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O Método Infernal
Pode ser dividido em quatro etapas.
Primeira etapa. A busca pelo divino começa pelo desejo do infinito. O indivíduo
deve querer se encontrar com o divino, que não pode ser definido ou limitado por
nenhum conjunto de conceitos ou regras.
Segunda etapa. O indivíduo deve reconhecer sua condição de caído e não lutar
contra os estados contrários de sua Alma. Reconhecer a condição de caído significa
admitir a própria inocência, ou seja, a falta de experiência do divino. Os inocentes se
concentram apenas nos contornos do Corpo, em suas sombras. A matéria, assim,
parece finita e corrupta. Presos nesta ilusão, eles impedem a si mesmos de
experimentar a visão divina. “O homem se enclausurou a tal ponto que apenas
consegue enxergar através das estreitas frestas de sua caverna”. Os cinco sentidos são
a caverna e ela não deixa o homem perceber que o Corpo participa de um imenso
mundo de deleite, intrínseco a cada objeto. Quando o homem reconhece isso, começa
a expandir suas estreitas frestas e passa a ver que o Corpo, unido com a Alma, é
infinito e sagrado e pode se fundir ao divino. O Corpo e a Alma são um, e possuem dois
estados contrários: o Bem e o Mal, a Razão e a Energia. Estes contrários
frequentemente se repelem, pois a tendência da Energia é se expandir rumo ao divino,
enquanto a tendência da Razão é se contrair em meras regras. A Razão tenta formar
leis absolutas, elaborar padrões, criar sistemas que destroem a Energia ativa. A Energia
busca o divino. A Razão busca o fim da Energia. Porém, as duas devem coexistir. E
ainda, podem se alinhar e trabalhar para o mesmo propósito.
Terceira etapa. O indivíduo deve alinhar Razão e Energia e se engajar
ativamente na busca pelo divino. Para alinhar as duas forças contrárias, é preciso fazer
com que ambas se expandam. A Razão tem a tendência a se contrair em leis e
mandamentos que atam tudo e todos a um modo de vida específico. Quando o
indivíduo expande a Razão, ela passa a agir como uma força atratora. A Razão é
essencial, pois limita a Energia. A fronteira da Razão existe apenas para definir os
contornos da Energia. Sem isso, a Energia produtiva do Demônio se tornaria indefinida
e não produziria mais. Céu e Inferno devem se casar sem se tornar uma só carne, pois
as contradições devem existir. Razão e Energia são contrários, mas um não nega nem
anula o outro. A linha traçada pela Razão deve revelar, e não sufocar, a divindade no
homem. Por isso não explicitamos códigos ou tábuas da lei. Para expandir a Razão,
apresentamos alguns ensinamentos de Jesus e alguns provérbios do Inferno. Cada
indivíduo deve estudá-los e aplica-los pessoalmente. Ao conciliar Razão e Energia, o
indivíduo não mais poderá permanecer na escuridão de sua caverna. Ele deverá
assumir ativamente seu papel no mundo do infinito. Se a experiência envolve
participar de uma mera sombra ou manifestação terrena do infinito, uma vez que o
indivíduo perceba que há um mundo divino a ser conhecido por detrás dessa
experiência, ele a usará para aprender um pouco mais sobre o infinito, ou até mesmo
como um auxílio para encontrá-lo. Usando a Energia, essa força expansiva e ativa, o
indivíduo poderá ir além dos cinco sentidos. “Se as portas da percepção se
desvelassem, tudo apareceria ao homem tal como é, infinito”. O Corpo é o centro da
experiência imaginativa. Mas a percepção expandida deve ir além do Corpo pelo
Corpo. Desvelar as portas da percepção é ir além dos cinco sentidos e ver o Corpo
como um poder ativo no universo. A meditação, o transe, o orgasmo, os enteógenos e
diversos outros métodos podem ser utilizados para isto.
Quarta etapa. A vidência se manifesta no indivíduo com a percepção expandida
e ele experimenta a revelação. Unir-se à divindade significa ganhar a visão divina, que
permite ver o infinito através da matéria. É o oposto da visão caída, que é limitada. A
visão divina não pode ser descrita e é conhecida apenas pelo observador, através de
sua divina imaginação. Isaías, o profeta, diz a Blake que nunca viu Deus, mas que
percebe a existência divina em tudo ao seu redor. Deus sempre será transcendente
porque sua essência não pode ser compreendida pela mente humana. Não se conhece
Deus tentando vê-lo ou compreendê-lo, mas através da matéria tangível deste mundo,
que a imaginação transcende para encontrar o sublime que não pode ser visto
ordinariamente. Quando o indivíduo alcança a visão divina, ele se torna não apenas
uma pessoa divina, mas um profeta divino. Aqueles que estão em chamas não param
até que as chamas tenham se espalhado por toda a Terra. A nova visão convoca as
pessoas a ter um relacionamento ativo, até mesmo agressivo, com a vida. O novo
profeta, ou demônio, não suprime sua energia nem sua divindade e espalha a
mensagem do Corpo e Alma, Desejo e Razão, Sexo e Amor e atrai outros para o mundo
do infinito. “Possuo a Bíblia do Inferno, que o mundo terá quer queira, quer não”.
Poucas pessoas no mundo irão compreender ou participar deste estilo de vida livre e
assertivo. Mas todos ouvirão a mensagem do poder das chamas da Energia, de como
desvelar as portas da percepção.
O Método Infernal aqui exposto pode ser alegoricamente representado coo
uma Tipografia com seis câmaras, cada uma habitada por uma criatura que representa
um aspecto diferente do método. Na primeira câmara, um Homem-Dragão retira o
entulho na entrada de uma caverna. Simboliza a libertação da percepção finita, o início
da expansão dos sentidos. Na segunda câmara, uma serpente se enrosca numa rocha
da caverna e é adornada com metais e pedras preciosas. A serpente, que rasteja,
representa o contato com a matéria, a não-oposição às forças que emanam do Corpo.
Na terceira câmara, Homens-Águia erguem palácios nos rochedos. A matéria da
segunda câmara se transforma na terceira, sendo utilizada para formar palácios. A
águia, que voa, mostra o início da expansão rumo ao infinito, a incorporação da
Energia ativa. Na quarta câmara, leões em chamas derretem os metais até que se
tornem fluidos incandescentes. Simboliza a união, a harmonia, das duas forças, Razão
e Energia, e o fim das aparências superficiais e finitas. Na quinta câmara, formas sem
nome lançam os metais ao espaço, isto é, o homem expandiu sua visão para o infinito.
Aqui acontece a Revelação e a vidência. Na sexta câmara, os homens tomam a forma
de livros e se organizam em bibliotecas. O indivíduo se torna um profeta, com a
responsabilidade de partilhar suas experiências. Através da literatura, todos têm a
oportunidade de receber este ensinamento.
Ensinamentos de Jesus
1. Peçam e será dado a vocês; busquem e vocês encontrarão; batam e será
aberto a vocês. Q (Lc 11:9 e Mt 7:7) e Tomé (2, 92:1, 94:1-2).
2. Se seus líderes disserem a vocês: “Veja, o Reino está nos céus”, então as
aves do céu precederão vocês. Se disserem: “está no mar”, então os peixes
precederão vocês. Porém, o Reino está dentro de vocês e fora de vocês.
Tomé (3:1-3).
3. Os últimos serão os primeiros e os primeiros, últimos. Q (Mt 2:16, Lc 13:30),
Mc (10:31) e Tomé (4:2).
4. Não há nada oculto que não será revelado. Tomé (5:2), Q (Mt 10:26, Lc
12:2) e Mc (4:22).
5. Eu lancei fogo sobre a Terra, e vejam, eu estou vigiando até que arda. Tomé
(10) e Lc (12:49).
6. Quando forem a alguma região e andarem pelos arredores, quando as
pessoas receberem vocês, comam o que elas servirem. Pois o que entra
pela boca não tornará vocês impuros, mas sim o que sai da boca tornará
vocês impuros. Tomé (14:4-5), Q (Lc 10: 8-9) e Mc (7:15).
7. Os discípulos disseram a Jesus: “Diga-nos com o que se assemelha o Reino
de Deus”. Ele disse para eles: “Ele é semelhante a um grão de mostarda. É a
menor de todas as sementes, mas quando cai em solo preparado produz
uma planta larga e se torna um abrigo para as aves do céu”. Tomé (20), Q
(Mt 13:31-32, Lc 13:18-19) e Mc (4:30-32).
8. Ame a seus amigos como a sua própria alma. Tomé (25:1) e Mc (12:31).
9. Você vê o argueiro no olho do seu amigo, mas não vê a trave no seu próprio
olho. Quando tirar a trave do seu próprio olho você verá claramente como
tirar o argueiro do olho do seu amigo. Tomé (26) e Q (Mt 7:3-5, Lc 6:41-42).
10. Nenhum profeta é bem-vindo em sua cidade, médicos não podem curar
aqueles que o conhecem. Tomé (31), Mc (6:4), Lc (4:23) e Jo (4:44).
11. Uma cidade construída em um monte alto e fortificada não pode cair, nem
pode ser escondida. Tomé (32) e Mt (5:14).
12. Ninguém acende uma lâmpada e a cobre com um vaso, ou a põe debaixo da
cama, mas sim no candelabro, para que os que entram vejam a luz. Q (Lc
8:16, Mt 5:15), Tomé (33: 2-3) e Mc (4:21).
13. Se um cego guiar outro cego, ambos cairão em um buraco. Tomé (34) e Q
(Mt 15:14b, Lc 6:39).
14. Ninguém pode entrar na casa de uma pessoa forte e tomá-la, sem atar as
mãos da pessoa. Só então pode saquear-lhe a casa. Tomé (35), Q (Lc
11:21-22, Mt 12:29) e Mc (3:27).
15. É por isso que eu digo a vocês: não fiquem apreensivos pela sua vida – o
que vocês vão comer – nem pelo seu corpo – o que vocês vão vestir.
Lembrem-se, há mais na vida do que comida e roupas. Pensem nos corvos:
eles não semeiam nem colhem, não têm despensas ou celeiros. Ainda assim
Deus os alimenta. Vocês valem muito mais do que pássaros! Vocês podem
acrescentar uma hora às suas vidas para ficar apreensivos? Pensem em
como crescem os lírios: eles não trabalham e nunca fiam. Mas deixem-me
dizer a vocês, mesmo Salomão no alto de sua glória nunca se vestiu como
um deles. E se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está aqui e
amanhã é jogada no forno, é certamente mais provável que Deus cuidará
de vocês, que não tomam nada por garantido. Q (Lc 12:22-25, 27-29; Mt 6:
25-34) e Tomé (36).
16. Vocês sejam sagazes como as serpentes e simples como as pombas. Tomé
(39:3) e Mt (10:16b).
17. Para aqueles que têm, mais será dado, e para aqueles que não têm, até o
que eles parecem ter lhes será tirado. Q (Lc 8:18, Mt 13:12), Tomé (41) e Mc
(13:12).
18. Sejam transeuntes! Tomé (42)
19. A árvore boa não dá frutos ruins, nem a árvore ruim dá frutos bons. Cada
árvore é conhecida por seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros nem
uvas de abrolhos. Q (Lc 6:43, Mt 7:16). Q (Lc 6:44, Mt 7:16) e Tomé (45).
20. Se dois fizerem paz entre si em uma mesma casa, dirão a uma montanha:
“saia daqui” e ela sairá. Tomé (48), Q (Mt 17:20, Lc 17:6) e Mc (11:23).
21. Havia uma pessoa rica com uma grande quantidade de dinheiro. Ele disse:
“Vou investir meu dinheiro de modo que eu possa semear, plantar, colher e
encher meus armazéns, de tal forma que não me falte nada”. Foi isto que
ele pensou em seu coração, mas naquela mesma noite ele morreu. Tomé
(63:1-3), Lc (12:16-21).
22. Porque vocês lavam o exterior do copo? Não compreendem que aquele que
fez o interior é também aquele que fez o exterior? Tomé (89) e Q (Mt
23:25-26, Lc 11:39-41).
23. Venham a mim, pois o meu jugo é suave e o meu domínio é agradável e
vocês acharão repouso para vocês mesmos. Tomé (90) e Mt (11: 28-30).
24. Não ofereçam aos cachorros o que é sagrado, nem joguem suas pérolas
para os porcos, ou eles as pisotearão e se voltarão e despedaçarão vocês.
Mt (7:6) e Tomé (93).
25. O Reino de Deus é como o fermento, que uma mulher introduz em três
medidas de farinha, até que esteja tudo levedado. Q (Mt 13:33, Lc 13:
20-21) e Tomé (96).
26. Eles mostraram uma moeda de ouro a Jesus e disseram a ele: “os agentes
de César exigem de nós o pagamento do imposto”. Ele disse a eles: “Deem a
César o que é de César, e deem a Deus o que é de Deus”. Tomé (100: 1-3),
Mc (12:13-17) e evangelho Egerton (3:1-6).
27. Felizes daqueles que sabem onde os rebeldes irão atacar. Eles podem ir,
coletar seus recursos e estar preparados antes que os rebeldes cheguem.
Tomé (103), Q (Mt 24:43-44, Lc 12:39-40).
28. Há alguém dentre vocês que possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas,
não deixa no deserto as noventa e nove, e vai atrás da perdida até que a
encontre? E quando a encontra, põe-na sobre os ombros, feliz. E quando
chega em casa convida os amigos e vizinhos, e diz: “Celebrem comigo,
porque encontrei minha ovelha perdida”. Q (Lc 15:4-6, Mt 18:12-14), Tomé
(107).
29. Os discípulos perguntaram-lhe: “quando o Reino virá?”. “Ele não vem por se
esperar por ele. Não se dirá ‘ei-lo aqui!’ ou ‘ei-lo ali!’. De fato, o Reino está
espalhado pelo mundo inteiro, mas os homens não o enxergam”. Tomé
(113), Lc (17:20-21).
30. Façam aos outros aquilo que querem que façam a vocês. Q (Lc 6:31, Mt
7:12a) e Tomé (6:3)
31. João Batista não come pão e não bebe vinho e vocês dizem: “ele é
demente”. O Filho do Homem come e bebe e vocês dizem: “esse homem é
comilão e beberrão; é amigo dos cobradores de impostos e das pessoas de
má fama”. Q (Lc 7:34-35, Mt 11:16-19).
32. Eu te agradeço, Pai, Senhor do céu e da terra, porque tu escondeste estas
coisas dos sábios e instruídos, mas tu as tem revelado às pessoas sem
instrução. Sim, Pai, esta é a maneira que tu desejaste. Q (Lc 10:21, Mt
11:25-27) e Tomé (61:3)
33. Os olhos são como uma luz para o corpo. Quando os olhos de vocês são
bons, todo o seu corpo fica cheio de luz. Porém, se os seus olhos forem
maus, o seu corpo ficará cheio de escuridão. Portanto, tenha cuidado para
que a luz em você não seja escuridão. Pois, se seu corpo estiver
completamente luminoso, e nenhuma parte estiver escura, então ele ficará
cheio de luz como acontece quando você é iluminado pelo brilho de uma
lamparina. Q (Lc 11:34-36, Mt 6:22-23).
34. Os fariseus e escribas tiraram a chave do conhecimento e a ocultaram. Nem
eles entraram nem permitiram entrar os que queriam. Tomé (39:1-2) e Q
(Lc 11:52, Mt 23:13).
35. Por acaso não é verdade que cinco passarinhos são vendidos por algumas
moedinhas? No entanto Deus não esquece nenhum deles. Até os fios de
cabelos de vocês estão contados. Não tenham medo pois vocês valem mais
do que muitos passarinhos. Q (Lc 12:6-7, Mt 10:29-31).
36. Um homem que estava no meio da multidão disse a Jesus: “Mestre, mande
meu irmão repartir comigo a herança que nosso pai nos deixou”. Jesus
disse: “Homem, quem me indicou juiz ou árbitro de vocês?”. Lc (12: 13-14)
e Tomé (72).
37. Deixem que as crianças venham até mim e não proíbam que elas façam isto,
pois o Reino de Deus é das pessoas que são como essas crianças. Quem não
receber o Reino de Deus como uma criança nunca entrará nele. Mc
(10:14-15) e Tomé (22:2).
38. O sábado foi criado para o homem, não o homem para o sábado. Por isso, o
filho do homem tem autoridade até mesmo sobre o sábado. Mc (2:27-28).
39. Cuidado com os mestres da lei, que gostam de caminhar usando capas
compridas, e gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças;
preferem os lugares de honra nas sinagogas e os melhores lugares nos
banquetes. Mc (12: 38-39) e Q (Lc 11:43, Mt 23:5-7).
40. Não jurem pelo céu, nem pela terra nem por coisa alguma. Digam somente
“sim” quando for sim, e “não” quando for não. Tiago (5:12) e Mt (5:33-37)
41. Quando você fizer caridade, não deixe que sua mão esquerda saiba o que a
direita está fazendo. Mt (6:3) e Tomé (62:2).
42. Por acaso algum de vocês, que é pai, será capaz de dar uma pedra ao seu
filho, quando ele pede pão? Ou lhe dará uma cobra, quando ele pede
peixe? Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos.
Quanto mais o Pai de vocês, que está no céu, dará coisas boas aos que lhe
pedirem! Q (Mt 7:9-11, Lc 11:11-13)
Provérbios do Inferno