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TEOLOGIA PRÓPRIA

A DOUTRINA DE DEUS

ÍNDICE

CAPÍTULO I A EXISTÊNCIA DE DEUS


1. Sua Existência Afirmada
2. Sua Existência Provada

CAPÍTULO II A NATUREZA DE DEUS


1. A Opinião Bíblica (os nomes de Deus)
2. Idéias Errôneas

CAPÍTULO III ATRIBUTOS DE DEUS


1. A Natureza Íntima de Deus
2. Deus em Relação ao Universo
3. Deus em Relação às Criaturas Morais

CAPÍTULO IV A TRINDADE DIVINA


1. A Doutrina Declarada
2. A Doutrina Definida
3. A Doutrina Provada
4. A Doutrina Ilustrada

Pr. Má rcio Ribeiro Pb. Tiago Araú jo


Diretor Nacional Coordenador do Nú cleo
CAPÍTULO I

A EXISTÊNCIA DE DEUS

1. Sua Existência Afirmada

Em parte nenhuma as Escrituras tratam de provar a existência de Deus através de


provas formais. Reconhece-se como fato auto-evidente e como crença natural do homem. As
Escrituras em parte nenhuma propõem uma série de provas da existência de Deus como
preliminar à fé; declaram os fatos de Deus e chamam o homem a aventurar-se na fé. Esses fatos
verdadeiros descritos pelas Escrituras, são conhecidas como ensinamentos ou doutrinas. "O que
se chega a Deus, creia que há Deus", é o ponto inicial na relação entre o homem e Deus.

A Bíblia, em verdade, fala de homens que dizem em seus corações que não há Deus, mas
esses são "tolos", isto é, os ímpios praticantes que expulsariam a Deus dos seus pensamentos
porque já O expulsaram das suas vidas. Esses pertencem ao grande número de ateus praticantes,
isto é, esses que procedem e falam como se não existisse Deus. Seu número ultrapassa em muito
o número de ateus teóricos, isto é, esses que pretendem aderir à crença intelectual que nega a
existência de Deus. Note-se que a declaração: "Não há Deus", não implica em dizer que Deus não
exista, mas sim que Deus não se ocupa com negócios do mundo. Contando com sua ausência, os
homens corrompem-se e se comportam de maneira abominável. (Salmo 14).

2. Sua Existência Provada

Se as Escrituras não oferecem nenhuma demonstração racional da existência, por que


vamos fazer essa tentativa? Pelas seguintes razões:

Primeiramente, para convencer os que genuinamente buscam a Deus, isto é, pessoas cuja
fé tem sido ofuscada por alguma dificuldade, e que dizem: "Eu quero crer em Deus; mostra-me
que seja razoável crer n'Ele". Mas evidência nenhuma convencerá a pessoa, que, por desejar
continuar no pecado e no egoísmo, diz: "Desafio-te a provar que Deus existe." Afinal a fé é
questão moral e não intelectual. Se a pessoa não está disposta a concordar com Deus, ela porá de
lado todas e quaisquer evidências. (Lucas 6: 31).

Segundo, para fortalecer a fé daqueles que já crêem. Eles estudam as provas, não para
crer, mas sim porque já crêem. Esta fé lhes é tão preciosa que aceitarão com alegria qualquer fato
que a faça aumentar ou enriquecer. Finalmente, para poder enriquecer nosso conhecimento acerca
da natureza de Deus. Dessas três esferas deduzimos as cinco evidências da existência de Deus:

O Universo deve ter uma primeira causa ou um criador (o argumento cosmológico, da palavra
grega cosmos, que significa "mundo").

O desígnio evidente no universo assinala a uma Mente Suprema (o argumento teológico


"Teleos", significando "desígnios ou propósitos").

A natureza do homem, com seus impulsos e suas aspirações, assinala a existência de um


Governador pessoal (o argumento antropológico, da palavra grega "antepores", que significa
"homem").

O Argumento da Criação
A razão argumenta que o universo deve ter tido um princípio. Todo o efeito deve ter uma
causa suficiente. O universo, sendo o efeito, por conseguinte deve ter uma causa. Consideremos a
extensão do universo.

Consideremos nosso pequeno planeta e nele as várias formas de vida existentes, os quais
revelam inteligência e desígnios divinos. Naturalmente surge a questão: "Como se originou tudo
isso?" A pergunta é natural, pois as nossas mentes são constituídas de tal forma que esperam que
todo o efeito tenha uma causa. Logo, concluímos que o universo deve ter tido uma primeira
causa, ou um criador. No princípio - Deus (Gn. 1: 1).

O Argumento do Desígnio

O desígnio e a formosura evidenciam-se no universo; mas o desígnio e a formosura


implicam em um Arquiteto; portanto, o universo é a obra dum Arquiteto dotado de inteligência
suficiente para explicar Sua obra. O grande relógio de Strasburgo tem, além das funções normais
de um relógio, uma combinação de luas e planetas que se movem, mostrando dias e meses com a
exatidão dos corpos celestes, com seus grupos de figuram que aparecem e desaparecem com
regularidade igual ao soarem as horas no grande cronômetro. Declarar não ter havido um
engenheiro que construiu o relógio, e que este objeto "aconteceu", seria insultar a inteligência e a
razão humana. É tão insensato presumir que o universo meramente "aconteceu", ou, em
linguagem científica, que procedeu "do concurso fortuito dos átomos"!

Tomemos para ilustrar a vida dos insetos. Há uma espécie de escaravelho chamado
"Staghorn" ou "Chifrudo". O macho tem magníficos chifres, duas vezes mais compridos do que o
seu corpo; a fêmea não tem chifres. No estágio larval, eles enterram-se a si mesmos na terra e,
silenciosamente, esperam na escuridão pela sua metamorfose. São naturalmente meramente
insetos, sem nenhuma diferença operante e, no entanto, um deles escava para si um buraco duas
vezes mais profundo do que o outro. Por que? Para que haja espaço para os chifres do macho se
desenvolverem com perfeição. Por que essas larvas, aparentemente iguais, diferem assim em
meus hábitos? Quem ensinou o macho... a cavar seu buraco duas vezes mais profundo do que faz
a fêmea? É o resultado dum processo racional? Não, foi Deus o Criador, quem pôs naquelas
criaturas a percepção instintiva que lhes seria útil.

De onde recebeu esse inseto a sua sabedoria? Alguém talvez pense que a herdara de seus
pais. Mas um cão ensinado, por exemplo, transmite à sua descendência sua astúcia e agilidade?
Não. Mesmo que admitamos que o instinto fosse herdado, todavia, deparamos com o fato de que
alguém havia instruído primeiro escaravelho chifrudo. A explicação do maravilhoso instinto dos
animais acha-se nas palavras do primeiro capítulo de Gênesis: "E disse Deus" - isto é: a vontade
de Deus. Quem observa o funcionamento dum relógio sabe que a inteligência não está no relógio
mas sim no relojoeiro. E, quem observa o instinto maravilhoso das menores criaturas, concluirá
que a primeira inteligência não era a delas, mas sim do seu Criador, e que existe uma mente
controladora dos menores detalhes de sua vida.

O Argumento da Natureza do Homem

O homem dispõe de natureza moral, isto é, a sua vida é regulada por conceitos do bem e
do mal. Ele reconhece que há um caminho reto de ação que deve seguir e um caminho errado que
deve evitar. Esse conhecimento chama-se "consciência". Ao fazer ele o bem, a consciência o
aprova; ao fazer ele o mal, a consciência o condena. A consciência, seja obedecida ou não, fala
com autoridade. Assim disse Butler acerca da consciência: "Se ela tivesse poder na mesma
proporção de sua autoridade manifesta, governaria o mundo, isto é, se a consciência tivesse a
força de por em ação o que ordena, ela revolucionaria o mundo". Mas acontece que o homem é
dotado de livre arbítrio e, portanto, pode desobedecer àquela voz íntima. Mesmo estando mal
orientada, sem esclarecimento, a consciência ainda fala com autoridade, e faz o homem sentir sua
responsabilidade. "Duas coisas me impressionam, declarou Kant, o grande filósofo alemão, "o
alto céu estrelado e a lei moral em meu interior".

Qual é a conclusão que podemos tirar desse sentimento de responsabilidade? Que o


Legislador é também um juiz que recompensará os bons e castigará os maus. Aquele que impôs a
lei finalmente defenderá essa lei.

Não somente a natureza moral do homem, como também todos os aspectos da sua
natureza testificam da existência de Deus. Até as religiões mais degradadas demonstram o fato de
que o homem, qual cego, tateando, procura algo que sua alma anela. A exclamação, "a minha
alma tem sede de Deus", (Salmo 42: 2) é um argumento em favor da existência de Deus, pois a
alma não enganaria o homem com sede por aquilo que não existisse. Assim disse certa vez um
erudito da Igreja primitiva: "Para Ti, Tu nos fizeste, e nosso coração estará inquieto enquanto
não descobrir o descanso de Tua presença".

O Argumento Histórico

A marcha dos eventos da história universal fornece evidência de um Poder e duma


Providência dominante. Toda a história bíblica foi escrita para revelar Deus na história, isto é,
para ilustrar a obra de Deus nos negócios humanos. "Os princípios do divino governo moral,
encontram-se na história das nações tanto quanto na experiência dos homens", escreve D.S.
Clarke (Salmo 75: 7; Daniel 2: 21; 5: 21). "O Protestantismo inglês vê a derrota da Armada
Espanhola como uma intervenção divina. A colonização da América por imigrantes protestantes a
salvou da sorte da América do Sul, e desta maneira salvou a democracia. Quem negaria que a
mão de Deus estivesse nesses acontecimentos?" A história da humanidade, o surgimento e
declínio de nações, como Babilônia e Roma, mostram que o progresso acompanha o uso das
faculdades dadas por Deus e a obediência à Sua lei, e que o declínio nacional e a podridão moral
seguem a desobediência ." (D.L. Pierson).

O Argumento da Crença Universal

A crença na existência de Deus é praticamente tão difundida quanto a própria raça


humana, embora muitas vezes se manifeste em forma pervertida ou grotesca e revestida de idéias
supersticiosas. Esta opinião tem sido contestada por alguns que argumentam existirem raças que
não têm a menor concepção de Deus.

Este conhecimento universal não se originou necessariamente pelo raciocínio, porque há


homens de grande capacidade de raciocínio que também negam a existência de Deus. Mas é
evidente que o mesmo Deus que fez a natureza, com suas belezas e maravilhas, fez também o
homem dotado de capacidade para observar, através da natureza, o seu Criador. "Porquanto, o
que se pode conhecer de Deus, neles está manifesto; pois Deus lho manifestou. As perfeições
invisíveis d'Ele, o Seu poder eterno, e a Sua divindade, claramente se vêem desde a criação do
mundo, sendo percebidas pelas Suas obras." (Romanos 1: 19, 20). Deus não fez o mundo sem
deixar certos sinais, sugestões e evidências claras, que falam das obras das Suas mãos. Mas os
homens conhecendo a Deus, não O glorificaram como Deus, nem deram graças, antes se
enfatuaram nas suas especulações e ficou em trevas o seu coração insensato." (Romanos 1: 21).
Esta crença universal em Deus, é prova de que? É prova de que a natureza do homem é
de tal maneira constituída que é capaz de compreender e apreciar essa idéia, como expressou
certo escritor: "O homem é incuravelmente religioso", que no sentido mais amplo inclui: a) A
aceitação do fato da existência dum Ser elevado das forças da natureza. b) Um sentimento de
dependência de Deus como Quem domina o destino do homem; este sentimento, é despertado pelo
pensamento de sua própria debilidade pequenez e pela magnitude do universo. c) A convicção de
que se pode efetuar uma revelação amistosa e que nesta união ele, o homem, achará segurança
felicidade. Desta maneira vemos que o homem, por natureza, é constituído para crer na existência
de Deus, para confiar na sua bondade, e para adorar em sua presença.

3. Sua Existência Negada

O ateísmo consiste da negação absoluta da idéia de Deus. Alguns duvidam que haja
verdadeiros ateus; mas se os houver ainda, é impossível provar que estejam sinceramente
buscando a Deus ou que sigam a lógica da investigação teológica.

A posição contraditória ateísta demonstra-se no fato de que muitos ateus, ao se


encontrarem em perigo ou em dificuldades, têm orado. Quantas vezes, tempestades e lutas da
vida, tem varrido seu refúgio teórico, revelando os alicerces espirituais e demonstrando o
comportamento humano. Diz-se "humano" porque aquele que nega a existência de Deus abala e
suprime os instintos e impulsos mais profundos e nobres da alma. Como disse Pascal: "o ateísmo
é uma enfermidade." Quando o homem perde sua fé em Deus não é devido aos argumentos (não
importa a lógica aparente com que se apresente a sua negação), mas é devido a algum desastre,
traição, ou negligência íntimos ou algum ácido corrosivo destilado em sua alma que dissolveu a
pérola de grande preço".

O ateísmo é um crime contra a sociedade, pois destrói o único fundamento da moral e da


justiça - um Deus pessoal que sobre o homem põe a responsabilidade de guardar as Suas leis. Se
não há Deus, então não há lei divina e todas as leis são do homem. Mas por que se deve proceder
legalmente? Por que um homem, ou um grupo de homens, ordenam-no? É possível que haja
pessoas dotadas de relativa nobreza de espírito e que essas façam o bem e sejam direitas, sem,
contudo, possuírem crença em Deus, mas para a grande massa da humanidade existe somente
uma sanção para fazer o que é reto, e isso é - "Assim diz o Senhor", o Juiz dos vivos e dos
mortos, o poderoso governador do destino eterno. Remova isso e você destruirá os fundamentos
da sociedade humana.

O ateísmo é um crime contra o homem. Ele procura arrancar do coração do homem o


anelo pelas coisas espirituais, sua fome e sede pelo infinito. Os ateus protestam contra os crimes
que se praticaram em nome da religião; reconhecemos que a religião tem sido pervertido pelo
sacerdotalismo e eclesiastelismo. Mas procurar apagar a idéia de Deus por ter havido abusos é
tão absurdo quanto tentar arrancar o amor do coração humano porque em alguns casos esse amor
se desvirtuou.
CAPÍTULO II

A NATUREZA DE DEUS

1. A Opinião Bíblica

Quem é que é Deus? A melhor definição é a que se encontra no Catecismo de


Westminster: "Deus é Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu ser, sabedoria, poder,
santidade, justiça, bondade e verdade." A definição bíblica pode formular-se pelo estudo dos
nomes de Deus. O "nome" de Deus, nas Escrituras, significa mais do que uma combinação de
sons; representa seu caráter revelado. Deus revela-se a Si mesmo fazendo-se conhecer ou
proclamando o Seu nome. (Êxodo 6: 3; 33: 19; 34: 5, 6); adorar a Deus é invocar Seu nome
(Gênesis 12: 8); temê-Lo (Deuteronômio 28: 58); louvá-Lo (II Samuel 22: 50); glorificá-Lo
(Salmo 86: 9). É sacrilégio tomar Seu nome em vão. (Êxodo 20: 7) ou profaná-Lo ou blasfemá-
Lo (Levítico 18: 21; 24: 16). Reverenciar a Deus é santificar ou bendizer Seu nome. (Mateus 6:
9). O nome do Senhor defende o Seu povo (Salmo 20: 1). E por amor do Seu nome não os
abandonará (I Sm 12: 22).
Os seguintes nomes de Deus são os mais comuns que encontramos nas Sagradas
Escrituras:

ELOHIM

Traduzido, significa "Deus". Esta palavra emprega-se sempre que sejam descritos ou
implícitos o poder criativo e a onipotência de Deus. Elohim é o Deus-Criador. A forma pela
plural significa a plenitude de poder e representa a Trindade.

JEOVÁ

Traduzido, significa "Senhor" na versão Almeida. Elohim, o Deus-Criador, não


permanece alheio às Suas criaturas. Observando Deus a necessidade entre os homens, desceu
para ajudá-los e salvá-los; ao assumir esta geração, Ele revela-Se a Si mesmo como Jeová, o
Deus da Aliança. O nome Jeová tem sua origem no verbo SER e inclui os três tempos desse
verbo - passado, presente e futuro. O nome, portanto significa: Ele que era, que é e que há de ser;
em outras palavras, o Eterno. Sendo que Jeová é o Deus que Se revela a Si mesmo ao homem, o
nome significa: Eu me manifestei, me manifesto, e ainda me manifestarei.
A relação entre Jeová e Israel resume-se no uso dos nomes encontrados nos concertos
entre Jeová e Seu povo. Aos que jazem em leitos de doenças, manifesta-lhes como JEOVÁ-
RAFÁ, "o Senhor que cura" (Êxodo 15: 26). Os oprimidos pelo inimigo invocam a JEOVÁ-
NISSI, "o Senhor nossa bandeira" (Êxodo 17: 8-15). Os carregados de cuidados, aprendem que
Ele é JEOVÁ-SHALOM, "o Senhor nossa paz" (Juízes 6: 24). Os peregrinos na terra sentem a
necessidade de JEOVÁ-RA'AH, "o Senhor meu pastor" (Salmo 23: 1). Aqueles que se sentem
sob a condenação e necessitados da justificação, esperançosamente invocam a JEOVÁ-TSID-
KENU, "o Senhor nossa justiça" (Jeremias 23: 6). Aqueles que se sentem desamparados
aprendem que Ele é JEOVÁ-JIREH, "o Senhor que provê" (Gênesis 22: 14). E quando o reino de
Deus se houver concretizado sobre a terra, será Ele conhecido como JEOVÁ-SHAMMAH, "o
Senhor está ali" (Ezequiel 48: 35).

EL

Traduzido: (Deus). É usado em certas combinações como: EL-ELYON (Gênesis 14: 18-
20), o "Deus altíssimo", o Deus que é exaltado sobre tudo o que se chama deus ou deuses. EL-
SHADDAI, "o Deus que é suficiente para as necessidades do Seu povo" (Êxodo 6: 3). EL-
OLAM, "o eterno Deus" (Gênesis 21: 33).

ADONAI

Significa literalmente "Senhor" ou "Mestre" e dá a idéia de governo e domínio (Êxodo


23: 17; Isaías 10: 16, 33). Por causa do que Deus é e do que tem feito, Ele exige o serviço e a
lealdade do Seu povo. Este nome no Novo Testamento aplica-se ao Cristo glorificado.

PAI

Emprega-se tanto no AT como no NT. Em significado mais amplo o nome descreve Deus
como sendo a Fonte de todas as coisas e Criador do homem; de maneira que, no sentido criativo,
todos podem considerar-se geração de Deus (At 17: 28). Todavia, esta relação não garante a
salvação. Somente aqueles que foram vivificados e receberam nova vida pelo Seu Espírito são
seus filhos no sentido íntimo da salvação (Jo 1: 12, 13).

2. Idéias Errôneas

O Agnosticismo

Expressão originada de duas palavras gregas que significam "não sabendo". Nega a
capacidade humana de conhecer a Deus. "A mente finita não pode alcançar o infinito", declara o
agnóstico. Mas o agnóstico não vê que há grande diferença entre conhecer a Deus no sentido
absoluto e conhecer algumas coisas acerca de Deus. Não podemos compreender a Deus, isto é,
conhecê-Lo, inteira e perfeitamente; mas podemos aprender, isto é, ter uma concepção da Sua
Pessoa. Para rebatê-los, leia Êx. 33: 20; Jó 11: 7; Rm 11: 33, 34; I Co 13: 9-12.

O Politeísmo

O culto a muitos deuses era característico das religiões antigas e pratica-se ainda hoje em
muitas terras pagãs. Baseia-se ele sobre a idéia de que o universo é governado, não por uma força
só, mas sim por muitas, de maneira que há um deus da água, um deus do fogo, um deus das
montanhas, um deus da guerra, etc (Rm 1: 25). Abraão foi chamado a tornar-se uma testemunha
do único verdadeiro Deus; sua chamada foi o começo da missão de Israel, a qual era pregar o
monoteísmo (o culto a um só Deus). ao contrário de seus vizinhos.

O Panteísmo

Proveniente de duas palavras gregas que significam "tudo é Deus". É o sistema de


pensamento que identifica Deus com o universo. Árvores, pedras, pássaros, terra e água, répteis e
homens - todos são declarados partes de Deus, e Deus vive e expressa-se a Si mesmo através das
substâncias e forças como a alma se expressa através do corpo. Romanos 1: 20-23 desvenda esse
mistério. Pode ser que na penumbra do passado, os filósofos pagãos, havendo perdido de vista a
Deus e expulsando-o de seus corações, tenham observado que era necessário achar alguma coisa
que preenchesse o Seu lugar, sendo que o homem procura sempre um objeto de culto. Para
preencher o lugar de Deus, deve haver algo tão grande quanto o próprio Deus. Havendo Deus Se
retirado do mundo, por que então não fazer do mundo de Deus? Desta maneira arrazoaram os
homens e assim se iniciou o culto às montanhas e às árvores, aos homens e aos animais, e a todas
as forças da natureza.
O Materialismo

Nega qualquer distinção entre a mente e a matéria; afirma que todas as manifestações de
vida e de mente e todas as forças, são simplesmente propriedades da matéria. "O pensamento é
secreção do cérebro como a bílis é secreção do fígado"; 'o homem é apenas uma máquina, são
esses alguns dos pensamentos prediletos dos materialistas. "O homem é simplesmente um
animal", declararam eles, pensando que com isto poderão extinguir o conceito generalizado
acerca da superioridade do ser humano e do seu destino divino.

O Destino

Admite que haja um Deus pessoal que criou o mundo; mas insiste em que, depois da
criação, Deus entregou o mesmo para ser governador pelas leis naturais. Em outras palavras, Ele
deu corda ao mundo como quem dá corda a um relógio e o deixou sem mais cuidado da Sua
parte. Dessa maneira não seria possível haver nenhum milagre. Esse sistema, às vezes, chama-se
racionalismo, porque eleva a razão à posição de supremo guia em assuntos de religião; também
se descreve como religião natural, como aposta à religião revelada. Tal sistema é refutado pelas
evidências da inspiração da Bíblia e as evidências das obras de Deus na história.

CAPÍTULO III

OS ATRIBUTOS DE DEUS

Sendo Deus um Ser infinito, é impossível que qualquer criatura O conheça exatamente
como Ele é. No entanto, Ele bondosamente revelou-se a nós através de linguagem compreensível
a nós. São as Santas Escrituras essa revelação. Por exemplo, Deus acerca de Si mesmo diz: "Eu
sou Santo", portanto, podemos afirmar: Deus é Santo. A santidade, então, é um atributo de Deus,
porque é uma qualidade que podemos atribuir ou aplicar a Ele. Dessa forma, com a ajuda da
revelação que Deus deu de Si mesmo, podemos regular os nossos pensamentos acerca de Deus.

Qual a diferença entre os nomes de Deus e os seus atributos? Os nomes de Deus


expressam as qualidades do seu Ser inteiro, enquanto os Seus atributos indicam vários aspectos
do Seu caráter. A seguinte classificação talvez facilite a nossa compreensão:

a) Atributos sem relação entre si, ou seja, o que Deus é em Si próprio, aparte da criação.

b) Atributos ativos, ou seja o que Deus é em relação ao universo.

c) Atributos morais, ou seja, o que Deus é em relação aos seres morais por Ele criados.

1. A Natureza Íntima de Deus (atributos sem relação entre si).

Deus é Espírito (João 4: 24). Deus é Espírito com personalidade; Ele pensa, sente e fala,
portanto, pode ter comunhão direta com Suas criaturas feitas à Sua imagem. Sendo Espírito,
Deus não está sujeito às limitações as quais se sujeitam os seres humanos dotados de corpo
físico.
Ele não possui partes corporais e nem está sujeito às paixões, Sua pessoa não se compõe
de nenhum elemento material, e não está sujeito às condições de existência natural. Portanto, não
pode ser visto com os olhos naturais nem apreendido pelos sentidos naturais.

Isto não implica em que Deus leve uma existência sombria e irreal, pois Jesus se referiu a
"forma" de Deus (João 5: 37; vide Filipenses 2: 6). Deus é uma pessoa real, mas de natureza tão
infinita que não se pode apreendê-lo plenamente pelo conhecimento humano, nem tão pouco
satisfatoriamente descrevê-lo em linguagem humana.

"Ninguém jamais viu a Deus", declara o apóstolo João (João 1: 18; vide Êxodo 33:20);
no entanto, em Êxodo 24: 9, 10 lemos que Moisés, e certos anciãos, "viram a Deus". Nisto não
há contradição; João quer dizer que nenhum homem jamais viu a Deus como Ele é. Mas sabemos
que o Espírito pode manifestar-Se em forma corpórea (Mateus 3: 16); portanto, Deus pode
manifestar-Se duma maneira perceptível ao homem. Deus também descreve a Sua personalidade
infinita em linguagem compreensíveis às mentes finitas; portanto; a Bíblia fala de Deus como Ser
que tem mãos, braços, olhos e ouvidos, e descreve-O como vendo, sentindo, ouvindo,
arrependendo-Se, etc.

Mas Deus também é insondável e inescrutável. "Porventura... chegarás à perfeição do


Todo Poderoso?" (Jó 11: 7) - e nossa resposta só pode ser: "não temos com que tirar, e o poço é
fundo" (João 4: 11), usando a expressão da mulher samaritana.

Deus é infinito, isto é, não está sujeito às limitações naturais e humanas. A Sua infinidade vê-se
de duas maneiras: a) em relação ao espaço. Deus caracteriza-se pela imensidade (I Re 8: 27); isto
é: a natureza da Divindade está presente de modo igual em todo espaço infinito e em toda a parte
do mesmo. Nenhuma parte da existência está separada da sua presença ou de sua energia, e
nenhum ponto do espaço escapa à Sua influência. "Seu centro está em toda parte e Sua
circunferência em parte nenhuma". Mas, ao mesmo tempo, não devemos esquecer que existe um
lugar especial onde Sua presença e glória são reveladas duma maneira extraordinária; e esse
lugar é o céu. b) em relação ao tempo, Deus é eterno (Êx 15: 18; Dt 33: 27; Ne 9: 5; Sl 90: 2; Jr
10: 10; Ap 4: 8-10). Ele existe desde a eternidade e existirá por toda a eternidade. O passado, o
presente e o futuro são todos como o presente, à Sua compreensão. Sendo eterno, Ele é imutável -
"o mesmo ontem, hoje e eternamente". Esta é para o crente, uma verdade confortadora, podendo
assim descansar na confiança de que "O Deus da antiguidade é uma morada, e por baixo estão os
braços eternos" (Dt 33: 27).

Deus é o Único Deus (Êx 20: 3; Dt 4: 35, 39; 6: 4; I Sm 2: 2; II Sm 7: 22; I Re 8: 60; II Re 19:
15; Ne 9: 6; Is 44: 6-8; I Tm 1: 17). "Ouve ó Israel; Jeová nosso Deus é o único Deus". Era esse
um dos fundamentos da religião do Velho Testamento, sendo também essa mensagem especial a
um mundo que adorava a muitos deuses falsos.

Haverá contradição entre este ensino da unidade de Deus e o ensino da Trindade do Novo
Testamento? É necessário distinguir entre duas qualidades de unidade - unidade absoluta e
unidade composta. A expressão: "um homem", expressa a idéia de unidade absoluta, porque se
refere a uma só pessoa. Mas quando lemos que homem e mulher serão "uma só carne" (Gn 2:
24), essa é uma unidade composta, sendo que se refere à união de duas pessoas. Vide também Ez
37: 17; estas referências bíblicas empregam a mesma palavra para significar "um só" (“echad” na
língua hebraica) como se usa em Dt 6: 4. Existe outra palavra ("yachidh" no hebraico) que se usa
para exprimir a idéia de unidade absoluta (Gn 22: 2, 12; Amós 8: 10; Jr 6: 26; Zc 12: 10; Pv 4:
3; Jz 11: 34).
A qual classe de unidade se refere (Dt 6: 4)? Pelo fato de a palavra "nosso Deus” estar no
plural (ELOHIM no hebraico), concluímos que se refere à unidade composta. A doutrina da
Trindade ensina a unidade de Deus como unidade composta, inclusive de três Pessoas Divinas
unidas na essencial unidade eterna.

2. Deus em Relação ao Universo ( Atributos Ativos )

Deus é onipotente (Gn 1: 1; 17: 1; 18: 14; Êx 15: 7; Dt 3: 24; 32: 39; I Cr 16: 25; Jó 40: 2; Is
40: 12-15; Jr 32: 17; Ez 10: 5; Dn 3: 17; 4: 35; Am 4: 13; 5: 8; Zc 12: 1; Mt 19: 26; Ap 15: 3;
19: 6).

A onipotência de Deus significa duas coisas: a) Sua liberdade e poder para fazer tudo que
esteja em harmonia com a Sua natureza. "Pois para Deus nada será impossível". Isto
naturalmente não significa que Ele possa ou queira fazer alguma coisa contraditória à Sua
própria natureza - por exemplo, mentir ou roubar; ou que faria alguma coisa absurda ou
contraditória a Si mesmo, tal como fazer um círculo triangular, ou fazer água seca. b) Seu
controle e sabedoria sobre tudo que existe ou que pode existir. Mas sendo assim, por que se
pratica o mal neste mundo? É porque Deus dotou o homem de livre arbítrio, o qual Deus não
violará; Ele, portanto, permite os atos maus, mas com um sábio propósito de, finalmente,
dominar todo o mal. Somente Deus é Todo Poderoso e até mesmo Satanás nada pode fazer sem a
Sua permissão (Jó caps. 1 e 2).

Toda a vida é sustentada por Deus (Hb 1: 3; At 17: 25, 28; Dn 5: 23). A existência do homem
é qual som de nota de harmônico que soa enquanto os dedos comprimem as teclas. Assim
acontece sempre que a pessoa peca, está abusando dos dotes do próprio Criador. Todo pecado é
um insulto contra Deus.

Deus é Onipresente, isto é, o espaço material não O limita em ponto algum (Gn 28: 15, 16; Dt
4: 39; Js 2: 11; Sl 139: 7-10; Pv 15: 3, 11; Is 66: 1; Jr 23: 23,24; Am 9: 2-4,6; At 7: 48,49; Ef 1:
23). Qual diferença entre imensidade e onipresença? Imensidade é a presença de Deus em relação
ao espaço, enquanto onipresença é Sua presença revelada em relação às criaturas. Para Suas
críticas Ele está presente nas seguintes maneiras: a) em glória, para que as hostes O adorem no
céu (Is 6: 1-3). b) Eficazmente, na ordem natural (Naum 1: 3). c) Providencialmente, nos
assuntos relacionados com os homens (Sl 68: 7,8). d) Atentamente, àqueles que O buscam (Mt
18: 19,20; At 17: 27). e) Judicialmente, às consciências dos ímpios (Gn 3: 8; Sl 68: 1,2). O
homem não se deve iludir com o pensamento de que existe um cantinho no universo onde possa
escapar à lei do seu Criador. "Se o seu Deus está em toda a parte, então deve estar também no
inferno", disse um chinês a um cristão na China. "Sua ira sim está no inferno", a pronta resposta
do cristão. f) Corporalmente em Seu Filho. "Deus conosco" (Cl 2: 9). g) Misticamente na Igreja
(Ef 2: 12-22). h) Oficialmente, com seus obreiros (Mt 28: 19, 20).

Embora Deus esteja em todo lugar, Ele não habita em todo o lugar. Somente ao entrar em
relação pessoal com um grupo ou com um indivíduo se diz que habita com eles.

Deus é Onisciente, porque conhece todas as coisas (Gn 18: 18,19; II Re 8: 10,13; I Cr 28: 9; Sl
94: 9; 139: 1-16; 147: 4,5: Pv 15: 3; Is 29: 15,16; 40: 28; Jr 1: 4,5; Ez 11: 5; Dn 2: 22,28; Am 4:
13; Lc 16: 15; At 15: 8, 18; Rm 8: 27,29; I Co 3: 20; II Tm 2: 19; Hb 4: 13; I Pe 1: 2; I Jo 3:
20). O conhecimento de Deus é perfeito, Ele não precisa arrazoar, ou pesquisar as coisas, nem
aprender gradualmente - Seu conhecimento do passado, do presente e do futuro é instantâneo.

Há grande conforto na consideração desse atributo. Em todas as provas da vida o crente tem a
certeza de que "vosso pai celestial sabe" (Mt 6: 8).
A seguinte dificuldade se apresenta a alguns: sendo Deus conhecedor de toda as coisas, Ele
sabe quem se perderá; portanto, como pode então essa pessoa evitar de se perder?

Mas a presciência de Deus sobre o uso que a pessoa fará do livre arbítrio não obriga a escolher
este ou aquele destino. Deus prevê sem intervir.

Deus é Sábio (Sl 104: 24; Pv 3: 19; Jr 10: 12; Dn 2: 20,21; Rm 11: 33; I Co 1: 24,25,30; 2:
6,7; Ef 3: 10; Cl 2: 2,3). A sabedoria de Deus reúne a Sua onisciência e Sua onipotência. Ele tem
poder para levar a efeito Seu conhecimento de tal maneira que se realizem os melhores propósitos
possíveis pelos melhores meios possíveis. Deus sempre faz o bem de maneira certa e no tempo
certo. "Ele fez tudo bem".

Esta ação da parte de Deus, de organizar todas as coisas e executar a Sua vontade no curso dos
eventos com a finalidade de realizar o Seu bom propósito, chama-se Providência. A divina
providência geral relaciona-se com o universo como um todo; Sua providência particular
relaciona-se com os detalhes da vida do homem.

Deus é soberano, isto é, Ele tem o direito absoluto de governar e dispor de Suas criaturas como
Lhe apraz (Dn 4: 35; Mt 20: 15; Rm 9: 21). Ele possui esse direito em virtude de Sua infinita
superioridade, de Sua posse absoluta de todas as coisas, e da absoluta dependência das mesmas
perante Ele quanto à Sua contínua existência. Desta maneira, tanto e insensatez, como
transgressão, censurar os Seus caminhos.

3. Deus em Relação às Criaturas Morais (Atributos Morais)

Passando em revista o registro das obras de Deus para com os homens, aprendemos que:

Deus é Santo (Êx 15: 11; Lv 11: 44,45; 20: 26; Js 24: 19; I Sm 2: 2; Sl 5: 4; 119: 9; 145: 17;
Is 6: 3; 43: 14,15; Jr 23: 9; Lc 1: 49; Tg 1: 13; I Pe 1: 15,16; Ap 4: 8; 15: 3,4). A santidade de
Deus significa a Sua absoluta pureza moral; Ele não pode pecar nem tolerar o pecado. O sentido
original da palavra "santo" é: separado. Em que sentido está Deus separado? Ele está separado do
homem no espaço - Ele está no céu, o homem está na terra. Ele está separado do homem quanto à
natureza e caráter - Ele é perfeito, o homem é imperfeito; Ele é divino, e o homem é humano; Ele
é meramente perfeito, mas o homem é pecaminoso. Vemos, então, que a santidade é o atributo
que mantém a distinção entre Deus e a criatura. Não denota apenas um atributo de Deus, mas
sim a própria natureza divina. Portanto, quando Deus se revela a Si mesmo de modo a
impressionar ao homem com a Sua divindade, diz-se que Ele Se santificou (Ez 36: 23; 38: 23),
isto é, "Se revela a Si mesmo como o Santo. Quando os serafins descrevem o resplendor divino
que emana d’Aquele que está sentado sobre o trono, esses exclamam: "Santo, Santo, Santo é o
Senhor dos exércitos" (Is 6: 3).

Diz-se que os homens santificam a Deus quando O honram e o reverenciam como Divino (Nm
20: 12; Lv 10: 3; Is 8: 13). Quando O desonram, pela violação de Seus mandamentos, se diz que
profanam Seu nome - o qual é o contrário de santificar Seu nome (Mt 6: 9).

Somente Deus é santo em Si mesmo. Descrevem-se desta maneira o povo, os edifícios e objetos
santos porque Deus os fez santos e os tem santificado. A palavra "santo", quando se aplica a
pessoas ou a objetos, é termos que expressa relação com Jeová - pelo fato de estar separado para
o Seu serviço. Sendo separados, os objetos precisam estar limpos; e as pessoas devem consagrar-
se e viver de acordo com a Lei da santidade. Esses fatos constituem a base da doutrina da
santificação.
Deus é Justo. Qual é a diferença entre a santidade e a justiça? "A justiça é santidade em ação",
esta é uma das respostas. A justiça é a santidade de Deus manifesta no tratar retamente com Suas
criaturas . "Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn 18: 25). A justiça é obediência a uma
norma reta; é conduta reta em relação a outrém. Quando é que Deus manifesta este atributo? (a)
Quando livra o inocente, condena o ímpio e exige que se faça justiça. Deus julga, não como o
fazem os juízes modernos, que baseiam seu julgamento sobre a evidência apresentada perante
eles por outrem. Deus mesmo descobre a evidência. Desta maneira o Messias, cheio do Espírito
Divino, não julgará "segundo a vista dos Seus olhos, nem reprovará segundo o ouvir dos Seus
ouvidos", mas julgará com justiça (Is 11: 3). (b) É quando perdoa o penitente (Sl 51: 14; I Jo 1:
9; Hb 6: 10). (c) É quando castiga e julga seu povo (Is 8: 17; Am 3: 2). (d) É quando salva Seu
povo. A manifestação a favor do Seu povo se chama Sua justiça (Is 46: 13; 45: 24,25). A
salvação é o lado negativo, a justiça é o positivo. Ele livra Seu povo dos seus pecados e de seus
inimigos, e o resultado é a justiça de coração (Is 51: 6; 54: 13; 60: 21; 61: 10). (e) É quando dá
vitória à causa de seus servos fiéis (Is 50: 4-9). Depois de Deus haver libertado Seu povo e
julgado os ímpios então teremos "novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça" (II
Pd 3: 13).
Deus não somente trata justamente como também requer justiça. Mas que sucederá no
caso de o homem haver pecado? Então Ele graciosamente justifica o penitente (Rm 4: 5). Esta é a
base da doutrina da justificação.

Notar-se-á que a natureza divina é a base das relações de Deus com os homens. Como
Ele é, assim Ele opera. O Santo santifica, o justo justifica.

Deus é fiel. Ele é absolutamente digno de confiança; as Suas palavras não falharão. Portanto,
Seu povo pode descansar em suas promessas (Êx 34: 6; Nm 23: 19; Dt 4: 31; Js 21: 43-45; 23:
14; I Sm 15: 29; Jr 4: 28; Is 25: 1; Ez 12: 25; Dn 9: 4; Mq 7: 20; Lc 18: 7,8; Rm 3: 4; 15: 8; I
Co 1: 9; 10: 13; II Co 1: 20; I Ts 5: 24; II Ts 3: 3; II Tm 2: 13; Hb 6: 18; 20: 23; I Pd 4: 19; Ap
15: 3).

Deus é Misericordioso. "A misericórdia de Deus é a divina bondade em ação com respeito às
misérias de Suas criaturas, bondade que se comove a favor deles, provendo o seu alívio, e, no
caso de pecadores impenitentes, demonstrando paciência longânima" (Hodge); (Tt 3: 5; Lm 3: 22;
Dn 9: 9; Jr 3: 12; Sl 32: 5; Is 49: 13; 54: 7). Uma das mais belas descrições da misericórdia de
Deus encontra-se no Salmo 103: 8-18. O conhecimento de Sua misericórdia torna-se a base da
esperança (Sl 130: 7), como também da confiança (Sl 52: 8). A misericórdia de Deus
manifestou-se de maneira eloqüente ao enviar Cristo ao mundo (Lc 1: 78).

Deus é amor. O amor é o atributo de Deus em razão do qual Ele deseja relação pessoal com
aqueles que possuem a sua imagem e, mui especialmente, com aqueles que foram santificados em
caráter, feitos semelhantes a Ele. Notemos a descrição do amor de Deus (Dt 7: 8; Ef 2: 4; Sf 3:
17; Is 49: 15,16; Rm 8: 39; Os 11: 4; Jr 31: 3); notemos a quem é manifestado (Jo 3: 16; 16: 27;
17: 23; Dt 10: 18); notemos como foi demonstrado (Jo 3: 16; I Jo 4: 9,10; Rm 9: 11-13; I Jo 3: 1;
Is 43: 3,4; Is 63: 9; Tt 3: 4-7; Is 38: 17; Ef 2: 4,5; Os 11: 4; Dt 7: 13; Rm 5: 5).

Deus é Bom. A bondade de Deus é o atributo em razão do qual Ele concede a vida e outras
bênçãos às Suas criaturas (Sl 25: 8; Naum 1: 7; Sl 145: 9; Rm 2: 4; Mt 5: 45; Sl 31: 19; At 14:
17 Sl 68: 10; 85: 5).

Para certas pessoas a existência do mal e do sofrimento apresenta um obstáculo à crença na


bondade de Deus. "Por que um Deus de amor criou um mundo cheio de sofrimentos?" perguntam
alguns. As considerações seguintes poderão esclarecer o problema:
a) Deus não é responsável pelo mal. Se um trabalhador descuidado jogar areia numa máquina
delicada, deve-se responsabilizar o fabricante? Deus fez tudo bom mas o homem danificou a Sua
obra. Praticamente todo o sofrimento que há no mundo é conseqüência deliberada do homem.

b) Sendo Deus Todo Poderoso, o mal existe por Sua permissão. Nem sempre podemos
compreender porque Ele permite o mal, pois os Seus caminhos são inescrutáveis. Ao
extremamente curioso Ele diria: "Que tens tu com isso? Segue-me tu." No entanto, podemos
compreender parte dos Seus caminhos - o suficiente para saber que Ele não erra. Assim escreveu
Stvenson, notável autor: "Se eu, através do buraquinho de guitarra, pode enxergar com os meus
olhos míopes minúscula fração do universo, e ainda receber no meu próprio destino algumas
evidências dum plano e algumas evidências duma bondade dominante, seria eu, então, tão
insensato a ponto de queixar-me de não poder entender tudo ? Não deveria eu sentir surpresa
infinita e grata, pelo fato de, em um empreendimento tão vasto como ele é, poder eu entender
algo, por pouco que seja, e fazer com que este pouco inspire minha fé?"

c) Deus é tão grande que pode fazer o mal cooperar para o bem. Recordemos como dominou a
maldade dos irmãos de José, e de Faraó, e de Herodes, e daqueles que rejeitaram e crucificaram a
Jesus. Acuradamente disse um erudito da antigüidade: "Deus Todo Poderoso não permitirá, de
maneira alguma, a existência do mal na Sua obra se não fosse tão onipotente e tão bom que até
mesmo do mal Ele pode operar o bem. "Muitos cristãos já saíram dos fogos do sofrimento com o
caráter purificado e a fé fortalecedora. O sofrimento os tem impelido ao seio de Deus. O
sofrimento foi a moeda que comprou o caráter provado no fogo.

d) Deus formou o universo segundo as leis naturais, e estas leis implicam na possibilidade de
acidentes. por exemplo, se a pessoa descuidada ou deliberadamente se deixar cair em um
precipício, essa pessoa sofrerá as conseqüências de ter violado a lei da gravidade. Mas ao
mesmo tempo, estamos satisfeitos com estas leis, pois de outra forma o mundo estaria num
estado de confusão.

e) É bom lembrar sempre que tal não é o estado perfeito das coisas. Deus teme m reserva outra
vida e uma época futura em que mostrará a razão de todos os seus tratados e ações. Sendo que
Ele opera segundo a "Hora Oficial Celestial", as vezes pensamos que Ele esteja tardando, mas
"bem depressa" fará justiça a seus escolhidos (Lc 18: 7,8). Não se deve julgar a Deus enquanto
não descer a cortina sobre a última cena do grande Drama dos Séculos. Então veremos como
"Ele tudo fez bem".
CAPÍTULO IV

A TRINDADE DIVINA

1. A Doutrina Declarada

As Escrituras ensinam que Deus é Um, e que além d'Ele não existe outro Deus. Poderia
surgir a pergunta: "Como podia Deus ter comunhão com alguém antes que existissem as criaturas
finitas? A resposta é que a unidade divina é uma unidade composta, e que nesta unidade há
realmente três Pessoas distintas, cada uma das quais é a Divindade, e que, no entanto, cada uma
está sumamente consciente das outras Duas. Assim é que vemos que havia comunhão antes que
fossem criadas quaisquer criaturas finitas. Portanto, Deus nunca esteve só.

Não é o caso de haver três Deuses, todos três independentes e de existência própria. Os
três cooperam unidos e num mesmo propósito, de maneira que no pleno sentido da palavra, são
"um". O Pai cria, o Filho redime, e o Espírito Santo santifica; e, no entanto, em cada uma dessas
operações divinas o Criador, mas também o Filho e o Espírito são tidos como cooperadores na
mesma obra. O Filho é preeminentemente o Redentor, mas também o Pai e o Espírito são
considerados como Pessoas que enviam o Filho a redimir. O Espírito Santo é o santificador, mas
também o Pai e o Filho cooperam nessa obra.

A Trindade é uma comunhão eterna, mas a obra da redenção do homem evocou a Sua
manifestação histórica. O Filho entrou no mundo duma maneira nova ao tomar sobre Si a
natureza humana e Lhe foi dado um novo nome, Jesus. O Espírito Santo entrou no mundo duma
maneira nova, isto é, como o Espírito de Cristo incorporado na Igreja. Mas ao mesmo tempo,
todos os três cooperam. O Pai testificou do Filho (Mt 3: 17); e o Filho testificou do Pai (João 5:
19). O Filho testificou do Espírito (João 14: 26), e mais tarde o Espírito testificou do Filho (João
15: 26).

2. A Doutrina Definida

Bem podemos compreender porque a doutrina da Trindade era às vezes mal entendida e mal
explicada. Era muito difícil achar termos humanos que pudessem expressar a unidade da
Divindade e ao mesmo tempo, a realidade e a distinção das Pessoas. Ao dar ênfase sobre a
realidade da Divindade de Jesus, e da personalidade do Espírito Santo, alguns escritores corriam
o perigo de cair no triteísmo - a crença em três deuses. Outros escritores, pondo ênfase sobre a
unidade de Deus, corriam perigo de esquecer-se da distinção entre as Pessoas. Este último erro é
comumente conhecido como sabelianismo, doutrina do bispo Sabélio que ensinou que Pai, Filho,
e Espírito Santo são simplesmente três aspectos ou manifestações de Deus. Este erro tem surgido
muitas vezes na história da Igreja e existe ainda hoje.

Essa doutrina do sabelianismo é claramente anti-bíblica e carece de aceitação, por causa das
distinções bíblicas entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O Pai ama e envia o Filho; o Filho veio
do Pai e voltou para o Pai. O Pai e o Filho enviam o Espírito; o Espírito intercede junto ao Pai.
Se então, o Pai, o Filho e o Espírito são apenas um Deus sob diferentes aspectos ou nomes, então
o Novo Testamento é uma confusão. Por exemplo, a leitura da oração intercessora (João 17) com
pensamento de que o Pai, Filho e Espírito fossem uma só pessoa, revelaria o absurdo dessa
doutrina, isto é, seria mais ou menos isto: "assim como eu me dei poder sobre toda a
humanidade... eu me glorificarei na terra, cumprindo a obra que me tenho dado para fazer; agora,
glorifico-me a mim mesmo com a glória minha que eu tive junto de mim mesmo antes que
houvesse mundo".

3. A Doutrina Provada

Porquanto a doutrina da Trindade é concernente à natureza íntima da Trindade, não


poderia ser conhecida, exceto por meios de revelação. Essa revelação encontra-se nas Escrituras.

a) O Velho Testamento.

Embora essa doutrina não fosse explicitamente mencionada, o princípio dela descobre-se
no Velho Testamento. Sempre que um hebreu pronunciava o nome de Deus (Elohim) ele estava
realmente dizendo "deuses", pois a palavra é plural, e às vezes se usa em hebraico acompanhada
de adjetivo plural (Js 24: 18,19) e com verbo no plural. (Gn 35: 7). Imaginemos o fato de que
Deus é Um, e no entanto é Elohim - "Deuses". Facilmente podemos imaginar que ele chegasse à
conclusão de que existisse pluralidade de pessoas dentro de um só Deus. Paulo, o apóstolo, nunca
cessou de crer na unidade de Deus como lhe fora ensinada desde a sua mocidade; (I Tm 2: 5; I
Co 8: 4); de fato, Paulo insistia em que não ensinava outra coisa senão aquelas que se
encontravam na Lei e nos Profetas. Seu Deus era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. No entanto,
pregava a divindade de Cristo (Fp 2: 6-8; I Tm 3: 16) e a personalidade do Espírito Santo (Ef 4:
30) e incluiu as três Pessoas juntas na benção apostólica (II Co 13: 13).

Todos os membros da Trindade são mencionados no Velho Testamento:

1. Is 63: 16; Ml 2: 10.

2. O Filho de Jeová. Sl 45: 6,7; 2: 6,7,12; Pv 30: 4.


O Messias é descrito com títulos divinos. Jr 23: 5,6; Is 9: 6.
Faz-se menção do misterioso Anjo de Jeová que leva o nome de Deus e tem poder tanto para
perdoar como para reter os pecados. Êx 23: 20,21.

3. O Espírito Santo. Gn 1: 2; Is 11: 2,3; 48: 16; 61: 1; 63: 10. Prenúncios da Trindade vêem-se
na tríplice benção de Números 6: 24-26 e na tríplice doxologia, Is 6: 3.
b) O Novo Testamento.

Assim à Igreja primitiva se apresentavam estes dois fatos; que Deus é um, e o que o Pai é
Deus; o Filho é Deus e o espírito Santo é Deus. E estes dois grandes fatos concernentes a Deus
constituem a doutrina da Trindade. Deus, o Pai, era para eles uma realidade: o Filho, era para
eles uma realidade; e da mesma forma, o Espírito Santo. E, diante desses fatos, a única conclusão
a que se podia chegar era a seguinte: que havia na Divindade uma verdadeira, embora misteriosa,
distinção de personalidades, distinção que se tornou manifesta na obra divina para redimir o
homem.

Várias passagens do Novo Testamento mencionam as três Pessoas Divinas. Vide Mt 3:


16,17; 28: 19; Jo 14: 16,17,26; 15: 26; II Co 13: 13; Gl 4: 6; Ef 2: 18; II Ts 3: 5; I Pd 1: 2; Ef 1:
3,13; Hb 9: 14.

Comparando os textos tomados de todas as partes das Escrituras vê-se o seguinte:


1. Cada uma das três Pessoas é Criador, embora se declare que há um só Criador. Jó 33: 4; Is
44:24.

2. Cada uma é chamada Jeová (Dt 6: 4; Jr 23: 6 Ez 8: 1,3); o Senhor (Rm 10:12; Lc 2:11); o
Deus de Israel (Mt 15:31; Lc 1: 16,17; II Sm 23:2,3); o Legislador (Rm 7:25; Gl 6:2; Rm 8:2;
Tg 4:12); onipresente (Jr 23:24; Ef 1:22; Sl 139:7,8); a fonte da vida (Dt 30:20; Rm 8:10). Mas,
ao mesmo tempo, afirma-se que há um só Ser que pode ser descrito dessa maneira.

3. Cada um fez o homem (Sl 100:3; Jo 1:3; Jó 33:4); vivifica os mortos (Jo 5:21; 6:33); levantou
o Cristo (I Co 6:14; Jo 2:19; I Pd 3:18); comissiona o ministério (II Co 3:5; I Tm 1:12; At
20:28); santifica o povo de Deus (Jd 1; Hb 2:11; Rm 15:16) e faz todas as operações espirituais
(I Co 12: 6; Cl 3:11; I Co 12:11). Sem embargo, é claro que somente Deus é capaz de fazer essas
coisas.

4. A Doutrina Ilustrada

Como podem três Pessoas ser um Deus? - é uma pergunta que deixa muita gente
perplexa. Não nos admiramos dessa estranheza, pois, ao considerar a natureza interna de Deus,
estamos tratando de uma forma de existência muito diferente da nossa.

Obtemos (de três fontes) as ilustrações:

a) A Natureza

A Natureza fornece muitas analogias:

1) A água é uma, mas esta também é conhecida sob três formas - água, gelo e neve.

2) Há uma eletricidade, mas no bonde ela funciona sob a forma de movimento, luz e calor.

3) O sol é um, mas se manifesta como luz, calor e fogo.

4) Quando São Patrício evangelizava os irlandeses, explicou a doutrina da Trindade usando o


trevo como ilustração.

5) Todo o raio de luz realmente se compõe de três raios: primeiro, o actínico, que é invisível;
segundo, o lumífero, que é visível; terceiro, o calorífero, que produz calor, o qual se sente.

6) O triângulo tem três lados e três ângulos; tirai-lhe um lado e não é mais triângulo. Onde há três
ângulos há um triângulo.

b) A Personalidade Humana

Deus disse, "Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança". O homem é
um, e, no entanto, tripartido, consistindo de espírito, alma e corpo. O conhecimento humano
assinala divisões na personalidade. Não temos sido cônscios, às vezes, de arrazoar conosco
mesmo e de estarmos ouvindo a conversação? Eu falo comigo mesmo, e escuto a eu mesmo
falando comigo mesmo!

c) Relação

Deus é amor. Era eternamente o Amante. Mas o amor requer um objeto a ser amado; e, sendo
eterno, deve ter tido um objeto de amor eterno, a saber, Seu filho. O amante eterno e o Amado
eterno! O vínculo eterno e o caudal desse amor é o Espírito Santo. Nosso governo é um, mas é
constituído de três poderes legislativos, judiciário e executivo.
CRISTOLOGIA
A DOUTRINA DE CRISTO

ÍNDICE

CAPÍTULO I: A PREEXISTÊNCIA DE CRISTO


CAPÍTULO II: A ENCARNAÇÃO DE CRISTO
CAPÍTULO III: A DIVINDADE DE CRISTO
CAPÍTULO IV: O TRÍPLICE MINISTÉRIO DE CRISTO
CAPÍTULO V: A OBRA DE CRISTO
CAPÍTULO I

A PREEXISTÊNCIA DE CRISTO

Profecias a respeito de Cristo no Velho Testamento

Assunto Velho Testamento Novo Testamento

Filho de Deus Sl 2.7 Lc 1.32,35


Semente da mulher Gn 3.15 Gl 4.4
Semente de Abraão Gn 17.7; 22.18 Gl 3.16
Semente de Isaque Gn 21.12 Hb 11.17,19
Semente de Davi Sl 132.11; Jr 22.5 At 13.23; Rm 1.3
Profeta Dt 18.15-18 At 3.20-22
Sacerdote Sl 110.4; Zc 6.13 Hb 5.5,6; Rm 8.34
Pastor Is 40.11; Ez 34.23 Jo 10.11-16
Pedra Angular Sl 118.22; Is 28.16 I Pd 2.6,7
Dotado de humildade Is 42.2; 40.11 Mt 11.29; 12.15,20
Zeloso Sl 69.9 Jo 2.19
Nascido de uma virgem Is 7.14 Mt 1.22,23
Nascido em Belém Mq 5.2 Mt 2.1; Lc 2.4-6
Teria um precursor Is 40.3; Ml 3.1 Mt 3.1-3; Jo 1.23
Recebeu visitas ilustres Sl 72.10 Mt 2.1-11
Teria o nome Emanuel Is 7.14 Mt 1.22,23
Ungido pelo Espírito Is11.2; 42.1; 61.1 Mt 3.16; Jo 3.34
Operaria maravilhas Is 35.5,6; 53.4 Mt 11.4-6; Jo11.47
Matança dos Inocentes Jr 31.15 Mt 2.16-18
Condições Humildes Is 3.2; 42.2 Mt 12.15,16,19
Entrada no templo Ml 3.1; Ag 2.7,9 Mt21.12; Lc2.27-32
Traído por um amigo Sl 41.9; 55.12-14 Jo 13.18,21
Ministério Público Is 61.1,2 Lc 4.16-21,43
Ministério inicial: Galiléia Is 8.23; 9.1,2 Mt 4.12-16, 23
Entrada em Jerusalém Zc 9.9 Mt 21.1-5
Pregação por parábolas Sl 78.2 Mt 13.34,35
Menosprezo do povo Sl 22.6; 69.7,9,20; Is 53.3 Jo 8.59
Menosprezo dos irmãos Sl 118.22; 69.8 Jo1.11; 7.3; Mt21.42
Vendido p/ trinta moedas Zc 11.12 Mt 26.15
Mãos e pés feridos Sl 22.16; Zc 13.6 Jo 19.18; 20.25
Tempo certo para nascer Gn 49.10; Dn 9.24,25 Lc 2.1
Aborrecido pelos judeus Sl 69.4; 109.5 Jo 15.24,25
Um tropeço para
os judeus Is 8.14 Rm 9.32; I Pd 2.8
Príncipes contra eles Sl 2.1,2 Lc 23.12; At 4.27
Compra de um campo Zc 11.13 Mt 27.7
Padeceria pelos
Nossos pecados Is 53.4,6-12;
Is 63.1-5; Dn 9.26 Mt 20.28

Ferido, esbofeteado e
cuspido Is 50.6; Mq 5.1 Mc 14.65; Mt 27.30
Acusado por falsas
Testemunhas Sl 27.12; 35.11 Mt 26.59,60
Abandonado pelo Pai Sl 22.1 Mt 27.46
Ultrajado Sl 22.7,8; 69.19,20; 89,51 Mt 27.39-44
Deram-lhe vinagre e fel Sl 69.21 Mt 27.34
Contado com os perversosIs 53.12 Mc 15.28
Intercede pelos inimigos Is 53.12; Sl 109.4 Lc 23.34
Vestes repartidas Sl 22.18 Mt 27.35
Ossos não quebrados Ex 12.46; Nm 9.12; Sl 34.20 Jo 19.33,36
Furado no lado Zc 12.10 Jo 19.34,37
Rocha Dt 32.15 I Co 10.4
Abandonado pelos seus Zc 13.7 Mt 26.31,56
Dores e agonia Sl 22.14,15; 40.12;
Is 52.14; 53.3 Lc 22.42,44
Paciente e silencioso Is 53.7 Mt 26.63
Condenado à morte Is 53.12; Dn 9.26 Mt 27.50
Prodígios na sua morte Am 8.9 Mt 27.45
Sepultado com os ricos Is 53.9 Mt 27.57,60
Sua carne não veria
Corrupção Sl 16.10 At 2.31
Ascensão para o céu Sl 24.7,10; 68.18 Lc 24.51; At 1.9
Fuga para o Egito Os 11.1 Mt 2.15
Ofício sacerdotal Zc 6.13 Rm 8.34
Pobreza pessoal Is 53.2 Mc 6.3; Lc 9.58
Sentado à direita de Deus Sl 110.1 Hb 1.3
Domínio Universal Sl 72.8; Dn 7.14 Fl 2.9,11
Reino perpétuo Is 9.7; Dn 7.14 Lc 1.32, 33
Sacerdote da ordem de
Melquisedeque Sl 110.4 Hb 5.5,6
Rei em Sião Sl 2.6 Lc 1.32; Jo 18.33-37
Como noivo Sl 19.5; Is 61.10 Mt 9.15; 25.1-10;Jo 3.29
Servo Is 42.1,19; 44.21 Mt 20.28
Amado de Deus Ct 1.13 Mt 3.17
Capitão Is 5.14 Hb 2.10
Desejado dos povos Ag 2.7 Jo 12
Eleito Is 13.1 Jo 6.6
O "Eu Sou" Ex 3.14 Jo 8.58
Páscoa Ex 12 I Co 5.7

Preexistência de Cristo significa a sua existência anterior ao tempo de Sua vinda ao


mundo, pela Encarnação (se fazer carne).

1. Encontrada no Velho Testamento.

a). A forma verbal de Gn 1.26 e textos paralelos sugere a existência da presença de mais de uma
Pessoa na Divindade.

b). Do cântico tríplice dos serafins descritos em Is 6.3, se entende que os seres celestiais
entoavam louvores a Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

c). Os inúmeros tipo, figuras registradas desde que Adão e Eva pecaram, apontam para um
Salvador preexistente.
d). Os sacrifícios abundantes que Israel ofereciam prefiguram a Pessoa e a Obra de Cristo.

e). As profecias alusivas à Redenção do homem indicam, sistemática e objetivamente, que sempre
existiu no alto conselho de Deus, um Salvador dos homens, Essas profecias se estendem de
Gênesis a Apocalipse. Ler Jo 5.46 e Lc 24.27,44.

f). O Anjo de Jeová (Anjo do Senhor) freqüentemente mencionado nalguns livros do VT.,
demonstra aparições teofânicas de Cristo, precedendo a sua Encarnação.

2. Declarada no Novo Testamento

a). Pelos Apóstolos:


Mateus - Mt 1.23
João - Jo 1.1-3, 14
Tomé - Jo 20.27,28
Paulo - Fp 2.6,7; Cl 1.15, 17; I Tm 3.16; Ef 1.4; Gl 4.4; Rm 8.3.
b). Por João Batista - Jo 1.15
c). Pelo próprio Cristo - Jo 8.56-58; 6.38; 17.5

3. Evidenciada em Seus Títulos Especiais

a). Filho de Deus


b). Logos (verbo, palavra)
c). Deus

Suplemento sobre o Anjo do Senhor

Gn 16 - Gn 18 - Gn 19 - Gn 21:17,18 - Gn 22:9-19 - Gn 48:15,16 - Êx 3:1-7,13 - Êx 14:19 - Êx


23:20-23 - Nm 22:22-35 - Js 5:13-15 - Jz 2:1-5 - Jz 6:11-24 - Jz 13:2-25 - Is 63:8,9.

CAPÍTULO II

A ENCARNAÇÃO DE CRISTO

A Encarnação de Cristo é um dos maiores mistérios encerrados na Bíblia Sagrada. Ele tornou
possível a Salvação do homem e sua reconciliação com Deus. Ignorar o seu valor é ignorar a
estrutura da Obra Redentora cumprida através do Cristo Encarnado.

O nascimento de Jesus não significa sua origem, porque Ele é o Cristo Preexistente. Seu
nascimento é a Obra de Encarnação, a porta de acesso à presença humana de Deus entre os
homens - Emanuel (Mt 1.23).

O nascimento de Jesus é o maior mistério da biologia, porque Ele não foi gerado por homem
algum. É o único nascido de mulher (Gl 4.4).
Jesus é chamado de último Adão (I Co 15.45). Existe uma profunda semelhança entre Jesus e
Adão, quanto a singularidade de suas aparições no mundo. Entretanto, Adão nunca foi uma
criança. E depois de Jesus, ninguém mais nascerá sobrenaturalmente como Ele, Ele é o último
Adão.

A maneira como Jesus isenta-o da paternidade pecadora, logo Ele não herdou a contaminação
do pecado humano. Exceto neste aspecto, Ele era semelhante aos demais homens.

Existem muitos fatos maravilhosos relacionados com a Encarnação de Cristo, dando-nos a


idéia de uma preparação divina para o Seu nascimento.

a. a visita de um anjo a Zacarias


b. a identificação do anjo perante Zacarias
c. a nudez do sacerdote (Zacarias)
d. a visita do anjo a Maria
e. a visita do anjo a José
f. a estrela de Belém
g. a milícia celestial e o louvor
h. a mensagem do anjo aos pastores

A encarnação de Cristo foi profetizada milhares de anos antes do Seu nascimento (Gn 3.15), foi
depois confirmada.

No sentido em que Jesus é Filho de Deus, ninguém mais o é, Ele é o UNIGÊNITO (Jo 3.16).

Algumas expressões são características da Encarnação (Mt 20.28; Jo 6.5; I Tm 3.16).

Se não houvesse encarnado-se, Jesus jamais poderia morrer (Hb 2.9-14; 9.26).

Pela Encarnação Jesus provou, experimentou os sentimentos e provações próprios dos homens
(Hb 2.17,18).

A Perfeita Humanidade de Jesus Cristo

Depois de havermos considerado as duas naturezas de Cristo, o grande mistério de Sua


natureza divino/humana, dentro de uma só Personalidade, é indispensável colher alguns informes
bíblicos relacionados com as provas da perfeita humanidade do Senhor. Não faltam aqueles que
negam ao Senhor a perfeita humanidade . Por exemplo, os espíritas referem-se a um "corpo
fluídico", procurando fugir a essência da doutrina da morte de Jesus, a base de nossa redenção. O
aluno deve ler detidamente (I Jo 4.1-3, II Jo 7 e I Co 15.3).

01. Jesus é chamado de Filho do homem mais de oitenta (80) vezes na Bíblia.
02. Jesus possuía um corpo realmente de carne. Jo 1.14; Hb 10.5.
03. Jesus nasceu de uma mulher. Gl 4.4; Mt 1.18.
04. Jesus tornou-se semelhante aos homens. Fp 2.7,8.
05. Jesus tornou-se semelhança da carne do pecado. Rm 8.3 (ver II Co 5.21)
06. Jesus participou da carne e do sangue (Hb 2.14).
07. Jesus foi um menino Is 9.6; 7.14; Mt 1.18-25; Lc 2.12.
08. Jesus cresceu. Lc 2.52
09. Jesus experimentou sofrimentos. Is 53.5; Mt 26.38
10. Jesus era um homem. I Tm 2.5; Jo 8.40.
11. Jesus acolheu um discípulo em seu peito. Jo 13.23-25.
12. Jesus esteve cansado. Jo 4.6
13. Jesus sentiu sede. Jo 19.28
14. Jesus foi tentado. Mt 4.2; Hb 4.15
15. Jesus turbou-se em seu espírito. Jo 13.21
16. Jesus suou. Lc 22.44
17. Jesus dormiu. Mc 4.38
18. Jesus chorou. Jo 11.35
19. Jesus morreu. Jo 19.33
20. Jesus foi sepultado. Jo 19.42
21. Jesus possui corpo, alma e espírito. I Ts 5.23; Jo 2.21 e Lc 23.46.

Se Jesus não tivesse se tornado verdadeiramente homem, não poderia ser o nosso mediador. Se
não houvesse feito referências à Sua Divindade, não nos poderia salvar. No tópico a seguir
estudaremos a respeito de Sua divindade.

CAPÍTULO III

A DIVINDADE DE CRISTO.

Uma das mais significativas batalhas que a Igreja de Cristo tem travado no terreno da Teologia refere-
se à doutrina da Divindade de Cristo. Adversários (os mais variados e de procedências das mais
distintas), se têm levantado furiosamente, desejando lançar por terra tudo aquilo que a Bíblia ensina
categoricamente. Cristo, o Filho de Deus, é Deus. O estudo da Divindade de Cristo nos ajudará a ter
fortalecida a nossa fé e nos prevenir contra os falsos doutores, previstos para os últimos dias em grande
escala, os quais negam abertamente, segundo a própria Bíblia que "Jesus Cristo é o verdadeiro Deus e a
vida eterna".

Várias vezes na Bíblia Jesus Cristo é chamado Deus (Jo 1.1): "E o Verbo era Deus". (Jo 20.28):
"Senhor meu, e Deus meu". (ver I Jo 5.20).

Em Colossenses 2.9 lemos que "n'Ele (em Jesus) habita corporalmente toda a plenitude da divindade".
Outra tradução afirma que "habita substancialmente".

Atributos privativos de Deus são mencionados em relação à pessoa de Jesus Cristo. "Pai da
eternidade". (Is 9.6): "Saídas desde a eternidade", (Miquéias 5.2); "No princípio...", (Jo 1.1) compare
com Gn 1,

"Eu" (Jo 8.58) - compare com Ex 3.14; Cl 1.17; Hb 7.13; 13.8; Ap 1.8. Mt 28.20: Ele estará todos os
dias, em todos os lugares e com todos os crentes. Ef 1.21; Cl 2.10; Jo 16.15. Tudo o que é próprio do
Pai, a Ele também pertence. Uma explicação de Cl 2.9. "Ele sabe todas as coisas". Ap 2.2,9,13,19.
Inúmeras vezes encontramos nas Escrituras Jesus realizando atos divinos.

a). Criação - Jo 1.3; Cl 1.16; I Co 8.6; Hb 1.2


b). Inspiração - I Pd 1.11; Jo 14.26; 18.37
c). Salvação - Is 45.21,22; I Tm 4.10; At 4.12; Hb 5.9; 7.25
d). Responder e ouvir oração - Jo 14.14; I Co 1.2; At 7.59
e). Ressuscitar - Jo 5.21; 5.28,29; 6.39,40; 11.25
f). Julgamento - Mt 24.30; 25.30; At 17.31; Rm 14.10; II Co 5.10; II Tm 4.1
g). Conceder o Espírito Santo - At 2.33,36; Mt 3.11
h). Sendo digno de adoração - Mt 2.11; 14.33; Hb 1.6; Jo 5.23; Ap 5.12.

Jesus é o unigênito Filho de Deus. Ele nunca é mencionado como um Filho de Deus. Ele é o
UNIGÊNITO de Deus. Jo 3.16; Mt 16.15-17; Jo 5.18; Sl 2.7; At 13.33.

Recomendamos a leitura do livro Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, páginas 141 a 146,


onde se abordam os seguintes tópicos, os quais serão incluídos nos exames:

a) o conhecimento interno de Cristo.


b) as reivindicações de Jesus.
c) a autoridade de Cristo.
d) a pureza de Cristo.
e) os testemunhos dos discípulos.

No Novo Testamento Jesus Cristo é chamado de Senhor (forma grega do hebraico Deus, no
V.T.). Ver Is 45.5,6 e comparar com Lc 2.11 etc. Jesus é chamado de Senhor 133 vezes nos Evangelhos,
84 em Atos e 150 nos demais livros no N.T.

Alguns convites e afirmações feitos por Jesus unicamente poderiam ser feitos por Deus. Leia-se
Mt 11.28; Jo 14.6; 11.25. O aluno poderá relacionar outros. Leia-se, finalmente, como subsídio a esta
lição (Jo 12.37-41).

Agora que já vimos demos algumas informações sobre a Divindade de Cristo, faça uma relação
de 10 textos bíblicos nos quais Jesus é chamado de Filho de Deus e anote abaixo para fixação e
comparação no que iremos analisar a seguir.

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1. Jesus Cristo - Filho do Homem

A Importância do Título.

Quando lemos os Evangelhos nos deparamos com 86 referências às pessoas de Jesus Cristo
como Filho do Homem. Vale notar que todas essas referências são atribuídas pelo próprio Jesus. Embora
Ele nunca se chamasse a si mesmo de Messias, designou-se, em tão grande número de vezes de Filho do
Homem, que importância haverá neste título? (Somente duas vezes o título não é mencionado pelo
próprio Cristo: Jo 12.34)

O Significado da Palavra Filho no Velho Testamento. (Entre os judeus)

Existem dois significados usuais da Palavra Filho, segundo o consenso dos judeus.
Particularmente no tempo do Velho Testamento.

a). Ser filho significa ter alguma semelhança com o pai;

b). Ser filho significa ter direito de participar em tudo que pertence ao pai. Leia-se Sl 2.7,8.
À luz destas considerações, Filho do Homem significa participação da natureza humana.
Compare-se Nm 23.19 e Jo 16.21.

No entanto, Ele nunca aparece como filho de homem ou filho de um homem. No mais alto
sentido, "Jesus é o homem ideal, universal e absoluto."

Título Messiânico.

Nos tempos do Velho Testamento e ainda nos tempos de Jesus empregava-se a expressão
FILHO DO HOMEM com certo conceito messiânico, um conceito de exaltação. A referência principal
da origem desse conceito vemos em Dn 7 e 8.
Ao adotar para si mesmo este título, Jesus não somente se identifica com o gênero humano, mas admite
igualmente ser o Messias prometido e esperado "Jesus, entre os homens, é o único que pode ser
apresentado à admiração universal. n’Ele se fundem, em alta harmonia, as virtudes mais raras e os
sentimentos mais humanos, as quais, nos outros homens ou se limitam ou se excluem reciprocamente".

Três Grupos de Passagens.

Em sua "Teologia Bíblica do Novo Testamento", Langston menciona a existência de três grupos nas
quais Jesus é chamado de Filho do Homem.

a. Referentes à vida de Jesus na terra, Mc 2.10; 2.28; Mt 28.20; Lc 19.10.

b. Referentes ao seu sofrimento, humilhação e morte. Mc 8.31; 9.31; 14.21.

c. Referentes a Sua segunda vinda. Mt 24.30; 25.31.

2. Jesus cristo - Filho de Deus

Sentido Único.

Existem vários grupos aos quais a Bíblia chama de filhos de Deus: anjos, Adão, os crentes,
Israel, etc.
No sentido em que Cristo é chamado Filho de Deus nas Escrituras, ninguém mais o é. Cristo é o Filho
de Deus.

O Mistério.

Naturalmente temos de aceitar a revelação bíblica como um mistério. Não pode o entendimento
humano compreender facilmente o ministério da designação simultânea, dada a Jesus cristo, Filho de
Deus e Filho do Homem. Leia-se I Tm 3.1,6; Cl 2.2; Mt 11.27.

Filho Gerado.

Há pelo menos três distintos de filhos:

a. Filhos gerados
b. Filhos criados
c. Filhos adotados

Jesus não é filho adotado e muito menos filho criado. É Filho Gerado. A Bíblia o chama de
Unigênito (único gerado) de Deus. O homem gera outro homem, porém faz ou cria uma estátua, que
pode ser semelhante a outro homem, porém não é igual, não tem a mesma natureza. Somente os filhos
gerados possuem a mesma natureza. Leia-se Jo 1.14,18; 3.16; 3.18; Cl 1.15-18; I Jo 4.9.
Consciência de Cristo.

Cristo tinha consciência plena de ser Filho de Deus. Desde os 12 anos Ele revelou uma
identidade especial entre si e Deus.
O Evangelho de João, mais que qualquer outro, traz a lume essa identidade. Veja-se João 20.17.
Os judeus, mais uma vez, quiseram apedrejá-lo, pois consideraram blasfêmia o fato de ter Ele declarado
ser Deus o Seu Pai. Por idêntica razão foi Ele condenado à morte. Jo 10.33,36 Mt 26.63-66. Verifique,
na Bíblia, a diferença do uso, por Jesus, das expressões "vosso Pai", "nosso Pai" e "meu Pai".

A Ressurreição.

Assim como os judeus condenaram-no pela sã declaração de ser Filho de Deus, a sua
ressurreição foi um testemunho público do que Ele anunciara, pois a ressurreição declarou o Filho de
Deus em poder". Rm 1.4.

Relação entre Jesus e Deus.

Se tomarmos para estudo Mt 11.27, descobriremos que a expressão Filho de Deus estabelece
uma relação incomparável entre Jesus e Deus, relação que outra pessoa jamais poderá alcançar um nível
tão absoluto.

a) relação de poder (todas as coisas)


b) relação de confiança (me foram entregues)
c) relação de conhecimento (ninguém conhece o Filho, senão o Pai)
d) relação de comunhão (ninguém conhece o Pai, senão o Filho)
e) relação de vontade (aquele a quem o Filho quiser revelar)

Aba, Pai

O uso desta palavra aramaica pelos judeus era privativo dos filhos de judeus legítimos. Nunca era
usado em relação aos filhos de escravas ou prosélitos. O uso por Jesus demonstra uma filiação perfeita
dele para com Deus. Leia Gl 4.24; Rm 8.15.

CAPÍTULO IV

O TRÍPLICE MINISTÉRIO DE CRISTO

Existem menções bíblicas de inúmeros ofícios e ministérios de Cristo. Talvez nunca


cheguemos a uma compreensão total da extensão da Obra efetuada por nosso Salvador Jesus.
Todavia, situamos, na leitura do Livro Sagrado, o aspecto de apreciável destaque a Bíblia
confere a um tríplice ministério de Jesus Cristo, em perfeita conexão com sua Obra Redentora.

Todos os comentários das Escrituras Sagradas são unânimes em conceder ênfase a Obra
de Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei. Estes três ofícios aparecem simultaneamente no Velho
Testamento e bem assim no Novo Testamento.

1. Cristo, Profeta

Na Bíblia, o profeta "é um interprete ou revelador da vontade divina, um intermediário


entre Deus e o povo."
Como Profeta, Jesus foi incomparável. Ele desempenhou um ministério impar de
proclamação da verdade, do desígnio e do amor de Deus para com os homens Mt 11.27; Jo 1.18;
14.9. "Ninguém falou como este homem", afirmaram seus inimigos.

No exercício maravilhoso do seu ministério profético, Jesus empregou as seguintes


formas de pensamentos.

a. Sentença, isto é, um pensamento breve e escultural.


b. Diálogo, isto é, uma conversação prolongada entre duas ou mais pessoas. Ver Jo 3; Jo 4; Jo 5
etc.
c. Discurso (ou sermão), ver Mt 5 e 7, Mt 24 etc.
d. Parábola, a narrativa de um fato natural envolvendo verdades espirituais. Ver Lc 15 etc.

Existem um sem-número de pontas salientes a considerar no ministério profético de


Jesus. Destaquemos, todavia, uns poucos somente:

a. Sua sabedoria.
b. Sua autoridade.
c. Seus objetivos.
d. Seu método.

Jesus pregou o Reino de Deus, como um poder, como uma sociedade espiritual e como
um organismo místico perfeito.

Jesus ensinou pregando, pregou ensinando e pregou curando.


Para os judeus, havia uma Pedra de toque a reconhecê-lo como Messias. Sua identidade
com Moisés. Moisés falou como "um profeta semelhante a mim."

O aluno deverá preparar um esquema de semelhanças entre Moisés/Cristo. Myer


Pearlman menciona em seu livro "Conhecendo as Doutrinas da Bíblia", páginas 164 e 165, os
seguintes tópicos:

a) Como profeta, Jesus pregou a salvação.


b) Como profeta, Jesus anunciou o Reino.
c) Como profeta, Jesus predisse o futuro.

Lemos em Mt 21.11 que a multidão dizia: "este é Jesus, o verdadeiro Profeta de Nazaré".
E em Lc 24.19 está escrito que Ele "foi um varão Profeta, poderoso em obras e palavras diante
de Deus e de todo o povo".

Jesus, pois, 'e verdadeiramente o Profeta que devia vir ao mundo". Jo 6.14.

2. Cristo, Sacerdote.

Desde que o homem pecou, tem ele necessidade de um sacrifício. Pecado é o afastamento
de Deus. Sacrifício é o meio de volta para Deus. Na incapacidade de efetuar um perfeito
sacrifício diante de Si, proveu para o homem, um Sacerdote - Cristo. Ef 5.2; Rm 5.11; II Co
5.18.

É interessante notar que Jesus é, a um tempo, Cordeiro, Sacrifício, altar e Sacerdote. Jo


1.29; I Co 5.7; Hb 13.10; Hb 5.6.
Biblicamente o Sacerdote "é uma pessoa divinamente indicada para tratar com Deus a
favor dos homens". (Rimmer). Depreende-se, pois que o poder (autoridade) do sacerdote emanava
do próprio Deus.

Leia Números 17. O florescimento da vara de Arão foi uma demonstração inequívoca do
próprio Deus de que Arão, como sacerdote (sumo), não funcionava sob sua própria autoridade,
mas sob a de Deus, o Senhor do sacerdócio.

O capítulo 9 de Hebreus, entre outros, merece ser estudado cuidadosamente. Ele trata de
modo expressivo da penetração do Sumo Sacerdote no Santo dos Santos, exatamente a Obra de
Cristo desempenhou, em caráter definitivo, tornando-se, assim, nosso Sumo Sacerdote para
sempre.

Referências específicas sobre Jesus como sacerdote (uma seleção):

a. "Sumo Sacerdote da nossa confissão". Hb 3.1.

b. "Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque." Hb 5.6.


c. "Penetrou por nós...no interior do véu... e foi eternamente Sumo Sacerdote."

d. "Outro sacerdote, que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal mas segundo a virtude
da vida incorruptível." Hb 7.15,16.

e. "Sumo Sacerdote Santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que
os céus." Hb 7.26.

f. "Sumo Sacerdote, que está assentado nos céus à destra do trono de majestade." Hb 8.1.

3. Cristo, O Rei.

A nenhuma outra pessoa é dada por tal. Este título pertence tão inerentemente como a Jesus.
Ele é Rei de um modo tríplice:

a. Por direito de nascimento, por ser Filho de Deus;


b. Por direito de herança, por ser descendente de Davi;
c. Por direito de conquista, por haver vencido potestades e impérios;

Cristo é Rei do presente e Rei do futuro.

a. Cristo é Rei no presente, de modo invisível, pela obra magnífica de liderança espiritual que Ele
executa na Igreja, o Reino de Deus.

b. Cristo será Rei no futuro, tendo em vista a instauração do Milênio. E, "sendo Rei, reinará com
justiça", ocasião em que "a terra se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o
mar". Sl 66.4; 72.16-19; Is 2.2 etc.

Cristo é Rei numa tríplice esfera de relações.

a. Cristo é Rei em relação ao Universo. É o Reino de Poder. Sl 2.6-8; 8.6; Mt 20.31,32; 28.18;
Hb 1.3; 2.8,9; Ap 19.15,16. Nesta qualidade, Ele sustenta governa e julga o mundo.
b. Cristo é Rei em relação à Igreja militante. É um Reino de graça. Lc 2.11; 19.38; Jo 18.36,37;
Ef 1.22; Hb 1.8. Nesta qualidade Ele estabelece, legisla, administra, defende e faz crescer.

c. Cristo é Rei em relação à Igreja Triunfante. É um reino de glória. Jo 17.24, I Pd 2.21,22; I Pd


1.11; Nesta qualidade Ele revela, recompensa e glorifica.

Lendo I Tm 6.14-16 entendemos que em Sua vinda, Cristo se revelará como o Rei dos
reis. O Diabo sempre quis fazer esse rei, estabelecer esse reino universal. Mas, Cristo o será,
glória a Deus. Devemos ter muito cuidado com as heresias sobre o reinado de Cristo, desde 1914
ou outras datas. Jesus ainda não estabeleceu Seu Reino visível na terra. Quando isto acontecer,
duas coisas serão enfáticas no Seu Reino: Paz e justiça.

Um estudo mais circunstanciado sobre o reinado de Cristo incluiria:

a. Pentateuco - Nm 24.17
b. Poético - Sl 72.8,11
c. Proféticos - Is 9.6,7; 32.1; Jr 30.9; Ez 37.24,25; Dn 7.13,14; Os 3.5; Mc 5.2; etc.
d. Evangelhos - Mt 2.2,6; 19.28; 21.5; 28.18; Lc 1.33; 19.27; 22.29,30; Jo 1.49; 12.13,15;
12.19.

CAPÍTULO V

A OBRA DE CRISTO

Cristo realizou muitas obras, porém a obra suprema que Ele consumou foi a de morrer
pelos pecados do mundo. Mt 1.21; Jo 1.29. Incluídas nessa obra expiatória, figuram a sua morte,
ressurreição, e ascensão. Não somente devia Ele morrer por nós, como também viver por nós.
Não somente devia ressuscitar por nós, como também ascender para interceder por nós diante de
Deus. (Rm 8.34; 4.25; 5.10).

1. A morte de Cristo.

Sua importância.

O evento mais importante e a doutrina central do Novo Testamento resumem-se nas


seguintes palavras: "Cristo morreu (o evento) por nossos pecados (a doutrina)". I Co 15.3. A
morte expiatória de cristo é o fato que caracteriza a religião cristã. Martinho Lutero declarou que
a doutrina cristã distingue-se de qualquer outra, e mui especialmente daquela que apenas parece
ser cristã, pelo fato de ser ela a doutrina da cruz. Todas as batalhas da Grande Reforma
travaram-se em torno da correta interpretação da cruz. O ensino dos reformadores era este: quem
compreende perfeitamente a cruz, compreende a Cristo e a Bíblia!

O grande problema da humanidade é o problema do pecado, mas a religião que apresenta


uma perfeita provisão para o resgate do poder e da culpa do pecado, essa é a religião divina.
Jesus é o autor da "salvação eterna" (Hb 5.9), isto é, da salvação final.

Seu significado.
O homem não pode livrar-se da condenação; a libertação terá que vir da parte de Deus.
Para isso Deus teria que tomar a iniciativa de salvar o homem. O testemunho das Escrituras é
esse: que Deus assim fez. Ele enviou Seu Filho do céu à terra para remover esse obstáculo e
dessa maneira reconciliou os homens com Deus. Ao morrer por nossos pecados, Jesus removeu a
barreira; levou o que nós devamos ter levado; realizou por nós o que estávamos impossibilitados
de fazer por nós mesmos; isso Ele fez porque possibilitados de fazer por nós mesmos; isso Ele fez
porque era vontade de Seu Pai. Essa é a essência da expiação de Cristo.

2. A Ressurreição de Cristo.

A evidência da ressurreição.

"Vocês cristãos vivem na fragrância de um túmulo vazio", disse um cético francês. É um


fato que aqueles que foram a embalsamar o corpo de Jesus, nessa memorável manhã da
ressurreição, encontraram seu túmulo vazio. Esse fato nunca foi e nem pode ser explicado a não
ser pela ressurreição de Jesus! Quão facilmente os judeus poderiam ter refutado o testemunho dos
primeiros pregadores se tivessem exibido o corpo do nosso Senhor! Mas não o fizeram - porque
não o puderam fazer!

Como vamos explicar a própria existência e origem da Igreja cristã, que certamente teria
permanecido sepultada juntamente com seu Senhor - se Ele não tivesse ressuscitado? A Igreja
viva e radiante do dia de Pentecostes não nasceu de um dirigente morto!

Que faremos com o testemunho daqueles que viram a Jesus depois de Sua ressurreição,
muitos dos quais O apalparam, falaram e comeram com Ele; centenas dos quais, Paulo disse,
estavam vivos naqueles dias, muitos dos quais, cujo testemunho inspirado encontra-se no Novo
Testamento?

Há somente uma resposta satisfatória a essas perguntas: Cristo ressuscitou! Aleluia!

Muitas tentativas já foram feitas para superar esse fato. Os chefes dos judeus asseveram
que os discípulos de Jesus haviam roubado o Seu corpo. Mas isso não explica como um pequeno
grupo de tímidos e desanimados discípulos pôde reunir suficiente coragem para arrebatar dos
endurecidos soldados romanos o corpo de seu Mestre, cuja morte lhes significava o fracasso
completo das sua esperanças!

Os eruditos modernos também apresentaram estas explicações:

1) Os discípulos simplesmente experimentaram uma visão. Então perguntamos: como podiam


centenas de pessoas ter a mesma visão e imaginar, a um tempo só, que realmente viam a Cristo?

2) Jesus realmente não morreu; Ele simplesmente desmaiou e ainda estava vivo quando tiraram
da cruz. A isso respondemos: então um Jesus pálido e exausto, decaído e abatido, podia persuadir
aos discípulos cheios de dúvidas, e sobre tudo a um Tomé, de que Ele era o ressuscitado Senhor
da vida? Não é possível!

Essas explicações são tão inconsistentes que por si mesmas se refutam. Novamente
afirmamos, Cristo ressuscitou! De Wette, um teólogo modernista, ele mesmo afirmou que "a
ressurreição de Jesus Cristo é um fato tão bem comprovado quanto o fato histórico do
assassinato de Júlio César.

O significado da ressurreição.
Ela significa que Jesus é tudo quanto Ele afirmou ser. - O Filho de Deus, Salvador, e
Senhor. Rm 1.4. Isso significa que a morte expiatória de Cristo foi uma divina realidade, e que o
homem pode encontrar o perdão dos seus pecados, e assim ter paz com Deus. Rm 4.25.

Isso significa que temos um Sumo Sacerdote no céu que se compadece de nós, que viveu
a nossa vida, e conhece as nossas tristezas e fraquezas, e que é poderoso para dar-nos poder para
diariamente viver a vida de Cristo. Jesus que morreu por nós, agora vive por nós. Rm 8.34, Hb
7.25. Isso significa que podemos saber que há uma vida vindoura. Uma objeção comum a essa
verdade é: "Mas ninguém jamais voltou para falar-nos do outro mundo." Mas alguém voltou -
esse alguém é Jesus Cristo! "Se um homem morrer, tornará a viver?" A essa pergunta antiga a
ciência somente pode dizer: "Não sei." A filosofia apenas diz: "Deve haver uma vida futura."

A ressurreição de Cristo não somente constitui a prova da imortalidade, como também a


certeza da imortalidade pessoal. I Ts 4.14; II Co 4.14; Jo 14.19. Isto significa que há certeza de
juízo futuro. Assim disse o inspirado apóstolo, Deus "tem determinado um dia em que com
justiça há de julgar o mundo, por meio do Varão que destinou; e disso deu certeza a todos,
ressuscitando-O dos mortos." At 17.31.

3. A Ascensão de Cristo.

Os evangelhos, o livro dos Atos dos apóstolos e as Epístolas dão testemunho da


ascensão. Qual é o significado desse fato histórico? Quais são as doutrinas que sobre ele se
baseiam?
Quais são seus valores práticos?

A ascensão ensina que o nosso Mestre é:

O Cristo Celestial.

Jesus deixou o mundo porque havia chegado o tempo de regressar ao Pai. Sua partida foi
uma "subida", assim como Sua entrada ao mundo havia sido "descida". Ele que desceu agora
subiu para onde estava antes. E assim como Sua entrada no mundo foi sobrenatural, assim o foi
Sua partida.

A ascensão vem a ser a linha divisória entre dois períodos da vida de Cristo: do
nascimento até a ressurreição, Ele é o Cristo da história humana. Aquele que viveu uma vida
humana perfeita sob condições terrenas. Desde a ascensão, Ele é o Cristo da experiência
espiritual, que vive no céu e tem contato com os homens por meio do Espírito Santo.
O Cristo exaltado.

Afirma certa passagem que Cristo "subiu", e outra que foi "levado acima". A primeira
representa a Cristo como entrando na presença do Pai por sua própria vontade e direito; a
segunda dá ênfase à ação do Pai pela qual Ele foi exaltado em recompensa da Sua obediência até
à morte.

Foi em vista de Sua ascensão e exaltado que Cristo declarou: "É me dado todo o poder
(autoridade) no céu e na terra." Mt 28.18. Ver Ef 1.20-23; I Pd 3.22; Fp 2.9-11; Ap 5.12.

O Cristo soberano.
Cristo ascendeu a um lugar de autoridade sobre todas as criaturas. Ele é a "cabeça de
todo o varão" (I Co 11.3), a "cabeça de todo o principado e potestade" (Cl 2.10); todas as
autoridades do mundo invisível, tanto como as do mundo dos homens, estão sob seu domínio. I
Pd 3.22; Rm 14.9; Fp 2.10,11. Ele possui essa soberania universal para ser exercida para o bem
da Igreja, a qual é Seu corpo; Deus "sujeitou todas as coisas a Seus pés, e sobre todas as coisas o
constituiu como cabeça da Igreja." Em um sentido muito especial, portanto, Cristo é a "cabeça da
Igreja". Essa autoridade se manifesta de duas maneiras:

1) Pela autoridade exercida por Ele sobre os membros da Igreja. Paulo usou a relação
matrimonial como ilustração da relação entre Cristo e a Igreja. Ef 5.22,23. Como a Igreja vive
em sujeição a Cristo, assim as mulheres devem estar sujeitas a seus maridos; como Cristo amou a
Igreja, amor de ambos os lados - o amor retribuindo amor, devem exercer sua autoridade no
espírito de amor e sacrifício próprio.

2) O Cristo glorificado não é somente o poder que dirige e governa a Igreja, é também a fonte de
vida e de poder. O que a videira é para a vara, o que a cabeça é para o corpo, assim é o Cristo
vivo para a sua Igreja. Apesar de estar no céu, a Cabeça da Igreja, Cristo, está na mais íntima
união com Seu corpo na terra, sendo o Espírito Santo o vínculo. Ef 4.15,16; Cl 2.19.

O Cristo que prepara o caminho.

O termo "precursor" é primeiramente aplicado a João Batista como aquele prepararia o


caminho de Cristo. Lc 1.76. Como João preparou o caminho para Cristo, assim também o Cristo
glorificado prepara o caminho para a Igreja. Esta esperança é comparada a uma "âncora da alma
segura e firme, e que penetra até ao interior do véu; onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós."
Hb 6.19,20. Ainda que agitada pelas ondas das provas e das adversidades, a alma do crente fiel
não pode naufragar enquanto sua esperança estiver firmemente segura nas realidades celestiais.
No sentido espiritual, a Igreja já está seguindo o Cristo glorificado; e tem-se "assentado nos
lugares celestiais, em Cristo Jesus." Ef 2.6. I Ts 4.17; I Co 15.52. Essa esperança dos crentes
não é uma ilusão, porque os mesmos já sentem o poder de atração do Cristo glorificado. I Pd 1.8.
Com essa esperança, Jesus confortou os seus discípulos antes de Sua partida. Jo 14.1-3.
"Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras." I Ts 4.18.

O Cristo intercessor.

A intercessão é um ministério importante do Cristo glorificado. Rm 8.34. A intercessão


forma o apogeu das Suas atividades salvadoras. Ele morreu por nós; ressuscitou por nós;
ascendeu por nós; e intercede por nós. Rm 8.34. Nossa esperança não está em um Cristo morto,
mas sim em um Cristo que vive e reina com Deus. O sacerdócio de Cristo é eterno, portanto, Sua
intercessão é permanente.

Quais são as petições principais de Cristo em seu ministério de intercessão? A oração do


capítulo 17 de João sugere a resposta.

Semelhante ao ofício de mediador é o de advogado (no grego, "parácleto"). Um advogado


ou “parácleto” é um que é chamado a ajudar uma pessoa que está angustiada ou necessitada,
para confortá-la ou dar-lhe conselho e proteção. Essa foi a relação do Senhor para com seus
discípulos durante os dias de Sua carne. Em I Jo 2.1, 2 estão expostas três considerações que dão
força a Sua advocacia: primeira, Ele está "com o Pai", na presença de Deus; segundo, Ele é "o
Justo", e como tal, pode fazer uma expiação por outro; terceira, Ele é "a propiciação pelos nossos
pecados", isto é, um sacrifício que assegura o favor de Deus por efetuar expiação pelo pecado.
O Cristo onipresente.

João 14.12. Enquanto estava na terra, Cristo necessariamente limitava-se a estar em um


lugar de cada vez, e não podia estar em contato com todos os Seus discípulos ao mesmo tempo.
Mas ao ascender ao lugar de onde procedera a força motriz do universo, foi-lhe possível enviar
Seu poder e Sua personalidade divina em todo o tempo, a todo lugar e a todos Seus discípulos. A
ascensão ao trono de Deus deu-lhe não somente onipotência (Mt 28.18), como também
onipresença, cumprindo-se assim a promessa: "Porque onde estiver dois ou três reunidos em meu
nome, aí estou Eu no meio deles". Mt 18.20.

Quais são os valores práticos da doutrina da ascensão?

1. O conhecimento interno do Cristo glorificado, a quem brevemente esperamos ver, é um


incentivo à santidade. Cl 3.1-4. O olhar para cima vencerá a atração das coisas do mundo.

2. O conhecimento da ascensão proporciona um conceito correto da Igreja. A crença em um


Cristo meramente humano levaria o povo a considerar a Igreja como uma sociedade meramente
humana, útil sim para propósitos filantrópicos e morais, porém destituída de poder e autoridade
sobrenaturais. Por outro lado, um conhecimento do Cristo glorificado resultará no
reconhecimento da Igreja como um organismo, um organismo sobrenatural, cuja vida divina
emana da cabeça - Cristo ressuscitado.

3. O conhecimento interno do Cristo glorificado produzirá uma atitude correta para com o mundo
e as coisas do mundo. "Mas a nossa cidade (transcrita literalmente, "cidadania" está nos céus
donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. "Fp 3.20.

4. A fé no Cristo glorificado inspirará um profundo sentimento de responsabilidade pessoal. A


crença no Cristo glorificado leva consigo o conhecimento de que naquele dia teremos que prestar
contas a Ele mesmo. Rm 14.7-9; II Co 5.9,10. Ef 6.9.

5. Junto a fé no Cristo glorificado temos a bendita e alegre esperança de Seu regresso. "E se eu
for, e vos preparar lugar, virei outra vez." Jo 14.3.

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