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À
TEONTOLOGIA
INTRODUÇÃO
O homem é naturalmente um ser religioso, trazendo consigo uma forte consciênciada existência de
Deus. Contudo, sua percepção das coisas Divinas foi maculada edistorcida pelo pecado.Isto se
vê especialmente pelas inúmeras correntes teológicas surgentes mundo aforae que buscam fazer de
Deus um mero objeto de estudo ou ainda alguém que existe parasatisfazer as vontades e caprichos
da humanidade.
Não obstante, procuraremos aqui, demonstrar como esse glorioso Deus, se fezconhecer por seus
atributos que, embora sejam inumeráveis e indecifráveis em suatotalidade, não são um
mistério absoluto.
Como veremos, os atributos de Deus não fazem, simplesmente, parte do seu Ser,antes constituem o
próprio Ser de Deus.Para que possamos estudar tais atributos, partiremos da premissa de que
Deusexiste e que já nascemos com a ideia de Sua existência impressa em nossa consciência.Veremos
ainda que Ele é cognoscível e se revela por meios naturais e sobrenaturais.Veremos ainda que,
embora seja único, esse Deus subsiste em três pessoasdiferentes, de personalidade distinta, mas
que estão em perfeita unidade.
Ao final, devemos ter, ainda que de forma limitada, uma noção sobre quem é Deuse seus atributos.
A EXISTÊNCIA DE DEUS
Como em todo estudo e/ou pesquisa, para que possamos ter uma compreensãoadequada sobre
Deus, devemos partir de uma origem, ou seja, precisamos de umreferencial a partir do qual
estabeleceremos nossas proposições. Sendo assim, nossoreferencial será a Sagrada Escritura, a qual
parte da premissa de que Deus existe e nãosomente isto, mas está em plena relação com suas
criaturas.
DEUS EXISTE
A negação da existência de Deus sempre foi uma realidade na história dahumanidade e nunca
esteve ausente desta. Diante disto, o salmista Davi ressalta:“Diz oinsensato no seu coração: Não há
Deus (Salmo 14.1a). Não obstante, tomou novo folego a partir do existencialismo ateu do filósofo
Jean Paul Sartre.Seja com base em conceitos filosóficos, empíricos ou científicos, sempre houve
atentativa, frustrada, diga-se de passagem, de negar a existência de Deus. Isto
procede,especialmente, por parte de pessoas que exigem provas científicas e incontestáveis de
quede fato ele existe.O astrofísico britânico Stephen Hawking, afirmou em uma entrevista que antes
quea ciência fosse compreendida era comum a crença em Deus, mas que na atualidade, elanão faz
sentido.
Agora a ciência oferece uma explicação mais convincente. O que quis dizer quando disse que
conheceríamos a mente de Deus [escreveu isso no livro “Breve Históriado Tempo”] era que
compreenderíamos tudo o que Deus seria capaz de compreender se por acaso existisse. Mas não há
nenhum Deus. Sou ateu. A religiãoacredita em milagres, mas estes são incompatíveis com a ciência.
1 O também cientista britânico, Richard Dawkins, autor de vários livros, dentre eles “ Capelão do
Diabo ”e“Deus, um delirio”, afirmou ser Deus, um “ delinquente psicótico ”Do Antigo Testamento
(DAWKINS, 2006).
Por outro lado, ateus e pessoas descrentes, com a religião, afirmam que ninguém jamais viu a
Deus e, portanto, não podem crer nele. De fato, ninguém jamais viu a Deus ouo tocou; entretanto,
ninguém jamais viu o vento ou o tocou, porém todos aceitam que eleexiste. Distintamente, as
pessoas querem provas de que Deus existe. Todavia, quererprovar sua existência é um esforço inútil,
pois a existência de Deus não pode ser provada,mediante experimentos científicos e/ou empíricos.
Para os cristãos, Deus simplesmenteexiste e não há necessidade de testes comprobatórios de sua
existência. Como bemafirmou o teólogo holandês Abraham Kuyper:
Diante do exposto, aceitamos a existência de Deus não com base em ensaioscientíficos, mas pela fé.
Entretanto, como afirma LouisBerkhof, “essa fé não é cega, masfé baseada em provas, e as provas
se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na
revelação de Deus na natureza” ( Ibidem).
Alguns olham para a Bíblia como se ela fosse um livro científico e como se a mesmadevesse provar
seus argumentos acerca de Deus e da fé exigida a todos os que Dele seaproximam. Porém, a Bíblia
não é um livro de ciências exatas e/ou humanas, mas um livrode fé. O objetivo da Bíblia não é provar
a existência de Deus, pois ela foi escrita partindoda premissa de que Ele existe. Todavia, ela traz
consigo inúmeros textos que evidenciamSua existência (Gênesis 1.1, 1.26-28; Eclesiastes 2.24; Isaías
44.6; Marcos 12.28-29;João 17.3; Romanos 16.25-27; I Timóteo 1.17; Hebreus 11.6).
Assim, para aqueles que avaliam corretamente as evidências, tudo o que há nasEscrituras e tudo o
que há na natureza provam claramente que Deus existe e queele é o Criador potente e sábio descrito
pela Bíblia. Portanto quando cremos queDeus existe, baseamos nossa crença não em alguma cega
esperança alheia aqualquer evidência, mas numa estonteante quantidade de provas
confiáveisencontradas nas palavras e nas obras de Deus. A verdadeira fé caracteriza-se
comoconfiança baseada em evidências fidedignas, e a fé na existência de Deus tem talcaracterística
(GRUDEM, 1999, pág. 99).
Embora, haja por parte de alguns, a negação incoerente da existência de Deus,como por exemplo: os
ateus práticos 2 e os ateus teóricos 3; ainda assim, o conhecimentode Deus lhes é inato. Contudo, tal
conhecimento não é capaz de conduzi-los à salvação,uma vez que tal conhecimento diz respeito ao
que Deus manifestou, acerca de si mesmo,na Revelação Geral:
A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens quedetêm a verdade
pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer émanifesto entre eles, porque Deus lhes
manifestou. Porque os atributos invisíveisde Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade,claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por
meiodas coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;porquanto, tendo
conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhederam graças; antes, se tornaram
nulos em seus próprios raciocínios,obscurecendo-se-lhes o coração insensato (Rm 1.18-21).
Neste mister Calvino afirmava que ao nascer, o homem traz em si a “ Sêmen religionis”, isto é, a
semente da religião. “Como a experiência mostra, Deus tem semeado uma semente de religião em
todos os homens” (Apud. CAMPOS, 2002, pág. 30). Destarte,ser humano algum nasce ateu, todos
apresentam de modo inerente, a semente da religião.
Essa religião natural está diametralmente ligada à “sêmen religionis ”descrita porCalvino.
Posteriormente, o famoso teólogo Dr. Charles Hodge, também afirmou que “todos os homens têm
algum conhecimento de Deus. Isto é, temos a convicção de que existe um Ser de quem somos
dependentes e perante quem somos responsáveis” (HODGE, 2001,pág. 143).
Diante do exposto, todos são indesculpáveis quando não tributam a Deus, a glória e a honra devidos
ao seu nome, pois todos trazem impressa em sua consciência a “ideia” da existência de Deus.
O apóstolo Paulo afirma que o “mundo” não pôde conhecer a Deus por intermédiode sua própria
sabedoria (I Coríntios 1.21). Mas, qual a razão das pessoas não poderemconhecer a Deus por seus
próprios esforços e/ou sabedoria?
J.I. Packer, diz que: “Ninguém conheceria a verdade sobre Deus, ou seria capaz de se relacionar com
Ele de um modo pessoal, se Ele não tivesse agido primeiro para ser conhecido” (PACKER, 2004, pág.
3). O pensamento do Dr. Packer, é corroborado peladeclaração do apóstolo Paulo em Romanos 1.19.
E ainda, por Jesus, ao afirmar que só épossível alcançar ou ter tal conhecimento de Deus, mediante
a revelação vinda do próprioSenhor (Mateus 11.27).
Embora afirmemos que necessitamos que Deus se revele para que o possamosconhecer, precisamos
entender que por mais que conheçamos a Deus, jamais o 4 Os deístas não devem ser confundidos
com os teístas. Os últimos creem em um Deus pessoal e que se relaciona comsuas criaturas,
destacando-se neste grupo os cristãos.
Devido nossa incapacidade de conhecer a Deus em sua plenitude diversas teoriastêm sido
apresentadas, especialmente por expoentes da ciência e da filosofia, alguns dosquais, embora não
neguem a existência de Deus, não admitem haver qualquer possibilidade de o conhecermos e mais,
rejeitam qualquer ideia de relacionamento comesse Deus. Destacam-se dentre eles, Hume (pai do
gnosticismo moderno), Comte (pai dopositivismo) e Herbert Spencer, um dos maiores expoentes do
gnosticismo científico.
Não obstante, o Dr. Kuyper observa que diametralmente oposta à experimentaçãocientifica, Deus
não é objeto de estudo.
Karl Barth concorda com Kuyper quando diz que Deus nunca poderá ser objeto,senão o sujeito.Via
de regra, no estudo científico o homem apresenta-se como superior ao objetoestudado, extraindo
dele o conhecimento da forma que lhe pareça mais conveniente.Todavia na teologia, Deus é o
sujeito transmissor do conhecimento e nós o receptáculo detal ciência.
Como vimos, o homem jamais conheceria a Deus se este não se manifestasse, ouseja, se Ele
mesmo não tomasse a iniciativa ainda estaríamos na escuridão da ignorância.Mas, como Deus se
manifestou aos homens? Que meios usou Ele para termos ciência desua existência? E qual a base
desse conhecimento, ou seja, qual a motivação de talrevelação Divina?
Para que possamos compreender melhor este assunto faz-se necessário dividir otema em duas
categorias: revelação geral e revelação especial.
Por revelação geral, nos referimos à manifestação de Deus por meio da consciência,da natureza e
das coisas criadas, onde ele torna conhecida de todos os homens suaexistência, poder e divindade.
Este meio de revelação é obtido por meio da razão, não sendo suficiente para salvarou mesmo
conduzir os pecadores à salvação.As Escrituras nos dão abundante prova desta revelação, a exemplo
dos textosabaixo:
Salmo 19.1-2 - Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anunciaas obras das suas mãos.
Um dia discursa a outro dia, e uma noite revelaconhecimento a outra noite.
Atos 14.17 -Contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo,fazendo o bem, dando-vos
do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria”.
Romanos 2.14-16. Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, pornatureza, de
conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para simesmos. Estes mostram a norma da
lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus
pensamentos,mutuamente acusando-se ou defendendo-se, no dia em que Deus, por meiode Cristo
Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meuevangelho.
Uma vez conscientes desta revelação, todos deveriam tributar louvor, honra e glóriaao Deus Todo-
Poderoso, criador dos céus, da terra e de tudo o que neles há. Mas, porfalharem em render a Deus
aquilo que Lhe é devido, tais pessoas recebem sobre si o juízoDivino, como nos mostra o apóstolo
Paulo em Romanos 1.18-21.
II Reis 17.13 O Senhor advertiu a Israel e a Judá por intermédio de todosos profetas e de todos os
videntes 6, dizendo: Voltai-vos dos vossos maus caminhos e guardai os meus mandamentos e os
meus estatutos, segundotoda a Lei que prescrevi a vossos pais e que vos enviei por intermédio
dosmeus servos, os profetas.
Salmo 103.7 Manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aosfilhos de Israel.
Hebreus 1.1, 2 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitasmaneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho,a quem constituiu herdeiro de todas as coisas,
pelo qual também fez ouniverso.
Entretanto, a revelação especial não contradiz a revelação geral, antes, umacontribui com a outra
para revelar o Supremo Deus.
Ao refletir acerca da revelação especial, Dr. Packer (2004, pág. 19), pondera queesta, é na verdade,
uma suplementação à revelação geral. Para ele a revelação, “ ocorridana história e incorporada à
Escritura” abre a “porta da salvação aos perdidos”.
A revelação especial é assimilada somente pela fé e esta é dom de Deus, conforme ensina o
apóstoloPaulo (Efésios 2.8). Tal revelação proporciona aos eleitos e tão somente a estes, um
conhecimento soteriológico de Cristo Jesus.
Diversas teorias foram desenvolvidas ao longo do tempo no sentido de explicar aexistência de Deus,
a maneira como podemos ter conhecimento de Sua pessoa e atémesmo o quanto Dele
podemos conhecer.Alguns, a exemplo de Victor Cousin, afirmaram que Deus pode ser
plenamenteconhecido, entrementes, outros negam a possibilidade de adquirirmos
qualquerconhecimento acerca de Deus, como Hamilton e Mansel (gnosticos); há por outro lado
osque afirmam a possibilidade de conhecermos a Deus, ainda que não na plenitude de seuSer
(cristãos). De fato, como vimos anteriormente, Deus se revela, mediante a RevelaçãoGeral e
a Revelação Especial
O Dr. Orr, afirma categoricamente: “Não podemos conhecer a Deus nas profundezas do seu Ser
absoluto. Mas podemos, ao menos, conhecê-lo até onde Ele se revela em suarelação conosco”
(Apud. BERKHOF, 2009, pág. 44). Sabemos que Deus existe, podemos conhecê-Lo e como Ele se
revela, porém queaspectos ou características de Sua pessoa podemos conhecer.Antes de
analisarmos os atributos propriamente ditos, precisamos saber que Deusnão é formado por várias
partes; como se estas partes constituíssem o todo do Ser deDeus. Berkhof esclarece que
“comumente se diz em teologia que os atributos de Deus sãoo próprio Deus, como Ele se revelou a
nós” (ibidem).
Os atributos de Deus estão em absoluta consonância com seu Ser, ou seja, nãopodem acrescentar
nada a Deus e também não podem mudar nada Nele. Na verdade, como diz Berkhof, seus atributos
“são qualidades essenciais de Deus, inerentes ao seupróprio Ser e com Ele coexistentes e desde que
são qualidades essenciais, cada um delesrevela-nos algum aspecto do Ser de Deus” (ibidem). Não
obstante, nos referirmos às características e virtudes Divinas denominando-asde atributos, esta, nos
parece, não ser a melhor expressão para descrever o que não fazparte, mas é o próprio Ser de
Deus. Todavia, como é a expressão mormente utilizada, nãofugiremos à regra, utilizando-a apenas
como uma maneira de melhor compreender aquiloque o próprio Deus revelou de Si.
OS ATRIBUTOS DE DEUS
Por mais que nos esforcemos, jamais conseguiremos relacionar de forma adequadatodos os
atributos de Deus, que são na verdade, expressão de seu caráter e que não podemmelhorar ou
tornar pior em nenhum aspecto o Autor da vida. Não obstante nossaslimitações, devemos ponderar
sobre algumas perspectivas dos atributos de Deus, comopor exemplo os Seus nomes, pois estes
revelam sem dúvida algo do caráter ou dapersonalidade do Seu Ser.Por outro lado, percebemos
que diversos métodos de estudo têm sido empregadospara discorrer sobre os atributos de Deus,
porém dentre tantos, há dois que se destacam:Atributos Incomunicáveis e Atributos Comunicáveis. E
são estes que nos guiarão nasproposições e ponderações a serem perpetradas. Entretanto para que
possamos ponderaracerca dos atributos de Deus, devemos entender que Ele é um Ser Absoluto.
Todavia, nãoconforme o absoluto da filosofia, pois para Hegel, o Absoluto é “a unidade do
pensamento e do ser, como totalidade de todas as coisas, que inclui todas as relações, e em que
todas as discordâncias do presente se resolvem em perfeita unidade” (apud. BERKHOF, 2009,pág.
57). E na concepção de Francis Bradley o “ Absoluto não se relaciona com nada, enão pode existir
nenhuma relação prática entre ele e a vontade finita” (ibidem) O Absoluto ao qual nos referimos é
“a Causa Primeira de todas as coisas existentes, o fundamento último de toda realidade. Ele é
autossuficiente, mas ao mesmo tempopode entrar livremente em várias relações com Sua criação
como um todo e comsuas criaturas”.
No antigo Oriente, o nome de uma pessoa tinha total relação com seu caráter, suapersonalidade ou
ainda com algum evento marcante da vida.
O Dr. Heber Carlos de Campos, ressalta que: “dar nomes às pessoas nos temposda Bíblia era um fato
muito significativo. Tinha muito a ver com a experiência dos própriospais e daquilo que eles queriam
que os filhos fossem” (CAMPOS, 2002, pág. 84).
Encontramos nas Escrituras, diversos exemplos das afirmações supracitadas: “Eva(Gn 3.20); Noé (Gn
5.29; Esaú (Gn 25.25); Moisés (Ex 2.10); Jesus (Mt 1.21). Quando as pessoas sofriam alguma
mudança, seja no caráter seja na função, seus nomes eratrocados: Abraão (Gn 17.5); Sara (Gn
17.15); Israel (Gn 32.28); Pedro (Mc 3.16)” (CORDEIRO, 2008, pág. 11).Destarte, para que possamos
ter uma maior clareza sobre o ser de Deus, precisamosobservar algumas de suas características
apresentadas nos nomes a Ele atribuídos nasSagradas Escrituras. Contudo, devemos atentar para o
fato de que há uma diferençafundamental entre os nomes dados por uma pessoa a outra e os
nomes dados a Deus, poiso fato é que não foram os homens que nomenclatularam a Deus, mas Ele
mesmo revelouseus nomes ao seu povo. Vejamos alguns dos nomes de Deus e seus significados:
Este é um nome genérico. Era usado pelos povos antigos, para referir-se tanto aoverdadeiro Deus,
como a qualquer outra divindade, isto é, os falsos deuses. Quando usadoem referência ao Deus das
Escrituras, era-lhe atribuído um complemento, conforme osexemplos abaixo:
El-Shaddai -Deus Todo-Poderoso (Gênesis 17.1-2) este nome aponta para o Deus que, embora, seja
tão grandioso em poder, estabelecealiança com os homens e tem poder para as cumprir.
El-Elyon -Deus Altíssimo (Gênesis 14.17-24) indica que Deus estáacima de tudo e de todos. Revela a
força, o poder e a majestade de Deussobre as obras dos homens.
El-Olam -Deus Eterno (Gênesis 21.33) - este nome aponta não apenas para a eternidade de Deus,
mas também para sua imutabilidade. Deus é o que foi e será sempre o que é. Veja Malaquias 3.6 e
Tiago 1.17.Derivando da raiz El, temos Elohim, que é sua forma pluralizada e mormente utilizada
para indicar a majestade e poder de Deus; sendo um forte indicativo da Triunidadede Deus,
especialmente, se visto à luz do Novo Testamento. Este nome é utilizado nasEscrituras, sobretudo,
para indicar a soberania Divina em seu ato criador e na redenção deseu povo (Gênesis 1.1; Isaías
45.18, 54.5; Deuteronômio 8.11-20; Salmo 68.6-10).Segundo o Dr. Heber Carlos, o nome Elohim,
“aparece mais de 2.200 vezes no AntigoTestamento” (CAMPOS, 2002, pág. 85).
Adonai -Adonai significa Senhor, soberano, possuidor. Esta palavra enfatiza a autoridade
esuperioridade do Deus de Israel sobre os falsos deuses das demais nações. Isto fica claroao
voltarmos nossos olhos para a declaração de Moisés em Deuteronômio 10.17 e do salmista no
Salmo 136.3.O texto de Deuteronômio 10.12-22, é de suma importância no entendimento
destenome Divino, pois em toda esta perícope, Moisés se refere a Deus como Yahweh (mas no verso
17, ele muda a nomenclatura repentinamente para Adonai) ,referindo- se a Deus como “Senhor dos
senhores”. Tal mudança não é sem sentido, pois o que se enfatiza ali é a soberania do Deus de Israel
sobre os falsos deuses das nações.Também se evidencia aqui que Deus governa sobre toda a sua
criação e os povosestão sob sua autoridade.2.2.3
Yahweh Este é o nome próprio e/ou pessoal de Deus, enfatiza sua auto existência e foi onome pelo
qual se revelou a Moisés em Êxodo 3.14. Ao que parece, está relacionado aoverbo ser e aponta para
a eternidade e infinidade de Deus.O nome Yahweh está relacionado a uma conjuntura de redenção,
em que Deuscumpre as promessas feitas em sua relação de aliança com os homens, a exemplo
deGênesis 3.15. Compare ainda Gênesis 15.12-21 com o Salmo 136.10-24.
Porque Deus é o Eu Sou, o Deus sempre presente, suas promessas de salvaçãosão eternas. É o nome
que liga Deus aos filhos de Abraão. Esse nome enfatiza arelação infalível entre Deus e a
descendência de Abraão para sempre, porque ele éo eterno Eu Sou. Convém lembrar que essa
relação entre Deus e seu povo é semprede caráter redentor. Yahweh é o Deus da libertação.
(CAMPOS, 2002, pág. 90).
Diante do exposto, vejamos alguns textos das Sagradas Escrituras relacionados aonome Yahweh.
Yahweh Nissi - O Senhor é a minha Bandeira (Êxodo 17.15) Estenome indica que a vitória de Israel
sobre seus inimigos não depende de suas próprias forças, mas de Deus. Todo o povo de Deus é
reunido sob a égide desua autoridade. Ele é a bandeira não apenas da nação Israel, mas tambémde
todos os que por Ele são chamados.
Yahweh Rohi (, O Senhor é o meu pastor (Salmo 23.1) Este nomeapresenta Deus como aquele que
protege, alimenta e provê o necessário paraa subsistência de suas ovelhas. É nele que encontramos
paz e segurança.
Yahweh Shalom- O Senhor é paz (Juízes 6.24) A paz do povo de Deus não depende de circunstâncias
favoráveis e/ou da ausência de lutase problemas. Depende antes, do próprio Deus. É ele que nos
dá a paz, mesmodiante das adversidades.
Yahweh Elohim- Senhor Deus (Juízes 5.3) É mediante estenome que o Deus de Israel é distinguido
dos falsos deuses das nações, sendoassim apresentado, como o verdadeiro Deus. Estes são apenas
alguns exemplos encontrados nas Escrituras e que estãore lacionados ao nome Yahweh. Existem
ainda, vários outros e que demonstram queo Senhor é um Deus pessoal e que se relaciona com
o povo escolhido.No Novo Testamento não há uma tão vasta relação de nomes para Deus.
Entretanto,existem algumas denominações que devemos analisar.
Theós, Embora seja muito abrangente, sendo aplicado a várias situações, como porexemplo, a
pessoas a quem era dada certa autoridade, quando usado nas Escrituras, viade regra, refere-se ao
Soberano Deus.Theós, traz consigo ainda, um caráter redentivo, pois foi o próprio Deus
quemescolheu e redimiu o seu povo, mediante o sacrifício vicário de Jesus (I Coríntios 1.18-
31).Precisamos ainda, atentar para o fato de que assim como no Antigo Testamento, osnomes de
Deus estão sempre ligados a um adjetivo que aponta para um traço específicodo seu caráter e
personalidade (Lucas 22.69; II Coríntios 6.18; Apocalipse 4.8).
Kyrios, O nome Kyrios, está ligado à legitimidade da autoridade exercida por Deus sobretodas as
coisas. Ele é o Senhor e isto de forma legal, justa e equável com toda suaexistência.Faz-se necessário
ressaltar que tal título não é aplicável apenas ao Pai, visto seratribuído também ao Filho (Marcos
16.19; Atos 7.59; Romanos 1.7; Filipenses 2.5-11). OEspirito Santo também recebe tal qualificação (II
Coríntios 3.17-18).Dentre tantas implicações práticas que este nome Divino traz consigo, penso
queuma que merece nossa atenção é o que fica subtendido em sua expressão máxima: Ele éo
Senhor e todos os demais seres, existem para servi-lo. Está compreensão tem sumidode muitos
púlpitos e da vida de muita gente que afirma a Ele pertencer.
Páter, Todos os que são justificados é Deus servido, em seu único Filho Jesus Cristo e por ele, fazer
participantes da graça da adoção. Por essa graça eles são recebidos no número dos filhos de Deus e
gozam a liberdade e privilégios deles; têm sobre si onome deles, recebem o Espírito de adoção, têm
acesso com confiança ao trono da graça e são habilitados, a clamar “Abba, Pai”; são tratados com
comiseração, protegidos, providos e por ele corrigidos, como por um pai; nunca,
porém,abandonados, mas selados para o dia de redenção, e herdam as promessas, comoherdeiros
da eterna salvação. (WESTMINSTER, 2011, pág. 107).
Uma das mais belas doutrinas ensinadas nas Sagradas Escrituras é a da nossaadoção por parte de
Deus (Romanos 8.15; Efésios 1.5). Ela está diretamente ligada aotítulo Divino de
Páter, (Pai).O peso que este nome traz consigo é imenso, uma vez que o Deus Todo-Poderoso,o
Soberano, o Senhor dos senhores foi quem nos elegeu, redimiu e adotou como filhos.Não obstante,
uma ressalva deve ser feita: somos filhos de Deus, não por uma questão deessência, mas de adoção.
Apenas Jesus é Filho de Deus em essência, somente elepertence à esfera Divina e compartilha de
sua natureza. Quanto a nós, somos filhos deDeus porque ele nos escolheu e entrou em uma relação
de aliança conosco, por intermédiode Cristo Jesus (Gálatas 4.4-7).
Por muito tempo estudiosos tentam de diversas formas perscrutar o Ser de Deus,tarefa que seria
impossível, não fosse o fato de que o próprio Deus se manifestou para quepudéssemos, ainda que
tateando conhecê-lo (Atos 17.24-29). Dessa forma, surgiram váriasproposições, com diferentes
pontos de vista, na tentativa de explicar a existência de Deus,a maneira como podemos ter
conhecimento de Sua pessoa e até mesmo o quanto Delepodemos conhecer.Nessa busca pelo
conhecimento de Deus, algumas características de seu ser têmsido apresentadas, especialmente
pela nomenclatura de “atributos”. Sendo assim divididos:
Atributos naturais: auto existência, simplicidade, infinidade, etc.
Atributos imanentes: não se expõe nem operam fora da essência divina, mas permanecem
imanentes, como imensidade, simplicidade, eternidade, etc.
Atributos emanentes: são os que se expõem e produzem efeitos externosquanto a Deus, como
onipotência, benignidade, justiça, etc.
Atributos absolutos: a essência de Deus.Tais atributos não são compartilhados totalmente, mas
parcialmente. Dessa forma,há em nós certa bondade para com as demais pessoas, porém esta
bondade não é inerenteao homem, senão comunicada, compartilhada pelo próprio Deus.
Semelhantemente, omesmo acontece com os demais atributos comunicáveis, a ponto do apóstolo
João escrever: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (I João 4.19).
Entretanto duas formas de classificação têm sido destacadas, sendo definidas comoAtributos
incomunicáveis e Atributos comunicáveis
ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS
Por atributos incomunicáveis nos referimos aos atributos que Deus não compartilhaconosco, a
exemplo de sua auto existência, transcendência, onipotência. Isto implica em
Os atributos de Deus são inúmeros, mais do que somos capazes de enumerar.Assim, nos limitaremos
a analisar apenas alguns, a fim de que possamos ter alguma luzsobre estem
assunto.2.3.1 Auto existênciaCom este termo afirmamos que Deus não precisa de qualquer de suas
criaturas paraque possa existir. Ele existe por si. Deus não foi criado e não precisa de nenhuma fonte
externa para sua existência.
Somos seres finitos e limitados, porém Deus não está presoàs limitações do espaço-tempo.Há
pessoas que acreditam que Deus sentia-se só e por essa razão criou todas ascoisas, inclusive o
homem para que com este pudesse relacionar-se. Não obstante, sefizermos ou concordarmos com
tal afirmação, estaremos asseverando que Deusnecessitada de Sua criação para continuar existindo.
Deus não se sentia solitário e isto ficaclaro na oração de Jesus em João 17.5 e 17.24. Acerca disto,
Wayne Grudem afirma acertadamente: “Havia amor e comunicação entre o Pai e o Filho antes da
criação” (GRUDEM, 2010, pág. 110).
Uma vez que Deus é auto existente e não precisa de suas criaturas, isso significadizer que não temos
valor algum? Não necessariamente, pois todas as obras de Deus têmvalor, uma vez que o próprio
Criador as valoriza. Não obstante, nosso valor não é inato,antes provém daquele que nos criou para
o louvor de sua glória, conforme nos ensina oapóstolo Paulo em Efésios 1.11-14. Deus existe fora do
tempo, isto é, ele é atemporal. Comisso reafirmamos que ele sempre existiu e prova disso é o fato
de que tudo o que existe éobra sua (Apocalipse 4.11).
O nome divino que Deus revelou a Moisés, “Eu Sou o que Sou ”, aponta para sua auto existência.
Também sugere que Deus existe em um estado eterno. Ele criou o próprio tempo e, portanto, é
independente dele. Tal atributo da existência divina échamado de Eternidade ou Atemporalidade.
Gênesis 21.33 diz que ele é “o Deuseterno”. O Livro de Salmos revela que ele é “de eternidade a
eternidade” (41.13), eque ele é “desde a eternidade” (93.2). O apóstolo Pedro escreve: “para o
Senhorum dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pedro 3.8). (CHEUNG, 2003,pág. 45).
próprio tempo e, portanto, é independente dele. Tal atributo da existência divina échamado de
Eternidade ou Atemporalidade. Gênesis 21.33 diz que ele é “o Deuseterno”. O Livro de Salmos revela
que ele é “de eternidade a eternidade” (41.13), eque ele é “desde a eternidade” (93.2). O apóstolo
Pedro escreve: “para o Senhorum dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pedro 3.8).
2.3.2 Transcendência
O Dr.Packer observa que “é precisamente a imutabilidade de seu caráter quegarante sua fidelidade
às palavras que pronunciou e aos planos que fez” (PACKER, 2004,pág. 35).
As Sagradas Escrituras não deixam dúvidas quanto a esta questão.O Salmo 102.25-27 afirma que
mesmo que a criação entre em declínio, Deus permanece o mesmo: “No princípio firmaste os
fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás;
envelhecerão como vestimentas.Como roupas tu os trocarás e serão jogados fora. Mas tu
permaneces o mesmo, e os teus dias jamais terão fim”. Em Malaquias 3.6, Deus assevera: “eu, o
Senhor, não mudo; por isso, vós, ó filhosde Jacó, não sois consumidos”. Tiago diz também ressalta
que em Deus não pode haver mudança: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto,
descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1.17).
Além dos textos bíblicos corroborarem com o fato de que em Deus não pode havermudanças,
temos também a experiência vívida desta realidade, através do relacionamentoque ele mesmo
estabeleceu conosco. Embora, diga-se de passagem, nossascomprovações empíricas sem a
confirmação das Sagradas Escrituras não podem servircomo base fundamental para tais
proposições.Mas que dizer de situações onde Deus muda seu modo de agir diante
dedeterminadas circunstâncias?Precisamos compreender que Deus é um Ser ativo e não está inerte.
O queentendemos como mudança de Deus em determinados textos bíblicos ou situações da vida,na
verdade são apenas reações de Deus a tais circunstâncias e estas não mudam o seuSer, ele é
imutável, ele é o que é. Suas decisões, atributos, propósitos e promessaspermanecerão inalteradas.
Mesmo essas “reações” a tais circunstâncias, estão dentro doproposito final de Deus.
Desde toda eternidade e pelo mui sábio e santo conselho de sua própria vontade,Deus ordenou,
livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém, de modo quenem Deus é o autor do pecado,
nem violentada é a vontade da criatura, nem é tiradaa liberdade ou contingência das causas
secundárias, antes estabelecidas. (WESTMINSTER, 2011, pág. 33).
ATRIBUTOS COMUNICÁVEISSão atributos que Deus, por sua livre e perfeita escolha, resolve
comunicar oucompartilhar conosco, ainda que não de forma absoluta, isto é, plenamente. Berkhof
sugereque os atributos incomunicáveis dizem respeito ao absoluto de Deus e os comunicáveis àSua
natureza pessoal.
Os atributos comunicáveis
são tão numerosos que é impossível enumerá-los edescrevê-los aqui. Se nós quisemos tratar deles
adequadamente nós teríamos quefazer uso de todos os nomes, imagens e comparações que as
Sagradas Escriturasusam para nos dar uma ideia de quem e de que Deus é para suas criaturas
eespecificamente, para seu povo. (BAVINCK, 2001, pág. 151).
Semelhantemente, Berkhof afirma que “Deus é afonte de todo o bem” (BERKHOF, 2007, pág. 68).A
bondade de Deus é naturalmente refletida na vida de suas criaturas, podendo ser definida como “a
perfeição de Deus que O leva a tratar benévola e generosamente todasas suas criaturas.
É a afeição que o Criador sente para com as suas criaturas dotadas de sensibilidade consciente
como tais”. Nossa bondade, deve estar sempre pautada pela que é demonstrada por Deus. Eleé o
parâmetro pelo qual devemos julgar nossas atitudes, de maneira que possamosidentificar se as
mesmas estão de fato sendo boas ou más.Nosso senso de bondade, é reflexo da bondade de Deus,
que nos é comunicadaatravés da relação que Ele mantém conosco.
Diante disso Paulo fala com propriedade: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo
ceifaremos, se não desfalecermos.Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem
a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gálatas 6.9).
Embora a bondade não esteja limitada aos cristãos, somente estes gozam de suasdádivas de forma
mais completa, pois a utilizam buscando agradar Àquele quecomunicou-lhes tal benefício.2.4.2
MisericórdiaPodemos definir a misericórdia Divina como aquele atributo pelo qual Deus
sedemonstra compaixão para com todos os que se acham imersos em suas próprias misériase
desgraças, ainda que seus méritos sejam inexistentes.
Como a misericórdia também é um atributo essencial de Deus, podemos dizer queele é eternamente
misericordioso. Contudo, a manifestação de misericórdia só foipossível após o estado de miséria do
ser humano. Portanto, a misericórdia semprepressupõe pecado. Não se pode entender a
manifestação da misericórdia à parteda queda. (CAMPOS, 2002, pág. 290).
Fala-se da misericórdia Divina em termos de Deus não nos dando o que de fato,merecemos, ou seja,
juízo. Assim, a misericórdia de Deus se manifesta pelo fato de queDeus não nos trata conforme
nossos méritos. Prova disso é a afirmação do profetaJeremias, em Lamentações 3.22: “As
misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não
têm fim”.
Este é um atributo comunicável, pois Deus o compartilha conosco e mesmo, exigeque o exerçamos.
Vejamos o que nos diz Mateus 9.13.A prática da misericórdia, deve levar-nos a exercício da
compaixão para com todos;mesmo e sobretudo para com os que mesmo merecem.Alguns aspectos
da misericórdia Divina são:
RETIDÃO, JUSTIÇA
O Antigo Testamento apresenta Deus como Yahweh Tsidkenu, Senhor, Justiça Nossa (Jeremias 23.6).
“Esse nome apresenta o Senhor como aquele que éabsolutamente reto por natureza, que não faz
nada contra a sua constituição santa” (CAMPOS, 2002, pág. 91).
Embora para nós retidão e justiça sejam expressões com características diferentes,no Antigo e no
Novo Testamento, elas são sinônimas. Destarte, de maneira a facilitar nossoentendimento, as
utilizaremos no sentido bíblico, ou seja, como tendo o mesmo significado.Quando afirmamos que a
justiça é um dos atributos de Deus, estamos dizendo queEle sempre age de modo justo, pois em
última análise, Deus é o maior referencial de justiça.Sendo Ele o parâmetro para todo e qualquer
julgamento justo.Quando Deus nos perdoa os pecados, não nos punindo pelos
mesmos,aparentemente Ele está agindo de forma injusta. Entretanto, ao olharmos para cruz,
vemosa justiça de Deus sendo satisfeita por meio do sacrifício de Jesus Cristo. Ele mesmo
“levousobre si os pecados de muitos e pelos transgressores intercedeu”, nos diz o profeta Isaías, no
capitulo 53, verso 12 de seu livro.
A ideia fundamental de justiça é a de estrito apego à lei. Entre os homens elapressupõe que há uma
lei à qual eles devem ajustar-se. Às vezes se diz que nãopodemos falar de justiça em Deus, porque
não há lei à qual Ele esteja sujeito. Mas,embora não haja lei acima de Deus, certamente há uma lei
na própria natureza deDeus, e esta constitui omais elevado padrão possível, pelo qual todas as
outras leissão julgadas. (BERKHOF, 2007, pág. 72).
Em suma podemos afirmar que “tudo o que se conforma ao caráter moral de Deus
é justo” (GRUDEM, 1999, pág. 150).
Como seres finitos e limitados que somos, não temos os recursos teológicos,espirituais, morais e
intelectuais necessários para esquadrinhar de forma adequada os maisdiversos atributos de Deus.
Não obstante, Ele mesmo revela-se a nós, de forma que podemos ainda que como uma penumbra,
vislumbrar alguns aspectos desses infindos eincomparáveis atributos Divinos.
Como Deus não está limitado como nós no espaço-tempo, Seus atributos que sãona verdade
expressão do seu Ser, não estão e jamais ficarão obsoletos. Diante disso, osatributos que nos são
comunicados, ainda que de forma parcial e não absoluta, devem serutilizados para glória do Seu
nome, revelando a majestade do Seu Ser, demonstrando agrandiosidade de Sua existência.
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Isso significa dizer que precisamosenfaticamente
revelar seu caráter através de nossas atitudes, pensamentos e palavras.De forma prática,
poderíamos afirmar que a exemplo do samaritano descrito emLucas 10.25-37, que vendo uma
pessoa necessitada demonstrou-lhe amor, bondade emisericórdia, precisamos também nós ditos
cristãos evidenciar em nosso viver, dia apósdia os atributos que o próprio Deus tem compartilhado
conosco.
Em meio às guerras que destroem tantas vidas; à corrupção que campeia aberta elivremente; de
pessoas que morrem por falta de alimento, teto e esperança; temos o deverurgente de demonstrar
misericórdia e amor, estendendo a mão que pode também levaresperança. Por outro lado,
precisamos erguer nossa voz e combater a corrupção e asguerras que a tantos tem molestado; faz-
se necessário, como arautos do Rei, vindicarmossua santidade, de forma que seu santo nome seja
honrado e seu amor que jamais terá fimpossa ser experimentado por aqueles que não sabem o que
é verdadeiramente seramados.
3. A TRINDADE
A doutrina da Trindade é certamente uma das mais complexas concepções docristianismo, pois
refere-se a três pessoas de igual substância ou essência, que subsistemcomo um só Ser.
A essência de Deus é o Seu ser. Para ser mais preciso, essência é aquilo que você é. Sob o risco de
soar muito físico, essência pode ser entendida como o “material”do qual você “consiste”.
Certamente estamos falando por analogia aqui, pois não podemos entender essência de uma forma
física em relação a Deus. “Deus éespírito” (Jo.4.24). Além disso, claramente não devemos pensar em
Deus“consistindo” de outra coisa além da divindade. A “substância” de Deus é Deus, nãoum monte
de “ingredientes” que misturados produzem a divindade.
Somos incapazes de decifrar os mistérios reservados por Deus para sua própriaglória e se
intentássemos tal feito, seríamos não apenas insolentes, mas tambémincidiríamos num fracasso
previamente anunciado. A existência de Deus como Pai, Filho eEspirito Santo está além de nossa
compreensão natural.
Diante das considerações acima, dediquemos algumas linhas a esta tão preciosadoutrina cristã,
ponderando sobre o que foi revelado nas Escrituras acerca do Ser desteDeus que é Uno, mas
também Trino.
No segundo século da era cristã, Tertuliano (160-220 d.C.), já havia tratado do temasupracitado. De
acordo com Berkhof (2007, pág. 79), “Tertuliano foi o primeiro a empregar o termo ‘Trindade’ e a
formular a doutrina, mas a sua formulação foi deficiente, desde que envolvia uma infundada
subordinação do Filho ao Pai”.
Mais tarde, por volta do ano 318, Ário levantaria o conceito de que Cristo teriasido criado por Deus,
sendo, não mais que qualquer homem, mas apenas mais umacriatura de Deus. Para ele,“ como uma
criatura, o Logos estava sujeito à mudançae capaz, pelo menos em princípio, tanto da virtude como
do vício, exatamente como os seres humanos” (WALKER, 2006, pág. 156).
Diante das heresias de Ário e da conturbação provocada por seus conceitos, oimperador
Constantino convocou e presidiu em 325, um Concílio na cidade de Nicéia, quede acordo com a
tradição cristã, teria definido os verdadeiros fundamentos da ortodoxia.Atanásio, o maior opositor
de Ário, obteve então, sua grande vitória, pois no Concíliode Nicéia, foi promulgada a confissão que
afirmava a consubstancialidade do Filho (Logos)em relação ao Pai.
Creio em um Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e de todas ascoisas visíveis e
invisíveis; e em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus,gerado pelo Pai antes de todos os
séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiroDeus de verdadeiro Deus, gerado não feito, de uma só
substância com o Pai; peloqual todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e por nossa
salvação,desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo da Virgem Maria, e foi feitohomem; e
foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos. Ele padeceu e foisepultado; e no terceiro dia
ressuscitou conforme as Escrituras; e subiu ao céu eassentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir
com glória para julgar os vivos eos mortos, e seu reino não terá fim. E no Espírito Santo, Senhor e
Vivificador, queprocede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado
eglorificado, que falou através dos profetas. Creio na Igreja una, universal eapostólica, reconheço
um só batismo para remissão dos pecados; e aguardo aressurreição dos mortos e da vida do mundo
vindouro (ANGLADA, 1998, pág. 180).
As decisões do Concílio de Nicéia e Constantinopla ajudaram a igreja de Cristo abalizar sua fé,
estabelecendo marcos que até os dias hodiernos matem-se firmes ecertamente se manterão até a
volta de Cristo Jesus, verdadeiro Deus e Senhor da igreja.
CONCEPÇÃO DO TERMO
Como vimos, o termo Trindade, foi empregado inicialmente por Tertuliano, não sendo, portanto,
uma denominação bíblica para definir o Ser Divino. Tal nomenclatura,embora extra-bíblica, aponta
para uma verdade apresentada exclusivamente cristã, visto que em nenhuma outra religião no
mundo, há tal concepção de um Deus que subsiste emtrês pessoas distintas, porém coiguais e
consequentemente, consubstanciais. Contudo,talvez, este vocábulo não traduza adequadamente o
entendimento cristão acerca do Serde Deus, pois pode dar a ideia de que cremos em três deuses e
não apenas em um.
Tal nomenclatura, foi questionada pelos opositores desta maravilhosa doutrina, aoque João Calvino
respondeu: Agora embora os hereges vociferem a respeito do termo “pessoa”, ou alguns mais
impertinentes alardeiem que não admitem um nome inventado pelo arbítrio doshomens, uma vez
que não podem nos demover de que sejam nomeados três, dosquais, dos quais cada um é
seguramente Deus, e de que não há mais deuses, qual não é a improbidade de condenar as palavras
que não explicam senão o quefoi atestado e consignado na Escritura? (CALVINO, 2008, pág. 116).
Muito embora não contradiga o reformador genebrino, Stanley Rosenthal faz umainteressante
observação de tal terminologia em um livreto produzido pela Editora Fiel: Para descrever
corretamente o verdadeiro conceito bíblico da natureza de Deus,deveríamos usar o vocábulo
triunidade, em lugar de trindade. O termo triunidadetransmite a ideia de que Deus é um só, ao
mesmo tempo em que consiste em trêspessoas. (ROSENTHAL, pág. 2)
Não obstante as informações supracitadas e dado o fato que a terminologia maisadotada seja
Trindade, a usaremos como designativo da subsistência Divina em trêspessoas distintas, mas de
igual substância, poder e eternidade. Para tanto e no afã de evitaruma má compreensão desta
afirmação, devemos iniciar nossa abordagem reafirmando adoutrina Bíblica de que há apenas um
Deus (Isaías 44.6).
MONOTEÍSMO
O monoteísmo é a crença e por que não dizer, a defesa, de que existe apenas umDeus, indivisível e
que é Senhor sobre tudo o que existe.
O cristianismo tem sua base no pensamento judaico antigo e, portanto, traz consigoalguns conceitos
defendidos pelo povo de Deus no Antigo Testamento. Exemplo disto é aafirmação peremptória de
que só há um Deus. Todavia, conforme exposto anteriormente,entendemos que na Divindade há
três pessoas, enquanto que o judeu nega tal realidade.
A pergunta que surge, uma vez que o judeu não crê na Triunidade Divina e nós comoherdeiros de
sua teologia não apenas cremos, mas também a defendemos, é: o conceito concebido pela
nomenclatura Trindade é bíblico? Pois como vimos, este nome não aparecenas Escrituras.
Respondemos a tal indagação citando R. C. Sproul (2013, pág. 65): “Tudo o que a palavra Trindade
faz é expressar, linguisticamente, o ensino bíblico sobre a unidade e atri-personalidade de Deus”.
Não obstante, devemos ponderar o pensamento judaico acercadeste assunto.
Deus é uma Trindade, e todos os atributos divinos aplicam-se a cada membro daDivindade. Ainda
que haja somente um Deus, ele subsiste em três pessoas, cadauma delas plenamente participante
na única essência divina. (CHEUNG, 2003,pág. 52)
Antes de passarmos a uma defesa bíblica sobre a Trindade, devemos olhar, ainda que de forma
sintética, para alguns conceitos, embora não todos, que surgiram ao longo dahistória acerca deste
assunto.
MONARQUISMO
O Dr. Charles Hodge, observa que, “ao negar a pessoalidade do Pai e do Espirito, com quem cada
crente mantinha uma relação pessoal, a quem adoração e orações eram dirigidas, ela não podia ser
recebida pelo povo de Deus” (HODGE, 2001, pág. 340) .
Em pouco tempo essa heresia tomou forma e dois conceitos surgiram a partir desuas proposições:
a) monarquismo modalista ou modalismo; b) monarquismo dinâmico ouadocionismo.
Modalismo
O principal defensor deste conceito filosófico-teológico foi Sabélio, por isso omodalismo é também
conhecido como “Sabelianismo”. Para os modalistas, Pai, Filho e Espirito Santo são a mesma pessoa,
não três. Emseu ponto de vista, Deus se manifestou inicialmente como o Criador e
Legislador,entregando aos homens, sua Lei; nesta manifestação, ele ficou conhecido como Pai.
Como o homem estava decaído e precisava de salvação, Deus se manifestou como
Redentor,concedendo aos pecadores a redenção de que necessitavam; assim, manifestou-se
comoFilho. Contudo, estes pecadores agora redimidos, necessitavam de santificação; destarte,o
mesmo Deus se manifestou como o Espirito Santo, a fim de realizar tal obra.
A pessoa divina que veio a terra como o Jesus encarnado era a mesma pessoa quehavia criado todas
as coisas. Quando ele retornou ao céu, assumiu novamente oseu papel como Pai, mas depois,
retornou à terra como Espirito Santo. (SPROUL,2013, pág. 36).
“O mesmo Deus teria três pseudônimos. Deus é indivisível, não existe comunhão de três pessoas
nele; o que existe é a unicidade divina projetada para nós mediante três modos diferentes”
Adocionismo
Para os adocionistas, Jesus era um homem comum, mas que em um determinado momento, talvez
em seu batismo, teve sua natureza humana absorvida pelo Filho de Deus,o Logos.Felix, bispo de
Urgel, foi o grande defensor desta doutrina.
Ele considerava Cristo, quanto à Sua natureza divina, isto é, o Logos, como ounigênito Filho de Deus
no sentido natural, mas considerava Cristo, em Seu ladohumano, como um Filho de Deus
meramente por adoção. Berkhof (2007, pág. 283)
Não obstante, os adocionistas rejeitam a eternidade do Logos, tanto quanto a deJesus. Para eles, o
Logos é a primeira de todas as criaturas de Deus. Portanto, ele não é Deus, nem igual a Deus. Mas, o
Logos, foi absolutamente obediente ao Pai e dessa forma,foi adotado por Deus.
Por isso, é apropriado chamar o Logos de Filho de Deus. Entretanto, ele se tornouo Filho de Deus
dinamicamente. Houve uma mudança. O Logos não foi sempre oFilho de Deus, e sua filiação foi
algo que ele ganhou pelo que fez. (SPROUL, 2013,pág. 37).
Para os adocionistas, mesmo após ter sido “adotado por Deus”, Jesus não era detentor de uma
natureza Divina, era meramente um homem de caráter nobre e que Deuschamava de Filho de forma
ímpar, ou seja, de modo único e especial.
Triteísmo
O triteísmo discorda da concepção cristã de que Pai, Filho e Espirito Santo sejamtrês pessoas
distintas sendo, contudo, um só Deus. Para eles, as três pessoas da Trindade,são três deuses
independentes e autônomos. Para os triteístas, esses três deuses sãoa presentados como sendo um
único Deus, porque tem o mesmo propósito e caráter.
Na concepção triteísta, Jesus não é o Filho de Deus, mas apenas finge ser. Não há como um Deus, ser
filho de outro. Destarte, o triteísmo não passa de uma distorção dadoutrina bíblica da Trindade, pois
nega o fato de que Pai, Filho e Espirito Santo são apenasum único Deus, da mesma substância e
iguais em poder e glória.
Grudem (2010, pág. 183), observa que “poucas pessoas ao longo da história daigreja defenderam tal
concepção, que revela semelhanças com muitas antigas religiõespagãs que pregavam uma
multiplicidade de deuses.
[...] é o coração e o núcleo de nossa confissão, a marca registrada de nossa religião,o prazer e o
conforto de todos aqueles que, verdadeiramente creem em Cristo. Essaconfissão foi a âncora na
guerra de tendências através dos séculos. A confissão dasanta Trindade é a pérola preciosa que foi
confiada à custódia da Igreja Cristã.(Apud. LIMA, 2013, págs. 60-61).
Os textos de Gênesis 1.26, 3.22, 11.7 e Isaías 6.8, parecem apontar para umaconversa intra-Divina,
onde Deus estaria tomando conselho consigo mesmo, visto quenenhuma outra criatura pode ser seu
conselheiro (cf. Isaías 40.13-14).
Temos ainda, textos que mostram a ação do Espirito Santo como pessoa, bem comopossuidor de
atributos que são característicos do Ser Divino (Juízes 3.10; Jó 33.4;Isaías 11.2; Salmo 139.7-8).
Ao vislumbrarmos o registro feito por Moisés sobre a criação, mais especificamente,Gênesis 1.1-2,
não encontramos de forma explicita, uma referência à Trindade. Contudo, oTexto Sagrado nos
mostra que o Pai e o Espirito Santo, agiam conjuntamente desde oinício. Outrossim, à luz de João
1.1-3, entendemos que o Filho também se fazia presentena obra da criação. Outrossim, em um dos
seus embates com os judeus, Jesus afirmouque Abraão se alegrou em ver o seu dia (João 8.56-58);
mas quando Abraão teria visto aJesus? Certamente, Jesus se referia à ocasião em que o
Senhor apareceu a Abraão antesda destruição de Sodoma e Gomorra e reforça a promessa de um
filho (Gênesis 18.1-19).O apóstolo João, ressalta que Isaías vira a glória de Jesus; mas, quando isto
acontecera?Não há dúvidas de que a referência é à visão que Isaías teve do Senhor (Isaías 6.1-10).
Por outro lado, estudiosos têm defendido que “o Anjo do Senhor” era na verdadeuma Teofania, isto
é, uma manifestação visível de Deus (Gênesis 16.7-13, 22.11-18, 31.11-13; Êxodo 3.1-6; Juízes 2.1).
Grudem (2010, pág. 326), observa que,
Esses são claros exemplos em que o anjo do Senhor, ou o anjo de Deus, aparececomo o próprio
Deus, talvez mais especificamente como Deus Filho revestido deum corpo humano por curto tempo
a fim de tornar-se visível aos homens.
O Dr. Leandro Lima segue na mesma direção ao afirmar que, “geralmente associa-se essa figura do
Anjo do Senhor com a Segunda Pessoa da Trindade” (LIMA, 2013, pág. 64). Corrobora com
essa ideia, textos em que parece haver uma distinção entreo Anjo do Senhor e o próprio Senhor
(Êxodo 23.23; Números 20.16; II Samuel 24.16).
Temos ainda, passagens bíblicas conhecidas como “textos messiânicos” que apontam para a
divindade do Messias prometido, bem como seu cumprimento histórico:Jesus. Vejamos alguns
desses textos: Salmos 2.6-8 (Hebreus 1.5), 45.6-7 (Hebreus 1.8-9),110.1 (Mateus 22.41-44); Isaías
9.1-7 (Mateus 4.15-16; Lucas 1.32-33); Jeremias 23.5-6;Miquéias 5.2 (Mateus 2.1-6).
O Novo Testamento traz consigo uma revelação mais clara das distinções da Divindade. Segundo
Benjamim Warfield, “foi na vinda do Filho de Deus, na semelhança da carne do pecado, para se
oferecer a Si mesmo com um sacrifício pelo pecado; e na vindado Espírito Santo, para convencer o
mundo do pecado, da justiça e do juízo, que a Trindade de Pessoas na Unidade da Divindade
foi revelada, de uma vez para sempre, aos homens”.
Assim como no Antigo Testamento, o Espirito Santo é apresentado como umapessoa distinta e
possuidora de atributos Divinos. Destarte, o Espirito Santo:
Os textos supracitados demonstram que o Espirito é uma pessoa e os que seseguem revelam sua
Divindade.
Até mesmo no primeiro capítulo de Gênesis”, diz o Dr. Charles Hodge, o Espírito
De Deus é representado como a origem de toda a inteligência, ordem e vida, nouniverso; e nos livros
seguintes, do Antigo Testamento, ele é representado comosendo o inspirador dos profetas,
concedendo sabedoria, força e bondade, aestadistas e a guerreiros, e ao povo de Deus. Este Espírito
não é uma agência, masum agente, que ensina e seleciona; um que pode ser entristecido e contra
quem sepode pecar; e que, no Novo Testamento, é revelado, inequivocamente, como uma Pessoa
distinta. Quando apareceu João Batista, vemo-lo falando do Espírito Santocomo de uma Pessoa com
quem os seus compatriotas estavam familiarizados,como um objeto digno de ser adorado, e o
Doador de bênçãos divinas e salvadoras.Nosso Senhor também toma esta verdade como aceite, e
promete enviar o Espírito,como um Paracleto, para tomar o seu lugar; para instruir, consolar e
fortalecer, e aquem deviam receber e obedecer. Assim, sem uma transição violenta, a revelaçãomais
antiga deste mistério se foi abrindo gradualmente, até que o Deus Trino, Pai,Filho e Espírito Santo,
aparece no Novo Testamento como Deus universalmentereconhecido por todos os crentes. (Apud.
BOETTNER, pág. 21)
A divindade de Jesus foi negada pelos hereges monarquistas no século III econsiderado como
inferior ao Pai pelos subordinacionistas do século II, sendo esta doutrinarejeitada no século seguinte
no Concílio de Nicéia.
Como vimos anteriormente, os textos de Hebreus 1.5, 1.8-9; Mateus 2.1-6, 4.15-16,22.41-44 e Lucas
1.32-33, são a comprovação histórica do cumprimento das profecias acerca do Messias e não apenas
isto, ratificam ainda a deidade de Jesus, o Filho de Deus.Mas, Jesus não é apenas o cumprimento de
antigas profecias, senão o próprio Deus.
O apóstolo João fala com clareza acerca da divindade de Jesus, tanto em seuEvangelho, quanto em
seus escritos posteriores (João 1-3 e 14, 5.18-23, 14.8-9, 20.24-28;I João 1.1-3, 2.22-23, 5.20;
Apocalipse 1.1-8, 17.14 (cf. Salmo 136.3), 21.1-7, 22.12-17).
Os Evangelhos sinóticos também falam da divindade de Jesus (Mateus 9.6, 11.1-6,14.33, 16.16-17,
25.31-46; Marcos 8.38, 9.2-8, 15.39; Lucas 1.31-33, 39-41).
A UNIDADE DA TRINDADE
As Escrituras não apenas falam da divindade das Pessoas da Trindade, mas revelamtambém, que
existe a unidade existente entre elas.
No batismo de Jesus - Perceba que no batismo de Jesus, as três pessoas daTrindade estão
envolvidas. Quando Jesus sai da água, o Espirito Santo desce em forma de pomba e o Pai fala dos
céus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3.13-17). As três Pessoas da
Trindade estãopresentes simultaneamente neste evento.
Na formula batismal – Após sua morte e antes de sua ascensão aos céus,Jesus orientou seus
discípulos quanto à sua missão, ordenando-lhesbatizarem em nome do Pai, do Filho e do Espirito
Santo (Mateus 28.18-20).Mais uma vez, as Pessoas da Trindade aparecem como uma unidade.
João 14.8-9 - Jesus diz a Filipe que quem o vê, vê o Pai e que suas obrassão as obras do Pai.
João 14. 16 e 23 - Aqui vemos que tanto o Espírito Santo prometido por Jesuscomo Ele mesmo e o
Pai viriam e fariam morada nos discípulos. Isso nosmostra claramente a unidade existente
na Trindade.
Efésios 4.4-7 - Este texto revela que a unidade da igreja está fundamentadana Santíssima Trindade.
I João 5.7 - Este certamente é o texto mais claro acerca da unidade eexistência da Trindade.
As palavras de Irineu de Lion, considerado “o pai da ortodoxia cristã” expressamde forma ímpar a
unidade existente na Trindade:
Portanto, não foram os anjos que nos plasmaram- os anjos não poderiam fazeruma imagem de
Deus – nem outro qualquer que não fosse o Deus verdadeiro, nemuma Potência que estivesse
afastada do Pai de todas as coisas. Nem Deusprecisava deles para fazer o que em si mesmo já tinha
decretado fazer, como se elenão tivesse suas próprias mãos! Desde sempre, de fato, ele tem junto
de si o Verboe a Sabedoria, o Filho e o Espirito. É por meio deles e neles que fez todas as
coisas,soberanamente e com toda a liberdade, e é a eles que se dirige quando diz: “Façamos o
homem à nossa imagem e semelhança”. (Apud. FERREIRA e MYATT,2007, pág. 165).
ASPECTOS TEOLÓGICOS
Trindade Ontológica
Afirmamos anteriormente que o Pai, o Filho e o Espirito Santo são três pessoas, compersonalidade
distinta, mas da mesma substância ou essência. Isto implica em dizer que não há uma relação de
subordinação do Filho para com o Pai, ou do Espirito quanto aoFilho. A este respeito o Dr. Leandro
Lima (2013, pág. 68), observa que:
Dentro da Trindade existe absoluta igualdade de essência, logo, não existe qualquergrau de
subordinação, nem mesmo de honra. O Pai não é maior em essência doque o Filho e nem o Filho
maior do que o Espirito Santo. O Pai não deve ser maisadorado do que o Espirito, ou o Espirito mais
do que o Filho.
Quando falamos em Trindade Ontológica, nos referimos à relação existente entre oPai, o Filho e o
Espirito Santo, dentro do Ser Divino (opera ad intra). A este respeito Berkhof(2009, pág. 85), ressalta
que “são operações pessoais, não realizadas pelas três pessoas juntas, e são incomunicáveis”.
Destarte, na Trindade Ontológica, é papel exclusivo da Primeira Pessoa, ser Pai; semelhantemente é
papel privativo da Segunda Pessoa, ser Filho; bem como é prerrogativa da Terceira Pessoa, ser o
Espirito enviado.
Em termos mais simples, quando fazemos referência à Trindade Ontológica,enfatizamos que cada
Pessoa da Trindade tem um papel definido e exclusivo. Contudo,precisamos ressaltar o fato de que
mesmo tendo papeis distintos, as três Pessoas daTrindade trabalham em plena harmonia.
Trindade Econômica
Se quando falamos em Trindade Ontológica, ponderamos sobre Sua ação dentro doSer Divino (opera
ad intra), ao nos referirmos à Trindade Econômica, tratamos de Suarelação quanto à criação (opera
ad extra) ou como diz Berkhof (2009, pág. 85): “são asatividades e efeitos pelos quais a Trindade se
manifesta exteriormente”.
Devemos evitar a formulação simplista de que o Pai é o responsável pela Criação,o Filho pela
Redenção, e o Espirito pela santificação, pois a Trindade participaconjuntamente de tudo isso. A
distinção que podemos fazer é a seguinte: Ao Paipertence mais o ato de planejar, ao Filho o de
mediar, e ao Espirito o de agir. (LIMA,2013, pág. 70).
O Pai é maior do que eu (João 14.28)- Se Jesus é igual ao Pai em essênciacomo, pois, pode o Pai ser
maior do que ele? A explicação se encontra nofato de que Jesus não está falando sobre sua natureza
ou substância, massobre sua encarnação, ou seja, a função que está exercendo naquelemomento
não em relação ao Ser Divino (opera ad intra), mas em relação àcriação (opera ad extra), providência
e redenção. Comparemos o texto deJoão 14.28 com II Coríntios 8.8-9; Filipenses 2.8-11; Hebreus
12.1-2.
Deus é o cabeça de Cristo (I Coríntios 11.3) –Paulo está falando aqui sobrea submissão da esposa ao
marido e para fundamentar sua proposição, ele aponta para a submissão de Cristo a Deus (Pai). Por
vezes, há confusão nainterpretação deste texto, por se pensar em inferioridade de uma pessoa
emrelação à outra. Contudo, Paulo não está ensinando aqui que a mulher éinferior ao homem ou
que Cristo seja inferior a Deus Pai. Sua proposição serefere à função exercida por um e por
outro.Precisamos, contudo, evitar que nossas mentes se percam na divagação, caindo naheresia
nestoriana de pensarmos que Jesus, em algum momento deixou de ser Deus paraser homem, pois o
Ser Divino é indivisível e Jesus foi plenamente Deus e absolutamente homem
Conclusão
Diversas teorias foram formuladas ao longo do tempo para classificar os atributos deDeus. Não
obstante, apenas duas permanecem firmes, balizando nossas proposições eimpedindo-nos de
cairmos no despenhadeiro das heresias.
Diante de tudo isso, concluímos que por mais que os homens tentem em suadigressão e
antropocentrismo negar a Deus, negando-Lhe a glória devida, ainda assim, arevelação geral e a
revelação especial, estarão prontas a testemunhar contra eles.
Também percebemos que os atributos de Deus nos são comunicados para que suaglória seja
manifestada por toda a terra e que ainda que não os compreendamos, eles jamais se chocam, antes
existem em perfeita harmonia, pois não são partes, senão próprio Ser de Deus.
Testemunha conjuntamente com tais fatos a Escritura que nos ensina que Deus éúnico sendo,
contudo, Triúno. E esta triunidade não faz Dele três deuses, ou mesmo umúnico Deus com
diferentes manifestações ou ainda, gera subordinações entre as pessoasda Trindade. Ele é e sempre
será o Deus único e verdadeiro que subsiste em três pessoas,de igual poder, honra e gloria. Sendo
assim, a Trindade sempre existiu. O Pai é eternamentePai, o Filho é eternamente Filho e o Espirito
Santo é eternamente o Espirito Santo.
Bibliografia
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Teologia Sistemática.
São Paulo: SOCEP, 2001.BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 3ª Edição Revisada. São Paulo:
Editora CulturaCristã, 2009.BOETTNER, Loraine.
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Apostila de Teontologia
Deus, um delírio.
O Espirito Santo.
Teologia Sistemática.
São Paulo: Vida Nova, 2007.GENEBRA, Bíblia de Estudo. São Paulo: Editora Cultura Cristã,
1999.GRUDEM, Wayne.
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Teologia Concisa.
PIPER, John.
Disponível em:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2010/06/agnosto-theo-john-piper-o-que-e-a-
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O que é a Trindade?
A Confissão de Fé de.