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Graduando em Bacharelado em Filosofia
nosso Deus criou todas as coisas muito boas” ( AGOSTINHO, 1997, p. 177) 2. Assim,
o autor afirma que Deus é a bondade suprema e que não criou algo para o mal.
Logo, Deus não é o autor do mal, mas quem será afinal? Deixaremos essa questão
para o final dessa abordagem.
Agostinho diz que ao criar a humanidade e tudo que compõem a criação,
Deus concede a liberdade para a criatura. Percebemos que, de certa forma, o ser
humano por sua racionalidade tem a capacidade de escolher entre bem e mal. Por
mais que a criatura tenha sido feita para voltar-se para o criador, Ele (o Criador) não
prende a criatura para si, com isso, dispõe-na do livre-arbítrio. Se Deus criara o ser
humano com liberdade de escolher, então antes do humano, já existia o mal, isso é
o que defende os Maniqueus. Dizem que no momento em que Deus se revelou
como bem, é revelado também o mal, mas Agostinho tem a resposta exata, a partir
da colocação do livre-arbítrio doado por Deus.
Agostinho não vê o mal como algo substancial, ao dizer:
Portanto, todas as coisas, pelo fato de existirem, são boas. E aquele mal,
cuja origem eu procurava, não é substância. Porque, se fosse, seria um
bem. Na verdade, ou seria substância incorruptível, e, portanto um grande
bem; ou seria substância corruptível, e então, se não fosse boa, não se
poderia corromper. (1997, p. 177)
Logo, o mal em si não tem origem concreta, ele ver o mal como uma ação na qual
nega a existência de Deus, então é a negação do criador, uma vez que o criador é a
bondade suprema.
Agora apresentaremos a solução preconizada por Agostinho e
responderemos à questão na qual foi feita em um dos parágrafos anteriores.
Agostinho conclui dizendo que: “E procurando o que era a iniquidade compreendi
que ela não é uma substância existente em si, mas a perversão da vontade que, ao
afastar-se do Ser supremo, (...), se volta para as criaturas inferiores; e, esvaziando-
se por dentro, pavoneia-se exteriormente.” (p.180, ibid). Vemos então que o mal é
posto no âmbito da moral, na ação voluntaria do homem, visto que o homem tem o
livre-arbítrio e o desejo de conhecer. Como o mal é uma ação, i.é, uma perversão da
vontade, então a pessoa escolhe ir para o caminho do mal, como algo que chama
sua atenção. Deste modo, o homem usa da sua liberdade para afastar-se de Deus.
Podemos concluir afirmando que a origem do mal é a negação do bem, como dito
em um dos parágrafos anteriores, se o bem vem de Deus, então a criatura
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AGOSTINHO, Santo. Confissões. Tradução de Maria Luiza Jardim Amarante. São Paulo: Paulus, 1997, p.177
abandona seu criador para se deliciar do mal. O Agostinho atribui ao homem a
responsabilidade de ser o “autor” do mal no mundo natural. O homem pratica esse
mal quando nega Deus e essa negação desenvolve a rejeição a obediência ao
criador.
O filosofo cristão traz uma ideia bem diferente do que somos acostumados a
ouvir, sempre quando escutamos falar do mal, já associamos ao maligno, pois fomos
inseridos em uma cultura cristã, é bem difícil observar o mal no mundo natural como
algo que brota da nossa vontade. Mas como temos a liberdade de escolher, isso nos
impulsiona a ter responsabilidade em tomar algumas decisões, visto que seremos
boas pessoas ou más se quisermos, essa obra com o questionamento do mal nos
leva a questionar como estamos sendo na sociedade em que vivemos, pois é mais
fácil observar as atitudes dos que nos cerca do que as nossas próprias.
Referência:
AGOSTINHO, Santo. Confissões. Tradução de Maria Luiza Jardim
Amarante. São Paulo: Paulus, 1997, p.