão apenas amigos.
Um casamento por obrigação.
Uma gravidez por inseminação artificial.
Um homem quebrado.
Uma mulher forte e determinada a proteger seu filho.
O que deveria ser só amizade, se transforma em algo muito
mais forte e avassalador quando os sentimentos que ambos tentam
esconder vem à tona.
Será que eles poderão passar por cima dos fantasmas do
passado e lutar por esse amor?
Gatilhos: violência, morte, tortura, menção a transtornos
alimentares.
Para você, mocinha safada e fora do padrão de beleza
inalcançável, quero dizer que você também pode ser a personagem
principal de uma linda história de amor!
Você também pode encontrar um homem (ou mulher) que te
ame do jeitinho que você é, assim como o Alexei venera a Patrícia,
você também merece isso e muito mais.
PRÓLOGO
ALEXEI
PATRÍCIA
3 anos depois
ALEXEI
PATRÍCIA
ALEXEI
1 semana depois
PATRÍCIA
ALEXEI
PATRÍCIA
Clayr me passou uma lista dos livros que ela gostou para eu
ler, porém não sei como conseguir eles.
Alexei me disse que eu posso sair de casa, mas ainda não me
sinto confiante, é como se sair sozinha fosse um passo longo
demais, mesmo que eu vá estar com uma equipe de seguranças.
E se eu pedir para dona Maria conseguir os livros para mim?
Será que isso faz parte do trabalho dela?
— Um milhão de dólares pelos seus pensamentos — Alexei
fala e me assusto, me perdi em minha própria cabeça por um tempo
e nem percebi.
— Desculpa, você estava falando alguma coisa?
— Eu disse que amanhã nós temos consulta para saber como
o bebê está se desenvolvendo.
Ele realmente disse que nós temos consulta? Isso significa que
ele vai comigo?
— Você… você vai comigo na consulta? — crio coragem para
perguntar e ele sorri, então faz que sim com a cabeça e toma outro
gole do seu café.
— Eu disse que estarei ao seu lado, Patrícia, não foram só
palavras — Alexei expressa com a voz calma e carinhosa. — Eu sei
que não fico muito tempo em casa, as coisas estão complicadas,
mas vou tentar chegar mais cedo à noite, quem sabe podemos
jantar juntos.
— Seria bom — respondo sem me conter e sinto meu rosto
esquentar.
Droga, certeza que fiquei vermelha.
— Agora me conta, sobre o que você estava pensando?
— Bem, Clayr, a amiga da Yekaterina que tem um bebê, me
passou o nome de alguns livros sobre gestação e maternidade e… e
eu não sei como conseguir eles — falo sem conseguir olhar para
Alexei. — Quer dizer, eu sei como, só não me sinto bem em sair
sozinha.
— Ah, droga, eu esqueci de te entregar o celular. — Ele se
levanta rapidamente e praticamente corre até o andar de cima,
quando retorna está com um pacote preto nas mãos. — Desculpa,
Patrícia, era para ter te entregado no dia do nosso casamento.
Então ele me entrega o pacote e faz sinal para eu abrir, dentro
está um smartphone de última geração, eu nunca vi um assim
antes, mas parece algo caro, só que é muito bonito, a parte de trás
dele tem uma cor rosa envelhecida e é tão brilhante.
— Se você ainda não se sente bem saindo sozinha, eu posso
ir com você, ou você pode comprar os livros online. — Ele me
mostra aonde liga o aparelho e depois coloca um e-mail e senha
para mim. — Já está todo configurado e é uma linha segura, meu
número está na lista de contatos e o seu cartão de crédito já foi
autorizado também.
— Cartão de crédito? — pergunto, sem saber do que está
falando.
— Droga, eu esqueci desse também. — Ele tira a carteira do
bolso e me entrega um cartão todo preto. — Aqui, você pode usar
para o que você quiser, não se preocupe com valores nem nada, e
acho que já podemos começar a comprar as coisas para o bebê
também.
Ele realmente está me entregando um cartão sem limites para
comprar o que eu quiser?
— O que você acha de amanhã à tarde irmos às compras?
— Compras? — questiono porque é tanta informação em tão
pouco tempo que estou tonta.
— Sim, para o bebê, assim podemos passar na livraria
também e pegar os livros, talvez tenham outros lá — ele começa a
falar sem parar e vejo que parece estar mais animado a cada
palavra. — Sei que a biblioteca aqui só tem livros de história e
negócios, não sei o que você gosta de ler, ou se você gosta de ler,
mas podemos abastecer o lugar com títulos mais interessantes.
Não sei nem o que falar, esse homem, esse maldito homem,
consegue me desestabilizar só com palavras.
Posso sentir meus olhos arderem e as lágrimas se formarem,
não tenho coragem para responder, nunca tive alguém assim, se
preocupando com o que eu gosto ou o que eu quero.
Malditos hormônios, eu vou começar a chorar!
— Patrícia? Droga, eu disse algo de errado? — Ele se ajoelha
ao meu lado e pega minhas mãos, ainda não consigo olhar em seus
olhos, se eu fizer isso, aí sim, desando em lágrimas. — Desculpa,
se não quiser ir, a gente pode comprar tudo online, ou se preferir
fazer isso sozinha eu posso…
— Não — o interrompo. — Eu não quero fazer isso sozinha, é
só que… é muita coisa nova, sabe.
— Eu entendo, desculpa não ter lembrado disso antes.
— Não precisa se desculpar, Alexei.
Queria complementar essa pequena frase e fazê-lo se sentir
melhor, mas as palavras saem da minha mente, então eu finalmente
olho para ele e encaro os olhos castanhos mais lindos que eu já vi.
Alexei está preocupado e um vinco se forma na sua testa, mas
mesmo assim ele continua calmo e não solta minhas mãos.
Seu toque é leve e reconfortante, suas grandes mãos são
quentes e macias, mas consigo sentir alguns calos nas palmas e
imagino o que um homem como ele, que trabalha de terno todos os
dias, faz para ter calos nas mãos.
Por que meu marido tem que ser tão lindo?
— Eu aceito — falo, mas ele ergue as sobrancelhas confuso,
então complemento. — Sair para comprar as coisas para o bebê.
— Ótimo, vou liberar minha agenda amanhã à tarde e avisar o
shopping, para que tudo esteja pronto para a nossa chegada, vamos
direto da consulta para lá. — Ele sorri e então ergue minhas mãos,
beijando meus dedos, e o toque dos seus lábios macios em minha
pele faz uma corrente elétrica fluir para lugares que não deveria. —
Obrigado por me deixar participar desse momento.
— Você é o pai do nosso filho — digo com carinho e, em um
ato impensado, tiro uma mão da sua e acaricio a sua barba, é mais
macia do que imaginei e tem alguns pelos brancos perdidos no meio
dos loiros.
Droga, droga, droga, tira a mão daí sua abusada!
Assim que percebo o que fiz, me levanto rapidamente da mesa
e dou as costas para ele, sem um pingo de coragem para encará-lo.
— Preciso ir ao banheiro — falo a primeira coisa que vem na
minha mente, porque minha bexiga está realmente cheia e porque
preciso sair correndo daqui.
Então o deixo na sala de jantar e corro para me trancar em
meu quarto.
Foi muito atrevimento da minha parte, tenho certeza disso, e
continuo me repreendendo enquanto estou no banheiro.
Quanto mais o bebê cresce, mais parece que ele aperta meus
órgãos internos, em especial a bexiga, e preciso ir ao banheiro a
todo momento.
***
Alexei realmente cumpriu com o que prometeu, depois da sua
corrida matinal, nós tomamos o café da manhã e ele disse que viria
me buscar ainda de manhã para a consulta.
E aqui está ele, em seu terno todo preto e luxuoso, que realça
ainda mais o quanto esse homem é bonito, o paletó abraça seus
braços musculosos de uma forma que me faz suspirar.
Aguenta firme, Patrícia.
— Está pronta? — Ele pergunta e, por um momento, me
questiono se estou bonita o suficiente para andar ao seu lado, mas
a resposta é tão óbvia, jamais estarei à altura de um homem como
ele.
— Sim — respondo simplesmente e ele faz sinal com a mão
para eu ir na frente.
Alexei é daqueles homens que a gente vê em filmes, ele abre
a porta da casa para mim, então coloca a mão nas minhas costas
indicando o caminho até um carro muito bonito e luxuoso que está
parado em frente à entrada, mas não é o mesmo que me levou até a
mansão Petrov, este é um modelo mais esportivo e deve ser o carro
dele.
Quando ele abre a porta e pega na minha mão para me ajudar
a entrar, eu quase derreto, esse homem não pode ser real.
— Nós vamos sozinhos? — pergunto assim que ele entra no
banco do motorista e liga o carro.
— Não, meus seguranças vão nos seguir nos carros de apoio.
Então olho para trás e vejo três carros nos seguindo.
Alexei dirige com cuidado e não faz curvas bruscas, o que eu
agradeço, não gosto quando as pessoas correm demais, isso me
deixa com medo por mim e pelo meu filho, que agora está quietinho
dentro da minha barriga.
Assim que chegamos ao local, que Alexei chama de Central,
ele me conduz até a parte aonde uma equipe médica já está nos
esperando.
Eu já estive aqui, depois que Nikolai desapareceu por quase
dois dias, seus capangas também sumiram e eu fiquei trancada no
hotel, as camareiras me levavam comida no quarto, mas elas
pareciam preocupadas.
Só saí de lá quando uma equipe de soldados da Bratva me
resgatou e me trouxe para esse lugar, eles fizeram vários exames
em mim, sempre pedindo autorização e, como eu ainda não sabia
sobre Nikolai, consenti a tudo porque esse foi o acordo que fizemos,
eu jamais deveria contestar uma ordem dele e achei que ele estava
por trás daquilo.
— Senhora Ivanova, pode me seguir, por favor — um médico
me chama, tirando-me das minhas lembranças, e eu o sigo.
Quando começo a caminhar sinto a mão de Alexei na parte
baixa das minha coluna e sua presença é marcante ao meu lado,
isso me deixa mais calma, não sei o porquê.
A consulta é tranquila e normal, eles retiram sangue para uma
bateria de exames, depois fazem um ultrassom para checar o bebê
e, a única coisa diferente agora, é que não estou sozinha e Alexei
me segura o tempo todo.
Quando o médico liga o som e os batimentos cardíacos do
nosso bebê ecoam pelo quarto, sinto ele apertar minha mão e olho
para o lado.
Aquele homem, tão bonito e sério, agora encara o monitor com
os olhos castanhos brilhando de emoção, sentimento esse que ele
tenta, com todas as forças, conter, mas eu vejo seu lábio comprimir
e a forma com que engole em seco quando o médico coloca as
imagens na tela e começa a falar sobre o bebê.
— Está tudo dentro do normal, somente preciso que se
controle quanto a alimentação, sua glicose está mais alta do que o
esperado, senhora Ivanova — o médico fala.
— Desculpa, esse neném só quer doce, qualquer outra coisa
que eu tente comer, eu vomito — esclareço.
— Eu entendo, irei lhe passar um medicamento e encaminhar
para a nossa nutricionista, ela poderá te ajudar com uma dieta mais
nutritiva — o doutor informa e concordo. — Agora vou deixá-los a
sós por um momento.
— Obrigado — Alexei agradece levantando-se, então se vira
para secar os olhos.
— Você está bem? — pergunto.
— Sim — ele responde com a voz ainda embargada de
emoção. — Só foi… diferente do que imaginei.
— A primeira vez é assim mesmo — falo enquanto me levanto
e ele logo está ao meu lado, ajudando-me a descer da cama
hospitalar. — Lembro o dia que ouvi o coração dele pela primeira
vez, foi assim também e, naquele momento, jurei que faria de tudo
pelo meu bebê.
— Acho que agora entendo um pouco melhor sua decisão de
continuar com o plano do meu pai.
— Como assim?
— Achei que quando soubesse que ele havia morrido, você
entregaria o bebê e seguiria com a sua vida, mas não, você aceitou
se casar comigo para que nosso filho tivesse tudo o que é dele por
direito — ele explica.
— Eu jamais abandonaria meu bebê — informo com
seriedade. — Ele é meu filho e farei de tudo para que seja feliz.
— Eu entendo, e você não está sozinha nisso. — Ele me olha
com seriedade e posso sentir que é verdade, no fundo do meu peito
sei que Alexei fará de tudo pelo nosso filho. — Agora vamos, pelas
minhas pesquisas temos muito o que comprar.
Pesquisas? Ele realmente pesquisou sobre o que o bebê
precisa?
CAPÍTULO 8
ALEXEI
ALEXEI
PATRÍCIA
ALEXEI
PATRÍCIA
ALEXEI
PATRÍCIA
ALEXEI
PATRÍCIA
ALEXEI
PATRÍCIA
ALEXEI
PATRÍCIA
PATRÍCIA
Olá filha
Achou que poderia escapar de nós assim tão fácil?
Somos sua família, eu disse que não te deixaríamos para trás,
não disse?
Agora, é melhor que você não tenha nenhuma ideia estúpida e
ligue para o seu marido que, segundo meus informantes, já não é
mais de mentira, não é mesmo?
Você realmente fisgou o trouxa do Ivanov, está de parabéns,
filha, isso vai nos ajudar ainda mais em nosso plano e, só para que
você saiba, se contar a ele sobre essa carta, você e seu filho
morrem hoje mesmo, estamos entendidos?
Acredito que sua resposta seja sim, já que continua lendo,
então vamos lá, o plano de Nikolai continua em andamento e é aqui
que você entra, querida filha.
Na hora certa entrarei em contato, será logo e antes desse
bebê nascer, quando isso acontecer é melhor você seguir as minhas
ordens, para o bem do meu querido netinho.
Só para garantir que você não fará nada estúpido, junto deste
bilhete tem algumas fotos que comprovam o quão fácil é chegar até
você, e mais fácil ainda até a criança que você carrega, afinal,
imagina se você acaba consumindo algo envenenado ou com
medicamentos que façam mal a vocês?
Uma mulher grávida precisa tomar todo o cuidado possível,
você sabe como é, por isso seja uma boa menina e faça o que seu
pai está mandando, no final estaremos juntos novamente, como
uma família.
P.S: Queime o bilhete e as fotos logo depois de ler e lembre-
se, eu saberei se não tiver feito isso.
ALEXEI
PATRÍCIA
ALEXEI
PATRÍCIA
ALEXEI
PATRÍCIA
Assim que termino de comer, meu irmão faz sinal para a faca
ao meu lado, então ele se levanta, tampando a visão da câmera, e
consigo pegá-la rapidamente, escondendo embaixo da saia do meu
vestido, presa na minha calcinha, então o vejo tirando outra faca de
dentro do seu casaco e colocando-a sobre meu prato.
— Descanse um pouco, nosso herdeiro precisa ser bem
cuidado — ele fala quando se vira para a câmera, colocando as
duas bandejas em cima do carrinho, saindo da sala e me deixando
sozinha novamente.
Faço o que ele diz e sento na cama, organizando os
travesseiros nas minhas costas, para ficar em uma posição mais
confortável, e é quando sinto uma pequena pontada na lateral da
minha barriga, a sensação é diferente da que sinto quando Bjorn
chuta, é mais intensa e parece com um aperto.
Não demora a passar e logo já não sinto mais nada, respiro
fundo, inspirando e expirando com calma.
— Meu amor, logo, logo nós sairemos daqui e tudo ficará bem,
a mamãe vai garantir isso. — Aliso minha barriga com carinho
enquanto falo com meu bebê.
Sinto a faca na lateral do meu corpo, como um lembrete do
que irá acontecer daqui a pouco, mas se essa é a única forma de
salvar meu filho, é isso o que farei.
Demora um pouco até Ryan voltar, não tenho relógio aqui, mas
assisti três longos episódios do programa de culinária enquanto
esperava.
— Ikrham exige sua presença — ele fala de forma seria ao
abrir a porta.
Não respondo, só levanto com cuidado para que a faca não
caia e caminho até ele, meu irmão faz sinal para que eu vá na frente
e me segue de perto.
Enquanto caminhamos, reparo em várias portas no corredor
branco até chegar no elevador do qual viemos antes.
— O que é esse lugar? — questiono.
— Aqui são os dormitórios, mas não se preocupe, não
ficaremos aqui por muito tempo, só até resolvermos esse impasse.
— E depois, para onde vamos?
— Para uma das colônias — Ryan responde fingindo
desinteresse. — O herdeiro será criado no luxo e riqueza, como
deve ser, mas também receberá treinamento para liderar a
organização.
— Eles querem treinar meu filho? — questiono, mantendo a
conversa.
— Ele é o herdeiro, precisa saber o que fazer quando assumir
seu lugar de direito.
O elevador sobe calmamente e, quando para, sinto outra
pontada em minha barriga, mas me seguro e não demonstro dor,
essa foi um pouco mais forte e na parte de baixo, como uma cólica,
só que mais intensa.
Eu preciso me manter calma, esse stress todo não está me
fazendo bem, nem ao bebê.
Respiro fundo mais uma vez e saio do elevador, Ryan me
direciona até uma sala cheia de computadores e TVs, mais aos
fundos tem uma mesa redonda, onde Ikrham e meu pai estão de pé
discutindo alguma coisa.
Em frente aos computadores, vejo dois homens, que não tiram
os olhos das TVs, com uma olhada sei que são câmeras de
monitoramento e, em uma delas, identifico o quarto que fui
colocada, em outra a entrada do lugar, mas é só.
— Finalmente, nossa querida mamãe chegou — Ikrham fala de
forma debochada, mas encerrando seja lá qual era o assunto que
ele estava debatendo com meu pai.
— John já voltou? — Ryan questiona atrás de mim.
— Ele está vindo e com ele nosso querido Alexei Ivanov —
Ikrham anuncia e arregalo os olhos em surpresa, sem conseguir me
controlar dou um passo à frente.
— Alexei está vindo para cá? — pergunto.
— Sim, minha querida, ele cumpriu sua missão e assassinou o
Pakhan, agora estamos nos preparando para invadir a Central e
dominar a Bratva enquanto eles caçam seu traidor — Ikrham fala
com confiança sobre seus planos.
— Quanto tempo? — Ryan pergunta.
— Eles devem estar chegando a qualquer momento — meu
pai é quem responde, então caminha até as câmeras de segurança
e aponta para uma delas, que filma o lado de fora, só consigo ver
neve, mas quando o soldado coloca a imagem em uma das telas
maiores, vejo um automóvel se aproximando. — Aí estão eles.
Quando o carro para, meu coração quase sai da boca em
antecipação, Alexei não pode vir até aqui, não sem antes eu estar
segura, precisamos agir logo, porém Ikrham está muito longe e tem
mais pessoas na sala do que Ryan previu.
Ele não vai conseguir atirar nos dois soldados e em Ikrham,
fora nosso pai que também está armado.
Por sorte, somente uma pessoa desce do carro e reconheço
meu irmão, John.
— Mais alguém dentro do veículo? — Ikrham inquere ao
soldado.
— Não, senhor, somente uma pessoa segundo nossos
radares.
— Droga, aonde está o Ivanov? — meu pai manifesta sem
esperar resposta. — Ele deveria estar aqui.
— Vamos ver o que seu filho tem a dizer sobre isso — Ikrham
comenta e dá a ordem para trazerem John para dentro.
Nesse momento, sinto outra pontada em minha barriga tão
dolorosa quanto a anterior, mas que me pega desprevenida e, por
isso, me abaixo um pouco e não consigo controlar a expressão de
dor em meu rosto.
— Está tudo bem, irmã? — Ryan questiona, segurando meu
braço.
— Sim, só estou cansada — respondo. — O bebê chutou
minha costela — invento uma desculpa para Ikrham, que me encara
com desconfiança.
— Temos um lutador aí dentro — ele aponta e abre um sorriso
amarelo, que faz meu estômago embrulhar de nojo. — Pegue uma
cadeira para ela sentar, Ryan.
Meu irmão faz o que Ikrham ordena e logo estou sentada
acariciando minha barriga, mas agora ainda mais preocupada,
essas dores não são normais e, se continuar assim, segundo os
livros que li, posso estar entrando em trabalho de parto.
Agora não é hora de vir ao mundo, meu filho, aguenta só mais
um pouquinho, por favor.
Antes de John entrar, Ikrham ordena que ele seja revistado e
encontra um explosivo em sua cintura.
— Eles iam explodir nosso esconderijo? — meu pai questiona.
— Com a Patrícia aqui dentro?
— Eu avisei, a Bratva fará de tudo para se proteger, eles não
se importam com os danos colaterais e, se precisarem matar
alguém, assim o farão — Ikrham responde. — Agora, deixe-o entrar,
preciso saber o que aconteceu e porque ele veio sozinho.
Levam alguns minutos até John chegar aonde estamos, mas
quando ele entra, levo as mãos à boca com o susto, ele está todo
ferido, seu rosto inchado, como se tivesse lutado, as roupas
escassas escondem seu corpo, mas não as manchas de sangue
que se formam no tecido cinza claro.
Meu irmão entra cambaleando e com a ajuda de um soldado,
que o coloca sentado em uma das cadeiras próximas aos monitores.
— Saiam todos — Ikrham ordena e os dois homens que
cuidavam dos monitores, mais o soldado que entrou com meu
irmão, saem da sala e nos deixam sozinhos.
Agora é a hora de colocar o plano em ação.
Droga, sinto mais uma pontada na parte inferior da barriga,
dessa vez o tempo entre elas foi muito menor e a dor foi ainda maior
do que as outras, preciso me segurar muito para não demonstrar
nada, por sorte todos estão concentrados em John e consigo passar
despercebida.
Assim que a dor passa, aproveito para erguer a barra da minha
saia, de forma que eles não consigam ver, e tiro a faca da lateral da
calcinha, colocando-a embaixo da blusa de lã que ainda estou
usando.
— O que aconteceu? — meu pai pergunta, caminhando até
John, Ryan fica ao meu lado, mas encara a cena com preocupação
no olhar.
— Ele assassinou o Pakhan — John anuncia.
— Isso nós já sabemos, nosso homem infiltrado deu o aviso
assim que a morte do Pakhan e a traição de Alexei Ivanov foram
anunciadas a todos os soldados — Ikrham repreende com a voz
firme e sem paciência.
— Ele fez isso, ele assassinou o Pakhan bem na minha frente
— John repete, vejo que seu corpo todo treme enquanto ele encara
as próprias mãos, como se estivesse em estado de choque.
Por isso, Ikrham vai até ele e dá um tapa forte em seu rosto.
— Acorda, garoto, queremos saber aonde está Alexei Ivanov e
por que ele não veio com você? — Ikrham questiona com a voz
mais alta do que antes.
— Deixe o garoto se recompor por um momento, chame a
equipe médica, ele está ferido e… — meu pai tenta falar, mas seu
líder não escuta.
— Vou perguntar só mais uma vez, depois disso a conversa
será diferente — Ikrham anuncia, tirando a própria arma do paletó.
Ele aponta diretamente para a cabeça do meu irmão e fala: —
Aonde está Alexei Ivanov?
— Ele está escondido — John responde com a voz trêmula. —
Ele disse que… disse que não confia em nós. Teme que, caso
apareça, nós o matemos.
— Bem, agora somos a única opção que ele tem, visto que
está sendo caçado pela Bratva — meu pai adverte.
— O que mais ele disse? — Ikrham questiona.
— Que quer garantias de que ele e Patrícia poderão criar o
filho, ele quer ter certeza de que não irá morrer quando se entregar
a nós.
— Porra, é claro que ele não vai morrer, já cumpriu com sua
missão e provou que está do nosso lado — meu pai manifesta com
raiva.
— Sim, acho que está na hora de entrar em contato e negociar
diretamente — Ikrham comenta pegando o celular do bolso, ele
abaixa a arma e caminha para o meu lado. — Ansiosa para falar
com o pai do seu filho?
— Sim — respondo, tentando manter minha voz calma.
— Alexei, é tão bom poder falar com um homem honrado —
Ikrham expressa assim que Alexei atende, não consigo ouvir o que
ele fala do outro lado, mas logo Ikhram abre um sorriso, como se
estivesse satisfeito pela resposta. — Não precisa se preocupar,
Patrícia está bem, assim como seu filho.
Então ele se abaixa para colocar o celular no meu ouvido e
vejo a minha chance, talvez a única que terei, reúno toda a coragem
que não sei se tenho e seguro a faca com firmeza, antes de enfiá-la
na lateral do corpo de Ikrham.
Ryan percebe o que eu fiz e, assim que Ikhram se afasta,
soltando um urro de dor, meu irmão atira em sua cabeça, fazendo
seu corpo cair para trás com um baque.
A sala deve ser à prova de sons, porque ninguém entra para
conferir o que está acontecendo.
Logo depois, Ryan aponta para nosso pai, que já estava com a
mão na própria arma.
— Se pensar em atirar, eu te mato também, estou pouco me
fodendo que você é nosso pai, tudo isso aqui é culpa sua, tudo —
meu irmão anuncia e nosso pai o encara com espanto. — Agora,
com calma, tire suas armas e as jogue em minha direção.
— Por que, diabos, você fez essa merda, Ryan? — nosso pai
questiona, mas ao perceber que Ryan não vai recuar, ele faz o que
meu irmão ordenou e tira as duas armas do corpo, colocando-as
com calma no chão, para depois chutá-las em nossa direção.
— Patrícia, pode, por favor, pegar as armas e colocá-las em
meu corpo? — Ryan pede e faço o que ele diz. — Agora, pai, quero
que use essas braçadeiras e prenda suas duas mãos atrás das
costas.
Ryan joga duas braçadeiras de plástico na direção do nosso
pai, que as pega com o olhar ainda incrédulo.
— Não acredito que, entre todas as pessoas que poderiam me
trair, meu filho seria uma delas — nosso pai comenta, mas faz o que
Ryan manda e prende as duas mãos nas costas, virando-se em
nossa direção para que meu irmão confira o trabalho.
— Sempre achei que o que o senhor fazia pela gente era para
o nosso bem, afinal, nos ensinou a trabalhar na mecânica, nos
mostrou como pegar garotas e como jogar cartas, tudo o que
precisávamos para sobreviver, não foi? — Ryan declara e posso
sentir sua dor conforme as palavras saem da sua boca.
— Eu fiz tudo por vocês, tudo!
— Não, tudo o que você fez foi nos carregar junto para o fundo
do poço, não bastava um viciado em jogos, éramos três, perdendo
mais do que ganhando, até que fomos obrigados a vender nossa
própria irmã ao diabo — Ryan anuncia. — Foi naquele dia que eu
prometi que acabaria com tudo isso, nem que precisasse te matar
para resgatar nossa irmã.
— Não me venha com essa, ela aceitou o acordo, não a
obrigamos a nada — John é quem fala dessa vez e posso ver a
forma com que Ryan encara nosso irmão, como se não o
reconhecesse.
— Olhe para vocês, iludidos por uma organização que fez
praticamente uma lavagem cerebral nos dois, não é possível que
acreditem no que estão falando — Ryan contrapõe. — Patrícia não
tinha opção, ou ela aceitava ou morríamos todos, vocês sabem
disso.
— Ela fez por si mesma, afinal, olha para ela agora, toda
arrumada e aproveitando da riqueza dos Ivanov, como se fosse uma
deles, nem parece a mesma menina gorda e feia que vivia de
moletom sujo pela casa — John aponta e sinto uma dor em meu
peito, a mesma que muitas vezes senti quando ele me olhava,
sempre com nojo, como se eu não fosse uma pessoa.
— Eu sou gorda, sim, John, mas ao contrário do que você
pensa, não me diminuo por causa disso, sou uma mulher forte e
farei de tudo pelas pessoas que amo, assim como fiz por vocês,
mesmo que nunca tenham me amado, mesmo que tenham me
tratado pior do que a uma escrava, eu os amei pois eram minha
família — anuncio, sentindo meus olhos arderem, mas não deixo as
lágrimas caírem.
— Agora vai dizer que foi por amor que aceitou essa merda?
— nosso pai questiona, cuspindo no chão.
— Eu não aceitei, como Ryan falou, fui obrigada a me
submeter a isso, caso contrário nós estaríamos todos mortos e
vocês sabem disso — declaro me levantando da cadeira e sinto
outra pontada na parte de baixo da barriga, dessa vez não consigo
esconder a dor e preciso me abaixar até passar. — Droga, droga,
droga.
— Patrícia, você está bem? — Ryan questiona.
— Sim, não é melhor trancar a porta? — pergunto, lembrando-
me do seu plano.
— Sim — ele responde e vai até a porta.
Nesse momento todos os monitores ficam escuros, as luzes
são apagadas e somente as lâmpadas vermelhas de emergência
ficam acessas.
— Patrícia, você está bem? — A voz de Dimitri ecoa pela sala
no mesmo momento que sinto um liquido escorrer pelas minhas
pernas.
Droga, a bolsa estourou.
— Dimitri? — questiono.
— Sim, o que aconteceu aí? — ele pergunta, então as luzes
são acesas novamente e vejo sua imagem em todas as TVs do
ambiente.
— Nós estamos trancados na sala de comando, Ryan matou o
líder deles e… — Outra dor, agora quase insuportável, me atinge e
preciso me agachar para suportá-la, Ryan percebe e vem correndo
até mim, segurando minha mão enquanto espero a dor passar — …
e tenho quase certeza que estou em trabalho de parto — anuncio,
encarando a imagem do Pakhan nos monitores.
— Porra, aguenta firme, fechem as portas e só abram quando
eu mandar, tudo bem? — Dimitri ordena e Ryan e eu concordamos.
— É melhor amarrar seu irmão também, ele não está tão mal quanto
parece.
Com isso, olhamos para John, que parece querer pular na
gente, mas Ryan aponta a arma para ele antes que tenha alguma
ideia errada, e depois usa as braçadeiras que guardava no bolso
para amarrá-lo em um cano próximo a parede.
— Dimitri, aonde está Alexei? — pergunto.
— Ele está indo te salvar — ele responde com um meio sorriso
confiante.
CAPÍTULO 28
ALEXEI
PATRÍCIA
ALEXEI
3 semanas depois
PATRÍCIA
3 meses depois
ALEXEI
4 meses depois
PATRÍCIA
ALEXEI
FIM.
SE VOCÊ GOSTOU DA HISTÓRIA DO ALEXEI E DA
PATRÍCIA, TE CONVIDO PARA CONHECER OS OUTROS LIVROS
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Família de Angelis
MALÍCIA: UM TRISAL MAFIOSO
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PRÓLOGO
YEKATERINA
Rússia, 2024