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INSTITUTO SERVUS – CRTB

MARCOS VINÍCIUS SILVA PEREIRA

ARGUMENTOS QUE EVIDENCIAM A EXISTÊNCIA DE DEUS

Disciplina: Teontologia
Professor: Geniel Pinheiro

Paulo Ramos, Maranhão


2023
ARGUMENTOS QUE EVIDENCIAM A EXISTÊNCIA DE DEUS
Ao longo dos séculos, muitos debates sobre a existência de Deus surgiram: de um
lado, aqueles que acreditavam na existência desse Ser Superior e do outro lado, os céticos
que desacreditavam e também aqueles que tentaram “criar deus (ou deuses)”. Entretanto,
a despeito das dificuldades de provar a existência de Deus – afinal, estamos falando de
Alguém que transcende todas as coisas – temos razões suficientes para prová-lo.
“Contudo, também reconhecemos que as provas sozinhas não podem convencer alguém
a se tornar cristão. Alguns ateus e não-cristãos podem rejeitar o cristianismo não pelo fato
de as provas serem inadequadas, mas porque não querem aceita-lo (grifo do autor)”.1
Portanto, serão utilizados três argumentos que evidenciam a existência de Deus:
a) A Intuição Humana
b) As chamadas provas racionais
c) As Escrituras

1. INTUIÇÃO HUMANA
O ser humano, por natureza, tem uma intuição de que Deus existe. Naturalmente as
pessoas têm essa ideia “de que são criaturas de Deus e de que ele é seu criador” 2. De
forma bem explicada, Heber Campos utiliza os conceitos “semen religions” e “sensus
divinitatis” de Calvino para expor este argumento de que o homem, mesmo depois da
queda, possui intrinsecamente a ideia de Deus:
“a) ‘Semen Religions’
A semente da religião foi plantada no coração do homem quando Deus o criou. Nenhum homem
é ateu por natureza. Nenhum homem vem ao mundo sem essa semente da religião. Calvino disse
que ‘como a experiência mostra, Deus plantou uma semente de relligão em todos os homens.”3
“b) ‘Sensus Divinitatis’
A semente da religião existe porque o ser humano nasce com o senso de que existe um Ser divino
por detrás de tudo o que ele vê e sente. A ideia de Deus está plantada na alma humana, mesmo
que, por causa da perversão do coração humano, não haja um relacionamento e harmonia com o
Deus verdadeiro.
Calvino disse que essa ‘consiciência de divindade’ foi implantada por Deus em todos os homens
‘para evitar que alguém se refugie numa pretensa ignorância’. Ele continua: ‘Os homens de juízo
sadio sempre estarão certos de que o sendo de divindade, que jamais pode ser apagado, está
gravado na mente dos homens.’4
Com estes argumentos, é possível a reflexão sobre como o próprio entendimento
humano já tem a ideia de Deus, ainda que a sua civilização culturalmente não seja adepta
ao Cristianismo ou Judaísmo, mesmo assim têm se o pensamento de que existe um ser
além de si mesmo e este ser mantém a ordem e o domínio sobre o universo. Tanto é, que
estes oferecem sacrifícios constantemente ao ser superior.
Entretanto, este argumento nos dar a ideia de Deus, não a ideia de um relacionamento
com Deus. Sobre isso, falaremos no último argumento.

1
GEISLER, Norman & TUREK Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Ed Vida, 2006. p 32.
2
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova. 2011. p 97.
3
CAMPOS, Heber. O Ser de Deus e os seus atributos. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. p 30.
4
Ibidem. p 31.
2. PROVAS RACIONAIS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
Argumento Ontológico
Parte da ideia de Deus como um ser “maior do que qualquer coisa que se possa
imaginar.” Segundo Berkof, quem melhor argumentou sobre essa ideia foi Anselmo. Pois,
ele defende a ideia de um ser absolutamente perfeito, “que a existência é atributos de
perfeição; e que, portanto, um ser absolutamente perfeito tem de existir.”5
Ainda nessa linha de raciocínio, o pensamento na existência em um Ser maior é
comum em todas as civilizações. Segundo Heber Campos, “mais de 90% das religiões do
mundo reconhecem a existência de um ser supremo. Historicamente pode ser provado
que as religiões mais antigas foram monoteístas.”6
Entretanto, o fato de o homem pensar na existência desse Ser não traz existência e
ele. Portanto, este argumento, por mais racional que seja, não prova a existência de Deus.
Mas é interessante de se pensar que na mente da humanidade existe essa ideia.

Argumento Cosmológico
Tudo que existe no universo possui uma causa. E falando do Cosmos, essa causa só
pode ser Deus. Geisler e Turek explanaram bem sobre este argumento:
“Na forma lógica, o argumento apresenta-se da seguinte maneira:
a) Tudo o que teve um começo teve uma causa.
b) O Universo teve um começo.
c) Portanto, o Universo teve uma causa.
[...] A premissa 1 – é a lei da causalidade, que é o princípio fundamental da ciência.
Sem a lei da causalidade, é impossível haver ciência.”7 “[...] se alguém lhe disser que
não acredita na lei da causalidade, simplesmente faça a seguinte pergunta a essa
pessoa: ‘O que a fez chegar a essa conclusão?’”8
Portanto, este argumento afirma que se todas as coisas possuem uma origem, a causa
primeira de onde tudo se iniciou, é o próprio Deus.

Argumento Teleológico
Uma extensão do imediatamente anterior. Trata-se do propósito, ordem e inteligência
que controla o mundo partindo de um Ser/Design Inteligente, e este só pode ser Deus. “Se
esse mundo é perfeito nos seus fins e propósitos, deve haver alguém maior do que ele que
o trouxe à existência.”9

Argumento Moral
Sustenta a ideia de que o homem possui, intrinsicamente, um senso do certo e do
errado e também de justiça, e certamente, a fonte dessa conduta moral vem de Deus que
um dia vai impor a sua justiça sobre todas as pessoas.

Argumento Histórico ou Etnológico


Em todos os povos e tribos há um consentimento de Deus. Ou seja, o homem
naturalmente possui essa inclinação de adoração a um Ser superior, independente de sua
religião. O homem é religioso por natureza (argumento da intuição).

5
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. p 40.
6
CAMPOS, Heber. Ibidem 37.
7
GEISLER & TUREK. Ibidem. p 74.
8
Ibidem. p 75.
9
CAMPOS, Heber. Ibidem. p 39
3. AS ESCRITURAS
A Bíblia Sagrada já parte do pressuposto de que Deus existe. Portanto, ela não
argumenta sobre a existência de Deus, pois já inicia dizendo que “No princípio, criou
Deus os céus e a terra.” (Gn 1.1). A Escritura não tem a preocupação de provar a
existência de Deus, e sim de revelar ao homem a sua própria existência, o propósito de
Deus para com a humanidade e para com a sua criação. “Não precisa haver na teologia
cristã a preocupação de provar a existência de Deus, porque as próprias Escrituras não a
possuem.”10
No decorrer da história, a ideia de provar a existência de Deus só veio à tona por
causa daqueles que procuraram negar, pois não é necessário provar algo que já existe.
Mas por causa da queda, o homem tornou-se um ignorante, suprimindo a verdade pela
injustiça (Rm 1.18). Os tais simplesmente não aceitam a ideia de Deus, pois “tendo o
conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se
tornaram nulos em seus próprios raciocínios” (Rm 1.21). A carta de Paulo aos Romanos,
especialmente na perícope do capítulo 1.18-23, traz o entendimento de que todo ser
humano sabe que Deus existe, mas pela sua própria ignorância e imaturidade, vive como
se Deus não existisse. Todavia, nos versículos seguintes Paulo diz que Deus entregou
estes à imundícia e às suas próprias paixões infames (v. 24,25). “O grande ateu Friedrich
Nietzche exemplifica esse tipo de pessoa. Ele escreveu o seguinte: ‘Se fosse preciso nos
provar a existência desse Deus dos cristãos, então devemos ser ainda menos capazes de
acreditar nele’ e ‘é nossa preferência que decide contra o cristianismo, e não os
argumentos’ (grifo meu). Está claro, portanto, que a descrença de Nietzsche estava
baseada em sua vontade, e não em seu intelecto.”11 Wayne Grudem, também argumentou
sobre este assunto: “[...] essas evidencias todas podem ser consideradas provas válidas da
existência de Deus, ainda que algumas pessoas as rejeitem Isso não significa que a
evidência é inválida em si mesma, mas somente que aqueles que a rejeitam avaliam-na
incoerentemente.
Outro pressuposto que devemos levar em consideração é que a Bíblia é Palavra de
Deus. Isso quer dizer que todo o registro escrito, considerado pela maioria dos cristãos,
como Cânon Sagrado (os 66 livros da Bíblia), é a Revelação de Deus. Logo, sendo Palavra
de Deus, tudo que é narrado no livro é verdade. Portanto, é com base nos relatos da Bíblia
que devemos buscar conhecer a Deus, pois apenas os argumentos lógicos e racionais são
insuficientes. É preciso ter fé – o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova
das coisas que não se veêm (Hb 11.1). Então, “[...] não se pode dizer que o cristão crê
cegamente, isto é, sem alguma evidencia de fonte de informação que, para ele, é confiável.
E Como podemos acreditar na autoridade da Bíblia?
Primeiro, todas as promessas e profecias preditas no Antigo Testamento foram
cumpridas no NT. O próprio Jesus afirmou: “São estas as palavras que vos falei, estando
ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei
de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.” (Lc. 24.44)

10
CAMPOS, Heber. Ibidem. p 27.
11
GEISLER & TUREK. Ibidem. p 30.
Segundo, Jesus se encarnou e este é o filho de Deus, o Cristo em que os judeus tanto
anelaram por sua vinda, apesar de muitos ainda hoje rejeitarem esta verdade. As
testemunhas oculares de Jesus falaram a seu respeito:
“e nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém; ao qual
também tiraram a vida, pendurando-o no madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia e
concedeu que fosse manifesto, não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente
escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre
os mortos; e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz
de vivos e de mortos. Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome,
todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados.” (Atos 10:39-43)

Então, como disse Geisler e Turek: “Os ateus precisam ter muito mais fé para
invalidar as predições, as testemunhas oculares, a disposição das testemunhas de sofrer e
morrer, a origem da igreja cristã, e o testemunho de outros escritores, de achados
arqueológicos e de outras evidências que corroboram essa posição.”12 No entanto,
poderíamos trazer muito mais argumentos que asseguram a autoridade divina da
Escritura, mas este não é o assunto em questão.
Por fim, concluímos que Deus existe e não teve origem. Ele simplesmente é! E a
verdade deste fato não depende do nosso crer. Agora, o contrário é verdadeiro, para
existirmos e vivermos, dependemos sobretudo e exclusivamente de Deus. Ele é o ponto
de partida, a razão da nossa existência, os céus proclamam a sua glória e o firmamento
anuncia as obras das suas mãos (Sl 19.1); “porque dele, por ele e para ele são todas as
coisas” (Rm 11.36), “porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram
feitas, diz o SENHOR (Isaias 66.2)”.

O monoteísmo não é o resultado do caráter humano evolucionário, mas do


desvendamento que Deus fez de si mesmo. (Russell E. Joyner)13

12
GEISLER & TUKER. Ibidem. p 27.
13
HORTON, STANLEY. Teologia Sistematica, uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.
GEISLER, Norman & TUREK Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo:
Ed Vida, 2006.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova. 2011.
CAMPOS, Heber. O Ser de Deus e os seus atributos. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
HORTON, STANLEY. Teologia Sistemática, uma perspectiva pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 1997.

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