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A JUSTIÇA DIVINA

"MUITO EMBORA SEJA AFIADA, A ESPADA


DA JUSTIÇA NUNCA FERE O INOCENTE "




T E M A 0 0 1

Quando observa-se a vida na terra a primeira certeza que é que existem quase que somente
amarguras, desilusões e muitas outras formas de sofrimento. Disto surgiu a indagação que tanto inqui-
etou as pessoas durante milênios: Por que sofremos ? - Para responder essa indagação procurou-se
entender o modo como a Justiça Divina é exercida. Sem dúvidas, para isso se fez necessário uma
abordagem quanto à origem dos espíritos, em outras palavras, quanto ao modo como foram ou são
criados. Existem basicamente três possíveis hipóteses que tentam explicar o " de onde viemos ":
A primeira hipótese, à qual estão ligadas o Catolicismo e as diversas Igrejas Evangélicas,
afirma que o espírito é creado1 sucessivamente à medida em que o corpo é gerado. Em outras pala-
vras, o espírito surgiria com a geração ou com o nascimento do corpo físico. Tratar-se-ia de uma gera-
ção espiritual contínua. Cada espírito apenas teria uma existência na terra pois não haveria reencarna-
ção.
A segunda hipótese também diz que os espíritos são uma criação contínua mas que após a
primeira encarnação segue-se uma série de outras até o desenvolvimento completo. O espírito viria se
criando e se aperfeiçoando numa série de reencarnações sucessivas que partindo dos seres biologica-
mente mais rudimentares chegariam a animais mais evoluídos até atingirem um grau de aperfeiçoa-
mento suficiente para encarnarem num ser humano de onde continuariam a evoluir até atingirem a
perfeição. Nesta hipótese se alinham as chamadas Religiões Orientais, que no Ocidente foi assumida
por algumas religiões, em especial pelo Espiritismo.
A terceira hipótese que certifica que os espíritos foram criados todos de uma só vez, puros,
mas como se envolveram num processo de desobediência tiveram conseqüentemente que se purifica-
rem novamente. Desde então eles vêm se limpando , se conscientizando e se reintegrando num pro-
cesso de RECONHECIMENTO de um CRIADOR .
O Judaísmo, de onde o Catolicismo e as Religiões Evangélicas buscaram o conhecimento da
Criação que aceitam, no princípio aceitavam a terceira hipótese. No transcorrer dos séculos isso foi se
modificando chegando nas religiões cristãs atuais já com modificações profundas. Assim é que dizem
haver duas origens, uma para os ESPÍRITOS DAS PESSOAS e outra para os ANJOS. A criação dos
espíritos estaria dentro da primeira hipótese e a dos Anjos dentro da terceira hipótese.
Esta ambigüidade na Criação deve-se evidentemente à uma deturpação dos conhecimentos da
CABALA, levando à separação das duas naturezas espirituais, quando na realidade apenas existe
uma.

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Em todas os temas usaremos o termo crear no sentido de dar origem e criar no sentido de cultivar
A JUSTIÇA DIVINA

Na doutrina da Igreja Católica e em outras Igrejas cristãs fala-se num céu onde existiam legi-
ões de Anjos. Num dado momento, uma parte daqueles anjos comandados por lúcifer se rebelou con-
tra Deus e houve uma " luta no céu" entre as legiões fiéis comandadas pelo Anjo Gabriel e as rebela-
das comandadas por lúcifer. Os anjos do bem, os Anjos de Gabriel venceram e os demais, os outros
que perderam foram projetados para fora do céu e formaram-se assim os demônios cuja missão, a
partir de então, foi tentar criar obstáculos, perverter os espíritos humanos. Assim contam alguns livros
e entre eles a Bíblia.
A primeira hipótese, segundo a visão Católica e Evangélica, espíritos imortais somente exis-
tem espíritos imortais na linhagem humana. Na linhagem animal também está presente o espírito po-
rém de natureza mortal, existindo apenas enquanto existe o corpo.( Esta é uma das razões pela qual os
antigos egípcios se empenhavam em conservar também o corpo de animais como o boi, o gato e ou-
tros de utilidade e ou de estimação ).
DEUS, UM PODER SUPERIOR como exerceria uma JUSTIÇA extrema e perfeita? - Como
esta se manifestaria dentro destas três hipóteses? - É isto que iremos analisar com algum detalhe neste
tema.
Os adeptos da primeira hipótese se defrontam logo com uma intransponível dificuldade de,
dentro da lógica, explicarem a BONDADE e a JUSTIÇA DIVINA dentro do contexto apresentado.
Evidentemente é muito difícil, para não dizer impossível, convencer alguém de bom senso de que a
problemática do sofrimento da via na terra pode ser explicado sem que seja aceito a idéia de reencar-
nação.
Como haveria justiça num deus criador de espíritos imperfeitos, limitadíssimo e expando-os à
sanha de um deus do mal e seus séquitos, demoníacos ? - Para que os espíritos criados provassem a
sua fé, o cumprimento de uma fidelidade imensa, de uma capacidade fantástica de sofrerem as mais
terríveis injunções impostas pela vida num corpo carnal, para depois da morte física serem ou não
eleitos para uma paz e felicidade eterna. Pode-se aceitar uma absurdo deste dentro da fé cega, mas
jamais dentro de uma lógica sadia. Ninguém conhece os desígnios de Deus, dizem. Mas como se ter
força para vencer uma situação tão tremenda de adversidades se nem ao menos existe uma fímbria de
luz, de clareza na mente para poder compreender o porquê teria que ser assim, algo de uma forma tão
contundente e mesmo cruel! Na realidade mais parece que Deus estaria brincando com os seres hu-
manos, jogando dados em que as peças do jogo seriam cada um de nós, numa luta desigual; em que o
mais fraco teria que vencer o mais forte. Se aqueles ANJOS CAÍDOS tiveram a ousadia de desafiar o
próprio poder infinito de Deus como seria possível a um simples espírito criado com o corpo, limitado
pela matéria, que precisava aprender de tudo desde o seu nascimento, que nem ao menos é capaz de
andar e de suprir suas simples necessidades materiais, que precisa de quase metade de sua vida para
poder desenvolver certas aptidões , certas capacidades para interagir até mesmo com as coisas mais
simples da existência do universo e que por mais que se desenvolva sempre está muitíssimo distante
das coisas da Natureza do Universo, dos grandes enigmas da criação, como poderia ser vitorioso com
o deus do mal ? . Terrível luta desigual em que por certo o mal acabaria por vencer. No final daquela
luta, daquela disputa entre o poder negativo ( Lúcifer) e o Poder Positivo ( Deus) por certo em número
de espíritos conquistados a vitoria do mal seria quase que total. Uma só vida para o espírito nascer e
vencer uma tremenda batalha. Poucos anos, um nada diante da eternidade para uma vitória..
Examinem a humanidade e vejam que isto está fora da realidade, uma aberração, um atenta-
do tremendo contra o bom senso de qualquer pessoa. Vejam quantos bons existem na terra para cada
mau. O mal sempre se apresentou em numero muitíssimo superior ao bem na terra. Nunca esse quadro
se reverter dentro de tudo que sabemos a respeito da natureza humana.
Dentro desta hipótese tudo o que uma pessoa sofre é fruto de uma luta que não é ela quem
provocou mas que mesmo assim tem que responder da forma mais cruel que se possa conceber que é
a condenação eterna.

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A JUSTIÇA DIVINA

Todos os sofrimentos e vicissitudes seriam incidentes, seriam fruto de uma luta em que as
pessoas são como que pedras apenas as pedras do jogo, mas que tem que responder por puro capricho
do vencedor.
Exatamente por este e outros absurdos inerentes à primeira hipótese levou ao surgimento da
segunda hipótese que procura corrigir algumas discrepância embora acabe por cair na mesma situação
do não poder explicar a JUSTIÇA DIVINA .Esta apenas desloca a injustiça no tempo mas de forma
alguma esclarece e torna lógico o problema. Apenas tira o merecimento da encarnação atual e o des-
loca para outras pretéritas porém sem considerar que seguindo essa cascata de culpas se chega obriga-
toriamente a um momento em que alguém pagou inocentemente, foi injustiçado, sofreu sem merecer.
As doutrinas que aceitam essa segunda hipótese tem como viga mestra aquilo que chamam de
" LEI DO CARMA". Todas as vicissitudes são unicamente o resultado da lei de causa e efeito. toda
ação corresponde uma reação de mesma intensidade e sentido contrário". Tudo aquilo que se planta se
colhe.." O plantio é livre mas a colheita é obrigatória". Dentro deste contexto se uma pessoa nasce
cega é porque fez jús a isto.. É a " Lei do Merecimento". Recebe-se tudo segundo o merecimento in-
dividual. Neste caso se uma pessoa traz uma dificuldade qualquer isto é fruto daquilo que no passado
plantou..
Dentro deste contexto algumas doutrinas afirmam a lei tipo " pena de Talião = "olho por olho,
dente por dente". Mas na realidade isto não ocorre desta maneira. Tudo se passa com o numa opera-
ção bancária. O banco não devolve as mesmas notas que foram depositadas e sim o valor total que
pode ser devolvidos com outras notas, de igual, maior ou de menor valor mas sempre totalizando a
quantidade depositada.
Dentro desse contexto todos os sofrimentos que uma pessoa vivência, que passa, é fruto de
coisas que fez no passado, portanto culpa unicamente sua. Se Deus é bom, justo e perfeito não faz
quem quer que seja, ou melhor, não permite que um inocente sofra por algum mal que não cometer. É
a lei boa de Deus , é a verdadeira Justiça Divina em ação.
Os sofrimentos são reparações por coisas cometidas em vidas passadas. Tudo aparentemente fácil de
ser entendido, uma aparente justiça.. Se alguém é cego é porque de alguma forma fez jus a isto.
Já dissemos que a reparação tipo pena de Talião não existe mas para o entendimento claro do que
queremos mostrar nesta palestra podemos usar esse exemplo. Se uma pessoa é cega seria porque ce-
gou alguém nesta ou em outra existência.. Aparentemente tudo certo, aparentemente a Justiça de Deus
se fazendo presente.
Como dissemos antes, justiça aparentemente perfeita, mas se examinado com certo cuidado
seria ainda assim uma injustiça tremenda. As doutrinas que aceitam esta hipótese afirmam que os
espíritos vão se desenvolvendo progressivamente, vão evoluindo e se tornando completos e perfeitos.
Eis que surge a primeira indagação: por que têm que nascer e progredir lentamente? Por que o espírito
tem que ser frágil e vulnerável? Que culpa tem ele de ser susceptível de cair no erro, de errar e depois
como conseqüência ter que responder por tudo aquilo que fez ?
Deus é Justiça e como tal não deixa que alguém pague inocentemente, dizem essas doutri-
nas. Isto é certo, mas quando afirmam que tudo aquilo que se vê em termos de sofrimentos decorre de
algo que fez com outro ou outros, as dificuldades para o entendimento desse tipo de justiça vai se
tornando difícil.
Vai se tornando difícil porque num primeiro momento é fácil se dizer que um cego é tal por-
que ele cegou alguém, ou o equivalente a isto, aquele que foi feito cego o é porque, por sua vez, fez
isto com outro e assim sucessivamente. Desta forma apenas vemos que o processo vai se afastando no
tempo, sendo levado para traz por encarnações sucessivas. Se alguém sofre porque fez outro sofrer e
assim seguidamente. É fácil se entender que desta maneira se chega a um ponto em que o problema
começou , aquele momento em que um inocente foi injustiçado e alguém sofreu sem merecer, em que
um inocente foi injustiçado.. Então perguntamos: Onde está a Justiça perfeita de Deus diante desta
situação? Houve alguém que sofreu sem que haja feito outro sofrer, ponto de origem dessa cascata de

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ações e reações. Assim fácil se perceber que esta hipótese não difere da primeira, apenas desloca no
tempo a origem do sofrimento. Em uma a injustiça é agora, ocorre na encarnação atual, enquanto na
outra hipótese a injustiça ocorreu num certo momento passado em encarnação anteriores ambos as
situações nos deparamos com a mesma situação, um momento em que Deus não foi justo ao deixar
que um inocente haja sofrido sem merecer. Acabou, portanto a lei do carma, acabou portanto a lei de
"ação e reação", acabou a própria perfeição da Justiça de Deus.
Mas, felizmente isto não é assim, há algo muito perfeito na Criação que progressivamente
nesta série de temas chegaremos a compreender.
Vamos agora analisar aquela terceira hipótese, a que diz que os espíritos foram criados todos
de uma só vez e procurar localizar onde começou tudo, onde a lei de causa e efeito se vez presente
pela primeira vez.
As ESCRITURAS SAGRADAS dizem que Deus criou legiões de Anjos puros embora não
digam com que finalidade, ou seja qual era a intenção do Poder Superior quando da criação de todos
os anjos. Podemos nos conformar pois não é dado ao homem saber os desígnios do Supremo Ser.
Mesmo puros aqueles anjos se revelaram contra Deus, lutaram e perderam, acabando como
os demônios que há eras e eras vão tentando as pessoas. Esta origem é aquela referida na Cabala po-
rém de uma forma deturpada, evidentemente.
Suponhamos que os Anjos criados fossem mesmo os espíritos que desde então começaram a
encarnar na terra. Neste caso ficaria mais fácil o entendimento do porquê começou o sofrimento.
Aquela situação de reparações sucessivas que acaba por se defrontar num momento em que algum
inocente foi injustiçado deixa assim de existir. Deixa de existir porque a culpa seria de cada espírito a
partir do momento em que se rebelaram. Somente assim podemos conceber a integridade da
JUSTIÇA DIVINA. Assim o PODER SUPERIOR não é injusto diante dos sofrimentos pois que se
cumpre fielmente a lei de causa e efeito. Sofre-se em decorrência de uma rebeldia contra o PODER
SUPERIOR.. assim todas as vicissitudes são decorrência de nossa própria culpa.
Da maneira que sucintamente afirmamos e que é citada por algumas doutrinas fica bem mais
fácil o entendimento de que DEUS é justo e bondoso. Nesta série de temas vermos como até mesmo o
sofrimento é uma bênção divina.

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