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ESCOLA SE]

CUNDÁRIA SAMORA MACHEL


TRABALHO DE FILOSOFIA
11ª CLASSE
TEMA: ORIGEM DO MAL
TURMA: CNM1 3º GRUPO

Nomes:
Aida César Fraqueza N 4
Albertina Eusébio N 6
Avelino Luciano N 9
Celina Luís Jorge N 15
Chipo Lucas Wachi N 18
Joshua Mutisi N 33

Docente:
Helena Sente
CHIMOIO
2022
Índice
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................3
ORIGEM DO MAL SEGUNDO SANTO AGOSTINHO.......................................................................4
O MAL NUMA PERSPECTIVA JUDAICO-CRISTÃ...........................................................................4
AGOSTINHO E A ORIGEM DO MAL..................................................................................................5
Livre arbítrio.........................................................................................................................................6
Vida Virtuosa.........................................................................................................................................7
3. CONCLUSÃO....................................................................................................................................8
4. REFERÊNCIAS................................................................................................................................9
1. INTRODUÇÃO

Responder a questionamentos que explicam a precedência do ser humano e o que o constitui


como ente, é o que que muitos filósofos buscam por milênios. Santo Agostinho compõe este
grande mosaico de pensadores. Deu sua colaboração na elucidação sobre a relação do ser
humano com Deus e, o que será abordado neste artigo, a origem do mal.

A dualidade do bem e do mal, razão e paixão e boa vontade e má vontade, perpassa todo o
processo de pesquisa e hermenêutica aqui realizado. O ser humano deseja fazer o bem, porém há
algo em seu interior que, por vezes, não o permite fazer. Este algo, segundo Agostinho, deve vir
antes mesmo da decisão de fazer ou não alguma coisa. Seria como um algo metafísico que ele
denomina como Libero Arbitrio. Ele é causa sui, autodeterminante, que tende a cometer uma boa
ou má ação.
ORIGEM DO MAL SEGUNDO SANTO AGOSTINHO

O MAL NUMA PERSPECTIVA JUDAICO-CRISTÃ

Durante séculos o homem pergunta o que move o espírito humano a escolher uma boa ou má
ação e quais os critérios para efetuar tal escolha. Esses questionamentos procuram, inicialmente,
compreender a origem do homem e do que consiste em sua essência. Filósofos de importância
para a filosofia ocidental, como Santo Agostinho, procuram dar essa resposta observando o que
seus predecessores propuseram concatenando com suas reflexões, que eram novas, para tentar
resolver o paradoxo. Fazendo um retorno na história, observa-se que a escolha entre o bem e o
mal faz parte desde os primórdios da humanidade, ou pelo menos, o que se compreende como
início, segundo determinada tradição religiosa, o judaísmo e posteriormente o cristianismo.

O povo hebreu, conhecido como Judeu ou Israelita, procura explicar o surgimento do mal desde
a fundamentação de sua crença. Encontra-se, segundo esta ótica, a dimensão originária do mal no
livro do Gênesis, que é o primeiro livro do Pentateuco. Este livro têm a narrativa da criação do
mundo e, por consequência, da criação do Homem e da Mulher:

Como é possível observar, para os judeus, Deus é o Criador de todas as coisas, inclusive do
Homem e da Mulher, sendo esta retirada da costela do Homem. Ele também criou a árvore que
contém a ciência do bem e do mal e dá ordens estritas para que não seja comido de seu fruto,
pois resultaria na morte do ser humano.

A narrativa continua o relato da criação e dos preceitos dados ao Adão e Eva por Deus. Tudo
estava perfeitamente ordenado, havia harmonia entre criador e criatura. Até o surgimento de uma
serpente que conduz – fornece informações a – Eva ao erro:

1.A serpente era o mais astuto de todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha formado.
Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?”
2. A mulher respondeu-lhe: ‘‘Podemos comer do fruto das árvores do jardim. 3. Mas do fruto da
árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que
não morrais’. 4.“Oh, não! – Tornou a serpente – vós não morrereis! 5.Mas Deus bem sabe que,
no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do
bem e do mal.” 6.A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável
aspecto e muito apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também
ao seu marido, que comeu igualmente. 7.Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam
nus, tomaram folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram tangas para si. 8. E eis que ouviram o
barulho (dos passos) do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem
e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim […] (Gn 3,
1-8).

Contudo, se levanta o paradoxo da vontade, onde se percebe que mesmo desejando fazer o bem,
o ser, por vezes, falha na tentativa e acaba cometendo o mal não querido. Santo Agostinho em
seu livro De Libero Arbítrio faz um tratado sobre a origem do mal e, durante o diálogo com
Evódio, procura elucidar esse mistério humano. O diálogo tende fundamentar como o ser
humano, em sua liberdade, opta em cometer o mal e deixa de fazer o bem.

AGOSTINHO E A ORIGEM DO MAL

Como visto, a vontade do ser humano é que determina sua escolha em fazer o bem ou mal. É
complexo compreender que o homem, sendo criatura de Deus e contendo o sopro de vida, logo,
o Espírito, não consegue exercer a asserção benéfica de seus atos. Parte-se da premissa de que
Deus é perfeito e bom, e por assim ser, o que cria também possui categoria de perfeição e
benevolência. À vista disso, tomar como verdade que Deus criou o ser com imperfeições e com o
mal, é contradizer o preceito de perfeição e bondade, além disso, o conceito de justiça também é
atribuído a Deus, pois Ele distribui recompensa aos bons e castigo aos maus, cada um recebe de
acordo com sua prática.

O ser é dotado de sabedoria, e esta é o resultado do senhorio do entendimento sobre as paixões,


em vista disso, encontra-se em Platão a afirmação que as paixões levam o ser humano ao erro e
que a razão deve ser primaz sobre as paixões. O desejo desordenado também pode conduzir a
pessoa ao mesmo resultado. Ambas as dimensões internas dos seres humanos, devem ser
domesticadas (“mansueti”) pela razão (“ratio”), sendo esta intimamente ligada com o Logos
Criador que contém toda a sabedoria e conhece tudo, e o todo conhecido é puramente verdade,
alega Boécio:

Aquele que apreende e possui de uma só vez a totalidade da plenitude de uma vida sem limites, à
qual não falta nada do futuro nem nada escapa do passado, esse sim pode ser considerado com
razão como um ser eterno, e é necessário que ele esteja sempre presente e em plena posse de si
mesmo, já que para ele o presente abarca todo o tempo ilimitado.

É possível reconhecer que há vontade boa com finalidade para o bem e vontade boa com
finalidade para o mal. Consequentemente, é imprescindível averiguar minuciosamente qual o
desejo que está movendo o ser humano a cometer tal ação e para que fim direciona sua razão e
sabedoria, pois como mencionado, o ser humano desordenado interiormente tende a permitir a
primazia da paixão sobre o entendimento, tornando-se escravo dos vícios que desvirtuam a alma,
que é o bem mais precioso da pessoa humana.

Livre arbítrio

Ao expor e analisar os argumentos precedentes, percebe-se que há um paradoxo onde o ser


humano procura fazer o bem e viver virtuosamente, porém, por vezes, não consegue. O que leva,
então, o ser a não conseguir realizar seu desejo de querer proceder bem? Para tentar resolver esse
paradoxo, Agostinho formula a existência de uma potência distinta do desejo e do entendimento,
que é a livre vontade. Além disso, procura expor diretamente sobre a razão em contraponto com
a paixão, o intelecto ao desejo, como menciona Roberto Pich:

Premissa importante para a formulação do paradoxo é a ideia decididamente assumida por


Agostinho de que o intelecto é “mais poderoso” (“potentior”) que a paixão (“libido”). E, do fato
mesmo de o intelecto ser mais poderoso que o desejo (“cupiditas”), é também justo que ele
domine o desejo.

Confirmando o afirmado, Agostinho fala diretamente da lei eterna:

Julgas que a paixão seja mais poderosa do que a mente, à qual sabemos que por lei eterna foi-lhe
dado o domínio sobre todas as paixões? Quanto a mim, não o creio de modo algum, pois, caso o
fosse, seria a negação daquela ordem muito perfeita de que o mais forte mande no menos forte.
Por isso, é necessário, a meu entender, que a mente seja mais poderosa do que a paixão e pelo
fato mesmo será totalmente justo e correto que a mente a domine.

Sendo assim, é um preceito natural e eterno de que o que é mais forte domine o mais fraco, então
o mesmo deve acontece entre a mente e a paixão. A mente, por ser mais forte, deve dominar os
impulsos motivados pela paixão, mas o enigma, como mencionado, é justamente que muitas
vezes o contrário acontece. E como tentativa de resolução, Agostinho procura algo que prescinda
a mente, o intelecto, os desejos e até a paixão, algo, de certa forma, metafísico, que vem antes de
o ser humano decidir.

Vida Virtuosa

Levar uma vida virtuosa, para Agostinho, consiste na busca pela felicidade. Ele não impõe
impossibilidade de isso acontecer, pelo contrário, afirma que o ser humano, possuidor de boa
vontade, deseja a felicidade como finalidade de seus atos, porém, para que isso aconteça há
deveres a serem observados:

Como se explica que os homens sofram voluntariamente uma vida infeliz, se de modo algum
ninguém quer viver infortúnio? E como se explica que, sendo por sua própria vontade que o
homem obtém vida feliz, quando acontece que tantos são infelizes, apesar de todos quererem ser
felizes? Será que isso não vem do fato de que uma coisa é querer viver bem ou mal e outra coisa
muito distinta é merecer o resultado por uma boa ou má ação? Com efeito, aqueles que são
felizes – para isso é preciso que sejam também bons – não se tornaram tais só por terem querido
viver vida feliz – visto que os maus também o querem. Mas sim, porque os justos o quiseram
com retitude, o que os maus não o quiseram. Nada de estranhar, então, que os homens
desventurados não obtenham o que querem, isto é, vida feliz.
3. CONCLUSÃO

Não se procurou aprofundar se o ser humano possui liberdade realmente livre ou não, mas
apenas elucidar que há em cada ser uma vontade e livre-arbítrio que fazem com que ele escolha
entre o bem e o mal. A escolha pelo mal, por sua vez, é a tentativa de se equiparar ao seu
Criador, o que consiste, para os crentes, no pecado original que levou à desordem toda a
humanidade. A busca para ordenar, o que até então estava ordenado, baseia-se no caminhar em
direção a sabedoria, por meio da boa vontade de cometer ações boas, estas darão à pessoa a
recompensa de suas boas obras e, por consequência, adquirirá sabedoria, que tem por substância
fundante a verdade, sendo esta o Sumo Bem.
4. REFERÊNCIAS

AGOSTINHO, Santo. Confissões. 7. ed. São Paulo: Paulus editora, 2016.

AGOSTINHO, Santo. O Livre Arbítrio. 10. ed. São Paulo: Paulus editora, 2019.

ANSELMO, Santo. Livre arbítrio e predestinação: uma conciliação entre a presciência e a


graça divina. São Paulo: Fonte Editorial, 2006.

ARMAS, Fr. Gregório, O. R. S. A.. Teologia augustinian del pecado. in: AVGVSTINVS, V. I,


1956.

BÍBLIA SAGRADA: versão de estudos. São Paulo: Ave Maria editora, 2019.

BOÉCIO. Consolação da filosofia. São Paulo: Martins fontes, editora, 1998.

BRACHTENDORF, Johannes. Confissões de Agostinho. Trad. Milton Camargo Mota. São


Paulo: Loyola, 2008.

BROWN, Peter. Santo Agostinho: uma bibliografia. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro e São
Paulo: Ed. Record, 2005.

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