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direitos reservados

Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios.


Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é
coincidência e não é intencional por parte da autora.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou
armazenada em um sistema de recuperação, ou transmitida de
qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico,
fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão expressa por escrito
da autora/editora.
Design da capa por GB Design Editorial
Revisado e preparado por Mayara Machado
Betado por Mayara Machado
Leitora Crítica Camila Rodrigues dos Santos
(@primaveraliteraria)
SUMÁRIO
SUMÁRIO
ESTRUTURA BRATVA
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
EPÍLOGO
PRÓLOGO
AGRADECIMENTOS
ESTRUTURA BRATVA

A estruturação da organização chamada Bratva, nesta obra, foi


moldada a partir de pesquisas, porém a autora escolheu criar a
própria estrutura para essa organização, sem qualquer
comprometimento com a verdade, então atente-se às seguintes
informações.
ORGANIZAÇÃO
A Bratva (usada nesta obra) é uma organização mundial, com
sede em Moscow, na Rússia, e subdividida em braços secundários
por todos os países do mundo.
O líder da Bratva é chamado de Pakhan, mas a organização
possui um Conselho formado por cinco famílias principais: Petrov,
Ivanov, Kuznetsov, Smirnov e Orlov. Cada família é representada
por um chefe e as decisões mais importantes são tomadas pelo
Conselho, juntamente com o Pakhan.
Observe que essas posições nem sempre são títulos oficiais,
mas são nomes conhecidos para funções que um indivíduo
desempenha.
Pakhan - Também chamado de Boss, é o líder principal da
Bratva e tem o controle de todos os braços secundários por meio do
Brigadier, Obshchak e Sovietinik.
Brigadier – É o chefe dos braços secundários da Bratva,
indicado diretamente pelo Pakhan para manter o controle de uma
região específica.
Dois espiões - Vigiam a ação do Brigadier para garantir a
lealdade e para que nenhum se torne muito poderoso. Eles são
Sovietinik ("Grupo de Apoio") e Obshchak ("Grupo de Segurança").
Bratok – É um soldado da Bratva, um cargo genérico para
homens que são enviados em diversas missões e que também
podem trabalhar somente como seguranças ou equipe de apoio.
Espiãs – São as mulheres treinadas na Central como agentes
especiais, elas são enviadas em missões de diversos níveis, mas
não crescem na organização como os homens. Elas são
respeitadas pelos soldados e trabalham como infiltradas durante as
missões, ou como equipe de apoio ao Brigadier.
Na máfia russa, "Vor" é um título honorário, análogo a um
homem feito na máfia ítalo-americana e siciliana. A honra de se
tornar um Vor é concedida apenas quando o recruta mostra
consideráveis ​habilidades de liderança, habilidade pessoal, intelecto
e carisma.
SINOPSE

Alexei Ivanov teve sua vida controlada por seu pai que, mesmo
depois de ter sido executado como um traidor da Bratva, deixou o
filho com uma bomba em suas mãos.
Patrícia Gerard foi vendida por sua família para servir como
barriga de aluguel do herdeiro da Família Ivanov, agora se vê
grávida e sem saída a não ser aceitar um contrato de casamento
com o pai do seu filho, um homem que ela nunca viu, mas que será
seu marido.
Ela fará de tudo para proteger seu bebê.
Ele promete que irá cuidar dela e do seu filho e, para isso, eles
serão apenas amigos.
Um casamento por obrigação.
Uma gravidez por inseminação artificial.
Um homem quebrado.
Uma mulher forte e determinada a proteger seu filho.
O que deveria ser só amizade, se transforma em algo muito
mais forte e avassalador quando os sentimentos que ambos tentam
esconder vem à tona.
Será que eles poderão passar por cima dos fantasmas do
passado e lutar por esse amor?
Gatilhos: violência, morte, tortura, menção a transtornos
alimentares.
Para você, mocinha safada e fora do padrão de beleza
inalcançável, quero dizer que você também pode ser a personagem
principal de uma linda história de amor!
Você também pode encontrar um homem (ou mulher) que te
ame do jeitinho que você é, assim como o Alexei venera a Patrícia,
você também merece isso e muito mais.
PRÓLOGO

ALEXEI

Anna está em perigo!


Esse é o pensamento que me faz acelerar ainda mais o carro
enquanto percorro o caminho da Central até a minha casa, ainda
sem acreditar no que ouvi naquela maldita reunião.
— Sua irmã foi corrompida, a única coisa de valor que aquela
menina tinha era seu corpo, agora ela não tem mais nada — meu
pai gritava enquanto jogava as coisas de cima da sua mesa no
chão. — Sempre soube que ela daria mais trabalho do que valia a
pena, o acordo estava quase fechado, se aquela vagabunda tivesse
mantido as pernas fechadas por mais dois meses eu teria
conseguido vendê-la, agora ele não vai querer uma puta como
esposa.
— Ninguém precisa saber. — Tentei fazê-lo mudar de ideia,
mas não adiantou, meu pai estava irritado e já não raciocinava
direito.
— Ou você é burro ou nunca fodeu uma virgem, é claro que
ele vai saber, qualquer homem que se preze sabe quando sua
mulher foi usada — contrapôs com nojo em cada palavra, asco esse
que refletia em todos os meus pensamentos sobre ele. — Agora só
me resta uma opção.
Não! Não posso deixar que ele faça mal a minha irmã, ela é a
única pessoa da família que eu amo.
— Podemos mandá-la de volta para o internato, até
encontrarmos um casamento com alguém menos importante do que
Kiev Kuznetsov.
Kiev é o irmão mais novo da Família Kuznetsov, uma das cinco
que compõem o Conselho da Bratva, a maior organização criminosa
do mundo.
— Não, a partir de agora eu lavo minhas mãos sobre aquela
vadia — ele disse e respirou fundo, então vi sua postura mudar e a
expressão suavizar, o que fez todo o meu corpo congelar pelo
medo. — Sua irmã será enviada a um puteiro e aquele maldito
soldado será morto, entendeu?
— Como…
— E você fará o trabalho — ele ordenou, com a voz fria e
impiedosa. — Você é leal a mim, Alexei?
Precisei pensar rápido e responder imediatamente para que
ele não desconfiasse.
— Sim, pai — falei, cada palavra era como ácido em minha
boca, mas precisava que ele acreditasse em mim.
— Então dê um fim naqueles dois, depois disso você terá
provado sua lealdade a essa família e poderá participar dos meus
planos — disse como um desafio e eu soube, naquele momento,
que meu pai estava me dando uma última chance para me juntar a
ele, chance essa que eu jamais poderia aceitar.
— Sim, senhor — disse antes de sair da sua sala com o
coração na boca.
Chamei meus dois homens de confiança, Vincent e Charles, e
seguimos direto para o meu carro.
— Você tem certeza que quer fazer isso? — Charles é quem
tem coragem de perguntar depois que explico meu plano, enquanto
carrega suas armas e se prepara para o que teremos que enfrentar.
— Eu não obriguei vocês a virem comigo, sabem que se algo
der errado hoje serão condenados por traição — aviso com
seriedade, sabendo que não entrarei nisso já que sou o único
herdeiro da família Ivanov, mas eles são somente dois soldados.
— Cala a boca e dirige, não vamos te deixar sozinho nessa —
Vincent responde do banco de trás.
Com isso, sigo ainda mais rápido, cada curva na estrada faz
meus pneus ruírem, porém não me importo com o perigo, preciso
chegar até a minha irmã antes que meu pai mande seus soldados
conferirem se o trabalho foi feito.
— Vamos precisar de dois corpos — aviso.
— Já estou providenciando — Charles responde e o vejo
digitando algo no celular pelo retrovisor. — Tenho uma prostituta e
um traidor, é o melhor que consigo em tão pouco tempo.
— Vai servir — respondo com esperança, precisa ser o
suficiente, preciso confiar que o plano dará certo ou todas as
pessoas que eu amo estarão mortas.
— Anna vai ficar bem, Maksim é um bom soldado — Vincent
comenta, ele conhece minha irmã e sabe o quanto eu a amo.
Vincent e Charles são mais do que soldados fiéis, eles são
meus amigos, treinamos juntos a vida toda e formamos um laço de
confiança entre nós.
Eles são meus confidentes, os únicos homens que confiaria
algo assim.
— É melhor ele cuidar dela — Charles pontua e concordo com
a cabeça.
— Infelizmente o desgraçado é nossa única opção — declaro
com raiva.
Eu sabia que eles estavam tendo um caso, mas não achei que
Maksim fosse chegar tão longe e, muito menos, que meu pai
descobriria.
Nikolai Ivanov nunca se importou com a filha, ela foi um erro,
como ele sempre pontuou, uma mulher não tem valor em nosso
mundo e, por isso, ele iria casá-la com o filho mais novo dos
Kuznetsov e tirá-la das nossas vidas de uma vez por todas, mas de
alguma forma, ele descobriu sobre o relacionamento da minha irmã
com o soldado, e isso foi o fim.
Chego em casa e freio com tudo, cantando pneus antes de
abrir a porta e descer, não me importo com o frio ou com a chuva
que cai com força, só consigo pensar em chegar até a minha irmã
antes que seja tarde demais.
Vincent age primeiro, dispensando todos os seguranças que
estão na casa, enquanto corro para dentro a procura de Anna.
Por sorte, a encontro em sua sala de desenho, imersa em mais
uma pintura, que retrata o lago próximo de casa, aonde passamos
tantos momentos felizes.
— Anna — chamo e ela se vira em minha direção, o sorriso em
seus lábios logo é substituído por uma expressão preocupada
quando ela vê meu estado —, precisamos sair daqui, irmã.
— Alexei, o que está acontecendo? — questiona, jogando os
cabelos longos e loiros para trás enquanto se levanta e caminha em
minha direção, o vestido rosa-claro e as sapatilhas douradas são o
complemento perfeito para a imagem de pureza que minha irmã
passa, sua pele clara e os olhos castanhos a fazem parecer um anjo
inocente.
Pura demais para o mundo em que nasceu.
— Nikolai! Ele descobriu sobre você e Maksim — anuncio sem
rodeios, não tenho tempo para aliviar o golpe do que isso significa,
mas minha irmã não é tão ingênua quanto sua aparência nos faz
acreditar, Anna entende o que minhas palavras significam e arregala
os olhos em pavor.
— Ele vai matá-lo — anuncia, colocando as mãos na boca.
— Ele me mandou fazer o serviço — informo e isso a faz voltar
a respirar, aliviada. — Irmã, ele me mandou matar Maksim e levar
você para uma casa de prostituição.
— Ele… não, papai não faria isso, ele não faria — ela balbucia
sem aceitar, mas não tenho tempo para explicações, preciso agir o
quanto antes.
— Vamos, eu vou tirá-la daqui, você e Maksim precisam sair
da Rússia.
Pego sua mão e a conduzo para o andar de baixo, onde
Vincent nos aguarda com a bolsa que preparei há muito tempo em
suas mãos.
— Troquei a foto no documento, eles vão precisar de novos
quando chegarem aos Estados Unidos, mas por enquanto vai servir
— Vincent anuncia e confirmo com a cabeça, eu havia preparado
essa bolsa com documentos para o caso de Anna e eu precisarmos
fugir do país, por isso Vincent trocou a minha foto pela de Maksim
nos documentos falsos.
— Maksim. — Anna me solta e corre até o namorado quando
ele aparece na porta de casa, seguido de perto por Charles, então
ela se joga em seus braços e escuto os soluços vindos da minha
irmã, que fazem meu coração quebrar em mil pedaços.
— Vai ficar tudo bem, amor — Maksim a abraça e fala em seu
ouvido, confortando-a com carinho.
— Vamos, os corpos já estão a caminho — Charles anuncia.
— Corpos? — Anna questiona.
— Faremos parecer que vocês tentaram fugir de carro e
caíram do penhasco, o veículo vai pegar fogo com dois corpos
dentro, assim teremos dois atestados de óbito — explico meu plano
e Maksim concorda.
— A embarcação já está no porto, eu não confio nele, Alexei
— Vincent anuncia olhando para o celular.
— É nossa única opção, ele não precisa saber quem eles são,
usem os nomes falsos até chegarem nos Estados Unidos, tem
dinheiro na mochila, comprem documentos novos e se escondam
em alguma cidade grande para não chamarem atenção — começo a
falar e eles ficam atentos.
Quando termino, Anna me encara com aqueles grandes olhos
castanhos marejados de lágrimas.
Minha irmã é a pessoa mais importante na minha vida, eu jurei
protegê-la quando nossa mãe faleceu, prometi que cuidaria dela e
que ela seria feliz, e porra, falhei miseravelmente.
Como tudo em minha vida, essa foi só mais uma missão em
que não consegui cumprir o que prometi.
Nunca consegui protegê-la das maldades do meu pai, mas
tentei deixá-la feliz quando estávamos juntos, eu deveria ter sido um
irmão melhor, Anna merecia alguém melhor do que eu para cuidar
dela.
— Eu não quero te deixar aqui — Anna fala e se aproxima de
mim, erguendo uma mão para acariciar meu rosto. — Vem com a
gente, irmão, vamos recomeçar em outro lugar, bem longe daqui,
longe dele.
Como eu queria poder dizer sim, largar tudo e sumir no mundo
com ela, mas é impossível, meu pai saberia que foi tudo uma
armação e colocaria a Bratva toda atrás de nós e, se tem uma coisa
em que o herdeiro é bom, é em encontrar pessoas desaparecidas.
— Eu não posso, mas você sim — respondo e beijo sua testa,
sentindo a dor da despedida. Sei que, depois de hoje, jamais verei
minha irmã novamente. — Não entre nas redes sociais, não tire
fotos e nem poste seu rosto em lugar algum, a Bratva está sempre
de olho — aconselho e ela confirma com a cabeça. — Eu te amo,
irmã, mais do que tudo nesse mundo.
— Também te amo, irmão — Anna declara entre soluços e eu
a abraço com força, desejando nunca mais soltá-la.
— Use essa oportunidade para recomeçar e finalmente ser
feliz — falo baixinho para que só ela escute. — Agora vai, Vincent a
levará até o navio e de lá vocês seguem viagem, não conte para
ninguém quem vocês são, não confiem em ninguém.
— Alexei, precisamos ir, seu pai enviou reforços — Charles
anuncia e preciso soltar minha irmã, então olho diretamente para
Maksim, o soldado de vinte e três anos de idade, tão jovem, que me
encara tentando esconder o medo em seu olhar.
Ele é alto e musculoso, devido ao treinamento, mas além
disso, Maksim é um bom soldado.
— Proteja minha irmã — é um aviso e não um pedido.
— Com a minha vida — ele bate continência e pega a mão de
Anna, levando-a para longe de mim, até que ambos saem da casa
com Vincent.
Assim que ela passa pela porta, todo o meu mundo rui em
desgraça, dor e sofrimento.
A última fagulha de felicidade que existia se vai com ela e
posso sentir a escuridão que o futuro me reserva.
Sei que, a partir de agora, nada será como antes.
CAPÍTULO 1

PATRÍCIA
3 anos depois

Nunca imaginei que o dia do meu casamento chegaria, muito


menos que eu estaria entrando na igreja sozinha, com um pequeno
buquê de flores silvestres em minhas mãos, um vestido branco
escolhido às pressas e lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
Infelizmente, não são lágrimas de felicidade, porque em todas
as vezes que sonhei com esse momento, ele nunca era assim.
Caminho com passos curtos e trêmulos pelo tapete vermelho
em direção ao homem que, em alguns minutos, será meu marido.
Os arranjos de rosas brancas vão passando conforme ando
em direção ao altar, o local não foi muito enfeitado, tudo foi feito na
correria, mas mesmo assim, alguns itens de decoração foram
espalhados para fingir que esse é realmente um casamento.
Um homem que eu nunca vi na vida, mas que é o pai do filho
que carrego em meu ventre, será o homem com quem
compartilharei o restante dos meus dias, até que a morte nos
separe.
Não preciso olhar para os lados para saber que a igreja está
praticamente vazia, porque esse não é realmente um casamento a
ser celebrado.
Ao chegar nas primeiras fileiras, ergo o olhar do chão e vejo
minhas duas madrinhas, uma delas é a irmã do meu noivo, Anna
Ivanova é uma mulher linda, ruiva, com um corpo espetacular,
abraçado pelo vestido vermelho que a deixa com a aparência de
uma modelo.
Assim como ela, a outra madrinha também usa um vestido
vermelho, seu corpo é magro, pelos anos em que foi bailarina.
A futura esposa do Pakhan me encara com o que imagino ser
pena refletida em seus olhos azuis.
Seria uma honra para qualquer mulher que sabe sobre a
máfia, ter entre suas madrinhas duas mulheres que farão parte da
Família Petrov.
Anna é namorada de Andrei Petrov, irmão gêmeo do Pakhan,
Dimitri Petrov, ambos são padrinhos e ocupam os dois lugares ao
lado do meu noivo.
Na primeira fileira vejo mais três homens de pé, em todos os
cantos da igreja tem soldados armados, mas o único que me faz
levantar o olhar é meu futuro marido.
Alexei Ivanov é um homem alto, musculoso e muito, muito
bonito.
Se o momento fosse outro, ele me arrancaria um suspiro.
Ele está vestindo um terno luxuoso, preto com o colete azul
por baixo, ergo o olhar para encarar seu rosto quadrado, a barba
loira, que contorna seu queixo, foi aparada recentemente, assim
como os cabelos loiros que estão penteados para o lado, mas nada
no mundo consegue tirar minha concentração tanto quanto o olhar
frio e distante que ele me lança.
Meu futuro marido, o pai do meu filho, está tão preso a esse
casamento quanto eu.
Ele não teve escolha, assim que soube sobre mim era tarde
demais, a gravidez já estava muito avançada.
Então ele fez o que poucos homens que conheço fariam:
aceitou se casar comigo e assumir o filho que foi implantado em
minha barriga, legitimando-o como seu herdeiro e aceitando um
destino que lhe foi forçado.
Eu não sou nada como essas pessoas, não venho de uma
família importante, não sou magra e bonita como essas mulheres,
não tenho dinheiro ou qualquer educação.
Eu não sou ninguém.
Para falar a verdade, já nem sei mais quem eu sou, desde o
momento em que aceitei servir de barriga de aluguel e vendi meu
destino ao diabo, tudo o que eu sabia sobre mim deixou de existir e
somente o bebê em meu ventre importava.
É por ele, e pelo amor que cresce em meu peito a cada dia
que se desenvolve dentro de mim, que lutarei para protegê-lo das
maldades desse mundo.
Posso ter aceitado esse acordo para quitar a dívida do meu pai
com a Bratva, mas vou continuar com ele até o fim pelo meu filho.
Quando aceitei entrar nessa, não imaginei que seria assim,
pensei que não iria me conectar com um filho que nunca quis ter e
que seria fácil entregá-lo ao pai quando nascesse, porém a partir do
primeiro momento que o senti se mover dentro de mim, tudo mudou
e virei uma mãe.
— Cuidado — uma voz grossa e baixa ecoa pelo ambiente
quando sinto uma mão segurando meu cotovelo, antes que eu suba
os dois degraus do altar, me distrai em meus pensamentos e
esqueci que havia chegado, então Alexei me ajuda e logo depois me
solta.
Entrego as flores para Yekaterina, que está logo atrás de mim,
e ela abre um sorriso encorajador em minha direção, mas nada nem
ninguém poderia fazer esse dia ser melhor.
Quando volto a me virar fico de frente para meu noivo, ele é
um pouco mais alto do que eu e essa diferença fica maior, porque
não consegui usar salto alto, meus pés estão inchados demais por
causa da gravidez e aceitei as sapatilhas que Anna me ofereceu no
lugar da sandália que não serviu.
Tudo o que poderia dar errado nesse dia, deu, a começar pelo
maldito casamento que não deveria acontecer, mas aqui estamos
nós e, quando o padre começa a celebração, me desligo de tudo e
acaricio minha barriga, que já está enorme aos seis meses.
Segundo o médico, preciso controlar minha alimentação ou
engordarei mais do que é o indicado, porém não consigo fazer o que
ele mandou.
Sofro com desejos estranhos todos os dias e só consigo comer
doces, quando vou por uma fruta na boca meu estômago revira e
vomito.
Tudo o que essa criança quer é um pedaço de bolo de
chocolate, esse sim ele mantém intacto e ainda pede mais, e eu
dou, porque não faço nada o dia todo a não ser pensar no meu filho
e em como será a nossa vida.
A ansiedade, misturada com os hormônios da gravidez, tem
me deixado louca, então eu como tudo o que tenho vontade, porque
pelo menos isso eu tenho a liberdade de fazer naquele quarto de
hotel, que fui trancada desde o início da gestação.
— Repita comigo — o padre fala e percebo que ele está me
olhando, portanto sei que chegou a minha vez. — Eu, Patrícia
Gerald, aceito Alexei Ivanov como meu legítimo esposo, prometo
amá-lo e respeitá-lo até que a morte nos separe.
Respiro fundo uma vez, duas, na terceira percebo que não
tenho mais tempo e repito as palavras que o padre falou, minha voz
sai trêmula e incerta, porém consigo chegar até o final sem desistir.
Então chega a vez de Alexei e, com a voz firme e fria, ele faz
seu juramento sem parar para respirar, demonstrando uma
confiança que eu não consigo sentir, mas queria muito ter.
— Você, Patrícia Gerald, aceita Alexei Ivanov como seu
legítimo esposo? — o padre questiona.
— Sim — respondo baixo, mas de forma que eles conseguem
ouvir.
— Você, Alexei Ivanov, aceita Patrícia Gerald como sua
legítima mulher?
— Sim — ele responde.
Então o padre pede as alianças ao Pakhan, que as entrega
para Alexei, ele pega minha mão, deslizando uma em meu dedo
anelar, depois entrega a dele para mim e faço o mesmo em seu
dedo, porém minhas mãos tremem ao colocar a aliança nele.
— Agora, pelo poder a mim investido, eu vos declaro marido e
mulher, pode beijar a noiva.
Droga, droga, droga, droga…
Ele não vai realmente… ele não pode estar pensando…
Fecho os olhos assim que suas mãos grandes e fortes
envolvem minha cintura, espero o momento que ele vai me beijar,
mas ao contrário do que eu imaginei, ele simplesmente encosta os
lábios quentes com delicadeza em minha testa e se afasta logo
depois.
Só percebo que estou tremendo quando ele segura minha mão
e entrelaça nossos dedos, para me ajudar a descer do altar.
Não olho para as pessoas sentadas na primeira fileira, eu não
os conheço, ao invés disso mantenho meu olhar no tapete vermelho
e uso toda a minha concentração para acompanhar os passos
calmos do meu marido, até chegarmos no lado de fora da igreja.
Vejo uma limusine nos esperando e vários soldados
espalhados, um deles abre a porta e Alexei me ajuda a entrar no
veículo, fechando a porta logo depois, ele contorna o carro e entra
pelo outro lado, sentando-se ao meu lado, mas a uma distância
considerável de mim.
Não falo nada, deixo que o silêncio tome conta do ambiente,
enquanto o carro nos leva para sabe-se lá qual será nosso destino.
Depois de seis meses convivendo com a Bratva, tendo minha
liberdade tirada de mim e assistindo cada momento da minha vida
ser planejado por outras pessoas, me acostumei a só seguir ordens
e não questionar nada.
— Nós estamos indo para a minha casa — Alexei fala,
pegando-me de surpresa, então me viro para encará-lo, mas ele
está olhando para a frente. — A partir de agora ela também será
sua, espero que se sinta à vontade e, qualquer coisa que quiser
mudar, é só me falar.
— Você… nós vamos morar juntos? — questiono, esquecendo
que não deveria, mas Alexei não parece bravo, ele concorda com a
cabeça e então me olha.
— Somos casados agora, precisamos manter as aparências,
mesmo que seja um casamento falso, nós estamos ligados para a
vida toda — ele anuncia com a expressão séria no rosto. — Até que
a morte nos separe.
Até que a morte nos separe...
Repito mentalmente e sinto aquela tristeza batendo fundo na
minha mente, então levo minhas mãos para minha barriga e sinto o
bebê se mexer, lembrando-me do que importa nesse momento e por
quem continuarei viva.
— De quanto tempo você está? — ele questiona, olhando para
minhas mãos.
— Vinte e quatro semanas — respondo e o vejo franzir as
sobrancelhas, claramente fazendo a conta mentalmente para saber
quanto isso representa em meses, a expressão confusa em seu
rosto me faz sorrir por um momento, então complemento. — São
praticamente seis meses.
— Eu gostaria de acompanhá-la nas consultas a partir de
agora — ele fala com seriedade.
— Eu não sei quando são as consultas, geralmente o médico
ia até o hotel e fazia os exames necessários lá.
— Bem, a partir de agora você fará o acompanhamento da
gestação na Central, nossos médicos já foram avisados.
— Sim, senhor — respondo.
— Não… por favor, não me chame de senhor, é Alexei, ou Alex
se preferir — ele repreende. — Não quero ser seu dono, Patrícia.
— Também não será meu marido... — falo sem pensar e
seguro a respiração, esperando uma repreenda.
— Não, também não serei seu marido — ele confirma, mas
não me repreende e nem ergue o tom de voz, Alexei está calmo e
conversa comigo como se me respeitasse, não sei, não consigo ler
suas intenções ainda. — Não tivemos escolha ao entrar nesse
casamento, mas acho que podemos vivê-lo de forma pacífica, pelo
menos com respeito e, quem sabe no futuro, nos tornamos amigos.
— Amigos?
— Vamos criar um filho juntos, Patrícia, é o mínimo que
podemos fazer por essa criança, não desejo que ele cresça em um
lar como o que eu cresci, posso não saber o que é ser um bom pai,
mas sei o que não fazer e isso já é meio caminho andado.
Não sei o que responder, Alexei parece tão diferente dos
outros homens da máfia que conheci, e eu convivi com eles durante
toda a minha vida, quando vinham cobrar as dívidas do meu pai.
Eles são brutais e não demonstram misericórdia, não parecem
em nada com o homem gentil que conversa comigo nesse
momento, mas ele pode estar fingindo, assumindo essa forma
calma e chamativa para ganhar a minha confiança e me manipular.
Seu pai era um monstro e, pela minha experiência, o fruto
nunca cai muito longe do pé.
Seja lá quem Alexei realmente é, não tenho escolhas a não ser
concordar com ele e aceitar o que está propondo, afinal, se for
mentira, eu saberei logo, mas na mínima chance de ser verdade,
minha vida e a do meu filho podem ser um pouco melhores do que
eu estava imaginando.
Espero que seja verdade.
Assim que chegamos na enorme mansão, Alexei me ajuda a
descer do carro e me acompanha para dentro, no hall de entrada,
que está todo decorado com flores brancas, uma mulher mais velha
nos aguarda.
— Patrícia, essa é Dona Maria, nossa governanta e
responsável pela casa — ele me apresenta e avalio a mulher
momentaneamente, ela é da minha altura, talvez tenha uns
quarenta anos ou mais, os cabelos loiros estão erguidos em um
coque perfeito e ela usa o que imagino ser um uniforme.
Sua expressão é tranquila e, ao me olhar, ela abre um sorriso
educado e faz uma pequena reverência.
— Seja bem-vinda, senhora Ivanova — fala e preciso de um
segundo para lembrar que esse agora é meu sobrenome e essa é a
forma que as pessoas vão me chamar daqui para frente.
— Obrigada — agradeço e sinto a mão de Alexei tocar as
minhas costas quando ele indica as escadas com a outra.
— Os quartos ficam no andar de cima, você gostaria de
conhecer a casa agora ou está cansada? — ele pergunta de forma
atenciosa.
— Confesso que estou um pouco cansada — respondo
honestamente porque, mesmo com as sapatilhas, meus pés estão
reclamando por ficar tanto tempo em pé.
— Venha, vou acompanhá-la até o quarto — ele pressiona a
mão na base da minha coluna e começo a andar. — Seus pertences
já foram trazidos para cá e Dona Maria organizou seu closet, mas se
quiser mudar alguma coisa é só falar que ela providenciará para
você.
— Obrigada.
— Meu quarto fica no final do corredor. — Ele indica uma porta
fechada quando chegamos no topo das escadas, então abre a
primeira a direita, a qual identifico ser o meu quarto.
É um cômodo muito grande e claro, o papel de parede rosado
é bonito, assim como os móveis brancos e luxuosos.
Vejo vários vasos com rosas brancas enfeitando o ambiente e
sorrio com a perspectiva de este ser o meu espaço.
— Sei que não nos conhecemos e que essa não foi a vida que
você sonhou, mas espero poder fazer com que se sinta em casa
aqui, Patrícia — ele declara e me viro para encarar seus olhos
castanhos que parecem tristes, porém sinceros.
— Obrigada — agradeço, simplesmente sem saber o que mais
posso falar.
Depois de um momento de silêncio, ele se afasta e caminha
em direção à porta, mas antes de sair e me deixar sozinha, Alexei
fala:
— Esse nunca foi um lar, espero mudar isso para que nosso
filho conheça o que é realmente uma família.
E com isso ele sai, deixando-me confusa e com muitas
perguntas em mente, nenhuma que eu tenha coragem de fazer.
O homem que saiu daqui parece estar sofrendo tanto quanto
eu com esse casamento, ou é um mestre em manipulação porque,
se isso for um teatro, ele merece um Oscar.
CAPÍTULO 2

ALEXEI

Quando vi o corpo do meu pai caído no chão, o primeiro


pensamento que passou pela minha cabeça foi que eu estava livre,
finalmente o diabo estava morto e eu poderia viver em paz.
Só que essa é a minha vida e nada é tão simples assim.
Depois que ele contou sobre a mulher que carregava meu
filho, não consegui parar de pensar nela e em tudo o que isso
significa.
Primeiro: eu serei pai!
Esse fato sozinho já é motivo para surtar, combinando com a
informação de que a mulher que o carrega é uma desconhecida,
que foi paga pelo meu pai para fazer uma inseminação artificial com
o meu esperma, que estava guardado em um banco especial na
Central, tudo isso resulta em um caos completo em minha vida.
Segundo: eu poderia esquecer que ela existe, dar uma quantia
considerável de dinheiro a ela e fazê-la desaparecer, mas Patrícia
não está sozinha, ela carrega com ela meu único filho e eu jamais o
deixaria ir dessa forma.
Posso não ser o melhor homem do mundo, mas essa criança
não tem culpa da maneira como foi concebida e, a única coisa que
posso fazer por ela, é assumir minhas responsabilidades e criá-la da
melhor forma possível.
Para isso precisei me casar com Patrícia, afinal um filho
ilegítimo não tem direito a nada em nosso mundo.
Aceitei um casamento fajuto e que me prenderá para sempre a
uma mulher que não conheço e não confio.
Depois de deixá-la em seu quarto, me fechei no meu escritório,
o local foi totalmente redecorado por uma arquiteta, já que era mais
um dos cômodos dessa casa que pertenciam ao meu pai.
Antes tudo aqui era preto e escuro, não haviam fotos ou
qualquer resquício de cor, fora os livros antigos nas prateleiras.
Agora, a parede aonde os livros estavam foi pintada em um
tom de cinza-claro e Anna pendurou várias de suas pinturas nela,
junto com algumas fotos nossas mais recentes e outras que
encontrei da nossa mãe e de quando éramos crianças.
Essa parede está bem de frente para a mesa branca de vidro
que combina com o restante dos móveis claros, a janela atrás da
mesa ilumina ainda mais o ambiente durante o dia.
O sol já se pôs há um tempo, mas eu continuo aqui, lendo o
relatório que Dimitri Petrov, o Pakhan em pessoa, me entregou
sobre minha esposa.
“Patrícia Gerald, 22 anos, nasceu em São Petersburgo, em 15
de fevereiro de 2003.
Mãe: Karina Gerald, faleceu aos 32 anos de idade, no dia 16
de fevereiro de 2003.
Pai: Karl Gerald, 67 anos, mecânico.”
Nessa parte, Dimitri listou uma quantidade enorme de dívidas
de jogo que o pai de Patrícia adquiriu durante os anos, mas que
foram todas quitadas exatamente seis meses atrás.
“Irmãos: John e Ryan Gerald, 31 anos, mecânicos.”
Aparentemente os gêmeos seguiram os passos do pai e
também se endividaram durante os anos, mas tudo foi pago na
mesma época.
Essas informações, e todas as movimentações bancárias da
família Gerald, confirmam que o maldito do meu pai comprou minha
esposa do desgraçado do pai dela, pagando todas as dividas
daquela família e sumindo com eles.
A última notícia que Dimitri conseguiu dos três é que eles
partiram em um voo para o Brasil, logo depois que meu pai foi
desmascarado, depois disso não temos mais informações sobre
eles.
Na parte em que ele fala sobre Patrícia, as poucas linhas não
trazem muitas informações, mas esse fato fala muito sobre ela.
Patrícia não foi para a escola, recebeu educação em casa.
Não consta nenhuma aplicação para universidade ou algum curso
superior.
Segundo depoimentos colhidos de vizinhos da família Gerald,
ela era mantida presa na casa e não tinha permissão para sair sem
seus irmãos ou seu pai.
Uma senhora comentou que a menina era trancada e obrigada
a fazer os serviços domésticos desde muito pequena, ela não tinha
amigos, não podia brincar com as crianças da rua, nem conversar
com os vizinhos.
“Eu mesma chamei a polícia mais de uma vez pela forma com
que aquela menina era presa em casa, mas eles vinham e não
faziam nada.”
Abaixo disso tem o relato da própria Patrícia sobre sua vida, o
qual uma espiã coletou na Central quando ela foi interrogada.
Esse eu acompanhei de perto, mesmo estando atrás do vidro
espelhado aonde ela não podia me ver, eu assisti todo o processo
desde a sua chegada, até os exames que foram feitos e a
confirmação de que o filho era realmente meu.
As informações que a espiã conseguiu batiam com as
coletadas pelos vizinhos, Patrícia confirmou que foi criada dentro da
casa e precisava manter o local limpo, fazer a comida, lavar as
roupas do seu pai e irmãos, tudo isso desde que ela conseguia
segurar uma vassoura na mão.
Os únicos momentos que podia sair, era para ir ao mercado ou
a biblioteca pública.
Pensar que alguém pode ser tão mal assim com a própria filha
faz a droga do meu estômago revirar, então olho para o relógio e
percebo que já são quase onze horas da noite.
Não tivemos uma festa para comemorar o casamento, quando
vi que Patrícia entrou chorando na igreja, avisei Dimitri para
cancelar a pequena celebração que aconteceria em sua casa.
Essa união não tem motivos para comemoração, e eu não
queria deixá-la desconfortável levando-a para outro lugar estranho e
forçando minha esposa a fingir felicidade, sentimento que está tão
longe do que ela deve estar sentindo agora.
Me corta o coração saber que foi meu pai quem a sentenciou a
viver essa mentira só para me punir.
Saio do escritório e vou direto para a cozinha, mas ao passar
pela sala de jantar percebo que os dois lugares ainda estão
arrumados e nenhum dos pratos foram usados, encontro a
governanta, mas os funcionários já foram dispensados.
— Senhor Ivanov, perdoe-me, achei que não desceria mais
para jantar — ela fala com a voz carinhosa. — Posso preparar um
prato para o senhor, por favor, aguarde alguns minutos e…
— Tudo bem, Maria. — Sorrio para a mulher, que foi a única
que sempre se importou comigo e minha irmã nessa casa. Depois
que minha mãe morreu, dona Maria cuidou de nós da melhor forma
que podia, sem desrespeitar as regras do meu pai. — Patrícia não
desceu para jantar?
— Não, senhor.
— Se não for muito incômodo, pode preparar dois pratos e
servir na sala de jantar? — peço e ela confirma, então subo as
escadas e bato na porta do quarto da minha esposa. — Patrícia,
você está acordada?
Depois de alguns segundos escuto passos do outro lado da
porta e, logo depois, ela se abre e Patrícia aparece com uma
camisola branca que vai até seus joelhos, mas faz um péssimo
trabalho em esconder seu corpo.
Ela é uma mulher magnífica, a pele clara e pintada de sardas é
como uma obra de arte, seus seios estão grandes e fartos e, só de
vê-los sob o tecido fino da camisola, preciso me controlar para não
lamber os lábios.
Sua barriga de grávida já está bem evidente e me faz querer
acariciá-la, sabendo que é meu filho que está ali dentro, tudo fica
ainda mais confuso e é difícil reagir.
Droga, olhos para cima, Alexei.
— Você… hum… — gaguejo, o que eu ia falar mesmo? Há
sim. — Você está com fome? Pedi para dona Maria esquentar o
jantar, ela disse que você não havia descido ainda, então vim buscá-
la.
— Eu não sabia... — ela responde e desvia o olhar do meu,
encarando o chão com vergonha.
— Do quê? — questiono sem entender.
— Se podia sair do meu quarto, no hotel eles levavam todas as
minhas refeições.
— Droga, desculpa, Patrícia, eu deveria saber — me
repreendo, é claro que ela está confusa e não sabe o que fazer,
meu pai a mantinha presa em um hotel enquanto ela servia de
incubadora humana. — Você é livre aqui, pode fazer o que quiser,
não quero que se sinta como uma prisioneira.
— Desculpa — ela pede, cortando meu coração, porque nada
disso é culpa dela.
Porra, se eu pudesse matar meu pai mais uma vez por fazê-la
sofrer assim, eu mataria.
— Não precisa se desculpar — aviso e ela ergue o olhar para
encontrar o meu. — Venha, vamos jantar, você deve estar morrendo
de fome.
Em um gesto impensado, estendo a mão em sua direção, mas
ela não aceita, ao invés disso, Patrícia volta para seu quarto e
coloca um roupão rosa por cima da camisola, depois me
acompanha até a sala de jantar.
Dona Maria serve nossos pratos e Patrícia não demora a
atacar, claramente desesperada por comida, e faço uma nota mental
para acompanhar sua alimentação, não quero que ela fique sem
comer.
— Essa casa é sua agora, Patrícia — falo ao terminar minha
comida. — Não precisa ficar em seu quarto, quero que explore a
propriedade, pode encontrar algo que goste de fazer aqui.
— Eu posso sair? — ela questiona e logo depois fica vermelha,
claramente foi um impulso.
— Claro, porém agora você é parte de uma das famílias mais
importantes da Bratva e precisa de proteção, portanto, quando
quiser sair só peço que me avise antes.
— Obrigada.
— Não precisa me agradecer, você não é mais uma
prisioneira, entende isso?
— Eu… entendo — ela gagueja, contorcendo-se na cadeira
como se quisesse sumir ou correr dessa conversa, mas Patrícia
permanece sentada e respira fundo, criando coragem para
continuar. — Só… não sei como viver diferente.
— Porra! — solto sem conseguir me controlar e passo a mão
pelos meus olhos, sentindo o cansaço das últimas semanas
finalmente me atingir, mas o pior é que a sua insegurança é a
mesma que a minha, se ela soubesse que eu também não faço a
mínima ideia de como viver sem ser um prisioneiro. — Você vai
descobrir uma forma, tenho certeza disso.
As palavras são para ela, mas em algum lugar no fundo da
minha mente é como se eu tivesse falando para mim mesmo, como
se uma luz de esperança estivesse surgindo no fim do imenso túnel
escuro e frio que foi minha vida até agora.
CAPÍTULO 3

PATRÍCIA

Alexei passou um tempo me explicando os esquemas de


segurança e como funcionam as coisas na casa, ele está sendo
gentil, ou fingindo ser, eu não sei.
Durante todo esse tempo, a única coisa que não saiu da minha
mente foi a forma com que ele me olhou de cima a baixo quando
abri a porta do meu quarto.
Achei que teria que dormir sem jantar, o que já fiz incontáveis
vezes durante minha vida, por isso já estava de camisola e deitada
na cama.
Quando seu olhar passou pelo meu corpo, eu quis me
esconder, ele não deveria me ver daquela forma, ainda mais com o
que parecia ser desejo estampado em seu rosto.
Droga, tenho certeza que só estou me enganando, são os
hormônios da gravidez que me deixam subindo pelas paredes,
porque um homem como ele jamais olharia para alguém como eu.
Claro que você está enganada, Patrícia, coloca a cabeça no
lugar.
Alexei é um homem muito bonito e atraente, deve ter milhares
de mulheres atrás dele, com certeza mil vezes mais bonitas do que
eu.
Quando seu pai conversou com o meu sobre o acordo e pediu
para me ver, ele riu de forma debochada assim que entrei na sala, e
disse que eu era a porca perfeita para criar seus netos.
E, como se já não bastasse essa humilhação, ele ainda
complementou dizendo que seria a punição perfeita para seu filho,
casar com uma gorda nojenta.
Eu sou o castigo de Alexei, um com o qual ele terá que
conviver durante toda sua vida, não posso me deixar levar por
pensamentos ridículos.
— Patrícia? — Alexei chama minha atenção e só então
percebo que devo ter viajado enquanto ele falava. — Você deve
estar cansada e eu estou aqui, divagando.
— Desculpa, o dia foi… bem, você sabe.
— Sim, e já passa da meia noite, desculpa por isso. — Ele
passa uma mão nos cabelos loiros e brilhantes enquanto fala e um
meio sorriso aparece em seus lábios.
Droga, por que meu marido tem que ser tão bonito assim?
— Vamos subir? — Ele se levanta e estende a mão em minha
direção, só então um pensamento passa em minha mente: será que
ele está imaginando outra coisa?
Afinal, sou sua esposa e essa não deixa de ser nossa noite de
núpcias, normalmente o marido teria que consumar o casamento.
Será que…
Não, Alexei foi um cavalheiro o dia todo, ele não faria isso justo
agora... ou faria?
Será que ele estava mentindo esse tempo todo, fingindo ser
alguém legal para me deixar calma e assim poder me atacar e…
— Não. — Levanto rapidamente, ignorando a mão estendida
em minha direção, começo a reunir os pratos do jantar, que são um
conjunto muito bonito de porcelana com detalhes florais em roxo e
rosa. — Eu vou limpar aqui, você pode subir.
— Pode deixar, não precisa recolher ou limpar nada, Patrícia.
— Ele dá um passo em minha direção e, instintivamente, dou dois
para trás, ainda segurando os pratos, quase deixo um cair e Alexei
para. — O que está acontecendo? — questiona confuso. — Eu fiz
algo para deixá-la desconfortável?
Droga, droga, droga...
— Não… Eu só não quero ficar sem fazer nada e as suas
funcionárias já devem ter ido dormir, não custa nada recolher esses
pratos e lavá-los — digo caminhando em direção ao que penso ser
a cozinha e, por sorte, é mesmo.
— Elas podem fazer isso amanhã. — Ele me segue de perto,
assistindo enquanto procuro uma esponja e detergente, mas a cada
porta que abro só encontro panelas. — Patrícia, por favor, deixa isso
aí e…
— Eu não vou dar para você! — explodo, sem conseguir me
controlar, e largo tudo o que tenho em mãos para fechar a minha
boca.
Só sinto a dor dos pratos se quebrando em cima dos meus pés
quando é tarde demais, tento dar um passo para trás, mas Alexei
corre em minha direção e me mantém parada.
— Não se mova — ele solta em uma ordem que me faz
estremecer no lugar, mas fico parada. — Tem cacos de porcelana
por todo lado, você pode se cortar, essas pantufas não protegem
bem seus pés.
— Desculpa, eu… eu não sei… desculpa — choramingo sem
conseguir me controlar e sinto as lágrimas escorrerem pelo meu
rosto.
— Ei, tudo bem, calma, calma. — Ele tenta me ajudar, mas
nada faz com que as lágrimas parem, então, em um movimento
rápido e inesperado, Alexei se abaixa e coloca uma mão nas minhas
costas e a outra em minhas pernas, me erguendo em seus braços
como se eu não pesasse nada. — Calma, só vou te tirar do perigo
— ele avisa e me segura mais próximo do seu peito, posso sentir os
músculos firmes por baixo da camisa e estremeço ao tocá-lo.
— Desculpa, eu…
— Não precisa se desculpar, Patrícia, eu não consigo nem
imaginar o que você está sentindo agora, ou melhor, o que significou
esse dia para você, mas eu preciso que confie em mim, tudo bem?
Não respondo, apesar de não estar com medo, é difícil confiar
em alguém que acabei de conhecer, por mais bonito e,
aparentemente perfeito, que ele seja, não o conheço, não sei quais
são suas reais intenções ou o que ele realmente quer de mim.
— Tudo bem, algum dia eu vou obter um sim para essa
pergunta, acho que ações falam bem mais do que palavras, não é
mesmo? — ele questiona e me coloca sentada na cadeira da sala
de jantar, então se ajoelha em minha frente e avalia meu pé, que só
agora percebo estar vermelho e todo sujo de restos de comida.
— Ai! — reclamo quando ele tira a pantufa e passa a mão em
um pequeno corte em cima do meu pé, não é muita coisa, mas está
sangrando.
Então Alexei se levanta e some em um corredor, retornando
com um kit de primeiros socorros em mãos, volta a se ajoelhar e
começa a tirar coisas de dentro da caixinha para cuidar do meu
ferimento.
— Tudo bem, eu posso fazer isso, é só um corte, nada mais —
digo tentando impedi-lo, mas minha barriga não deixa que eu me
abaixe muito e ele percebe meu desconforto, então segura meu pé
e me encara com aqueles lindos olhos castanhos.
— Você vai sentar quietinha aí enquanto eu limpo esse
ferimento — ordena novamente, mas não é ríspido ou de uma
forma grosseira, é como um pedido mais firme e que não precisa de
resposta, e isso, por mais estranho que pareça, me deixa calma.
Ele limpa o ferimento e depois cobre com uma gaze e
esparadrapo, não foi tão fundo para precisar de pontos, só vai arder
por alguns dias até fechar, mas eu já tive ferimentos piores.
— Pronto — ele avisa quando termina, então se levanta e puxa
a outra cadeira, sentando-se bem de frente para mim —, agora
vamos conversar sobre o motivo de você ter largado os pratos.
Droga, droga, droga…
— Eu, desculpa…
— Patrícia, eu não vou fazer nada contra você, não vou
machucá-la, prendê-la ou forçá-la a nada, nunca, entende isso?
Suas palavras são confiantes e ele está com a expressão séria
no rosto, mas posso sentir uma dor por trás de cada uma delas,
como se ele estivesse bravo, só não sei se é por minha causa.
— Eu não… bem, você é meu marido agora — gaguejo ao
falar, mas continuo. — É seu direito… você sabe…
— Não, não é! — ele me interrompe em um rompante e
arregalo os olhos. — Ninguém tem direitos sobre outra pessoa,
Patrícia, eu não tenho direito nenhum sobre seu corpo, suas
vontades ou sua liberdade, só você pode decidir o que quer e só
você é dona de si mesma. Lembre-se disso porque, a partir de hoje,
você está livre de outras pessoas tomando decisões por você.
— Mas você é meu marido — contraponho sem entender, tudo
o que meu pai me ensinou sobre casamento é que a mulher é
submissa ao marido, tudo o que ele exigir ela tem que fazer,
querendo ou não, esse é o seu papel em um casamento.
— A última coisa que eu quero é que você se sinta ameaçada,
Patrícia. — Ele respira fundo e posso ver algo como dor em seu
olhar, nunca vi um homem assim, tão cheio de sentimentos e que
fala sobre isso de uma forma calma e acolhedora como Alexei está
fazendo, ele me deixa confusa demais. — Sei que vai levar tempo
para confiar em mim, mas por enquanto só peço o benefício da
dúvida, para provar que não sou igual aos monstros que te criaram.
Você é a mãe do meu filho e eu farei de tudo para que esteja
segura. — Parece uma promessa e, por hora, resolvo acreditar nele,
de qualquer forma não tenho outra opção e prefiro que ele pense
que confio nele, do que o contrário. — Pode tentar confiar em mim?
— Tudo bem, eu… vou tentar.
— Obrigado. — Ele se levanta e me estende a mão, para que
eu faça o mesmo. — Consegue subir as escadas?
— Sim, foi só um corte superficial — respondo.
— Então, boa noite, Patrícia.
— Boa noite, Alexei — respondo e caminho até as escadas,
mas antes de seguir pelo corredor, olho para trás e o vejo com uma
vassoura e uma pá nas mãos, seguindo para a cozinha.
Será que ele vai limpar a bagunça que eu fiz?
CAPÍTULO 4

ALEXEI
1 semana depois

— Alexei, como estão os esforços para encontrar o restante


dos ratos nas empresas Ivanov? — Dimitri questiona do outro lado
de sua mesa, ele veste um terno completo azul com uma camisa
branca por baixo e uma gravata preta, com estampas do Batman em
cinza, o que destoa completamente da pose poderosa do Pakhan,
mas ninguém tem coragem de comentar sobre.
Desde que meu pai foi morto por traição, estamos procurando
seus comparsas e, até agora, mais de vinte homens foram
executados, todos soldados que trabalhavam para ele ou eram
empregados das empresas envolvidas em transações suspeitas.
— Encontramos mais dois soldados que tentaram fugir na
noite passada, deixei o Vincent encarregado da tortura, ele deve
estar terminando e logo nos trará um relatório — anuncio, confiante
que meu melhor amigo fará seu trabalho com a excelência de
sempre.
— Você chegou a investigá-lo? — Dimitri pergunta.
— Claro que sim, e tenho certeza que você fez o mesmo, mas
tanto Vincent quanto Charles estão comigo a vida toda, eles são
confiáveis.
— Sim, mas por motivos de segurança estou rastreando toda a
comunicação dos seus soldados, se algo suspeito aparecer, meus
programas irão avisar.
É claro que ele fez isso, Dimitri é conhecido por saber tudo
sobre todos, e realmente é verdade.
Se ele fosse uma senhora comum, seria a velha fofoqueira da
cidade, mas ele é o Pakhan e informação é poder, todos sabem
disso.
— Ficarei de olho — encerro a conversa, já está tarde e
preciso verificar se Vincent terminou com os interrogatórios, mas
antes de ir preciso abordar outro assunto com o Pakhan. — Tem
mais um assunto que gostaria de falar com você.
— Claro, o que seria?
— É pessoal — alerto e ele se mexe na cadeira, escorando-se
enquanto cruza os braços em frente ao corpo.
Sei que Dimitri não gosta que ninguém se envolva em sua vida
e eu não pediria algo se não fosse importante.
— Tudo bem — ele aceita, encarando-me com seriedade.
— Gostaria de saber se você pode falar com Yekaterina por
mim — peço e ele levanta as sobrancelhas. — Patrícia parece triste
demais, eu tento ir para casa todos os dias e ter pelo menos uma
refeição com ela, mas você sabe como as coisas estão, não tenho
como ficar lá e ela fica sozinha o dia todo, pensei que talvez
Yekaterina pudesse fazer uma visita, tomar um chá, quem sabe elas
conversem ou até se tornem amigas.
— Ela é confiável? — Dimitri questiona de forma séria.
— Eu não sei ainda, mas continuo vivo e ela não tentou nada,
então acredito que sim — respondo e não é uma brincadeira, a
desconfiança com Patrícia é normal por se tratar de alguém que foi
contratada pelo meu pai.
— Vou falar com a Kat, mas se ela aceitar, prefiro que seja na
minha casa, leve Patrícia para lá e elas podem passar o dia todo
juntas.
— Tudo bem. — Aceito porque realmente a mansão Petrov é
uma fortaleza, e sei que Dimitri vai sentir que sua mulher está mais
segura lá do que em minha casa.
— Como está a convivência? — ele questiona, agora mais
tranquilo enquanto se levanta e serve dois copos de vodca,
entregando-me um antes de voltar para sua cadeira.
— Tranquila, mas ela continua fechada — respondo, tomando
um gole da bebida, que desce queimando pela minha garganta. —
Patrícia não gosta de falar sobre sua família ou sobre o motivo pelo
qual aceitou o acordo, ela continua alegando que foi só pelo
dinheiro, mas tenho certeza que foi obrigada a entrar nisso tudo pelo
pai.
— Sim, mas se foi isso, ela vai protegê-lo pelo resto da vida,
ela deve saber que se confessar ter sido obrigada a ser barriga de
aluguel, nós iremos atrás do seu pai e irmãos e os faremos pagar.
— Eu não sei o que ela realmente sabe sobre nós, Patrícia
cresceu sozinha, foi excluída da sociedade e, basicamente, só
conviveu com o pai e os irmãos, ela foi tratada como uma escrava e
nada mais — explico e posso sentir a raiva fluindo pelo meu corpo a
cada palavra que sai pela minha boca, fico enfurecido ao falar como
aquele maldito criou a filha.
— Se eu encontrá-lo…
— Você vai entregá-lo a mim — complemento sua fala antes
que Dimitri tenha alguma outra ideia. — Patrícia é minha esposa, eu
tenho direito de fazer justiça com minhas próprias mãos.
Ele não fala nada, mas concorda com a cabeça e ficamos
calados por um tempo, ambos perdidos em pensamentos, até que
Dimitri quebra o momento.
— Interessante — fala de forma enigmática.
— O quê?
— Não achei que você fosse se importar tanto assim com ela,
lembre-se que a mulher se casou com você, mas é só no papel.
— Eu sei disso.
— É bom que saiba, ela não nasceu no nosso mundo, Alexei.
— Dimitri aponta o óbvio e não entendo sobre o que ele está
realmente falando, por isso fico calado. — Bem, o tempo vai mostrar
quem ela realmente é, se está falando a verdade, ou se faz parte de
um plano maior formulado pelo seu pai, uma hora ou outra nós
saberemos.
— Eu não acho que ela faça parte de algo maior — defendo-a,
mesmo sem ter certeza.
— Isso só o tempo dirá, por enquanto tome cuidado, não
durma com a porta destrancada e não deixe armas espalhadas pela
casa — Dimitri aconselha, como se eu não soubesse disso. —
Agora se me der licença, tenho uma mulher me esperando em casa
e um homem atrás dessa porta, está tarde e nenhum deles fica feliz
quando extrapolo meu horário de trabalho.
— Claro — falo e me levanto, esvazio o copo e o deixo na
mesa, então faço uma pequena reverência para Dimitri. — Obrigado
pela ajuda.
— Não tem porquê agradecer, somos praticamente família
agora, já que sua irmã está envolvida com meu irmão — ele
responde com um sorriso no rosto.
— Sim, espero que ele cuide da minha irmã como ela merece.
— Cuidar? Andrei a venera — Dimitri debocha e me
acompanha até a saída. —, meu irmão lambe o chão que sua irmã
pisa.
— Verdade. — Sorrio ao pensar neles e em como minha irmã
parece mais feliz nos últimos dias, especialmente depois que nosso
pai foi executado, até ela ficou mais tranquila e resolveu dar uma
chance para o amor.
— Mas quem sou eu para falar! — Dimitri comenta ao abrir a
porta e encontrar Serguei do outro lado, seus olhos chegam a brilhar
ao ver o segurança, que também é seu namorado, e preciso desviar
a atenção da cena, por não aguentar tamanho sentimento.
Já me conformei que jamais terei alguém assim em minha vida
no momento que aceitei me casar com a mulher que carrega meu
filho, prometi que jamais me envolveria com alguém, pelo bem da
criança que irá nascer.
Não existe divórcio dentro da Bratva, uma vez casados esse
laço é para sempre, Patrícia será minha esposa até que a morte nos
separe.
Mesmo que ela encontre alguém e viva um romance com um
amante, eu não farei isso, ocuparei meus dias com minha família e
com a Bratva e, quando precisar de companhia, posso pagar por
isso, não preciso de romance ou amor, só sexo e pronto.
Entro no meu Maserati Levantes, um pequeno agrado que me
dei de presente logo depois da execução do meu pai, já que ele
controlava todo o meu dinheiro, eu não podia comprar algo assim
antes, mas agora posso, então sigo para a sede das empresas
Ivanov, que fica no centro de Moscow.
O caminho é curto, mas posso acelerar um pouco quando
chego na interestadual, e tenho alguns minutos para aproveitar o
ronco do motor misturado a Akvarium, que toca baixo nos alto-
falantes do carro.
Esse é um dos poucos momentos em que consigo realmente
relaxar e esvaziar a mente de todos os problemas do dia, mas logo
chego no grande e luxuoso prédio, que agora é meu, junto com
todos os bens da minha família, os quais eu reparti com minha irmã,
mesmo ela não tendo sido mencionada no testamento, já que meu
pai foi desconsiderado depois da traição à Bratva.
Assim que paro no estacionamento privativo, espero alguns
minutos até que meus seguranças façam uma varredura no local e,
só então, saio do carro e vou direto para o subsolo, uma parte desse
prédio que não está em planta alguma.
— Charles, como estão as coisas? — pergunto para meu
amigo, que vem em minha direção, seus cabelos escuros estão
despenteados, a barba por fazer e as bolsas escuras embaixo de
seus olhos azuis são indícios do cansaço dos últimos dias, mas
Charles me encara confiante.
— Descobrimos mais dois nomes, funcionários da empresa
que ajudaram seu pai a bancar todo o esquema de Maksim, nossos
homens já estão atrás deles e devem retornar logo — ele conta.
— Deixe esses dois para amanhã, vocês devem estar
exaustos — ordeno.
— Vincent fez a maior parte do trabalho, sabe como ele gosta
de tortura, ainda mais quando as vítimas são resistentes.
— Sim, posso imaginar que nosso amigo se divertiu bastante,
soldados da Bratva tendem a durar mais na mesa dele — comento
enquanto caminhamos até uma porta de metal, a qual Charles abre
e só então escuto os gritos de dor. — Ele ainda não acabou?
— Não, mas deve estar no fim — Charles responde, então se
aproxima do local onde Vincent tem sua vítima amarrada em cima
de uma mesa cirúrgica.
O homem está nu e já não tem mais nenhum dedo nas mãos
ou nos pés, seu corpo está coberto de feridas e escoriações e seu
abdômen foi aberto como em uma operação médica.
Esse é o estilo de Vincent, ele paralisa sua vítima, mas a deixa
acordada e faz com que assista enquanto ele abre sua barriga e
começa a retirar seus órgãos, até que a anestesia começa a passar
e a vítima sente tudo o que foi feito, então ele faz as perguntas e, a
cada resposta, a pessoa recebe mais uma dose de anestesia.
A dor física não se compara ao terror psicológico de assistir
alguém mexendo em seus órgãos sem que você consiga se mover.
É um processo lento e requer um profissional capacitado como
meu amigo, que foi treinado para ser médico, mas prefere o trabalho
sujo de um executor, por isso ele consegue manter sua vítima viva
pelo tempo necessário para tirar todas as respostas que
precisamos.
— Vincent, acaba logo com isso, precisamos repassar o
relatório para o Alexei — Charles avisa e, só então, Vincent ergue a
cabeça para me cumprimentar.
— Bem-vindo ao paraíso, chefe — ele comenta com aquele
sorriso macabro, que faz todo o meu corpo estremecer.
— Está no fim? — questiono.
— Posso estar, você tem pressa?
— Gostaria de chegar em casa antes do dia clarear —
respondo e ele volta a sorrir, então encara sua vítima e pega um
bisturi todo ensanguentado da mesa.
— Você teve sorte, filho da puta. — Com isso, Vincent corta as
veias e artérias que ligam o coração ao corpo e retira o órgão,
segurando-o em sua mão. Meu amigo assiste enquanto aquele
amontoado de veias e músculos dá suas últimas batidas, antes de
parar de vez. — Cinquenta e duas batidas — anuncia.
— Às vezes eu tenho medo dele — Charles comenta ao meu
lado.
— Relaxa, Charlinho, se algum dia você estiver na minha
mesa é porque fez uma merda muito grande, então é só se
comportar que estamos bem — Vincent anuncia e Charles dá risada
ao meu lado.
Eles são meus melhores amigos e as duas pessoas pelas
quais coloco minha mão no fogo, mesmo que seja uma imprudência,
já que somos ensinados a não confiar em ninguém, mas acredito
que nunca vou me queimar com esses dois.
— Então, qual foi o saldo de hoje? — pergunto quando Vincent
se aproxima, secando as mãos em uma toalha toda ensanguentada.
— Tirei mais um nome desse daqui, com esse foram três —
ele anuncia.
— Vou mandar os homens atrás dele — Charles avisa e faço
que sim com a cabeça.
— Depois vão para casa, podem continuar amanhã —
aconselho e os dois riem juntos.
— Agora que está casado tem pressa para chegar em casa, é?
— Charles brinca.
— Eu posso ficar aqui a noite toda, não tenho ninguém me
esperando, já que meu companheiro de apartamento está bem aqui.
— Vincent dá de ombros e aponta com a cabeça para Charles. Eles
moram juntos há muito tempo.
— Calem a boca, Patrícia não está me esperando, eu quase
nunca a vejo à noite, já que chego sempre tarde e ela já está
dormindo — informo com a voz baixa, para que os soldados que
estão do lado de fora não escutem.
— E como está a convivência com sua esposa? — Charles
pergunta.
— Tranquila, eu acho, nós quase não nos falamos, para falar a
verdade eu não sei como agir com ela.
— É uma situação fodida para caralho, cara — Vincent aponta
e concordo com a cabeça —, mas sei lá, tenta falar sobre o bebê,
afinal esse é o motivo pelo qual vocês estão nesse casamento, ela
já fez todo o pré-natal?
— Até agora os exames estão em dia, acho que ela tem uma
consulta amanhã na Central — respondo.
— Então vai com ela, tira o dia livre e passem um tempo
juntos, se não for para se conhecerem melhor, pelo menos você
pode sondá-la e saber mais sobre a mulher que carrega seu filho —
Charles aconselha.
— Ela não é um perigo, não sei porque todos pensam isso,
Patrícia é uma vítima nessa situação toda.
— Não podemos descartar nenhuma suspeita, Alexei —
Charles repreende. — Você sabe disso, mesmo de uma mulher que
parece inocente, nós ainda não sabemos porque seu pai a
escolheu.
— Ele a escolheu porque achou que estaria me punindo com
uma mulher fora dos padrões de beleza, mal sabe que… Bem, foi
por isso — falo e os dois me encaram com os olhos arregalados.
— Mal sabe que o quê? Completa essa frase aí. — Vincent
ergue uma sobrancelha, curioso.
— Nada, esquece. — Me viro para sair, mas os dois são mais
rápidos e ficam na minha frente, trancando a porta.
— Você gosta dela? — Charles pergunta.
— Cala a boca, eu não tenho que gostar ou desgostar dela, só
preciso respeitá-la — respondo, cruzando os braços.
— Sei. — Charles aperta os olhos, mantendo contato visual
comigo até que não aguento mais e desvio o rosto, então os dois
começam a rir, mas não falam mais nada. — Tudo bem, vamos para
casa, já está tarde mesmo.
— Finalmente, agora saiam da minha frente antes que eu
mande dar uma surra nos dois por desacato — ameaço, mas é uma
brincadeira.
— Sim, chefe. — Os dois batem uma continência debochada e
não aguentamos, começamos a rir enquanto saímos do local.
Só eles conseguem me fazer rir em uma situação dessas.
CAPÍTULO 5

PATRÍCIA

Eu deveria ter me acostumado ao tédio quando passei quase


seis meses trancada no hotel, mas lá era diferente, eu vivia com
medo e em alerta para cada movimento estranho que acontecia do
lado de fora.
Agora que estou na casa de Alexei, o tédio é meu
companheiro diário.
Até tentei ser útil e ajudar as funcionárias, mas toda vez que
pego um pano para secar a louça, ou tento recolher meu prato,
alguém tira de mim e fala para eu descansar.
— Pode descansar, senhora Ivanova, eu cuido disso. — É o
que falam.
Todas as vezes!
Então passo mais tempo no meu quarto, pelo menos aqui,
quando tranco a porta, ninguém tenta abri-la até que eu saio, então
posso arrumar a cama, organizar o closet e até consegui trazer uma
vassoura para varrer o lugar.
Odeio ser tratada como uma inválida, eu estou grávida e, é
claro que minha barriga atrapalha em algumas coisas, também fico
cansada com mais facilidade do que antes, mas ainda posso me
virar.
Alexei chegou tarde ontem, eu ouvi quando ele subiu as
escadas com calma e depois abriu e fechou a porta do seu quarto,
não tenho relógio então não sei exatamente que horas eram, mas a
lua já brilhava no céu há muito tempo.
Percebi o quanto sua rotina é difícil, geralmente ele acorda
cedo e corre pela propriedade, o que preciso admitir que é um belo
evento, mesmo no frio da Rússia, quando ele fica sem camisa, todo
suado e ofegante, eu não consigo tirar os olhos dele.
Depois ele some por um tempo até que sou chamada pela
Dona Maria para o café da manhã e Alexei já está na mesa, me
esperando para começarmos.
Ele é sempre muito cordial e tenta manter uma conversa
comigo, perguntando sobre meu dia, sobre o que pretendo fazer,
mas eu nunca tenho uma boa resposta, no geral digo que me
manterei ocupada, para não preocupá-lo, então ele pergunta como
estou me sentindo e se preciso de alguma coisa.
E é isso, não temos mais assuntos depois, então tomamos o
café em silêncio e ele sai para trabalhar, me deixando nessa enorme
casa, mesmo que eu não esteja sozinha, é como se estivesse, já
que as funcionárias se esquivam de mim, como se tivessem medo
de se aproximar, ou talvez sejam instruídas a não conversar comigo,
eu não sei.
A única que realmente fala comigo é Dona Maria, mas só para
me lembrar das refeições.
Hoje Alexei correu mais do que o normal e, mesmo com a
neve cobrindo o chão, ele ainda tirou a camisa no final, dando-me
aquele show que eu tanto gosto.
Depois que ele entrou em casa, levantei e tomei um banho,
coloquei um dos lindos vestidos que alguém comprou para mim,
dentro de casa é quente e as lareiras estão sempre funcionando na
sala de estar e jantar.
— Bom dia, Patrícia — ele cumprimenta quando entro na sala
de jantar.
Olho a grande mesa cheia de comida para o café da manhã, é
sempre assim, com opções demais para duas pessoas, e Alexei não
varia em suas escolhas, ele toma café preto sem açúcar, come
algumas torradas com ovos e bacon e, por último, ele aproveita
alguns Sirniks, o restante fica para mim.
— Bom dia — respondo o cumprimento enquanto me sento e
Dona Maria me serve o café descafeinado, por ordens médicas, e
eu coloco duas colheres de açúcar para conseguir tomar.
— Dormiu bem?
— O melhor que consegui, mas o bebê chutou bastante essa
noite — respondo e ele dá um meio sorriso, seu olhar viaja
rapidamente para minha barriga e depois volta para o café na sua
frente. — E você?
— Dormi bem, obrigado — ele sempre responde a mesma
coisa, mas as manchas escuras embaixo dos seus olhos são um
indício de que ele não dormiu nada bem, mas que prefere não me
preocupar com isso. — Quais são seus planos para hoje?
“Sentar no sofá, erguer os pés e esperar as horas passarem.”
É o que quero responder, porque provavelmente é o que farei,
já que não tenho mais nada de útil para ocupar meu dia.
— O mesmo de sempre — respondo.
— Se você estiver livre, recebi uma ligação de Yekaterina
Belova essa manhã, ela te convidou para visitar a mansão Petrov.
Ela estará recebendo algumas amigas para um chá da tarde, minha
irmã também estará lá — ele relata o convite com calma, tentando
manter sua voz tranquila, mas percebo que Alexei parece um pouco
ansioso.
— Eu… bem, não posso recusar um convite da futura esposa
do Pakhan — brinco.
— Você pode negar, mas gostaria muito que fosse, Yekaterina
é uma mulher incrível e… — Alexei faz uma pausa para respirar
fundo, então se vira para mim e olha no fundo dos meus olhos. —
Estou preocupado com você, não quero que se sinta sozinha ou que
fique aqui isolada, sei que foi assim durante toda a sua vida e que é
difícil mudar, mas gostaria que tentasse.
Penso sobre isso, eu nunca tive amigas porque não fui para a
escola e era proibida de brincar com as crianças da rua, minha
única interação era com a moça do mercado, quando eu ia sozinha
fazer compras, ou com a bibliotecária que me ajudava a escolher
livros na biblioteca pública.
Talvez Alexei esteja certo, talvez essa seja minha chance de
quebrar esse ciclo de solidão e fazer amigas, não conheço
Yekaterina, sei que ela é muito bonita porque a vi em meu
casamento, mas nunca conversamos, então não tenho como formar
uma imagem dela.
— Tudo bem — aceito e Alexei sorri, ele realmente abre um
sorriso sincero quando me encara, um daqueles que chega até seus
olhos e posso ver seus ombros relaxarem quando respira fundo.
— Obrigado, Yekaterina ficará feliz em recebê-la, ela estava
ansiosa no telefone — Alexei comenta. — Espero que goste,
Patrícia, e se ficar cansada ou quiser vir para casa por qualquer
motivo, é só falar que nosso motorista estará lá te esperando.
Concordo com a cabeça, eu ainda não saí de casa, mas
lembro que Alexei falou que todas as vezes teria uma equipe de
segurança e um motorista particular, segundo ele, agora que sou
uma Ivanova, preciso me acostumar com isso.
Acredito que, por ser uma das cinco famílias principais da
Bratva, ele receba ameaças a sua vida e, por isso, é tão cauteloso.
Escolho um vestido longo e amarelo, com estampa floral, que
magicamente apareceu em meu closet, provavelmente Alexei deu
ordens para alguém comprar roupas adequadas, já que eu não
saberia nem escolher algo assim, mas vou usar.
O clima está frio, então coloco um sobretudo branco por cima,
maravilhoso e muito quentinho, complemento com botas brancas e
acho que ficou bom, espero que ninguém me olhe estranho pela
minha escolha.
Yekaterina não parece o tipo de mulher nojenta, mas não sei,
não conversei com ela ainda.
Perguntei para Dona Maria o que ela acha da futura esposa do
Pakhan e ela me disse que é uma mulher de classe, apesar de não
ter sido criada com luxo, ela sabe se comportar e, na única visita
que fizeram a Alexei, ela a cumprimentou com cordialidade quando
entregou o casaco.
O motorista já me espera do lado de fora, com a porta do carro
- que parece ser muito luxuoso, como tudo que me cerca nessa
casa e na minha nova vida – aberta, acho que preciso me
acostumar com isso.
Poxa, Patrícia, olha no que você está pensando, se acostumar
com luxo e riqueza é moleza, visto que vim do nada, ter tudo o que
quero assim deveria ser uma benção.
Pelo menos meu filho vai crescer em um lugar muito diferente
do que eu cresci e com muito mais condições de vida.
Sim, pensar no meu filho me acalma e passo a viagem toda
acariciando minha barriga, enquanto sinto ele se mexer lá dentro,
como se também estivesse ansioso.
— Vai ficar tudo bem, a mamãe vai fazer amigas para você ter
com quem brincar no futuro, tenho certeza que logo o Pakhan terá
filhos e vocês serão amigos — falo com minha barriga, tenho feito
muito isso ultimamente, afinal essa criança é minha única
companhia, e a melhor de todas.
A primeira coisa que reparo, assim que passamos pelos
portões de entrada da mansão Petrov, é que eu realmente não
conheço nada de riqueza, porque se já estava espantada com a
casa do Alexei, isso aqui está em outro nível.
É tudo muito, muito, muito glamoroso, acho que essa é a
palavra certa, pelo menos é a que os repórteres usam para
descrever a casa dos famosos nos programas de televisão.
Mesmo que aquelas casas pareçam barracos se comparadas
a essa mansão, eu não sei nem como descrever, a fachada principal
é muito alta, devem ter vários andares, e tem colunas, como
aquelas de castelos, mas com um acabamento diferente, em uma
cor clara, misturada com pontos e detalhes mais escuros.
A porta de entrada é enorme, uns três metros de altura e,
quando é aberta, vejo vários seguranças esperando, só então
percebo que tem mais deles espalhados pela propriedade, todos
armados e bem vestidos.
— Senhora Ivanova, a agente especial Tania fará uma revista
completa antes que sua entrada seja liberada — o motorista avisa e
fico temerosa, mas ele parece tranquilo. — É só uma medida de
segurança, por favor, colabore com a agente.
— Obrigada, Manoel — respondo, lembrando-me do nome
dele, só então saio do carro e vou até a única mulher que me espera
com um sorriso gentil no rosto.
Eu nunca andei de avião, então não sei como é feita a revista
no aeroporto, mas nos filmes não parece em nada com o que a
mulher faz comigo, juro que ela só não olhou dentro da minha
calcinha, fora isso fui submetida a detectores de metal por todo o
meu corpo.
— A senhora Ivanova está liberada — a agente avisa e, só
então, sou escoltada por dois seguranças, que me levam até uma
sala enorme.
As paredes são escuras, mas a decoração, com flores brancas
e quadros claros, deixa o ambiente muito bonito e moderno, uma
mesa foi montada próxima as janelas francesas e está cheia de
comida, três mulheres estão sentadas e se levantam assim que
chego.
— Patrícia, seja bem-vinda. — Yekaterina é a primeira a
caminhar em minha direção e, assim que ela chega perto, me
abraça apertado, depois me solta e sorri de forma carinhosa. —
Você está linda, amarelo combina muito com você.
— Obrigada — agradeço, sentindo meu rosto ficar vermelho.
— Cunhada — Anna Ivanova, a irmã mais nova de Alexei, me
cumprimenta com um abraço também, mas percebo que ela toma
mais cuidado, como se evitasse minha barriga ou algo assim. —
Como você está?
— Bem, obrigada — falo e ela sorri para mim, tão tranquila
quanto Yekaterina.
— Patrícia, essa é minha amiga Clayr, ela está na cidade por
algum tempo, então a convidei para nos acompanhar — Yekaterina
apresenta a mulher morena, muito alta e magra, que sorri para mim
e também me abraça. — Clayr era minha colega nos tempos em
que dançávamos ballet.
O que esse povo tem com tanto abraço?
— É um prazer conhecê-la, e esse menino que está aí dentro
também — Clayr fala, então estende a mão, parando a centímetros
da minha barriga. — Posso?
— Tudo bem.
Ela coloca a mão na minha barriga e, imediatamente, o bebê
começa a se mexer lá dentro, como se sentisse algo estranho, e a
mulher sorri.
— Um pequeno lutador você tem aqui dentro, ele chuta muito?
— Clayr questiona.
— O tempo todo — comento e ela dá risada.
— Meu Gustav era assim também — Clayr comenta, pegando-
me de surpresa por saber que ela já tem filho, parece tão nova.
— Estávamos falando sobre você antes de chegar, por isso
Clayr sabe que é um menino, ela estava ansiosa para ter outra mãe,
ou futura mãe, no grupo — Yekaterina esclarece com naturalidade.
— Essas aí não conseguem me acompanhar quando falo
sobre a gravidez, Anna já disse que não quer filhos e Kat, bem, ela
está esperando sabe-se lá o que, porque a sortuda tem dois
homens só pra ela — Clayr fala e enrosca um braço no meu,
conduzindo-me até a mesa, então todas nos sentamos e uma
mulher aparece para servir o chá.
Elas mantém uma conversa animada durante toda a tarde e
me incluem nos assuntos, eu nunca tive amigas, mas se fosse para
pensar em um grupo de mulheres, que se respeitam e gostam da
companhia uma das outras, seriam essas três.
Kat, como ela me pediu para chamá-la, e Clayr, são amigas de
infância, já minha cunhada, Anna, está aqui há pouco mais de um
mês, ela fica na mansão Petrov porque está namorando com o
irmão gêmeo do Pakhan, mas logo eles vão voltar para os Estados
Unidos, pelo que entendi ele tem uma posição de prestígio dentro
da Bratva.
Não sei o motivo de ela não ficar na casa do Alexei, afinal, são
irmãos, talvez seja porque eu esteja lá e ela queira nos dar
privacidade, não sei.
Elas não falam muito sobre a organização, o assunto é variado
e, entre gravidez, maternidade e relacionamentos, somente os dois
primeiros me interessam.
Logo Clayr está me dando dicas de livros que a ajudaram nos
primeiros meses e que ainda a ajudam no primeiro ano do seu bebê.
Ela também me mostrou fotos e ele é perfeito, todo gordinho e
com os olhos azuis mais lindos que já vi, só de olhar para o bebê
em seu celular, senti vontade de segurar o meu no colo.
Não vejo a hora de tê-lo aqui comigo, em meus braços, meu
bebê, meu pacotinho de amor.
CAPÍTULO 6

ALEXEI

Patrícia parece mais alegre desde que voltou do chá na


mansão Petrov.
Quando perguntei como foi, ela disse que as mulheres foram
muito legais com ela, especialmente Clayr, a amiga de Yekaterina
que já tem um filho, então elas conversaram muito sobre gestação.
Ela realmente parece ter gostado de passar a tarde lá, preciso
agradecer Dimitri e Yekaterina por isso.
— Hey, irmão. — Anna entra no meu escritório na Central da
Bratva.
Ela está usando um macacão preto com uma camiseta branca
por baixo, que deixa as tatuagens em seus braços à mostra, e tênis
branco nos pés, seus cabelos vermelhos caem soltos pelo seus
ombros e ela sorri quando me levanto e a abraço com força, porque
nunca parece suficiente quando tenho minha irmã comigo.
— O que você está fazendo aqui? — questiono e beijo sua
testa antes de voltar para a minha mesa, e ela se senta na cadeira
de frente para mim.
— Andrei precisa resolver os últimos detalhes antes de
voltarmos para New York, então pensei em ficar um pouco aqui, se
você não estiver muito ocupado, é claro.
Eu estou ocupado para caralho, mas nada disso importa,
prefiro passar o dia todo com ela do que atrás dessa mesa.
— Nada que eu não possa resolver amanhã. — Fecho meu
notebook e Anna sorri ainda mais, daquela forma simples e
verdadeira, me fazendo lembrar de quando ela era criança e ficava
feliz só com o fato de poder passar um tempo comigo no final do
ano. — Você já almoçou?
— Não e estou morrendo de fome.
— Então vamos resolver isso. — Levanto e pego meu casaco.
— Tem algum lugar com pizza boa por aqui?
— Claro, está com saudades dos Estados Unidos já?
— Um pouco, nem acredito que ficamos quase dois meses
aqui — ela responde caminhando ao meu lado, faço sinal para os
soldados que irão fazer nossa segurança e vejo mais quatro
homens da Família Petrov, claro que Andrei não a deixaria
desprotegida. — Não me leva a mal, eu amo você, mas não me
sinto em casa aqui.
— Eu sei, mas sabe que sempre terá um lugar aqui, não sabe?
— falo enquanto abro a porta do meu Maserati para ela entrar.
— Eu sei — ela responde quando sento no banco do motorista
e fecho a porta. — Agora vamos falar do que realmente interessa.
— E o que seria?
— Patrícia é uma mulher incrível, irmão, demorou um pouco
para ela se sentir confortável no chá da Kat, mas depois que a Clayr
começou a falar sobre gravidez e crianças, ela realmente se soltou.
— Sim, ela me contou que foi muito bem recebida, preciso te
agradecer por isso.
— Não tem necessidade — Anna responde. — Kat também
gostou muito da companhia dela, acho que as duas podem se tornar
amigas no futuro, até conversei com a minha cunhada sobre isso.
— E o que ela falou?
— Que vai fazer de tudo para que Patrícia seja sua amiga, Kat
é um pouco fechada e, por isso, acho que vai fazer bem para ela
também, sabe, ter uma amiga.
— Vocês estão se dando bem? — questiono, querendo saber
mais sobre a vida da minha irmã com os Petrov.
— Demais, mas isso só me faz sentir mais ainda a falta da
Jess. — Anna respira fundo, lembrando da amiga que ficou em New
York e que a ajudou muito em um período difícil. — Ela é como uma
irmã pra mim.
— Hey — respondo, fingindo estar chateado.
— Ah, cala a boca, você sabe que a relação de irmãs é
diferente do que com um irmão, e você é bem mais velho do que eu,
não é a mesma coisa.
— Falando assim parece que tenho cinquenta anos de idade.
— Passo a mão pelo meu cabelo e olho para ela. — Ainda não
tenho um fio branco na cabeça.
— Mas tem na barba, e tenho certeza que tem na cabeça sim,
só que o loiro disfarça os brancos — Anna debocha e começamos a
rir.
— Eu tenho trinta e quatro anos, irmã, seu namorado é mais
velho do que eu — comento e só agora me dou conta de que Andrei
é realmente mais velho e está namorando minha irmãzinha. —
Porra, seu namorado é mais velho do que eu!
— Ah, não vem dar chilique agora, Andrei tem a maturidade de
um adolescente — ela responde e caímos na gargalhada porque, na
maior parte do tempo, isso realmente é verdade. — Ele é meu russo
debochado.
— Você realmente o ama — constato e ela me encara com os
olhos castanhos brilhando de felicidade.
— Sim, demorei para admitir, mas aquele desgraçado
conseguiu me conquistar.
— Estou feliz por você, irmã, mesmo que seja com o Andrei,
se ele te faz feliz é o que importa. — Sorrio para ela, então
chegamos no restaurante e eu desço para abrir a porta dela.
É um restaurante italiano muito bem conceituado em Moscow,
eu já vim aqui várias vezes com algumas mulheres, para fazer uma
média com meu pai, que sempre me pressionava para mostrar
virilidade por aí, então eu tinha que sair nas páginas de jornais com
modelos, atrizes, mulheres da alta sociedade, para provar que sou
homem o suficiente.
Apesar disso, esse restaurante é muito bom e realmente tem
uma pizza maravilhosa, eu as trazia aqui porque a maioria logo
virava a cara quando a comida chegava, no lugar das massas e
pizzas, elas pediam uma salada sem graça.
Algumas me surpreendiam e me acompanhavam, com essas
eu passava a noite, mesmo que fosse uma vez só, já que meu pai
deixou bem claro que eu não deveria me envolver com ninguém
duas vezes, porque ele escolheria com quem eu iria casar.
Pensando bem, ele realmente escolheu minha esposa.
— Eu quero uma pizza de calabresa e outra de quatro queijos,
podemos dividir elas no meio — Anna pede para o garçom que nos
atende.
— Sim, senhorita — ele responde, mas me olha antes de
anotar o pedido. — Alguma bebida?
— Vinho, por favor, traga uma garrafa que combine com as
pizzas — ela se adianta novamente e eu preciso rir para a
expressão de espanto do garçom, que me olha novamente pedindo
confirmação e faço que sim com a cabeça.
— Vai comer uma pizza inteira? — questiono como
brincadeira.
— Claro, eu disse que estou com fome, irmão, e se demorar
muito eu como a sua também — ela responde e começamos a rir. —
Queria te ver feliz assim mais vezes.
— É só vir me visitar mais vezes.
— Eu virei, mas não queria te deixar aqui dessa forma, você
ficou com todas as responsabilidades e me sinto uma inútil por não
querer te ajudar nas empresas, eu nem saberia por onde começar
ou o que fazer.
— Está tudo sob controle, não precisa se preocupar com isso
— respondo, tentando passar confiança, mas ela comprime os
olhos, desconfiada. — Estou lidando com tudo, irmã, logo as coisas
irão se acalmar.
— Andrei me disse que você conseguiu descobrir vários
traidores dentro da empresa e também soldados da Bratva que
trabalhavam para o nosso pai.
— Sim, mas já lidei com eles — respondo, agradecendo por
estarmos em uma mesa reservada e não ter ninguém próximo para
nos ouvir. — É só questão de tempo.
— Promete que vai tomar cuidado?
— Claro, e prometo que sua parte nos lucros será enviada
todo mês.
— Não preciso disso, já disse, entre você e o Andrei querendo
me deixar rica, eu vou ficar mal acostumada.
— Você é rica, Anna, você é dona de 50% de tudo o que nossa
família tem e vou garantir que você tenha tudo o que quiser pelo
restante das nossas vidas, nunca mais quero minha irmã se
preocupando com dinheiro.
— Aparentemente agora eu não preciso — ela responde e o
garçom traz o vinho.
Ele abre a garrafa em nossa frente e serve uma das taças,
quando me entrega Anna tenta intervir, mas sou mais rápido e
entrego a um dos meus homens, que prontamente prova o vinho e,
depois de alguns segundos, aprova a bebida.
Então o garçom serve outras duas taças e entrega uma para
mim e outra para Anna, que encara a situação toda com
curiosidade, depois que o garçom sai ela toma um gole da bebida.
— Ainda não estou acostumada com essa coisa de outra
pessoa provar a bebida antes.
— Quando estamos fora de casa todo o cuidado é pouco, irmã,
você vai se acostumar com isso, tenho certeza que Andrei vai te
explicar tudo quando vocês retornarem para New York.
— Sim, ele meio que já me passou algumas instruções, porque
na mansão Petrov a segurança é absurda.
— Dimitri Petrov é o homem mais importante do mundo, ainda
mais agora que ele é o Pakhan — comento e ela concorda com a
cabeça. — Você faz parte da Família do Pakhan agora, irmã, essa
segurança toda é para te proteger também, sua vida será diferente
daqui para a frente.
— Eu sei, eu sei, só é um saco, sabe — ela responde e sorrio
com seu linguajar, Anna é muito espontânea e fala o que pensa, é o
que eu mais amo na minha irmã e fico feliz por ela ter se libertado
de tudo o que foi ensinada a ser antes de fugir. — Por que você está
me olhando com essa cara de bobo?
— Só estou feliz por você e orgulhoso da mulher que se
tornou.
— Para de ser um irmão babão — ela fala e fica levemente
vermelha.
— E quando teremos um casamento? — pergunto.
— Está cedo demais para isso — responde com calma, então
respira fundo e me encara com a expressão frustrada. — Tudo
mudou muito rápido, sabe, eu ainda não me ajustei a isso e, como
você mesmo disse, minha vida vai ser diferente daqui para a frente.
— Sim, mas isso não é algo bom?
— É sim, não me entenda mal, sair da pobreza infernal em que
eu estava, para ter uma conta bancária sem limites é algo bom, mas
agora eu tenho o poder de escolher quem eu serei e a liberdade
para seguir a minha vida como eu quiser.
— Ainda não entendi seu ponto — falo erguendo as
sobrancelhas.
— Meu ponto é que eu não sei o que quero fazer da vida
ainda, acabei de começar a entender e aceitar quem eu sou — ela
responde com um tom frustrado na voz. — E preciso me colocar em
primeiro lugar agora, preciso de tempo para descobrir quem eu
quero ser, só depois posso aceitar passar a vida com alguém.
— Você está certa. — digo e ela dá de ombros.
— Sempre estou — responde piscando um olho e sorrindo. —
Agora vamos falar de você, como está a convivência com a
Patrícia?
— Mais tranquila do que eu imaginei, mas acho que ela ainda
não se sente em casa — respondo pensando na minha esposa e
em como, todas as vezes que ela fala sobre a casa, ela se refere
como se fosse só minha.
— É normal, ainda é tudo muito recente para ela — Anna fala.
— Você tem passado um tempo com ela pelo menos? Ou vive
trancado naquele escritório?
— Você sabe que não tenho muito tempo livre — respondo e
ela me lança um olhar de reprovação —, mas tomamos café da
manhã juntos todos os dias, por enquanto é o que posso fazer.
— Por que não tenta chamá-la para jantar? Patrícia é uma
mulher linda e já está grávida do seu filho, vocês poderiam…
— Eu sei o que você está tentando fazer, irmã, mas não
teremos esse tipo de relacionamento — corto antes que ela termine.
— Por que não?
— Porque é complicado demais, eu já conversei sobre isso
com ela, gostaria que tivéssemos uma relação tranquila, talvez nos
tornamos amigos, pelo bem do nosso filho, mas não posso dar mais
do que isso.
Mesmo que Patrícia seja mesmo uma mulher muito bonita,
atenciosa, querida e sincera, não falo isso para Anna, não posso
alimentar suas esperanças.
— Você está tentando encontrar desculpas esfarrapadas — ela
provoca, então, por sorte o garçom chega com o nosso pedido e
Anna se concentra mais na pizza do que em mim.
Eu, por outro lado, não consigo parar de pensar no que ela
falou, mas é algo impossível, Patrícia é livre para escolher alguém
que a ame como ela merece e esse alguém não sou eu, porque não
mereço uma mulher como ela.
Patrícia está fora do meu alcance para sempre.
CAPÍTULO 7

PATRÍCIA

Clayr me passou uma lista dos livros que ela gostou para eu
ler, porém não sei como conseguir eles.
Alexei me disse que eu posso sair de casa, mas ainda não me
sinto confiante, é como se sair sozinha fosse um passo longo
demais, mesmo que eu vá estar com uma equipe de seguranças.
E se eu pedir para dona Maria conseguir os livros para mim?
Será que isso faz parte do trabalho dela?
— Um milhão de dólares pelos seus pensamentos — Alexei
fala e me assusto, me perdi em minha própria cabeça por um tempo
e nem percebi.
— Desculpa, você estava falando alguma coisa?
— Eu disse que amanhã nós temos consulta para saber como
o bebê está se desenvolvendo.
Ele realmente disse que nós temos consulta? Isso significa que
ele vai comigo?
— Você… você vai comigo na consulta? — crio coragem para
perguntar e ele sorri, então faz que sim com a cabeça e toma outro
gole do seu café.
— Eu disse que estarei ao seu lado, Patrícia, não foram só
palavras — Alexei expressa com a voz calma e carinhosa. — Eu sei
que não fico muito tempo em casa, as coisas estão complicadas,
mas vou tentar chegar mais cedo à noite, quem sabe podemos
jantar juntos.
— Seria bom — respondo sem me conter e sinto meu rosto
esquentar.
Droga, certeza que fiquei vermelha.
— Agora me conta, sobre o que você estava pensando?
— Bem, Clayr, a amiga da Yekaterina que tem um bebê, me
passou o nome de alguns livros sobre gestação e maternidade e… e
eu não sei como conseguir eles — falo sem conseguir olhar para
Alexei. — Quer dizer, eu sei como, só não me sinto bem em sair
sozinha.
— Ah, droga, eu esqueci de te entregar o celular. — Ele se
levanta rapidamente e praticamente corre até o andar de cima,
quando retorna está com um pacote preto nas mãos. — Desculpa,
Patrícia, era para ter te entregado no dia do nosso casamento.
Então ele me entrega o pacote e faz sinal para eu abrir, dentro
está um smartphone de última geração, eu nunca vi um assim
antes, mas parece algo caro, só que é muito bonito, a parte de trás
dele tem uma cor rosa envelhecida e é tão brilhante.
— Se você ainda não se sente bem saindo sozinha, eu posso
ir com você, ou você pode comprar os livros online. — Ele me
mostra aonde liga o aparelho e depois coloca um e-mail e senha
para mim. — Já está todo configurado e é uma linha segura, meu
número está na lista de contatos e o seu cartão de crédito já foi
autorizado também.
— Cartão de crédito? — pergunto, sem saber do que está
falando.
— Droga, eu esqueci desse também. — Ele tira a carteira do
bolso e me entrega um cartão todo preto. — Aqui, você pode usar
para o que você quiser, não se preocupe com valores nem nada, e
acho que já podemos começar a comprar as coisas para o bebê
também.
Ele realmente está me entregando um cartão sem limites para
comprar o que eu quiser?
— O que você acha de amanhã à tarde irmos às compras?
— Compras? — questiono porque é tanta informação em tão
pouco tempo que estou tonta.
— Sim, para o bebê, assim podemos passar na livraria
também e pegar os livros, talvez tenham outros lá — ele começa a
falar sem parar e vejo que parece estar mais animado a cada
palavra. — Sei que a biblioteca aqui só tem livros de história e
negócios, não sei o que você gosta de ler, ou se você gosta de ler,
mas podemos abastecer o lugar com títulos mais interessantes.
Não sei nem o que falar, esse homem, esse maldito homem,
consegue me desestabilizar só com palavras.
Posso sentir meus olhos arderem e as lágrimas se formarem,
não tenho coragem para responder, nunca tive alguém assim, se
preocupando com o que eu gosto ou o que eu quero.
Malditos hormônios, eu vou começar a chorar!
— Patrícia? Droga, eu disse algo de errado? — Ele se ajoelha
ao meu lado e pega minhas mãos, ainda não consigo olhar em seus
olhos, se eu fizer isso, aí sim, desando em lágrimas. — Desculpa,
se não quiser ir, a gente pode comprar tudo online, ou se preferir
fazer isso sozinha eu posso…
— Não — o interrompo. — Eu não quero fazer isso sozinha, é
só que… é muita coisa nova, sabe.
— Eu entendo, desculpa não ter lembrado disso antes.
— Não precisa se desculpar, Alexei.
Queria complementar essa pequena frase e fazê-lo se sentir
melhor, mas as palavras saem da minha mente, então eu finalmente
olho para ele e encaro os olhos castanhos mais lindos que eu já vi.
Alexei está preocupado e um vinco se forma na sua testa, mas
mesmo assim ele continua calmo e não solta minhas mãos.
Seu toque é leve e reconfortante, suas grandes mãos são
quentes e macias, mas consigo sentir alguns calos nas palmas e
imagino o que um homem como ele, que trabalha de terno todos os
dias, faz para ter calos nas mãos.
Por que meu marido tem que ser tão lindo?
— Eu aceito — falo, mas ele ergue as sobrancelhas confuso,
então complemento. — Sair para comprar as coisas para o bebê.
— Ótimo, vou liberar minha agenda amanhã à tarde e avisar o
shopping, para que tudo esteja pronto para a nossa chegada, vamos
direto da consulta para lá. — Ele sorri e então ergue minhas mãos,
beijando meus dedos, e o toque dos seus lábios macios em minha
pele faz uma corrente elétrica fluir para lugares que não deveria. —
Obrigado por me deixar participar desse momento.
— Você é o pai do nosso filho — digo com carinho e, em um
ato impensado, tiro uma mão da sua e acaricio a sua barba, é mais
macia do que imaginei e tem alguns pelos brancos perdidos no meio
dos loiros.
Droga, droga, droga, tira a mão daí sua abusada!
Assim que percebo o que fiz, me levanto rapidamente da mesa
e dou as costas para ele, sem um pingo de coragem para encará-lo.
— Preciso ir ao banheiro — falo a primeira coisa que vem na
minha mente, porque minha bexiga está realmente cheia e porque
preciso sair correndo daqui.
Então o deixo na sala de jantar e corro para me trancar em
meu quarto.
Foi muito atrevimento da minha parte, tenho certeza disso, e
continuo me repreendendo enquanto estou no banheiro.
Quanto mais o bebê cresce, mais parece que ele aperta meus
órgãos internos, em especial a bexiga, e preciso ir ao banheiro a
todo momento.
***
Alexei realmente cumpriu com o que prometeu, depois da sua
corrida matinal, nós tomamos o café da manhã e ele disse que viria
me buscar ainda de manhã para a consulta.
E aqui está ele, em seu terno todo preto e luxuoso, que realça
ainda mais o quanto esse homem é bonito, o paletó abraça seus
braços musculosos de uma forma que me faz suspirar.
Aguenta firme, Patrícia.
— Está pronta? — Ele pergunta e, por um momento, me
questiono se estou bonita o suficiente para andar ao seu lado, mas
a resposta é tão óbvia, jamais estarei à altura de um homem como
ele.
— Sim — respondo simplesmente e ele faz sinal com a mão
para eu ir na frente.
Alexei é daqueles homens que a gente vê em filmes, ele abre
a porta da casa para mim, então coloca a mão nas minhas costas
indicando o caminho até um carro muito bonito e luxuoso que está
parado em frente à entrada, mas não é o mesmo que me levou até a
mansão Petrov, este é um modelo mais esportivo e deve ser o carro
dele.
Quando ele abre a porta e pega na minha mão para me ajudar
a entrar, eu quase derreto, esse homem não pode ser real.
— Nós vamos sozinhos? — pergunto assim que ele entra no
banco do motorista e liga o carro.
— Não, meus seguranças vão nos seguir nos carros de apoio.
Então olho para trás e vejo três carros nos seguindo.
Alexei dirige com cuidado e não faz curvas bruscas, o que eu
agradeço, não gosto quando as pessoas correm demais, isso me
deixa com medo por mim e pelo meu filho, que agora está quietinho
dentro da minha barriga.
Assim que chegamos ao local, que Alexei chama de Central,
ele me conduz até a parte aonde uma equipe médica já está nos
esperando.
Eu já estive aqui, depois que Nikolai desapareceu por quase
dois dias, seus capangas também sumiram e eu fiquei trancada no
hotel, as camareiras me levavam comida no quarto, mas elas
pareciam preocupadas.
Só saí de lá quando uma equipe de soldados da Bratva me
resgatou e me trouxe para esse lugar, eles fizeram vários exames
em mim, sempre pedindo autorização e, como eu ainda não sabia
sobre Nikolai, consenti a tudo porque esse foi o acordo que fizemos,
eu jamais deveria contestar uma ordem dele e achei que ele estava
por trás daquilo.
— Senhora Ivanova, pode me seguir, por favor — um médico
me chama, tirando-me das minhas lembranças, e eu o sigo.
Quando começo a caminhar sinto a mão de Alexei na parte
baixa das minha coluna e sua presença é marcante ao meu lado,
isso me deixa mais calma, não sei o porquê.
A consulta é tranquila e normal, eles retiram sangue para uma
bateria de exames, depois fazem um ultrassom para checar o bebê
e, a única coisa diferente agora, é que não estou sozinha e Alexei
me segura o tempo todo.
Quando o médico liga o som e os batimentos cardíacos do
nosso bebê ecoam pelo quarto, sinto ele apertar minha mão e olho
para o lado.
Aquele homem, tão bonito e sério, agora encara o monitor com
os olhos castanhos brilhando de emoção, sentimento esse que ele
tenta, com todas as forças, conter, mas eu vejo seu lábio comprimir
e a forma com que engole em seco quando o médico coloca as
imagens na tela e começa a falar sobre o bebê.
— Está tudo dentro do normal, somente preciso que se
controle quanto a alimentação, sua glicose está mais alta do que o
esperado, senhora Ivanova — o médico fala.
— Desculpa, esse neném só quer doce, qualquer outra coisa
que eu tente comer, eu vomito — esclareço.
— Eu entendo, irei lhe passar um medicamento e encaminhar
para a nossa nutricionista, ela poderá te ajudar com uma dieta mais
nutritiva — o doutor informa e concordo. — Agora vou deixá-los a
sós por um momento.
— Obrigado — Alexei agradece levantando-se, então se vira
para secar os olhos.
— Você está bem? — pergunto.
— Sim — ele responde com a voz ainda embargada de
emoção. — Só foi… diferente do que imaginei.
— A primeira vez é assim mesmo — falo enquanto me levanto
e ele logo está ao meu lado, ajudando-me a descer da cama
hospitalar. — Lembro o dia que ouvi o coração dele pela primeira
vez, foi assim também e, naquele momento, jurei que faria de tudo
pelo meu bebê.
— Acho que agora entendo um pouco melhor sua decisão de
continuar com o plano do meu pai.
— Como assim?
— Achei que quando soubesse que ele havia morrido, você
entregaria o bebê e seguiria com a sua vida, mas não, você aceitou
se casar comigo para que nosso filho tivesse tudo o que é dele por
direito — ele explica.
— Eu jamais abandonaria meu bebê — informo com
seriedade. — Ele é meu filho e farei de tudo para que seja feliz.
— Eu entendo, e você não está sozinha nisso. — Ele me olha
com seriedade e posso sentir que é verdade, no fundo do meu peito
sei que Alexei fará de tudo pelo nosso filho. — Agora vamos, pelas
minhas pesquisas temos muito o que comprar.
Pesquisas? Ele realmente pesquisou sobre o que o bebê
precisa?
CAPÍTULO 8

ALEXEI

Não consigo tirar da cabeça o som do coração do bebê


ecoando pelo ambiente, nem a visão do pequeno ser humano que
cresce no ventre de Patrícia naquele monitor preto e branco, vê-lo
assim tornou as coisas ainda mais reais de alguma forma.
Eu vou ter um filho...
Puta que pariu, eu vou ter um filho!
Tento não deixar transparecer o desespero e a ansiedade que
essa constatação me causa, mas não consigo conter a emoção.
Dizer que sempre quis ser pai é um pouco difícil, porque eu
soube, desde muito novo, que deveria produzir herdeiros, essa é
minha obrigação.
Ser pai é muito mais do que isso, é amar e acolher seu filho, é
respeitá-lo e ajudá-lo a se tornar um ser humano decente, educá-lo
e estar ao seu lado nos momentos bons e ruins.
Eu sei disso, porque Nikolai nunca foi um pai, nem para mim e,
muito menos, para Anna.
Ele foi um genitor, como tantos outros por aí, que pensam que
é o trabalho da mãe educar e criar uma criança, o pai está ali só
como enfeite, no caso de Nikolai, só para traumatizar.
Eu não serei um genitor, eu serei um pai e, para isso, preciso
aprender tudo o que posso sobre crianças, especialmente bebês.
Lembro um pouco de como era com Anna, nós temos dez
anos de diferença e, quando ela nasceu, eu já havia aprendido a
usar uma arma de fogo e começado meu treinamento, por isso meu
pai não me deixava ficar com minha mãe e minha irmã durante o
dia, eu só via as duas à noite ou nos finais de semana, quando não
tinha treinamento especial na Central.
Eu nunca ajudei minha mãe a trocar fralda porque Nikolai dizia
que era trabalho para as mulheres, eu era proibido de fazer
qualquer coisa que me aproximasse da minha irmã.
Quando nossa mãe faleceu, meu pai garantiu que isso
continuasse valendo, ao colocar um time de babás cuidando dela e,
mais para frente, enviá-la para um colégio interno.
Não pude cuidar da minha própria irmã, não fui um bom irmão
mais velho para ela e carregarei esse arrependimento comigo a vida
toda, mas eu serei melhor para meu filho, ele não vai crescer com
um genitor, ele vai ter um pai que o ama e o acolhe.
Patrícia sai do banheiro e eu vou imediatamente até ela, em
um gesto involuntário coloco a mão em suas costas para guia-la até
a sala do médico, aonde ele nos passa os resultados dos exames e
indica a nutricionista.
Escuto tudo atentamente, mas deixo que ela se sinta à
vontade para falar e fazer suas perguntas, eu posso fazer isso outra
hora, não quero pressioná-la com a minha presença e nem com o
monte de dúvidas que tenho, não preciso que ela pense que não
estou confiante.
— Acho melhor almoçarmos antes de começar as compras —
falo e ela concorda com a cabeça. — Você se importa se dois
amigos meus nos acompanharem? Os seguranças estão em um
time muito grande e ficarão mais longe, mas acho melhor ter dois
deles por perto.
— São amigos seus?
— Sim, Charles e Vincent cresceram comigo, gostaria que os
conhecesse também — explico.
Dei tempo para Patrícia se acostumar com as mudanças antes
de apresentá-la as pessoas do meu convívio, mas meus amigos já
estão pegando no meu pé e eles fazem parte do meu time de
seguranças pessoais, de qualquer forma estarão lá.
— Tudo bem, eu acho — ela responde com pouca confiança,
mas sorri no final e abaixa a cabeça, esse gesto me incomoda, por
isso ergo a mão e coloco levemente em seu queixo, fazendo-a olhar
para cima, no fundo dos meus olhos.
— Nunca abaixe a cabeça para ninguém, nem para mim —
digo mantendo minha voz tranquila e calma. — Você é a senhora
Ivanova, é uma mulher importante, as outras pessoas abaixam a
cabeça para você.
— Desculpa. — Patrícia parece espantada, então tiro minha
mão do seu queixo e pego sua mão, trazendo-a até meus lábios
para beijá-la levemente.
Não sei porque continuo fazendo isso, mas sei que a acalma,
porque seus ombros relaxam e ela ajeita a postura, ficando mais
alta e passando uma imagem confiante.
— Não precisa se desculpar, você vai se acostumar com isso e
estarei aqui para ajudá-la — informo e solto sua mão, mas coloco a
minha em suas costas antes de fazer sinal para meus amigos, que
estão esperando no carro de apoio, e eles vem até nós,
desconfiados.
Vincent é o mais debochado, de alguma forma ele me lembra
do meu cunhado, mas ninguém chega perto do deboche daquele lá.
Meu amigo é alto, tem cabelos longos e castanhos, ele parece
um armário de tão grande e o terno preto fica colado em seu corpo,
seu queixo quadrado está coberto por uma barba espessa, que ele
teima em deixar crescer mais do que o necessário.
Ao seu lado, Charles parece pequeno, mesmo sendo muito
musculoso e mais alto do que eu, ninguém chega perto de Vincent.
Charles tem cabelos curtos e castanhos, a barba está bem
feita e seu terno preto está impecável.
Eles são muito diferentes um do outro, enquanto Charles é
calmo e analítico, Vincent é mais explosivo, menos quando está
torturando alguém e se divertindo com seu equipamento médico,
esse é o momento que ele usa toda sua concentração e se acalma.
Outro fato sobre meus amigos é que eles são dois solteirões
que moram juntos e nunca namoraram ninguém, não sei porquê,
mas sempre fiquei com uma leve desconfiança que algo acontecia
entre os dois, só que eles nunca me falaram nada e também não me
atrevo a perguntar.
Se isso for verdade e eles resolverem me contar, será no
tempo deles.
— Vincent, Charles, gostaria de apresentá-los a minha esposa,
Patrícia Ivanova — pronuncio quando eles se aproximam e o
primeiro a pegar a mão da minha mulher e beijá-la é Vincent,
obviamente o mais abusado.
— É um prazer conhecê-la, senhora Ivanova — ele declara e
depois se afasta com um sorriso nos lábios, depois Charles se
aproxima e, com mais paciência e delicadeza, pega a mão de
Patrícia e faz o mesmo que Vincent.
— Senhora Ivanova, finalmente estamos sendo apresentados
— ele comenta e me lança um olhar de canto. — Se me permite, a
senhora está ainda mais bonita do que da última vez que a vi.
— Nós já nos vimos antes? Eu… não lembro de vocês no
casamento — Patrícia comenta e me olha, confusa.
— Nós estávamos em uma missão naquele dia — Vincent
responde, a missão era caçar os traidores que confabularam com
meu pai e eu precisava de pessoas de confiança para isso.
— A senhora não deve lembrar, mas eu fazia parte do time que
a resgatou no hotel — Charles esclarece e vejo Patrícia abrir os
olhos e encará-lo por mais tempo, avaliando meu amigo dos pés à
cabeça.
— Acho que… Eu lembro de você, desculpa, aquele dia foi tão
difícil e… desculpa — ela começa a gaguejar, então afago suas
costas com carinho e me aproximo um pouco mais, mantendo-a
perto e protegida, isso faz com que ela respire fundo e acaricie a
barriga.
Patrícia faz muito isso quando está nervosa, como se
precisasse proteger nosso bebê.
— Está tudo bem, foi tudo rápido e não fomos apresentados,
mas fico feliz que Alexei finalmente resolveu nos deixar conhecer
sua esposa, estávamos ansiosos. — Charles sorri para ela.
— Vocês não paravam de me encher o saco, isso sim — falo e
eles começam a rir, isso deixa Patrícia mais relaxada ao meu lado.
— Agora vamos almoçar, temos uma mulher grávida para alimentar.
— E um rinoceronte faminto também, Vincent está reclamando
de fome tem duas horas — Charles comenta e Vincent solta uma
gargalhada alta.
— Rinoceronte, é? Vou te mostrar o rinoceronte no ringue
depois — Vincent responde e eles começam com algumas
brincadeiras enquanto caminhamos até o meu carro, então abro a
porta de trás e ajudo Patrícia a subir, depois jogo as chaves para
Charles e contorno o veículo, entrando atrás com minha esposa.
Ele entende o recado e os dois entram nos bancos da frente,
Charles dirige com calma até o shopping.
Não tenho o costume de deixar alguém dirigir meu carro, mas
quero que Patrícia se sinta mais confortável com eles e, por algum
motivo, o pensamento de ter alguém sentado ao lado dela, mesmo
um dos meus melhores amigos, me deixa inquieto.
Talvez porque eu sei que ela ficaria insegura, afinal ela acabou
de conhecê-los, nós já convivemos há algum tempo e Patrícia tem
ficado mais relaxada na minha companhia, por isso sei que é melhor
que eu vá com ela atrás.
Pergunto para Patrícia se ela se importa que Vincent e Charles
nos façam companhia no almoço e ela fala que não, então os dois
se sentam com a gente e começam a conversar, incluindo minha
mulher no assunto, eles perguntam sobre a gravidez, como foi a
consulta, como ela está se sentindo e, preciso lembrar de agradecer
esses dois brutamontes por serem tão delicados e gentis com ela.
Depois entramos nas lojas de produtos para crianças e deixo
Patrícia a vontade para escolher tudo o que ela quer, mas ela
parece tão perdida quanto eu, então vou até ela e a ajudo com o
básico.
— Acho que precisamos daqueles livros antes de saber o que
realmente vamos comprar — digo quando não consigo entender
para que serve a metade das coisas que as vendedoras estão
indicando.
— Sim, eu também acho — ela responde, tão assustada
quanto eu.
Ainda na loja, ela pede minha opinião sobre o enxoval, ela
gostou de dois, um é todo azul com detalhes em laranja e com
elefantes pintados, o outro é em roxo e tem algumas flores e vários
bichinhos bordados no tecido branco.
— Acho que gostei mais desse — Aponto para o roxo, que
parece uma cor mais feliz, mais viva, talvez, então indico os enfeite
de berço com constelações, que tem um sol bem no meio —, e
desse.
— Eu também gostei desses — ela confirma e a vendedora
separa nosso pedido.
No final compramos muita coisa sem saber para que serve,
mas o que importa é que nosso bebê tenha tudo o que possa
precisar, vou pesquisar cada item desses para aprender como usá-
los no futuro.
— Você está cansada? — questiono quando saímos da loja,
Vincent e Charles preferiram ficar na porta de entrada, garantindo
que ninguém mais entre, já que a loja toda foi fechada para nós.
— Estou bem — ela responde, mas vejo que caminha mais
devagar. — Podemos ir na livraria, ou você precisa ir agora?
— Eu tenho a tarde toda para ficar com você — respondo e a
conduzo até a maior livraria do shopping, o lugar é enorme, tem
quatro andares com todos os livros que se possa imaginar e vejo o
olhar de surpresa e encanto de Patrícia quando entramos. — Pode
escolher o que quiser e mandarei entregar na nossa casa.
— Sério? — ela pergunta para confirmar e sua voz sai
animada, seu olhar chega a brilhar quando me encara.
— Sim, divirta-se — digo e ela caminha em minha frente, logo
a vendedora vem até nós e eu digo para acompanhar Patrícia,
enquanto as duas escolhem os livros fico longe e dou espaço, mas
não perco minha esposa de vista. Vê-la tão feliz assim me deixa
mais calmo.
— Ela é uma mulher maravilhosa — Charles comenta ao meu
lado.
— Sim, ainda está um pouco confusa com a situação toda, é
uma mudança bem brusca na vida dela, mas tenho certeza que,
com o tempo, irá se acostumar — digo e meu amigo bate no meu
ombro.
— E você, já se acostumou?
— Não, mas eu vou, ela é a mãe do meu filho, vamos conviver
a vida toda juntos, de alguma forma nos tornaremos amigos —
respondo e ele faz que não com a cabeça, pegando-me de
surpresa.
— Esse olhar na sua cara não é de alguém que a vê somente
como amiga — Charles comenta e me viro para ele, encarando-o
sem paciência para seu comentário.
— Não começa.
— Ela é linda, você precisa admitir — ele aponta o óbvio, mas
não gosto que fale dela assim, por isso dou um passo para o lado e
ele tira a mão do meu ombro. — Você também acha isso, eu sei,
Alexei, pode tentar esconder de qualquer pessoa, menos de mim.
— Sim, é óbvio que Patrícia é linda, mas não teremos esse
tipo de relação.
— Por que não?
— Ela é encantadora, forte, protetora, uma mulher única e
especial — falo com a voz baixa e meu amigo ergue as
sobrancelhas. — Ela não é para mim, Charles.
— Porra, irmão, você é trouxa mesmo. — Vincent se junta a
nós, claramente ouvindo a conversa de onde estava e resolvendo se
intrometer.
— Não terei essa discussão com vocês, já está decidido,
Patrícia é livre para se envolver com quem ela quiser, nós seremos
só amigos e é isso — esclareço, mas por algum motivo, cada
palavra que sai da minha boca provoca um embrulho em meu
estômago.
— E como você se sente com isso? — Charles questiona,
encarando-me como se pudesse ler minha mente.
— Eu estou bem, é assim que tem que ser, ela é mãe do meu
filho e quero vê-la feliz, só isso. — Encerro o assunto e caminho até
o caixa aonde um atendente me espera com um sorriso educado no
rosto. — Quero que embale junto um Kindle de última geração e os
melhores livros sobre paternidade que estiverem disponíveis na loja,
também quero que duplique o pedido de cada livro sobre bebês que
ela escolher e os envie separados.
— Sim, senhor — ele responde anotando meu pedido.
— O Kindle pode embalar para presente e entregar para um
dos meus seguranças — peço e ele concorda, então volto a
procurar Patrícia pela loja e nossos olhares se encontram por um
momento, ela está radiante de felicidade enquanto escolhe os livros
e conversa com a mulher sobre eles.
Faço uma anotação mental para levá-la em outras livrarias da
cidade, quem sabe posso transformar a sala de pintura de Anna,
que agora não é mais usada, em uma biblioteca, assim Patrícia terá
seu espaço e pode se sentir mais confortável.
CAPÍTULO 9

ALEXEI

Anna e Andrei voltarão para os Estados Unidos amanhã, por


isso chamei meu cunhado para uma conversa em meu escritório na
Central.
— Boa noite, cunhadinho — Andrei cumprimenta assim que
passa pela porta. Ele é três anos mais velho do que eu, loiro, olhos
azuis e porte de lutador, Andrei é praticamente idêntico a Dimitri,
não fosse a tatuagem com um “A” desenhada em seu pescoço. —
Vai me dar um sermão agora ou posso tomar uma bebida antes?
— Fique à vontade — respondo, já acostumado com seu jeito,
não sei como minha irmã o aguenta.
Ele serve dois copos de vodca e me entrega um, antes de
sentar na cadeira em frente a minha mesa e me encarar com um
meio sorriso no rosto.
— Então, vamos ter A conversa agora? — Andrei questiona,
tomando um gole da sua bebida.
— Sim — respondo sem enrolar. — Anna é minha irmã,
Andrei, preciso saber…
— Quais são as minhas intenções com ela? — ele completa a
frase que eu ia falar e confirmo com a cabeça. — Eu pretendo levar
sua irmã de volta para New York e fazer dela a porra da minha
rainha, já comprei um apartamento seguro para nós, mandei
construir um estúdio de pintura para ela e, assim que ela estiver
pronta, vou pedi-la em casamento.
Ele fala tudo isso de forma séria, sem um pingo de deboche na
voz e, é por esse motivo, que acredito em cada palavra que sai da
sua boca.
— Anna é a mulher da minha vida, Alexei, no momento que a
encontrei pela primeira vez, aquela desgraçada roubou a porra do
meu coração — ele continua, agora um pouco mais tranquilo. — Eu
amo sua irmã, mais do que qualquer coisa nesse mundo, minha
missão na Bratva é importante, mas meu objetivo na vida é fazê-la
feliz.
— Você sabe que se fizer alguma coisa contra minha irmã, se
ela por um acaso me ligar chorando por sua causa, eu não vou me
importar com quem você é, ou com o cargo que ocupa. — Escoro os
cotovelos na mesa e me inclino para a frente, unindo os dedos das
mãos em formato de triângulo. — Se algo acontecer a ela, eu te
mato.
— Se alguma coisa acontecer a Anna — ele fala e bate três
vezes na madeira da minha mesa — eu não terei motivos para viver.
Quanto a fazer algo que a machuque, eu te dou a minha palavra
que não vai acontecer. Porra, Alexei, você pode confiar em mim.
Nos encaramos por um tempo, ambos sérios e com muito o
que pensar, até que respiro fundo e desfaço a posição ameaçadora
que assumi, tomo o restante da minha vodca e me escoro na
cadeira.
— Só me prometa que vai trazê-la para cá, pelo menos uma
vez ao ano — peço e ele sorri como se tivesse vencido a batalha, o
que é verdade.
— Prometo, Anna já me pediu isso e eu também tenho família
aqui, cunhadinho — ele responde com o tom brincalhão de sempre.
— Você pode nos acompanhar amanhã no embarque? Anna está
um pouco triste por deixá-lo aqui com tantos problemas, acho que
se despedir do irmão fará bem para ela, antes de começar uma vida
nova.
— Claro, estarei lá — garanto e ele se levanta, pronto para
sair. — Andrei, estou confiando minha irmã a você, não me
desaponte.
Ele não responde, mas confirma com a cabeça e faz uma
pequena reverência antes de sair, afinal, eu tenho uma patente mais
alta do que a dele na Bratva, já que sou um dos cinco membros do
Conselho e chefe da minha Família, já Andrei é um Brigadier, líder
do braço da Bratva em New York.
Quando ele sai fico um pouco mais tranquilo por saber que ele
vai cuidar da Anna, conheço Andrei minha vida toda, apesar de não
sermos tão próximos.
Ele treinou como um simples soldado, mesmo sendo filho do
Pakhan, e eu treinei como um herdeiro.
Nossos caminhos se cruzaram poucas vezes depois que
crescemos, mas tenho certeza que ele cumprirá sua palavra.
Olho para o relógio e vejo que já são oito e meia da noite, eu
prometi para mim mesmo que tentaria chegar a tempo do jantar em
casa, por isso ligo para dona Maria e peço que espere até as nove
horas.
— Charles, pode dirigir para mim? Tenho alguns assuntos para
resolver no caminho. — Entrego as chaves do meu carro para meu
amigo.
— Claro, chefe — ele responde e faz sinal para os seguranças
nos seguirem.
São trinta minutos da Central até a minha casa, então uso
esse tempo para ler o último relatório da empresa.
Os números não estão nada bons, depois que tanta gente foi
“desligada” e tivemos que contratar pessoas novas, mesmo que eles
sejam bons no que fazem, leva tempo para aprenderem o
funcionamento da empresa e isso impacta diretamente nas
atividades diárias.
— Droga, acho que amanhã terei que ir até o escritório —
reclamo em voz alta e Charles me olha pelo retrovisor.
— Problemas?
— Sempre, quando essa merda vai acabar? Porra, eu não
aguento mais, aquele maldito já está no inferno, mas tem mais
problemas agora do que quando estava vivo.
— Leva tempo para normalizar tudo, Vincent está atrás dos
últimos traidores nesse exato momento, são só mais dois nomes e
teremos cortado todas as cabeças da Hydra — meu amigo comenta,
dando-me esperanças de que essa merda realmente está no final.
— O problema é que, antes de saírem, esses desgraçados
conseguem prejudicar a empresa, a última mulher que matamos
desviou três bilhões de dólares e acabou com uma das empresas de
tecnologia no Brasil. Porra, são quase trezentos funcionários
demitidos por causa de uma pessoa.
Eu poderia assumir o baque, afinal, três bilhões não é nada
para alguém como eu, porém não é assim que os negócios
funcionam e essa não foi a única empresa atacada, eles usaram os
pequenos negócios como alvo, já que é impossível acabar com o
conglomerado todo.
Nossa principal área de atuação é a de tecnologia,
controlamos o mercado por baixo dos panos, mesmo de grandes
empresas, como: Google, Seiva, Accenture, Asml e Apple.
Estamos infiltrados em todos os lugares e trabalhamos para
contratar o máximo de empresas que é possível.
Nós dominamos a tecnologia mundial, estamos acima de
qualquer empresário, mesmo que ninguém saiba disso.
As pessoas comuns ainda acreditam que ninguém controla o
capitalismo, que as empresas batalham entre si por consumidores,
mal sabem que, por trás dessa batalha, existem pessoas como eu,
com o poder de decidir quem, quando e aonde, a próxima revolução
tecnológica acontecerá.
Esse é o fardo da minha Família, um que agora carrego
sozinho e que me garante poder o suficiente para intervir na
sociedade atual.
Claro que tudo passa pela Bratva, em especial pelo Pakhan,
que tem a palavra final nas decisões mais importantes.
Junto das outras Famílias que dominam outras áreas
importantes, nós temos o controle de tudo o que acontece, em
qualquer lugar do mundo.
— Alexei, nós chegamos — Charles chama minha atenção, eu
estava perdido em pensamentos e nem vi a hora passar.
— Obrigado, você já pode ir para casa — o dispenso, mas ele
faz que não com a cabeça.
— Vou encontrar o Vincent, preciso controlar aquela besta,
senão ele vai passar a noite toda torturando meros civis — ele
responde.
— Vocês se completam mesmo — comento para ver sua
reação, mas ele só abre um sorriso sincero e me encara por cima do
banco.
— Sim, a gente sabe disso. — Então ele dá uma piscadinha e
se vira para a frente, encerrando o assunto.
Porra, nos últimos tempos os sinais tem ficado mais óbvios e
minha curiosidade tem aumentado, quero perguntar sobre esses
dois, mas se algo estiver realmente acontecendo, eu quero que eles
me falem quando estiverem preparados.
Por isso, desço do carro e entro em casa, o cheiro delicioso do
jantar faz meu estômago reclamar, já que não comi nada desde o
café da manhã.
O dia foi conturbado e passou rápido demais.
— Boa noite, Alexei — Patrícia me cumprimenta, se
levantando do sofá para me receber.
Ela está linda, usando uma calça de moletom rosa e uma
camisa branca mais solta, os cabelos loiros caem pelos seus
ombros, chegando até seus seios e, assim que ela sorri, sinto algo
diferente embrulhar meu estômago.
Deve ser fome, preciso urgentemente de comida e de um bom
banho.
— Boa noite, Patrícia, você estava me esperando?
— Sim, dona Maria disse que você viria então resolvi esperar,
tudo bem para você? — questiona e vejo uma ruga de preocupação
se formar entre suas sobrancelhas, no mesmo momento que ela
leva as duas mãos até a barriga.
Ela sempre faz isso quando está nervosa, por isso sorrio de
volta para ela.
— Claro, vim mais cedo para podermos jantar juntos, só vou
trocar de roupa e já volto — aviso e ela concorda com a cabeça.
— Vou avisar que você chegou. — Então ela vai até a cozinha
enquanto eu subo e tiro o terno, sentindo um alívio por poder
finalmente sair das roupas pesadas e colocar uma calça de malha e
camiseta branca.
A casa é toda climatizada, então aqui dentro é quente, mesmo
que lá fora esteja -5ºC, os dias estão cada vez mais frios conforme
nos aproximamos de dezembro, acho que preciso começar a correr
na academia de manhã.
— Como foi seu dia? — pergunto ao me sentar na ponta da
mesa e Patrícia senta do meu lado esquerdo.
— Foi bom, comecei a ler um dos livros que a Clayr me indicou
sobre gravidez, é tanta coisa que eu não sabia — explica e me olha,
então faço sinal para que se sirva primeiro e é o que ela faz,
enquanto continua a falar. — Nunca imaginei que tinham tantos
detalhes, tantas coisas para fazer enquanto o bebê se desenvolve,
só espero que eu tenha feito tudo certo até agora.
— Claro que sim, o médico confirmou que nosso bebê está
enorme e saudável, não tem com o que se preocupar — garanto,
porque hoje mesmo tive uma conversa com o médico e tirei minhas
dúvidas, mas ele me garantiu que o bebê está bem e Patrícia só
precisa cuidar da alimentação.
— Estou tentando seguir o que a nutricionista passou — ela
comenta ficando um pouco corada —, mas é difícil, os enjoos ainda
não passaram e, quando como algo salgado, piora.
Eu realmente reparei que no café da manhã ela só se serve de
coisas doces, mas achei que fosse porque ela gostava.
— Você repassou o cardápio para dona Maria? — questiono
preocupado.
— Sim, ela disse que vai providenciar que tudo seja feito de
acordo com o que a nutricionista passou, só espero que eu consiga
manter essas coisas no meu estômago, sempre tive paladar infantil
e agora piorou — ela fala e, pela primeira vez, não gagueja com a
frase mais longa, Patrícia parece mais confiante e aberta hoje.
— Paladar infantil? — questiono para incentivá-la a continuar.
— É quando a gente gosta de coisas mais doces ou infantis,
meu pai costumava reclamar porque tinha que comprar porcarias no
mercado e era tudo caro, então aprendi a fazer doces em casa, eu
amo um bolo de chocolate.
— Você gosta de cozinhar? — pergunto e ela faz que sim com
a cabeça, terminando de servir um pedaço do pernil. — Quando
quiser fazer algo é só falar com a dona Maria, não tem necessidade,
mas se é um hobby para você, e se faz com que se sinta bem, fique
à vontade.
— Sério mesmo? — Ela larga os talheres e se vira em minha
direção, os olhos brilhando de espanto.
— Claro, e vou te contar um segredo, eu também amo um bolo
de chocolate — confesso baixinho e ela sorri ainda mais.
Porra, como ela fica linda sorrindo, ainda mais dessa forma
relaxada. Eu quero vê-la sorrir mais vezes, quero fazê-la sorrir
assim e…
Não, se controla, Alexei.
Patrícia passou por muita coisa, ela finalmente está
descobrindo do que gosta, precisa de tempo e liberdade para viver
sem as amarras que foram impostas a ela durante toda a sua vida.
E, no que depender de mim, ela terá tudo o que precisar para
se libertar de tudo que a faz mal, de todas as coisas que a
prenderam, isso me lembra que tenho mais uma coisa para
conversar.
— Gostaria de falar com você sobre um assunto delicado —
digo e isso a faz parar de comer para me olhar com apreensão, sua
postura muda imediatamente e ela volta a se retrair. Droga, deveria
ter usado outras palavras. — Está tudo bem, eu só gostaria de te
perguntar se você está aberta a fazer terapia?
— Terapia? Eu não sou louca — ela responde na defensiva.
— Patrícia, terapia não é para pessoas loucas, é para pessoas
normais que precisam conversar com um especialista, para lidar
com os problemas da vida — explico com calma. — Você passou
por muitas mudanças nos últimos tempos, imagino que deva ser
difícil lidar com tudo e ainda se preocupar com o nosso bebê, por
isso pensei que seria bom se você tivesse alguém para conversar,
alguém para te ajudar a entender o que você está passando.
— Eu não preciso de ajuda, estou bem.
— Tudo bem — aceito sua resposta, por enquanto, mas não
vou desistir da ideia e, talvez, se ela tiver tempo para pensar sobre o
assunto, mude de ideia. — Se mudar de opinião é só me falar.
Ela concorda, mas depois disso, Patrícia fica mais calada e só
responde minhas perguntas, tento fazê-la falar novamente, mas
percebo que está perdida em pensamentos e deixo que tenha seu
momento.
***
De manhã acompanho minha irmã e Andrei até o aeroporto da
Central, ele se despede primeiro e leva a gatinha deles para o avião,
dando um tempo a sós para nós.
— Anna, você sabe que se precisar de qualquer coisa é só me
ligar, certo? — falo mais uma vez e ela concorda com a cabeça. —
E vou cobrar uma visita por ano, pelo menos.
— Você não vai se ver livre de mim assim tão fácil, irmão —
promete e sorrio, mesmo que por dentro eu já esteja triste por sua
partida. — Você não é igual ao nosso pai e tenho certeza que essa
criança será feliz.
Ela consegue tocar em minha maior insegurança, o que me
deixa ainda mais assustado.
— Eu não sei como ser um bom pai — confesso.
— Você já sabe o principal, como não ser um pai ruim.
— Parece fácil.
— Não é, mas se tem alguém que consegue, é você — ela fala
com tanta confiança que, por um momento, acredito que consigo
realmente fazer isso.
Com isso eu a envolvo em um abraço apertado e, mesmo
sendo uma despedida, é diferente da última vez que estávamos com
pressa e ambos com medo, agora tudo é mais leve.
— Seja feliz, Anna, e se esse Petrov fizer qualquer coisa para
você…
— Eu consigo lidar com ele, irmão, pode ficar tranquilo —
responde e não controlo uma gargalhada, porque é verdade, se tem
alguém que pode bater de frente com Andrei é minha irmã.
Ela sai dos meus braços e, depois de uma última troca de
olhares, vira e caminha até o avião, Andrei acena da porta da
aeronave e a abraça quando ela entra.
Assim eles partem e fico aqui, já sentindo a falta dela, mas
sabendo que será feliz.
CAPÍTULO 10

PATRÍCIA

A dieta que a nutricionista passou é um saco, ela cortou


praticamente tudo o que é doce, só abriu algumas exceções, e isso
tem deixado meu humor uma merda, mas pelo menos os remédios
que o médico receitou tem me ajudado com os enjoos, não sempre,
mas diminuiu bastante.
Fora que ela pediu para eu me exercitar mais, disse que é
importante para o bebê, mas o que eu vou fazer?
Lá fora está nevando e ninguém me deixa fazer nada dentro
de casa, até Alexei parou com suas corridas matinais por causa do
frio.
Nunca me senti tão brava como nesses últimos dias e, tenho
certeza, que todo mundo percebeu, Alexei até me perguntou se
tinha algo de errado, mas não quis falar que é pela dieta, porque ele
tem sido tão atencioso comigo que fico mal por estar agindo assim,
isso me faz chorar no chuveiro todos os dias.
Eu sou uma ingrata mesmo, das piores coisas que poderiam
acontecer comigo, nunca imaginei ter um marido atencioso como
ele, Alexei parece realmente se importar com o nosso filho e isso
me deixa ainda mais emocionada.
Esses dias quase não controlei as lágrimas na frente dele
quando vi que, além de ter comprado todos os livros que eu pedi,
ele também estava lendo os mesmos livros que eu sobre
maternidade, vi também alguns títulos sobre paternidade na
biblioteca.
Eu jamais poderia imaginar isso dele, de nenhum homem, na
verdade.
Pelo que vejo nos livros e nos filmes, eles geralmente não
fazem isso, será que na vida real é normal?
Será que tive um péssimo exemplo e por isso penso que todos
são assim, ou deveriam ser?
Meu pai sempre falou que é responsabilidade da mulher
educar os filhos, o homem deve prover para a casa e isso já é
trabalho demais, por isso ele e meus irmãos trabalhavam enquanto
eu ficava em casa cuidando de tudo.
Sempre deixava as refeições prontas, desde muito nova tive
que cozinhar para eles, limpar a casa, lavar roupa, eu fazia tudo
enquanto eles trabalhavam.
Porque, segundo meu pai, esse era meu papel como mulher.
— Dona Maria, sabe aonde Alexei está? — questiono, ele está
demorando para vir tomar café e não faltou um dia sequer.
— Acredito que ainda deva estar na academia, ele chegou
tarde ontem, deve ter perdido a hora — ela responde.
— Academia? Ele saiu de casa?
— Não, a academia fica nos fundos da casa — ela comenta
pegando-me de surpresa, mas é claro que tem uma academia aqui,
eu que não sai para explorar a casa toda porque não me senti
confortável.
— Eu não sabia, poderia me mostrar onde fica? Tenho ordens
médicas para me exercitar mais, talvez posso usar os aparelhos.
— Claro, querida, pode me acompanhar. — Ela faz sinal e me
levanto para segui-la.
Passamos por um corredor lateral na casa, com um jardim de
inverno lindo que eu não conhecia, nos fundos tem uma área
coberta com piscina e no lado direito vejo uma porta de vidro, que
dá acesso à academia.
Lá dentro está meu marido, só de calça de moletom, erguendo
um peso absurdo, com aquele corpo musculoso, que mais parece o
de um deus grego, e o pior, todo suado do mesmo jeito que fica
depois da corrida e que me faz ter vontade de…
SE CONTROLA, PATRÍCIA!
Droga de hormônios, não tenho nem controle dos meus
pensamentos mais.
— Patrícia, está tudo bem? — Ele caminha em nossa direção
com uma toalha, secando-se enquanto me encara com o semblante
preocupado, mas eu só consigo olhar o tanquinho definido que está
a mostra e preciso trancar o maxilar para evitar que a baba escorra.
Porque, sim, estou babando pelo homem que, apesar de ser
meu marido, eu não posso desejar.
— Tudo… Eu só… bem, dona Maria, ela disse que você
estava na academia e pedi para ver — explico, tentando não
gaguejar muito e falhando miseravelmente. — A nutricionista pediu
que eu me exercitasse mais, pensei em caminhar na esteira durante
o dia.
— Isso é ótimo, só tome cuidado e não venha sozinha, se algo
acontecer precisamos que tenha alguém aqui com você.
— Eu garantirei que ela esteja sempre acompanhada — Dona
Maria oferece e Alexei aceita.
— Tudo bem, o café está pronto, você vem? — pergunto e ele
abre um sorriso lindo demais, um daqueles que me desestabiliza por
completo.
— Sim, só vou passar uma água no corpo, pode começar sem
mim.
— Eu te espero.
— Então já vou. — Com isso ele sai por onde viemos e dona
Maria e eu voltamos para a sala de jantar, aonde o café já foi
servido.
Como aconteceu nos outros dias, tem bem menos opções
doces e mais frutas e comidas saudáveis.
— Acho que é abusar muito pedir por algumas panquecas? —
comento com esperança.
— Desculpa, senhora Ivanova, mas não está no cardápio que
foi repassado para as cozinheiras — ela responde de forma
carinhosa.
— Mas será que Alexei vai gostar disso? Afinal ele não precisa
comer a mesma coisa que eu, ele não está nessa dieta.
— O senhor Ivanov disse que vai seguir as mesmas
recomendações e que não é para fazer nada especial para ele.
— Hum, tudo bem — respondo e ela se retira, deixando-me
sozinha com meus pensamentos, até que o bebê acorda e começa
a se mexer na minha barriga, escuto meu estômago roncar e olho
para as escadas.
Droga, estou morrendo de fome, será que ele vai demorar?
Bem, ele mesmo disse que eu poderia começar, então pego
um dos pães integrais e passo uma geleia de amoras diet horrível,
mas que é a única coisa semelhante a um doce, que eu não vomito
depois de comer.
Me sirvo de café, bacon e ovos, na esperança de que tudo
fique no meu estômago tempo o suficiente para fazer digestão.
Por azar não é o que acontece e, assim que como a primeira
fatia de bacon, meu estômago revira e preciso ir correndo até o
banheiro, esbarro em Alexei no caminho, mas não vejo nada além
do vaso sanitário, tenho tempo de erguer a tampa e despejar todo o
conteúdo do meu estômago, antes de perceber que tem alguém
segurando meus cabelos e afagando minhas costas.
— Você está bem? — Alexei questiona quando termino de
vomitar e rapidamente abaixo a tampa e dou descarga.
— Sim, desculpa, não precisa se incomodar, eu já estou
acostumada e…
— Não peça desculpas — ele repreende. — Só estou
preocupado com você, nos últimos dias percebi que tem passado
mal com mais frequência, talvez tenhamos que voltar no médico.
— Não precisa, é normal, preciso me adaptar à dieta da
nutricionista, só que o bebê parece querer somente doces.
Levanto-me do chão com sua ajuda e pego uma escova de
dentes que guardo aqui, já que uso esse banheiro várias vezes por
dia, então escovo os dentes para tirar o gosto ruim da boca e
percebo que Alexei me observa da porta, o semblante preocupado
não sai do seu rosto.
— Estou bem, de verdade, pode tomar o seu café, logo me
juntarei a você, não quero que se atrase para seus compromissos
— digo para tranquiliza-lo e, mesmo assim, ele não sai do lugar.
— Vou trabalhar em casa hoje — ele avisa.
— Ah, eu não sabia.
— Vamos tomar café, vou pedir para a dona Maria providenciar
algo que você goste.
— Tudo bem.
Voltamos para a mesa, Alexei realmente pede panquecas
doces para dona Maria e logo ela traz uma bandeja, que
compartilhamos, então ele me conta sobre um dos livros de
paternidade que estava lendo, mas que abandonou porque não
falava sobre a criança, só sobre o pai.
— Como pode um livro sobre paternidade quase não
mencionar o filho? É tipo um livro de culinária sem os ingredientes
— ele comenta indignado e eu rio da sua comparação.
— Realmente existem mais livros para as mulheres,
especialmente sobre maternidade — respondo e ele concorda com
a cabeça.
— Eu peguei os mesmos livros que você escolheu na livraria,
já estou lendo e são bem mais completos, acho que deveriam ter
livros sobre criação e educação de crianças, porque independente
de ser pai e mãe, os papéis deveriam ser os mesmos.
— Bem, eu estou carregando nosso filho e vou amamentá-lo
por um bom tempo, não é a mesma coisa — corrijo e ele pensa por
um momento.
— É verdade, mas além disso, eu quero ter o mesmo papel
que você, claro que não poderei passar tanto tempo com ele,
porque preciso estar na empresa e na Central, mas o tempo que eu
tiver livre será dedicado ao nosso filho.
Ele fala isso agora, mas tenho certeza que quando encontrar
uma mulher, ele terá outra opinião sobre o assunto.
Alexei deixou claro que eu posso ter relacionamentos fora do
nosso casamento, que o que temos é só de fachada para que nosso
filho seja legítimo, isso inclusive estava no contrato que seus
advogados me entregaram antes do casamento, mas pensar nele
com outra, por algum motivo, me deixa enjoada novamente.
— Você está bem? — Ele percebe e faço que sim com a
cabeça, espantando os pensamentos de antes, para me concentrar
no agora.
— Eu terminei meu café, se você não se importa, vou sentar
na sala e ler um livro por um tempo.
— Claro, qualquer coisa estarei no meu escritório e a tarde
posso ir com você até a academia, te mostrar os aparelhos, quem
sabe podemos nadar um pouco, a piscina é aquecida.
— Eu não sei nadar — confesso.
— Eu estarei lá e a piscina é rasa, acho que será melhor e
mais seguro se você caminhar na água, posso contratar uma
professora para te ensinar alguns exercícios — ele propõe.
— Vou pensar, mas por hoje acho que a esteira vai servir —
digo e ele aceita. — Ah, obrigada pelo Kindle.
Lembro de agradecer o presente que ele deixou em cima da
minha cama depois que fomos comprar as coisas para o bebê, o
aparelho é incrível e, depois que aprendi a usar, descobri uma
biblioteca em minhas mãos, nem peguei mais livros físicos para ler,
mesmo tendo vários na estante, só consigo pensar nos romances
que encontrei na Amazon e que agora fazem parte dos meus dias.
Especialmente os mais picantes, eu nunca poderia imaginar
que o sexo fosse tão explícito assim, só havia lido romances sem
conteúdo adulto, bem, até agora, porque estou completamente
viciada nas histórias sobre CEOs e suas secretárias.
— Fico feliz que tenha gostado, quando a biblioteca ficar
pronta você terá um lugar especial para ler e, quando nosso filho
nascer, o quarto dele ficara entre os nossos.
Eu vi que havia uma terceira porta no corredor, mas quando
tentei abrir, estava trancada, achei que era seu escritório, nunca
poderia imaginar que ali seria o quarto do nosso filho.
Saber disso me faz ficar emotiva novamente e preciso me
retirar antes que ele me veja chorando, ele já me viu vomitando
hoje, um pesadelo de cada vez.
De tarde, Alexei cumpre sua promessa e me mostra como usar
alguns aparelhos da academia, ele também chamou um dos
soldados que é fisioterapeuta para me passar exercícios que eu
posso fazer, visto que estou parada há muito tempo e ainda estou
grávida de quase sete meses, não posso correr riscos
desnecessários.
O homem é bonito, todo musculoso, moreno, alto e tem uma
barba bem feita, seus olhos são escuros e gentis, mas ele não sorri,
só me passa os exercícios e me ajuda a executá-los, sem me tocar
ou falar mais do que o necessário.
O tempo todo sinto Alexei nos olhando e, quando me viro para
ele, encontro-o parado com os braços cruzados e um olhar bravo
para o soldado, que logo se afasta um pouco mais de mim e me
deixa executar o exercício sozinha.
— Acho que está bom por hoje, você não acha, Patrícia? —
Alexei questiona e concordo com a cabeça, estamos aqui há mais
de meia hora e eu já estou suada.
Coloquei uma roupa de ginástica, que encontrei no guarda
roupa e que me serviu graças ao tecido que se ajusta bem ao meu
corpo, mas o cinza já tem manchas mais escuras e fico com
vergonha por ter suado tanto.
— Sim, obrigada pela ajuda, soldado… Não sei seu nome —
falo em direção ao homem que não me olha diretamente.
— Não precisa saber, o soldado está dispensado — Alexei é
quem responde e o homem bate continência antes de sair
apressado pelos fundos da casa.
Não entendo porque ele fez isso, me pareceu que meu marido
foi um pouco grosso demais, eu nunca o vi tratar seus seguranças
ou outros soldados assim, mas talvez o homem tenha feito algo de
errado, não sei.
CAPÍTULO 11

ALEXEI

Todas as vezes que o maldito soldado Kharkov chegou


próximo demais de Patrícia, eu quis ir até lá e dar um soco na cara
dele.
Não era por ciúmes, porque não tenho o direito de sentir
ciúmes dela, já que é só minha esposa por obrigação, mas porra, a
cada instrução que o desgraçado passava, Patrícia o olhava com
atenção e eu queria morrer.
Sei que ela precisa de ajuda, mas vou chamar uma espiã
heterossexual da Central para isso, é melhor do que deixá-la com
algum dos meus soldados.
Não que eles se atrevam a fazer algo desrespeitoso, Kharkov
nem encostou nela, mas eu não conseguiria sair de casa e deixar os
dois sozinhos.
Mesmo tendo câmeras pela casa toda, bem, talvez por ter
câmeras lá, eu sei que passaria o tempo todo olhando para a tela do
computador e, no momento, tenho alguns assuntos urgentes para
resolver.
— Vor Petrov. — Faço uma pequena reverência ao entrar na
sala do Pakhan e ele se levanta para me receber, indicando a
cadeira em frente a sua mesa.
Serguei está sentado no sofá e também se levanta, fazendo
uma reverência para mim quando olho para ele.
— Vor Ivanov — Serguei cumprimenta e faço sinal para ele
relaxar —, posso servir uma bebida?
— Vodca, por favor, o dia hoje está um caos — falo e ele
segue para servir as bebidas.
— Infelizmente as notícias que tenho não são boas — Dimitri
comenta, me fazendo respirar fundo ao sentar e cruzar as pernas.
— Não sei porquê, mas eu tinha uma pequena esperança de
que você fosse me animar hoje, Dimitri — falo e ele dá um sorriso
de canto, mas vejo o cansaço em seus olhos azuis, ele vem
trabalhando muito depois que assumiu como Pakhan e o peso do
cargo está visível em seu rosto.
— Não consegui localizar o pai e irmãos da sua esposa, porém
finalmente terminei de passar meu programa de reconhecimento
facial por todas as imagens das câmeras do aeroporto e locais
próximos a São Paulo, que era o destino do avião que eles
supostamente pegaram.
— Como assim, supostamente?
Dimitri aponta para uma TV na parede em frente a sua mesa e,
assim que o display liga, vejo as imagens das câmeras do aeroporto
de San Petersburgo, reconhecendo o pai e os dois irmãos de
Patrícia no lobby, depois eles caminham para o local de embarque
e, por último, aparecem entrando na aeronave.
Depois disso as portas se fecham e o avião parte para seu
destino.
— Eles embarcaram, o avião fez alguma conexão no caminho?
— questiono.
— Não, era uma linha direta até São Paulo, mas quando puxei
as câmeras brasileiras... — Dimitri digita alguns comandos no
computador, enquanto Serguei me entrega o copo com vodca, e eu
aproveito para tomar um gole da bebida, que desce queimando até
meu estômago. — Aqui, as imagens estão em uma qualidade ruim,
tem três homens que descem da aeronave com as mesmas roupas
que os suspeitos vestiam antes, eu assumi que eram eles, porém
acompanhe o caminho.
Os três homens caminham direto para o local de
desembarque, pegam duas malas e seguem para fora do aeroporto.
Dimitri troca para as câmeras da rua e os acompanha
enquanto caminham em direção a um carro em um estacionamento
privado.
— Eles podem ter alugado um carro antes de sair daqui —
comento.
— Continue acompanhando, aqui foi a parte que ficou difícil e,
foi por isso, que demorei para conseguir identificar essa falha. — Ele
troca as imagens das câmeras que ficam com uma qualidade
horrível. — O sistema de monitoramento no estacionamento é
antigo e não tem uma conexão online, precisei mandar agentes
pessoalmente ao local e quase não conseguimos recuperar as
imagens, porque eles fazem backup todos os meses.
— Porra, não dá pra identificar nada com essa qualidade, e
porque eles estão de boné? — questiono.
— Exatamente, eles entraram na aeronave sem e desceram
usando bonés, quando eles embarcaram tinham três malas, mas no
desembarque retiraram só duas, e aqui... — Dimitri digita mais
alguma coisa e as imagens travam quando os homens chegam em
um carro prata estacionado e tiram os bonés, é impossível identificar
o rosto deles dessa distância, então Dimitri vai aproximando e puxa
imagens que foram melhoradas.
— Droga, não são eles — falo quando a imagem mais nítida
mostra o rosto do homens.
— Não, são brasileiros que estavam de férias na Rússia,
consegui a identidade dos três e ontem nossos homens os
encontraram, eles foram pagos para trocar de roupa com três
homens no avião e aceitaram por ser muito dinheiro — ele explica e
senta novamente em sua cadeira, pegando o copo que Serguei
serviu para ele e tomando um grande gole da bebida.
— Eles não desceram no Brasil — constato, mas Dimitri não
confirma.
— Não tem como saber, tentei encontrar as imagens internas
do avião, mas foram apagadas, eles podem ter ficado na aeronave,
não encontrei nem os registros dos funcionários que estavam
trabalhando como comissários, pelas câmeras o reconhecimento
facial indicou que eram soldados da Bratva, desertores que
trabalhavam para seu pai.
— Porra, então esses três podem estar em qualquer lugar —
aponto o óbvio e Dimitri confirma com a cabeça, trocando um olhar
com Serguei, que se senta na cadeira ao meu lado.
— Acho melhor você aumentar a segurança na sua casa —
Serguei aconselha de forma séria.
— Eu já tenho segurança mais do que suficiente — corrijo,
mas ele continua me encarando.
— Também aconselho que coloque espiãs dentro da sua casa,
algumas que possam ficar de olho em Patrícia, sem que ela se sinta
desconfortável, podemos substituir suas funcionárias habituais —
Serguei continua.
— Isso também é para a sua proteção, Alexei — Dimitri
complementa, apoiando Serguei, que também é seu chefe de
segurança.
— Vocês não vão começar com isso de novo — advirto ao
perceber o rumo da conversa.
— Precisamos desconfiar de todo mundo — Dimitri corrige e
eu sei que ele está certo, mas por algum motivo eu não consigo
aceitar o fato de que Patrícia possa me trair ou fazer algo contra
mim. — Ela faz parte daquela família e eles podem estar usando-a
em algum plano do seu pai.
— Patrícia aceitou se casar comigo para proteger nosso bebê,
Dimitri, ela não faria algo assim, é uma pessoa boa, que já passou
por muita merda na vida — defendo minha esposa.
— Ela também aceitou fazer parte dos planos do seu pai —
Dimitri fala.
— Ela foi coagida a isso, não teve escolha.
— Não foi isso que Patrícia disse quando a interrogamos,
segundo ela, seu pai precisava de ajuda com as dívidas de jogo e
foi por isso que ela aceitou, para salvá-lo e a seus irmãos — Dimitri
relembra o depoimento que minha esposa deu depois que a
resgatamos.
— Eu sei, mas ela pode ter falado isso só para proteger sua
família, Patrícia é uma boa pessoa, Dimitri, não consigo pensar nela
como uma traidora — continuo a defende-la, mesmo que no fundo
minha parte racional diga que sim, que eu deveria considerar todas
as possibilidades, meu coração não me deixa aceitar a razão.
— Tudo bem, mas ainda acho que deveria seguir os conselhos
do Serguei e trocar suas funcionárias por espiãs, elas irão trabalhar
da mesma forma, só são treinadas para caso algo aconteça —
Dimitri declara e sei que é uma batalha perdida, ele não vai deixar
isso para lá.
Quando o assunto é segurança, o Pakhan é a pessoa mais
protegida do mundo, ele sabe sobre o que está falando.
— Tudo bem, mas não quero que Patrícia perceba, e não troco
a cozinheira ou dona Maria — aviso e eles concordam. — Agora, se
me dão licença, eu preciso ir para casa.
— Saindo cedo para mudar a rotina? — Dimitri brinca,
aliviando o clima tenso da nossa conversa.
— Tenho alguns assuntos para resolver, mas posso fazer isso
de casa e prometi que passaria mais tempo lá, Patrícia fica muito
sozinha.
— Kat disse que adorou a visita e quer convidá-la para irem ao
salão juntas, você se importaria se ela ligasse para Patrícia? —
Serguei comenta.
— Claro que não, acho ótimo, Patrícia também pareceu mais
animada quando voltou, agradeça sua mulher por isso — digo aos
dois e eles concordam. — Vor Petrov, Vor Barkov — me despeço e
saio com meus seguranças seguindo atrás de mim. — Prepare o
carro — aviso Charles, que segue na frente enquanto vou até meu
escritório.
***
Resolvo os problemas que consigo de casa e, depois de um
tempo, olho no relógio e percebo que já são quase cinco horas da
tarde.
Droga, eu falei que ficaria em casa para ter um tempo com
Patrícia, mas me tranquei no escritório e não saí nem para comer.
Resolvo deixar o restante dos problemas aqui e resolver de
noite, preciso clarear a mente um pouco, talvez me exercitar na
academia ou na piscina.
Bem, se vou para lá, posso convidar Patrícia e ficar de olho
nela.
Vou até a sala, onde a encontro deitada no sofá em uma
posição estranha, ela tem três almofadas embaixo das pernas e
uma nas costas, a cabeça descansa no braço do sofá, enquanto ela
segura o Kindle com uma mão e a outra acaricia a barriga, que fica
ainda maior a cada dia que passa.
— Patrícia — chamo sua atenção ao perceber que ela não
nota minha presença e isso a faz pular no sofá de susto. —
Desculpa, não queria assustá-la — digo e, com um pouco de
dificuldade, ela tira as almofadas das pernas e se senta, ainda
segurando o Kindle e a barriga.
— Tudo bem, eu só estava perdida na leitura — ela comenta,
mas seu rosto assume um tom rosado e percebo que ela não
mantém contato visual comigo.
— Pensei em dar um mergulho na piscina — digo e ela acena
com a cabeça, dando-me um sorriso. — Gostaria de ir comigo?
— Eu… bem, eu não sei nadar e…
— Não precisa, podemos só caminhar e passo alguns
exercícios que serão bons para você — digo com confiança.
— Não quero te atrapalhar.
— Não atrapalha, eu realmente preciso fazer alguma coisa,
ficar trancado naquele escritório está me enlouquecendo e
agradeceria muito a companhia.
Ela pensa por um tempo, então se levanta com um pouco de
dificuldade.
— Eu não sei se tenho roupa de banho — ela comenta,
desviando o olhar do meu novamente.
— Tenho certeza que sim, eu pedi para providenciarem tudo o
que você pudesse precisar e, se você quiser algo diferente, é só
avisar dona Maria, que ela entra em contato com o estilista e ele
encontra tudo para você — explico e ela volta a me olhar, as
sobrancelhas altas em espanto. — Te espero na piscina, tudo bem?
— Ok — ela responde e sobe para seu quarto, enquanto eu
sigo para o meu e troco de roupa, colocando uma sunga branca e
chinelos, cubro-me com o roupão preto que uso para chegar até a
piscina.
Patrícia chega alguns minutos depois que eu e tira o roupão
sem me olhar.
Porra, eu não consigo acreditar na visão que tenho dessa
mulher, ela está usando um maiô rosa florido que a deixa magnífica,
o tecido colado marca seus seios fartos, descendo para a barriga
redonda, que ela abraça em um gesto protetor, então meus olhos
caem para áreas mais perigosas e tenho a visão das suas coxas
grossas e deliciosamente nuas.
Só que tudo piora para mim quando ela se vira de costas e
deixa o roupão pendurado ao lado do meu, seus cabelos loiros
caem soltos em ondas até a metade das suas costas, cobertas pelo
tecido do maiô, e eu deveria parar aqui, deveria criar vergonha na
cara e ser um homem decente, mas porra, eu não consigo.
A visão arrebatadora da bunda, grande e deliciosa, de Patrícia
faz meu pau latejar na cueca e preciso pensar em alguma coisa
muito ruim, muito rápido, para controlar a ereção que começa a
surgir e só agora percebo que foi uma péssima escolha vir de
sunga.
Péssima escolha!
Por isso, antes que ela se vire e veja meu pau duro por ela, me
jogo na piscina e deixo que a água esconda o que eu não consigo
controlar, logo Patrícia volta a se virar e me olha, desconfiada ou
apreensiva, não sei dizer.
— Você pode entrar pelas escadas, só segura firme no
corrimão. — Indico o outro lado da piscina, mas não vou até lá
porque não é fundo o suficiente para esconder minha maldita
ereção.
Patrícia faz o que falo e, com um pouco de medo, ela começa
a entrar na água, segurando-se com firmeza no corrimão, quando
ela já está na parte mais funda, que cobre sua cintura, vou até ela e
seguro sua mão com carinho.
— A parte mais funda é lá. — Indico o outro lado da piscina,
que chega a 1,90m de profundidade, e é o local aonde eu
geralmente nado para me exercitar. — Se você ficar desse lado não
terá problemas. Vem, vamos caminhar até o final para você ver.
Ela solta o corrimão e segura com mais firmeza em minha
mão, mas quando vai dar alguns passos, Patrícia desliza no piso e
perde o equilíbrio, preciso agir rápido e passo um braço em sua
cintura, segurando-a contra meu corpo, para que não afunde, e ela
se agarra a mim, o olhar assustado faz meu peito apertar.
— Desculpa — ela pede, tentando se desvencilhar dos meus
braços, mas não consigo soltá-la de imediato, a proximidade do seu
corpo, a forma com que ela se apoiou em mim e o quão próximos
estamos, faz meu coração disparar e meu estômago reage de uma
forma estranha. — Eu sou uma desastrada, desculpa, Alexei.
— Não precisa se desculpar, você só escorregou, estou aqui
para te segurar — digo e finalmente consigo soltá-la para que volte
a ficar de pé, mas não tiro minha mão da sua cintura, segurando-a
na volta das suas costas. — Vamos com mais cuidado — falo e
caminhamos até o final da piscina.
— Na água é bem melhor — ela comenta quando damos a
volta, a cada passo ela fica mais confiante e vejo um pequeno
sorriso surgir em seus lábios, deixando-a ainda mais encantadora.
Patrícia é alta, tem um metro e setenta, mas eu ainda sou vinte
centímetros mais alto do que ela, por isso, enquanto a água cobre
minha cintura, ela está na metade dela.
Depois de algumas voltas, Patrícia coloca a mão na barriga e
para de andar no meio da piscina, ela sorri e olha para baixo.
— Acho que ele também está gostando, sente... — Então ela
pega minha mão e leva até a sua barriga, deixando-me sentir o
bebê se mover lá dentro, e é como se eu pudesse me conectar com
ele, sinto os movimentos e meu coração explode de felicidade.
— Ele faz muito isso? — pergunto admirado.
— Sim, ele se mexe bastante, dando chutes nas minhas
costelas e apertando minha bexiga — ela responde e dá uma risada
gostosa de ouvir.
Droga, é tão bom vê-la assim, feliz e relaxada.
— É incrível — digo e me aproximo mais, colocando a outra
mão em sua barriga, a qual ela cobre com a sua, e ficamos de frente
um para o outro, tão próximos que sinto o calor do seu corpo e o
cheiro do perfume amadeirado que ela usa todos os dias e que já
está marcado na minha memória.
Os segundos parecem martelar na minha mente quando
percebo que estamos próximos demais, mas não consigo me
afastar, ainda mais quando ela ergue a cabeça e seu olhar encontra
o meu, os grandes orbes verdes me encaram e é como se eu
pudesse ver no fundo da sua alma.
Vejo sua respiração ficar mais rápida, assim como a minha, e
seu sorriso se transforma em um menor, porém tão lindo quanto, e
me aproximo mais.
Tirando uma mão da sua barriga, afasto uma mecha do seu
cabelo, que está caída sobre seu rosto.
Assim que meus dedos roçam pela sua pele macia e delicada,
é como se eu tivesse recebido um choque, a eletricidade percorre
todo o meu corpo e meu coração acelera ainda mais, fazendo-me
respirar profundamente.
Preciso me controlar, mas me manter no lugar é quase
impossível porque a única coisa que quero, nesse momento, é
segurar seu rosto delicado e trazer para mais perto do meu.
Seus lábios rosados são uma tentação, uma pela qual preciso
lutar muito para não tomar nos meus, em um beijo que é o que mais
quero agora.
— Eu… preciso ir ao banheiro — Patrícia avisa, se afastando
de mim e, no mesmo instante, eu quero me aproximar de novo,
quero sentir sua pele, seu cheiro, seu toque na minha mão, mas a
deixo ir e a ajudo a subir as escadas, tentando esconder a porra da
ereção no meio das minhas pernas.
— É a segunda porta nos vestiários, coloca um chinelo para
não escorregar, o piso pode estar liso — aviso e ela faz o que peço,
caminhando rapidamente até passar pela porta que indiquei.
PORRA, O QUE ACABOU DE ACONTECER?
CAPÍTULO 12

PATRÍCIA

O que diabos acabou de acontecer na piscina?


Por que ele estava me olhando daquela forma?
E por que meu corpo pareceu desmanchar quando seus dedos
me tocaram?
Quase não me contive no momento que ele afastou a mecha
do meu cabelo em meu rosto.
Eu queria que ele tivesse me puxado, queria seus lábios nos
meus, queria senti-lo mais próximo, queria…
Não, afasta esses pensamentos, Patrícia!
Me recomponho enquanto tiro o maiô para fazer xixi, passo
pelo espelho do banheiro e encaro meu corpo.
Posso ver tudo o que eu não gosto, como a papada embaixo
do queixo, meus ombros largos e os braços cheios, a forma com
que meus peitos grandes caem em cima da minha barriga, que já
está cheia de estrias marcando a pele clara, como minhas coxas
são grandes e cheias de celulite.
Viro-me e quase não tenho coragem de olhar para as gorduras
que formam voltinhas em minhas costas, assim como minha bunda
grande demais.
Como eu posso imaginar que um homem como ele, que mais
parece um modelo, se sentiria atraído por alguém como eu?
Fui assim a vida toda, sempre gorda, desde criança, e só
piorou quando entrei na adolescência e na fase adulta.
Não é por falta de exercícios, porque antes da gravidez eu
caminhava muito e fazia a faxina todos os dias dentro de casa, é um
serviço contínuo e exaustivo quando se tem três homens sujando
tudo.
E eu gosto de comer, amo doces, sobremesas, sempre fui
apaixonada por cozinhar receitas gostosas e, claro, saborear a
comida que preparo, não tem nada de errado nisso, mas eu sempre
passei dos meus limites, quando sentia que deveria parar de comer,
eu continuava até estar tão cheia que, às vezes, passava mal.
Parei de fazer isso quando engravidei, mas ainda sinto
vontade de preencher o vazio existencial com comida, ainda tenho
aquele mesmo pensamento de antes, de que se eu comer mais uma
fatia de bolo serei mais feliz, nem que seja por um momento.
Agora estou aqui, nesse corpo que ninguém vai achar bonito e
que só vai ficar ainda mais marcado quando o bebê nascer.
Eu não odeio meu corpo, mas comparado às modelos e
mulheres que vejo nas revistas e na TV, não sou nada como elas.
Agora estou solitária em uma mansão como essa, casada com
um homem maravilhoso e que é completamente inalcançável para
mim.
Alexei deve ter outras mulheres por aí, pesquisei seu nome na
internet e ele aparecia em vários sites de fofoca com modelos
maravilhosas ao seu lado.
Eu jamais chamaria a atenção de Alexei, mesmo momentos
atrás na piscina, quando achei ter visto algo em sua sunga, deve ter
sido impressão minha, tudo isso é culpa dos malditos hormônios
que me deixam com tanto tesão que só a minha mão já não resolve
mais.
Quem sabe posso usar o cartão que ele me deu e comprar
algumas coisas online, no livro que eu estava lendo a mulher tinha
uma coleção de brinquedos sexuais.
Se eu não tenho um homem, pelo menos posso comprar algo
para substituir a parte que mais importa dele e usar sozinha, na
tranquilidade do meu quarto.
O bom disso é que, nos meus pensamentos, posso transar
com quem eu quiser, inclusive fantasiar com meu marido.
E ele nunca vai saber…
— Patrícia, está tudo bem aí? — a voz grossa e preocupada
de Alexei me faz saltar de susto.
Droga, passei tempo demais aqui.
— Sim, já estou voltando — aviso e corro até o banheiro para
fazer xixi, depois coloco o maiô e lavo as mãos.
Volto para a piscina, ele me espera do lado de fora agora e
posso ver aquela deliciosa sunga branca, toda molhada, que quase
fica transparente, marcando o que só pode ser uma miragem,
porque eu não posso estar vendo o pau do meu marido.
Não, não posso.
Ergo o olhar rapidamente e desvio do seu rosto, mas aceito a
mão que ele me oferece para voltarmos para a água, então
caminhamos de um lado para o outro, até que eu fico cansada
demais e sento em um dos degraus.
— Então, o que você está lendo? — Alexei questiona e sinto
meu rosto queimar.
— Um livro de romance — respondo de forma evasiva.
— Qual é o título?
Ah, droga, porque ele quer saber essas coisas?
E se eu pensar em outro, mas qual?
Por que justo nesse momento esqueço o título de todos os
livros que já li?
— Promessa Irresistível — respondo e desvio o olhar dele.
— Nunca li, quem é o autor?
Por que ele não pode mudar de assunto?
— É uma brasileira, A.C. Nunes, eu peguei por acaso no
Kindle e estou adorando.
— Você entende português? — Ele parece surpreso.
— Não, mas uso a função de tradução do próprio aparelho e
consigo entender bem.
— É verdade, tinha esquecido dessa função — ele comenta
abrindo um sorriso lindo que faz meu coração errar uma batida. —
Fico feliz que tenha gostado do presente.
— Eu amei, adoro livros físicos também, mas consigo
encontrar uma posição mais confortável no sofá com ele, sem me
preocupar com o peso do livro.
— Eu percebi, a barriga está incomodando?
— Sim, já está ficando difícil dormir de lado, e ficar sentada
muito tempo também cansa — falo sobre minhas frustrações e ele
dá risada. — Você ri porque não é com você.
— Desculpa, se precisar de travesseiros extras é só falar,
estava lendo em um dos seus livros sobre um travesseiro de corpo,
vou mandar trazer os modelos que tiver na loja e você vê qual se
adapta melhor em você, assim talvez consiga dormir melhor.
— Obrigada, Alexei, mas não precisa se preocupar comigo —
digo e ele se aproxima mais, pegando minhas duas mãos com
carinho.
— Claro que me preocupo, você e o nosso filho são minha
responsabilidade e eu sempre vou cuidar de vocês, Patrícia,
sempre. — A forma séria e definitiva com que Alexei fala essas
palavras me faz querer acreditar nele, mas ainda acho que não está
pensando direito na situação toda.
— Acho que está bom por hoje — aviso antes de sair da
piscina.
— Patrícia — ele me chama quando estou colocando o roupão
—, obrigado pela companhia.
— Eu que agradeço.
Então saio e vou direto para o meu quarto, a banheira já está
cheia e quentinha quando tiro minha roupa e despejo algum sal de
banho, que tem um cheirinho bom, antes de entrar na água morna e
pensar no que aconteceu.
Lembro de todos os momentos que estive com meu marido e
em como, mais uma vez, ele provou o quão incrível e maravilhoso é.
Algum dia uma mulher terá a sorte de ter o seu coração e,
quando esse dia chegar, eu estarei ao seu lado, porque ele merece
um final feliz.
***
Estou na cozinha quando percebo que, fora dona Maria e a
cozinheira, as outras funcionárias mudaram.
Eu não sabia seus nomes e mal falava com elas, mas
reconhecia os rostos e agora não reconheço nenhum.
— Dona Maria, o que aconteceu com as funcionárias de
antes? — questiono a governanta que me dá um sorriso educado
antes de responder.
— É só uma rotatividade de funcionárias, não precisa se
preocupar.
Nessa hora meu telefone toca, mas não reconheço o número,
porém atendo da mesma forma e me surpreendo ao ouvir a voz de
Yekaterina do outro lado.
“Bom dia, Patrícia, como você está?” ela questiona em um tom
amigável.
— Bom dia, senhorita Belova, estou bem e você?
“Pode me chamar de Kat, já disse, e eu estou bem. Te liguei
porque quero te convidar para uma tarde das garotas, podemos ir
ao salão de beleza e depois gastar dinheiro por aí, o que acha?”
— Eu preciso confirmar com Alexei.
“Ele já está sabendo, Dimitri falou com ele” ela declara
animada. “Vamos, vai ser legal, Clayr também estará lá.”
— Tudo bem — respondo.
“Maravilha, vai ser uma tarde incrível, eu garanto” ela avisa,
ainda mais animada. “Passo aí às quatorze horas para te buscar.”
— Estarei esperando, obrigada pelo convite.
“Não precisa agradecer, eu não tenho muitas amigas aqui e
gostei muito de te conhecer” Kat fala, pegando-me de surpresa,
sempre imaginei que alguém como ela teria muitas pessoas ao seu
redor. “Nos vemos depois, Patrícia.”
Então ela desliga, mas eu continuo encarando a tela do celular,
ainda sem conseguir acreditar que isso realmente aconteceu.
Por isso, ligo para o único número que tenho salvo e, depois
de chamar duas vezes, Alexei atende.
“Patrícia, está tudo bem?” ele questiona, claramente
preocupado.
— Desculpa te ligar, mas Yekaterina acabou de me convidar
para passar a tarde com ela e Clayr, só queria saber se posso ir.
“ Claro que sim, não precisa me pedir permissão para sair, é só
avisar dona Maria.”
— Eu só queria confirmar, obrigada, Alexei.
“Espero que se divirta, mas se tiver qualquer problema pode
me ligar, estarei na cidade o dia todo.”
— Tudo bem — aceito e não sei o que falar antes de desligar,
então a primeira coisa que sai da minha boca me pega de surpresa
e me faz ficar vermelha. — Um beijo.
E desligo.
Eu disse um beijo…
Eu realmente mandei um beijo para Alexei no final da ligação?
Que merda foi essa, Patrícia?
***
Kat e Clayr formam uma dupla animada e, com isso, também
fico mais calma quando as duas me incluem em todos os assuntos
do grupo, me explicando até algumas piadas internas.
Clayr veio sozinha, mas depois do cabelereiro, seu marido
apareceu no shopping com o Gus, o bebê mais fofo e gorducho que
eu já vi.
Ele tem cinco meses agora e, por isso, ainda está mamando
no peito, então Clayr vai ficar com ele durante o restante da tarde.
— Ele é tão fofo e comportado — comento quando vejo o bebê
dormindo tranquilamente no carrinho depois de ter mamado, mesmo
que o shopping esteja barulhento, ele parece não se importar.
— Isso porque não são duas horas da manhã — Clayr
comenta. — Esse anjinho aí adora me acordar de madrugada, por
sorte Matielo me ajuda bastante, mas ele trabalha o dia todo, então
prefiro ficar com o Gus durante a madrugada e deixá-lo dormir.
— Quando for a minha vez, eu vou deixar o turno da noite para
os meus dois homens, eles são soldados treinados, podem até se
dividir em turnos — Kat brinca e nós três começamos a rir.
— Sortuda do caralho — Clayr comenta e toma um gole do
seu chá, estamos na praça de alimentação do shopping. — Você
fala isso agora, mas quando tiver seu filho vai querer passar o
tempo todo com ele, eu te conheço.
— Eu não — Kat responde, fingindo estar magoada com a
amiga.
— Vai sim e, só para te avisar, eles precisam mamar à noite,
então não adianta ter dois homens que não produzem leite, você
tem que levantar da mesma forma — Clayr comenta e todas rimos
novamente.
— Isso é verdade — falo entrando no assunto. — Li em um
dos livros que você me indicou que até os seis meses o bebê só
toma leite do peito ou mamadeira, só depois disso que começa a
introduzir papinhas e outros alimentos.
— Muito bem, mas eu quero amamentar esse aqui até ele
enjoar do peito, minha mãe disse que eu fui até os dois anos de
idade — Clayr explica.
— E pode? — pergunto, interessada.
— Claro que sim, se você tem leite e a criança continua
querendo mamar, deixa livre, afinal o leite materno é um alimento
completo — Clayr fala com sabedoria e começa a me explicar as
vantagens da amamentação livre.
Com isso, o tempo passa bem rápido, Gus acorda algumas
vezes para mamar enquanto caminhamos um pouco pelo shopping,
mas preciso pedir para parar em alguns momentos, porque meus
pés começam a inchar e o peso da barriga faz minha coluna doer.
Eu não comprei nada, mas Kat e Clayr entraram em duas lojas
e provaram tudo o que conseguiram.
Clayr vem de uma família bem rica e Kat, bem, ela é a mulher
do Pakhan, dinheiro é o que não falta.
Eu também não posso falar nada, porque o cartão sem limites
que tenho ciência que está na minha bolsa, me garante que eu
possa comprar o que quiser, mas para falar a verdade, em todas as
lojas que entramos não vi uma roupa sequer que coubesse em mim.
Então preferi não olhar mais e manter o desinteresse, lojas de
grife são terríveis para pessoas gordas, fora que o manequim 50
dessas lojas mais parece um 44, e não passa nem pelas minhas
coxas, que dirá minha bunda.
Os vestidos no geral são mais fáceis de encontrar, mas para
uma mulher grávida, só encontraria em lojas especializadas, aqui
eles não servem nos meus peitos e ficam apertados nos meus
braços.
A verdade é que essas lojas já não são feitas para pessoas
como eu, mesmo sem engravidar, agora, carregando uma barriga do
tamanho da minha, é que não tem roupa mesmo, elas são para Kat
e Clayr, que mantém o corpo magro de bailarinas.
É triste, mas real e por isso, quando penso no meu closet
cheio de roupas, uma dúvida passa pela minha mente: onde o
estilista de Alexei encontrou tantas roupas bonitas e que servem
perfeitamente em mim?
— Você não vai comprar nada? — Kat questiona ao sairmos
de mais uma loja.
— Não, eu tenho um closet cheio demais em casa — explico
com a voz calma —, mas se não se importam, gostaria de passar
naquela loja de bebês, Alexei e eu fomos às compras esses dias,
mas agora que estou lendo os livros, percebi que tem muita coisa
que não compramos e que vamos precisar.
— Ele foi com você? — Kat pergunta.
— Sim, passamos a tarde aqui escolhendo coisas para o bebê,
tudo já foi entregue, mas o quartinho ainda não está pronto.
— Bem, vamos lá então, posso te ajudar com as compras, eu
aprendi algumas coisas nesses cinco meses de maternidade —
Clayr oferece empurrando o carrinho.
— Vou aceitar, muito obrigada — agradeço e seguimos para a
mesma loja que Alexei e eu fomos, só que naquele dia ela estava
fechada somente para nós, hoje tem outros clientes, não que isso
atrapalhe em algo porque, assim que os seguranças entram atrás
de nós, as outras pessoas meio que se afastam e mantém distância
do nosso grupo.
Clayr me ajuda a escolher várias coisas que eu ainda não
tinha, inclusive indicando as melhores marcas que ela já testou e
aprovou, faço questão de anotar tudo o que ela fala no celular para
não esquecer.
No final, prefiro mandar entregar tudo o que comprei, porque é
muita coisa para levar, e passo o cartão que Alexei me entregou.
Lá no fundo tenho medo de ser recusado, ou de não ter fundos
o suficiente, acontecia bastante com o cartão do meu pai e eu tinha
que devolver as coisas no mercado ou na loja, era vergonhoso, mas
aqui a moça só aproxima da máquina e logo aparece aprovado.
Ele realmente me deu um cartão que funciona.
CAPÍTULO 13

ALEXEI

Antes que eu possa responder, a linha fica muda.


Ela mandou um beijo e desligou na minha cara, foi isso
mesmo?
Patrícia me surpreende a cada dia que passa. Ontem, na
piscina, meu corpo reagiu ao dela de uma forma diferente, ela é
gostosa, não tenho dúvidas disso, mas nunca fiquei tão duro quanto
no momento que a vi com aquele maldito maiô florido.
Só de lembrar, meu pau começa a se animar e, porra, eu estou
no meio de uma reunião importante com alguns CEO’s, mas desde
que o telefone tocou e eu vi o nome dela pela primeira vez na tela
do celular, meu coração disparou e eu já não consigo prestar mais
atenção no que eles estão falando.
Caralho, se continuar assim, vou enlouquecer.
Recebi algumas notificações de compras no cartão dela, mas
nada demais.
Quando Yekaterina me ligou, para confirmar se estava tudo
bem chamar a Patrícia para uma tarde das garotas, fiquei muito feliz
e dei a ideia de elas saírem para fazer compras.
Minha esposa ainda não está acostumada com o dinheiro que
temos e eu quero que isso mude, quero que ela tenha tudo o que
quiser, mas nenhuma das notificações veio de lojas de roupa.
Quase no final da tarde recebi uma da mesma loja de coisas
para crianças que a gente foi, lá sim ela fez uma compra grande, o
que me deixou feliz.
A reunião já está perdida para mim, então abro o celular e
procuro o livro que ela estava lendo, Promessa Irresistível o nome,
quero conhecer mais sobre minha esposa, o que ela gosta de fazer,
quais são seus interesses, portanto, quando o e-book, com uma
capa sugestiva, aparece na tela, olho duas vezes para conferir o
nome da autora.
Eu sou fluente em português, portanto não preciso de tradutor,
e nem pensar muito para saber que esse livro é para maiores de
dezoito anos, e só de ler a primeira parte da sinopse eu tenho
certeza absoluta que esse não é um simples livro de romance, como
Crime e Castigo .
Não, esse está mais para 365 Dni.
Uma primeira lida e já vejo todo o enredo, a mulher é mãe do
melhor amigo dele e ele é apaixonado por ela desde os quinze anos
de idade.
Até aí tudo bem, quem nunca achou a mãe de um amigo
gostosa que atire a primeira pedra, não é mesmo?
Só que, além disso, ela foi professora dele.
Ah, mas eu vou ter que ler esse livro para saber o motivo da
minha querida esposa estar tão concentrada no Kindle, que levou
um susto ao me ver chegar.
Deixo os homens falando sozinhos na sala, eles conseguem
resolver os problemas, são pagos para isso, e meus advogados
podem me representar nessa reunião.
— Senhores, se me dão licença preciso resolver um assunto
urgente — digo e não espero que falem nada, só pego minha pasta
e celular e vou para a minha sala.
Tenho milhares de assuntos para resolver? Sim, mas eu
também preciso de um descanso, já são quase seis horas e não fiz
um lanche, portanto peço para minha secretária um café com um
pedaço de torta Napoleão e me escoro na cadeira com o tablet em
mãos, abro o aplicativo de leitura e compro o e-book na loja da
Amazon.
Assim que meu café chega, já estou completamente absorto
na história e não consigo parar de ler, é tudo tão fascinante e
envolvente que, a cada capítulo, entendo mais o porquê de as
pessoas gostarem de ler romance, especialmente esses com cenas
explícitas de sexo, que são muito bem descritas.
Consigo imaginar tudo, mas o que me deixa realmente subindo
pelas paredes é pensar na minha esposa lendo essas coisas, dentro
da nossa casa, no nosso sofá.
Porra, será que ela se toca ao imaginar tudo o que acontece
no livro?
Será que quando vai para o seu quarto, depois que jantamos
juntos, ela continua lendo e imaginando as cenas?
Será que leva a mão delicada para o meio das pernas,
enquanto fecha os olhos e se dá tanto prazer quanto a personagem
do livro está recebendo do francês safado?
Eu consigo imaginar Patrícia com os olhos fechados, aquele
tom rosado em seu rosto, os lábios deliciosos entreabertos e a
respiração ofegante enquanto seus dedos trabalham na boceta
molhada.
Quais serão os sons dos seus gemidos?
Será que ela é mais tímida ou consegue se soltar?
Porra, meu pau chega a latejar na cueca só de pensar nela
assim, eu não vou aguentar, então tranco a porta do escritório e
abro minha calça, libertando minha ereção, que já está úmida só de
pensar nela.
Como posso ficar assim, tão louco, só com a imagem da minha
esposa?
Envolvo meu pau com uma mão e fecho os olhos, imaginando
minha mulher, tão encantadora, naquele maiô rosa florido, enquanto
começo a me masturbar como um adolescente descontrolado.
Imagino ela tirando a peça, liberando a parte de cima, posso
pensar em como são aqueles seios fartos e deliciosos.
Depois ela vai descendo ainda mais e vejo a barriga redonda
que carrega nosso filho, tão linda, tão magnífica.
A cada centímetro que o maiô vai escorregando pelo seu corpo
aumento o ritmo da minha mão, segurando meu pau com mais
firmeza, até que ela tira toda a peça de roupa e se vira de costas,
como ela fez naquela piscina, me enlouquecendo com a visão da
sua bunda deliciosa.
Então já não me controlo mais e gozo, contendo a porra de um
gemido, mas mesmo assim, meu pau continua duro por ela.
Porra, Alexei, você sabe que é impossível, sabe que não
deveria pensar nela assim.
Patrícia é sua esposa, só isso, mas como controlar o desejo
absurdo que cresce cada vez mais por ela?
Uma voz na minha cabeça me fala para não controlar, para
seguir esse impulso, mas logo depois a voz da razão me lembra de
todos os motivos pelos quais isso seria irresponsável da minha
parte.
Patrícia é uma mulher encantadora e inocente, ela merece
alguém que a trate bem e que seja bom para ela, ela merece um
homem honesto.
Esse homem não sou eu.
Passo a maior parte do meu tempo lidando com assuntos que,
se alguma lei valesse para nós, seriam considerados ilegais.
Sou um dos membros da maior organização criminosa do
mundo, o que isso faz de mim, se não um criminoso?
Eu aprendi a matar antes mesmo de perder a virgindade, já
sabia como torturar minha vítima sem que ela perdesse muito
sangue antes de ter idade suficiente para beber.
Não sou um homem bom, não fui criado por um homem bom.
Tudo o que posso fazer daqui para frente é respeitar minha
esposa e tentar, com todas as minhas forças, suprimir esse desejo
absurdo que sinto por ela.
Chego em casa tarde da noite.
Depois de perder quase duas horas no trabalho lendo o livro e
imaginando minha esposa, tive que compensar ficando até mais
tarde e, assim que estava saindo, Vincent me ligou e precisei ir até o
subsolo para acompanhar a tortura do último traidor.
Era um analista de sistemas que ajudou meu pai a fazer as
coisas sem que a Central percebesse.
Ele, juntamente com seu time de técnicos e engenheiros,
usaram nossos sistemas para encobrir os crimes cometidos, porém
a única informação importante que ele tinha era que foram eles
quem apagaram todas as imagens internas do avião que deveria
levar a família de Patrícia para o Brasil.
Esse ponto me deu a certeza de que meu pai estava
planejando algo ainda maior e, por isso, preciso encontrar os dois
irmãos e o pai da minha esposa o mais rápido possível.
É praticamente impossível que eles sigam fora dos nossos
radares, nós temos olhos e ouvidos por todos os cantos, além de
programas de reconhecimento facial.
Se eles simplesmente abrirem a câmera de um smartphone
nosso sistema reconheceria a imagem e teríamos uma localização
em minutos.
A frustração de não ter nada se mistura com o medo por saber
que eles podem estar tramando algo contra minha família, ainda não
faço ideia de quais eram os planos exatos do meu pai, mas sei que,
assim que o bebê nascesse, ele não me deixaria vivo por muito
tempo.
Esse pensamento me mantém acordado e não consigo fechar
os olhos, então resolvo levantar e ir até o escritório, talvez trabalhar
um pouco me deixe com sono, mas assim que pego meu celular
vejo uma nova notificação.
Algo estranho e suspeito para essa hora, afinal passam das
duas da manhã e a notificação é uma compra feita no cartão de
Patrícia em uma loja com o nome “Casa de Ornamentos”.
O que ela compraria em uma loja assim a essa hora?
Então abro meu notebook e pesquiso sobre a empresa, não
leva muito tempo para descobrir que o nome é só para despistar
porque, na realidade, a loja vende produtos eróticos.
Consigo acesso a nota fiscal do pedido de Patrícia, preciso
confirmar se ela realmente fez a compra e o que diabos essa mulher
comprou, mas meus olhos não conseguem acreditar no que está
bem na minha frente.
Essa maldita mulher, minha esposa, aquela que tem
assombrado meus pensamentos dia e noite, acabou de comprar um
sugador clitoriano e um plug anal, ela usou o cartão que eu dei para
adquirir produtos eróticos.
Porra, eu não deveria ter visto isso.
O que diabos vou fazer? Vai ser difícil controlar minhas
fantasias de assistir a mulher, que dorme no quarto próximo ao meu,
usando seus brinquedinhos safados.
Ainda mais quando o que eu mais quero é poder mostrar para
ela tudo o que ela pode fazer com eles sozinha ou acompanhada.
Não, sai dessa, Alexei, esquece que você viu isso, tira da sua
cabeça essas ideias malucas e para de sonhar com a sua esposa.
Se antes já era difícil não pensar nela dessa forma, agora será
impossível.
CAPÍTULO 14

PATRÍCIA

O livro está incrível e não consigo largá-lo na metade, preciso


realmente terminar para conseguir dormir.
A cada página minha visão de mundo ganha novas
perspectivas e uma coisa em especial vem em minha mente.
Na história, a personagem principal tem uma coleção de
brinquedos eróticos, ela demonstra uma liberdade sexual absurda,
uma a qual eu invejo muito.
Por isso, quando termino de ler o livro, quase duas horas da
manhã, pego o celular e procuro sites que vendam esse tipo de
produto, não é nada difícil de encontrar, o pior mesmo é escolher
entre as diversas opções disponíveis.
Pesquiso por recomendações de produtos para iniciantes em
outros sites, em especial para mulheres que ainda não tiveram sua
primeira vez, assim como eu, e o que mais aparece é um tal de
sugador de clitóris.
Pesquiso como ele funciona e vejo alguns reviews de modelos
mais caros e que são os melhores segundo mulheres que usaram e
aprovaram, então coloco um desses, na cor branca, no carrinho.
Depois lembro que em uma grande parte do livro a
personagem usa um plug anal com uma joia em formato de coração
e, em um impulso, compro um também, com a pedra rosa.
Acho que Alexei não vai se importar, os dois juntos não custam
tão caro se for comparar com a quantia absurda que gastei na loja
de bebês hoje, e também não faz mal algum tentar, se o cartão não
passar eu só finjo que nunca aconteceu e pronto.
A compra é aprovada e avisa que chegará amanhã mesmo.
— Nossa, isso é muito rápido — comento, falando sozinha em
meu quarto. — Pelo menos não precisarei esperar muito para usar
os brinquedos.
Isso me faz rir, porque venho me masturbando há muito tempo,
desde que era adolescente e, depois das primeiras vezes, comecei
a pesquisar nos computadores da biblioteca sobre sexualidade,
encontrei muita informação que me ajudou a descobrir meu corpo e
do que eu gosto.
É assim que sei exatamente como me dar prazer e, já que
nunca tive a oportunidade de me envolver com alguém, não tenho
um comparativo de como seria com um homem.
Depois de ver a ereção de Alexei naquela sunga branca e
molhada, não consigo nem imaginar como seria com alguém como
ele.
Seu pau é enorme!
Como uma coisa dessas caberia em mim eu não sei.
Ah, como queria que fosse comigo, que aquele homem
delicioso realmente sentisse alguma atração por mim, mas eu sei
que é impossível, como ele mesmo disse, seremos amigos e
criaremos nosso filho juntos.
***
Alexei parece distante nos últimos dias, ainda tomamos café
da manhã juntos e ele até pediu para a dona Maria fazer um chá
com limão e gengibre, porque leu no livro sobre gravidez que pode
ajudar com meus enjoos, mas parece diferente.
Quando conversamos, Alexei não me olha nos olhos, na
verdade ele sequer vira o rosto em minha direção, parece me evitar
ou algo assim e eu não sei o que foi que fiz para receber esse
tratamento dele.
Durante o dia me concentro nas leituras, para me preparar
para a chegada do bebê.
Comecei a comer com mais frequência como a nutricionista
indicou e isso, junto com o chá, tem ajudado a controlar minha
aversão a certas comidas e, finalmente, posso me alimentar direito
sem vomitar tudo.
Também passei a frequentar a academia todos os dias, Alexei
colocou uma mulher para me dar assistência.
Galina é muito querida e uma ótima profissional, me
acompanha nos exercícios da academia e também tem me ajudado
na piscina.
Estou me sentindo muito melhor com todas essas mudanças e
só queria poder contar para Alexei que isso tem me ajudado, que
ele tem me ajudado, mas com seu distanciamento, não encontro um
bom momento para isso.
— Bom dia — Alexei cumprimenta ao se sentar na mesa e se
servir de uma xícara de café, mas novamente não me olha.
Ele está tão lindo em seu terno de três peças preto, com
detalhes em azul, o que realça ainda mais seus cabelos e barba
loiros e seus olhos castanhos, é impossível não me derreter com a
visão do meu marido em suas roupas de trabalho.
— Bom dia — respondo simplesmente, me sentindo
desconfortável com isso.
— Como você está? — ele pergunta e respiro fundo.
— Eu fiz alguma coisa, Alexei? — questiono, sem responder
sua pergunta.
— Como assim? — ele rebate e, só então, se vira para me
olhar.
— Você está estranho nos últimos dias, na verdade, desde que
eu sai com Yekaterina. Eu pedi permissão... — respondo e sinto
meu rosto queimar, mas me mantenho firme, se vamos ser amigos
mesmo eu não posso deixar que ele simplesmente me ignore assim,
quando bem entender, sem realmente me falar o motivo.
— Não é nada disso, Patrícia, só estou com problemas no
trabalho — ele justifica, mas no momento que termina desvia o olhar
do meu e eu sei que é mentira.
— Não é só isso — reúno toda a coragem que consigo e o
enfrento. — Você parece estar me ignorando.
— Eu… Desculpa se passei essa impressão, eu juro que não
foi por querer, e não é por ter saído com as mulheres, eu gostei que
você foi e se divertiu, pode fazer isso quando quiser.
— Então o que eu fiz para você ficar assim?
— Você não fez nada, moya prelest' — Alexei responde,
pegando-me de surpresa ao completar a frase com “minha linda”. —
Eu só estou com problemas no trabalho e…
Ele me chamou de minha linda.
Alexei me chamou de sua e de linda!
Não, eu devo ter ouvido errado, é isso, ele deve ter se
enganado ou algo assim.
— Patrícia, está me ouvindo? — ele interrompe meu surto e,
só então, percebo que o deixei falando sozinho e me tranquei na
minha mente.
Droga, do que diabos estava falando?
— Sim — minto descaradamente. — Desculpa, eu só estava
insegura, não quero que nossa relação se torne indiferente, gosto
de conversar com você e…
Cala a boca, não vai se declarar agora!
— Eu também, me perdoa, ficarei mais atento a isso daqui
para frente e, para tentar remediar a situação, por que não saímos
para jantar hoje?
Ele está me chamando para jantar? É isso mesmo?
Calma, Patrícia, é só um jantar, vocês já fizeram isso diversas
vezes, a única diferença é que é fora de casa.
Então é um encontro?
Não, tira isso da cabeça, não alimente esperanças infundadas.
— Claro — respondo, tentando transparecer calma e
normalidade, quando no fundo eu estou surtando.
— Perfeito, venho te buscar às oito horas, tudo bem?
— Sim, mas para onde vamos? O que eu devo vestir?
— É um restaurante italiano que eu gosto muito na cidade e
não precisa se preocupar com o que vestir, você é linda em
qualquer roupa — ele fala isso e ainda sorri, daquela forma tão
perfeita que faz a droga do meu coração quase saltar do peito de
tão rápido que bate.
Eu não posso deixar que esse homem me conquiste,
simplesmente não posso.
Mesmo que ele seja perfeito.
Deus, por que ele é tão perfeito?
— Agora preciso ir, nos vemos à noite. — Alexei levanta e se
aproxima de mim, então, em um gesto inesperado, ele dá um beijo
rápido e carinhoso no meu rosto antes de sair.
E eu fico aqui, de boca aberta, tentando entender tudo o que
acabou de acontecer, porque nem em um milhão de anos eu
poderia esperar algo assim dele.
Primeiro ele me chama de minha linda, MINHA LINDA, como
se eu fosse dele, o que queria muito ser, ou eu sou, se for pensar no
sentido literal da palavra, já que somos casados, mas o mais
surpreendente foi o “linda” no final.
Linda, Alexei me chamou de linda!
Como se isso já não bastasse para eu passar o dia todo
surtando, ele ainda me beijou.
Alexei me beijou!
Foi no rosto? Sim, mas diferente das vezes que ele beijou
minhas mãos, ou quando beijou minha testa no casamento, esse
pareceu mais íntimo, mais carinhoso, e chegou muito, muito próximo
da minha boca.
Só mais alguns centímetros e…
Não, chega de ser surtada e emocionada, Patrícia, foi só um
gesto de carinho e nada mais, ele provavelmente só quis remediar
por estar distante, é isso que amigos fazem, eles trocam beijos no
rosto, é normal.
Se é tão normal assim, por que ele não fez isso antes?
Talvez começamos a criar essa intimidade, talvez seja
realmente coisa de amigos e é isso que somos agora...
Só amigos?
Que confusão, o que diabos está acontecendo aqui?
CAPÍTULO 15

ALEXEI

Eu a chamei de ‘minha linda’, eu fiz isso mesmo?


Porra, as palavras simplesmente escaparam da minha boca,
sem que pudesse contê-las, foi tão natural, só percebi o que havia
falado quando ela arregalou os olhos e me olhou surpresa.
Só que eu realmente não consegui me segurar, Patrícia estava
tão linda nessa manhã, seus cabelos loiros foram deixados soltos e
caiam em ondas sobre seus ombros, sua pele parecia brilhar de tão
linda, mas o que mais me deixou encantado foi a forma com que ela
me enfrentou.
Patrícia teve coragem de questionar o motivo para eu estar
distante e, apesar de não poder falar a verdade, fiquei orgulhoso
demais da minha mulher, ela não escondeu sua frustração e expôs
seu descontentamento.
É isso o que eu mais gosto em Patrícia, ela é transparente e
me deixa saber o que está sentindo.
Diferente de mim, que sou a porra de um covarde, mas em
minha defesa eu jamais poderia falar o motivo para estar tentando
me afastar dela.
Como diabos eu poderia dizer que não consigo parar de
pensar na minha esposa, de uma forma nada inocente?
Ela comprou os brinquedos sexuais e, porra, ela está usando,
eu sei disso, descobri da pior – ou melhor – forma possível: ouvindo
seus gemidos deliciosos, misturados com os sons do sugador.
Certa noite, Patrícia esqueceu sua porta entreaberta e, quando
subi para ir dormir, quase caí de costas ao ouvi-la gemer.
Porra, foi tão deliciosamente alucinante que cheguei a
questionar se não estava sonhando acordado.
Claro que, como um homem decente, eu deveria ter
simplesmente continuado meu caminho e seguido para meu quarto,
mas quem eu quero enganar?
Sou um puto e não consegui dar mais do que dois passos,
ficando ao lado da sua porta, com a porra de uma ereção no meio
das pernas, ouvindo minha mulher se dar prazer com seu
brinquedo.
A cada gemido eu imaginava como ela estava, em qual
posição.
Com o que Patrícia fantasia enquanto se masturba em seu
quarto, ou melhor, com quem?
Será que ela pensa em algum ator famoso ou em uma pessoa
específica?
Será que ela fantasia com as cenas dos livros eróticos que lê?
Todas essas perguntas passaram em minha cabeça enquanto
eu a ouvia e, quando os gemidos ficaram irregulares e mais altos,
eu sabia que ela estava perto de gozar.
Porra, foi quando a ouvi chamando meu nome que meu mundo
todo ruiu.
Ela estava pensando em mim?
Precisei reunir o máximo de controle possível para não entrar e
tomar ela para mim, mas assim que ouvi passos vindos em direção
à porta, segui o caminho até meu quarto e me tranquei lá dentro,
com o pau duro e a mente confusa, e não consegui raciocinar direito
tudo o que estava acontecendo.
Por isso resolvi me distanciar dela, ainda tomamos café da
manhã juntos, mas tentei ficar fora de casa o maior tempo possível
para não encontrá-la novamente.
Já é difícil o suficiente enquanto eu só posso imaginar seus
gemidos, mas depois de ouvi-la chamando a porra do meu nome eu
não consigo controlar meus pensamentos.
Ela se tornou meu desejo mais proibido, aquela que consegue
fazer a droga do meu coração acelerar com um único pensamento,
eu não entendo o porquê de isso estar acontecendo, só sei que
preciso me controlar, não quero que Patrícia se machuque, porque
não posso me apaixonar por ela.
Simplesmente não posso.
— Alexei, você está ouvindo? — Charles chama minha
atenção e volto a olhar para meu amigo, que está com a roupa toda
manchada com o sangue de sua vítima.
— Desculpa, o que você falou?
— Porra, cara, presta atenção nessa merda — Vincent
repreende, enquanto ergue o bisturi e retira o globo ocular do
homem deitado na maca médica, que já está inconsciente há um
tempo. — Estávamos falando que seria melhor aumentar a
segurança na sua casa. Se esse desgraçado falou a verdade, o pai
da sua esposa pode tentar pegá-la.
— Patrícia está rodeada por espiãs e seguranças, fora os
soldados que fazem a ronda na propriedade, não tem como deixá-la
mais segura — respondo, sentindo uma pontada na cabeça, estou
no meu limite de stress e cansaço.
— Talvez seja melhor controlar as saídas dela, não sei, mantê-
la dentro de casa até encontrarmos eles — Charles sugere.
— Ela já não sai daquela casa e, quando faz, é com
Yekaterina. A porra da mulher do Pakhan é mais protegida do que
ele, vocês acham que ela corre algum perigo? — questiono
impacientemente. — Não posso fazer mais nada, ela está segura,
meu filho está seguro, o que vocês precisam fazer o quanto antes é
encontrar aqueles desgraçados.
— Nós estamos tentando — Vincent responde, usando o
mesmo tom que eu.
— Façam melhor do que isso — contraponho me exaltando e
minha cabeça parece que vai explodir, por isso paro e respiro fundo.
Porra, acabei de perder a paciência com meus dois melhores
amigos. — Desculpa, eu não quis descontar em vocês.
— Tudo bem, acho que é melhor você ir embora e descansar,
nós terminamos aqui — Charles declara e concordo com ele.
— Vincent, desculpe por me exaltar — falo.
— Tudo bem, cara, vai embora e descansa, ninguém te
aguenta nesse mal humor. — Ele me dá um meio sorriso e aponta
com a cabeça para a porta.
Já são seis e meia da tarde, eu realmente preciso voltar para
casa e tomar um banho antes de levar Patrícia para jantar.
Droga, não queria estar tão cansado assim, justo no dia que
tenho planos, especialmente quando estava tão animado para isso.
Antes de entrar no carro tomo dois comprimidos para dor de
cabeça e um energético, as noites mal dormidas estão tentando
cobrar seu preço, mas eu não vou pagar.
Chego em casa e vou direto para o chuveiro quente, minha
cabeça está um pouco melhor e o energético fez o efeito esperado,
estou mais atento e acordado.
Vou até o closet e visto o melhor terno que tenho, é um
conjunto grafite com uma camisa branca, colete preto e gravata
cinza, uso as abotoaduras de ouro que comprei recentemente e
escolho o relógio Patek Philippe Gobbi Milan ‘Heures Universelles’,
que combina com as abotoaduras.
Arrumo meu cabelo e passo um perfume, exatamente às oito
horas estou pronto.
Então saio do quarto e bato na porta de Patrícia, mas nada
poderia me preparar para a visão da mulher mais linda desse
mundo em um vestido longo e vermelho, com as alças delicadas de
renda na parte de cima, que combinam com o tecido leve de seda
que marca suas curvas maravilhosas e a deixam ainda mais
estonteante.
Patrícia está usando um batom vermelho e uma maquiagem
marcante nos olhos.
Simplesmente magnífica.
É isso, a única palavra que consigo encontrar para descrever a
minha esposa.
— Você está… Patrícia, você está magnífica — elogio, me
perdendo nas palavras, então limpo a garganta e engulo a saliva
que quase escorre, porque estou de boca aberta por ela.
— Obrigada, encontrei esse vestido e, bem, ele serviu — ela
fala e seu rosto assume aquele tom rosado de quando está
envergonhada, por isso dou um passo à frente e pego sua mão,
trazendo-a até meus lábios para plantar um beijo carinhoso em seus
dedos delicados.
— Ficou perfeito.
— Seu estilista tem bom gosto.
— Sim, preciso lembrar de agradecê-lo.
A dor de cabeça e o cansaço agora são coisas do passado,
especialmente quando ela passa por mim e descemos juntos até a
porta de entrada, percebo que uma mecha do seu cabelo está em
frente ao seu rosto e levo minha mão até ela para colocá-la atrás da
sua orelha.
Patrícia parece travar com o meu toque, eu só consigo sentir a
eletricidade que se espalha pelos meus dedos no momento que toco
a pele do seu rosto, mas me afasto antes que a situação se
complique a levando até o carro que nos aguarda do lado de fora.
— Não vamos no seu carro? — ela pergunta ao ver o motorista
descer e abrir a porta para nós.
— Não, essa noite eu não consigo dirigir — respondo com
sinceridade.
— Por quê?
— Minha atenção é toda sua, moya pelest’ — explico de forma
séria e, novamente, a chamo de ‘minha linda’, mas dessa vez não
foi sem querer, porque o elogio é mais do que apropriado.
A única coisa que não parece certa é ela ser minha, porque
Patrícia não pode me pertencer.
Como medida de segurança resolvi reservar o restaurante todo
para nós, Pierre, o dono, foi muito solicito como sempre.
Patrícia e eu entramos de mãos dadas, porque não consigo
largá-la.
Antes que ela se sentasse eu me adiantei e puxei a cadeira,
ajudando-a a ficar mais confortável e, só depois, sentei em sua
frente.
Logo o garçom veio anotar nosso pedido e Patrícia pareceu
não conseguir se decidir.
— Como você está nessa noite? — pergunto.
— Estou bem, só não sei o que eu quero — ela responde,
ainda encarando o cardápio. — Acho que vou pedir o mesmo que
você.
— Dois especiais da casa sem bacon, sobremesa pode ser o
bolo de chocolate, você gostaria de uma taça de vinho?
— Prefiro um suco de laranja — fala com um sorriso pequeno
no rosto.
O garçom se retira e logo volta com o vinho e uma jarra com
suco, ele abre em nossa frente e serve a primeira taça, que eu
entrego ao segurança para ser testado e aprovado, assim como o
suco, só depois dou o sinal para nos servir.
— Obrigado — agradeço ao homem que se retira calmamente.
Patrícia não pergunta nada, mas vejo a forma com que ela
olha o lugar admirada e é realmente bonito, ainda mais quando
estamos na única mesa arrumada no centro do salão, rodeados por
pequenas luzes que deixam o ambiente menos iluminado e mais
aconchegante.
As paredes brancas estão enfeitadas com pinturas antigas e
possuem detalhes de madeira na estrutura, o que dá um ar mais
rústico ao lugar.
— Você vem sempre aqui? — Patrícia questiona.
— Sempre que posso, a última vez foi para almoçar com Anna,
antes dela voltar para New York.
— Você e sua irmã são próximos? — ela questiona com
interesse.
— Não tanto quanto eu gostaria, nós ficamos afastados por
muito tempo e fomos criados separados, mas eu a amo muito e
quero estreitar esse laço com o tempo — respondo lembrando da
minha irmã, sentindo a familiar dor da saudade.
Patrícia não fala nada por um tempo, tomando um gole do seu
suco e, por um momento, sinto inveja da taça que encosta em seus
lábios.
Maldito vidro sortudo do caralho.
— Eu achei estranho ela ficar na casa do Pakhan e não na
sua — comenta com a voz baixa.
— Depois que meu pai foi capturado eu fiquei alguns dias no
hospital para me recuperar e Anna ficou comigo, mas ela precisava
descansar, então Andrei cuidou dela. Eles se amam muito, é difícil
ficar separado de quem a gente ama, e não fazia sentido ela ir para
a nossa casa e ficar sozinha lá.
— Você ficou no hospital? — questiona com os olhos
arregalados.
— Sim, alguns dias.
— Entendi — ela responde simplesmente, mas parece que
quer perguntar mais alguma coisa, só que ela não o faz e muda de
assunto. — O chá com gengibre e os remédios que o médico
passou para enjoo tem me ajudado muito, obrigada, Alexei.
— Que bom, eu estava preocupado com você, fico feliz que
esteja melhor.
— Preciso estar para receber nosso bebê — ela comenta com
um sorriso amoroso e acaricia a barriga por cima do vestido, está
cada dia maior e mais redonda.
— Sim, vamos precisar de toda a energia possível para
quando ele sair daí de dentro — comento e ela ri. — Já pensou em
nomes?
— Tive algumas ideias, mas nenhum parece realmente bom,
não sei, eu sou um pouco indecisa para essas coisas.
— Quais os nomes que você pensou?
— Danila, Yul ou Steven.
— São nomes bonitos — comento e ela dá de ombros.
— Sim, mas não sei, não tive aquela conexão com nenhum
deles, eu chamo ele de Danila e ele não responde, Yul e Steven
também não.
— Talvez um nome mais forte como Andrew ou Kirill — sugiro,
esses foram os nomes que pensei para ele.
— Andrew é seu nome, meu amor? — ela fala com a barriga.
— E Kirill? — Depois de alguns segundos ela desiste e volta a me
olhar. — Acho que ele não gostou de nenhum desses.
— Tenta Bjorn — sugiro ao lembrar do nome de um antigo
companheiro que morreu em uma missão, mas que era um grande
amigo.
— Seu nome é Bjorn? — Então ela ergue as sobrancelhas,
surpresa ao acariciar ainda mais a barriga. — Ele parece ter
gostado desse, não é mesmo, Bjorn?
— Ele está se mexendo? — questiono curioso e ela faz que
sim com a cabeça, abrindo um sorriso ainda mais bonito, chegando
até seus olhos verdes que brilham com lágrimas de emoção. —
Acho que encontramos o nome do nosso filho.
— Sim, obrigada, Alexei.
— Não tem porquê me agradecer.
— Tem sim, você tem sido maravilhoso comigo e com nosso
filho, mesmo que nada disso tenha sido planejado, você nos
acolheu e tem cuidado de nós com tanto carinho, eu jamais poderia
imaginar que seria assim e, por isso, eu preciso te agradecer.
— Não fiz nada mais do que minha obrigação, Patrícia —
respondo, mas ela faz que não com a cabeça.
— Você fez muito mais do que isso e ainda faz, todos os dias,
porque é um homem honrado — Patrícia declara, pegando-me de
surpresa. — Eu sei que está cansado, sei que seus dias são
exaustivos e que tem muitos problemas para resolver depois que
seu pai foi executado, mas mesmo assim você está aqui comigo,
mesmo com tantas coisas acontecendo na sua vida você toma café
da manhã ao meu lado todos os dias, se preocupa com nosso filho,
a ponto de ler os livros de paternidade que comprou. Você se
importa, Alexei, essa é a principal diferença.
Não sei o que responder, pela primeira vez em muito tempo
alguém me deixou sem palavras, e essa pessoa é a minha esposa.
CAPÍTULO 16

PATRÍCIA

Depois de tudo o que eu disse, que não é nada mais do que a


verdade, Alexei ficou calado por um tempo, até que a comida
chegou e aproveitamos o delicioso cardápio preparado pelo chef.
Então conversamos sobre coisas mais tranquilas, ele me
perguntou sobre os livros que estou lendo, séries e filmes que gosto
e fiz o mesmo com ele, trocamos algumas histórias e nos
embrenhamos em assuntos banais, rindo e nos divertindo, até que
perdemos a noção das horas e, quando vimos, já era quase meia
noite.
Voltamos para casa mais próximos e Alexei não soltou minha
mão durante toda a viagem, eu estava caindo de sono então me
escorei em seu ombro só para descansar os olhos por um minuto e
acabei dormindo.
— Patrícia, nós já chegamos. — A voz suave de Alexei me
acorda e sinto seus dedos passando pelo meu rosto em uma carícia
delicada, então olho para cima e ele está muito perto, tão perto que
posso sentir sua respiração na minha pele.
— Desculpa, acabei dormindo.
— Tudo bem, vou te levar até seu quarto — ele comenta e
desce do carro, dando a volta para abrir minha porta.
Alexei estende a mão e me ajuda a descer, por sorte estamos
na garagem coberta porque esqueci o casaco dentro do carro.
Então ele passa um braço pelos meus ombros e me abraça,
esquentando-me com seu corpo até estarmos dentro de casa, o
gesto é tão natural que não tenho tempo de raciocinar e, assim que
entramos, eu o envolvo pela cintura e me aconchego em seu peito.
Seu abraço se torna mais apertado e me moldo perfeitamente
em seus braços, inspiro o perfume amadeirado que me faz suspirar
e escondo meu rosto na volta do seu pescoço.
Alexei é mais alto do que eu, mas não tanto e eu consigo me
encaixar perfeitamente nele.
É como se tivéssemos sido moldados um para o outro, mesmo
que minha barriga esteja enorme e atrapalhe um pouco, eu não
consigo me soltar dele e Alexei não parece querer se separar de
mim.
O que está acontecendo?
— Obrigada por tudo — sussurro baixinho, sentindo meus
olhos arderem com as lágrimas pela emoção de tudo o que
aconteceu essa noite, e mais ainda por tudo o que está
acontecendo na minha vida, graças a ele.
— Eu que preciso te agradecer, você me trouxe um motivo
maior para lutar — ele declara com a voz baixa e grossa, então sinto
seu rosto virar e, logo depois, ele beija meu rosto com carinho. —
Você e nosso filho são meus motivos para viver, Patrícia.
Não sei como responder, não tenho palavras e muito menos
condições para raciocinar nesse momento, então só viro para ele e
encaro os olhos castanhos que me olham com tanta intensidade,
fazendo meu corpo todo arrepiar.
Engulo em seco, estamos muito, muito próximos um do outro,
assisto sua boca se abrir minimamente para, logo depois, ele passar
a língua nos lábios e a tensão entre nós se tornar palpável.
Alexei se aproxima mais e fecho os olhos, a expectativa
tomando o controle de todo o meu corpo, meu coração bate tão forte
que tenho plena certeza que ele pode ouvi-lo, minhas mãos estão
tremendo e minha pele parece que vai queimar.
— Patrícia, eu… — ele começa a falar e as palavras que saem
da minha boca são irreconhecíveis para mim.
— Me beija — peço e, um segundo depois, sua boca está na
minha, em um beijo delicioso e carinhoso, seus lábios se moldam
aos meus com perfeição e é como se tivéssemos feito isso a vida
toda.
Meu primeiro beijo é perfeito, porque é com ele.
Ele me toma com avidez, suas mãos agarram a minha cintura
me puxando para mais perto dele.
Alexei é incrível, sua boca domina a minha com experiência e
calma, deixando-me experimentar cada sensação dos lábios
quentes nos meus, abrindo-me para dar espaço a sua língua, que
calmamente toca a minha, posso sentir meu corpo queimar ainda
mais, especialmente naquela área sensível no meio das pernas.
A cada toque das suas mãos, que percorrem o meu corpo
como se ele estivesse reconhecendo o terreno, eu me entrego mais.
Jogo meus braços sobre seus ombros e envolvo seu pescoço,
trazendo Alexei para mais perto, precisando acabar com qualquer
distância que exista entre nós.
Nesse momento não me importo com quem somos, não me
importo que ele seja o pai do meu filho, nem mesmo me preocupo
se ele pode não gostar do meu corpo ou se não sou uma das
modelos que costumavam sair com ele.
Agora, a única coisa que realmente importa é o que estou
sentindo em seus braços, e esse sentimento é como flutuar no mar,
uma sensação de calma e medo que batalham dentro de mim, mas
que me faz ter certeza de que estou viva.
— Nós não deveríamos… — ele murmura contra meus lábios,
só para depois voltar a me beijar, mordendo meu lábio inferior e
arrancando um gemido meu, ao qual ele cala com a sua boca.
— Eu quero... quero você — respondo enquanto ele beija meu
pescoço, fazendo todo o meu corpo arrepiar, suas mãos descem
pelas minhas costas até agarrar com vontade a minha bunda.
— Me faz parar, Patrícia — ele fala em meu ouvido enquanto
abre os botões do meu vestido. — Me pede para parar, senão…
— Não — respondo e, dessa vez, tomo o controle.
Beijo sua boca e faço a mesma coisa que ele fez comigo,
mordendo levemente seu lábio inferior, para depois passar a língua
e senti-lo estremecer em meus braços.
Sei que ele está se segurando, seu corpo todo está tenso
enquanto ele segue em um ritmo mais lento e carinhoso, mas eu
quero que ele se solte, preciso que Alexei perca todo o controle, só
assim ele será meu por completo.
Por isso, coloco um pouco de espaço entre nós e começo a
desabotoar seu terno perfeito, tirando-o de seus ombros e jogando
de qualquer forma em cima de uma mesa, já que ainda estamos no
hall de entrada.
Quando vou tirar seu colete, ele segura minhas mãos com
carinho e coloca sua outra mão em meu queixo, erguendo meu
rosto para encará-lo.
— Vamos subir — Alexei fala e planta um beijo carinhoso em
meus lábios, então me conduz até o andar de cima e, quando acho
que vamos parar, ele passa pelo meu quarto levando-me até o dele.
Eu nunca entrei aqui, mas é diferente do meu, seu quarto é
mais escuro, as paredes pintadas de cinza são decoradas com
pinturas abstratas em azul marinho, preto e branco, todas parecidas.
Os móveis são de madeira envernizada, não tem muita coisa
além da cama, com uma coberta preta e travesseiros azuis, e uma
mesa com cadeiras em um canto.
Do outro lado do quarto noto uma porta de vidro que vai do
chão ao teto, dando para uma sacada privativa, só uma parte dela
está visível pelas cortinas escuras, mas posso ver a lua brilhando no
céu.
Sinto Alexei atrás de mim antes mesmo do seu corpo cobrir as
minhas costas, ele afasta meu cabelo do pescoço e beija a pele
sensível, me fazendo arrepiar, então seus braços me envolvem com
carinho e suas mãos pousam diretamente na minha barriga.
Por um momento me sinto constrangida, mas espanto esse
sentimento quando nosso bebê se movimenta dentro de mim e
Alexei para de me beijar imediatamente.
— Ele se mexeu — avisa com a voz baixa.
— Ele sente quando alguém encosta na minha barriga —
explico e Alexei começa a fazer carícias gostosas por todo o meu
ventre, sentindo o bebê se mover novamente. — Ele gosta de você.
— Eu sou seu pai, Bjorn — Alexei fala e sinto algo diferente,
uma emoção inexplicável que faz meus olhos arderem.
Ele já falou assim sobre nosso filho, mas agora parece
diferente, é como se Alexei estivesse falando para si, aceitando o
fato.
Por isso, me viro em seus braços e coloco uma mão na sua
barba macia e perfeitamente aparada.
— Bjorn tem sorte de ter você como pai — pronuncio cada
palavra com confiança, transparecendo tudo o que elas significam
—, e eu tenho sorte em tê-lo como marido.
Então tomo sua boca e o beijo com vontade, pegando-o
desprevenido, a dominando como se fosse minha, porque agora,
nesse exato momento, ela é e eu tenho esse homem todo para mim.
— Porra, eu não tenho forças para me controlar — ele informa
e corresponde as minhas investidas, logo suas mãos ágeis estão no
fecho do meu vestido, abrindo-o rapidamente, até que o tecido se
solta do meu corpo.
Me afasto para deixá-lo cair e fico só com a calcinha e o sutiã
de renda vermelha.
Sinto seu olhar passar sobre cada centímetro do meu corpo,
mas quando vou me abraçar, na tentativa de me esconder, ele
segura minhas mãos e olha diretamente para o meu rosto.
— Você é a mulher mais linda que eu já vi — ele diz e lá no
fundo da minha mente uma voz tenta falar que é mentira, que talvez
seja só uma frase que ele usa para todas, mas eu decido calar essa
insegurança, porque eu estou aqui e a forma com que fala me faz
sentir que é verdade, que realmente me acha a mulher mais linda
que já viu.
Então Alexei me toca e me beija com vontade, suas mãos
percorrem cada parte do meu corpo, como se ele estivesse
preocupado em perder alguma parte e precisasse garantir que todo
o caminho fosse devidamente explorado.
— Alexei — sussurro quando me abraça e sinto sua ereção
contra a minha barriga, ele está duro por mim e, droga, isso me faz
sentir ainda mais poderosa.
Alexei começa a me levar até a cama, as luzes no quarto estão
baixas, dando ao ambiente um clima de intimidade, mas assim que
deito de costas ele liga o abajur na cabeceira da cama.
— Preciso ver você, saber que é real, que está realmente na
minha cama — explica e eu não contenho um sorriso.
— Eu estou aqui — Estendo a mão em sua direção,
chamando-o para vir até mim —, e quero você.
— Porra — ele exala forte enquanto tira suas roupas, dando-
me a visão maravilhosa do que só pode ser o paraíso.
Eu já vi Alexei sem camisa nas suas corridas matinais, já o vi
quase sem nada na piscina, mas aqui, em seu quarto, é diferente,
especialmente quando ele me encara com o olhar transbordando
desejo.
Nós vamos realmente fazer isso, eu vou perder a virgindade
com esse homem, o pai do meu filho e meu marido.
Ele fica só de cueca preta e volta a subir na cama, pairando
sobre mim e beijando meus lábios com paixão, enquanto explora
meu corpo com uma mão, que desce pelos meus ombros até chegar
em meu peito, o qual ele envolve e aperta, arrancando um gemido
meu.
— Delícia, seus gemidos são perfeitos — declara.
— São todos seus, Alexei — digo com confiança. — Eu sou
sua, quero isso, quero que você seja meu primeiro.
Sei que disse a coisa errada quando Alexei trava, parando com
as carícias em meus peitos e os beijos em minha boca, ele se afasta
e me encara assustado.
— Seu primeiro? — questiona de forma séria. — Patrícia,
você…
Ele não consegue terminar a pergunta, vejo a forma com que
engole as últimas palavras, por isso só concordo com a cabeça
antes de virar o rosto e fechar os olhos.
Droga, eu tinha que abrir minha boca e falar que sou virgem,
Alexei vai se afastar de novo, é isso.
Burra, burra, burra, Patrícia, por que não consegue manter a
boca fechada?
— Porra, saber que serei o primeiro me enlouquece, Patrícia
— Alexei declara e viro meu rosto para encará-lo, mas não tenho
tempo de pensar porque sua boca logo volta a me dominar em um
beijo mais intenso do que antes, mais profundo, e sei que a partir de
agora não tem volta.
Ele desce com a boca maravilhosa pelo meu corpo, dando
beijos pelo caminho até chegar em meus peitos, me levanto
rapidamente para que ele consiga tirar meu sutiã e, logo depois,
Alexei está com um dos meus seios entre seus lábios enquanto
acaricia o outro com a mão, deixando-me louca.
Seus toques são mágicos e não controlo os gemidos,
segurando-me no cobertor da melhor forma que consigo, absorvo
todas as sensações que ele me proporciona.
Chupando e mordiscando o mamilo, Alexei vai testando
minhas reações e me deixando louca.
— Perfeita demais, eu amo seus seios, Patrícia — ele elogia e
estremeço, sentindo minha boceta contrair com suas palavras. —
Você é magnífica, sabia? Eu te admirei desde a primeira vez que a
vi.
Não respondo, porque logo depois ele desce com a boca para
a minha barriga de forma mais delicada, Alexei planta um beijo bem
no centro e ergo o rosto para admirá-lo.
— Pode voltar a dormir agora, pequeno, o papai vai cuidar da
sua mãe, prometo — Alexei fala com nosso bebê e meu coração
quase sai do peito ao bater tão rápido que não sei se é normal ou se
estou tendo um ataque cardíaco. — Vou cuidar muito bem de você,
moya prelest', porque a partir do momento que eu entrar nessa
boceta, você será minha.
— Sim, Alexei, eu sou sua — confesso enquanto ele desce
ainda mais, traçando com beijos um caminho perigosamente
delicioso, até que chega na minha calcinha e, com as duas mãos,
Alexei rasga o tecido delicado e joga no chão.
— Não precisamos disso — ele pronuncia e sinto sua
respiração quente no meio das minhas pernas, não consigo ver o
que ele está fazendo, minha barriga cobre a visão, mas posso senti-
lo e, a cada beijo que dá em minhas coxas, faz com que eu me abra
mais, soltando um gemido de prazer.
Porque é isso que estou sentindo, prazer da forma mais carnal
e deliciosa possível.
— Alexei, por favor — imploro quando ele beija a parte interna
das minhas coxas novamente, preciso dele em outro lugar, minha
boceta está queimando por ele.
— O que você quer, Patrícia? — ele questiona de forma
provocante.
— Coloca sua boca na minha boceta.
— Sua safada! — Ele morde delicadamente minha coxa e
estremeço. — Essa boceta está molhada para mim, moya prelest’?
Droga, todas as vezes que ele me chama de “minha linda” é
como se uma onda de eletricidade passasse pelo meu corpo, sinto
que ele está tomando posse de mim, dos meus sentimentos e,
principalmente, da droga do meu coração.
Ele não espera que eu responda e, quando estou pronta para
implorar ainda mais, sinto sua boca deliciosa e quente na minha
boceta, abrindo os grandes lábios como se estivesse me beijando,
explorando cada centímetro da pele sensível e me fazendo gemer
feito uma cadela no cio.
É muito melhor do que meus dedos, mais intenso do que o
sugador e muito, muito mais íntimo, do que qualquer masturbação.
Alexei me lambe inteira antes de começar a chupar meu clitóris
com vontade e, droga, eu estou a ponto de gozar na sua boca
quando sua língua começa a bater ainda mais rápido, suas mãos
me seguram no lugar, bem aberta para ele, enquanto tento,
inconscientemente, me desvencilhar dele.
— Alexei, droga, eu vou…
— Goza na minha boca — é uma ordem, uma que eu não sou
nem louca de contestar.
Não me seguro mais e, quando ele aumenta os movimentos da
língua, eu vou aos céus em um orgasmo delicioso e intenso, sinto
seu dedo entrando na minha boceta e me abrindo, intensificando
ainda mais o prazer com movimentos que me enlouquecem.
Alexei não para de me chupar, nem quando protesto,
mantendo-me sob seu controle.
Ele domina cada sensação do meu corpo e me penetra com
mais um dedo, alargando-me um pouco mais, preparando-me para
recebê-lo.
CAPÍTULO 17

ALEXEI

Patrícia está entregue e vê-la gozar na minha boca é a porra


do paraíso.
Eu deveria ter imaginado que ela era virgem, afinal foi criada
praticamente trancada dentro de casa, sem amigos, sem ir para a
escola, não me admira que nunca tenha transado antes.
Suas pernas me apertam enquanto tremem ao redor da minha
cabeça, mas isso só me faz continuar a lhe dar prazer, tirando tudo
o que consigo dela em mais um orgasmo para que se prepare.
Meus dedos saem melados da sua boceta enquanto ela geme
ofegante, eu os coloco novamente sentindo o aperto delicioso,
posso até imaginar como será ter meu pau dentro dela.
Porra, estou duro pra caralho, só de ver a minha mulher
estremecer em meus braços.
— Alexei, que delícia — ela expressa com a voz baixa
enquanto assisto seu peito subir e descer, faço o caminho reverso,
subindo pela barriga, abocanho um dos mamilos e chupo com
delicadeza, depois faço o mesmo com o outro.
Volto a tomar a sua boca na minha, ainda sem tirar meus
dedos de dentro dela, continuo fazendo movimentos de entra e sai
para mantê-la sob meu domínio.
— Gostosa pra caralho — falo quando a beijo e deixo que sinta
seu gosto na minha boca. — Você quer isso, Patrícia?
— Eu quero mais, quero sentir você inteiro dentro de mim —
ela responde toda entregue e ofegante.
— Porra, assim você vai me enlouquecer. — Tiro os dedos da
sua boceta, para depois trazê-los até a boca, lambendo cada gota
do seu gozo, então começo a roçar meu pau em sua umidade,
sentindo-a encharcar minha cueca que é a única coisa que nos
separa. — Eu vou foder essa boceta hoje, vou te marcar como
minha para que você nunca mais queira outro pau no meio das suas
pernas.
— Se fizer isso é bom não me dar motivos para querer outra
pessoa — ela responde com seriedade e confiança. — Se minha
boceta for sua, seu pau será meu, Alexei.
— Ele já é seu — murmuro contra seus lábios, selando uma
promessa que eu jurei que não faria, mas que é a mais pura
verdade.
Eu sou dela.
Patrícia tem a porra do meu coração em suas mãos e eu já
não sei mais se consigo me controlar, porque o que eu mais quero é
ter a minha mulher em meus braços.
— Você não imagina quantas vezes eu sonhei com esse
momento — confesso, beijando seus lábios e engolindo cada
gemido que sai dela enquanto esfrego meu pau na sua boceta. —
Desde a primeira noite que te vi, com aquela maldita camisola
branca e transparente, eu quis ter você na minha cama.
— O que mais você pensou? — ela provoca.
— Em como eu quero te ver usando aqueles malditos
brinquedos que você comprou — respondo e ela congela embaixo
de mim. — Eu sei que você usa aquele sugador todas as noites,
trancada no seu quarto.
— Como…?
— Eu só sei, Patrícia. — Beijo seu rosto até chegar no lóbulo
da orelha, o qual eu mordo antes de continuar falando, só para
assistir sua pele arrepiar. — Você quer usar seus brinquedos
comigo?
— Eu quero.
— Quer reproduzir as cenas daquele livro safado que estava
lendo? Eu também li aquela putaria deliciosa.
— Alexei, por favor — ela implora, erguendo o quadril de
encontro ao meu pau, mas eu quero torturá-la mais um pouco,
quero a porra da minha mulher sedenta por mim antes de,
finalmente, dar o que ela quer.
— Responde minha pergunta, moya prelest’ — insisto, usando
as palavras que antes saíram sem querer, mas que agora significam
tudo, ela é a minha linda.
— Sim, eu quero realizar todas as minhas fantasias com você.
— Ela se entrega, segurando meu pescoço com uma mão, atraindo-
me para um beijo desesperado enquanto se esfrega mais no meu
pau, buscando mais contato.
— Eu vou te dar, vou fazer tudo o que você quiser, moya
prelest’, qualquer fantasia sexual, qualquer cena desses livros
safados, eu vou realizar todos os seus desejos, Patrícia, porque, a
partir de agora, eles também são meus — murmuro contra seus
lábios e me afasto o suficiente para abaixar minha cueca e liberar
meu pau, que logo encontra o caminho para a boceta toda molhada
dela. — Você… — Deixo que a cabeça entre nela bem devagar,
esperando que ela se acostume, enquanto suas paredes me
apertam — é… — A cada palavra entro um pouco mais e Patrícia se
agarra em minhas costas, enfiando as unhas em minha pele —
MINHA!
Assim que estou fundo na sua boceta espero que se acostume
e relaxe, ela quase estrangula meu pau de tão apertada que é, a
sensação é delirantemente deliciosa e preciso me segurar para não
gozar.
Porra de mulher gostosa do caralho.
— E você é meu — ela sussurra contra minha boca, os olhos
verdes estão brilhando de emoção ao me encarar.
Vejo a mulher em meus braços e me sinto a porra do homem
mais sortudo do mundo, não por ser o primeiro, mas porque ela
confia em mim o suficiente para se entregar por inteiro.
Me ergo para admirar melhor minha mulher e cada curva do
seu corpo, até chegar na parte aonde meu pau está enterrado nela,
então seguro suas pernas mais abertas e Patrícia envolve minha
cintura com elas, fazendo-me ir mais fundo.
— Você está bem? — pergunto.
— Mais do que bem — ela responde e abre um sorriso
maravilhoso que ilumina ainda mais seu rosto corado. — Me fode
logo, Alexei.
Porra, como negar um pedido desses?
— Safada — falo e saio um pouco dela, só para voltar a entrar.
— Eu vou foder você, Patrícia, até você gozar mais uma vez no meu
pau.
— Alexei… — Meu nome sai da sua boca como uma súplica,
enquanto saio quase inteiro dela e volto a entrar com calma,
deixando que sua boceta se molde ao meu pau, me segurando para
não gozar como um adolescente.
— Aproveita, moya prelest’, você gosta de sentir meu pau
entrando assim?
— Sim, droga, é bom demais.
— É melhor do que seus brinquedinhos?
— Sim, muito melhor.
— Você quer que eu vá mais rápido?
— Sim, por favor, Alexei.
— Seu pedido é uma ordem, esposa. — Começo a me mover
com mais intensidade, sem conseguir tirar os olhos da minha
mulher, que está perfeitamente entregue ao momento, Patrícia
também não desvia o olhar do meu enquanto geme mais alto. —
Porra de boceta gostosa, Patrícia, eu vou me viciar em você.
— Alexei, eu quero mais rápido — ela exige.
Caralho, eu amo uma mulher que sabe o que quer e jamais
imaginaria que Patrícia fosse assim, ela consegue me surpreender
cada vez mais e, porra, eu só consigo cair ainda mais nos seus
encantos .
Faço o que ela pede e começo a foder com vontade, da forma
que eu gosto, mas ainda me controlando para não machucá-la,
afinal, é a sua primeira vez.
Caralho, eu tenho a porra da virgindade da minha mulher!
— Eu sei que você está quase. — Me abaixo novamente para
tomar seus lábios nos meus, beijando-a a cada gemido que ela
solta, enquanto meu pau entra e sai dela. — Você é gostosa
demais, me enlouquece te ver entregue, nos meus braços,
engolindo a porra do meu pau como uma rainha.
— É verdade? Isso aqui é verdade ou eu estou tendo mais um
sonho com você? — ela questiona enlouquecida.
— É verdade, moya prelest’ — confirmo, mordendo seu lábio
inferior. — E vou garantir que você acorde amanhã e tenha certeza
que não foi um sonho.
— Como?
— Porque vou te acordar comendo sua boceta deliciosa mais
uma vez — prometo e ela sorri. — Vai ser o melhor café da manhã
do mundo.
— Droga, Alexei — ela estremece em meus braços e sinto sua
boceta estrangular meu pau quando suas pernas tremem ao redor
da minha cintura e ela me aperta ainda mais. — Eu vou…
— Goza, amor, deixa o tesão tomar conta, eu quero te fazer ir
aos céus. — Com isso, levo uma mão entre nós e começo a
estimular seu clitóris sensível, Patrícia não se segura mais, gozando
com força no meu pau enquanto continuo fodendo sua boceta.
Porra, é a melhor sensação do mundo e não consigo me
segurar, acompanho minha mulher e gozo com força dentro dela,
despejando jatos de porra e a marcando como minha.
Porque agora é isso o que ela é, a porra da minha mulher, e eu
já não tenho mais forças para resistir à atração que existe entre nós.
— Maravilhosa — murmuro ofegante contra seu pescoço,
ainda tentando controlar minha respiração. — Você é tão incrível,
tão fodidamente gostosa, Patrícia.
— Isso foi… perfeito — ela responde, também ofegante, e me
abraça com força, mas seguro meu peso para não esmagá-la
embaixo de mim. — Obrigada.
— Você tem que parar com essa mania de agradecer. — Ergo
a cabeça e beijo seu rosto. — A partir de agora, não me agradeça
por um orgasmo, peça por mais.
— Tudo bem — ela responde com um sorriso.
— Já volto. — Saio dela, mesmo sem querer, vou até o
banheiro, me limpo e pego uma toalha, molhando na água morna
antes de voltar para a cama e limpar a bagunça que fiz, então
descarto a toalha no cesto de roupa suja e volto para o lado da
minha mulher.
— Me empresta um roupão? Não quero que alguém me veja
assim no corredor — ela pede, sentando-se na cama.
— Aonde você pensa que vai?
— Para o meu quarto — ela responde, claramente confusa.
— Nem fodendo, pode voltar para essa cama.
— Mas…
— Patrícia, você não vai a lugar algum. — Estendo a mão em
sua direção e ergo as cobertas para ela deitar primeiro, depois me
acomodo ao seu lado e coloco um braço embaixo do seu pescoço,
puxando-a para o meu peito enquanto ela me abraça. — Pode me
usar de travesseiro e, se ficar desconfortável, me avisa.
Ela responde me abraçando mais forte e sinto sua barriga
entre nós, penso no nosso bebê, acolhido no meio dos pais, como
deveria ser e como será daqui para frente.
CAPÍTULO 18

PATRÍCIA

Acordo com braços fortes envolvendo meu corpo e sinto o


calor de alguém atrás de mim, só então as lembranças da noite
passada surgem na minha mente e lembro que estou com ele.
Abro os olhos calmamente e deixo que se acostumem com a
luz do sol que entra pelas cortinas entreabertas, vejo a mão dele
sobre a minha barriga e sinto sua respiração em meu pescoço.
É tão bom estar em seus braços, nenhum dos sonhos que tive
com ele podem ser comparados ao momento real.
— Bom dia, moya prelest’. — Sua voz grossa e sonolenta me
faz arrepiar inteira.
— Bom dia — respondo e ele me aperta ainda mais contra seu
corpo, posso sentir seu calor e, especialmente, a ereção que roça
na minha bunda.
Dormi tão rápido ontem que nem lembrei de vestir uma roupa e
Alexei também deitou sem nada, então estamos nus e muito, muito
próximos.
— Eu quero muito foder essa boceta deliciosa de novo, mas
preciso saber como você está antes — questiona carinhoso.
Ele é tão atencioso, tão preocupado comigo, que me faz ficar
sentimental, nunca tive alguém assim, nunca ninguém se importou
tanto com meu bem-estar, com o que eu estou sentindo.
— Eu também quero — respondo e empino mais minha bunda
contra sua ereção, porém, bem nesse momento minha bexiga
resolve me lembrar que estou grávida e com pouco espaço para ela
ficar cheia —, mas preciso ir ao banheiro antes, consegue se
segurar um pouco?
— Vai lá, eu te espero aqui. — Então ele ergue os cobertores
e, antes que eu saia dos seus braços, o desgraçado dá um tapa na
minha bunda. — Volta logo.
Solto uma risadinha e vou correndo para o banheiro, depois de
fazer minhas necessidades volto para encontrá-lo deitado de costas
com os braços fortes abertos, o cabelo desarrumado, a coberta de
lado e seu corpo nu é maravilhoso, mas a parte mais bonita em
Alexei é seu sorriso.
Sorriso esse que fica cada vez maior conforme me aproximo
dele e volto para seus braços.
Sinto seus dedos acariciando minhas costas e faço o mesmo
em seu peito, então me ergo e beijo a boca que me fez delirar
ontem.
— Não é um sonho — murmuro contra seus lábios e ele volta
a sorrir.
— Não, não é. — Então ele me vira de lado e ergue uma das
minhas pernas sobre a sua. — E vou te provar que não é te fodendo
de novo.
Seu pau começa a me provocar, roçando na minha boceta até
encontrar o clitóris e, com movimentos de vai e vem, Alexei me
enlouquece mais uma vez.
Não demora muito e estou ofegante em seus braços,
empinando a bunda contra ele, preciso de mais contato, preciso
dele dentro de mim.
— Alexei... — digo como em um pedido.
— Eu sei, moya prelest’ — ele responde beijando meu ombro.
— Eu quero ver você enlouquecer antes de entrar nessa boceta,
você está molhada pra mim?
— Sim, eu estou.
— Você quer meu pau, Patrícia?
— Sim, sim, mil vezes, sim.
Então ele desliza para dentro de mim em um único movimento,
seu pau é grande e grosso, o que me faz suspirar com a sensação
de preenchimento que ele provoca, e preciso de alguns segundos
para me acostumar, mas Alexei é paciente.
— De lado é tão gostoso, porra, você é tão fodidamente
gostosa, Patrícia.
A forma que ele me elogia faz eu me sentir incrível, não sei
como ele consegue isso, mas sei que é bom, é muito bom, ainda
mais combinado com os movimentos do seu pau na minha boceta.
Ele ergue minha perna ainda mais para ter acesso ao meu
clitóris e, com os dedos, Alexei começa a fazer movimentos
circulares, enquanto continua me fodendo devagar, as sensações
são demais, logo estou perdida no tesão que ele provoca.
— Alexei, isso é tão bom, meu Deus, como você…? Alexei, eu
vou… — Não tenho tempo de terminar a frase antes de sentir um
orgasmo intenso tomando conta do meu corpo e nada mais importa,
a única coisa que consigo pensar é nele, em como começa a ir mais
fundo e continua me masturbando ainda mais rápido.
— Goza pra mim, moya prelest’ — Alexei ordena e eu já não
tenho mais forças para nada, meu corpo se contorce em mais um
orgasmo.
Me perco nele, nos seus gemidos chamando meu nome contra
o pescoço, e a forma com que ele me elogia a cada segundo, até
que sinto seus movimentos ficarem ainda mais rápidos e ele goza
dentro de mim.
Então estamos ambos com a respiração ofegante,
completamente perdidos no prazer que acabamos de ter um com o
outro e, droga, eu já sinto saudade dele, antes mesmo de pensar
em sair dessa cama.
Como posso viver um dia todo sem ter seus braços ao redor
do meu corpo como tenho agora, seu peito esquentando minhas
costas, a forma com que sua boca beija delicadamente meus
ombros e, principalmente, as palavras carinhosas que ele pronuncia
com tanta verdade, que me faz estremecer?
— Isso foi… — Não tenho palavras que consigam expressar
realmente o que estou sentindo.
— Rápido demais — ele complementa, beijando meu rosto. —
Desculpa, eu estava com muito tesão.
— Eu ia dizer perfeito.
— Você é perfeita, Patrícia, gostosa demais, eu estou ficando
duro de novo e ainda estou dentro de você, sabe o que é isso?
— Tesão? — tento adivinhar.
— Isso é loucura, você me deixa assim, completamente louco
e obcecado por você e essa boceta deliciosa.
O porquê de suas palavras indecentes conseguirem me fazer
sentir ainda melhor eu nunca vou saber, só sei que estou sorrindo e
não consigo me conter de tanta felicidade.
— Você está bem? — ele questiona, um pouco preocupado e
sai de dentro de mim, então me viro de frente para ele, com um
pouco de dificuldade por causa da barriga que fica entre nós.
— Perfeitamente bem, estou feliz, só isso.
— Foi o que você imaginou?
— Foi muito mais, Alexei, foi perfeito porque foi com você.
Então um sentimento de culpa toma conta dos meus
pensamentos, afinal só estamos aqui porque eu aceitei um acordo
com o diabo, só estamos juntos nessa confusão toda por minha
causa.
— Hey, o que aconteceu? Eu falei algo de errado? Eu te
machuquei? — ele questiona preocupado quando o sorriso morre
em meu rosto.
— Eu só… Alexei, eu nunca te pedi desculpas.
— Desculpas pelo que, Patrícia?
— Por ter aceitado o acordo com o seu pai, por ter nos
colocado nessa situação… eu… me perdoa — peço já sentindo
meus olhos arderem.
— Hey — Ele coloca uma mão em meu queixo —, olha para
mim — pede com carinho e, só assim, tenho coragem de levantar o
olhar e encontrar o dele. — Nada disso é sua culpa, nunca mais
pense assim, tudo bem?
— Mas eu aceitei…
— Você foi forçada a aceitar, o único culpado aqui é meu pai,
aquele maldito. Enfim, ele é o único responsável por ter nos
colocado nessa situação, mas nesse momento eu não consigo
pensar nisso tudo como algo ruim, Patrícia.
— Não?
— Não, a forma com que aconteceu foi errada, fomos forçados
a aceitar tudo isso, as escolhas foram tiradas de nós dois, mas por
mais louco que seja, você está aqui, nos meus braços, carregando
nosso filho e, não sei, parece certo.
— Você não tem raiva de mim por ter aceitado?
— Me diz uma coisa, quando meu pai fez a proposta, ele te
deu a opção de recusar? O que ele te falou?
As memórias daquela noite, quando Nikolai Ivanov apareceu
com seus capangas na nossa casa voltam a minha mente e
relembro a forma com que eles amarraram e bateram nos meus
irmãos, como colocaram meu pai de joelhos e apontaram duas
armas para a sua cabeça e, só então, Nikolai fez a proposta: ou eu
aceitava ser barriga de aluguel do seu herdeiro ou…
Ele nunca terminou a frase, mas naquele momento eu sabia
que não tinha escolha, eu sabia que caso negasse ele mataria
minha família e, obviamente, eu morreria logo depois.
— Ele não me deu opções — respondo com a verdade.
— Se você não teve opção de recusar, não foi uma oferta,
Patrícia, foi uma obrigação — Alexei aponta e deixo uma lágrima
escorrer pelo meu rosto, a qual ele pega com o dedo. — Não chore
por eles, moya prelest’, não vale a pena, eles não valem a pena, seu
pai sabia que você não recusaria, por isso te entregou nesse acordo
ao invés de pagar as próprias dívidas.
— Eu pensei que talvez você tivesse raiva de mim, depois que
os soldados me tiraram do hotel e me levaram para a Central fiquei
com tanto medo — confesso.
— Eu jamais faria algo contra você, por que pensou isso?
— Porque você não foi me ver antes do casamento — digo o
que está entalado em minha garganta.
— Eu fui te ver quase todos os dias depois que eles te
resgataram, eu estava lá em cada exame, cada interrogatório, você
não me viu porque me escondi atrás de um vidro, como um covarde.
— Por quê?
— Foi meu pai quem fez isso com você para me atingir, é
minha culpa que você esteja presa a esse casamento, eu não tinha
coragem para te enfrentar sabendo disso, então mandei os soldados
com as propostas e você escolheu o casamento.
É verdade, tudo o que Alexei acabou de falar é a mais pura e
dolorosa verdade, mas ao contrário do que ele pensa, eu nunca o
culpei por estarmos nessa situação, ele é tão vítima do pai dele
quanto sou do meu.
— Nós não temos culpa — constato e ele me olha com
espanto. — Nem você e nem eu tivemos escolha, os culpados foram
nossos pais, eles deveriam pagar por tudo o que fizeram.
— Sim, um deles pagou.
— Você acha que… ele sabia, meu pai sabia? — questiono
pensando melhor na situação.
— Foi por isso que ele e seus irmãos fugiram depois que meu
pai morreu, eles não foram para o Brasil e estão desaparecidos do
radar da Bratva.
— Eles estão desaparecidos?
— Sim, por isso eu preciso que fique em segurança, ainda não
sei o que estão planejando, mas seja o que for não vou deixar que
atinja você ou nosso filho, eu vou mantê-los em segurança, Patrícia
— Alexei promete.
Então me puxa para seus braços, aninhando-me em seu corpo
forte e protetor.
Ele me faz sentir segura, perto dele parece que o mundo lá
fora não existe e tudo o que importa é o aqui e o agora.
Em seus braços eu me sinto em casa.
Alexei tirou o dia de folga e pediu para o café da manhã ser
levado para o quarto, então ficamos a manhã toda na cama,
conversando e trocando carícias, enquanto aproveitávamos a
companhia um do outro.
O dia está lindo e ensolarado, completando a felicidade que
sinto em meu peito por estar assim com ele.
Durante a tarde ele me leva para dar uma volta na propriedade
já que o dia está bonito e, mesmo com neve, não está tão frio.
Caminhamos até um local mais nos fundos, aonde ficam os
estábulos que eu não sabia que existiam, e Alexei me fala o quanto
está animado para trazer nosso filho aqui e ensiná-lo a cavalgar.
Segundo ele, é um dos seus esportes favoritos e faz bem para
as crianças ter contato com a natureza e os animais, por isso ele
está expandindo o local para ter outros tipos de animais de fazenda.
Ele tem planos, muitos planos, e em todos eles nosso filho e
eu estamos inclusos, é tudo tão lindo que até parece um conto de
fadas.
Depois da caminhada ele pergunta se estou cansada e
respondo que sim, por isso sentamos no sofá, ele me entrega meu
Kindle e pega seu tablet, mas antes de começar a trabalhar Alexei
ergue meus pés sobre suas pernas e começa a massagear com a
mão livre enquanto leio meu livro.
E, no final do dia, depois do jantar, ele não me deixa ir para o
meu quarto, me levando para a terceira porta do corredor, aquela
que fica entre os nossos quartos, então ele abre e o que vejo lá
dentro faz meu coração sair pela boca.
CAPÍTULO 19

ALEXEI

O quarto do bebê finalmente ficou pronto e foi muito difícil


mantê-lo em segredo, mas eu consegui que a decoradora fizesse
seu trabalho no dia que ela foi com Yekaterina no shopping, assim
tudo está perfeitamente no lugar quando abro a porta para ela.
Cada brinquedo que escolhemos naquele dia, o móbil, o
enxoval, as roupinhas, tudo está no seu devido lugar.
O berço foi colocado na parede ao lado direito, temos o
trocador e, embaixo da janela, pedi para colocar uma poltrona
confortável, para Patrícia amamentar nosso filho.
Depois temos o closet, que já está cheio de roupinhas, das
quais tenho certeza que ele não vai usar metade, mas não importa,
meu filho terá tudo o que ele quiser e mais.
As paredes são todas amarelas com pinturas de bichinhos e
plantas, combinando com o enxoval que escolhemos, como uma
pequena floresta particular que meu filho terá quando nascer.
— Alexei! — Patrícia leva as mãos até a boca quando ligo a
luz e posso ver seus olhos marejados, mas diferente de antes,
essas lágrimas são de felicidade.
— Gostou? Se quiser mudar algo é só falar, eu mandei a
decoradora fazer o melhor quarto para o nosso filho, mas tudo aqui
é para vocês e pode ser alterado.
— Eu… eu… não sei o que dizer, está perfeito. — Então ela
vira e se joga em meus braços, passando as mãos pelo meu
pescoço. Eu a seguro com carinho e correspondo ao gesto até que
ela se afasta um pouco só para poder olhar no fundo dos meus
olhos. — Eu amei, obrigada.
— Não precisa…
Ela me interrompe com um beijo delicioso, ao qual logo estou
correspondendo.
Não consigo resistir aos lábios doces de Patrícia, na verdade
não consigo resistir a ela.
Não demora para estarmos ofegantes e perdidos em mais uma
foda deliciosa em minha cama, local do qual ela não sairá mais,
porque agora esse será o nosso quarto, não consigo mais ficar
longe dela e nem quero.
***
4 semanas depois
Se alguém me dissesse, dois meses atrás, que eu encontraria
a felicidade em um casamento por obrigação, eu diria que a pessoa
estava louca, mas aqui estou eu, rindo feito um bobo, enquanto
Patrícia conta sobre o livro que está lendo.
Amo tanto quando ela compartilha comigo seu dia, as histórias
que a faz suspirar, os passeios por Moscow com Yekaterina, ela até
tem ido fazer compras com o estilista que contratei para encher seu
closet, afinal, ele sabe exatamente as lojas especializadas para que
ela consiga peças que sirvam para uma grávida e lojas que não a
façam se sentir mal.
Meus dias tem sido mais alegres com ela, sempre tomamos
café juntos e, quando preciso ir para o escritório ou para a Central,
sinto saudades da minha mulher, anseio pelo momento que
chegarei em casa e a encontrarei de braços abertos para me
receber.
Nosso bebê está se desenvolvendo bem e os enjoos de
Patrícia praticamente cessaram depois do tratamento, ela já
consegue comer de tudo sem vomitar e está muito mais saudável.
Fomos em mais uma consulta com o médico e, dessa vez, ele
fez um ultrassom em três dimensões e pudemos ver bem o rosto do
nosso amado Bjorn, ele é tão lindo, tão perfeitamente lindo, que
precisei controlar as lágrimas enquanto o médico estava presente.
Patrícia não se segurou e começou a chorar assim que ele
apareceu na tela, vê-lo assim só torna ainda mais real o fato de que
seremos pais e esse dia está chegando, agora ela está no oitavo
mês de gestação, chegando nas últimas semanas e, segundo o
médico, Bjorn pode nascer a qualquer momento, precisamos ficar
preparados e atentos caso ela comece a ter contrações ou alguma
dor.
Hoje eu quero surpreendê-la, esses dias ela me perguntou se
eu havia gostado do nosso primeiro encontro e só então percebi que
Patrícia considerou o jantar que fomos, logo antes da nossa primeira
vez, como um encontro.
Mal sabe ela que aquilo não chega nem perto do que eu estou
preparando para nós, especialmente quando vamos completar um
mês juntos.
Levá-la no meu restaurante favorito aquela noite foi por outro
motivo, mesmo que aquele tenha sido o lugar em que eu tinha
encontros no passado, aquela noite não conta como um, estávamos
lá como amigos.
Patrícia merece mais do que isso, muito mais.
Chego em casa e a primeira coisa que faço é receber minha
mulher em meus braços, sua boca cola na minha quase que
instantaneamente e preciso de todo o auto controle que não tenho
quando estou com ela para lembrar que vamos sair.
— Isso tudo é saudade? — questiono contra seus lábios.
— Sim, eu estava com saudades de você — Patrícia confessa,
nesse tempo em que estamos juntos eu descobri muita coisa sobre
ela e, uma delas, é que ela não esconde seus sentimentos ou
pensamentos, o que é maravilhoso, afinal eu não leio mentes. —
Você vai me falar para onde estamos indo?
— Não — respondo e ela faz uma careta, saindo dos meus
braços. — Quero ver minha mulher, dá uma volta para mim.
Ela volta a sorrir e posso finalmente reparar no vestido preto
de mangas longas que está usando, é lindo e tem um decote
maravilhoso que me dá a visão dos seus peitos perfeitos, que estão
cada vez maiores, então vejo aquela bunda deliciosa, marcada no
tecido de seda, e a fenda na lateral da coxa esquerda me dá a visão
da meia fina preta que vai até a metade da sua perna.
Claro que ela está com uma sapatilha preta, linda e
confortável, Patrícia não consegue mais usar saltos nesse estágio
da gravidez, o que não a deixa menos espetacular.
— Esplêndida — elogio com a primeira palavra que encontro,
mas que não traduz um por cento da beleza da minha mulher. — Eu
sou a porra do homem mais sortudo da face da terra.
— Para — ela pede ficando vermelha de vergonha, mas o
sorriso em seu rosto fica ainda maior quando vou até ela e a beijo
carinhosamente.
— Vamos sair logo dessa casa antes que eu te leve para o
quarto e acabe com esse vestido.
— Então vamos, Edoard demorou muito para encontrar o
vestido perfeito, não vou deixar que acabe com o trabalho dele sem
antes aproveitar cada segundo nesse tecido delicioso.
— Edoard pode encontrar outro vestido, eu te dou quantos
forem necessários, mas eu vou rasgar esse no final da noite, não se
apegue.
— Alexei!
— É uma promessa, moya prelest’ — a chamo por seu apelido
e ela se entrega, sorrindo e concordando.
Eu queria mesmo levá-la para Paris, em um dos melhores
restaurantes do mundo, mas o médico disse que seria perigoso,
visto que está no final da gravidez e ela poderia começar a ter
contrações durante o voo.
Por isso, trouxe o restaurante até nós, fiz com que o chef e
toda a equipe voassem para Moscow.
Os hospedei em uma cobertura que possuo no centro da
cidade, o local é luxuoso, mas faz meses que eu não o uso.
Aquela era minha casa quando meu pai ainda estava vivo, eu
não ia muito para a mansão, pois sempre tinha trabalhos na cidade
ou em outros países e, francamente, preferia ficar longe dele o
máximo de tempo possível.
O motorista nos leva até o local e Patrícia se aconchega ao
meu lado o caminho todo, muito diferente de quando fizemos esse
trajeto da outra vez, hoje estamos próximos, seu rosto descansa em
meu ombro e eu a abraço, acariciando seu braço com uma mão
enquanto seguro a dela com a outra.
— Obrigada, Manoel — ela agradece o motorista, que abre a
porta para nós descermos, o homem faz uma reverência educada
para minha esposa.
Percebi que Patrícia sabe o nome de todas as pessoas que
trabalham na mansão, até mesmo dos soldados que fazem a
segurança dela, ela os cumprimenta cordialmente todas as vezes
que passa por algum deles.
— Pode ir até a garagem e fique a espera — ordeno.
— Sim, senhor.
Pego a mão de Patrícia e subimos juntos o elevador, o último
andar já foi revistado por Charles, que coordenou toda a equipe
para que tudo corresse de forma perfeita.
Sinto que Patrícia está nervosa ao meu lado, por isso passo
um braço pelos seus ombros e beijo seu rosto.
— Nervosa? — questiono.
— Um pouco — ela responde com um sorriso pequeno. — Se
você não considera nossos outros jantares como encontro, então
esse é nosso primeiro encontro oficial.
— Sim, e será perfeito.
— Eu sei, tudo o que você faz é perfeito, só estou nervosa, é
difícil de controlar.
— Tudo bem, moya prelest’, eu logo te farei relaxar, temos a
noite toda só para nós.
As portas do elevador se abrem e encontro Charles com o
buquê de rosas vermelhas que pedi para ele, então ele me entrega
as flores e beija a mão de Patrícia.
— Está tudo pronto — avisa e aceno com a cabeça, ele desce
pelo mesmo elevador que subimos, nos deixando sozinhos.
— Essas flores são para você. — Entrego o buquê para minha
mulher e assisto seu rosto todo se iluminar de felicidade quando ela
pega as rosas e leva para próximo do seu rosto, inspirando
profundamente o perfume das flores.
— É lindo, Alexei.
Faço uma anotação mental para lhe dar mais flores no futuro,
já que agora sei que ela gosta disso.
— Nada é tão bonito quanto você — respondo e faço sinal
para ela entrar no apartamento.
O local foi organizado para essa noite, está todo decorado com
rosas vermelhas e velas que ambientam a sala de estar.
O sofá preto e as poltronas deram espaço para uma pequena
mesa de jantar com duas cadeiras, que está no local com a melhor
vista do apartamento, dali é possível ver toda a cidade pela parede
de vidro.
A escuridão da noite é quebrada pelas luzes da cidade abaixo
de nós e levo Patrícia até lá para ela poder apreciar a vista.
— Nossa, é… não sei nem o que dizer, tudo parece tão
pequeno daqui — ela comenta olhando para baixo, mas dá um
passo para trás logo depois, como se estivesse com medo de cair,
por isso envolvo sua cintura com um braço e a seguro próxima a
mim.
— Não precisa ter medo, eu estou aqui. — Beijo seu rosto e
olho para fora também, relembrando as tantas vezes que fiquei
sozinho nesse apartamento, sonhando com o dia em que estaria
livre do controle do meu pai, esse dia finalmente chegou e eu não
poderia estar mais feliz.
— Esse apartamento é seu?
— Sim, eu morava aqui quando meu pai ainda estava vivo.
— Por quê?
— Já era uma merda conviver com ele o dia todo, eu precisava
de espaço para recarregar, então vinha para cá quando conseguia
um tempo livre — explico e ela me olha, inclinando o rosto para o
lado, com uma expressão triste. — Já passou, agora é só um
apartamento de luxo que podemos usar quando quisermos.
— Não sei se faz o seu estilo.
— Como assim?
— Parece a caverna do Batman, é tudo escuro e preto, nossa
casa não é assim, eu meio que me acostumei a pensar em você lá e
não como um solteirão em um apartamento de luxo — ela explica,
mas sorri logo depois, indicando a brincadeira.
— Antes eu sentia que aqui era a minha casa — digo e pego o
buquê de flores das suas mãos, colocando-o em cima de uma das
mesas próximas da parede —, mas agora é diferente.
— Você vê a mansão como sua casa agora?
— Sim, porque é lá que a minha família está — respondo e ela
abre os olhos, surpresa. — Você e nosso filho são minha família,
moya prelest’, meu lar é em qualquer lugar que vocês estejam.
— Você vai me fazer chorar antes mesmo do jantar, depois eu
vou ficar com a maquiagem toda borrada feito um panda e vai ser
culpa sua — ela brinca, mas sua voz sai abafada de emoção e sei
que ela está segurando as lágrimas.
— Você é linda de qualquer forma, seja com maquiagem, sem
maquiagem, não importa, Patrícia. — Pego suas duas mãos e as
ergo para beijar o topo dos seus dedos. — Agora vamos jantar,
preciso alimentar você e nosso pequeno aí dentro.
— Por favor, estou morrendo de fome.
Faço sinal para o maitre começar a servir o jantar e levo
Patrícia até a mesa, puxo a cadeira para ela sentar e, logo depois,
sento na cadeira de frente para ela.
Pedi para que o jogo de jantar não fosse normal, com diversos
garfos, facas e pratos diferentes para cada refeição, já que sei que
Patrícia não sabe usar essas coisas e ficaria desconfortável.
O maitre traz nossa entrada, um tartare delicioso, assisto
Patrícia experimentar e fazer uma expressão de aprovação.
O prato principal é um Canard à L’orange, acompanhado de
Soufflé au Fromage e salada.
O vinho indicado pelo garçom orna muito bem com todos os
pratos e o jantar não poderia estar menos do que perfeito.
A seleção de sobremesas feitas pelo chef, especialmente para
essa noite, é exposta pelo maitre e Patrícia escolhe um Petit
Gateau, já eu prefiro o Creme Bruleé.
Quando estamos aproveitando a sobremesa vejo que ela olha
para a minha com curiosidade.
— Gostaria de experimentar? — pergunto.
— Posso?
— Claro. — Ela ergue a colher, mas faço que não com a
cabeça e me levanto, arrastando a cadeira até ficar ao seu lado,
pego uma colherada e levo até sua boca, assistindo ela se deliciar
com a sobremesa, não me controlo e beijo seus lábios, sentindo o
doce do creme misturado com o gosto da minha mulher. — Bem
melhor assim.
— É gostoso — ela fala contra meus lábios.
— Você é gostosa. — Mordo seu lábio inferior e ela sorri, seu
rosto assumindo o tom rosado de quando fica com vergonha, isso
acontece bastante quando a elogio.
O beijo fica mais intenso conforme começamos a brincar um
com o outro e logo estamos ofegantes, perdidos em nós, sinto sua
mão segurar meu pescoço mais firmemente enquanto a beijo com
mais intensidade.
Por isso, faço sinal para o maitre sair, ele sabe que a noite
acabou para ele e a equipe da cozinha, não preciso me preocupar
com isso.
Assim que o homem se retira, Patrícia olha para trás de mim,
conferindo se estamos sozinhos mesmo, então se levanta e vai até
o sofá.
— Aonde você vai? — questiono, mas quando vou me levantar
para segui-la ela faz que não com a cabeça.
— Fica aí, quero fazer uma coisa — avisa com um sorriso
safado no rosto, então ela pega uma almofada e traz até a mesa,
jogando-a no chão, bem nos meus pés, Patrícia me encara e logo
depois se ajoelha em minha frente.
— Patrícia, o que… — Ela não me deixa terminar.
— Eu quero provar o meu homem como sobremesa — ela
declara e, porra, se eu já não estava duro o suficiente antes, agora
meu pau chega a pulsar na cueca.
Patrícia leva as mãos até a minha calça, abrindo o cinto, logo
depois faz o mesmo com o botão e o zíper, então me levanto para
ajudá-la a abaixar minha calça e a safada segura meu pau com
firmeza por cima da cueca, fazendo movimentos deliciosos com as
mãos, enquanto morde o lábio inferior e o encara com o olhar cheio
de desejo.
— Você não precisa…
— Eu quero — ela me corta novamente, olhando para cima
com tanto desejo que meu pau fica ainda mais duro, acaricio seu
rosto delicado com uma mão enquanto ela encaixa seus dedos no
elástico da minha cueca, abaixando-a calmamente até liberar meu
pau que já está pingando de antecipação.
Patrícia não perde tempo e lambe a ponta, no momento que
sua língua toca meu pau eu vou à loucura, a visão do alto é
maravilhosa, e ter a porra da minha mulher de joelhos, entregue e
me dando prazer é como estar no paraíso.
Algo como um rosnado sai da minha garganta quando ela
move sua língua em círculos ao redor da cabeça do meu pau,
fazendo com que todos os músculos do meu corpo tencionem.
— Delicioso — Patrícia fala e eu gemo, é gostoso demais, levo
minhas mãos até o seu cabelo e reúno os fios loiros e longos,
segurando-os no topo da sua cabeça para que não atrapalhem, mas
sem apertar.
Quando ela leva meu pau alguns centímetros dentro da sua
boca e fecha os lábios, sugando com leveza, eu preciso fechar os
olhos e pensar em qualquer outra coisa, porque a visão da minha
mulher me chupando é boa demais.
Então sinto seus dedos segurando firme na base do meu pau e
ela começa uma punheta deliciosa com estocadas firmes.
— Eu quero que você goze na minha boca — pede lambendo
a cabeça do meu pau.
— Porra, Patrícia, assim eu vou enlouquecer — solto em um
rosnado e volto a abrir os olhos, só para encontrá-la com um sorriso
convencido no rosto.
— É exatamente isso que eu quero, moy muzhchina — ela
desafia, chamando-me de “meu homem” e me fazendo estremecer
ainda mais.
— Então me deixa foder essa boca deliciosa, que eu te dou
minha porra toda, moya prelest’.
Quando ela faz que sim com a cabeça, firmo mais o aperto em
seus cabelos, controlando seus movimentos e ela volta a abrir a
boca, levando-me até aonde aguenta, antes de voltar e chupar a
cabeça novamente, mas eu quero mais, preciso de mais, e Patrícia
me deixa controlar os movimentos.
Instintivamente, começo a mover meu quadril contra ela,
testando seus limites, e ela larga meu pau deixando-me foder sua
boca, seus dedos movem-se até as minhas bolas, me provocando,
acariciando as duas enquanto meu pau entra e sai da sua boca
safada.
Começo a me mover um pouco mais rápido, entrando mais
fundo, e minha respiração fica descompassada, meu coração
acelera ainda mais e minhas bolas apertam com a vontade de
gozar, as sensações são intensas demais, Patrícia é perfeita e vê-la
me levando por inteiro na sua boca me faz delirar.
Quero que ela saiba quão fodidamente gostoso é foder a sua
boca, mas não consigo falar, só consigo chamar seu nome enquanto
entro e saio dela, até o momento em que não aguento mais.
— Eu vou gozar — aviso, dando-lhe a opção de se afastar,
mas ela segura a base do meu pau com firmeza e começa a chupar
com mais intensidade, então encho sua boca perfeita com a minha
porra e Patrícia engole cada gota que despejo nela, deliciando-se e
gemendo de prazer enquanto deliro com a visão da minha mulher
engolindo tudo com vontade.
— Porra! Essa boca é gostosa demais, você é perfeita, moya
lyubov' — falo quando ela se afasta, os olhos marejados de
lágrimas, a maquiagem borrada, mas o mais surpreendente é a
forma com que sua boca está entreaberta em surpresa, porque eu
acabei de chamá-la de ‘meu amor’.
E a palavra saiu tão natural e verdadeira, que não sei qual o
motivo que me fez segurar esse sentimento por tanto tempo, por
isso dou as mãos para ajudá-la a se levantar e limpo as lágrimas
que escorreram do seu rosto, acariciando a pele macia dela antes
de beijar sua boca e sussurrar contra seus lábios.
— Eu te amo, Patrícia — confesso e volto a beijá-la, sem
conseguir conter a vontade de tê-la em meus braços, porque o que
mais quero nessa vida é ter o meu amor comigo, para sempre.
CAPÍTULO 20

PATRÍCIA

Ele disse que me ama.


Alexei acabou de falar que me ama.
Ele realmente me ama!
— Você… tem certeza?
Que pergunta é essa? Não sei, foram as únicas palavras que meu
cérebro conseguiu formar.
— Sim — ele confirma, sorrindo de canto enquanto beija minha
boca mais uma vez. — Eu te amo e vou repetir que te amo pelo resto da
minha vida.
— Alexei…
— Não precisa falar nada, moya lyulov’.
— Eu também te amo — digo com o máximo de confiança que
consigo reunir e, assim que as palavras saem da minha boca, me sinto
leve, porque eu o amo sim, não tenho mais dúvidas sobre isso.
— Não precisa falar nada, eu não estou esperando…
— Eu te amo — repito e sorrio. — Não tem como não amar, Alexei,
você se tornou meu amigo como prometeu que seríamos, cuidou de mim
e do nosso filho, como prometeu que faria, e agora você me fez a mulher
mais feliz do mundo, eu te amo por tudo isso e por ser o homem mais
incrível que eu conheço, eu te amo por ser você.
— Porra, assim você vai me fazer chorar, vem aqui. — Ele me leva
até o sofá e me deita, então tira suas roupas. — Eu quero fazer amor
com minha mulher essa noite.
— Eu sou sua, Alexei — confesso.
— Eu sou seu, moya lyulov’ — ele responde e segura a lateral do
meu vestido com firmeza, logo acima da fenda, então com um puxão
forte o rasga, até que o tecido inútil me deixe exposta.
— Alexei — repreendo tentando cobrir meus peitos, mas ele logo
segura minhas mãos acima da cabeça e paira sobre mim.
— Nunca se esconda de mim, amor, eu quero te ver nua, quero
admirar seu corpo perfeito. Você sabe o quanto eu te acho gostosa,
Patrícia? O quanto seus peitos me enlouquecem? O quanto eu quero dar
uns tapas nessa bunda deliciosa e depois te foder com força?
Droga, a cada palavra que sai da sua boca minha boceta se
comprime mais e sinto a umidade no meio das minhas pernas, meu
coração parece que vai sair do peito e me sinto a mulher mais bonita do
mundo, porque refletido em seu olhar eu vejo verdade, Alexei me ama
por quem eu sou, ele ama meu corpo e a ereção no meio das suas
pernas não o deixa mentir.
— Está esperando o quê? — provoco, porque tenho uma pequena
surpresa para ele. — Me coloca de quatro nesse sofá, amor, eu tenho
uma coisinha especial para você.
— Porra, não é possível.
Ele me ajuda a levantar e subo no sofá, segurando no encosto, fico
de joelhos e abro bem as pernas, empinando minha bunda o máximo
que consigo.
Alexei não perde tempo e rasga a calcinha de renda preta que
estava no caminho, então escuto ele suspirar atrás de mim e sei que ele
viu o presente que estou usando.
— Gostou? — questiono de forma provocativa.
— Porra, eu não acredito que você estava com esse plug delicioso
na bunda o jantar todo e eu não sabia. Você me enlouquece, Patrícia.
— Hoje eu sou toda sua.
Sinto suas mãos sobre meu corpo, ele tira o meu sutiã e joga em
algum canto, já nem sei mais aonde estão minhas roupas e não me
importo, posso sair daqui de toalha amanhã, só consigo me concentrar
agora em Alexei, que está atrás de mim, me provocando com seu pau
enquanto acaricia meus peitos e me ergue, colando minhas costas em
seu peitoral forte e musculoso.
— Magnífica — ele sussurra no meu ouvido e, com um movimento
lento e torturante, sinto seu pau entrando na minha boceta molhada, que
o recebe com familiaridade, é como se ele realmente tivesse me
moldado para ele.
Alexei começa com movimentos de entra e sai enquanto provoca
meus mamilos com as mãos, eles estão duros e sensíveis, seu toque me
faz gemer ainda mais alto conforme ele aumenta a velocidade das
estocadas, jogo a cabeça para trás e aproveito cada sensação que ele
me proporciona.
— Se toca pra mim, amor — ele fala em um pedido carinhoso e
levo uma mão para o meio das minhas pernas, começo a esfregar o
clitóris sensível, enquanto ele continua me fodendo, e todas as
sensações são intensas demais.
Posso sentir o plug no meu cu se mover todas as vezes que Alexei
entra na minha boceta, sinto suas provocações nos meus peitos e ouço
seus gemidos misturados aos meus, que ecoam pelo ambiente fechado.
Somos dois amantes, dois amores, dois pervertidos perdidos no
prazer que nossos corpos produzem, mas dessa vez parece diferente,
tenho a sensação de que estamos mais conectados, não são os
movimentos ou o ritmo, somos nós dois.
— Porra de boceta gostosa do caralho, amor — Alexei fala. —
Rebola essa bunda no meu pau, Patrícia, rebola gostoso até gozar em
todo ele, porque depois eu vou comer esse cu delicioso e te fazer gozar
mais uma vez, enquanto estou enterrado fundo em você.
— Sim, me come, Alexei, me fode, faz amor comigo, eu quero ser
toda sua, de todas as formas, em todas as posições possíveis.
— Safada — ele fala e, logo depois, solta meus peitos e sinto um
tapa forte na minha bunda, que me faz soltar um gritinho, mas não é
ruim, é gostoso e sorrio para a sensação. — Você gosta?
— Sim, eu quero mais.
E ele me dá, com tapas cada vez mais fortes, dos dois lados da
minha bunda, Alexei continua me fodendo com força enquanto me
masturbo, me inclino para frente, novamente ficando de quatro e seguro
com uma mão no sofá, já sentindo o orgasmo chegar, ele também
percebe e aumenta ainda mais a velocidade das estocadas.
Quando estou no limite, sinto ele girando o plug no meu cu, tirando
e colocando de novo, me enlouquecendo, até que gozo com força no seu
pau, molhando-o completamente e gritando o seu nome.
Droga, é tudo bom demais e só melhora quando Alexei tira o plug e
substitui por seus dedos, ainda metendo o pau na minha boceta.
Sem me dar descanso, ele começa a me foder com os dedos e eu
não sei mais o que estou sentindo.
— Alexei, por favor — imploro.
— O que você quer, amor?
— Seu pau, eu quero seu pau…
— Você já tem ele, bem aqui. — Ele soca fundo na minha boceta,
mas eu o quero em outro lugar e ele sabe muito bem.
— Fode meu cu, Alexei, eu não vou pedir de novo.
— Minha safada gostosa. — Então sinto outro tapa na minha
bunda, certeza que amanhã estarei toda vermelha, mas eu não me
importo, quero tudo o que ele me dá.
Ele se afasta por um momento e o vejo ir até sua calça e pegar a
carteira, de dentro ele tira um preservativo e desenrola no pau.
— Seja uma boa garota e empine bem essa bunda pra mim, amor
— Alexei pede ao voltar e cola sua boca na minha, em um beijo
delicioso, logo seus dedos voltam a entrar no meu cu, um por vez, me
abrindo até que eu me acostumo com eles e começo a rebolar na sua
mão.
— É tão gostoso. — Praticamente ronrono para ele.
— Boa garota, é isso mesmo, amor, rebola gostoso que logo mais
será o meu pau te preenchendo.
— Sim, por favor, Alexei — peço quase implorando novamente, é
tudo tão bom, cada sensação me leva de volta ao paraíso.
— Eu gosto quando você implora, amor. — Ele traça um caminho
de beijos pelas minhas costas, enquanto seus dedos me torturam. —
Tão fodidamente linda.
— Alexei…
Sinto a palma da sua mão esfregando a minha bunda em círculos
lentos e carinhosos, até que atinge minha bunda novamente e, logo
depois, seu pau sai de mim.
Alexei tem um pau grande e grosso, nada comparado com seus
dedos, por isso levo um tempo para me acostumar e relaxar, mas ele é
paciente e vai entrando e saindo aos poucos, logo a ardência é
substituída por uma sensação de preenchimento e, quando ele se enfia
mais um pouco dentro de mim, a queimação se torna algo prazeroso.
— Porra, amor — ele solta em um rosnado abafado atrás de mim
—, você está bem?
— Sim, sim, continua — peço e ele mete mais um pouco. — Eu
quero mais, Alexei, quero tudo.
E é isso que ele me dá, sinto como se fosse me rasgar ao meio
quando seu pau está inteiro no meu cu, mas a sensação logo se torna
algo bom e Alexei usa sua mão para esfregar meu clitóris, que está
sensível do orgasmo recente.
— Eu vou te fazer gozar com o meu pau inteiro dentro do seu cu
delicioso, amor.
— Então me fode com vontade.
Ele faz o que eu peço, entrando e saindo cada vez mais rápido, seu
pau me faz enlouquecer, gemo descontroladamente, sabendo que
ninguém pode nos ouvir, chamo seu nome, imploro por mais enquanto
ele me leva ao paraíso e não demoro para gozar mais uma vez.
— Porra, eu amo te fazer gozar, amor, eu amo você — ele fala e
logo depois sinto seu pau pulsar dentro de mim e ele me acompanha,
gozando com vontade até que estamos os dois acabados e ofegantes.
Ele sai de mim e deita no sofá, me puxando para seus braços,
mantendo-me segura e aconchegada no calor do seu corpo.
— Eu te amo tanto — confesso e beijo seus lábios deliciosos.
— Eu também te amo e prometo que vou te fazer gozar assim para
sempre — o safado complementa me fazendo rir, porque sei que é
verdade, o sexo com Alexei só fica melhor, mais intenso e cheio de
emoção.
Hoje foi diferente porque finalmente confessamos nossos
sentimentos, mas eu sei que o amo há muito tempo, só demorei para
falar as palavras, talvez por medo dele não sentir o mesmo, esperei que
ele falasse primeiro e não me arrependo.
Saber que Alexei me ama é uma das melhores sensações do
mundo.
LLIBIARTS
CAPÍTULO 21

PATRÍCIA

Depois do sexo, ele me leva para o quarto e deitamos na


cama, estou em seus braços e Alexei acaricia meus cabelos,
sussurrando palavras carinhosas em meu ouvido, até que sinto seu
corpo ficar tenso e ele me solta, levantando rapidamente da cama.
— Droga, eu esqueci. — Ele sai correndo pelado pela porta e,
quando volta, está com uma caixinha vermelha de veludo na mão.
— Eu tenho um presente para você, finge que eu te entreguei junto
com a sobremesa e não depois de algumas rodadas de sexo.
— Não sei, meio que prefiro assim mesmo — falo e ele sorri,
então se joga na cama e abre a caixinha, revelando uma pulseira
linda, cheia de diamantes e com um pingente em formato de rosa
pendurado. — Alexei, é lindo.
Levo as mãos até a boca e tento tapar a minha admiração, a
peça é maravilhosa e tenho certeza que custou uma fortuna.
— Não tão lindo quanto você — ele responde e tira a joia da
caixinha, pedindo minha mão e colocando em meu pulso. — O
pingente tem um localizador, é só uma medida de segurança, mas
se for possível peço que nunca tire, mandei fazer algo leve e
delicado para você conseguir usar sempre.
— Entendo — falo e avalio o pingente, mas não parece que
tem algo nele, se ele não tivesse falado eu jamais iria imaginar. —
Prometo que não vou tirar.
— Gostou?
— Muito, de tudo, Alexei, essa noite foi perfeita, como todos os
momentos ao seu lado são — digo e ele me beija com carinho nos
lábios.
— Você é perfeita, Patrícia, eu te amo tanto — sussurra contra
minha boca, então prende meu lábio inferior entre seus dentes, me
arrancando um gemido contido.
— Também te amo, agora vem aqui. — Envolvo seu pescoço
com os braços e ele se coloca no meio das minhas pernas
novamente, logo seu pau já está duro e pronto para mais uma
rodada, não demora muito para estarmos novamente perdidos um
no outro, fazendo amor.
Tomamos café ainda no apartamento e depois voltamos para
casa, eu estou com sono, então aproveito que Alexei foi trabalhar
para tirar um cochilo no meu quarto.
Faz dias que não durmo aqui, na verdade, desde que ficamos
juntos pela primeira vez Alexei me fez ficar no quarto dele e quem
sou eu para reclamar?
Só venho para o meu quarto para trocar de roupa e, de vez em
quando, dormir à tarde.
Entro no quarto claro e iluminado, bem diferente do dele, indo
direto para o banheiro, minha bexiga está explodindo, mas quando
volto vejo um envelope branco em cima da cama.
Não lembro de ter visto algo aqui quando entrei, mas estava
tão apressada que, provavelmente, passou despercebido.
Ele está fechado com uma fita de cetim rosa e é bem bonito,
talvez seja mais um dos presentes de Alexei, ele adora me deixar
bilhetes quando sai para trabalhar, seja na cabeceira da cama ou
por mensagem no celular.
Abro animada e curiosa para saber o que tem dentro, mas
nada poderia me preparar para o que leio a seguir:

Olá filha
Achou que poderia escapar de nós assim tão fácil?
Somos sua família, eu disse que não te deixaríamos para trás,
não disse?
Agora, é melhor que você não tenha nenhuma ideia estúpida e
ligue para o seu marido que, segundo meus informantes, já não é
mais de mentira, não é mesmo?
Você realmente fisgou o trouxa do Ivanov, está de parabéns,
filha, isso vai nos ajudar ainda mais em nosso plano e, só para que
você saiba, se contar a ele sobre essa carta, você e seu filho
morrem hoje mesmo, estamos entendidos?
Acredito que sua resposta seja sim, já que continua lendo,
então vamos lá, o plano de Nikolai continua em andamento e é aqui
que você entra, querida filha.
Na hora certa entrarei em contato, será logo e antes desse
bebê nascer, quando isso acontecer é melhor você seguir as minhas
ordens, para o bem do meu querido netinho.
Só para garantir que você não fará nada estúpido, junto deste
bilhete tem algumas fotos que comprovam o quão fácil é chegar até
você, e mais fácil ainda até a criança que você carrega, afinal,
imagina se você acaba consumindo algo envenenado ou com
medicamentos que façam mal a vocês?
Uma mulher grávida precisa tomar todo o cuidado possível,
você sabe como é, por isso seja uma boa menina e faça o que seu
pai está mandando, no final estaremos juntos novamente, como
uma família.
P.S: Queime o bilhete e as fotos logo depois de ler e lembre-
se, eu saberei se não tiver feito isso.

Droga, droga, droga, droga…


Sinto meus joelhos falharem e meu coração acelerar, não de
uma forma boa, por isso sento na cama e tento respirar fundo.
Não é possível, o que meu pai pode querer comigo?
Nikolai morreu, aquele diabo está no inferno há um bom
tempo, queimando e sofrendo como bem merece, por que meu pai
está fazendo isso?
E que plano é esse? Será que ele vai me sequestrar e pedir
resgate para Alexei? Talvez assim eles consigam o dinheiro que
Nikolai prometeu que daria depois do plano estar completo.
Na época não prestei muita atenção no que estavam falando,
só lembro de partes da conversa, já que estava assustada demais
para conseguir processar tudo o que estava acontecendo, mas
lembro de Nikolai comentar algo sobre as fases do plano e como só
terminaria com Alexei morto.
Ele ia garantir que meu filho fosse o próximo na linha de
sucessão e ele o educaria como achasse melhor, dentro dos seus
princípios deturpados, para ser um soldado fiel a ele e seguir com
seu plano de matar o Pakhan, para que sua família assumisse o
lugar de maior poder da Bratva.
Alexei me contou o que seu pai fez, como tentou matar o
herdeiro para acabar com a linhagem dos Petrov, para poder
assumir seu lugar.
Ele queria que os Ivanov fossem os próximos no poder, mas
deu tudo errado e a Bratva fez justiça.
Nikolai foi executado e seu plano falhou, bem, nem todo ele, já
que o filho que carrego é a prova de que ele pensou em tudo, até
mesmo em prender Alexei a uma mulher que, segundo ele, seria
somente uma porca parideira.
Acho que ele jamais imaginou que o filho pudesse se
apaixonar por alguém como eu, nem eu pensei em algo assim, até
agora não consigo acreditar em tudo o que aconteceu nas últimas
semanas ao lado de Alexei e em como nosso amor cresce mais a
cada dia.
É por isso que tiro as fotos de dentro do envelope e as jogo na
cama, assustada demais para conseguir manter minhas mãos
firmes, encaro cada uma com perplexidade.
São imagens capturadas de forma amadora, a primeira sou eu
almoçando sozinha, a segunda é uma foto minha com Alexei
sentados no sofá, trocando carícias, tem outra de um bolo de
chocolate, que reconheço ser o mesmo que comi ontem de tarde.
Outra foto, ainda mais surpreendente, é da câmera de
segurança do hospital, reconheço pelo ângulo e pela forma que
captura o momento exato que Alexei ouviu os batimentos cardíacos
do nosso bebê, eu lembro de o médico estar usando um jaleco azul,
da forma com que Alexei segurava minha mão e do seu terno todo
preto.
Depois tem fotos de Alexei sozinho em seu escritório aqui em
casa, outras dele na rua e até dentro do seu carro, todas as fotos
indicam que meu pai, de alguma forma, tem pessoas infiltradas
dentro dessa casa e na equipe de segurança, não seria possível
conseguir essas imagens se não fosse isso.
Mesmo que Alexei garanta que todos aqui sejam de confiança,
como posso acreditar nele agora?
E se eu falar algo e nos atacarem aqui dentro mesmo?
E se acontecer algo com nosso bebê?
Eu jamais me perdoaria por ter posto meu filho em perigo, não,
meu pai está falando sério, ele é uma criatura tão malvada quanto
Nikolai era, e fará qualquer coisa por dinheiro.
Se a Bratva está atrás deles é porque seus dias estão
contados, ele e meus irmãos devem estar desesperados e pessoas
assim são capazes de qualquer coisa.
Até mesmo machucar a própria filha, se isso significar que ele
ganhará algo em troca.
Não tenho dúvidas que meu pai irá ao extremo.
CAPÍTULO 22

ALEXEI

Patrícia ficou estranha depois que voltamos do nosso primeiro


encontro oficial, não sei se foi por tudo o que aconteceu e o que
significou aquela noite, ou se ela só está preocupada com o fim da
gravidez.
Seja como for, ela está me evitando e até dormiu em seu
próprio quarto, coisa que não fazia desde que ficamos juntos a
primeira vez.
Tentei conversar com ela, perguntar se tinha algo a mais
acontecendo, mas ela disse que está dormindo mal e que prefere
ficar sozinha para não me acordar a noite toda.
Ela realmente se vira bastante enquanto dorme e é difícil
encontrar uma posição confortável, mas eu não me importo, só
quero estar ao lado da minha mulher, que agora tem me evitado até
na cama.
Nós ainda tomamos café da manhã juntos e trocamos beijos e
carícias, mas sinto que quando as coisas esquentam ela se afasta e
isso me incomoda.
Nós temos em torno de três semanas até Bjorn nascer e
Patrícia optou pelo parto normal, só se for realmente necessário ela
aceitará fazer uma cesárea, o médico disse que ela e o bebê estão
bem, então tem grandes chances de ela conseguir.
Mesmo assim eu fico preocupado e acredito que seja por isso
que ela esteja tão distante.
Se, para mim, imaginar a dor do parto é algo terrível, não
posso nem supor o que ela está pensando agora.
Por isso queria que se abrisse mais comigo, que conversasse
sobre o que a aflige e, talvez, eu pudesse deixá-la mais tranquila,
afinal um relacionamento precisa ser construído com base na
confiança.
Não sei, essa distância entre nós tem me torturado dia e noite.
Abro a porta do quarto do bebê e a encontro lá dentro, sentada
na poltrona, acariciando a barriga, enquanto olha para o berço e
conversa com nosso filho.
Ela está tão linda, usando um vestido longo e rosa, seus
cabelos estão presos em um rabo de cavalo que deixa seu pescoço
à mostra.
— A mamãe vai cuidar de você, meu amor — ela fala e então
se vira ao ouvir eu me aproximar.
— O papai vai cuidar de você — A abraço por trás, colocando
minhas mãos em cima das dela —, e da mamãe também —
complemento e beijo seu rosto. — Como você está?
— Cansada, inchada, pesada, já perdi a noção de espaço e
tempo, só quero que ele nasça logo, sabe? — ela responde e sua
voz realmente soa exausta e triste.
— Logo ele estará aqui, em nossos braços — digo e Patrícia
respira fundo, mas não fala nada. — O que está acontecendo,
amor?
— Não é nada, só não vejo a hora dessa parte terminar —
responde.
— O médico disse que ele já está virado, não deve demorar
muito. Até lá, descanse um pouco, essa poltrona é bem confortável
e tem a função de massagem. — Mostro o painel de controle no
móvel branco que pedi especialmente para ela.
— Você pensa em tudo... Obrigada, amor, por isso — sua voz
sai embargada de emoção e posso jurar que vejo uma lágrima
escorrendo pelo seu rosto, porém ela logo a seca e abre um sorriso
triste, que não chega aos olhos. — Uma grávida emotiva, desculpa.
— Não tem porquê se desculpar, eu te amo assim mesmo.
Quando vou beijá-la, a porra do meu celular decide que é a
melhor hora para tocar.
Droga, se está tocando é porque é Vincent ou Charles.
— Desculpa, preciso atender — digo já pegando o aparelho,
mas antes de aceitar a chamada, eu beijo seus lábios com carinho.
— Vai ficar tudo bem, eu prometo.
Então atendo e saio do quarto, dando o espaço que ela parece
querer, caminho até meu escritório e fecho a porta atrás de mim.
— Fala — digo assim que vejo o nome de Charles no visor.
“Isso é jeito de atender seu melhor amigo? Especialmente
quando ele vem trazendo notícias boas?”
— Não estou com paciência para isso hoje, Charles, fala logo,
por que você me ligou a essa hora? — Ele sabe que durante o café
da manhã eu não gosto de ser incomodado e ainda falta uma hora
para meu horário normal de sair de casa.
“Dimitri conseguiu rastrear um dos irmãos da Patrícia, John foi
visto em um bordel ontem à noite, o Pakhan conseguiu rastrear seus
passos até uma casa abandonada, estamos indo para lá agora
mesmo.”
— Porra, me manda o endereço — ordeno, pegando meu
casaco e praticamente correndo pelo corredor.
Dou uma última olhada para a porta do quarto de Bjorn, mas
resolvo deixar Patrícia tranquila e não me despedir dela, nós
podemos conversar à noite, depois que eu pegar o restante da sua
família e fazê-los pagar por tudo o que fizeram a minha esposa.
Corro até a garagem e dou a ordem para os seguranças me
seguirem, entro no meu carro e dirijo com pressa pelas estradas.
O local indicado por Charles fica em uma área perigosa de
Moscow, meu carro vai chamar atenção, mas ninguém é louco o
suficiente para se envolver com a Bratva, especialmente na nossa
cidade.
Quando os prédios luxuosos começam a se tornar
condomínios de baixo padrão e, depois, casas simples e pequenas,
sei que estou próximo e a adrenalina do momento começa a fluir
pelas minhas veias.
O GPS avisa que estou no local certo quando paro em frente a
uma casa, a pintura descascada e suja da fachada não esconde as
condições do ambiente, no quintal tem vários móveis velhos jogados
e, ao lado da porta principal, vejo um sofá verde todo rasgado com
dois cachorros deitados em cima.
Eles já foram controlados pelos meus homens quando entro no
local, o cheiro podre invade minhas narinas e preciso de um tempo
para me acostumar.
No lugar que imagino ser a sala encontro Charles com a arma
apontada para a cabeça de John Gerald, um dos irmãos de Patrícia.
O homem está completamente sujo, a calça rasgada cai aberta
em sua cintura, mostrando uma cueca que já não é branca há muito
tempo, assim como a camiseta encardida, ele parece bêbado
enquanto tenta se manter de joelhos, visto que está com as mãos
amarradas nas costas.
Seu rosto se ergue com dificuldade quando percebe que estou
aqui e posso ver algumas poucas semelhanças com Patrícia, como
o cabelo loiro e os olhos verdes, mas é só isso mesmo, porque o
sorriso presunçoso em seus lábios e a forma debochada com que
me encara não parecem em nada com a minha esposa.
— Finalmente meu querido cunhado resolveu se juntar à festa
— fala e Charles o acerta com um soco no rosto, abrindo a
sobrancelha do homem que, quando volta a me olhar, não tem mais
o sorriso desafiador.
— Cala a boca, filho da puta — Charles ordena com a voz
firme.
— Ou o quê? Vai me bater de novo? — John provoca e,
quando Charles volta a apontar a arma para ele, o desgraçado sorri,
vejo meu amigo respirar fundo para se controlar. — Sabe que não
pode me matar, afinal, eu sou sua única pista há muito tempo, não é
mesmo?
Ele sabe que não vamos matá-lo sem antes descobrir aonde
seu pai e irmão estão, por isso consegue ficar confiante mesmo com
uma arma apontada para a sua cabeça.
— Não, nós não vamos matá-lo — falo e Charles abaixa a
arma, dando dois passos para trás. — Vamos fazer muito pior —
aviso tirando meu casaco, entrego para um dos meus homens e
começo a dobrar as mangas da minha camisa. — Aonde está o
Vincent?
— No quarto imundo dessa espelunca, preparando os
materiais — Charles responde.
— Avise para ele que esse daqui é meu — falo e acerto o
primeiro soco no rosto de John.
— Ele não vai gostar nada de ficar de fora, sabe como Vincent
é com torturas — Charles comenta, mas nesse momento, estou
pouco me fodendo para o vício perturbador do meu amigo em infligir
dor nas suas vítimas.
— Isso aqui não é sobre ele, Charles, controle seu… controle
nosso amigo, eu não quero ser interrompido.
— Alexei…
— Agora, porra — a ordem sai mais alta do que costumo falar
e Charles percebe, porque estou a ponto de perder o controle, algo
que nunca acontece.
— Tudo bem — ele aceita. — Vai fazer aqui ou quer usar as
ferramentas do Vincent?
— Vamos levar esse desgraçado lá para trás, eu quero ele
pendurado pelos pulsos — informo e meu amigo concorda com a
cabeça, então faz sinal para os homens pegarem John e, quando
eles estão atrás dele, finalmente vejo seu olhar mudar de afronta
para medo.
— Hey, cunhado, não precisa fazer isso, eu te conto tudo o
que você quiser saber, eu juro — John começa a falar.
— Acha mesmo que vou acreditar em qualquer coisa que saia
da sua boca nesse momento? — Aponto e tiro minha gravata. — Eu
só vou aceitar informações que saiam com gritos de dor, só assim
saberei que são verdadeiras.
— Não… por favor… — Então ele começa a querer lutar
contra os homens, o que é inútil, porque eles o arrastam até um
quarto nos fundos da casa e jogam uma corda em uma viga
aparente, depois amarram nas algemas que prendem os pulsos de
John e o erguem como se fosse uma carcaça no açougue.
Ele continua pedindo para parar e, quando seus pés saem do
chão, os gritos são mais de dor do que qualquer palavra que ele
consiga produzir, já que as algemas começam a apertar seus pulsos
e entrar na carne.
— Você não aguenta muita dor, não é mesmo, cunhado? —
Agora é a minha vez de debochar e John cospe no chão, desafiador,
prendendo a mandíbula para controlar os gritos. — Uma pena, eu
prefiro minhas vítimas mais resistentes.
Pego uma faca das ferramentas que Vincent havia preparado
e, pelo canto do olho, vejo meu amigo de braços cruzados e
escorado na parede, logo ao seu lado está Charles, provavelmente
controlando a fera.
Vincent costuma entrar em um frenesi quando está torturando
alguém e isso também acontece quando ele assiste, então ele vai
querer participar, mas hoje não é sobre ele e preciso que me deixe
fazer isso sozinho.
— Você não pode me ferir, por favor... Eu te conto o que você
quiser saber, eu prometo, só me solta, essas algemas vão quebrar
meus pulsos — John implora.
— Deveria se exercitar mais, cunhado — debocho dele e corto
a camisa suja que cobria seu torso, expondo a barriga grande e
peluda. — Agora vamos lá, eu quero a localização do seu pai e
irmão e quero saber como vocês saíram daquele avião. Por que
continuam com o plano do meu pai?
— Eles estão escondidos, mas eu já não sei aonde, eles foram
movidos depois que eu sai — ele responde e, como não é uma
resposta satisfatória, pego o bisturi e levo até seu peito, então enfio
a lâmina afiada e retiro seu mamilo direito, fazendo o homem urrar e
se debater de dor.
— Movidos por quem? Você disse que ia colaborar, isso aqui é
sua culpa. — Indico o pedaço de carne, que jogo no chão, e volto a
olhar para ele. — Agora vou perguntar só mais uma vez, aonde está
seu pai e seu irmão?
— Eu não sei, eu juro, por favor, não, não, não… — ele pede
quando me aproximo. — Eles vão entrar em contato com você daqui
a pouco, eu juro — confessa quando o bisturi está bem próximo do
seu outro mamilo.
— Como?
— Celular… tenho um aparelho escondido na casa…
— Fala logo aonde está.
— Debaixo do sofá, na entrada — ele confessa e faço sinal
para os homens procurarem, alguns segundos depois eles voltam
com um aparelho antigo que só faz chamadas.
— Muito bem, agora estamos chegando a algum lugar — digo
e ligo o aparelho, mas não tem nenhum número gravado, nem
ligação recebida. — Droga.
— Eles vão entrar em contato.
— Quando?
— Daqui a pouco, eu juro.
— E o que você espera que eu faça até lá? Sente e aguarde?
— questiono sem esperar respostas — Até lá, eu quero saber como
vocês saíram daquele avião.
— Nós nunca decolamos — ele explica, contendo gemidos de
dor. — Os homens de Nikolai estavam lá dentro e, assim que eles
deram o sinal, todas as câmeras que filmavam o avião congelaram e
nós saímos, lá embaixo tinha uma caixa para nos transportar para
fora do aeroporto sem ninguém perceber.
— Impossível, Dimitri teria percebido algo assim — comento e
encaro Charles, que entende o que eu quero e logo se retira do
local.
— Aí eu já não sei, isso foi o que os capangas do seu pai nos
falaram, só sei que deu certo.
Sua explicação não me convence e, por isso, volto com o
bisturi e agora não pergunto nada, só abro um corte na lateral das
suas costelas, não tão fundo para chegar aos ossos, mas fundo o
suficiente para doer muito, e o desgraçado grita de dor como um
porco no abate, o filho da puta se debate ainda mais e tenta brigar
contra as amarras.
— É inútil — aviso, mas ele não para por um tempo, então
espero e, quando John cansa de gritar e se debater, volto a falar. —
Agora me responda a última pergunta: por que continuar com os
planos do meu pai?
— Você acha que aquele desgraçado nos deixou com alguma
opção? O filho da puta planejou tudo, mesmo depois de morto seus
planos continuam.
— Como assim?
— Acha mesmo que pegou todos os traidores envolvidos com
Nikolai? — ele desafia e depois solta uma gargalhada. — Você é tão
burro quanto ele falava mesmo, eles estão em todo lugar, não são
só soldados da Bratva, seu pai estava formando uma organização
secreta por baixo dos panos.
CAPÍTULO 23

PATRÍCIA

Assim que escuto Alexei sair correndo de casa, meu coração


se quebra um pouco mais, queria tanto poder falar para ele
exatamente o que está acontecendo, mas tenho medo de que algo
aconteça, tanto a ele quanto ao nosso filho.
Meu pai deixou claro que pode fazer isso e tenho certeza que
ele fará, seja qual for seu motivo para continuar com os planos de
Nikolai.
— Senhora Ivanova, chegou a hora — Dona Maria avisa da
porta.
— Não estou com fome, dona Maria — respondo e me viro
para ela, mas a mulher me parece estranha, a começar por suas
roupas, que não fazem parte do seu uniforme habitual.
Ela está usando uma calça e camiseta preta, o cabelo branco
foi amarrado em um rabo de cavalo e não no coque que
normalmente usa, o sorriso em seu rosto não é carinhoso.
— O plano está em ação, a senhora precisa me acompanhar
sem fazer escândalo, preciso acrescentar.
— Acompanhar?
Seu sorriso se alarga ainda mais conforme ela caminha
lentamente em minha direção e vejo uma arma em sua mão.
Só então percebo o que está acontecendo, ela faz parte dos
planos de Nikolai, é claro que sim, quem teria acesso irrestrito a
toda a mansão e conseguiria fazer as fotos que foram entregues a
mim?
Tinha que ser ela ou alguma funcionária, mas eu jamais
suspeitaria de dona Maria.
— Seu carro está à espera. — Ela faz um gesto com a mão,
indicando o corredor. — Por favor, não temos muito tempo e eu não
quero ter que usar sedação em uma mulher grávida, não faz bem
para o nosso herdeiro.
Suas palavras são uma ameaça e sei que não tenho opção, ou
vou com ela, por livre e espontânea vontade, ou ela dará um jeito de
me tirar daqui a força.
Em um pensamento rápido, passo em sua frente, garantindo
que ela não consiga me ver quebrar a pulseira que Alexei me deu,
tirando somente o pingente e deixando o restante cair no chão,
guardo a única coisa que importa no vão dos meus seios.
— Por que está fazendo isso? Achei que você fosse leal a
Alexei — questiono, tentando tirar o máximo de informações
possíveis, é isso que os homens fazem nos livros quando são
capturados.
— Sou leal à Ordem e a mais ninguém — ela responde
confiante, então me leva até o andar de baixo e vejo duas
empregadas saírem da cozinha com o semblante preocupado.
— Senhora Ivanova, algum proble… — uma delas fala, mas
dona Maria atira na cabeça da mulher, logo depois faz o mesmo
com a outra, que tenta se proteger atrás da mesa de jantar, mas não
adianta, ela leva um tiro no meio da testa e vejo respingos de
sangue mancharem a parede atrás dela.
Ela acabou de matar duas pessoas.
Dona Maria, a mulher que eu confiava e gostava, é uma
assassina.
Meu coração bate tão rápido, que sinto que vai sair pela boca,
quando encaro os corpos das mulheres no chão, as poças de
sangue já começam a se formar e seus olhos continuam abertos,
porém sem vida.
— Por quê? — questiono levando as duas mãos à boca, mas
ela me ignora e segura meu braço com força.
— Droga, precisamos ir agora. — Dona Maria me conduz até a
porta e me faz caminhar rápido, quase correndo, até o carro que nos
espera na entrada, então Manoel abre a porta de trás e entramos.
Assim que estou no banco e o veículo entra em movimento,
alguém coloca uma venda nos meus olhos e prende minhas mãos
com algum plástico duro, que machuca meus pulsos.
Eu não sei mais o que falar, não consigo ver para onde vamos,
também não importa, o localizador está ativo e Alexei vai nos
encontrar, eu sei que vai.
— Pegue o celular dela — alguém dá a ordem, é uma voz
feminina, então deve ter mais gente no carro.
Alguém tira o celular das minhas mãos com brusquidão, então
escuto o vidro elétrico abrir e logo depois fechar.
— Droga, eles estão nos seguindo — Manoel avisa e o carro
começa a correr ainda mais pela estrada, fazendo movimentos
bruscos.
— Abra a janela e atire, eles não vão atirar de volta, não
quando estamos com ela no carro — dona Maria fala e então escuto
uma sucessão de tiros logo atrás de mim, que me deixa surda por
um momento.
— Essa merda é blindada — a voz feminina fala e reconheço a
cozinheira, Karla, ela era uma mulher tão legal e atenciosa, por que
está fazendo isso?
— Liga pra ele — Manoel dá a ideia. — Avisa que vamos
matá-la se não recuarem.
— Está cedo demais, deveríamos entrar em contato só quando
o alvo estivesse seguro — dona Maria responde.
— Foda-se, eu não vou conseguir despistar eles nesse
trânsito, liga para o filho da puta agora e faz ele mandar seus
homens recuarem — Manoel manifesta exaltado.
Depois de alguns segundos sem ninguém falar nada, escuto a
voz de Alexei, vinda de um celular no meu lado esquerdo.
“Dona Maria, o que está acontecendo? A senhora está bem?
Todos os alertas da mansão foram ativados.”
— Manda a porra dos seus homens recuarem ou ela morre,
entendeu? — dona Maria grita no telefone. — Agora mesmo, Alexei,
nós não estamos brincando.
“Filha da…”
Não consigo ouvir a conclusão do xingamento porque a ligação
acaba, mas poucos minutos depois sinto o carro diminuir a
velocidade e Manoel para de fazer curvas.
— Deu certo, agora vai, ele está esperando — a outra mulher
comenta atrás de mim. — Fica calma, princesa, não queremos um
parto dentro do carro, respira fundo.
Só então percebo que estou ofegante e que abraço minha
barriga, na tentativa de proteger meu bebê das pessoas a minha
volta.
— Você não tem o que temer, Patrícia, seu pai e irmãos
garantiram que você estará a salvo, mesmo depois do herdeiro
nascer, afinal ele precisará de uma mãe, pelo menos por um tempo
— dona Maria avisa.
— Eu não vou deixar vocês fazerem mal ao meu filho — digo e
escuto a risada dos três.
— Essa criança nunca foi sua, o destino do pequeno Bjorn foi
escrito antes mesmo de ele ser implantado e não há nada que você
possa fazer contra isso — dona Maria informa.
O que será que eles estão planejando?
Qual é o destino do meu bebê?
O que é essa ordem da qual Maria falou?
São tantas as perguntas que não posso fazer, estou com tanto
medo e confusa, mas me mantenho firme e respiro fundo,
inspirando e expirando com calma para me controlar, afinal, meu
bebê está pronto e, como o médico disse, ele pode vir a qualquer
momento, só peço que ele espere mais um pouco.
Papai vai nos salvar, meu amor.
É difícil saber quanto tempo estamos nos movendo, mas
parece uma eternidade, até o momento que o carro desacelera e
para, só então a venda é retirada dos meus olhos e posso ver um
armazém em minha frente.
Assim que a porta é aberta, percebo que já está escurecendo
e a neve cai como chuva lá fora, o vento frio me faz arrepiar, saímos
correndo e eu estou só com uma blusa de lã por cima do vestido.
Dona Maria é a primeira a descer e me puxa para acompanhá-
la, o vento frio atinge minha pele como se fosse pequenas agulhas
enquanto corremos até a entrada do armazém e, assim que
passamos pela porta, vejo muitos homens e mulheres armados.
Dona Maria corta a braçadeira que prendia minhas mãos e
sinto a dor que elas deixaram.
Alguns dos homens eu reconheço como antigos funcionários,
que trabalhavam na mansão quando cheguei lá, mas a maioria não
me é familiar.
— Continue andando — Maria fala atrás de mim. — Não olhe
para os lados e erga essa cabeça.
São ordens diretas que me fazem lembrar do que Alexei me
falou um dia: “Não abaixe a cabeça para ninguém, nem para mim.”
É por isso que mantenho minha cabeça erguida e arrumo a
postura, se vou encarar o perigo de frente, farei isso como uma
Ivanova.
— Ao herdeiro da Ordem dos Mestres — uma voz conhecida
fala alto nos fundos do local e todos os homens e mulheres batem
continência.
Enquanto eu caminho pelo corredor formado por eles, todos
me olham com algo como admiração, como se eu fosse alguém
importante aqui.
Então vejo meu pai e meu irmão, Ryan, do lado deles está
outro homem um pouco mais velho, ele é alto, tem a barba e os
cabelos brancos, veste um terno preto e luxuoso, mas o que me faz
arrepiar é a forma com que ele me encara, com um sorriso
amarelado e o olhar desafiador.
— Patrícia Ivanova, a mãe do herdeiro finalmente está entre
nós — ele cumprimenta, descendo os degraus em minha direção. —
Me chamo Ikrham Kiev, sou o líder temporário da Ordem dos
Mestres, uma organização criada por Nikolai Ivanova, e que, no
futuro, será do herdeiro que você carrega em seu ventre.
CAPÍTULO 24

ALEXEI

— Filha da puta — grito no telefone, mas dona Maria já


desligou e a linha fica muda. — Patrícia está em perigo!
— Como assim? — Charles questiona, vindo até mim com
Vincent logo atrás.
— Eles usaram esse desgraçado como isca para me tirar do
caminho, minha governanta estava trabalhando para eles. Droga, eu
nunca imaginei.
— Dona Maria? A senhora de idade que trabalha na sua casa
desde antes de você nascer? — Charles pergunta novamente.
— Sim, ela mesma, eu deveria ter desconfiado, porra. — Pego
outra faca e vou até John. — Aonde eles estão?
— Eu não sei, eu juro que não sei. — Enfio a faca em sua
perna antes de voltar a olhar em seus olhos, deixando a raiva tomar
conta de tudo.
— Não vou perguntar de novo — aviso.
— Eu não sei, eles não me falaram, meu pai disse que entraria
em contato com você assim que Patrícia estivesse com eles, que
você não faria nada contra mim até lá…
— Seu pai é um desgraçado, que usa os filhos em seus
joguinhos, e quer saber de uma coisa? Eu não vou te matar — falo e
ele parece respirar aliviado, mesmo com a dor em sua perna. — Vou
te deixar com meu amigo aqui. — Aponto para Vincent ao meu lado,
que dá um sorriso macabro, e posso imaginar o que ele está
planejando.
— Não, por favor, Alexei, por favor, eu te conto tudo, todos os
planos dele, eu conto tudo, só não me mata, por favor... — John
choraminga.
— Desembucha logo — exijo.
— Eles tem uma organização, a Ordem dos Mestres, que foi
criada pelo seu pai para derrubar a Bratva — ele começa a contar
com a voz desesperada. — Eu não sei como ele pretendia fazer
isso, meu pai, meu irmão e eu, só entramos nessa por causa da
dívida de jogo, mas aí as coisas começaram a piorar e descobrimos
que eles tinham planos para nossa irmã.
— Quer dizer que vocês não sabiam sobre a inseminação
artificial que Nikolai iria fazer na sua irmã? — questiono.
— Não, só soubemos depois, nós já estávamos fazendo
serviços para ele antes, mas nada era suficiente, então um dia ele
veio na nossa casa e anunciou que Patrícia carregaria o herdeiro da
família Ivanov, nós não tivemos escolha, ou aceitávamos ou todos
morreriam, inclusive ela.
Porra, meu pai era um desgraçado mesmo e tudo isso é culpa
dele e do seu maldito plano para derrubar a Bratva.
— Continue.
— Depois que Nikolai foi executado, pensamos que o plano
havia acabado, que estaríamos livres dele e das suas ordens, e que,
talvez, pudéssemos resgatar Patrícia e cuidar dela.
— Como vocês cuidaram dela enquanto ela crescia como uma
escrava dentro da própria casa? Era isso que vocês queriam?
— Nós fizemos o melhor… — Dou um soco em sua cara antes
que continue, não vou ficar aqui ouvindo besteira desse desgraçado.
— Não quero saber o que vocês planejavam para a minha
mulher, mas sim o que aconteceu depois que meu pai morreu.
— Outro homem apareceu em nossa casa, logo depois que
seu pai foi executado, Ikrham Kiev, ele se apresentou como líder
substituto da Ordem e disse que nossa missão não havia acabado.
— O que mais?
— Ele disse que o filho de Patrícia seria o novo líder da
Ordem, como planejado por Nikolai, que somente um Ivanov
legítimo poderia assumir o lugar dele.
Porra, eles querem o meu filho!
Não é possível, que organização é essa que eu nunca ouvi
falar? Como, diabos, eles conseguiram passar despercebidos pelos
olhos da Bratva por tantos anos?
Afinal, meu pai não estava planejando isso há pouco tempo, ao
que tudo indica, seus planos vem desde antes de eu nascer.
— O que eles vão fazer com ela? — questiono.
— Patrícia é considerada uma rainha dentro da Organização,
ela carrega o herdeiro e vai criá-lo até que ele esteja pronto para a
doutrinação, é assim que eles chamam o treinamento das crianças
— John responde assustado. — Nós só descobrimos isso há pouco
tempo, eu juro, não sabíamos de nada até sermos retirados daquele
avião, levados a força para um esconderijo no meio do nada.
— Aonde fica esse esconderijo?
— Eu não sei, fomos sedados até chegar lá e, quando
acordamos, estávamos cercados por soldados, Ikrham contou seu
plano e ficamos lá até agora.
— E ontem, quando você saiu, não viu nada que pudesse nos
dar uma dica de onde fica esse lugar? — pergunto na esperança de
que ele saiba de alguma coisa.
— Eles me apagaram de novo, cara, eles não confiam em
ninguém.
— Porra — esbravejo, sem acreditar que não tenho nada, nem
uma pista para encontrar Patrícia, eu preciso saber aonde ela está e
se está bem, se nosso filho está bem.
O celular toca em minha mão, vejo o número desconhecido no
visor, mas já sei quem é antes mesmo de atender.
— Aonde está a minha mulher? — questiono sem perder
tempo.
“Sua mulher? Achei que esse fosse um casamento falso” Karl
Gerald ri do outro lado da linha. “Não se preocupe, minha filha e
meu neto estão seguros, eles estão em família.”
— Corte essa baboseira e fale logo o que você quer para
deixar minha família em paz, eles não tem nada a ver com isso, são
inocentes.
“Está enganado, Patrícia é peça fundamental no plano da
Ordem, afinal, ela carrega nosso líder em seu ventre, e não adianta
gritar ou espernear. Também acho bom que John continue vivo.”
— Ele está, por enquanto. Agora fala o que você quer em troca
da minha mulher e do meu filho? — praticamente imploro por algo
que possa usar para resgatá-los, fico atento à ligação, tento
identificar outras vozes ou algum som do mar, chuva, qualquer
coisa, mas não recebo nada.
“Você faria qualquer coisa por eles, não é mesmo?”
— Sim, qualquer coisa — respondo sem precisar pensar.
“O que queremos de você é o mesmo que seu pai queria, que
assuma seu lugar na Ordem.”
— Meu pai não faria isso, ele não confiava em mim.
“É exatamente por isso que você vai provar sua lealdade.”
— Como posso fazer isso?
Enrolo um pouco na ligação, enquanto Vincent entra em
contato com Dimitri, assim que meu amigo faz sinal positivo, sei que
essa chamada está sendo gravada e eles estão tentando rastrear a
ligação.
“Assassinando o Pakhan, você tem dez horas, Alexei.”
— Eu não posso… — começo a falar, mas a ligação é cortada
bem nessa hora. — Droga, ele desligou, vocês conseguiram algo?
— Pakhan, foi tempo o suficiente? — Charles questiona,
depois espera uma resposta, então faz sinal negativo com a cabeça.
— Eles conseguiram rastrear uma parte da chamada, que garante
que a ligação foi feita em solo russo, porém não sabemos aonde.
— Droga — esbravejo com ódio e desespero. — Aonde ela
está?
— Vor Petrov gostaria de falar com você. — Charles me
entrega seu celular.
“Alexei, você deu a joia para Patrícia?” Dimitri questiona e uma
pontada de esperança toma conta de mim.
— Sim, ela prometeu que não iria tirar. Droga, por que não
pensei nisso antes?
“Vou rastrear o sinal, mesmo que eles tenham dispositivos de
bloqueio, isso nos dará um ponto de partida.”
Escuto o barulho do teclado enquanto Dimitri trabalha do outro
lado da linha e saio do quarto, indo em direção ao meu carro.
— Vincent, você ficará responsável pelo John, faça-o falar,
mas não o mate, podemos precisar desse desgraçado no futuro —
ordeno e meu amigo acena com a cabeça. — Charles, vem comigo,
vou precisar de você no resgate da minha mulher.
— Sim, só preciso falar com Vincent antes e…
— Você pode falar com seu namorado depois — falo sem
pensar e ambos me encaram assustados.
— Se você sabe que ele é meu namorado, deve saber que eu
estou saindo em uma missão de resgate e que vou me despedir
dele antes — Charles avisa e se vira para beijar Vincent, na frente
de todo mundo.
— Se cuida — Vincent pede, correspondendo ao beijo, depois
me lança um olhar cheio de significado. — Cuida dele — pede e eu
faço que sim com a cabeça.
— Você também, não perde a cabeça.
— Vou tentar.
Então eles se soltam e Charles entra no banco do motorista,
enquanto eu me sento no do passageiro.
A cena toda me pegou de surpresa, mesmo que eu já
desconfiasse, foi como se eles estivessem se declarando na frente
de todos.
— Não me olha assim, você já sabia, só não tinha coragem de
perguntar — Charles comenta, enquanto dirige com rapidez a
caminho da Central.
— Estava esperando vocês criarem coragem para me contar
— me defendo e ele dá de ombros, segurando firme no volante.
— Vincent e eu estamos namorando, agora temos assuntos
mais importantes para nos preocupar — declara.
Quando vou falar algo, escuto Dimitri do outro lado da linha.
“Alexei, encontrei o último sinal do localizador.”
— Onde?
“Esse é o problema, o sinal desapareceu logo após passar por
Dubna, em uma área completamente deserta, estou com as
imagens de satélite e o veículo simplesmente sumiu, é como se
tivesse entrado em um túnel ou algo assim.”
— Porra, é claro, use o satélite com detector de metais, não
deve levar mais do que vinte minutos para uma área pequena.
“Você acha que eles estão em um abrigo subterrâneo?”
— Sim, provavelmente coberto pela neve nessa época do ano,
também sugiro procurar imagens de alguns meses atrás no mesmo
local, veja se existe alguma construção pequena, ou propriedade
rural, por perto.
“Farei isso” Dimitri responde. “Serguei já está reunindo um
exército, nós vamos encontrá-los, Alexei, eu prometo.”
— E se…
“Não! Não existe outra opção, sua mulher e filho estarão
seguros, eles já deixaram claro que não farão nada contra ela.”
— Não posso confiar neles.
“Eu sei, mas confie em mim, o satélite já está fazendo uma
varredura da área e, assim que você chegar aqui, já terei respostas,
eu garanto.”
— Obrigado, Dimitri.
“Não tem porquê me agradecer, você faria o mesmo por mim.”
— Eles me deram dez horas para te matar — aviso antes que
ele desligue. — Foi a condição imposta para eu provar lealdade à
Ordem.
Dimitri não fala nada por um tempo, até que escuto sua
respiração pesada do outro lado da linha.
“E o que você fará?” pergunta com a voz cansada, Dimitri sofre
ameaças diárias desde o momento em que nasceu, esse é um dos
seus maiores fantasmas.
— Nada, como você disse, nós vamos encontrá-la, eles não
sabem sobre o localizador, temos uma chance — respondo com
mais confiança do que antes. — Eu jamais trairia a Bratva ou o meu
Pakhan.
“Eu confio em você, Alexei, por isso não conte para ninguém
sobre essa parte, eu preciso desligar agora, nos falamos quando
você chegar.”
Com isso, ele desliga e encaro Charles ao meu lado, ele está
com o semblante tão preocupado quanto o meu.
— Eles realmente pediram para você assassinar o Pakhan? —
Charles pergunta.
— Sim — respondo e respiro fundo. — Como condição para
liderar essa tal de Ordem dos Mestres, eu teria que matar Dimitri.
— Você sabe que não sairia vivo de um confronto com o
Pakhan e, mesmo que saísse, Serguei te mataria no instante
seguinte. E eu… bem, nessa eu não te daria cobertura — ele avisa,
meu amigo é leal à Bratva.
— Eu sei, é exatamente isso que eles querem, que eu morra,
mas que leve o Pakhan comigo, seriam dois pelo preço de um.
— Sim, mas você não está pensando em fazer algo, está? —
ele questiona preocupado.
— É claro que não, isso não trará a Patrícia de volta e eu
jamais faria algo contra o Pakhan, eu sou a porra de um membro do
Conselho.
Sou leal à Bratva, especialmente a Dimitri, que é um Pakhan
que merece respeito, ele conquistou isso, provou ser capaz de
liderar e, nos últimos tempos, nos aproximamos bastante, posso
considerá-lo um amigo.
— Bom, por um momento achei que você estava pensando
sobre isso.
— Eu pensei — confesso e Charles me lança um olhar de
canto. — Por isso contei a Dimitri, manter algo assim em segredo só
me faria parecer um traidor.
— Tem razão.
A viagem até a Central parece demorar horas, estou
impaciente e Dimitri ainda não me deu notícias, mas assim que
chegamos na entrada, vejo o exército de soldados e espiãs
movimentando-se de um lado para o outro, os veículos de guerra da
Bratva estão no pátio e as pessoas se organizam, trazendo as
armas para fora.
— Ele realmente preparou o exército — Charles comenta.
— Dimitri é diferente do seu pai, ele é um Pakhan que coloca
os membros da organização em primeiro lugar — aponto e Charles
concorda.
— Vamos salvar sua mulher, Alexei — declara confiante. — Eu
juro, pela minha vida e lealdade, que farei de tudo para ela voltar a
salvo.
— Obrigado, meu amigo. — Dou um tapa em suas costas. —
Quando tudo isso acabar, nós precisamos conversar.
— Sim, depois... — ele aceita e para o carro em frente ao
prédio principal da Central. — Agora vamos, que a porra da guerra
vai começar.
CAPÍTULO 25

PATRÍCIA

Ninguém encosta em mim enquanto caminho pelos corredores


do que parece ser um abrigo subterrâneo, nós descemos vários
andares de elevador até chegar aqui, meu pai e irmão me seguem
de perto e Ikrham caminha ao meu lado, ele estendeu o braço para
que eu me apoiasse nele, mas me recusei a tirar as mãos da minha
barriga.
Preciso proteger meu bebê, só ele importa.
— Logo vamos movê-la para um local mais apropriado, mas
por enquanto precisamos ficar fora dos radares da Bratva, até ser
seguro para você e o herdeiro saírem — Ikrham comenta com um
sorriso no rosto. — Acho que até lá já teremos nosso menino entre
nós e, se Alexei for esperto, estará ao seu lado.
— Alexei, ele está vindo? — questiono, surpresa com essa
informação.
— Nós demos a ele o poder de escolha, ele pode se juntar a
nós e liderar a Ordem dos Mestres, até que seu filho esteja pronto,
ou cair junto com a Bratva — Ikrham declara, então estreita os olhos
ao me encarar. — A escolha é dele.
— Se vocês pensam que Alexei irá trair a Bratva por mim,
estão muito enganados — aviso, porque é verdade, eu conheço
meu marido, ele jamais faria algo contra a organização.
— Um homem é capaz de muita coisa pela mulher que ama,
especialmente quando ela carrega seu único filho — ele responde
—, mas acredito que precisamos esperar para ver, ele tem dez
horas para decidir.
— Alexei vai nos encontrar — falo baixo e eles dão risada das
minhas palavras, mas lá no fundo eu sei que é verdade, de uma
forma ou de outra, logo estaremos juntos novamente.
Papai não vai nos abandonar.
Penso acariciando minha barriga e, como se Bjorn ouvisse
meus pensamentos, sinto um chute na parte de cima, bem aonde
minhas mãos estão, e isso me conforta, só espero que ele não
resolva nascer agora.
Espere só mais alguns dias, meu amor, logo estaremos em
segurança e você poderá vir ao mundo.
— É melhor não criar esperanças vazias, seu destino foi
traçado, Patrícia, você é a mãe do herdeiro e tem posição de
prestígio na organização, mas se nos causar problemas… bem, nós
precisamos do seu filho e não de você — Ikrham ameaça com
seriedade dessa vez e todos os pelos do meu corpo se arrepiam
com sua voz fria e sem emoção.
— Vai ficar tudo bem, Patrícia é uma boa mulher, ela vai criar
nosso herdeiro como um líder e não nos trará problemas — meu pai
esclarece, me lançando um olhar de aviso, ele está vestido com as
mesmas roupas pretas das outras pessoas, meu irmão também, o
que indica que agora fazem parte dessa organização. — Não é
mesmo, minha filha?
Droga, o que eu respondo?
Talvez seja melhor não os enfrentar agora e fingir que estou de
acordo com tudo isso.
— Não farei nada que prejudique meu filho — respondo,
porque essa é a verdade, mas sei que não é o que eles queriam
ouvir, quando vejo meu pai arregalar os olhos.
— Nós jamais faríamos mal ao herdeiro, nisso eu te dou a
minha palavra, a Ordem dos Mestres foi criada para ele, é seu
legado, essa criança vai nascer em berço de ouro, protegido por um
exército e com uma mãe para cria-lo segundo nossas leis — Ikrham
fala, mas é um aviso, se continuarmos aqui, eu não terei autonomia
sobre a criação do meu próprio filho.
— Bem, é melhor deixarmos ela descansar, tenho certeza que
o dia foi emocionante demais para alguém na sua condição — meu
pai fala e Ikrham concorda, ambos se virando para sair, então
percebo que meu irmão está calado demais.
— Vou ficar de guarda — Ryan declara com a voz firme e
séria, ele está com as duas mãos atrás das costas, em uma posição
de respeito.
— Tudo bem, alguém virá com o jantar em alguns minutos,
garanta que ela coma tudo e a mantenha aqui, ninguém, além de
você, terá acesso a essa porta — Ikrham ordena.
— Sim, senhor. — Ryan bate continência e eu assisto
abismada a cena toda, como meu pai e meu irmão mudaram nesses
meses que ficamos separados, antes eles jamais aceitariam ordens
de ninguém, agora estão até batendo continência, como se fossem
soldados treinados.
Olho em volta da sala, reparando em cada detalhe, não tem
janelas, só dutos de ventilação, as paredes são brancas e sem
enfeites ou quadros, a única mobília é uma mesa com duas
cadeiras, uma cama de solteiro e uma cômoda com três gavetas,
em cima dela tem uma TV e um controle.
Ergo o olhar e reparo em uma câmera logo acima da porta de
entrada, meu irmão caminha até lá, mas antes de sair ele para com
a mão na maçaneta.
— Eu vou te tirar daqui, irmã — Ryan avisa com a voz tão
baixa que penso se ele realmente falou comigo ou se foi uma ilusão
da minha mente. — Não responda, só saiba que pode confiar em
mim.
Então ele sai, deixando-me com um enigma, será que posso
mesmo confiar em meu irmão? Afinal, ele faz parte desse plano
todo.
Assim como meu pai e John, Ryan estava nessa desde o
começo, ele ficou calado quando eu fui vendida para pagar as
dívidas deles.
Ele não me defendeu quando fui arrastada de casa para ser
inseminada e ter um filho que eu nunca planejei ter.
Ele não fez nada enquanto eu crescia sozinha dentro da nossa
casa, cozinhando e limpando para eles.
Por que eu deveria confiar no meu irmão justo agora?
Ninguém muda assim do nada, não é mesmo?
Ou será que ele se arrependeu e está tentando corrigir seus
erros?
Fico trancada sozinha no quarto por algum tempo, por isso ligo
a televisão no volume baixo e finjo estar assistindo ao programa de
culinária, que é a única coisa que está passando, enquanto espero.
Quando a mulher já está na segunda receita, a porta se abre e
meu irmão entra com um carrinho e duas bandejas de comida, ele
coloca as duas em cima da mesa e deixa o carrinho de lado, então
vem até mim e estende a mão para me ajudar a levantar.
Recuso a ajuda e me levanto sozinha, olhando para ele com
desconfiança, não consigo acreditar que ele é realmente meu irmão,
seus olhos verdes agora estão fundos e contornados por olheiras
escuras demais, ele também perdeu peso e está mais em forma.
Ryan não sorri, ele só me segue até a mesa e indica a cadeira,
sentando-se de costas para a porta. Percebo que é só para que ele
possa falar sem ninguém ver seus lábios se movendo.
— Pode comer, eles não colocariam nada na sua comida —
ele indica o prato, com um pedaço de frango, arroz e vegetais. —
Coma, irmã, você vai precisar de energia para o que vem aí.
— Aonde está o John? — questiono.
— Com o seu marido, ele foi enviado como distração para
entregar a mensagem a Alexei. — ele responde com a voz baixa.
— Por quê?
— Precisávamos tirar você daquela casa antes do bebê nascer
e eles sabiam que Alexei sairia correndo assim que soubesse do
paradeiro de algum de nós três.
— E me deixaria sozinha, porém não fiquei desprotegida,
como vocês conseguiram infiltrar tanta gente naquela casa?
— São funcionários antigos, pessoas que foram contratadas
ainda por Nikolai e que ganharam a confiança de Alexei com o
tempo — meu irmão explica. — Coloque algo na boca e finja estar
mastigando enquanto fala.
— Como você sabe de tanta coisa assim? — Faço o que ele
disse e coloco um vegetal na boca.
— Estou reunindo informações desde o momento que eles nos
trouxeram para cá, depois que Nikolai foi executado.
— E nosso pai? E John? Eles também estão tentando me
ajudar? — pergunto, tentando mover minha boca o mínimo possível
enquanto mastigo, com uma pontada de esperança que não deveria
ter, e sei a resposta antes mesmo das palavras saírem da boca
dele.
— Não, irmã, nosso pai foi alienado dentro dessa organização,
que mais parece uma seita religiosa, eles tem regras muito
absurdas, fazem orações todos os dias de manhã, treinam até cair
de cansaço e pensam que vão conseguir derrubar a Bratva — ele
explica.
— É por isso que você está assim?
— Estou tentando me infiltrar desde o momento que
chegamos, mas não concordo com o que eles querem fazer, irmã —
ele fala com a voz mais baixa, colocando comida na boca para
parecer que está mastigando. — Agora, escute bem o que vou te
falar, eles virão te buscar assim que Alexei se decidir, Ikrham vai te
usar para manipulá-lo, deixe que ele chegue perto e, quando estiver
ao seu lado, use a faca do jantar para apunhalá-lo e tranque a porta
do local, será em uma sala fechada, eu vou te dar cobertura e assim
você ficará segura até a Bratva conseguir chegar até nós.
— Como você sabe disso? – faço o mesmo que ele, mas cubro
minha boca com o guardanapo enquanto falo, para parecer que
estou me limpando.
— Nosso pai me contou os planos, eles precisam que Alexei
mate o Pakhan para desestabilizar a Bratva, assim eles derrubam
duas famílias ao mesmo tempo, os Petrov e os Ivanov, as outras
três são peixes pequenos sem um líder.
Ele está falando sério, vejo uma gota de suor escorrer pela sua
testa, ele não limpa e acredito que seja para não parecer nervoso
nas câmeras, por isso Ryan pega mais um pouco da sua comida e
coloca na boca.
— Eu… não sei se consigo — confesso, porque só de pensar
em esfaquear alguém minha mão já começa a tremer.
— É só desviar a atenção dele para você, eu farei o resto.
— Você vai matá-lo? — pergunto, arregalando os olhos.
— Sim, e se nosso pai o defender… bem, ele terá feito sua
escolha, foi ele quem nos colocou nessa, ele precisa pagar por isso
— confessa e percebo a mágoa em sua voz. — Eu vou te manter
segura, irmã, eu prometo.
CAPÍTULO 26

ALEXEI

O exército da Bratva está pronto para o combate iminente,


Dimitri descobriu o local exato onde eles estão mantendo a minha
mulher, mas ainda não sabemos como entrar lá sem colocá-la em
perigo.
— Nós precisamos de alguém de dentro — Serguei avisa e
todos concordam.
— Sabemos disso, mas não temos ninguém, a não ser o
desgraçado do John e ele não está colaborando — respondo com
raiva porque, mesmo com todas as técnicas de Vincent, não
descobrimos nada além do que ele nos deu e John também não
mudou de ideia, ele prefere morrer a trair o próprio pai.
— E se o mandarmos de volta com algum dispositivo? —
Sasha Kuznetsov, membro do Conselho e líder da sua família,
sugere. — Pyotr, vocês não estavam trabalhando em um novo
equipamento que é capaz de se infiltrar em qualquer sistema de
segurança?
A família de Pyotr Orlov, um dos membros do Conselho,
controla toda a produção e distribuição de armamentos no mundo.
— Sim, mas ainda não terminamos a fase de testes do modelo
— Pyotr responde.
— Quais são os resultados até agora? — questiono.
— Funcionam em 75% dos sistemas testados — ele avisa.
— Nós podemos implantar o dispositivo embaixo da pele do tal
de John e mandá-lo de volta, então é só esperar e torcer para eles
estarem usando algum dos sistemas em que o aparelho funciona —
Dimitri é quem fala, com mais confiança do que eu tenho agora.
Não me agrada confiar em uma probabilidade assim tão baixa.
— John é nossa única moeda de troca, se o mandarmos de
volta assim, eles saberão que estamos armando algo — Serguei
adverte.
— Podemos colocar outro dispositivo preso em seu corpo,
como uma isca, eles irão retirar ou desarmar o mais óbvio e
deixarão o principal passar, ele é feito de plástico e possui pouco
metal, assim não é identificado por detectores comuns, o único
problema é que ele precisa ficar a menos de dez metros do controle
central de vigilância, se eles o levarem para algum outro lugar, nós
perdemos nossa chance — Pyotr explica.
— Eles devem ter uma sala de comando, Ikrham estará lá, só
precisamos garantir que John leve uma mensagem até seu líder —
pondero, trocando um olhar significativo com Dimitri. — Uma
mensagem que ele pense ser verdade.
— Do que ele está falando, Dimitri? — Serguei questiona.
— Ikrham deu uma chance para Alexei se juntar a eles e
liderar a Ordem dos Mestres, até que seu filho esteja pronto —
Dimitri anuncia e todos me encaram preocupados —, mas para isso,
ele precisa provar sua lealdade.
Serguei se movimenta na sala, ficando na frente de Dimitri,
com uma mão no coldre ele segura sua arma e olha diretamente
para mim.
— Qual é a missão? — Vasily Smirnov, o quinto membro do
Conselho, pergunta.
Respiro fundo, sentindo a proximidade de Charles logo atrás
de mim, vejo Serguei retirar a arma do coldre e segurá-la com as
duas mãos em frente ao corpo.
— Serguei, abaixa a arma — Dimitri ordena, mas seu
namorado não lhe dá ouvidos e continua o protegendo.
— Tudo bem, Dimitri. — Tiro as minhas duas armas do coldre
com cuidado e as coloco em cima da mesa, então ergo as mãos e
me afasto de todos para me encostar na parede, em posição de
rendição. — A única forma de provar minha lealdade à Ordem, é
assassinando o Pakhan.
— Porra — Serguei aponta a arma diretamente em minha
direção, assim como os outros três membros do Conselho e todos
os seus chefes de segurança.
Charles, meu melhor amigo e chefe da minha segurança
pessoal, ergue as mãos em rendição, assim como eu, e se coloca
ao meu lado.
— Não — falo para ele —, você faz o mesmo que eles,
Charles.
— Eu não vou deixar meu melhor amigo sozinho nessa —
Charles anuncia, pegando-me de surpresa.
— Ninguém vai morrer nessa sala hoje — Dimitri dá um passo
para a frente e coloca a mão em cima da arma de Serguei, forçando
para que o namorado a abaixe. — Alexei não é um perigo para mim,
nem um traidor da Bratva.
— Nós achávamos que o pai dele também não era e olha o
que aconteceu — Sasha comenta, ainda em dúvida e com a arma
apontada em minha direção.
— O que eu não entendo é o porquê de ele não ter falado
disso antes, estamos há quase quatro horas nessa reunião e
somente agora esse assunto veio à tona — Vasily repreende com a
voz firme, ele é o mais velho entre nós e o único que ainda não se
aposentou para deixar que seu filho assuma seu lugar.
— Alexei não escondeu nada, ele reportou a ameaça
diretamente para mim, eu escolhi guardar em segredo para que não
houvesse esse tipo de desconfiança com nosso companheiro, afinal,
a família Ivanov é uma das cinco principais da Bratva e eu confio em
Alexei Ivanov, ele jamais nos trairia — Dimitri anuncia e Serguei,
relutantemente, abaixa a arma e a coloca de volta em seu coldre,
mas não tira o olhar de mim nem por um segundo.
Ele é um homem muito protetor e daria a própria vida pelo
homem e mulher que ama, por isso ele é o melhor chefe de
segurança que a família Petrov poderia precisar.
— Você deveria ter me falado — Serguei adverte com a voz
magoada.
— Para você agir assim? Não tem com o que se preocupar,
vamos dar algo para John reportar diretamente ao seu líder e, para
isso, precisamos fingir que Alexei aceitou a missão e realmente me
matou.
— O quê? — Serguei explana assustado.
— Vamos fingir que eu estou morto, Alexei vai soltar John com
um teatrinho e ambos vão seguir para o esconderijo, mas Alexei não
vai entrar, ele vai passar um recado para John, que só pode ser
entregue a Ikrham — Dimitri explica seu plano para garantir que
John chegue até os controles. — Vai ser arriscado, Alexei precisa ir
até lá, mas só vai entrar se Ikrham garantir que Patrícia está a salvo
com uma ligação.
— Assim eles terão que ir até o painel de controle para
acessar as câmeras externas e garantir que eu não estou realmente
lá — percebo seu plano.
— Sim, e quando isso acontecer, se o dispositivo funcionar,
teremos acesso a todo o sistema de segurança deles — Pyotr
complementa.
— Sim e, caso não funcione, Alexei entrará com seus homens.
Quando você chegar na sua mulher, nós invadimos, estamos em
maior número e provavelmente somos mais bem preparados do que
eles, conseguiremos derrubá-los enquanto você faz a sua parte por
dentro — Dimitri finaliza.
— E como você planeja fingir a sua morte? — Serguei
pergunta para Dimitri.
— Alexei vai me dar um tiro e outro em você, para garantir,
então seus homens passarão como traidores e apagarão nossos
homens e, assim, sairão daqui antes que a minha morte se espalhe
— Dimitri responde —, mas a notícia precisa se espalhar como
verdadeira, inclusive para nossos soldados e espiãs, eles precisam
acreditar, caso haja algum traidor infiltrado.
— Então somente as pessoas nessa sala saberão a verdade?
— Vasily questiona com uma sobrancelha levantada, só então ele
abaixa a arma e cruza os braços em frente ao corpo. — Sendo
assim, Sasha assumiria como Pakhan na caçada a Alexei.
— Sim, você está de acordo com o plano, Sasha? — Dimitri
pergunta.
— Sim, assim manteremos o Pakhan a salvo no esconderijo
secreto, enquanto derrubamos essa organização, porque eles
podem estar tramando invadir a Central enquanto nossas forças
estão concentradas nessa missão — pondera.
— Não havia pensado nisso — Dimitri confessa.
— Não podemos descartar nenhuma possibilidade, afinal,
ainda não sabemos exatamente com quem estamos lidando e quais
são os planos dessa organização, eles podem ser um peixe
pequeno com o ego inflado, mas também podem apresentar uma
ameaça real à Bratva, de qualquer forma, precisamos manter o
Pakhan a salvo e a nossa organização protegida — Pyotr aconselha
e todos concordam com a cabeça.
Assim todos abaixam as armas e fazem sinal para que Charles
e eu relaxemos, Serguei dá uma última olhada em minha direção,
como se me mandasse um recado para não me atrever a fazer algo
contra Dimitri, e eu respondo seu olhar com confiança.
Jamais trairia meu líder.
— Pyotr, quanto tempo até inserir o dispositivo em nosso
prisioneiro? — pergunto.
— Preciso dele sedado por trinta minutos, mas vai levar em
torno de uma hora para o dispositivo chegar aqui — Pyotr informa,
já com o celular em mãos, enviando ordens a seus homens.
— Vincent o deixará desacordado pelo tempo necessário para
que ele não saiba que estamos implantando o dispositivo, afinal, o
prisioneiro já está cheio de rasgos na pele. — Charles mostra um
vídeo do estado atual de John e a situação, mesmo que controlada,
não é nada bonita. — Outro corte não o fará suspeitar de nada.
— Vá até lá e controle Vincent, John precisa estar vivo e bem
para conseguir fugir daqui — ordeno, mas Charles me encara por
um tempo, como se precisasse de confirmação de que eu ficarei
bem sozinho. — Pode ir, depois quero vocês dois comigo nessa
missão.
— Sim, senhor — ele bate continência em minha direção e faz
uma reverência ao Pakhan e aos outros membros do Conselho
antes de sair.
— Eles são de confiança? — Vasily pergunta, sua voz grave
vem carregada de suspeitas.
— Eu entregaria minha vida nas mãos desses dois —
respondo, encerrando o assunto. — Agora, vamos repassar o plano
para que nada dê errado.
***
Duas horas depois, Vincent conseguiu implantar o dispositivo
na barriga de John, dentro de um dos cortes que ele já havia feito
enquanto o homem estava acordado, depois de costurá-lo e dar
algumas medicações para ele aguentar a dor, nosso prisioneiro
acordou grogue e enfurecido.
— Malditos, vocês merecem morrer, seus desgraçados —
John grita como consegue, mas vejo sua respiração pesada e a
forma com que trava a mandíbula cada vez que fala, devido a dor
em seu corpo, mesmo com os medicamentos ele ainda irá sentir por
um bom tempo.
— Corta esse papo, ou você acha mesmo que essa
organização ridícula de vocês não faz o mesmo que nós? —
Serguei questiona.
Estamos na cela onde ele foi aprisionado, não é o local que
usamos geralmente, essa fica mais próxima de uma saída de
emergência e, por isso, foi escolhida para o nosso teatro, como
John não é um soldado treinado, não vai perceber a diferença.
Somente Serguei, Dimitri, Charles, Vincent e eu entramos no
local, Serguei deixou seus homens do lado de fora, eles estão em
três, o que é um número ridículo comparado ao batalhão de
seguranças que Dimitri tem diariamente, mas novamente, John não
sabe disso e esses três homens são de confiança, portanto, sabem
sobre o plano e vão seguir as ordens.
Charles e Vincent reuniram cinco dos nossos homens para o
plano dar certo e, com o apoio deles, sairemos daqui.
— Agora, vamos lá, o que você tem para nós sobre essa
organização de merda? — Dimitri pergunta, fingindo interesse.
— Eu já disse tudo o que sabia para seus capangas, olha o
que ele fez comigo, acha mesmo que, se eu soubesse de algo a
mais, não teria contado? — John aponta o óbvio, seus olhos verdes
injetados de raiva.
— Bem, nós precisamos de mais e só tem você aqui — Dimitri
declara com a voz fria e ameaçadora.
Então meu celular toca, como havíamos combinado, e eu saio
do local para atender no corredor, criando assim uma suspeita em
John, que me acompanha com o olhar, enquanto Dimitri continua
ameaçando sua vida.
Finjo estar ouvindo e garanto que John consiga me ver pela
porta da cela, então falo qualquer coisa com a voz baixa e olho de
canto para ele, como se estivesse falando dele com alguém.
Faço que não com a cabeça e arregalo meus olhos, já posso
sentir meu coração acelerar com a adrenalina do que vai acontecer.
Quando desligo o celular, tiro minha arma do coldre e dou três
tiros na direção dos homens de Dimitri, claro que não os acerto, mas
eles se jogam no chão e fingem estarem mortos.
Depois entro de volta na cela e atiro no peito de Serguei, que
está usando um colete à prova de balas com uma bolsa de sangue
por cima, entre o paletó e o colete, por isso, assim que o tiro o
acerta, uma mancha vermelha se espalha pela sua roupa e ele cai
no chão.
Dimitri grita, fingindo desespero e tira a própria arma, mas logo
é contido por Vincent e Charles, que o desarmam e seguram suas
mãos atrás das costas, posso jurar que vejo lágrimas em seus
olhos.
O Pakhan é um ótimo ator, mais uma habilidade foi descoberta
hoje.
— Por que está fazendo isso? — Dimitri questiona.
— Eles querem você morto, é o preço para libertar a minha
mulher — aviso com a voz firme e grossa, apontando minha arma
diretamente para o peito de Dimitri.
— Jamais imaginei que fosse um traidor como seu pai.
— É a minha mulher e meu filho, eu farei qualquer coisa para
que estejam a salvo — anuncio seriamente, colocando o dedo no
gatilho. — Até mesmo tirar a vida do meu Pakhan.
Com isso, aperto o gatilho e dou um tiro no peito de Dimitri,
que arregala os olhos por um momento, soltando um gemido de dor,
até que seu corpo amolece nos braços de Vincent e Charles e ele
vai fechando os olhos aos poucos, sem desviá-los do meu rosto.
O sangue falso se espalha pelas suas roupas, até chegar no
chão e formar uma poça ao lado do seu corpo.
— Não temos muito tempo, precisamos sair logo daqui —
aviso e Vincent vai até John, que se retrai ao ser tocado por meu
amigo. — Está tudo bem, ele não fará mais nada contra você.
— Relaxa, ratinho — Vincent brinca, enquanto abre as
algemas que prendem os braços e pernas de John na cadeira de
metal.
— O que aconteceu? — John questiona, incrédulo com a cena
toda.
— Eu acabei de matar o Pakhan para salvar sua irmã, agora
vamos, a notícia irá se espalhar rápido e precisamos estar bem
longe daqui quando isso acontecer — informo e ele me olha por um
momento, então acena positivamente com a cabeça e aceita a ajuda
de Charles para caminhar.
O plano está em curso, agora só precisamos que eles
acreditem nesse teatro todo e que o dispositivo funcione.
Eu vou te salvar, meu amor, nem que para isso precise
queimar cada desgraçado que encostar em você, mas eu a terei de
volta.
CAPÍTULO 27

PATRÍCIA

Assim que termino de comer, meu irmão faz sinal para a faca
ao meu lado, então ele se levanta, tampando a visão da câmera, e
consigo pegá-la rapidamente, escondendo embaixo da saia do meu
vestido, presa na minha calcinha, então o vejo tirando outra faca de
dentro do seu casaco e colocando-a sobre meu prato.
— Descanse um pouco, nosso herdeiro precisa ser bem
cuidado — ele fala quando se vira para a câmera, colocando as
duas bandejas em cima do carrinho, saindo da sala e me deixando
sozinha novamente.
Faço o que ele diz e sento na cama, organizando os
travesseiros nas minhas costas, para ficar em uma posição mais
confortável, e é quando sinto uma pequena pontada na lateral da
minha barriga, a sensação é diferente da que sinto quando Bjorn
chuta, é mais intensa e parece com um aperto.
Não demora a passar e logo já não sinto mais nada, respiro
fundo, inspirando e expirando com calma.
— Meu amor, logo, logo nós sairemos daqui e tudo ficará bem,
a mamãe vai garantir isso. — Aliso minha barriga com carinho
enquanto falo com meu bebê.
Sinto a faca na lateral do meu corpo, como um lembrete do
que irá acontecer daqui a pouco, mas se essa é a única forma de
salvar meu filho, é isso o que farei.
Demora um pouco até Ryan voltar, não tenho relógio aqui, mas
assisti três longos episódios do programa de culinária enquanto
esperava.
— Ikrham exige sua presença — ele fala de forma seria ao
abrir a porta.
Não respondo, só levanto com cuidado para que a faca não
caia e caminho até ele, meu irmão faz sinal para que eu vá na frente
e me segue de perto.
Enquanto caminhamos, reparo em várias portas no corredor
branco até chegar no elevador do qual viemos antes.
— O que é esse lugar? — questiono.
— Aqui são os dormitórios, mas não se preocupe, não
ficaremos aqui por muito tempo, só até resolvermos esse impasse.
— E depois, para onde vamos?
— Para uma das colônias — Ryan responde fingindo
desinteresse. — O herdeiro será criado no luxo e riqueza, como
deve ser, mas também receberá treinamento para liderar a
organização.
— Eles querem treinar meu filho? — questiono, mantendo a
conversa.
— Ele é o herdeiro, precisa saber o que fazer quando assumir
seu lugar de direito.
O elevador sobe calmamente e, quando para, sinto outra
pontada em minha barriga, mas me seguro e não demonstro dor,
essa foi um pouco mais forte e na parte de baixo, como uma cólica,
só que mais intensa.
Eu preciso me manter calma, esse stress todo não está me
fazendo bem, nem ao bebê.
Respiro fundo mais uma vez e saio do elevador, Ryan me
direciona até uma sala cheia de computadores e TVs, mais aos
fundos tem uma mesa redonda, onde Ikrham e meu pai estão de pé
discutindo alguma coisa.
Em frente aos computadores, vejo dois homens, que não tiram
os olhos das TVs, com uma olhada sei que são câmeras de
monitoramento e, em uma delas, identifico o quarto que fui
colocada, em outra a entrada do lugar, mas é só.
— Finalmente, nossa querida mamãe chegou — Ikrham fala de
forma debochada, mas encerrando seja lá qual era o assunto que
ele estava debatendo com meu pai.
— John já voltou? — Ryan questiona atrás de mim.
— Ele está vindo e com ele nosso querido Alexei Ivanov —
Ikrham anuncia e arregalo os olhos em surpresa, sem conseguir me
controlar dou um passo à frente.
— Alexei está vindo para cá? — pergunto.
— Sim, minha querida, ele cumpriu sua missão e assassinou o
Pakhan, agora estamos nos preparando para invadir a Central e
dominar a Bratva enquanto eles caçam seu traidor — Ikrham fala
com confiança sobre seus planos.
— Quanto tempo? — Ryan pergunta.
— Eles devem estar chegando a qualquer momento — meu
pai é quem responde, então caminha até as câmeras de segurança
e aponta para uma delas, que filma o lado de fora, só consigo ver
neve, mas quando o soldado coloca a imagem em uma das telas
maiores, vejo um automóvel se aproximando. — Aí estão eles.
Quando o carro para, meu coração quase sai da boca em
antecipação, Alexei não pode vir até aqui, não sem antes eu estar
segura, precisamos agir logo, porém Ikrham está muito longe e tem
mais pessoas na sala do que Ryan previu.
Ele não vai conseguir atirar nos dois soldados e em Ikrham,
fora nosso pai que também está armado.
Por sorte, somente uma pessoa desce do carro e reconheço
meu irmão, John.
— Mais alguém dentro do veículo? — Ikrham inquere ao
soldado.
— Não, senhor, somente uma pessoa segundo nossos
radares.
— Droga, aonde está o Ivanov? — meu pai manifesta sem
esperar resposta. — Ele deveria estar aqui.
— Vamos ver o que seu filho tem a dizer sobre isso — Ikrham
comenta e dá a ordem para trazerem John para dentro.
Nesse momento, sinto outra pontada em minha barriga tão
dolorosa quanto a anterior, mas que me pega desprevenida e, por
isso, me abaixo um pouco e não consigo controlar a expressão de
dor em meu rosto.
— Está tudo bem, irmã? — Ryan questiona, segurando meu
braço.
— Sim, só estou cansada — respondo. — O bebê chutou
minha costela — invento uma desculpa para Ikrham, que me encara
com desconfiança.
— Temos um lutador aí dentro — ele aponta e abre um sorriso
amarelo, que faz meu estômago embrulhar de nojo. — Pegue uma
cadeira para ela sentar, Ryan.
Meu irmão faz o que Ikrham ordena e logo estou sentada
acariciando minha barriga, mas agora ainda mais preocupada,
essas dores não são normais e, se continuar assim, segundo os
livros que li, posso estar entrando em trabalho de parto.
Agora não é hora de vir ao mundo, meu filho, aguenta só mais
um pouquinho, por favor.
Antes de John entrar, Ikrham ordena que ele seja revistado e
encontra um explosivo em sua cintura.
— Eles iam explodir nosso esconderijo? — meu pai questiona.
— Com a Patrícia aqui dentro?
— Eu avisei, a Bratva fará de tudo para se proteger, eles não
se importam com os danos colaterais e, se precisarem matar
alguém, assim o farão — Ikrham responde. — Agora, deixe-o entrar,
preciso saber o que aconteceu e porque ele veio sozinho.
Levam alguns minutos até John chegar aonde estamos, mas
quando ele entra, levo as mãos à boca com o susto, ele está todo
ferido, seu rosto inchado, como se tivesse lutado, as roupas
escassas escondem seu corpo, mas não as manchas de sangue
que se formam no tecido cinza claro.
Meu irmão entra cambaleando e com a ajuda de um soldado,
que o coloca sentado em uma das cadeiras próximas aos monitores.
— Saiam todos — Ikrham ordena e os dois homens que
cuidavam dos monitores, mais o soldado que entrou com meu
irmão, saem da sala e nos deixam sozinhos.
Agora é a hora de colocar o plano em ação.
Droga, sinto mais uma pontada na parte inferior da barriga,
dessa vez o tempo entre elas foi muito menor e a dor foi ainda maior
do que as outras, preciso me segurar muito para não demonstrar
nada, por sorte todos estão concentrados em John e consigo passar
despercebida.
Assim que a dor passa, aproveito para erguer a barra da minha
saia, de forma que eles não consigam ver, e tiro a faca da lateral da
calcinha, colocando-a embaixo da blusa de lã que ainda estou
usando.
— O que aconteceu? — meu pai pergunta, caminhando até
John, Ryan fica ao meu lado, mas encara a cena com preocupação
no olhar.
— Ele assassinou o Pakhan — John anuncia.
— Isso nós já sabemos, nosso homem infiltrado deu o aviso
assim que a morte do Pakhan e a traição de Alexei Ivanov foram
anunciadas a todos os soldados — Ikrham repreende com a voz
firme e sem paciência.
— Ele fez isso, ele assassinou o Pakhan bem na minha frente
— John repete, vejo que seu corpo todo treme enquanto ele encara
as próprias mãos, como se estivesse em estado de choque.
Por isso, Ikrham vai até ele e dá um tapa forte em seu rosto.
— Acorda, garoto, queremos saber aonde está Alexei Ivanov e
por que ele não veio com você? — Ikrham questiona com a voz
mais alta do que antes.
— Deixe o garoto se recompor por um momento, chame a
equipe médica, ele está ferido e… — meu pai tenta falar, mas seu
líder não escuta.
— Vou perguntar só mais uma vez, depois disso a conversa
será diferente — Ikrham anuncia, tirando a própria arma do paletó.
Ele aponta diretamente para a cabeça do meu irmão e fala: —
Aonde está Alexei Ivanov?
— Ele está escondido — John responde com a voz trêmula. —
Ele disse que… disse que não confia em nós. Teme que, caso
apareça, nós o matemos.
— Bem, agora somos a única opção que ele tem, visto que
está sendo caçado pela Bratva — meu pai adverte.
— O que mais ele disse? — Ikrham questiona.
— Que quer garantias de que ele e Patrícia poderão criar o
filho, ele quer ter certeza de que não irá morrer quando se entregar
a nós.
— Porra, é claro que ele não vai morrer, já cumpriu com sua
missão e provou que está do nosso lado — meu pai manifesta com
raiva.
— Sim, acho que está na hora de entrar em contato e negociar
diretamente — Ikrham comenta pegando o celular do bolso, ele
abaixa a arma e caminha para o meu lado. — Ansiosa para falar
com o pai do seu filho?
— Sim — respondo, tentando manter minha voz calma.
— Alexei, é tão bom poder falar com um homem honrado —
Ikrham expressa assim que Alexei atende, não consigo ouvir o que
ele fala do outro lado, mas logo Ikhram abre um sorriso, como se
estivesse satisfeito pela resposta. — Não precisa se preocupar,
Patrícia está bem, assim como seu filho.
Então ele se abaixa para colocar o celular no meu ouvido e
vejo a minha chance, talvez a única que terei, reúno toda a coragem
que não sei se tenho e seguro a faca com firmeza, antes de enfiá-la
na lateral do corpo de Ikrham.
Ryan percebe o que eu fiz e, assim que Ikhram se afasta,
soltando um urro de dor, meu irmão atira em sua cabeça, fazendo
seu corpo cair para trás com um baque.
A sala deve ser à prova de sons, porque ninguém entra para
conferir o que está acontecendo.
Logo depois, Ryan aponta para nosso pai, que já estava com a
mão na própria arma.
— Se pensar em atirar, eu te mato também, estou pouco me
fodendo que você é nosso pai, tudo isso aqui é culpa sua, tudo —
meu irmão anuncia e nosso pai o encara com espanto. — Agora,
com calma, tire suas armas e as jogue em minha direção.
— Por que, diabos, você fez essa merda, Ryan? — nosso pai
questiona, mas ao perceber que Ryan não vai recuar, ele faz o que
meu irmão ordenou e tira as duas armas do corpo, colocando-as
com calma no chão, para depois chutá-las em nossa direção.
— Patrícia, pode, por favor, pegar as armas e colocá-las em
meu corpo? — Ryan pede e faço o que ele diz. — Agora, pai, quero
que use essas braçadeiras e prenda suas duas mãos atrás das
costas.
Ryan joga duas braçadeiras de plástico na direção do nosso
pai, que as pega com o olhar ainda incrédulo.
— Não acredito que, entre todas as pessoas que poderiam me
trair, meu filho seria uma delas — nosso pai comenta, mas faz o que
Ryan manda e prende as duas mãos nas costas, virando-se em
nossa direção para que meu irmão confira o trabalho.
— Sempre achei que o que o senhor fazia pela gente era para
o nosso bem, afinal, nos ensinou a trabalhar na mecânica, nos
mostrou como pegar garotas e como jogar cartas, tudo o que
precisávamos para sobreviver, não foi? — Ryan declara e posso
sentir sua dor conforme as palavras saem da sua boca.
— Eu fiz tudo por vocês, tudo!
— Não, tudo o que você fez foi nos carregar junto para o fundo
do poço, não bastava um viciado em jogos, éramos três, perdendo
mais do que ganhando, até que fomos obrigados a vender nossa
própria irmã ao diabo — Ryan anuncia. — Foi naquele dia que eu
prometi que acabaria com tudo isso, nem que precisasse te matar
para resgatar nossa irmã.
— Não me venha com essa, ela aceitou o acordo, não a
obrigamos a nada — John é quem fala dessa vez e posso ver a
forma com que Ryan encara nosso irmão, como se não o
reconhecesse.
— Olhe para vocês, iludidos por uma organização que fez
praticamente uma lavagem cerebral nos dois, não é possível que
acreditem no que estão falando — Ryan contrapõe. — Patrícia não
tinha opção, ou ela aceitava ou morríamos todos, vocês sabem
disso.
— Ela fez por si mesma, afinal, olha para ela agora, toda
arrumada e aproveitando da riqueza dos Ivanov, como se fosse uma
deles, nem parece a mesma menina gorda e feia que vivia de
moletom sujo pela casa — John aponta e sinto uma dor em meu
peito, a mesma que muitas vezes senti quando ele me olhava,
sempre com nojo, como se eu não fosse uma pessoa.
— Eu sou gorda, sim, John, mas ao contrário do que você
pensa, não me diminuo por causa disso, sou uma mulher forte e
farei de tudo pelas pessoas que amo, assim como fiz por vocês,
mesmo que nunca tenham me amado, mesmo que tenham me
tratado pior do que a uma escrava, eu os amei pois eram minha
família — anuncio, sentindo meus olhos arderem, mas não deixo as
lágrimas caírem.
— Agora vai dizer que foi por amor que aceitou essa merda?
— nosso pai questiona, cuspindo no chão.
— Eu não aceitei, como Ryan falou, fui obrigada a me
submeter a isso, caso contrário nós estaríamos todos mortos e
vocês sabem disso — declaro me levantando da cadeira e sinto
outra pontada na parte de baixo da barriga, dessa vez não consigo
esconder a dor e preciso me abaixar até passar. — Droga, droga,
droga.
— Patrícia, você está bem? — Ryan questiona.
— Sim, não é melhor trancar a porta? — pergunto, lembrando-
me do seu plano.
— Sim — ele responde e vai até a porta.
Nesse momento todos os monitores ficam escuros, as luzes
são apagadas e somente as lâmpadas vermelhas de emergência
ficam acessas.
— Patrícia, você está bem? — A voz de Dimitri ecoa pela sala
no mesmo momento que sinto um liquido escorrer pelas minhas
pernas.
Droga, a bolsa estourou.
— Dimitri? — questiono.
— Sim, o que aconteceu aí? — ele pergunta, então as luzes
são acesas novamente e vejo sua imagem em todas as TVs do
ambiente.
— Nós estamos trancados na sala de comando, Ryan matou o
líder deles e… — Outra dor, agora quase insuportável, me atinge e
preciso me agachar para suportá-la, Ryan percebe e vem correndo
até mim, segurando minha mão enquanto espero a dor passar — …
e tenho quase certeza que estou em trabalho de parto — anuncio,
encarando a imagem do Pakhan nos monitores.
— Porra, aguenta firme, fechem as portas e só abram quando
eu mandar, tudo bem? — Dimitri ordena e Ryan e eu concordamos.
— É melhor amarrar seu irmão também, ele não está tão mal quanto
parece.
Com isso, olhamos para John, que parece querer pular na
gente, mas Ryan aponta a arma para ele antes que tenha alguma
ideia errada, e depois usa as braçadeiras que guardava no bolso
para amarrá-lo em um cano próximo a parede.
— Dimitri, aonde está Alexei? — pergunto.
— Ele está indo te salvar — ele responde com um meio sorriso
confiante.
CAPÍTULO 28

ALEXEI

Escuto um urro de dor do outro lado da linha e depois o


barulho do aparelho caindo no chão, então a ligação fica muda e
não consigo ouvir mais nada.
— Droga, o que diabos aconteceu? — questiono, então outra
chamada aparece em meu celular, dessa vez é do número de
Dimitri.
“Estamos prontos, Pyotr conseguiu invadir o sistema de
segurança deles, você falou com ele?”
— A linha ficou muda, tem alguma coisa acontecendo lá
dentro, você já tem as imagens das câmeras?
“Estamos trabalhando nisso, só mais alguns segundos e…”
— E o quê? — questiono quando ele para de falar. — Dimitri, o
que diabos está acontecendo?
“Ikrham está morto.”
— O quê? — questiono sem saber o que falar. — Como? O
que aconteceu?
“Pelas imagens das câmeras que estou recuperando agora,
sua mulher o esfaqueou e Ryan, seu cunhado, terminou o serviço
com um tiro na cabeça do desgraçado”
— Patrícia… ela deve estar devastada, Dimitri, precisamos
entrar agora.
“Sim, a ordem já foi dada, nosso exército está se aproximando,
mas Alexei, é melhor você não sair do esconderijo até que tudo
acabe, eles ainda pensam que você é um traidor.”
— Nem fodendo que eu vou deixar minha mulher sozinha
nessa, Dimitri, eu estou a caminho — manifesto com raiva por ele
sugerir algo assim.
“Alexei, se algum dos nossos soldados…”
— Faça um comunicado, qualquer merda dessas, e a notícia
vai se espalhar, eu não vou deixá-la sozinha — decido e nada me
fará mudar de ideia. — Se fosse Yekaterina ou Serguei nessa
situação, você ficaria de fora do resgate?
A linha fica muda por um tempo e eu sei que consegui
convencê-lo, nenhum homem decente ficaria de fora, deixando o
amor da sua vida sozinho em uma situação dessas.
“Tudo bem, mas espere meia hora.”
— Nesse tempo nós já teremos invadido e…
“Exatamente, eu não quero um membro do Conselho na linha
de tiro, você só entra para salvá-la, nada mais do que isso” Dimitri
anuncia com a voz firme e séria. “E essa é uma ordem do seu
Pakhan, Alexei, você e seus homens devem recuar até eu mandar.”
— Porra — esbravejo, mas entendo sua preocupação, como
membro do Conselho eu devo ser quase tão protegido quanto o
Pakhan, nós não entramos na linha de frente da batalha, é para isso
que temos um exército. — Tudo bem, mas assim que eles
invadirem…
“Eu entrarei em contato, ela vai ficar bem, Alexei, Patrícia está
trancada na sala de comando com Ryan. Karl e John estão contidos
e eu já tranquei todas as entradas para aquele andar, ninguém pode
chegar até eles sem que eu autorize.”
— E como ela está? — questiono com preocupação.
Não consigo nem imaginar o desespero da minha mulher em
uma situação dessas, Patrícia não é como nossas espiãs, que são
treinadas para permanecerem calmas, ela é uma pessoa normal e
deve estar agindo como uma.
“Ela está bem” Dimitri responde, mas algo em sua voz me diz
que tem mais, porém ele não fala nada.
— Dimitri…
“Preciso ir, os soldados estão entrando agora no esconderijo,
fique calmo e permaneça parado até eu mandar.”
Então ele desliga e os piores minutos da minha vida começam.
Eu odeio ficar parado enquanto outras pessoas estão em
perigo, especialmente quando uma delas é minha mulher, eu nunca
me apaixonei, nunca tive um amor, porque era proibido.
Meu pai sempre dizia que amar alguém era uma fraqueza, que
eu deveria me casar com uma mulher de alguma família que nos
trouxesse vantagens, ter filhos com ela, criá-los dentro das nossas
regras e, se caso enjoasse, era só procurar fora de casa.
O único problema era que, só de pensar na possibilidade de
viver acorrentado a alguém que eu não amasse, já fazia meu
estômago revirar, porque esses eram os planos dele quando eu não
tinha controle da minha própria vida.
Nunca fui um herdeiro digno aos olhos de Nikolai, ele me tirou
tudo, fui praticamente deserdado quando, segundo ele, eu não fiz o
serviço direito.
Ele ordenou que eu matasse Maksim, o namorado da Anna, e
a levasse para um puteiro, fazê-los correr em um carro de fuga
provou minha incompetência em seguir as ordens do meu pai, e foi
aí que tudo piorou.
Fui injustiçado por muito tempo.
Nada do que eu fazia era bom o suficiente, eu não podia sair
de casa sem pedir sua permissão, como se fosse um garoto, a porra
de um adolescente.
Fui posto como Chefe de Segurança do meu próprio pai,
precisei trabalhar com os mesmos soldados que antes faziam a
minha escolta.
Fui humilhado de diversas formas, todos os dias, até o fim da
vida daquele desgraçado e, não contente, o maldito ainda fez um
plano para me ferrar até mesmo depois da sua morte.
— Alexei, quais são os planos? — Charles questiona atrás de
mim e percebo que me perdi em pensamentos por um tempo.
— Vamos esperar as primeiras equipes invadirem o local para
depois entrarmos — respondo.
— Não podemos simplesmente esperar aqui, eu quero ir antes,
preciso pegar aqueles desgraçados e… — Vincent anuncia, posso
sentir sua sede por sangue, ele adora uma batalha tanto quanto
uma tortura.
— É perigoso demais, nossos soldados ainda pensam que eu
assassinei o Pakhan, não posso simplesmente aparecer lá, e vocês
são considerados meus cumplices — repreendo com desgosto,
porque eu entendo a vontade do meu amigo, se fosse por mim,
estaria invadindo aquele local agora mesmo.
— Então deixa que eu vou no seu lugar — Vincent propõe com
um meio sorriso no rosto.
— Eles sabem que você é meu soldado, vão atacá-lo como
fariam comigo, precisamos esperar a ordem do Pakhan — informo.
— Porra, eu odeio esperar — Vincent começa a caminhar de
um lado para o outro, como se assim os segundos passassem mais
rápido.
Os outros dois soldados que vieram conosco também estão
apreensivos, mas se controlam enquanto checam suas armas, sem
prestar muita atenção em nós.
— Como ela está? — Charles pergunta, sentando-se do meu
lado, nós estamos em uma casa abandonada no meio do mato, a
neve continua caindo pesada lá fora e o veículo que viemos está
protegido dentro do que era um celeiro.
— Dimitri disse que Patrícia está bem, mas não sei, algo na
forma com que ele falou me deixou preocupado — respondo e jogo
mais um pedaço de lenha dentro da lareira, o fogo é a única fonte
de calor aqui dentro, visto que lá fora está congelante.
— Se ele disse que ela está bem, não tem motivos para se
preocupar, Patrícia é uma mulher forte, ela faz de tudo para proteger
o filho — Charles comenta.
— Foi ela quem deu a facada em Ikrham. Minha mulher, que
está grávida de oito meses, acertou uma facada no líder da Ordem
— conto com orgulho dela.
— Porra, essa é para casar mesmo, amigo — Vincent brinca e
Charles e eu rimos.
— Sorte que ele já fez isso. — Charles da dois tapas nas
minhas costas, como forma de conforto. — Ela vai ficar bem.
— Sim, ela vai — declaro com mais confiança —, mas por via
das dúvidas, Vincent, eu quero você do meu lado o tempo todo, não
engaje em conflitos desnecessários até chegarmos a Patrícia, se ela
estiver ferida, vou precisar de um médico.
— Sim, senhor — ele responde, sem questionar minhas
ordens dessa vez.
Mais minutos se passam enquanto ficamos em silêncio, o
barulho da madeira queimando e o estalar do fogo são os únicos
sons no ambiente, a apreensão em meu peito fica cada vez pior e
preciso me levantar e caminhar um pouco para conseguir esperar.
Até que meu celular toca e, finalmente, tudo muda.
Saímos da casa às pressas, um soldado joga neve no fogo
para apagá-lo, enquanto o outro busca o veículo, Vincent e Charles
checam as armas e eu atendo a chamada.
— Dimitri, já podemos seguir?
“Sim, o local foi invadido e nossos homens estão limpando
cada andar, sua mulher está no terceiro, a ordem para não atacá-lo
foi dada e revelamos que o Pakhan está vivo, mas peço cautela,
Alexei.”
— Sim e como ela está? — pergunto correndo até o veículo,
entro no banco do passageiro enquanto Charles dirige, Vincent está
atrás, junto com dois soldados.
“Bem… ela está bem” Dimitri responde, mas sua voz vacila e
meu coração aperta no peito.
— Dimitri, porra, fala a verdade.
“Patrícia está em trabalho de parto, seu filho vai nascer a
qualquer momento, a equipe médica está chegando no local.”
— Porra, eu falei para me deixar ir antes, caralho — esbravejo
contra o aparelho. — Charles, Patrícia está em trabalho de parto —
anuncio e meu amigo acelera ainda mais.
— Não precisa falar mais nada — ele responde e sinto os
solavancos do veículo, que passa pela neve.
“Ela está bem, mas…”
— Mas o quê? — questiono impaciente.
“Não sei se vai dar tempo de você chegar, seu filho já está
nascendo” Dimitri fala e então compartilha as imagens das câmeras
que mostram Patrícia deitada no chão frio da sala de comando, com
seu irmão atrás dela, segurando-a enquanto ela respira rápido
demais, o rosto suado e as mãos fechadas indicam sua dor.
— Porra, corre com essa merda — aviso desesperado.
— Estou indo o mais rápido possível — Charles responde e sei
que é verdade, mas não consigo aguentar ver a minha mulher assim
e não estar ao seu lado.
— Dimitri, cadê a equipe médica? Há quanto tempo ela está
assim?
“Segundo ela, as contrações começaram antes de eles
entrarem na sala, a equipe médica está chegando.”
Como se pudessem ouvir, vejo Ryan levantar e abrir a porta,
então uma equipe de cindo médicos entra no local, todos de branco
e segurando equipamentos, e vão correndo até Patrícia, que nesse
momento solta um grito de dor, sua face se contorce em agonia e
meu coração se quebra pela minha mulher.
Eu deveria estar lá, segurando sua mão, ela precisa de mim.
Um dos médicos ergue sua saia e os outros começam a
colocar aparelhos nela, medindo sua pressão.
Uma médica assume o lugar de Ryan e apoia as costas de
Patrícia em seu peito, então eles começam a pedir que ela empurre
com mais força e é o que ela faz.
Os minutos parecem horas nessa agonia, enquanto Charles
dirige muito rápido, escuto os gritos de dor da minha mulher e meu
peito aperta a cada som que ela solta.
Mesmo em meio a uma dor absurda, Patrícia empurra uma,
duas, três vezes, a cada contração ela faz mais força, até que meu
coração para por um segundo ao ver meu filho nascer.
Meu filho.
O médico faz algumas coisas nele até que um choro agudo
ecoa pelo ambiente e sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
Meu filho está bem, ele está bem.
Alguém o envolve em uma toalha, o médico corta seu cordão
umbilical e o entrega diretamente para Patrícia, que recebe nosso
filho em seus braços, sua expressão muda de dor para tranquilidade
e, mesmo que sua respiração esteja ofegante, ela abre o sorriso
mais lindo que já vi em seu rosto.
“Bem-vindo ao mundo, Bjorn.” Patrícia fala e meu coração
volta a bater de forma descontrolada.
— Parabéns, papai — Charles fala ao meu lado e Vincent dá
um tapa no meu ombro.
CAPÍTULO 29

PATRÍCIA

Alexei chegou depois do nascimento de Bjorn, quando os


médicos já estavam me levando para fora, em cima de uma maca
com meu filho enrolado em meus braços.
— Você chegou — falo e o vejo se aproximar, seus olhos
castanhos estão levemente avermelhados, por isso sei que ele
estava chorando. Os médicos param de se mover quando ele fica
do meu lado e, só então, entrego nosso filho em seus braços. —
Cuida dele.
— Vou cuidar de vocês dois — ele anuncia, recebendo Bjorn,
então olha com carinho para nosso filho e seu rosto se ilumina em
um sorriso lindo, posso ver o brilho no olhar de Alexei quando ele se
abaixa e beija a testa dele, então se vira e planta um beijo delicado
em meus lábios, acariciando meu rosto com a mão livre, Alexei
encosta sua testa na minha e fala: — Eu te amo, meu amor,
obrigado.
— Eu também te amo — respondo, mas então sinto outra
contração e gemo de dor.
— O que está acontecendo? — Alexei questiona.
— Precisamos levá-la ao hospital agora, Senhor Ivanov — o
médico responde de forma evasiva.
— São as contrações para eliminar a placenta, ela ficará bem
— Vincent explica, deixando Alexei um pouco mais calmo.
Eu li sobre o parto, sobre o pós-parto e tudo o que poderia
acontecer, mas nada me preparou para a dor que senti, porém,
assim que Bjorn nasceu, a dor parece que cessou e meu mundo
todo se tornou o pequeno bebê, que agora Alexei carrega nos
braços, enquanto me acompanha até a ambulância que nos espera
na entrada, e eu tenho certeza que agora tudo ficará bem.
***
2 semanas depois

Acordo com o choro agudo, que sai do monitor ao meu lado,


mas quando vou levantar percebo que Alexei não está na cama.
Caminho até o quarto de Bjorn e vejo a porta entreaberta,
Alexei está sem camisa e balança nosso filho em seus braços com
calma, tentando fazê-lo parar de chorar, enquanto fala baixinho com
ele.
— Calma, amor, não queremos acordar a mamãe, vamos,
toma a mamadeira, eu sei que não é o mesmo que o peito, mas é
quase — ele sussurra tentando acalmar nosso filho, que se recusa a
obedecer.
— Ele ainda é pequeno demais — falo e ando até eles.
— Desculpa, amor, eu tentei fazê-lo parar de chorar, mas esse
pestinha realmente não gosta do bico de borracha.
— Tudo bem, eu ia levantar de qualquer forma, meu peito está
vazando — digo e estendo as mãos para pegar nosso filho, assim
que ele está em meus braços, sento na cadeira e tiro um peito,
Bjorn não perde tempo e logo começa a sugar o leite.
— Você precisa dormir — Alexei se abaixa ao meu lado e vejo
as manchas escuras embaixo dos seus olhos.
— Você também, querido — digo e ele faz que não com a
cabeça.
— Não vou te deixar aqui sozinha, eu vou dar um jeito de fazer
nosso filho pegar a mamadeira, então posso ficar mais tempo com
ele a noite e você não precisa levantar a cada três horas.
— São só nos primeiros meses, depois ele dorme mais tempo
e a gente consegue descansar — digo com esperança de que essa
fase realmente passe logo.
Bjorn não dorme muito nem de dia e sente muita cólica, então
ele chora bastante e pede colo o tempo todo.
— Nós podemos tentar aquela colher dosadora, eu li em um
dos livros que é melhor que a mamadeira — Alexei sugere e
concordo com a cabeça.
— Amanhã a gente tenta.
— Vou contratar mais babás também, assim teremos ajuda e…
— Não, já temos duas, está bom assim, amor — rejeito sua
oferta, afinal, já temos praticamente um time ao nosso lado, o que é
muito mais do que outras famílias tem, e eles conseguem se virar.
— E por que você está sem camisa? Não que eu esteja reclamando.
— Eu li que os pais devem pegar o filho sem camisa, para criar
uma conexão mais forte entre pai e filho, porque assim ele sente
meu cheiro e o calor da minha pele, tem até estudos sobre isso, que
os recém nascidos se acalmam mais quando tem esse contato —
explica me fazendo sorrir.
— Aprecio a visão deliciosa do meu marido sem camisa, mas
pode ir deitar, amor, eu cuido dele até ele dormir.
Alexei aceita e beija meu rosto com carinho, colocando uma
mecha do meu cabelo atrás da orelha, ele me encara com os olhos
castanhos brilhando e um sorriso lindo no rosto.
— Você está cada dia mais linda, sabia?
— Para com isso, estou acabada, descabelada, com olheiras e
cansada, é impossível que esteja linda justo agora.
— Pois para mim você continua sendo a mulher mais linda do
mundo, mesmo descabelada e cansada — ele anuncia me fazendo
rir. — Eu te amo, amor, obrigado por me dar a família que eu
sempre quis ter.
— Também te amo. — Dou um beijo casto em seus lábios para
agradecer suas palavras. — Pode voltar a dormir.
— Tudo bem. — Ele se abaixa e beija a testa do nosso filho,
depois faz o mesmo comigo e só então caminha até a porta. — Te
espero na cama.
Alexei é um pai incrível, ele realmente está cumprindo o que
prometeu quando disse que estaria ao meu lado, mesmo
trabalhando, ele passa a maior parte do dia em casa e o máximo de
tempo que consegue cuidando do nosso filho.
Entre mamadas e sonecas, Bjorn fica acordado a maior parte
do tempo e é lindo assistir Alexei brincando com ele, fazendo
caretas para tentar arrancar um sorriso do nosso filho, ou só lendo
algum livro infantil para ele, mesmo sabendo que não entende.
Alexei disse que vai ler todas as noites uma história para Bjorn
dormir.
Ele é um pai e um marido presente e atencioso, jamais poderia
imaginar algo assim quando entrei chorando naquela igreja, eu tinha
certeza que minha vida estava condenada a um futuro solitário e
infeliz, mas ao contrário daquilo, hoje sou a mulher mais feliz do
mundo.
Cansada, sim, porém feliz.
***
3 semanas depois

Anna e Andrei estão vindo de New York para conhecer Bjorn,


eles chegam em alguns minutos e Alexei está ansioso para rever a
irmã, desde que ela retornou aos Estados Unidos eles se falam por
telefone, mas sei que meu marido sente falta dela.
— Eles estão chegando — Alexei anuncia e me entrega o
pequeno Bjorn que estava em seus braços, nosso filho parece saber
que algo está acontecendo, seus olhinhos percorrem o ambiente
com curiosidade. — Hoje você vai conhecer a sua tia Anna, meu
amor — ele fala para Bjorn e pega sua pequena mãozinha.
— Senhor Ivanov — Marta, a nova governanta, chama a nossa
atenção da porta da sala de estar —, o senhor Petrov e a senhorita
Ivanova chegaram.
— Deixe-os entrar, Marta — falo e a mulher sai fazendo uma
pequena reverencia em nossa direção.
Anna é a primeira a entrar, ela está linda em uma calça jeans
escura e camisa social branca, com um sapato de salto que a deixa
quase da minha altura.
— Eu quero ver o novo integrante da nossa família. — Ela
caminha até mim e me dá um meio abraço, já que estou com Bjorn
nos braços, então olha para ele, que abre um sorriso lindo ao focar
o olhar em Anna e seus cabelos vermelhos, que caem soltos por
seus ombros. — Gente, como ele é tão lindo assim?
— Tenho certeza que se ele é bonito assim, puxou para a mãe!
— Andrei entra com um urso quase maior do que ele nos braços e
uma caixa embrulhada para presente. — Hey, cunhadinho, pode me
ajudar aqui?
— Não precisava de presentes — digo , mas Anna faz que não
com a cabeça e sorri quando Bjorn segura seu dedo com a pequena
mãozinha dele.
— Claro que precisava, não é mesmo, Bjorn? A tia Anna vai te
encher de presentes, porque a tia Anna é rica e não tem com o que
gastar tanto dinheiro — Anna brinca e escuto Alexei e Andrei darem
risada do outro lado da sala, enquanto trazem os presentes.
— Bjorn é tão rico quanto você, Anna — Andrei brinca e ela o
encara com a cara fechada, fingindo desaprovação, mas é só o
russo mandar um beijo para Anna, que ela volta a sorrir.
— Posso pegá-lo um pouco? — ela pede e vai até o banheiro
lavar as mãos, quando volta estende os braços em minha direção.
— Claro, só cuidado com a cabeça dele e…
Não preciso falar mais nada, Anna envolve Bjorn em seus
braços com cuidado.
— Eu pratiquei bastante com o filho da Jess — ela explica ao
ver meu olhar surpreso. — A tia sabe como segurar o pequeno
Bjorn, sabe sim, e você fica quietinho nos meus braços porque é um
amor, não é? — ela fala com uma voz baixa que os adultos só usam
com bebês, ninguém explica o motivo, mas a maioria das visitas que
recebemos faz a mesma coisa.
— Ele gosta de você — comento olhando para meu filho, que
está calmo no colo da tia, ele continua encarando-a com os olhos
atentos. — Geralmente ele não aceita tão bem o colo de pessoas
estranhas.
— Ele sabe quem sou e que eu trouxe presentes — ela brinca
e sorrio. — Andrei, vem aqui.
— Sim, meu amor — Andrei fala e beija o rosto de Anna com
carinho, ficando ao lado dela para admirar meu filho. — Oi, pequeno
Bjorn, eu sou o tio Andrei, aquele que carrega todos os presentes
que a sua tia louca compra para você.
Anna dá uma cotovelada fraca em Andrei e Alexei ri atrás
deles, colocando o pacote de presente ao lado do urso gigante que
deixou no sofá.
— Como vocês estão? — Anna questiona quando Alexei vem
para o meu lado e passa um braço pela minha cintura, aproximando
ainda mais nossos corpos.
— Cansados — falamos juntos e todos riem.
— Mas estamos felizes, Bjorn pode ficar acordado a noite toda,
mas sempre que olho para ele meu peito parece que vai explodir de
amor, não tem explicação — Alexei declara com carinho.
— Eu posso imaginar, com uma coisinha fofa dessas ninguém
consegue aguentar, não é mesmo, Bjorn? — ela fala e meu bebê
sorri. — É sim, você é muito fofo, muito mesmo. — Então ele sorri
mais ainda quando ela balança os dedos em sua frente. — Porque
eu estou falando dessa forma com ele, eu nunca vou saber.
— Você faz o mesmo com nossos gatos — Andrei justifica.
— É verdade — ela aceita e ambos trocam um olhar feliz. —
Tia Anna é boba assim mesmo, e vai demorar para conseguir mudar
o tom de voz, vai sim — Anna brinca.
— Mas a tia Anna precisa mudar uma coisa — Alexei fala ao
meu lado. — A partir de hoje você será a madrinha dele.
— Vocês querem… sério? — Ela tropeça nas palavras e nos
encara com as sobrancelhas erguidas e a boca entreaberta.
— Claro, irmã, e esse russo debochado aí do seu lado será o
padrinho, isso se vocês aceitarem — Alexei informa.
— Porr… desculpa — Andrei fala, antes de soltar um palavrão,
e Anna sorri ao seu lado. — É claro que sim, cunhadinho.
— Claro que aceitamos, irmão — Anna confirma e manda
Andrei lavar as mãos, depois entrega Bjorn para ele, que também o
segura com carinho e experiência, então ela caminha até nós e se
joga nos braços de Alexei, que a envolve em um abraço apertado.
— Obrigada.
Ela o larga e depois me abraça também.
— Só tenho uma condição — Alexei informa. — Que você pare
de me chamar de ‘cunhadinho’.
— Po… xa, cunhadinho, aí você me quebra!
— Ele vai parar sim, não é mesmo, Andrei Petrov? — Anna
repreende do meu lado.
— Me chamando pelo sobrenome, isso é sacanagem, amor. —
Andrei brinca e faz um biquinho forçado, mas Anna coloca as duas
mãos na cintura e ergue uma sobrancelha, ficando séria enquanto
olha para o namorado. — Tudo bem, tudo bem, a partir de agora é
Alexei ou cunhado.
— Minha irmã te pegou de jeito mesmo, Andrei — Alexei
comenta.
— Você não faz ideia, cunhado.
Com isso, todos rimos e sentamos no sofá para tomar um chá
e conversar, é tão bom ver a forma carinhosa com que Alexei fala
com a irmã e o quanto fica feliz quando ela está aqui, mesmo de
longe, ele continua cuidando dela e garantindo que esteja bem.
Porque Alexei é assim, um homem protetor, que coloca quem
ama como prioridade em sua vida.
CAPÍTULO 30

ALEXEI
3 semanas depois

Depois do sequestro, as coisas ficaram complicadas na


Central.
Saber que existe uma organização, como a Ordem dos
Mestres, por aí, escondida até da Bratva, deixou todos mais atentos.
Nós conseguimos capturar e matar quase todos os envolvidos
no sequestro da minha mulher, só ficaram vivos os que provaram ter
mais informações. Porém, não conseguimos localizar as outras
células da organização.
Mesmo que Dimitri tenha entrado no sistema deles, passado
dias procurando por alguma pista, uma mensagem, qualquer coisa,
não conseguimos nada.
As células, aparentemente, são independentes umas das
outras e tem seu próprio sistema de segurança e informações.
O pai e os irmãos de Patrícia estão presos na Central e vão
pagar pelos seus crimes.
O que mais colaborou foi Ryan, que se provou um bom aliado
contra a Ordem, só que, mesmo nos ajudando, ele foi uma das
pessoas responsáveis por vender Patrícia ao meu pai, ele estava lá
quando ela crescia sozinha, como uma escrava e não fez nada, é
por isso que Ryan continuará na prisão até pagar por isso.
Ele aceitou os termos e irá continuar colaborando conosco, no
futuro sua prisão pode ser revogada em serviços para a Central,
mas por enquanto, ainda não confiamos nele.
Já seu pai e irmão não terão a mesma sorte, ambos se
recusaram a colaborar e foram submetidos à tortura, com isso,
retiramos informações importantes, especialmente do pai de
Patrícia, que convivia mais com Ikrham e, por isso, sabia de coisas
que os irmãos não sabiam.
Ele nos contou como a organização funciona, mais ou menos
como uma seita, aonde eles criaram um conjunto de rituais de
adoração ao mestre supremo, que era meu pai, o qual somente seu
herdeiro poderia substituir.
Por isso, segundo Karl, eles jamais vão parar de procurar por
Bjorn, o herdeiro do Mestre Supremo e, quando o encontrarem, a
seita será sua nova casa e ele reinará como deve ser.
Eles tem rituais de adoração, que são feitos com a foto do meu
pai em altares localizados em todas as células da organização, nós
encontramos dois desses nos locais que invadimos.
Esse fato é preocupante, especialmente para mim, que agora
precisarei aumentar ainda mais a segurança da minha família, Bjorn
crescerá com esse fantasma sobre ele, pelo menos até acabarmos
com essa maldita organização.
Dimitri me garantiu que caçar a Ordem dos Mestres é uma
prioridade para a Bratva e que todas as informações sobre essa
missão serão compartilhadas comigo e com o Conselho, visto que
eles podem nos atacar novamente.
Quando retornamos do ataque, haviam homens tentando
invadir a Central a mando de Ikrham, que tinha certeza que, com o
Pakhan morto, eles poderiam ganhar espaço e nos atacar.
Também encontramos o traidor infiltrado na Central, já que ele
usou um aparelho de celular para repassar a informação da morte
do Pakhan.
Dimitri conseguiu rastrear a ligação do aparelho de Ikrham e
encontrou o desgraçado.
Esse foi torturado e executado em praça pública por traição à
Bratva.
Tudo isso aconteceu nas poucas semanas depois que meu
filho nasceu, eu tentei acompanhar e ajudar com as investigações,
mas Dimitri me tranquilizou e mandou que eu ficasse em casa com
minha família, afinal eles são a minha prioridade.
Com o Pakhan em pessoa, o melhor rastreador do mundo
focado no assunto, eu fiquei mais tranquilo em deixar as
investigações de lado.
Durante essas semanas com nosso filho em casa, a rotina foi
para o inferno.
É impossível manter qualquer tipo de horário com um bebê
que não se importa se é dia ou se é noite.
Bjorn faz sua própria rotina e já consegue mandar em todos
dentro dessa casa, mesmo sem falar uma palavra.
Parece brincadeira como um bebê tão pequeno consegue ser
o centro das atenções de todos ao seu redor.
Depois das primeiras semanas, aprendi a dar leite para ele
com a colher dosadora, o que ajudou muito, e Patrícia conseguiu
dormir mais a noite, mas nós nos revezamos para levantar.
Agora Bjorn já está com dois meses e aceitou, finalmente, a
mamadeira, o que me deixa mais tranquilo para levantar a noite e
dar de mamar para meu filho, porém ele ainda prefere o peito de
Patrícia e quem sou eu para argumentar.
O garoto é esperto.
Anna e Andrei ficaram na Rússia por duas semanas e pude
passar um tempo de qualidade com minha irmã antes de ela
retornar para os Estados Unidos.
Ela me contou que decidiu fazer um curso de artes na
universidade e está conversando com Amélia Corleone para, no
futuro, abrir uma galeria de arte e uma escola, com cursos para
crianças carentes.
Essa se tornou sua meta de vida e ela está muito feliz que foi
aceita na Universidade de New York.
Tudo isso me deixou ainda mais contente, saber que minha
irmã está seguindo seus sonhos, sabendo que seu futuro será
brilhante e feliz e, com Andrei ao seu lado, ela estará segura.
Agora estou voltando de uma reunião longa com os membros
do Conselho, estou cansado e só quero chegar em casa e ver
minha família.
— Eles encontraram mais alguma pista? — Charles pergunta
do banco do motorista do meu carro, ele está dirigindo hoje, já que
preciso revisar uns documentos no caminho para casa.
— Não, ainda estamos no escuro quanto as outras células,
não sabemos quantas são nem aonde estão localizadas, é a porra
de um mistério — respondo angustiado e com raiva.
— Nós vamos encontrá-los, até lá conversei com Serguei para
implantarmos alguns dos protocolos de segurança do herdeiro —
Charles anuncia e me sinto ainda mais cansado só de pensar nisso.
— Diferente de Dimitri, Bjorn não é um alvo para ser morto, eles o
querem vivo, portanto algumas coisas são mais flexíveis, mas outras
precisam ser melhoradas.
— Eu confio em você para cuidar disso, Charles.
— Obrigado, farei as mudanças ainda essa semana e o
atualizarei sobre os protocolos, as espiãs continuarão dentro da sua
casa, porém é bom avisar sua mulher sobre isso, Patrícia gosta de
saber quem está trabalhando lá dentro e não posso culpá-la, depois
do que aconteceu com dona Marta.
— Sim, mas aquela desgraçada pagou pelo que fez —
respondo e me lembro do quanto foi bom cortar a garganta daquela
maldita traidora, assim como da cozinheira e de Manoel.
— Chegamos — Charles avisa.
— Pode ir para casa por hoje. E, Charles, obrigado por tudo —
agradeço meu amigo, que tem se desdobrado para atualizar a
segurança.
— Sabe que não precisa agradecer, agora vai lá, um
passarinho me pediu para avisar que talvez seja bom nadar um
pouco antes do jantar.
— Um passarinho?
— Sim — ele responde com um sorriso de canto. — Agora sai
desse carro e vai encontrar sua mulher.
Entro em casa e subo direto para o escritório, deixando a pasta
e o casaco lá.
Vou até o quarto de Bjorn e vejo as duas babás com ele, dou
um beijo em meu filho, que está dormindo tranquilo no berço e, só
então, vou até a área da piscina.
Encontro minha mulher dentro da piscina, ela está de costas
para mim, a água batendo em sua pele me dá a visão espetacular
de seus cabelos loiros molhados, vejo o laço fino do biquíni em suas
costas e, quando meu olhar desce um pouco mais, tenho a visão da
bunda deliciosa de Patrícia, em um fio dental que me faz babar.
— Você realmente quer me infartar antes dos quarenta anos —
falo e ela se vira para mim com um sorriso lindo no rosto, o biquíni
rosa cobre a metade dos seus peitos deliciosos e me faz querer tirá-
lo imediatamente. — Porra, amor.
— Seja bem-vindo de volta, marido — ela brinca e estende
uma mão em minha direção. — Vai demorar muito para entrar aqui
comigo?
— Nem mais um minuto — respondo já tirando a gravata, abro
os botões da camisa e abaixo a calça, tirando as meias enquanto
caminho até ela e me jogo na piscina só de cueca.
— Eu amo quando você usa cueca branca — Patrícia comenta
quando nado até ela e envolvo seu corpo em meus braços, beijando
sua boca com vontade, faço questão de morder o lábio inferior antes
de encontrar sua língua com a minha, provando o gosto delicioso da
minha mulher.
— Senti saudades — confesso contra seus lábios.
— Estou vendo. — Ela olha para baixo, encarando a minha
ereção, que está completamente visível pelo tecido transparente da
cueca. — Que tal a gente matar essa saudade?
— Sua safada, quer que eu te foda na piscina, amor?
— Eu quero isso desde o dia que nadamos juntos, você não
imagina quantas vezes sonhei com você depois daquilo.
— Eu posso imaginar, não consegui esconder muito bem
minha ereção, mas em minha defesa, você estava gostosa demais
naquele maiô florido — confesso e volto a beijá-la, sem conseguir
me segurar, provo dos lábios macios da minha mulher e me perco
em seu gosto.
— E agora, ainda estou gostosa? — ela provoca desfazendo o
nó da parte de cima do biquíni, deixando-o flutuar na água enquanto
seus peitos nus apontam em minha direção.
— Porra, amor, você fica mais gostosa a cada dia que passa,
eu não sei como explicar — respondo envolvendo um dos seus
seios com a mão enquanto me abaixo para lamber o outro.
— Alexei — Patrícia geme jogando a cabeça para trás e levo
uma mão para o meio das suas pernas, a água morna nos deixa
aquecidos enquanto sinto sua boceta por cima do tecido fino do
biquíni.
— O que você quer, moya lyubov’? — pergunto, chamando-a
de “meu amor”.
— Eu quero você — responde e coloco minha mão por dentro
da calcinha do biquíni, encontrando sua boceta quente e deliciosa,
que engole meus dedos quando a penetro. — Assim, eu quero mais,
Alexei.
— Eu vou te dar tudo, amor, agora goza na minha mão antes
de eu enfiar meu pau nessa boceta — falo e ela desfaz os nós da
calcinha do biquíni, abrindo mais as pernas para mim enquanto
geme na minha boca.
Patrícia se entrega as sensações e eu a beijo com vontade,
meus dedos entrando e saindo enquanto esfrego seu clitóris com a
palma da mão, sei que ela está quase gozando quando me aperta
com mais intensidade.
Aumento a velocidade dos movimentos, até que ela estremece
em meus braços em um orgasmo delicioso de assistir.
Não perco tempo e a levo até a borda da piscina, tirando
minha cueca no caminho, eu a penetro assim que ela empina a
bunda deliciosa em minha direção, sua boceta abraça meu pau e
me faz delirar de tesão.
— Porra, como eu amo sua boceta, moya lyubov’.
— E eu amo seu pau, moy nauzhchina — ela responde,
chamando-me de “meu marido” e me fazendo delirar.
Começo a entrar e sair dela com vontade, estabelecendo um
ritmo delicioso, que faz ela gemer meu nome enquanto beijo seu
ombro, fazendo-a arrepiar.
Passo a lamber seu pescoço até chegar em sua orelha e
sussurro elogios que a faz estremecer, porque cada palavra que sai
da minha boca é a mais pura verdade e eu amo a forma com que
ela sorri quando escuta.
— Se toca pra mim, amor — ordeno baixinho em seu ouvido e
ela leva uma mão até o meio das pernas, esfregando o clitóris
enquanto eu a fodo com mais força, entrando e saindo da sua
boceta, acelero as investidas quando a sinto se contrair ao meu
redor. — Agora, goza.
E é isso que Patrícia faz, gemendo a porra do meu nome como
uma súplica, a qual eu logo acompanho, gozando dentro dela.
Estamos ofegantes e perdidos na névoa do orgasmo quando
ela se vira e enlaça os braços em meu pescoço, buscando pela
minha boca até me beijar com carinho.
— Alexei… — sussurra contra meus lábios.
— Eu sei — respondo, apertando-a ainda mais contra mim,
sentindo meu coração bater mais rápido a cada respiração
descompassada.
Patrícia é o amor da minha vida e, quando ela está em meus
braços, eu sei que estou em casa.
CAPÍTULO 31

PATRÍCIA
3 meses depois

Bjorn já está enorme, consegue ficar sentado e ri de qualquer


coisa, mas também sabe chorar até conseguir o que quer,
especialmente quando Alexei chega em casa.
Nosso filho só tem olhos para o pai, que não se importa em
pegar nosso pequeno e passar um bom tempo com ele, até que
canse e durma, muitas vezes no colo de Alexei, outras mamando no
meu peito.
É um pouco impossível manter uma rotina com um bebê que, a
cada nova fase de desenvolvimento, muda completamente.
E essa é a minha vida, uma da qual eu não posso reclamar
pois sou feliz demais com meu marido e filho.
Alexei e eu decidimos não ter outros filhos, por isso ele fez
uma vasectomia algumas semanas depois que Bjorn nasceu, nós já
temos nosso pequeno e pretendemos dar a ele toda a atenção,
carinho e amor que não tivemos durante as nossas vidas.
Tudo isso me fez pensar no quanto eu gostaria que a minha
família fosse diferente, mas Alexei me mostrou as gravações da
confissão do meu pai e meu irmão John, eles parecem ter sofrido
uma lavagem cerebral, é macabro.
Ryan foi o único que realmente se arrependeu de tudo o que
fez e colaborou com a Bratva, mas mesmo assim ele continua
preso, pagando pelos seus crimes.
Eu o visitei duas vezes na prisão da Central e ele parecia bem
conformado com a situação, como se tivesse aceitado a punição e
isso me deixou mais tranquila.
Ver meu irmão em uma cela foi difícil de aceitar, afinal, foi ele
quem me ajudou quando fui sequestrada, quem matou Ikrham e me
manteve segura até que Alexei chegou, foi meu irmão quem
segurou a minha mão no momento que Bjorn nasceu.
— Amor, tenho algo para conversar com você — falo para
Alexei, que está deitado de costas na cama, quase pegando no
sono, eu estou com a cabeça descansando em seu peito nu.
— Claro, meu amor, pode falar — ele responde, então limpa a
garganta e eu ergo a cabeça para olhar em seus olhos.
— É um assunto complicado — enrolo, sem coragem de falar o
que realmente quero.
— Pode falar, sabe que faço qualquer coisa por você.
Respiro fundo uma, duas, três vezes, até criar coragem.
— Quero levar Bjorn para conhecer o Ryan — falo e, no
mesmo momento, ele abre bem os olhos e seu sorriso se esvai.
— Amor…
— Só me escuta, Ryan foi o único que me ajudou quando fui
capturada, se não fosse por ele sabe-se lá o que teria acontecido —
articulo para defender meu irmão da melhor forma que posso. — Eu
sei que durante minha vida toda ele foi conivente com os abusos,
estou trabalhando isso na terapia, mas acho que ele realmente se
arrependeu do que fez.
— Ele ainda pode estar mentindo, precisamos garantir que ele
não faça parte de um plano maior para sequestrar nosso filho —
Alexei explica e penso nisso por um momento, se Ryan realmente
está fingindo ele é um ótimo ator.
— E se ele tiver se arrependido mesmo? E se Bjorn nunca
conhecer o tio por que o mantivemos longe dele? Eu não quero que
meu filho cresça em meio a mentiras, Alexei, quero que meu irmão o
conheça, nem que seja através de vidros de segurança, como você
achar melhor.
— Você tem certeza?
— Sim.
— Eu não posso prometer nada agora, amor, mas vou falar
com Dimitri e com os membros do Conselho para conseguir uma
autorização.
— Obrigada! — Levanto um pouco o corpo e beijo sua boca
como agradecimento.
— Não depende só de mim, mas farei o possível, é o que
posso te prometer agora.
— É o bastante.
***
2 semanas depois
Alexei finalmente conseguiu a liberação para eu e Bjorn
visitarmos Ryan e pedi para ficar sozinha com ele, mesmo sabendo
que terá câmeras e tudo, quero esse momento com meu irmão.
Coloco uma roupinha toda amarela e verde em Bjorn e, já que
finalmente o inverno foi embora e estamos no verão, coloco um
boné em sua cabeça.
Depois deixo o pequeno com a babá e vou me trocar, decido
usar um macacão azul, com uma camisa social por baixo, e um
tênis branco.
Como quero levar Bjorn para o parque depois, preciso ir mais
confortável para aguentar o dia todo brincando com ele.
— Obrigada, Marina — agradeço a babá que me entrega
Bjorn. — Pode pegar a bolsa dele, Alexei já deve estar chegando.
— Sim, senhora — ela responde.
Marina é uma mulher bonita, tem seus quarenta anos de idade
e, segundo Alexei, é uma espiã da Bratva treinada para cuidar de
crianças, eu não perguntei porque eles precisam de pessoas
treinadas para isso, mas achei curioso.
— Senhora Ivanova, o Senhor Ivanov acabou de chegar e está
esperando no saguão de entrada — Daniela, a outra espiã que
também é babá do Bjorn, avisa da porta do meu quarto.
— Obrigada, acho que já podemos ir — digo e as duas me
acompanham até o andar de baixo, aonde Alexei me espera em seu
terno cinza luxuoso.
Quando me vê meu marido abre um sorriso lindo e caminha
em nossa direção.
Envolvendo minha cintura com um braço, ele me dá um beijo
rápido nos lábios, como sempre faz quando nos encontramos, até
que Bjorn exige sua atenção, estendendo os braços em direção ao
pai.
Alexei pega o filho no colo e o enche de beijos, fazendo-o
gargalhar.
— Sentiu saudades do papai? — Alexei pergunta e Bjorn ri
mais ainda. — Papai estava morrendo de saudades de você e da
mamãe também.
— Para, não tem nem quatro horas que você saiu de casa —
advirto, mas fico feliz em saber que ele sentiu tanta saudade de mim
quanto eu senti dele.
— No momento que eu saio por essa porta de manhã, eu sinto
falta da minha família — ele anuncia, sem nenhuma vergonha por
não estarmos sozinhos. — Agora vamos, a visita está programada
para o meio dia.
Com isso, saímos de casa, Alexei coloca Bjorn na cadeirinha
especial dentro do carro, depois abre a porta para eu entrar no
banco do carona e vai no banco do motorista.
As duas babás nos seguirão, junto com Charles e a equipe de
segurança nos carros de apoio.
A viagem até a Central leva meia hora e, nesse tempo, Alexei
me atualiza sobre como será a visita e o que eu posso ou não fazer
durante o tempo que estiver com meu irmão.
— Com o passar do tempo, nós continuaremos avaliando seu
irmão e, se ele continuar garantindo que não irá nos prejudicar, as
visitas podem ser mais constantes e pessoais, mas hoje preciso que
você fique atrás do vidro com Bjorn, Ryan não pode, em hipótese
alguma, tocar no nosso filho, tudo bem?
— Eu entendo — respondo com um pouco de tristeza, mas sei
que essas medidas de segurança são para proteger Bjorn, por isso
aceito cada uma delas.
Chegamos na Central e toda a equipe de segurança desce e
nos acompanha, Charles me cumprimenta e brinca com Bjorn
quando Alexei o tira do carro, então nos segue de perto até o prédio
que comporta a prisão da Bratva.
O local é enorme e nem consigo imaginar quantas pessoas
estão presas aqui.
Prefiro não pensar nisso enquanto caminhamos pelo corredor
cinza com luzes brancas no teto.
— Vocês esperam aqui — Alexei ordena e Charles, as babás e
os seguranças, ficam do lado de fora da sala, ele abre a porta para
eu entrar e depois me segue com Bjorn em seus braços.
— Senhora Ivanova, é um prazer revê-la — Dimitri me
cumprimenta com um aperto de mãos. — Sasha Kuznetsov, Vasily
Smirnov e Pyotr Orlov, os membros do Conselho da Bratva.
Os três homens me saúdam com um aperto de mãos e
algumas palavras, depois olham para Alexei e sorriem para nosso
filho.
— Eu não sabia que era dia de trazer seu filho para o trabalho,
Danila ficaria feliz em brincar com o pequeno Bjorn, eles tem quase
a mesma idade — Sasha Kuznetsov fala.
— Podemos combinar um dia para isso — Alexei aceita e
todos sorriem, o clima é tranquilo na sala, mas do outro lado do
vidro vejo meu irmão sentado em uma cadeira com as mãos e os
pés algemados.
— Ele… precisa mesmo ficar assim? — pergunto e todos
olham para meu irmão.
— É só uma medida de segurança, amor — Alexei responde,
então aceito e engulo em seco. — Acho que podemos começar.
— Sim, estaremos aqui caso você queira sair ou precise de
alguma coisa, senhora Ivanova. — O homem mais velho, que se
apresentou como Vasily, é quem oferece e concordo com a cabeça.
Alexei me entrega Bjorn, que reluta um pouco em sair dos
braços do pai, mas logo aceita e encara as pessoas na sala com
curiosidade, então Dimitri abre uma porta na lateral e faz sinal para
eu passar, fechando-a depois que entro na sala branca.
Ryan ergue a cabeça ao me ver e sua expressão muda de
confusa para alegre assim que encara Bjorn, ele abre um sorriso
enorme e olha do meu filho para mim, como se não acreditasse no
que está vendo.
Caminho até ele e sento na cadeira em sua frente, então vejo
o vidro que nos separa e os furos para que possamos conversar.
— Ryan, quero que conheça meu filho e seu sobrinho, Bjorn
Ivanov — apresento e os olhos de Ryan não saem do bebê, que o
encara com a expressão curiosa que sempre tem quando conhece
pessoas novas. — Bjorn, este é seu tio Ryan.
— Ele… ele está tão grande, Patrícia — Ryan comenta,
erguendo as mãos, mas logo as abaixa ao lembrar das algemas e
do vidro.
— Sim, Bjorn tem cinco meses e meio já — anuncio.
— Ele é muito parecido com você quando tinha essa idade,
lembro das suas bochechas fofas e dos olhos verdes, que brilhavam
sempre que alguém falava algo — Ryan comenta com um meio
sorriso, mas vejo uma sombra de tristeza passar pelo seu olhar. —
Desculpa se não tiramos fotos, acho que não temos recordações
daquela época.
— Tudo bem, isso tudo está no passado, hoje estou aqui pelo
meu filho, para que ele não cresça sem conhecer toda a sua família
— informo e pego um paninho para limpar a boca do Bjorn, então
tiro o mordedor da sacola e dou para ele brincar enquanto
conversamos.
— Como você está? — Ryan pergunta.
— Estou feliz, Bjorn agora já dorme a noite toda, pelo menos
quase todas as noites, ele já senta sozinho e tem feito tentativas de
engatinhar, mas ainda é pequeno demais para isso.
— Ele vai engatinhar no próprio tempo, você levou quase um
ano para começar a se arrastar pela casa, mas logo depois já
estava caminhando e me fazendo correr atrás de você — Ryan
conta e essa é a primeira vez que ele fala sobre a minha infância.
— Você cuidava de mim? — pergunto interessada.
— Na época sobrava para mim, John estava sempre com
nosso pai e, bem, você sabe como ele é, então alguém tinha que
garantir que você estava bem. — Ryan dá de ombros e me encara
com o olhar triste. — Eu deveria ter continuado a fazer isso quando
você cresceu, posso arrumar desculpas e dizer que nosso pai me
proibiu, mas nós dois sabemos que é mentira.
Ficamos em silêncio por um tempo, olhando um para o outro
como se pudéssemos enxergar a verdade que paira no ambiente,
aquela que dói e magoa todas as vezes que penso sobre isso, mas
que deve ficar no passado.
Depois que Bjorn nasceu, Alexei finalmente me convenceu a
aceitar fazer terapia, minha psicóloga tem trabalhado muito meus
traumas de infância, com isso, consigo ver melhor como crescer em
um lar desestabilizado como o meu afetou toda a minha vida.
Estou tentando me curar desses traumas e aceitá-los é o
primeiro passo, preciso disso para seguir em frente e fazer melhor
pelo meu filho, ser uma mãe presente e amorosa para ele e uma
boa esposa para Alexei.
Também preciso me tratar com mais carinho e, acima de tudo
e de todos, me amar.
Aprender a me colocar em primeiro lugar é importante, afinal,
eu importo tanto quanto as pessoas que eu amo.
— Você fez o que podia com os recursos que tinha na época,
não faz bem para você, nem para mim, ficar remoendo um passado
que não vai mudar, o que podemos fazer, a partir de agora, é mudar
nosso futuro — esclareço e sorrio para ele. — Eu quero que meu
irmão esteja presente na minha vida e na do meu filho, não importa
como, nem em quais circunstâncias, mas eu estarei aqui por você,
Ryan.
— Por quê? — ele questiona confuso.
— Porque você é minha família e agora eu entendo o real
significado dessa palavra, quero que você também saiba como é ter
pessoas que te amam e te apoiam, por isso vou te visitar com mais
frequência, para que possamos conversar e nos conhecer,
verdadeiramente.
— Eu gostaria muito disso, Patrícia, mas não sei como será
daqui para frente e nem se posso receber visitas, não quero que
você fique presa a mim, meu futuro será atrás das grades e…
— Eu não me importo, virei até você e podemos trabalhar com
o que temos.
— Obrigado — ele agradece e gostaria muito de poder abraçá-
lo nesse momento, sinto meus olhos arderem e se encherem de
lágrimas, as quais deixo cair pelo meu rosto, não é um choro de
tristeza, essas são lágrimas de alívio.
CAPÍTULO 32

ALEXEI
4 meses depois

As investigações sobre a Ordem dos Mestres estão


complicadas.
Dimitri conseguiu rastrear uma das células que estava
localizada no Texas e nossas equipes invadiram o local, mas assim
que chegamos ao seu líder, ele tirou a própria vida com um tiro na
cabeça, assim como seus conselheiros.
Conseguimos mais informações sobre eles nos interrogatórios
com os membros menores da Ordem, os que foram capturados,
mas infelizmente eles não tinham noção dos negócios mais
importantes, afinal, eram somente soldados seguindo um líder.
Eles cultuavam a palavra do meu pai como se ele ainda
estivesse vivo e descobrimos que a Ordem não transmitiu a notícia
de sua morte para seus seguidores menores, portanto pensamos
que somente os Mestres e seus conselheiros sabiam.
Dimitri conseguiu localizar essa célula depois que interceptou
uma ligação para o celular que pertencia a Ikrham, como nós
estávamos controlando toda a comunicação antes de invadirmos,
ninguém conseguiu notificar aos outros sobre isso.
Agora não temos mais esse trunfo, já que precisamos invadir à
força o campo de concentração do Texas e, depois que tudo estava
seguro, Dimitri localizou diversas mensagens criptografadas que
foram enviadas para celulares descartáveis.
Antes de morrerem, o Mestre e seus conselheiros avisaram os
outros núcleos sobre a invasão e, provavelmente, sobre a morte de
Ikrham, mas por chegar ao extremo de tirarem suas próprias vidas,
nós desconfiamos que essa Ordem dos Mestres seja ainda mais
perigosa do que previamente pensávamos.
Tudo indica que eles tem força e estão atrás de derrubar a
Bratva e assumir nosso lugar e, se não conseguirmos encontrá-los
antes que alguma tentativa seja feita, podemos estar, pela primeira
vez na história, enfrentando inimigos poderosos.
Os outros membros do Conselho não estão preocupados com
isso, afinal, temos o controle do sistema de tráfico de armas, drogas
e humano com a família Petrov, a produção e distribuição de
tecnologia está com a minha família, a produção de armas com os
Orlov, a produção e distribuição de farmacêuticos e alimentos fica a
cargo da família Kuznetsov e, por último, temos o controle do
sistema financeiro dos maiores países do mundo, que é feito pela
família Smirnov.
Nós temos o tráfico, a tecnologia, as armas, os medicamentos,
alimentos e o sistema financeiro, tudo em nossas mãos, nós
controlamos o mercado mundial, é praticamente impossível nos
derrubar.
Mesmo que um de nós caia, outro será colocado no lugar,
Dimitri garantiu isso quando convocou a reunião sobre as mudanças
nas leis de regência.
A Bratva vai sobreviver e eles sabem disso, já que seu criador
era um dos membros do Conselho, meu pai tinha acesso a todas
essas informações e, mesmo assim, criou uma organização secreta
para tentar nos derrubar.
Ele sabia que seria difícil e, por isso, Dimitri e eu concordamos
que a ameaça não deve ser subjugada.
É uma ameaça real e vamos tratar dela com seriedade.
Cada informação sobre a Ordem dos Mestres está confinada
com os membros do Conselho e mais ninguém.
Se eles ainda estiverem atrás do meu filho eu preciso me
antecipar a qualquer tentativa que possam fazer para sequestrá-lo,
Bjorn e Patrícia são minha prioridade, eles são meus motivos para
viver.
Hoje teremos um jantar na mansão Petrov, Patrícia e
Yekaterina organizaram tudo, elas estão bem amigas e se
encontram com constância quando Yekaterina consegue um tempo
entre as aulas de ballet.
Fico feliz com isso, Patrícia é uma mulher incrível e saber que
tem amigas me deixa mais tranquilo, depois que ela começou a
fazer terapia percebi que está mais atenta ao mundo a seu redor,
ela se abre mais comigo também e conversa bastante sobre o que
está sentindo, o que pensa sobre o futuro e tantas outras coisas que
fez eu me abrir mais para ela também.
Assim, nos conhecemos um pouco mais a cada dia e eu a amo
ainda mais, não sei como isso é possível.
— Está pronta, meu amor? — questiono da porta do quarto,
ela ainda está no closet se vestindo para a noite, mas não quis me
falar exatamente qual é a programação.
— Quase, só vou pegar um casaco, o clima está esfriando
novamente — ela responde lá de dentro e, alguns segundos depois,
sai com um vestido de alcinha maravilhoso, é vermelho e abraça
suas curvas deliciosas, tem uma fenda perfeita na perna direita. —
Não, menino malvado, esse você não vai rasgar.
Eu rio com a sua fala, porque era exatamente isso que eu
estava imaginando fazer.
— Eu compro outro exatamente igual para você depois.
— Nem pensar, essa belezinha foi feita sob medida,
especialmente para essa noite e…
— E vai ser desfeita quando a noite acabar — complemento e
Patrícia sorri, aceitando a batalha perdida, ela sabe muito bem que
eu não vou recuar nessa decisão.
— Vamos sair logo desse quarto, da forma que está me
olhando tenho medo de não conseguirmos chegar até a mansão
Petrov — ela brinca e tenta passar por mim na porta, mas agarro
sua cintura e dou um beijo em seus lábios vermelhos.
— Eu não me importo em chegar atrasado — informo e ela
sorri em meus braços.
— Seu safado, vamos logo, Kat e eu planejamos uma noite
muito interessante só para adultos e quero passar no quarto do
Bjorn para dar boa noite.
Essa não é a primeira vez que saímos sem ele, mas sempre
sentimos esse vazio ao deixá-lo em casa, claro que ele não ficará
sozinho, Vincent fará a segurança do nosso filho pessoalmente e vai
estar na porta do quarto a noite toda.
Não podemos correr nenhum risco quando o assunto é Bjorn.
Passamos no quarto do nosso filho, que já está dormindo feito
um anjo no berço, e sussurramos um boa noite para não acordá-lo.
Eu o fiz dormir enquanto Patrícia se arrumava, esse é um dos
melhores momentos que tenho com meu filho.
Tento chegar em casa cedo todos os dias para passar um bom
tempo com ele e fazê-lo dormir lendo um livro ou contando histórias,
Bjorn adora.
— Vamos. — Agora sou eu quem precisa arrastar Patrícia do
quarto, por ela ficaríamos assistindo nosso filho dormir a noite toda
e confesso que a ideia é tentadora, mas sei o quanto ela se
esforçou com Yekaterina para organizar essa noite, por isso
seguimos para o carro.
— Está maravilhosa, senhora Ivanova — Charles comenta
assim que abre a porta do passageiro para ela entrar, vejo Patrícia
ficar vermelha com o elogio, mas ela sorri.
— Obrigada, Charles — Patrícia agradece antes de entrar e
meu amigo pisca um olho em minha direção.
O caminho até a mansão Petrov é tranquilo e seguimos
conversando.
Charles e Vincent finalmente assumiram seu relacionamento
que, segundo eles, existe desde que éramos adolescentes, mas
eles preferiram manter em segredo para poderem trabalhar juntos.
Afinal, não é aconselhável que um casal faça a proteção de
outra pessoa, já que em uma situação de risco eles podem escolher
proteger um ao outro e isso colocaria em perigo a terceira pessoa,
mas eu jamais pensaria que eles me colocariam em perigo.
Charles e Vincent são meus melhores amigos e fizeram minha
segurança de forma impecável, sei que posso confiar a eles minha
vida e a da minha família.
— Sejam bem-vindos a primeira noite de jogos da Bratva —
Yekaterina fala ao nos receber na porta de entrada da mansão, com
Dimitri e Serguei ao seu lado.
— Preparado para ficar mais pobre, Ivanov? — Serguei
questiona.
— Só se for em outra vida — respondo e ele sorri.
— Nossas mulheres prepararam uma noite com todos os
membros do Conselho, é um pouco impossível que alguém aqui
fique pobre — Dimitri comenta e todos rimos enquanto caminhamos,
logo somos revistados, como é de costume, e depois entramos na
mansão.
Uma sala foi organizada como se fosse um cassino de Las
Vegas, mesas com jogos diversos foram espalhadas pelo ambiente,
cada uma com um soldado da Bratva, que reconheço ser da
segurança pessoal de Dimitri, como Croupier, para dirigir a mesa.
— Entrem e divirtam-se — Dimitri convida.
Em uma das mesas de roleta russa vejo Mikhail Smirnov, que
recentemente assumiu o lugar do pai no Conselho, e sua esposa
Violet Smirnova competindo entre si, ela é uma mulher ruiva que
está muito bonita em um vestido verde e longo, eles tem três filhos,
todos homens.
Na mesa de blackjack estão Pyotr Orlov e Sasha Kuznetsov,
suas esposas Camile Orlova, uma mulher loira e muito alta que está
usando um vestido preto e longo, e Kerol Kusnetsova, uma morena
de cabelos cacheados que está também com um vestido longo
preto.
As mulheres assistem enquanto eles jogam e conversam entre
si.
Pyotr tem uma filha e Sasha tem um filho com idade
aproximada de Bjorn.
Yekaterina nos convida para jogar pôquer e, depois de
cumprimentar todos os outros membros do Conselho, seguimos
para a mesa arrumada com cinco cadeiras, o Croupier embaralha as
cartas, enquanto um garçom traz nossas bebidas e sentamos para
começar o jogo.
— Acho que preciso avisá-los — Serguei fala para Dimitri.
— Deixe que eles descubram sozinhos — Dimitri responde e
trocam um olhar cúmplice, enquanto Yekaterina revira os olhos.
— Nos avisar sobre o quê? — Patrícia questiona, curiosa.
— Dimitri, é melhor falar — Serguei repreende.
— Tudo bem, vou avisá-los antes de começar os jogos que é
para ninguém falar que foi pego desprevenido, mas nossa mulher,
além de ser uma grande gostosa, também é uma excelente
jogadora de pôquer, eu não sei o que ela tem nas mãos, mas a sorte
está sempre ao seu lado — Dimitri declara com seriedade e todos
olham para Yekaterina, que sentou do lado da Patrícia na mesa.
Ela está usando um vestido rosa muito bonito e seus cabelos
foram arrumados em um coque alto no topo da cabeça.
— Se não se garantem, podem sair da mesa — ela comenta,
dando um gole na sua taça de vinho. — Esses dois aqui só tem
sorte no amor mesmo.
— Hey, eu ganhei duas rodadas da última vez que jogamos —
Serguei comenta.
— Sim, mas perdeu doze — Dimitri repreende.
— Olha quem fala, você ganhou só uma — Serguei contrapõe
e Dimitri dá de ombros.
Então eles começam a rir e Yekaterina os acompanha, esses
três são um trisal muito forte e unido, eu jamais conseguiria
entender realmente como essa relação funciona, mas sei que dá
certo porque os vejo tão felizes juntos.
Acredito que quando se tem amor e respeito por nossos
parceiros, todas as formas de relacionamento são válidas e podem
funcionar.
— Vamos lá, se é para perder que seja logo — Patrícia
comenta, pegando a todos de surpresa.
E assim, passamos a noite, Yekaterina é realmente muito boa
no pôquer, ela tem sorte com as cartas e ainda sabe como mentir,
sério, eu nunca vi ninguém jogando assim em toda a minha vida.
Segundo ela, quando as bailarinas saiam em turnê elas não
tinham muito tempo para sair e conhecer as cidades, com os
ensaios exaustivos e todas as apresentações, então faziam
festinhas no hotel e jogavam pôquer.
Foi assim que ela aprendeu.
E, claramente, aprendeu muito bem, porque Yekaterina
ganhou a maior parte das rodadas e saiu com o maior prêmio da
noite.
Durante os jogos, Mikhail e sua mulher entraram para a mesa
e a noite ficou ainda mais animada.
Os membros do Conselho não tem o costume de sair juntos ou
organizar festas assim, o que agora entendo ser um grande
desperdício, já que isso pode nos unir e nos tornar mais do que
colegas de trabalho.
Por isso entendo o motivo de Dimitri ter autorizado essa noite,
ele é um Pakhan inteligente e sabe que precisamos nos unir cada
vez mais para enfrentar os perigos que podem vir no futuro.
— E o que vocês pretendem fazer para comemorar um ano de
casados? — Yekaterina pergunta para mim.
— Eu tenho alguns planos — respondo de forma misteriosa.
— Planos? — Patrícia entra na conversa.
— Sim, meu amor, planos — respondo sem dar mais detalhes.
— Posso saber quais são esses benditos planos? — ela
pergunta, agora com um pouco menos de paciência, me viro para o
lado, seguro seu rosto com uma mão e dou um beijo em sua boca.
— Não, é surpresa — falo e sorrio com o biquinho que ela faz
ao ser contrariada.
— Se vocês quiserem, nós podemos ficar com o Bjorn, estou
tirando um mês de férias e seria incrível passar um tempo com ele
— Yekaterina oferece.
— Seria perfeito — respondo, já que Bjorn resolveu largar o
peito, agora ele só toma mamadeira e já está comendo algumas
comidas que a pediatra autorizou.
— Assim posso ir treinando para o que vem no futuro —
Yekaterina comenta e olha para seus dois homens.
— Eu estou tentando, meu amor — Dimitri responde, afinal
Serguei é um soldado da Bratva e não pode ter filhos.
— E vamos continuar tentando até conseguirmos — Serguei
complementa e eles trocam um olhar significativo, ao qual preciso
desviar para encarar minha mulher.
— Você aceita? — pergunto e ela faz que sim com a cabeça.
— Confia em mim, vai ser maravilhoso.
— Eu confio em você, só não gosto de surpresas — ela explica
e me faz rir, porque Patrícia pode pensar que não gosta, mas
sempre que chego com um buquê de flores em casa, uma joia, ou
até mesmo um pedaço de bolo de chocolate que sei que ela ama,
Patrícia fica feliz.
— Agora chega de conversa e vamos jogar, que a noite está
só começando e eu preciso ganhar de todos vocês — Yekaterina
chama a atenção de todos e voltamos ao jogo.
Obviamente no final da noite ela está muito mais rica do que
no começo, mas quem aqui se importa? Dinheiro é o que não falta
para nenhum de nós.
Patrícia e eu nos despedimos e vamos para a casa felizes por
termos saído.
Assim que chegamos, libero Vincent dos seus serviços e ele e
Charles vão para seu apartamento, enquanto Patrícia e eu não nos
aguentamos e passamos no quarto de Bjorn.
O pequeno continua dormindo em seu berço, virado de lado e
com a chupeta na boca, sua expressão tão serena faz meu peito
explodir de amor e abraço minha mulher por trás, beijando seu
pescoço.
— Obrigado por me dar a família que eu não sabia que queria,
mas que agora é tudo na minha vida — agradeço fazendo-a sorrir.
Patrícia se vira em meus braços e me beija intensamente, um
beijo que eu logo correspondo e a levo para o nosso quarto.
CAPÍTULO 33

PATRÍCIA

Alexei realmente não me falou para onde vamos, ele nem me


deixou arrumar minha própria mala, fez Edoard escolher tudo e
deixar lacrada até o dia da viagem.
O mais difícil disso tudo é conseguir deixar Bjorn por alguns
dias, já que até agora só nos separamos por poucas horas, não
mais do que isso.
Meu coração fica apertado só de saber que o deixaremos por
cinco dias completos, ele ficará com Yekaterina na mansão Petrov,
então estará seguro, mas já estou sentindo saudades do meu
menino antes mesmo de deixá-lo.
— Vai dar tudo certo, amor — Alexei fala do meu lado,
enquanto seus homens carregam as malas no carro.
Ele está com Bjorn em seus braços e o pequeno brinca com o
pinguim de pelúcia que ganhou da madrinha Anna em sua última
visita.
— Eu sei, só é difícil deixar ele — explico e Alexei sorri para
nosso menino.
— Também estou apreensivo, mas vai ser bom tirarmos esses
dias só para nós, eu te garanto que vai valer a pena.
— Eu sei que vai, todos os momentos ao seu lado são
incríveis, amor.
— Então vamos que o avião está nos esperando — Alexei fala
e caminha até o carro, colocando Bjorn na cadeirinha no banco de
trás, depois ele abre a porta para mim e sento no banco do carona,
ele vai de motorista.
Três carros de apoio nos seguem de perto até a mansão
Petrov, aonde Yekaterina, Dimitri e Serguei nos esperam, Kat parece
animada e está com um sorriso no rosto que fica ainda maior
quando Alexei tira Bjorn da cadeirinha e entrega nosso pequeno
para ela.
— Oi, Bjorn — Kat fala e ele olha atentamente para o rosto
dela, então ergue a mão, que não está segurando o pinguim, e
agarra os cabelos de Yekaterina, puxando com força.
— Não, meu filho, não pode fazer assim — repreendo e ajudo
Kat a soltar seus cabelos das mãos rápidas do pequeno —
Desculpa, Kat, ele está em uma fase difícil, sugiro prender o cabelo
— falo e ela ri.
— Vou lembrar disso, mas ele vai se comportar, não vai,
Bjorn? — Kat fala e dá um beijo na bochecha do nosso filho, que
começa a soltar gargalhadas fofas conforme ela o balança em seus
braços.
— Obrigada por isso, Kat — agradeço.
— Não precisa agradecer, não sei quem estava mais ansioso
pela chegara de Bjorn, Yekaterina ou Serguei, eles só falam disso
há semanas — Dimitri comenta, vindo até nós.
Ele para ao lado de Kat e começa a fazer caretas para nosso
filho, que solta gargalhadas altas.
— Olha quem fala, senhor “vou comprar vários brinquedos
para ele não ficar entediado” — Kat brinca e Serguei aparece ao seu
lado, estendendo os braços para Bjorn, que se joga nele e não dá
outra opção para Kat a não ser deixá-lo ir.
— Ele gosta do tio Serguei, não gosta, Bjorn? — Serguei
brinca e Bjorn ergue a mão e agarra a barba do soldado, sem
conseguir puxá-la ele se frustra e faz cara de choro. — Não precisa
chorar, vamos lá dentro brincar com o Batman.
— É melhor deixá-lo um pouco longe do gato de vocês, pelo
menos até ele parar de arrancar os cabelos de todo mundo — aviso
e eles concordam. — Vem com a mamãe um pouco, Bjorn.
Estendo os braços e ele me olha por um momento, parecendo
indeciso, mas logo estende as mãos em minha direção e eu o pego.
— Papai vai sentir saudades, você se comporta, tudo bem? —
Alexei fala do meu lado e dá um beijo na cabeça de Bjorn.
— Mamãe já está morrendo de saudade de você, faz o que o
papai disse e se comporta, voltaremos logo. — O abraço apertado,
sentindo seu cheirinho delicioso e a maciez da sua pele, antes de
finalmente soltá-lo e entregá-lo a Kat novamente. — Se acontecer
alguma coisa…
— Nós podemos resolver, fica tranquila e aproveita a viagem,
seja lá para onde for — Kat me corta.
Dimitri e Serguei pegam as bolsas de Bjorn de dentro do carro
e nos despedimos deles logo depois, seguindo diretamente para a
Central, aonde um avião particular nos espera.
— Pode ficar confortável, meu amor, a viagem será longa —
Alexei avisa ao sentar em minha frente.
— Para onde estamos indo? — tento mais uma vez.
— Quando a gente chegar você vai saber, eu trouxe um jogo
de pôquer para a gente treinar e ganhar de Yekaterina da próxima
vez, o que acha?
Ele pega uma maleta com fichas e baralho, colocando em cima
da mesa que está entre nós dois.
— Acho ótimo — respondo, então o avião dá a partida e eu
olho para a janela, assistindo a pista passar rapidamente até que
estamos no ar, essa é a primeira vez que ando de avião e me sinto
tranquila.
Depois de estabilizarmos, o comissário de bordo pergunta se
queremos algo para beber, Alexei pede um copo com vodca e eu
uma taça de champanhe, então começamos a jogar um contra o
outro, mas o que começou como uma simples brincadeira, logo de
torna uma oportunidade para apostar.
— Eu dobro sua aposta e adiciono um oral, bem aqui nesse
avião — Alexei faz sua jogada.
Olho para os lados, estamos sozinhos na parte de trás da
aeronave, mas somente uma cortina nos separa dos seguranças
que ficaram na frente.
Encaro meu marido e avalio suas reações, ele está com uma
expressão neutra no rosto, mas a sobrancelha erguida e a forma
com que desvia o olhar do meu quando sorrio me diz que suas
cartas não estão tão boas assim.
— Eu pago para ver — respondo com confiança.
— Tem certeza, meu amor? Se eu ganhar…
— Eu ajoelho bem aqui e te pago um delicioso boquete, mas
se você perder quem vai ajoelhar é você, meu amado marido — falo
para provocá-lo e Alexei sorri de canto. — De qualquer forma, eu
considero uma vitória.
Nos encaramos por um tempo, a tensão aumentando no ar, a
mesa tem um par de dez, um par de seis e um Ás, se ele tiver outro
dez ou outro seis em sua mão, ele faz um full house, se ele tiver um
Ás, ele faz dois pares mais altos, as jogadas são arriscadas, mas
estou confiante.
— Então, amor, faça sua jogada — peço e Alexei abaixa suas
cartas, mostrando o seis e o Ás em sua mão, juntando com os dois
seis na mesa, ele forma uma trica, mais os dois Ás, ele forma um full
house.
— Acho que está na hora de mandar meus homens assistirem
um filme lá na frente — Alexei sorri, todo convencido achando que a
vitória é sua, até que mostro minhas cartas, eu tenho um dez e um
Ás em minhas mãos, formando uma trinca com os dois dez da mesa
e mais uma dupla com o Ás, como a minha trinca é mais alta do que
a dele, meu full house vence.
— Acho que está na hora mesmo, meu amor — declaro e me
levanto, fazendo uma dancinha da vitória, jogo meus braços para
cima e começo a balançar meu corpo e comemorar enquanto meu
marido assiste e sorri.
— Nunca estive tão feliz em perder uma aposta — ele declara
e vai até um telefone que fica na parede ao lado da entrada. —
Senhoras e senhores, em alguns segundos um filme irá começar e,
a partir de agora, o uso de fones de ouvido é obrigatório,
concentrem-se na tela em sua frente, isso é uma ordem.
Então ele desliga e caminha em minha direção, daquela forma
provocativa, seu olhar fixo em mim, o lábio inferior preso entre os
dentes e a expressão de desejo em seu rosto faz todo o meu corpo
arrepiar.
Alexei me leva até um banco, que mais parece um sofá, no
lado direito da aeronave e indica para eu sentar, quando faço isso
ele se ajoelha em minha frente, colocando-se no meio das minhas
pernas e me deixando aberta para ele.
— Alexei… — digo quando ele ergue a saia do meu vestido e
abre minhas pernas ainda mais.
— Sua safada — fala ao ver o que o espera. — Esse tempo
todo que estávamos jogando pôquer, você estava sem calcinha?
— Eu conheço meu marido — respondo e ele sorri, então se
abaixa e beija a parte interna da minha coxa direita, fazendo-me
estremecer, depois a esquerda, traçando um caminho delicioso até
o meio das minhas pernas.
— Coloca suas pernas em meu ombro amor e, por favor,
controle seus gemidos — ele pede e é exatamente o que eu faço,
colocando minhas pernas em seus ombros, mas não prometo nada
sobre a última parte.
— Alexei, droga, que delícia, amor — falo assim que sua
língua toca na minha boceta, que já está completamente molhada
por ele.
Alexei começa com calma, beijando meus lábios e provocando
o clitóris devagar, como se estivesse beijando minha boca, é
sensual e deliciosamente inebriante senti-lo no meio das minhas
pernas.
Eu amo ter este homem ajoelhado e me dando prazer, o
melhor é que sei que Alexei gosta tanto disso quanto eu.
Sua língua passa por toda a minha boceta, provocando minha
entrada para depois subir até o clitóris.
É delicioso, mas eu preciso de mais, sei que ele só está me
provocando, me deixando ainda mais enlouquecida de prazer.
Preciso morder minha mão para controlar um gemido quando
ele começa a me chupar com mais vontade e tudo só melhora
quando sinto seus dedos me penetrando, enquanto sua língua bate
no clitóris inchado.
As sensações viajam por todo meu corpo, me deixando quente
e acesa, é como se, a cada toque dele, eu recarregasse minhas
energias, até o momento que estou transbordando de tesão e já não
consigo mais controlar os gemidos que saem da minha boca.
Alexei aumenta a velocidade do entra e sai dos seus dedos,
girando-os para encontrar aquele ponto específico dentro de mim
que me faz ir aos céus, juntamente com a sua língua que bate no
meu clitóris.
Eu não aguento mais e me entrego ao orgasmo delicioso que
ele me proporciona, mas meu marido não para por aí, ele continua
me torturando com seus dedos, até que abre a própria calça com a
outra mão e, em um movimento rápido, Alexei substitui os dedos
pelo pau.
— Você me deixa louco, amor, completamente louco — fala e
toma a minha boca na sua, beijando-me com vontade, me fazendo
sentir meu próprio gosto em sua língua deliciosa. — Eu preciso te
foder agora.
— Então me fode, amor, bem gostoso — imploro e ele sai de
mim por tempo o suficiente para me virar de quatro no banco.
Abro bem as pernas e empino a bunda para ele, que logo está
enterrado na minha boceta novamente.
Alexei me fode com força, como ambos gostamos, uma de
suas mãos segura meu cabelo, puxando levemente minha cabeça
para trás, enquanto a outra segura minha cintura e controla os
ritmos das estocadas.
Se os soldados não ouviram meus gemidos antes, eles com
certeza estão cientes dos de agora, porque é impossível me
controlar quando meu marido me pega de jeito assim.
Sinto aquela sensação de prazer crescer ainda mais dentro de
mim e sei que mais um orgasmo se aproxima, por isso aperto minha
boceta ao redor do pau de Alexei e o sinto estremecer, ele está tão
perto quanto eu, empino ainda mais minha bunda e, com mais
algumas estocadas, estou gozando outra vez.
Alexei não demora a me acompanhar e logo está derramando
sua porra dentro de mim, depois caímos os dois no banco, suados e
ofegantes, mas com o sorriso satisfeito estampado em nossos
rostos.
— Preciso confessar que foi uma delícia perder para você,
meu amor — Alexei fala e ambos rimos da brincadeira.
Ele levanta e vai até o banheiro, depois volta com algumas
toalhas de papel e me limpa como consegue.
— Droga, não pensei direito quando vim sem calcinha — me
repreendo.
— Por quê?
— Agora vou ficar com a sua porra escorrendo durante a
viagem toda.
— Droga, amor, saber disso me deixa com mais tesão ainda —
ele declara e olho para seu pau, que já começa a dar sinal de vida
novamente.
— Meu marido é insaciável — comento e ele sorri, então se
vira e me dá um beijo.
— Nunca vou cansar de foder a minha esposa — ele anuncia e
faz meu coração acelerar ainda mais no peito.
Amo essas declarações safadas de Alexei, especialmente
quando vem com tanta certeza assim.
***
Demoramos quase um dia todo para chegar no que Alexei
falou ser a primeira parada e só percebi aonde estávamos quando
avistei Anna e Andrei nos esperando escorados em um carro preto
dentro do aeroporto.
Eles nos levaram para o seu apartamento, Alexei e eu
aproveitamos para tomar um banho e descansar um pouco, então
jantamos com eles e voltamos para o aeroporto.
Depois das despedidas e de um pedido para que eles nos
visitem logo, Alexei e eu voltamos para a aeronave.
— Por que não podemos ficar aqui? — reclamo assim que
sento no avião, sentindo o cansaço da viagem.
— Você vai gostar bem mais do nosso destino final, amor, eu
te garanto — ele responde e se senta ao meu lado, então me ajuda
a afivelar o cinto e logo estamos no ar novamente.
A viagem demora, não tanto quanto a primeira, mas mesmo
assim é cansativa, por sorte pego no sono assim que me escoro no
ombro do meu marido e quando acordo já é de manhã e estamos
pousando.
Olho para fora e vejo o mar azul de um lado, já do outro vejo
uma praia linda com morros maravilhosos e, mais ao fundo, uma
estátua enorme do Cristo Redentor.
Eu já vi essa paisagem em filmes e, por isso, sei que estamos
no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro.
CAPÍTULO 34

ALEXEI

Patrícia reconhece a paisagem imediatamente e vejo seu rosto


se iluminar de felicidade, ela abre um sorriso lindo, que faz meu
coração bater ainda mais rápido, e sei que fiz a escolha certa.
— Alexei, você me trouxe para o Rio de Janeiro? — pergunta
incrédula.
— Sim, meu amor, nós vamos passar cinco dias em uma ilha
particular.
— Só nós dois?
— E alguns seguranças, Vincent e Charles vão nos
acompanhar, mas eles ficarão em uma casa separada, é só por
precaução — respondo e ela abre ainda mais o sorriso em seu
rosto.
— Obrigada! — Patrícia me abraça com força e nos beijamos.
— Eu sempre quis conhecer a praia.
— Você vai amar o Rio, podemos fazer alguns passeios
turísticos se você quiser, temos um helicóptero a nossa disposição
aqui.
— Eu quero, com você eu quero tudo.
O avião pousa no aeroporto particular de uma das nossas
empresas de tecnologia, os seguranças começam a descarregar
nossas bagagens, enquanto caminhamos com Vincent e Charles até
o carro.
— Está animada para curtir uma praia, Patrícia? — Charles
questiona.
— Muito e você? — ela rebate a pergunta e Vincent solta uma
gargalhada alta.
— Esse aí não para de falar dessa maldita praia — Vincent
declara e Charles dá de ombros.
— Eu nunca saí de férias assim, não posso me animar?
— Claro que pode — é Patrícia quem responde.
— Quem disse que os dois estão de férias? — pergunto
fingindo seriedade.
— Ah, para com isso, é claro que estamos de férias, ou quase
— Charles manifesta animado. — Podemos chamar de férias de
meio período.
— Estaremos na porra de uma ilha, Alexei — Vincent
repreende e abre a porta de trás do carro que está nos esperando.
— Estou brincando, só mantenham a equipe de segurança em
ordem e vocês podem fazer o que quiserem — informo e Patrícia
aperta minha mão ao entrar no carro primeiro. — Considerem esse
um presente de… há quantos anos vocês estão juntos?
— Quinze anos — Vincent responde e Charles sorri, dando de
ombros para a minha cara de palhaço.
— Eu juro, algum dia quero saber dessa história toda e de
como vocês esconderam isso de mim por todo esse tempo.
— Você tinha coisas mais importantes para se preocupar —
Charles declara e é a mais pura verdade, eu nunca pude realmente
ser um bom amigo para eles, não como eles foram para mim.
Vincent e Charles sempre estiveram ao meu lado e
esconderam seu relacionamento para poder me proteger, eles são
leais e os melhores amigos que eu poderia querer nessa vida, é por
isso que os trouxe conosco nessa viagem e aluguei uma casa
separada para eles.
Preciso agradecê-los de alguma forma, por tudo o que fizeram
e ainda fazem por mim.
— Agora vamos, o dia está lindo e quero que Patrícia conheça
a praia antes que o sol se ponha — aponto.
É fim de tarde quando o barco para na orla da praia, desço
primeiro, molhando meus pés no mar, então estendo a mão para a
minha mulher e a carrego no colo até a areia seca, para que não
molhe suas roupas.
Depois Vincent e Charles fazem uma varredura pela casa, os
seguranças fazem o mesmo nos arredores, instalando o sistema de
segurança e monitoramento que trouxemos.
Enquanto isso, caminho pela areia segurando a mão da minha
mulher, só para ficar sozinho com ela por um tempo.
Andamos em silêncio até nos afastarmos o suficiente das
outras pessoas, só então paro e me viro para ela.
— Gostou da surpresa? — pergunto.
— Muito, eu amei, Alexei.
— Agora, olha para o mar — peço, virando-a de frente para a
imensidão azul em nossa frente, o sol já está se pondo no horizonte
e a paisagem fica ainda mais bonita assim.
O céu adquire tons de laranja intensos que refletem na água,
as ondas quebram na areia enquanto envolvo seu corpo em meus
braços colando suas costas em meu peito, uno nossas mãos e
planto um beijo delicado em seu rosto.
— É tão bonito — ela comenta, admirando o horizonte com os
olhos brilhando e o sorriso largo, mas eu já não consigo reparar na
paisagem, só tenho olhos para ela.
— É sim, mas nada se compara a você. — Beijo seu rosto
novamente e encaixo meu queixo na volta do seu pescoço. — Eu te
amo muito.
— Eu também te amo, obrigada por fazer da minha vida uma
aventura a qual vale a pena viver.
Depois da caminhada voltamos para a casa principal, é uma
construção bem bonita e moderna, toda em madeira, com portas e
janelas grandes de vidro.
Tem dois pisos, na parte de baixo possui uma sala de estar
com vista para a praia, uma cozinha e lavanderia, nos fundos conta
com uma área de lazer com piscina e uma quadra esportiva.
Já no segundo, tem dois quartos, um é a suíte principal, com
vista para o mar, e o outro é uma suíte secundária com vista para a
floresta.
Patrícia quis fazer o jantar, os armários estão cheios de
mantimentos e ela resolveu fazer uma lasanha com salada.
Aproveitamos a companhia um do outro, eu a ajudei a cortar
alguns temperos e picar a salada enquanto ela fazia o restante,
depois sentamos para jantar e conversar.
— Você realmente não sabia sobre eles? — ela pergunta,
tomando mais uma taça do seu vinho, já percebo o tom
avermelhado em seu rosto e a forma com que sua voz sai um pouco
mais lenta do que o normal.
— Eu tinha minhas suspeitas, eles são meus melhores amigos
e nunca falavam sobre mulheres ou homens, sempre que surgia um
assunto assim eles davam de ombros e se mantinham calados.
— E como ninguém percebeu? Vocês são tão inteligentes —
ela brinca e solta uma gargalhada gostosa.
— Nós não nos metemos na vida particular dos nossos
soldados, amor, não nos importamos com quem eles se envolvem,
contanto que isso não os atrapalhe — respondo com sinceridade. —
Eu estava esperando eles me contarem, ou um dos dois aparecer
com uma namorada ou namorado por aí, mas não aconteceu.
— Eles moram juntos, não moram?
— Sim e foi aí que minhas suspeitas se intensificaram, mas
quem sou eu para me meter na vida dos outros? Eles iriam me
contar quando estivessem prontos, e foi o que aconteceu.
Patrícia levanta da mesa e estende uma mão em minha
direção.
— Vem, eu quero dançar com o meu marido — ela fala,
encerrando o assunto anterior e tenho a certeza de que as três
taças de vinho já fizeram o efeito quando ela começa a se mover
sem música alguma tocando.
Aceito o momento e envolvo sua cintura com uma mão,
trazendo-a para perto de mim enquanto conduzo nossos corpos em
uma dança lenta, Patrícia descansa a cabeça em meu ombro e
ficamos assim por um tempo, dançando ao som das ondas que
quebram na praia.
No outro dia, passamos o tempo todo na areia, curtindo o mar
e o sol com muito protetor solar, já que não estamos acostumados
com tanto calor assim.
De noite, Patrícia decidiu convidar Vincent e Charles para se
juntarem a nós para jantar.
Foi uma noite agradável entre casais, enquanto estão
trabalhando, Vincent e Charles não demonstram intimidade, eles se
mantém atentos as suas funções, mas quando o expediente acaba,
eles são carinhosos como qualquer outro casal.
Nós já jantamos juntos várias vezes, até saímos para dançar e
curtir a noite, coisa que eu não fazia há anos, mas quero
proporcionar momentos assim para Patrícia, que foi tão privada
quanto eu de ter uma vida normal.
O jantar foi agradável e conversamos até o vinho falar mais
alto, então eles foram para a sua casa e eu levei Patrícia, que já
estava quase dormindo no sofá, para o quarto.
No terceiro dia, fizemos um passeio pela cidade do Rio de
Janeiro, conhecemos o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar,
almoçamos em um restaurante na orla da praia, fomos passear e
fazer compras em uma feirinha de artesanato e Patrícia se encantou
por tudo o que viu.
A melhor parte, com certeza, foi ver a felicidade estampada no
rosto da minha mulher.
Eu também preciso confessar que aproveitei muito o dia, já
havia vindo ao Rio algumas vezes, mas sempre para resolver
alguma questão das empresas ou acompanhando meu pai, nunca
tive a oportunidade de realmente curtir a cidade.
Quando o dia já estava no fim, voltamos para a ilha e
comemos as pizzas que trouxemos, enquanto assistíamos a um
filme na TV.
— Gostou do dia? — pergunto assim que o filme acaba.
— Mais do que posso colocar em palavras — ela responde e
se levanta do sofá, só para voltar e sentar no meu colo com uma
perna de cada lado do meu corpo, de frente para mim. Patrícia joga
os braços pelo meu pescoço e seu rosto fica a centímetros do meu.
— Acho que está na hora de agradecer.
Então ela me beija com vontade, tomando minha boca na sua,
seus lábios se moldam aos meus com familiaridade, como se
soubessem exatamente como eu gosto de ser beijado e os meus
correspondem, abrindo-se para recebê-la.
— Feliz um ano de casamento, meu amor — sussurro contra
seus lábios e ela se afasta imediatamente.
— Como assim? — questiona com os olhos arregalados.
— Hoje faz um ano que nos casamos, um ano que tenho a
mulher mais incrível e maravilhosa desse mundo ao meu lado, um
ano que você aceitou entrar em um casamento por obrigação pelo
nosso filho, um ano que nos tornamos conhecidos, depois amigos e,
só então, criamos sentimentos um pelo outro.
— Alexei, eu esqueci e…
— Eu sei, amor, mas eu jamais esquecerei aquele dia, porque
eu sei o quanto você estava triste, não havia animação ou algo para
comemorar, mas as coisas mudaram e acho que agora podemos
realmente comemorar nosso casamento — anuncio e coloco uma
mecha do seu cabelo atrás da orelha, acariciando seu rosto no
processo. — Eu sou tão feliz por ter te encontrado.
Com isso, volto a beijá-la, Patrícia não precisa responder nada
com palavras, seu corpo me diz tudo ao corresponder as minhas
investidas.
Sinto quando ela se esfrega na minha ereção enquanto nos
beijamos, então ergue os braços e eu tiro sua camiseta, jogando-a
longe, depois faço a mesma coisa com a minha.
Nossas bocas voltam a colidir como dois meteoros, nossos
corpos se encaixam um no outro como se fossem duas peças em
um quebra-cabeças.
Nós pertencemos um ao outro.
Somos duas partes de um mesmo coração.
Patrícia se levanta, tempo o suficiente para tirar a bermuda
jeans e a calcinha rosa, enquanto eu me livro das minhas calças e
cueca quase desesperadamente, até que ela volta a sentar no meu
colo.
Encaixo meu pau duro em sua boceta e sinto sua umidade.
— Pronta para mim — falo e ela sorri, safada.
— Sempre.
Volto a beijá-la enquanto ela desce no meu pau, engolindo-o
por inteiro e me fazendo gemer contra sua boca, eu nunca vou
cansar da sensação de estar dentro dela, é gostoso demais.
— Rebola no meu pau, amor, me deixe te foder até você gozar
— ordeno e Patrícia sorri.
Seguro sua bunda deliciosa com as duas mãos e a ajudo a
subir e descer no meu pau, seus movimentos vão se intensificando
conforme ela começa a respirar mais rápido, soltando gemidos
deliciosos até começar a chamar pelo meu nome.
Seus peitos balançam na minha frente, abocanho um deles,
apertando o mamilo com os lábios para depois lamber a aureola
rosada.
Eu sei que ela está perto quando sua boceta se contrai,
apertando ainda mais o meu pau, mas não deixo que goze, tomo o
controle da situação e a coloco de quatro no sofá.
A posição é deliciosa e me dá uma visão perfeita da minha
mulher toda entregue para mim.
Patrícia se apoia nos cotovelos, empinando ainda mais a
bunda na minha direção, vejo a forma com que seus dentes se
fecham no lábio inferior e como ela me olha por cima do ombro.
— Safada, é isso o que você quer? — pergunto e passo a mão
na sua bunda, alisando a pele macia, para depois dar o primeiro
tapa.
— Sim — ela responde quando minha mão atinge sua pele,
deixando uma marca avermelhada. — Eu quero mais.
— Porra — murmuro e levo meu pau até a sua boceta, que o
engole novamente, e preciso pensar em mil formas de tortura para
não gozar com duas estocadas.
— Me fode, Alexei — Patrícia implora e dou outro tapa em sua
bunda.
— Assim eu vou gozar antes que você, amor — advirto e ela
sorri, satisfeita, mas não deixo que aconteça, levo uma mão para o
meio das suas pernas e começo a esfregar seu clitóris, fazendo
movimentos circulares enquanto a fodo cada vez mais rápido.
Posso senti-la ficando mais molhada, seus gemidos se
intensificam e suas mãos agarram o tecido do sofá com firmeza.
— Goza amor, goza pra mim — ordeno e Patrícia estremece,
sinto suas pernas tremendo e sua boceta contraindo, esmagando
meu pau de uma forma tão deliciosa que não consigo mais me
segurar e gozo dentro dela, derramando tudo dentro dela.
— Alexei… — Patrícia chama meu nome como uma súplica
enquanto cai no sofá, rendida e cansada, e eu faço o mesmo,
deitando atrás dela.
Seguro minha mulher em meus braços enquanto nossas
respirações normalizam.
— Perfeita — sussurro em seu ouvido.
Traço um caminho de beijos que vai do seu ombro até a volta
do seu pescoço, acaricio seu braço, descendo pela pele macia da
lateral do seu corpo até chegar na sua bunda, aonde dou um tapa
fraco e assisto ela sorrir, depois faço o caminho contrário e vejo sua
pele toda arrepiada.
Amo a forma como Patrícia reage as minhas carícias.
Amo como ela corresponde a cada um dos meus afetos.
Amo como ela cuida e protege nosso filho.
Amo como nos completamos.
Enfim, amo a nossa forma de amor.
EPÍLOGO
Bjorn
15 anos depois

Hoje, segundo meu pai, é um dia muito especial para os


membros da Bratva, é o dia em que os herdeiros do Pakhan farão
sua iniciação.
Eu completei a minha quando tinha treze anos, meu pai
atrasou meu treinamento em um ano, para que eu realmente
estivesse pronto quando fosse matar alguém pela primeira vez já
que o normal é que a iniciação aconteça quando temos doze anos.
Os herdeiros do Pakhan, por outro lado, estão mais do que
prontos para assumirem esse compromisso, Adrian é o gêmeo mais
novo, ele tem os cabelos castanhos e os olhos azuis, é bem
parecido com a tia Yekaterina.
Já Yelena tem os cabelos loiros, mas os mesmos olhos azuis
do irmão, ela parece com o Pakhan na forma física, mas seu
temperamento é notório entre os herdeiros.
Falando em herdeiros, somos em oito, seis homens e duas
mulheres: Yelena e Adrian são os mais novos, com dez anos; Danila
Kuznetsov e eu somos os próximos em idade, já que acabamos de
completar quinze anos; depois de nós estão os gêmeos Pierre e
Pietro Smirnov, com dezesseis anos; então vem Katrina Orlov e
Ruan Smirnov, que possuem dezessete anos.
Nós somos conhecidos dentro da organização como Filhos da
Bratva, somos todos herdeiros das cinco famílias mais poderosas do
Conselho e os mais velhos vão assumir os lugares dos nossos pais
quando eles se aposentarem, com Yelena como a primeira mulher
Pakhan da história.
Por esse motivo, treinamos a vida toda juntos, somos um time,
mesmo com a diferença de idade, nossos professores são os
mesmos, nossos horários e aulas também, o que muda é o
conteúdo e a intensidade.
Os mais novos treinam separados e com armas diferentes,
enquanto os mais velhos participam do treinamento militar, que é
feito com todos os soldados da Bratva.
Nós somos uma força poderosa e unida e vamos proteger uns
aos outros contra qualquer ameaça que possa surgir em nosso
futuro.
— Adrian, você será o primeiro — o Pakhan chama e Adrian
vai até a mesa com as armas, ele escolhe uma faca já que é sua
maior habilidade.
Depois disso, dois soldados trazem um homem arrastado, ele
está com os braços amarrados atrás das costas e uma mordaça na
boca, é branco e tem os cabelos escuros, de onde estou não
consigo identificar a cor dos seus olhos, mas sei que estão
desesperados.
Nós fomos trazidos para o meio da floresta, local onde
praticamos tiro ao alvo com nosso professor.
— Você está pronto? — Yelena pergunta para o irmão, que faz
que sim com a cabeça.
Adrian está sério e segura a faca curta com firmeza na mão
direita.
— Tirem a mordaça — o Pakhan ordena e, no momento que
ela é retirada, o homem começa a suplicar por sua vida, pedindo
perdão por ter traído a organização.
Seus gritos ecoam pela floresta, mas não surtem efeito em
nenhum dos soldados, muito menos em nós.
Um traidor só tem um destino: a morte.
Todos estão cientes desse fato e sabem das consequências
dos seus atos, portanto, se ele decidiu nos trair e vender
informações sobre as empresas dos Orlov, pagará com a própria
vida.
— Quando você estiver pronto, Adrian — o Pakhan dá o sinal
e ele não pensa duas vezes, encarando sua vítima por alguns
segundos.
Então ergue a faca, mira em seu alvo e a joga, acertando em
cheio a cabeça do traidor, que logo para de gritar enquanto a vida
esvai do seu corpo.
— Muito bem — Pietro e Pierre comemoram e Adrian arruma a
postura, virando-se em nossa direção com um meio sorriso no rosto.
Ele olha para Serguei, seu outro pai, e recebe um aceno
positivo de cabeça, só então ele se retira e anda até nós, ficando ao
meu lado.
Agora é a vez dela, a estrela da Bratva.
Yelena Petrova não é qualquer criança, mesmo com dez anos
de idade ela já demonstra uma inteligência acima da média, no
treinamento de tiro a menina é excepcional e consegue os melhores
resultados entre os alunos da sua idade.
A única coisa que Yelena tem maior do que sua inteligência é
seu ego, a garota sabe muito bem seus pontos fortes e fracos, e
adora se vangloriar das suas conquistas.
Não de uma forma mesquinha, ela não joga na cara o erro dos
colegas, ao contrário disso, está sempre disponível para ajudar, mas
Yelena sabe comemorar suas vitórias.
Ela tem uma postura de liderança e todos nós sabemos que se
tornará uma grande Pakhan, assim como seu pai.
— Yelena, chegou a sua vez — o Pakhan anuncia.
— Finalmente. — Ela dá um pulinho de felicidade e vai até a
mesa, escolhendo uma Glock simples, ela recarrega a arma com
agilidade para depois andar até a marca no chão e esperar que
tragam sua vítima. — Parabéns, irmão — ela comenta enquanto os
soldados arrastam uma mulher para o mesmo local aonde o homem
foi morto.
— Obrigado — Adrian agradece.
— Concentre-se, Yelena — Serguei repreende e ela abre um
meio sorriso, segurando a arma com as duas mãos, Yelena respira
fundo e toda a leveza e brincadeira de antes é substituída por uma
postura séria e um olhar frio.
Os homens amarram a mulher branca e de cabelos ruivos na
árvore, mas ao contrário do homem, ela não suplica pela própria
vida, não chora e nem fala nada.
A mulher encarra sua carrasca com firmeza, então ela ergue a
arma e espera o sinal.
— Quando você estiver pronta, Yelena — o Pakhan anuncia e,
um segundo depois, ouvimos o som do tiro, que acerta o meio da
testa da mulher, respingando sangue na árvore quando sua cabeça
pende para a frente.
Todos aplaudem, orgulhosos da herdeira.
E é dessa forma que a menina de dez anos, que será a
primeira Pakhan da Bratva, se torna uma assassina.

FIM.
SE VOCÊ GOSTOU DA HISTÓRIA DO ALEXEI E DA
PATRÍCIA, TE CONVIDO PARA CONHECER OS OUTROS LIVROS
DA SÉRIE FILHOS DA BRATVA:
O REJEITADO (Anna e Andrei)
O HERDEIRO (Yekaterina, Dimitri e Serguei)
Leia o prólogo de O HERDEIRO a seguir.

OUTROS LIVROS DA AUTORA


Série Caminhos de um Capo
NASCIDO PARA LIDERAR
NASCIDA PARA PROTEGER
NASCIDO PARA AMAR
A PSICÓLOGA DA MÁFIA

Família de Angelis
MALÍCIA: UM TRISAL MAFIOSO
MALÍCIA: UM NATAL MAFIOSO (CONTO)
PRÓLOGO

YEKATERINA
Rússia, 2024

Eu atingi o ápice em minha carreira aos dezenove anos,


quando fui selecionada, entre outras quatro colegas, para ser a
bailarina principal na turnê internacional da peça “O Lago dos
Cisnes”.
Sim, essa é a maior conquista na carreira de uma bailarina,
ainda mais em uma escola tão prestigiada quanto a Bolshoi Ballet
Academy. É o sonho de muitas, que venderiam a alma em troca
dessa honra, mas não o meu.
É por isso que hoje, aos vinte e quatro anos de idade, estou
comemorando minha última turnê como bailarina principal. Fui
selecionada novamente, mas o aviso de que esse será meu último
ano veio acompanhando a notícia, portanto preciso me esforçar
ainda mais e finalizar minha carreira com chave de ouro. Foi isso o
que a diretora disse e precisei esconder meu sorriso para fingir
tristeza.
Saí do ensaio e fui direto para o apartamento que comprei com
o dinheiro suado de tantos anos de trabalho, tomei um banho, soltei
meus cabelos do coque cheio de spray fixador e grampos, sentindo
o delicioso formigamento de alívio no couro cabeludo, lavei duas
vezes os fios longos e castanhos para tirar todo o produto, hidratei e
deixei secar naturalmente, agora os fios caem em ondas nas minhas
costas.
Coloquei um vestido longo, preto e cheio de pedrarias, que há
muito tempo não usava, foi um presente que ganhei de um
admirador com quem dividi a cama certa noite.
Na Rússia, homens poderosos adoram foder com as bailarinas
depois das apresentações e pagam muito bem para isso. Eu não me
importo, contanto que o cara saiba o que está fazendo e não seja
um escroto, um dinheiro extra é sempre bem-vindo.
O par de sapatos dourados foram comprados para o último
encontro que tive com minha ex-namorada, terminamos logo em
seguida já que nosso relacionamento não estava dando certo há
algum tempo. Ela trabalhava com finanças e eu vivia viajando em
turnê ou ensaiando para as apresentações, nós praticamente não
tínhamos tempo juntas.
Ser bailarina exige todo o meu tempo livre e, quando tenho
algumas horas de descanso, preciso parar e realmente descansar,
senão meu corpo não aguenta a rotina do próximo dia e o maior
medo de qualquer dançarina é ter uma lesão provocada por
desatenção devido ao cansaço.
Termino a maquiagem pesada nos olhos, finalizando com um
batom vermelho cereja, calço o sapato, pego meu casaco e chamo
um taxi, que não demora a chegar e me leva até o bar de um hotel
de luxo, onde diversos homens e mulheres aproveitam a noite de
sexta-feira para caçar a próxima conquista.
É exatamente isso que estou fazendo aqui e não tenho
vergonha alguma em admitir, mas uma hora passou e continuo
sozinha, dispensei dois homens que estavam mais bêbados do que
o aceitável, até que uma mulher de pele clara e cabelo preto, preso
em um rabo de cavalo firme no topo da cabeça, usando um vestido
vinho muito elegante, que abraça as curvas do seu corpo malhado,
caminha em minha direção.
Eu já havia percebido seu olhar em mim, mas tinha algo de
diferente na forma com que ela esperava para se aproximar e uma
familiaridade, que plantou dúvidas em minha mente.
— Você está seletiva hoje, Yekaterina — a mulher fala com um
sorriso cúmplice no rosto, seus olhos azuis encontram os meus,
então ela chama o garçom e pede mais duas bebidas.
— Como você… — Paro a frase assim que minha memória
resolve voltar a funcionar e a imagem dessa mesma mulher, porém
com os cabelos raspados e mais jovem, aparece em minha mente.
— Yelena.
— Estou tão diferente assim? — questiona, dando uma volta
completa para exibir o corpo.
— Acho que é o cabelo e a idade — respondo, dando de
ombros. —, mas você continua maravilhosa.
— Vou considerar a menção a minha idade como um elogio,
assim como o restante da sua frase, porque agora você tem idade
suficiente para me acompanhar até um lugar muito melhor que esse
aqui. — Ela pega as bebidas e me entrega um dos copos com
Martini, então vira o outro e faz uma careta com o gosto. — Eu
prefiro vodca.
— E por que não pediu? — implico e viro minha bebida
também, mas para mim o sabor está excelente.
— Porque, no lugar aonde vamos, teremos a melhor vodca
que existe. — Yelena enrosca seu braço no meu e indica a saída,
dando-me a opção de desistir ou acompanhar e, como não tenho
nada a perder, escolho a segunda opção.
Pego meu casaco na chapelaria e a sigo até um carro preto, e
muito luxuoso, que nos espera na entrada do hotel. Uma hora – e
muita conversa sobre o passado – depois o carro para em um
portão grande, preto e luxuoso, aonde dois homens armados
checam os passageiros, mas ao notarem Yelena deixam o carro
seguir.
— Só preciso garantir que você não tenha nenhuma arma, ou
qualquer coisa assim, na sua bolsa — Yelena avisa e abro a
pequena bolsa preta, que contém meu celular, cartão de crédito e a
chave de casa. — Perfeito, gata, você pode deixar tudo na entrada
junto com o seu casaco, é proibido o uso de aparelhos eletrônicos.
— Estou começando a desconfiar do lugar para onde me
trouxe — respondo com uma pontada real de medo, mas a
ansiedade é maior e eu amo uma aventura cheia de mistérios.
— É meio que minha festa de despedida, vou viajar por um
tempo a trabalho e alguns amigos estão reunidos lá dentro, mas eu
deveria ter chegado aqui há três horas, então não se assuste se
eles já estiverem alterados — fala com a voz baixa em tom
brincalhão, então ela pega uma caixa que estava no banco da
frente. — Ah, eu já falei que é uma festa de máscaras?
Yelena me entrega uma máscara preta muito bonita, cheia de
detalhes imitando renda e alguns brilhos, ela amarra as fitas de
cetim em volta da minha cabeça, depois tira outra, idêntica a minha,
e eu ajudo a prender.
Assim que o carro para e o motorista abre a porta para eu
descer, preciso controlar o som de surpresa que tenta escapar da
minha boca com a visão da mansão mais luxuosa que já vi na vida.
É como aquelas que passam nos documentários sobre a vida de
gente muito, muito rica.
Yelena volta a enroscar o braço ao meu e me acompanha até
a entrada, não deixo de perceber a quantidade de seguranças no
local, são mais de oito à vista e, passando a mão por todo o meu
corpo, uma mulher me revista antes de nos deixar passar.
Minha companheira caminha pelos corredores com facilidade,
até chegarmos a uma porta dupla de madeira, aonde já consigo
ouvir o som da música clássica tocada com perfeição por algum
pianista.
— Cheguei, meus amores! — Yelena anuncia ao abrir as
portas e várias pessoas erguem o copo na direção dela, mas
consigo ver que a festa já não está mais no ápice pelo nível
alcoólico dos convidados, alguns a chamam para conversar e ela os
segue, cumprimentando as pessoas de forma animada, Yelena me
lança um olhar, mas indico o bar e nos separamos.
O local é tão luxuoso quanto o exterior da mansão e foi
decorado com vários balões nas cores vinho, preto e prata, que
combinam com o vestido de Yelena. As luzes baixas dão um ar
místico e me sinto confortável em andar sozinha até o bar, estou
acostumada com festas privadas de pessoas muito ricas, há muito
tempo isso não tem o poder de me intimidar.
Como todos estão usando máscaras não reconheço ninguém,
e duvido que reconheceria, mesmo sem. Peço uma vodca com gelo
para o garçom, que me serve uma dose dupla antes de se afastar e,
ao levar a bebida à boca, confirmo o que Yelena falou: esta é a
melhor vodca que já tomei na vida.
Percebo que a música não parou e encaro o homem atrás do
piano, só com um olhar consigo ver que ele não é um simples
músico, o loiro olha para as próprias mãos, concentrado no
movimento dos dedos que tocam uma melodia triste demais para
uma festa, porém ninguém está reclamando, o que indica que ele é
respeitado aqui, talvez o dono da mansão.
O terno cinza-escuro é sofisticado e, com certeza, foi feito sob
medida por um alfaiate experiente, abraça cada músculo daqueles
braços maravilhosos e deixa um ar de mistério sobre o que tem por
baixo da camisa social branca, ele usa uma máscara prateada
simples e a barba bem feita contorna o queixo quadrado.
Eu amo música clássica, na verdade, qualquer música que
faça as batidas do meu coração entrarem no ritmo ganha minha
apreciação, e essa, com certeza, surte este efeito.
Admiro o loiro por um tempo, até sentir que alguém está me
observando e nem preciso buscar muito, só viro para encarar um
homem de cabelos pretos e barba cerrada, com uma máscara azul-
escura e um terno simples, que me avalia dos pés à cabeça, mas
quando percebe que o peguei no flagra, sorri de forma tímida e dá
de ombros.
É por causa do vermelho que toma conta das suas bochechas
que caminho até ele, mantendo a pose ereta e o copo em minhas
mãos, dou um meio sorriso e ele passa a mão nos cabelos,
disfarçando a timidez.
Não falo nada, gosto de esperar que o outro faça o primeiro
movimento quando sinto que a pessoa é tímida, é como um desafio,
então me escoro no bar ao lado dele, tão próximo que nossos
braços quase se encostam, enquanto levo o copo até os lábios e
admiro o pianista.
— Você gosta de música clássica? — ele pergunta e controlo
um sorriso.
— Eu amo música — respondo de forma simples, mas ainda
sem olhar diretamente para ele —, e você?
— Não entendo nada sobre música, na verdade, mas essa é
legal.
— Para gostar de algo não é preciso entender sobre aquilo, é
só prestar atenção em como aquilo faz você se sentir — explico e só
então volto a olhar para o moreno, que agora tem os olhos fixos no
pianista, e vejo algo diferente na sua expressão, um brilho a mais
por trás da máscara. — Pare por um momento e concentre-se no
que está ouvindo, cada nota tocada forma uma melodia única e
intensa, o que você sente com isso?
Ele respira profundamente por um tempo, realmente
apreciando a música como falei e vejo sua expressão confusa
mudar ao chegar na resposta.
— Tristeza, solidão… — Fechando os olhos ele se concentra
ainda mais para decifrar a última palavra. — Controle.
— É assim que sabemos quando um pianista é bom, ele
consegue te fazer sentir muitas coisas ao mesmo tempo e só com
uma música, e esse está se superando. Você o conhece?
— Só de vista — A resposta sai evasiva e logo depois ele
desvia o olhar do piano para me encarar —, e você?
— Só conheço aquela morena, que está agarrada em uma
loira neste exato momento. — Aponto para o outro lado da sala,
aonde Yelena praticamente engole uma loira de vestido vermelho,
ela não demorou para encontrar alguém e isso me faz lembrar de
como nos conhecemos, porque algumas coisas nunca mudam.
— Yelena te deixou sozinha em um lugar que você não
conhece ninguém? — Ele balança a cabeça de um lado para o
outro, mas não consegue esconder o meio sorriso em seu rosto. —
Uma péssima amiga.
— Estamos mais para conhecidas — retruco e ele sorri ainda
mais, só então percebo que, acima da barba bem feita, se formam
duas malditas covinhas conforme seus lábios se abrem —, mas eu
não vim aqui para ficar com ela.
— E qual é seu objetivo essa noite, senhorita?
— Ter uma última noite de liberdade e prazer, antes de voltar
para minha rotina. — Sou mais sincera do que ele está acostumado,
vejo a surpresa se formando em seu rosto e posso jurar que, por
baixo da máscara azul, suas sobrancelhas estão erguidas.
Então ele desvia o olhar para o pianista mais uma vez, parece
ser algo inconsciente, como uma resposta para minha sinceridade, e
percebo que talvez minha noite seja ainda melhor do que eu
antecipei.
— Você está interessado nele? — pergunto sem fazer rodeios
ou joguinhos, gosto de ser direta com essas coisas e, se o moreno
gostar de homens e não de mulheres, não perco meu tempo
flertando.
— Você é bem direta — aponta, mas não respondo e deixo
que tome seu tempo. — Eu não tenho chance com alguém como ele
— fala sem desviar o olhar do pianista, que não parou de tocar por
todo este tempo, transitando lindamente entre uma música e outra.
— E também não tenho chance com alguém como você.
— Não com esse pensamento — respondo quando ele volta a
me encarar, agora com mais intensidade. — Desde o momento que
entrei aqui eu soube que o pianista não era só um músico
contratado.
— Posso saber como?
— É uma festa e as pessoas estão animadas, mas a música é
lenta e triste, o que, em qualquer outro lugar, faria com que diversas
reclamações chegassem aos ouvidos do pianista, mas ninguém se
atreveu a reclamar.
— Muito bem observado — pontua, chegando mais próximo de
mim para que nossos braços se toquem. — Continue, por favor.
— Percebe como todos se movem ao redor dele, cada pessoa
aqui está se atentando ao mesmo lugar, inclusive você e eu.
— Você está certa, ele é a pessoa mais importante daqui,
agora entende por que não tenho chance?
— Se quiser ser notado por um homem como ele, precisa
pensar que vocês são iguais e não se rebaixar — murmuro baixinho
bem próximo de seu ouvido e ele solta a respiração, balançando a
cabeça de um lado para o outro, negando minha afirmação. — Eu já
conheci muitos homens poderosos e todos eles possuem uma
característica em comum, eles sabem quem são e o poder que
controlam, e não gostam de perder tempo com pessoas que não
estão a sua altura.
— E você gosta de pessoas assim?
— Gosto de coloca-los de joelho — comento e ele abre um
sorriso lindo que chega até seus olhos escuros. — O segredo é
saber que, não importa o poder que um homem tenha, ele ainda é
um simples ser humano e, se não temos o dinheiro que eles têm,
precisamos encontrar algo em comum.
— E o que você tem em comum com o pianista, fora a
capacidade de me deixar com medo e encantando ao mesmo
tempo?
Quase solto um “Bom garoto” pela confiança com que ele faz a
sua primeira jogada, mas me controlo.
— Não precisa ter medo de mim, eu só mordo se me atacar,
ou se pedir — brinco e molho meus lábios com a língua, o que
chama sua atenção para a minha boca e sei que estou quase lá. —
O que eu e você temos em comum com o loiro poderoso é o tempo
limitado neste planeta, e é esse tempo que pessoas como ele
prezam, por isso não o perdem com os que não garantem que valha
a moeda de troca mais preciosa que existe.
— São palavras bem sábias para alguém tão nova quanto
você — ele responde com uma pontada de admiração na voz.
— Maquiagem e cremes caros, mas não sou tão nova quanto
pareço e, com certeza, tenho mais idade que você — pontuo,
fazendo-o sorrir e dar de ombros.
— E o que eu preciso fazer para que você gaste um pouco do
seu tempo comigo? — O moreno faz a sua investida, agora com um
pouco mais de confiança, virando de frente para mim, tão próximo
que consigo sentir seu perfume cítrico, o braço, que antes tocava o
meu, é erguido e ele afasta uma mecha de cabelo do meu rosto com
delicadeza, prendendo-a atrás da minha orelha e me fazendo
segurar a respiração com o choque que o toque de seus dedos na
minha pele produz.
— Eu já estou aqui. — Consigo encontrar minha voz e manter
a confiança, vejo sua pose mudar e ele sorri de canto, é fácil fazê-lo
sorrir e eu gosto disso. — Se você quiser, podemos chamar o loiro
gostoso, e muito habilidoso com as mãos, que está nos olhando por
cima do piano neste exato momento, para nos acompanhar.
— Como você sabe que ele está olhando para nós? — ele
pergunta, a confiança vacilando enquanto tenta manter o olhar em
mim.
— Porque ele não tirou os olhos de você desde que cheguei
aqui.
Com isso nós dois viramos em direção ao piano, que agora
não reproduz mais nenhuma nota, a música clássica fora substituída
pelo som ambiente dos alto-falantes do local e o loiro caminha, com
toda a sua altura e poder, em nossa direção.
DIMITRI

Desde que Yelena chegou com uma mulher ao lado, não


consegui parar de olhar em sua direção. Então ela caminhou com
confiança até o bar, não parecia conhecer ninguém, mas mesmo
assim não se intimidou e, para a minha surpresa, pediu uma vodca
enquanto avaliava o local.
É claro que percebi o olhar atento de Serguei nela, essa é a
primeira vez que ele participa de uma de nossas festas privadas, o
soldado foi convidado por Yelena, mas chegou com meu irmão, que
já tentou de tudo para leva-lo para a cama, mas não conseguiu.
Serguei é jovem, tem vinte anos de idade e está começando
agora a ganhar visibilidade dentro da organização, mas ele é bonito,
tem um sorriso fácil e que forma covinhas encantadoras em suas
bochechas, e é óbvio que eu já estou de olho no soldado.
Quando a morena misteriosa foi até ele, fiquei atento à
interação dos dois, avaliando a reação do soldado que, segundo as
informações que obtive na Central, já se envolveu com homens e
mulheres.
Não que eu seja fofoqueiro nem nada, mas sou bom em reunir
informações sobre pessoas. Eu faço isso com todos os soldados? É
obvio que não, mas quando percebi o interesse de Andrei nele, fiz
minhas pesquisas e, quando meu irmão tentou algo hoje, o soldado
não pareceu corresponder. Andrei se deu por vencido rápido e a
última vez que o vi estava saindo de fininho da festa com Klaus em
sua cola.
Para minha felicidade, Serguei correspondeu às investidas da
mulher, que não poupou olhares, gestos, sorrisos e toques. Assistir
a dança deles me deixou mais animado do que deveria, mas essa
também é uma noite para descontrair, por este exato motivo paro de
tocar piano e levanto, caminhando até os dois que olham em minha
direção.
Ela é intensa, altiva, exala poder e confiança, mesmo
parecendo ser tão jovem quanto Serguei.
Ele parece estar se controlando para não abaixar a cabeça
assim que me aproximo, o que me deixa aliviado e curioso sobre o
que eles estavam conversando.
— Boa noite — cumprimento os dois e faço sinal para o
garçom, que prontamente me entrega um copo com vodca pura —,
estão aproveitando a festa?
— Não tanto quanto gostaria — a mulher responde e Serguei
toma um gole da sua bebida para esconder a surpresa.
— Como anfitrião, me recuso a ouvir algo assim e não fazer
nada para remediar a situação. Diga-me, o que posso fazer para
melhorar sua noite? — Sem desviar o olhar da mulher, levo a bebida
aos lábios e vejo Serguei me admirando, o interesse óbvio do
soldado quase me faz sorrir, quase.
— Acredito que, em algum lugar dessa enorme mansão, tenha
um quarto — ela responde com a voz baixa o suficiente para que
ninguém mais a escute além de nós dois, largando o copo vazio, ela
se coloca no espaço entre Serguei e eu, com as costas escoradas
no balcão. A mulher olha primeiro para ele, depois para mim, então
se vira e fala por cima do ombro —, e que nós possamos usá-lo.
Olho para Serguei e vejo que ele está parado, claramente
esperando pela minha reação, então faço sinal positivo e coloco
uma mão nas costas da mulher, guiando-a para fora da sala com o
soldado nos acompanhando de perto.
Levo os dois até o quarto que geralmente uso para esses
encontros, a cama com lençóis pretos já está pronta para o que irá
acontecer, só espero que eles também estejam. Ligo o som, criando
um clima com as luzes baixas, e coloco as duas mãos na cintura
dela, colando suas costas em meu peito.
— Qual é seu nome? — pergunto beijando o pescoço delicado
dela e assisto sua pele arrepiar quando passo a barba ali.
— Yekaterina — ela responde, pendendo a cabeça para o
lado, mas não pergunta quem somos.
— Um nome lindo, significa pureza — murmuro enquanto beijo
sua pele delicada sentindo o perfume doce que me faz inspirar
ainda mais profundamente, começo a subir minhas mãos pela frente
do seu corpo, acariciando a barriga lisa até chegar nos peitos
pequenos. — Você é pura, Yekaterina?
— Nem um pouco — ela responde. Então estende a mão
direita para Serguei, que se aproxima lentamente, ficando em nossa
frente com os olhos escuros concentrados no local onde estou
beijando —, especialmente hoje.
— E o que você pretende fazer conosco? — questiono e beijo
seu rosto, descendo uma mão pela lateral de seu corpo até chegar
na fenda lateral do vestido.
— Tudo o que tivermos vontade, sem restrições, sem amarras,
o que você me diz? — Yekaterina acaricia o rosto de Serguei e se
inclina para beijá-lo, provando os lábios dele com delicadeza. —
Porém não estou aqui para ser dividida — ela anuncia e dá um
passo para o lado, me deixando de frente para Serguei, que me olha
com expectativa brilhando em seus olhos escuros, vejo sua boca,
agora com uma leve cor graças ao batom que ela deixou em seus
lábios e, quando ele prende o lábio inferior entre os dentes, é meu
sinal.
— Você quer me beijar, Serguei? — pergunto porque não é
meu estilo forçar soldados, se ele quiser participar tem que ser por
vontade própria.
— Sim, porra! — Serguei responde, me surpreendendo ao
envolver minha nuca com uma mão e me puxar para seus lábios,
em um beijo intenso. Sua boca se molda a minha, abrindo-se para
que nossas línguas se encontrem, e tenho a confirmação de que ele
não está brincando.
Paro o beijo para atrair a mulher, que vejo ter tirado a máscara
preta do rosto, revelando os olhos azuis contornados com um
delineado preto marcante na parte de cima, os cílios longos a
deixam ainda mais poderosa, assim como as sobrancelhas bem
feitas e delineadas.
Roço meus lábios nos dela, provocando-a, testando seu
controle já que a presença de Yekaterina é tão dominante quanto a
minha. Ela entra na minha provocação, passando a língua em meu
lábio inferior para depois mordê-lo, antes de abrir minha boca com a
sua e me invadir, com um beijo sensual que parece ter sido feito
especialmente para mim.
Yekaterina desfaz o nó das fitas que prendem minha máscara,
tirando-a do caminho, então ela se afasta tempo o suficiente para
me observar com atenção e, logo atrás de mim, sinto o corpo
grande de Serguei, sua mão agarra minha cintura e eu faço o
mesmo com a mulher. É como uma dança a três, ele começa a
beijar meu pescoço enquanto ela volta a tomar a minha boca, o
tecido fino do vestido não esconde os mamilos intumescidos da
mulher que se esfrega contra meu peito.
— Eu quero ver você ajoelhar — sussurra contra meus lábios,
como uma ordem ou um desafio, o que me faz sorrir pelo
atrevimento e sinto Serguei ficar tenso atrás de mim.
— Você quer ficar no controle, Yekaterina? — pergunto, dando
um passo para trás, criando espaço para me abaixar com um joelho
no chão e o outro dobrado, passo as mãos pela fenda do seu
vestido e ergo sua perna, descansando o salto dourado no meu
joelho. — Fique à vontade, seremos seus hoje.
Tiro seu salto, depois faço o mesmo com a outra perna, sem
desviar meus olhos dos dela, a visão é maravilhosa demais para me
distrair.
Serguei não perde tempo e contorna Yekaterina, abrindo os
botões do vestido dela, despindo a mulher que nos tem em suas
mãos. Assim que o tecido cai em seus pés, ele oferece a mão para
ela sair e ambos admiramos a deusa em nossa frente.
Yekaterina não está usando nada, nem calcinha e, assim que
meu olhar cai para o meio das suas pernas, vejo um ponto brilhante.
Porra, ela tem um piercing na boceta.
— Vocês vão ficar só olhando, ou vão se juntar a mim? —
Yekaterina provoca, nos dando as costas para caminhar até a cama.
Ela deita de costas nos lençóis pretos de seda, sem tirar os olhos de
nós, leva dois dedos à boca chupando de forma provocativa.
— Não ouse se tocar quando tem dois homens para fazer isso
por você — aviso e ela para a mão no meio do caminho, abrindo
ainda mais as pernas para nos mostrar a boceta deliciosa que já
está brilhando com sua excitação.
Viro para Serguei, que já está tirando a gravata e abrindo os
botões da camisa com ansiedade, então seguro sua mão e ele
desvia o olhar da morena.
— Calma, temos a noite toda — anuncio e termino de abrir os
botões da camisa, empurrando o tecido junto com o paletó de
segunda mão que ele está usando, jogando tudo no chão para
encarar o peito firme e musculoso em minha frente, acaricio cada
um dos gominhos em seu abdômen, descendo as mãos até a calça
sem tirar os olhos dele, vejo sua boca entreabrir quando passo a
mão com firmeza pelo seu membro, por cima da calça consigo senti-
lo grande e duro, pronto para o que está por vir.
Ele solta um gemido quando tomo sua boca em um beijo
intenso, suas mãos viajam para o meu terno e deixo que faça o que
quiser comigo enquanto abro sua calça e o ajudo a se livrar do
restante de suas roupas, assim que a cueca preta é tirada, admiro o
pau delicioso que pesa em minha mão, a ponta rosada brilha com o
pré-gozo que ele não consegue controlar.
Envolvo seu pau na minha mão e começo a masturba-lo,
sentindo seu corpo todo estremecer com o meu toque, o beijo fica
mais intenso conforme movo minha mão com mais firmeza e ele
solta gemidos deliciosos contra meus lábios. Porra, o soldado está
entregue e isso me deixa ainda mais excitado.
Por isso solto sua boca, sem desviar de seus olhos, me abaixo
em sua frente, seguro seu pau com as duas mãos e, sem pensar
duas vezes, passo a língua pela ponta rosada, sentindo o gosto
salgado e delicioso do homem que geme incontrolavelmente quando
levo todo o seu comprimento para dentro da minha boca, lambendo
a extensão do seu pau para depois chupá-lo com vontade.
Não demora muito antes dele agarrar meus cabelos com mais
força e começar a empurrar seu pau contra minha boca,
completamente perdido no prazer que lhe proporciono, mas Serguei
tenta se afastar quando está quase gozando, o que eu não deixo
que aconteça, chupo com ainda mais vontade, levando-o até o
fundo da minha garganta, até que sinto a porra quente e deliciosa
na minha língua.
— Caralho, Dimitri… — Serguei choraminga enquanto goza e
meu pau aperta ainda mais na calça, eu já sabia que ia gostar de tê-
lo na minha cama, mas não poderia imaginar que seria tão bom
assim ouvi-lo gemer meu nome.
Quando lambo todo o seu comprimento, me levanto e planto
um beijo em seus lábios, testando seus limites, mas ele corresponde
ao meu beijo, ainda ofegante do orgasmo e com a porra de um
sorriso satisfeito no rosto.
— Esse foi o melhor show que uma mulher como eu poderia
pedir — Yekaterina fala, sua voz embargada de tesão e, quando
olho em sua direção, ela está com a mão na boceta, esfregando
calmamente seu clitóris, o lábio inferior preso entre os dentes e o
olhar intenso em nossa direção.
Sorrio com o atrevimento e volto a beijar Serguei, dando mais
alguns segundos para ele se recuperar antes de me afastar.
— Leva essa boca deliciosa até a cama, quero assistir você
chupando nossa mulher — ordeno e Serguei se afasta com a
respiração ofegante, caminha até a cama e ele ajoelha, puxando o
corpo de Yekaterina até a beirada, ela abraça o pescoço dele com
as pernas no momento que ele passa a língua nos lábios dela, se
jogando para trás e soltando um gemido delicioso.
— Chupa com gosto — Yekaterina exige segurando os fios do
cabelo de Serguei com uma mão, ela começa a rebolar assim que
ele aumenta a intensidade, vejo a língua batendo diretamente no
clitóris, subindo até o piercing e voltando.
Caminho pela lateral da cama, tirando minha roupa com calma,
assistindo a tudo, me deliciando com cada gemido que ela solta,
cada som que ele produz ao grunhir contra sua boceta, o olhar
concentrado no rosto da mulher que me olha com expectativa a
cada peça de roupa que tiro, até sobrar somente a cueca.
— Coloca dois dedos dentro dela — ordeno e é o que Serguei
faz enquanto continua lambendo e chupando com vontade, ele
começa a entrar e sair com os dedos até que ela se contorce na
cama, arqueando as costas e vejo a hora exata em que Yekaterina
tem o seu primeiro orgasmo, suas pernas tremem e ela rebola
descontroladamente na boca de Serguei, que não para o que está
fazendo até que ela amoleça em sua mão.
Pego o pacote fechado de preservativos da gaveta e o tubo de
lubrificante, deixando tudo em cima da mesa de cabeceira, Serguei
se levanta com Yekaterina em seus braços, deitando-a no centro da
cama, ele traça um caminho de beijos no corpo da mulher, subindo
da virilha, passando pela barriga até chegar aos seios, onde se
delicia com cada um, dando tempo para ela se recuperar do
orgasmo, o que não demora muito e logo ela está olhando em
minha direção.
— Está na hora de você participar — avisa e Serguei se afasta
quando ela engatinha em minha direção, o olhar selvagem não sai
do meu rosto, prometendo tudo e entregando ainda mais, ela pega
uma das camisinhas e entrega para Serguei, então envolve o
elástico da minha cueca com as duas mãos e liberta meu pau, sem
perder tempo sua língua passa pela cabeça, umedecendo essa
parte, então segura o comprimento com a mão e coloca tudo na
boca, como fiz com Serguei.
— Porra, que boquinha gostosa — elogio e ela tira tudo,
lambendo o comprimento com o olhar no meu, a visão me faz
tremer de tesão e preciso me controlar para não segurar seus
cabelos e foder sua boca, mas deixo que ela tenha o controle, é
fodidamente sexy de assistir.
Atrás dela Serguei se posiciona, deslizando o preservativo no
pau com habilidade, ele olha diretamente em meus olhos quando
entra nela, tão devagar que posso sentir como se fosse em mim,
ainda mais quando Yekaterina geme com o meu pau na boca, me
levando até o fundo de sua garganta para depois sair, ela aumenta a
intensidade e chupa com mais força, sua mão acompanha os
movimentos e já posso sentir o orgasmo se formando.
Serguei começa a penetrá-la no mesmo ritmo que ela me
chupa, suas mãos firmes seguram a cintura fina da mulher enquanto
fode sua boceta, mordendo o lábio para controlar os gemidos que
eu já não me importo em soltar.
— Eu quero vocês dois, juntos — Yekaterina anuncia, largando
meu pau para pegar o preservativo e Serguei me olha, confuso,
procurando orientação enquanto ela desliza a camisinha no meu
pau com agilidade e se levanta para beijar a minha boca.
— Tem certeza? — pergunto contra seus lábios, mas ela não
responde, só me beija com mais vontade, descendo a mão até meu
pau e me masturbando para provar que sim, ela quer isso. — Senta
na cama, com as costas escoradas na cabeceira, Serguei.
Tomo o controle e Yekaterina sorri, safada, sabendo que terá o
que ela quer. De costas para Serguei, que a segura pela cintura, ela
desce em seu pau, tomando-o por completo, soltando um gemido
delicioso através dos lábios vermelhos.
— Vem, me fode junto com ele — ela me chama, subindo e
descendo devagar no pau de Serguei enquanto ele beija seu
pescoço, reunindo os fios de cabelo castanho dela com a mão,
tirando-os do caminho para que não grudem em nossos corpos
suados.
Subo na cama, sem quebrar o contato visual, admiro a mulher
entregue a nós, uma desconhecida que não parece saber quem
somos, o que fazemos ou a quantidade de sangue que temos em
nossas mãos.
Yekaterina se entregou a dois homens com o único pedido de
receber prazer por uma noite e é nisso que me concentro quando
fico na frente dela e levo uma mão para o meio das suas pernas.
— Você já fez isso? — pergunto e provoco seu clitóris inchado
enquanto ela cavalga no pau de Serguei, posso senti-lo contra
minha mão, entrando e saindo dela em um ritmo lento.
— Sim — ela confessa com um sorriso convencido no rosto
tão jovem, mas que de inocente não tem nada.
Pego o lubrificante e lambuzo ainda mais a camisinha e meus
dedos, que são os primeiros a entrar nela, alargando sua boceta,
preparando-a para receber meu pau.
Yekaterina para um segundo, acostumando-se com eles, ela
geme e Serguei beija seu pescoço, olhando sobre os ombros da
morena.
— Relaxa para mim, Yekaterina — murmuro e beijo seus
lábios, aos poucos começo a movimentar meus dedos e ela relaxa,
abrindo-se para nós. — Porra, você tem certeza?
— Só continua, eu não vou implorar — ela responde e morde o
lábio inferior, fechando os olhos ao voltar a subir e descer, movendo-
se contra nós, provando que é realmente o que ela quer.
Então me aproximo mais, segurando-a pela cintura, parada na
altura certa para que Serguei continue dentro dela, mas que eu
consiga me posicionar na sua boceta. A ponta do meu pau entra
estrangulada nela, batalhando com o pau de Serguei por espaço,
ambos sendo comprimidos pelas paredes quentes e, muito
lentamente, Yekaterina vai se alargando para nos receber.
Eu consigo senti-lo dentro dela e é bom pra caralho.
— Caralho — Serguei expressa em um gemido e Yekaterina
sorri, a desgraçada sorri quando estamos os dois dentro dela, tenho
a visão privilegiada da sua expressão de dor misturada com prazer
e da forma com que Serguei me olha, tão entregue quanto ela.
Yekaterina passa os braços pelo meu pescoço e me beija,
moldando sua boca na minha em um pedido para continuarmos e é
isso que faço, movendo seu corpo lentamente para cima, depois
para baixo e ela geme contra meus lábios.
— Porra de boceta perfeita do caralho, Yekaterina – Serguei
solta entre gemidos.
–– Você tomando nós dois juntos, é tão gostoso — elogio,
porque a cada palavra minha, sua expressão alivia e sua boceta
contrai — Você é tão linda, tão fodidamente perfeita, Yekaterina.
Ela volta a se mover, mas tomo o controle e dito o ritmo das
investidas, eu não vou demorar a gozar e, pela expressão de
Serguei, ele já está pronto, quando Yekaterina joga a cabeça para
trás eu tomo seus peitos em minha boca, sentindo o gosto do suor
nos seus mamilos, fazendo-a gemer ainda mais
descontroladamente enquanto entramos e saímos dela, em um
ritmo lento e delicioso, então sinto sua boceta se contraindo e suas
pernas começando a tremer, volto a esfregar seu clitóris, sentindo o
piercing nos meus dedos, até que ela grita de prazer e sinto o
liquido escorrer da sua boceta, em um squirting potente.
— Porra, eu não vou aguentar muito mais — Serguei avisa.
— Goza comigo — dou a ordem antes de senti-lo estremecer,
mordendo o ombro dela para controlar o gemido enquanto entro
mais uma vez, liberando meu próprio orgasmo em jatos de porra
absurdos que preenchem a camisinha.
Estamos os três suados, ofegantes, entregues em uma névoa
de prazer que eu nunca senti antes, parece diferente, porra, é
diferente. Quando saio dela, seguro o corpo amolecido de
Yekaterina e a deito na cama com cuidado e carinho, plantando um
beijo em sua boca que se abre em um sorriso sincero e satisfeito.
Serguei também sorri, encarando-a com os olhos brilhando
enquanto seu peito sobe e desce, rápido e ofegante, passando os
dedos pelo cabelo dela, acariciando o topo da cabeça da mulher
deitada ao seu lado.
Depois disso Serguei e eu nos levantamos para ir até o
banheiro descartar os preservativos, na volta pego três águas do
frigobar e Yekaterina agradece quando sentamos na cama, um em
cada lado dela para nos recuperar.
— Isso foi… — Serguei é o primeiro a falar, mas não completa
a frase.
— Foda pra caralho — Yekaterina continua e todos rimos do
seu linguajar.
Serguei passa um braço atrás dela e descansa a mão na
minha cabeça, Yekaterina se escora nele enquanto acaricio seus
cabelos, posso ver o olhar cansado dela e a forma com que Serguei
também está relaxado, a música agora é lenta e calma.
Não leva muito tempo até os dois caírem em um sono
profundo enquanto eu fico acordado, ela rolou para o meu lado e
abraçou meu peito, logo depois Serguei a abraçou por trás, a mão
grande cobrindo a dela e, por impulso, juntei a minha mão na deles,
respirando fundo, querendo desligar a minha mente e dormir como
eles, mas sem conseguir.
Andrei irá partir em mais uma missão disfarçado, colocando-se
em perigo novamente por sabe-se lá quanto tempo, enquanto eu
continuo aqui, preso no mesmo lugar, acompanhando tudo de longe.
Esses períodos em que ficamos afastados são angustiantes.
Eu também não consigo dormir com pessoas na minha cama,
o certo seria levantar e deixar os dois aqui, descansando até
amanhã de manhã, é o que sempre faço com minhas fodas
ocasionais, mas dessa vez não tenho coragem de sair daqui, estou
tão confortável com eles em meus braços.
Algumas horas depois sinto Yekaterina acordar, o dia ainda
não amanheceu, posso ver pela janela que o céu continua escuro.
— Pode dormir, ainda é cedo — sussurro baixinho, mas ela
sorri e abre os olhos mesmo assim.
— Preciso ir — avisa, se desvencilhando do corpo de Serguei
com tanta calma que ele não acorda, ela passa por cima de mim e
levanta, indo até o banheiro enquanto o homem ao meu lado se
aproxima e ocupa o lugar dela no meu peito.
— Pode ficar aqui, o motorista te leva de manhã — falo assim
que ela sai do banheiro e começa a se vestir.
— Ele sente algo a mais por você — anuncia, desviando da
minha oferta ao falar de Serguei —, também vi como você o olhou,
não tem nada de errado nisso.
— Você realmente não sabe quem somos, não é mesmo?
— Não importa, o amor é o mesmo em todas as pessoas —
ela dá de ombros, recolhendo os saltos do chão, sem calçá-los. —
Cuide dele.
— E quem cuidará de você? — pergunto, já sentindo um
aperto em meu peito com a antecipação da despedida.
— Eu sei cuidar de mim mesma — ela responde, mas antes de
sair, caminha em nossa direção e beija o topo da cabeça de
Serguei, depois seus lábios encontram os meus em um beijo calmo,
mas que consegue fazer meu coração acelerar e apertar ao mesmo
tempo.
Com isso ela sai, sem olhar para trás, nos deixando sozinhos
na mesma cama que dividimos e que agora parece grande demais
para duas pessoas.
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer do fundo do coração aos meus amigos que me


apoiam a continuar escrevendo, sem julgamentos, e sempre com
uma palavra de carinho.
À minha mãe, que me incentivou a ler e que comprou Harry
Potter para uma menina que acabou se apaixonando pelos livros
por causa daquele mundo encantado. Obrigada, mãe, sei que se
estivesse viva estaria comemorando comigo e com orgulho de mais
esta conquista.
Quero deixar um agradecimento amplo e especial a todas as
autoras que conversam comigo, trocam experiências e publicam
suas histórias, ler livros nacionais é o que me dá força e confiança
para publicar.
Às bookstan maravilhosas que me apoiam e às parceiras lindas
que foram incríveis neste lançamento.
Agora às minhas MAFIOSAS, que estão no grupo do whats e
surtam comigo todos os dias esperando por cada lançamento, vocês
não têm ideia do quanto são importantes na minha vida e de como
me motivam a continuar.
A beta e revisora mais incrível e surtada que já tive, May
obrigada por fazer do livro do Alexei uma experiência única, por
abraçar cada um dos personagens e surtar comigo em cada plot.
A leitora crítica mais fofa, obrigada por essa parceria Camis
(@primaveraliterária) foi incrível trabalhar com você.
E agora quero agradecer a você, que deu uma chance ao meu
livro e se aventurou nesta nova leitura, obrigada de coração.
Indiana Massardo é uma libriana romântica, leitora voraz de
romances e tem 28 anos. Formada em Engenharia Civil, não segue
a profissão, é artista há mais de 5 anos. Trabalhando com arte
realista em aquarela no perfil oficial @indymassardo, agora também
segue na carreira de escritora no perfil @autoraindymassardo.
Atualmente vive sozinha com seus gatos e cachorros, sonha em
ter uma estabilidade financeira para poder viver mais
tranquilamente.
Este é seu oitavo livro publicado e está muito orgulhosa do
mundo que criou e dos personagens fortes que nasceram disso.
Promete muitos lançamentos dentro deste universo,
especialmente com personagens femininas fortes e muito clichê
invertido.

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