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Teologia
De
Um conjunto de matérias
Para formar um curso Bíblico
Edmilson Alves
Disciplinas
Teologia
De
Um conjunto de matérias
Para formar um curso Bíblico
volume 1
ISBN: 978-85-62954-23-8
Editora Prince
W W W. P R I N C E V E R L A G . D E
livrosprince@gmail.com
Sumário
Teologia de Deus.............................................................7
Cristologia......................................................................55
Paracletologia.................................................................91
Hamartiologia.............................................................153
Antropologia Bíblica.................................................164
Soteriologia..................................................................183
Homilética...................................................................193
Bibliografia...................................................................205
Teologia de Deus
Estudo sobre Deus
7
Indice
A existência de Deus ...................................................9
Controvérsias Intelectual.....................................................9
Controvérsias Moral..........................................................10
Evidências da existência de Deus......................................11
Sua autorevelação......................................................16
Revelação natural .............................................................16
Revelação pessoal ..............................................................16
Revelação escrita ...............................................................16
Seus nomes ...................................................................18
“El” e seus derivados .........................................................19
O nome “Yahweh” ............................................................20
“Yahweh” e suas combinações............................................21
Seus atributos .............................................................24
Atributos naturais .............................................................24
Atributos morais ...............................................................25
Suas obras .....................................................................38
Sua criação .......................................................................38
Sua providência ................................................................40
Seu governo ......................................................................43
Sua vontade ......................................................................43
A glória de Deus ...............................................................46
A Trindade ...................................................................50
No antigo testamento........................................................50
No novo testamento..........................................................52
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A existência de Deus
Provar a existência de Deus não é uma preocupação bíblica, pois
esta, já é uma prova e uma auto-revelação da pessoa divina. Não ha-
vendo esta preocupação, as escrituras sagradas se iniciam com a se-
guinte afirmativa:
“No princípio criou Deus, os céus e a terra” (Gn 1.1).
Partindo deste princípio, equivale apenas dizer que “Deus existe”, e
tudo que há nos mundos é obras de suas mãos.
As dificuldades de algumas pessoas em querer não acreditar na exis-
tência de Deus, parte do distanciamento delas, para com Ele. Se o
ser humano insiste em cometer pecados contra Deus, estes pecados
vão criando um abismo intransponível, que o distancia a ponto do
homem se tornar tão ignorante a vir afirmar como o néscio do salmo
14.1 e dizer no seu coração “não há Deus”. Porém, nada disso muda a
realidade da existência de Deus. Pois Deus existe e os céus manifestam
a sua glória, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos (Sl 19.1).
Porém, mesmo tudo provando a sua existência, ainda existe pessoas
e teorias que insistem em desacreditar nessa existência, e se apegam
em argumentos controvertidos e sem bases escriturísticas. Dentre estes
argumentos, há duas controvérsias de larga aceitação que encabeçam
a argumentação do grupo dos que se dizem ateus. As duas principais
controvérsias são: Controvérsia intelectual e Controvérsia moral.
Controvérsia Intelectual
Esta controvérsia, segue o caminho da lógica humana e procura dar
uma explicação científica para tudo que existe, ignorando a existência
de um ser superior e espiritual, deste modo para este tipo de intelec-
tual 2+2=4 e isto é chamado de matemática. Acerca da chuva, apenas
acreditam no que é visível; o sol brilha no oceano, aquece as águas,
que se vaporizam, tornando-se em nuvens, que ao cair da temperatura
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Controvérsia Moral
Essa controvérsia é uma das mais complexas e de difícil persuasão pois
põe em cheque a existência, a bondade e o poder divino. O ponto
crucial desta questão é a realidade do sofrimento e injustiças no mun-
do, pois os que usam estes argumentos para negar a existência divina.
Acreditam que não existe um ser que governa o mundo, pois o mundo
está desgovernado, e se existe Ele não tem poder sobre o universo, e se
tem poder não tem bondade. Pois acontece, todos os dias, injustiças
contra inocentes, catástrofes, guerras, violências, epidemias, onde mi-
lhares de homens, mulheres e principalmente crianças, são as maiores
vítimas. E Deus nada faz para protegê-los, sendo assim, é mais fácil
dizer.; “Deus não existe”. Sendo essa uma controvérsia difícil, não
podemos deixar de refutá-la à luz da Bíblia, a qual diz que “...no prin-
cípio criou Deus os céus e a terra... E criou o homem e mulher... e viu
Deus, que tudo isso era bom...” (Gn 1.1,10).
Partindo deste pormenor, biblicamente tudo que Deus criou era
bom. Porém, após a queda de Adão, e a entrada do pecado no mundo,
o mal e a injustiça se alastrou, pois aquele livre arbítrio que Deus deu
ao homem para que este escolhesse sempre o bem e a justiça, foi usado
para fazer escolhas erradas trazendo como consequências; sofrimentos
e injustiças ao mundo. Portanto, todo mal que existe na humanidade
hoje é consequência da escolha errada de Adão. Porém, mesmo depois
da queda do homem, Deus projetou um plano para salvá-lo e acabar
com os sofrimentos da humanidade.
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A Fé
Conforme hebreus (11.1) “a fé além de ser o firme fundamento das
coisas que se esperam é também a prova do que não se vê”. O ter-
mo Fé, é originário biblicamente do termo grego Pistis que traduz
“firme persuasão, convicção fundamentada no ouvir” e é apresentada
nas epístolas paulinas, no que se refere aos cristãos, como tendo três
estágios denominados de Fé comum (Tt 1.4) Fé como fruto do espíri-
to (Gl 5.22) Fé como dom espiritual (ICo 12.9). E nos evangelhos, e
também em algumas epístolas, é apresentada com expressões referen-
tes a “Medidas de Fé”, ex: Pequena Fé (Lc 12. 28), Fé crescente (II Co
10.15), Fé Grande (Lc 5.20; Mc 2.5).
Já no sentido geral é possível classificar a obrigatoriedade da apli-
cação da fé em três áreas distintas da vida, isto é, nas áreas Material,
Intelectual, e Espiritual.
que dali obterá pão. Também, pela fé as pessoas saem de casa a pro-
cura de emprego, e pela mesma crêem que receberão no final do mês
o salário pelos dias trabalhados. Enfim, ninguém vive a vida material
sem fé.
A Criação
Todos os elementos da criação, como os céus, a terra, os animais, as
plantas, o mar e os seres aquáticos, aves do céu, o sol, a lua e as estrelas
e tudo que há no universo revela a existência de Deus. A este respei-
to, o salmista Davi entoou um salmo 19 que celebra a revelação da
existência através da criação. O salmo 19 contém 14 versículos e um
conteúdo teológico que pode ser dividido em três pontos principais,
nos quais através da natureza criada, Deus é revelado.
Primeiro, sua existência é revelada na natureza (Sl 19.1-6) nestes ver-
sos o salmista afirma que “os céus manifestam a glória de Deus, e o
firmamento anuncia as obras das suas mãos, e um dia faz declaração
de outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem lingua-
gem e sem fala, ouvem-se as suas vozes, em toda extensão da terra, e
as suas palavras até o fim do mundo”. (Vs. 1, 2, 3, 4). Aqui vemos um
testemunho com várias definições; Claro (os céus manifestam Deus v.
1), Constante (um dia faz declaração de outro dia e uma noite mostra
outra noite v. 2), Silencioso (sem linguagem e sem fala ouve suas vozes
v.3), Universal (em toda extensão da terra, e as suas palavras até o fim
do mundo v.4), Regozijante (como o noivo que sai do seu tálamo e se
regozija como um herói a percorrer o seu caminho v 5, 6).
Segundo, sua existência revelada nas suas leis (vs 7-11). O versículo
(7) diz que “... a lei do Senhor é perfeita, e o seu testemunho é fiel...”
Portanto, revela um Deus perfeito e fiel. O verso (8) afirma que “os
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
A percepção humana
“A percepção é o ato ou efeito de perceber” e é derivado do latim per-
cebere que a define como a “função que permite ao sujeito receber e
processar informações dos meios que lhe cercam”. Do ponto de vista
teológico, as percepções humanas são classificadas em três grupos: Per-
cepção, objetiva, percepção subjetiva e percepção espiritual.
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Revelação escrita, essa revelação foi feita através das escrituras inspi-
radas por Deus a fim de levar o homem a conhecer e desenvolver um
relacionamento pessoal com Ele. Conhecendo sobre sua existência,
sua pessoa, sua perfeição e suas exigências morais. Com o propósito de
alcançar o ser humano, Deus revelou-se através de formas e sentimen-
tos inerentes ao homem. Estes recursos são definidos por duas palavras
compostas em grego, que são: Antropomorfismo e Antropopatismo.
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Seus nomes
Os nomes de Deus é um dos aspectos da sua auto revelação, pois neles
o Senhor revelava seu caráter seu poder e a sua pessoa. Deste modo,
quando Deus se manifestava com milagres de curas, Ele se identifica-
va como; “Jeová rafá” que quer dizer “O Senhor teu médico” e assim
a cada manifestação ou operação nova, Deus se revelava com nomes
diferentes. Nestas muitas manifestações, Deus se revelou com muitos
nomes, dentre estes; destacam- se; El e Yahweh.
El tem o significado de “Deus” seja Deus verdadeiro, ou falsos deu-
ses, ou até ídolos. Mesmo sendo uma palavra de origem incerta ela
tem o significado de força ou poder e na bíblia é utilizada no antigo
testamento para homens, objetos, e lugares, e principalmente a Deus.
Porém quando a referência de El é aplicada a Deus, sempre vem acom-
panhada de uma outra palavra qualificativa, como por exemplo; El
Shaday que significa. “Deus todo poderoso” (Gn 17.1). El Elyon que
significa “Deus altíssimo “ (Gn14 .2)
El olam, que significa “Deus eterno” (Gn 21.33; Sl 90.3).
Na história do antigo testamento os nomes pessoais eram muito
importantes, pois a sociedade da época tinha o hábito de conhecer
uma pessoa através do significado etimológico do seu nome. Por isso,
os hebreus procuravam colocar nos filhos nomes compostos, incluin-
do essencialmente o termo El (Deus). Exs: Ismael, cujo significado
é “Deus me ouve” (Gn 16.11) Daniel que significa “Deus é, o meu
juiz”.
Ezequiel, que significa “Deus fortalece”, Isabel cujo significado é,
“Deus é uma promessa”. O termo El foi muitas vezes usado pelos
israelitas para determinar locais em que ocorreram encontros e ma-
nifestações especiais de Deus para com os homens. Exs: uma cidade
que antes se chamava “Luz” (Gn 28.19) após, Jacó ter um encontro
especial com Deus ali, o nome da cidade foi mudado para Betel, que é
a junção de duas palavras hebraicas Beth (casa) e El (Deus) originando
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O nome “Yahweh”
Yahweh, está escrito no texto bíblico hebraico com quatro palavras
Yhwh é possivelmente pronunciado Yavé e aparece no antigo testa-
mento por cerca de 6.828 vezes e deriva-se do verbo hebraico Hayah
que significa: “Ser, existir, acontecer” e surge como o tetragrama (do
grego tetra “quatro” e grama, “palavra”, significando quatro letras. Em
êxodo 3.14 (Yhwh) haja vista que no hebraico antigo não se usa letras
vogais, só consoantes), Yhwh é possivelmente uma abreviação da res-
posta de Deus a Moisés, quando este perguntou o seu nome, Ele lhe
respondeu em hebraico: “ehyeh asher ehyeh”. Cuja abreviatura seria
Yhwh, e significa: “Eu sou o que era, sou o que sou, e serei o que serei”.
Expressão que corresponde ao passado, presente e futuro, (já que no
hebraico o verbo no presente serve também para o passado e futuro).
Isso equivale dizer, que pela revelação divina através do nome Yhwh,
Deus revela ter existência própria, e que Ele é imutável e como operou
no passado, opera no presente, e operará no futuro.
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Jeová jiré, (hb. Yahweh yireh) cujo significado é “Deus proverá” e de-
riva-se do episódio revelatório presenciado por Abraão no monte Mo-
riá, quando por ordem de Deus, Abraão foi oferecer seu filho Isaque
em sacrifício. E ao se vê questionado por seu filho Isaque que obser-
vou haver fogo, porém, onde estaria o cordeiro? Neste momento pela
fé, Abraão disse: “Deus proverá” E realmente, Deus, honrou a fé de
Abraão, e proveu o cordeiro, que foi sacrificado como substituto de
Isaque. E depois disto Abraão chamou aquele lugar de “Jeová Jiré”.
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Jeová Raah, (hb. Yahweh Ro‘i) que significa: “O Senhor é meu pastor”
(Sl 23.1). Escrito por Davi, que foi pastor de ovelhas, o salmo 23
inicia-se com as palavras Jeová Raah
“O Senhor é meu pastor...”. Dando a ideia de um Deus que age com
seu povo como um pastor que na época vigiava o rebanho dia e noite,
e se propunha a guiar, alimentar defender, curar, treinar, corrigir e se
preciso fosse, morrer pelas ovelhas.
O Senhor lhes diz: “Eu sou o Senhor que vos santifica...” (Jeová Meca-
desh), dando-nos a entender que do senhor vem a nossa santificação.
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Seus Atributos
O termo tem origem em duas palavras em latim, que são;
Ad “Para” e Tribuere “Atribuir” trazendo a significação “daquilo que
é atribuído a algo ou a alguém”. Na teologia, este termo tem sido
utilizado para representar as qualidades inerentes à natureza de Deus.
Estes atributos são divididos em dois grupos, designados como: Atri-
butos naturais e Atributos morais.
Atributos Naturais
Os atributos naturais são exclusivos de Deus e são inerentes a Ele.
Esses atributos naturais, não são encontrados em nenhuma criatura,
somente Deus os possui. Os quais são:
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Atributos Morais
O Amor de Deus. O amor de Deus é um dos atributos mais venerá-
veis que existe, tão importante, que a Bíblia diz que o próprio Deus
é amor. (I Jo 4.8) Esse atributo divino aparece, em ação, e em cada
palavra expressa por Deus.
No Antigo Testamento o termo usado no hebraico para definir
Amor é Ahebh que traduz: “gostar, amar com o sentido de afeição e
desejo de viver ao lado do ser desejado”. Este amor era a maior ex-
pressão afetiva nos relacionamentos pessoais. No Novo Testamento,
na língua grega, os significados de Amor se ampliam e apresentam-se,
pelo menos em quatro termos que definem quatro tipos de amores:
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(graça) agraciou pessoas que pelas leis sociais e religiosas da época não
mereciam. Jesus jantou na casa de um leproso, que era pela lei con-
siderado imundo (Mc 14.3). Ele perdoou uma mulher adúltera que
seria apedrejada (Jo 8.1-11) curou a filha de uma mulher gentia (na
época os judeus consideravam os gentios como cães Mt 15.21-28), até
convidou um cobrador de impostos para ser um de seus apóstolos (Mt
9. 9-13).
Esse amor de Deus em forma de graça revolucionou o mundo de
então derrubando barreiras e paradigmas e unindo milhares de pessoas
em torno de um objetivo “Adorar a Deus”. Jesus além de agir com
“graça e amor” para com os necessitados, Ele também deu vários en-
sinos que abordam o tema “Amor em forma de Graça de Deus” ex.: A
parábola do filho pródigo, que recebeu presentes e uma recepção que
não merecia (Lc 15.20-24); E a parábola do credor incompassivo que
fala da graça em forma de perdão dado a um homem que não podia
saldar suas dívidas (Mt 18.21- 35); E a parábola da grande ceia que
nos transmite uma mensagem de que a graça e o amor de Deus é para
todas as classes de pessoas, ricos ou pobres (Lc 14.16-24).
A santidade de Deus
Em todas as religiões existe separação entre o puro e o impuro, entre o
santo e o profano. Na Teologia Divina a santidade está no próprio ca-
ráter e natureza de Deus e toda religião bíblica está fundamentada nes-
ta santidade. Conhecido na teologia como o atributo mais elevado de
Deus, a santidade Divina é declarada pelo próprio Deus, quando diz:
“Sede Santos, porque Eu Sou Santo” (Lv 11:44; IPd 01:15,16). Além
Dele também seus anjos declaram continuamente que “Ele é Santo” (Is
6.3; Ap 4.8). No Antigo Testamento a Santidade é representada pelas
palavras hebraicas Qadhõsh que tem o significado de “Ser separado,
consagrado”, e Toher que significa “Limpo, puro”. No uso destes dois
vocábulos (Qadhõsh e Toher) denotamos dois aspectos importantes na
Santidade de Deus. Primeiro, é a sua separação (definido pelo termo
qadhõsh) neste aspecto, Deus está distante da sua criação em razão
desta está contaminada pelo pecado. Segundo, (o termo toher) traz
a definição de ser Deus absolutamente “puro, limpo e que não pode
contemplar o mal” (Hc 1.13), expressando a perfeição moral do cará-
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A Justiça de Deus
Os salmistas afirmam que “O Senhor é justo e ama a justiça, e esta é
a base do seu Trono” e imploram dizendo “julga-me segundo a Tua
Justiça Senhor...E dá ao rei os Teus juízos, e a Tua Justiça ao filho do
rei” (Sl 11.7;89.14;35.24;72.1).
O termo justiça é representado na bíblia por diversas definições he-
braicas e gregas. Dentre elas, o substantivo Tsedeq que surge no Antigo
Testamento cerca de 110 vezes, e também é encontrada em combi-
nações de títulos ou nomes, exemplo Melek (Rei) tsedeq Justiça, defi-
nindo Melquisedeque cujo significado é “Rei de Justiça” (Gn 14.18).
Outro exemplo importante é encontrado no livro de Jeremias (23.6)
onde está escrito “O Senhor Justiça nossa” em hebraico, é Yavé Tsede-
qnu. Partindo da mesma derivação, há também o substantivo Tseda-
qah que ocorre por cerca de 157 vezes no Antigo Testamento, e traz
praticamente a mesma definição de Tsedeq que é “Retidão” e tem a
característica de quem é reto ou justo”. Outro termo decorrente no
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Suas obras
As obras de Deus são um aspecto de imensurável importância na sua
doutrina. Neste segmento, a doutrina das suas obras pode ser dividida
em quatro aspectos: Sua criação, sua providência, seu Governo e sua
Vontade.
Sua Criação
O primeiro livro da Bíblia, que é chamado de Gênesis,
(Gr. Princípio, origem) se inicia com a seguinte afirmativa “No prin-
cípio criou Deus, os céus e a terra” (Gn 1.1). Deste princípio parte a
verdade de que Deus é o autor de toda criação.
O verbo hebraico “Criar” é traduzido pelo termo Bara que significa
“criar do nada, fazer existir do inexistente”.
Este termo possui um profundo significado na teologia bíblica, pois
somente Deus pode ser o sujeito deste verbo. Pois através dele Deus
fez existir o que não existia. Do nada Ele fez tudo. Além do verbo
Bara, no texto de Gênesis aparece o verbo Asah (v.7) que significa
“fazer, criar do que já existe” Enquanto Bara significa “criar do nada”
em contrapartida Asah é “Criar do que já existe” isto é extrair, evoluir.
Além desses dois verbos importantes, o termo “criar” ainda é definido
por outros dois verbos hebraico que surgem em Isaías (45.18) jun-
tos de Bara e Asah estão Kun que significa: “estabelecer” e Yatsar que
significa: “formar, modelar”. “Porque assim diz o Senhor que tem
Criado os céus (Barah) O Deus que formou a terra (Yatsar) e a fez; Ele
a estabeleceu (Kun) não a criou vazia (Asah) Mas a formou para ser
habitada”.
A partir destes termos, Deus além de fazer a criação existir a partir
do nada, também a fez evoluir, estabelecer-se, modelar-se. Em suma, o
significado do ato de Deus criar, abrange dois pontos importantes: (1)
Fez existir do que nunca existiu, (2) Multiplicou o que já havia criado.
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Sua providência
Representada na Bíblia por diversos termos grego, principalmente os
verbos Pronoia e Problepo, providência divina é definida como “a su-
prema Autoridade e Sabedoria com que Deus sustenta e conduz todas
as coisas”. Essa providência está presente em todas as áreas do uni-
verso, tanto na natureza criada, como na história e na vida pessoal da
humanidade.
A partir da criação dos elementos naturais e a sua manutenção, ao
controle da história e intervenção nos acontecimentos na vida de cada
indivíduo. A providência divina está bem mais evidenciada em três
principais áreas do Universo. Primeiro- Na natureza No aspecto pro-
videncial de Deus, na ordem natural, destaca-se a “conservação”, con-
forme escreveu o salmista “O Senhor conserva os homens e os animais”
(Sl 36.6), através das leis que Ele mesmo estabeleceu (At 17.25) além
de dar a vida aos homens e animais (Jó 12.10; Sl 104:28, 30) Deus
cuida das necessidades de cada um deles (Jó 38.39-41; Sl 147.9) Ele
falou através do profeta Joel, a seguinte mensagem “não tenhas medo
Ó Terra, regozija-se e alegra-se. O Senhor tem feito coisas grandiosas!
Deus tem em suas mãos a vida dos animais e dos homens e é Ele
quem provê o fôlego necessário para que a vida continue pois se Ele
retirar da Terra o seu Espírito, que preserva, toda a Terra morrerá (Jó
34.14,15) Essa conservação providencial de Deus além da natureza e
os animais e que envolve também a humanidade, que ao longo de sua
história tem estado à beira da extinção. Não obstante a providência
conservativa de Deus tem garantido vida longa à natureza e aos seres
humanos. Segundo - “Na história da humanidade” Deus fez o homem
perfeito, e o pôs com governante no jardim do Éden. O homem feito
à imagem e semelhança divina era dotado de perfeição física, mental
e emocional, teve capacidade de nomear e dominar todos os animais
existentes (Gn 2.19, 20) e o projeto de Deus era que o homem se
multiplicasse e formasse um mundo de servos e adoradores de Deus.
Porém, o homem falhou, quebrando a aliança com Deus, provocando
a entrada do pecado no mundo e estragando o perfeito plano Divino
(Gn 3.6-19). Com a queda do homem, o pecado e suas consequências
substituíram a vida perfeita do Éden.
Deus não ter alternativa, a não ser a destruição daquela geração com
o dilúvio. Porém, a quem se arrependesse, Deus proveu um escape.
Uma arca de madeira, era a providência Divina para a preservação
da humanidade (Gn 6.14-22) passado o dilúvio, a humanidade volta
a crescer e Deus escolhe um homem da Mesopotâmia, chamado
Abrão, e faz aliança com ele, e num momento em que Abrão teria que
oferecer seu filho, Isaque em sacrifício, Deus o impede, e provê um
substituto, e em seguida se revela como Jeová-Jiréh, que em Hebraico
é “Deus Provedor” ( Gn 22.1-14) A descendência de Abrão migrou
para o Egito, onde permaneceram por mais de quatrocentos anos.
Com a sucessão de Faraós no Egito, os descendentes de Abrão foram
transformados em escravos, e viveram debaixo de um regime opressor.
Porém, Deus vendo e ouvindo a agonia e o clamor do seu povo (Ex
2.23-25) providenciou um libertador (Moisés) para tirá-los do Egito
e levá-los a Terra Prometida. Moisés conduziu aquela multidão de
escravos, seiscentos mil homens sem contar as mulheres e crianças
(Ex13.20-22).
Depois de quarenta anos de peregrinação pelo deserto, os israelitas
chegaram a Terra prometida, e alí se instalaram. Passaram alguns anos,
aquela geração caiu em apostasia e cada um fazia o que queria. Estavam
desviados e consequentemente desprotegidos. Os outros povos, vendo
o afastamento de Israel para com Deus. Promoveram mortes, fome
e miséria. Sentindo-se em desgraça, outra vez os israelitas clamam, e
Deus mais uma vez age com providências. Ele provê juízes libertadores,
que de tempo em tempos se levantavam para libertar e legislar em
Israel (Jz caps. 3-16) na sequência Deus também providencia homens
dotados de dom profético (os profetas) para revelar e ensinar ao
povo os caminhos do Senhor. Todos os profetas, tanto os canônicos
como os não canônicos tinham a lança das suas profecias apontadas
na direção da manjedoura em Belém (local providenciado por Deus
para o nascimento do Salvador). Decorridos, séculos de anunciação,
enfim Deus realiza sua promessa. Providenciou um casal de judeus da
linhagem de Davi, uma humilde cidade e um estábulo de animais onde
nasceu (Jesus) Aquele que era a “providência Divina” para o problema
do pecado. Terceiro - “Na vida pessoal” daqueles que guardam sua
aliança com Deus, a providência divina é companheira nos momentos
em que, as possibilidades humanas se acabam, inúmeros servos de
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Seu governo
Além de criar, prover e preservar sua criação, Deus também governa
sobre ela. Ele a dirige e se utiliza de cada acontecimento da história
para levar a cabo o seu projeto. Nos reinos, mineral, vegetal e animal,
o governo de Deus é absoluto, e a sua vontade é absolutamente obe-
decida. Porém, com os seres humanos, não é assim, pois quando Deus
os criou, lhes deu livre arbítrio, com o qual o homem teria liberdade
de escolha.
Sua vontade
Deus governa o mundo através da lei estabelecida pela sua vontade
que é classificada em três aspectos: Vontade soberana, vontade permissi-
va, e vontade perfeita.
A Glória de Deus
Dentre as muitas maneiras de se revelar, Deus também optou por
se manifestar através da sua glória. Que aparece tanto na natureza (em
todas as coisas criadas) como na história da humanidade, principal-
mente na história de seu povo eleito (Israel e a Igreja).
No Antigo Testamento, “Glória” na maioria das vezes é re-
presentada pelo termo hebraico Kãbhõdh, cuja significação é “honra,
reputação, dignidade, riqueza, esplendor”. Este termo era vastamente
aplicado as pessoas, no sentido de “Honra” (Is 22.24, Os 9.11). Po-
rém, no que se refere a Deus, essa glória é definida como a “Revelação
da sua natureza, seu caráter, sua vontade, e sua manifestação, seja por
meios naturais ou sobrenaturais. Além de Kãbhõdh outra palavra he-
braica, ganhou maior importância na teologia do Antigo Testamen-
to, a palavra Shequinah que é derivado do verbo Shãkahn, (que no
hebraico significa “Habitar em Tendas” (Ex 25.8) e se originou com
os escritores dos Targumim (Traduções do Antigo Testamento para-
fraseadas do hebraico para o aramaico) tendo o significado de “Habi-
tação de Deus” e é utilizada para descrever a presença visível da glória
de Deus e traduz a ideia da manifestação da glória visível de Deus
habitando na Tenda do Tabernáculo (Ex 40.34). A glória de Deus se
manifestou nitidamente na história do seu povo hebreu. O Êxodo da
nação israelita rumo a terra prometida assinala a trajetória desta glória
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No Novo Testamento
O termo grego Doxa que é o equivalente, ao hebraico Kabodh tem
também significação de honra, reputação, porém, sua maior signifi-
cação é da “glória revelada” em Jesus Cristo que é apresentado como
a “Glória de Deus” Manifesta aos homens. (Hb 1.3, Jo 1.14) Essa
“Glória de Deus” manifesta na terra foi vista pelos pastores que guar-
davam seu rebanho, no dia do nascimento de Cristo. (Lc 2.9,14)
Depois foi contemplada principalmente nos seus milagres, conforme
escreveu São João “Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da
Galiléia, e manifestou a sua glória...” (Jo2.11). Essa glória também foi
manifestada na transfiguração, onde ocorreu uma teofania semelhante
a presenciada por Moisés no monte Sinai, na qual ele contemplou
a glória de Deus, de maneira tão intensa, a ponto de ficar com a
pele do rosto brilhando (Ex 34.29), na transfiguração, não só o rosto
de Jesus brilhava, mas também as suas vestes ficaram resplandecentes
(Mt17.1-8).Mesmo tendo-se, a concepção de que “Glória” define es-
plendor, grandeza, poder, surpreendentemente a crucificação e morte
de Cristo, era tida por Ele como um momento de “Glória”. Isso, o
48
Edmilson Alves
Nas suas últimas instruções aos discípulos Ele disse: “agora é glo-
rificado o filho do homem, e Deus é glorificado nele (e) se Deus é
glorificado nele, também Deus o glorificará a si mesmo, e logo o há de
glorificar” (Jo 13.31, 32). Na sua última oração pelos discípulos, Jesus
levantou seus olhos ao céu, e disse: “Pai é chegada a hora, glorifica o
teu filho, para que também o teu filho te glorifique a ti” (Jo 17.1).
Mesmo a crucificação sendo uma forma de extrema humilhação, Deus
escolhe a cruz, para expor sua maior glória (Jesus) em expressão de
amor sacrificial pela humanidade. Após esta glória manifestada em
amor pela morte de Cristo. Outra revelação da glória é manifestada na
ressurreição e ascensão, desta feita, uma glória revelada em autoridade
e poder (Lc 24.2b, At 3.13, Mt 28.18, Rm 6.4). Daí em diante Jesus
é chamado de “Senhor da Glória” (I Co 2.8, Tg 2.1) e conforme as
profecias escatológicas, Jesus voltará ao mundo, desta vez não com
humilhação, mas com “poder e grande glória” (Mt 24.30, 25.31).
49
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
A trindade
A doutrina da trindade é um dos pilares do cristianismo. O termo
trindade significa “a união de três partes”. A trindade não significa três
deuses (triteísmo) e nem um deus com três manifestação diferentes
(unicismo). Porém um único Deus co-existente em três pessoas distin-
tas e co–eternas. As quais são; o Pai, o Filho, e o Espírito santo. Cujas
doutrinas estão inseridas em todas as escrituras sagradas.
No antigo testamento
No antigo testamento o Judeu não estava muito acostumado com a
doutrina da trindade. Pois seu conhecimento de Deus era muito in-
suficiente para absorver essa doutrina. Por isso, a ideia de trindade foi
menos difundida que no novo testamento, porém não omitida, pois
há um vasto número de referências no antigo testamento, onde evi-
dencia com clareza a existência da trindade Divina. Essas evidências
estão distribuídas em três grupos representativos, nos quais aparecem
três personagens que representam o próprio Deus, os quais são: O
Anjo de Senhor; A Sabedoria, e o Messias prometido.
“Abraão! Abraão! E ele disse: ...eis - me, aqui... Então disse:... Não
estendas a tua mão sobre o moço, e não lhes faças mal; porquanto agora sei
que temes a Deus, e não me negaste o teu único filho..E chamou, Abraão,
o nome daquele lugar ...O Senhor proverá” (Jeová Jiré Gn 22.1-19).
Este Anjo, também apareceu a Hagar, serva de Sara, quando fugia
50
Edmilson Alves
O Messias prometido
O Ser prometido por Deus para remir Israel também é identificado
como sendo Deus. No livro do profeta Isaías, a profecia referente ao
nascimento de um menino que seria o Messias, é descrita da seguinte
forma: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o princi-
pado está sobre seus ombros, e o seu nome será, Maravilhoso, Conselheiro,
Deus forte, Pai da eternidade e Príncipe da paz”.(Is 9.6).
Mesmo sendo esta, uma profecia de duplo sentido, onde preconiza o
nascimento ou a ascensão do futuro rei de Israel, também se refere ao
nascimento e ascensão do Messias ungido de Deus. Que além de ter
o principado sobre seus ombros, Ele é Deus forte”, significando que
este menino não seria um menino comum, ele seria uma das três pes-
soas da trindade, isto é, o próprio Deus. Neste sentido um salmista,
referindo-se ao Messias, escreveu as seguintes palavras “O teu trono,
ó Deus é eterno e perpétuo, o cetro do teu reino, é um cetro de equi-
dade” (Sl 45.6).
No novo testamento
A doutrina da trindade é revelada de forma completa no novo testa-
mento, pois nele é apresentado de forma clara a atuação conjunta das
três pessoas; O pai, o filho, e o Espírito santo.
Deus Pai
“Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho..”
(Gl4.4) Passados muitos séculos de experiências aparentemente mo-
noteístas, chegou para o povo de Israel o tempo de conhecer mais pro-
fundamente a pessoa de Deus, e em particular a trindade. É no novo
testamento que esta doutrina é bem mais fácil de ser conhecida, pois
nele está evidente a atuação de Deus através das três pessoas distintas
52
da trindade, iniciando-se com a pessoa do Pai. Pedro, apóstolo, escre-
veu que nós cristãos, fomos “eleitos segundo a presciência de Deus
Pai...”(I Pd 1.2). Também o apóstolo Paulo escreveu que “graça a vós,
da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (IICo1.2).
O próprio Jesus orou a Deus, chamando-o de Pai (Mt 11.25,26) e deu
ensinos a este respeito e recomendou os discípulos a orar invocando o
“Pai nosso que estás nos céus” (Mt 5.16,45; 6.1-32).
Deus Filho
A dispensação da graça se iniciou com a revelação de Deus filho “..Más
vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho..”. O Filho, Je-
sus, se manifesta como sendo Deus igual ao Pai. “Eu e o Pai somos um..
Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o pai
senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar...(Jo 10.30; Mt
11.27)...e quem me vê a Mim, vê o Pai”.(Jo14.9).
Sendo Deus, o filho Jesus possui atributos exclusivos de Deus, que são:
Onipotência, que significa ter todo poder nos céus e na terra” (Mt
28.18).
Onipresença, que é estar presente em todo lugar (Mt 28.20).
Onisciência,que é ter conhecimento de todas as coisas (Jo 1.47-50).
Autoexistência, ter existência própria. (Jo 5.26).
Eternidade, ser eterno, não se limitar ao tempo (Jo 1.1,14).
Imutabilidade. Ele não muda, é o mesmo ontem, hoje e eternamen-
te. (Hb 13.8).
54
Cristologia
Estudo sobre Cristo
55
Indice
A natureza de Cristo.....................................................58
A natureza Divina.....................................................................58
A natureza h u m a n a ................................................................59
O seu caráter..............................................................................59
Os ofícios de Cristo......................................................61
Profeta .......................................................................................61
Rei..............................................................................................62
Sacerdote.....................................................................................62
O mundo quando Cristo nasceu..................................63
Uma língua mundial...................................................................63
Estradas imperiais.......................................................................64
Vias marítimas............................................................................64
A anunciação...................................................................65
O seu nascimento.......................................................................65
O alistamento ............................................................................66
O nascimento em Belém............................................................67
Do nascimento ao batismo.........................................................67
O ministério....................................................................71
Seu ministério na Judeia.............................................................71
Seu ministério na Galileia...........................................................71
Seu ministério na Pereia..............................................................73
Seus milagres e ensinos..................................................74
Os milagres ................................................................................74
Os ensinos..................................................................................74
Seus opositores...............................................................76
Os fariseus..................................................................................76
Os saduceus................................................................................77
Os zelotes...................................................................................78
Os Escribas.................................................................................78
Os samaritanos...........................................................................81
56
A crucificação e morte......................................................83
A prisão no Getsêmane...............................................................83
O julgamento.............................................................................83
As acusações...............................................................................84
A condenação.............................................................................84
A crucificação.............................................................................84
O Gólgota..................................................................................86
A Ressurreição.....................................................................88
Fatos da ressurreição...................................................................88
Provas da ressurreição.................................................................88
Efeitos da ressurreição.................................................................89
A ascenção..............................................................................90
57
A natureza de Cristo
Pela Bíblia vemos que Cristo teve duas naturezas, uma Humana e
a outra Divina. Isto é, ele era cem por cento Deus e cem por cento
homem. Porém as suas duas naturezas eram tão unidas e relacionadas
que formavam uma única personalidade. O autor da Epístola aos
Hebreus escreve “E visto como os filhos participam da carne e do
sangue, também Ele (Cristo) participou das mesmas coisas” (Hb
2.14), e ao assumir a sua humanidade, sendo Deus Ele uniu à sua
divindade para ser uma pessoa especial (I Tm 3.16).
A natureza Divina.
A Divindade de Cristo está evidente em várias passagens, do
novo testamento. (Jo 1.1-3) está escrito “No principio era o verbo,
e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus, todas as coisas
foram feitas por Ele e sem Ele, nada do que foi feito, se fez. Ele estava
no céu com o Pai (Jo 3.13; 17.4,5,24). Ainda estando na terra Jesus
disse: “Eu e o Pai somos um... E quem vê a mim, vê o Pai (Jo 14.4;
10.30). Jesus é o filho amado de Deus (Mt 3.17; Mc 1.11; Mt 17.5
; Jo 9.35-37) Ele é Deus (Rm 9.5). “E todas as coisas foram feitas
por Ele e para Ele” (Cl 1.13-19, Hb 1.2, Jo 1.1-3).Como Deus, Ele
pode perdoar pecado (Mt 9.6, Mc 2.5) Ele foi adorado (Mt 2.2; 11
14.33; 28.9 Lc 2.15 Mt 8.2 Jo 20.28 etc...) Ele possui os atributos
exclusivos de Deus, Que são:
Onipotência ( pode todas as coisas) - Jo 1.3 Ef 1.22 Cl 1.17 Fp 3.21
Hb 1.3 Ap 1.8.
Onipresença (está em toda parte (Mt 28.20 Ef 1.21).
Onisciência (sabe todas as coisas passado, presente e futuro) - Jo
16.30; 21.17 Ap 22.19; 3.1,8,15. Eter nidade (vive para sempre) -(
Hb 1.12, Ap 22.13) Com Deus, Ele é superior aos Profetas (Hb 11.1-
2) A Moisés (Hb 3.11-19) Aos Anjos Hb 1.4-8“Jesus é o Emanuel”
= “Deus conosco” ( Mt 1.23).
58
Edmilson Alves
A natureza Humana
No antigo testamento havia a promessa de Deus Trazer um salva-
dor da “semente da mulher” (Gn 3.15) Isaias disse: “Uma virgem
conceberá e dará luz a um filho e o seu nome será Emanuel” (Deus
conosco) - Is 7.14. E vindo a plenitude dos tempos Deus enviou seu
filho nascido de mulher, nascido sob a lei (Gl 4.4). “E o verbo se
fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14) E Ele “Sendo Deus, não teve
por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo toman-
do a forma de servo fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.7).
Cristo era Deus em forma de Homem e por diversas vezes referiu-se a
si mesmo como “Filho do Homem” (Lc 19.10; Mt 18.11 Lc 9.56).
Como homem Jesus teve um corpo humano (Mt 26.12; Lc 24.39 Jo
1.14; Hb 10.5,10,15; 2.14) Ele cresceu (Lc 2.41,46,52).
Ele foi tentado (Mt 4.1-10, Hb 2.18; 4.15), aprendeu a obedecer (Hb
5.8), teve fome (Mt 4.2; 21.18), teve sede (Jo 4.7;19.28), teve sono
(Mc 4.38), cansou-se (Jo 4.6 Mt 8.24), angustiou-se (Jo 12.27; 13.21),
sentiu compaixão (Mt 20.34), sentiu necessidade de orar (Mc 1.35: Lc
6.12), Ele chorou (Lc 19.41 Jo 11.35), Ele suou (Lc 22.44), Ele morreu
(Mt 27.50; Jo 19.34; I Cor 15.3), Ele foi sepultado (Mt 27.59-60).
O seu caráter
É digno de observação a maneira e comportamento de Jesus em
relação aos seres humanos. A postura irrepreensível com que se com-
portava, a maneira indiscriminada como tratava as pessoas, o amor
que demonstrava em ajudar o próximo, a coragem com que en-
frentava a hipocrisia dos Fariseus da época, e a paixão com que en-
carava sua obra. Nisto destacavam-se vários aspectos do seu caráter,
dentre os quais estão. Santidade, Sinceridade, Humildade, Coragem,
Compaixão.
59
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Os ofícios de Cristo
A Bíblia nos apresenta Cristo, como tendo uma tríplice função:
Profeta, Rei, Sacerdote.
61
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
62
Edmilson Alves
O mundo
quando Cristo nasceu
Estradas Imperiais
Visando a unificação dos povos, o império Romano construiu
grandes estradas para deslocamento rápido de tropas, correios do im-
pério e caravanas comerciais. Isto foi de grande utilidade, para os
mensageiros do Senhor levarem as boas novas até os confins da terra
(At 1.8).
Vias marítimas
Roma procurou expulsar do Mar Mediterrâneo os “piratas” da época
(salteadores do mar) Pois As extensas e grandes cargas serviam-se do
mar.
E os romanos chamavam aquele mar de “Mare Nostrum” (latim
“nosso mar” ) Navios estranhos tiveram que se submeter às leis marí-
timas romanas, e houve paz também nos mares do império e futu-
ramente, os missionários da igreja primitiva não tiveram dificuldade
de cortar os mares levando o evangelho por toda parte (inclusive o
apóstolo Paulo).
Apesar de haver um só governo que unia o mundo conhecido
proporcionando segurança e “paz” entre os homens, e haver inter-
câmbio entre nações, e vias de comunicação, facilitando os meios
de locomoção, e uma língua universal, mesmo assim a sociedade
marchava de mal a pior. A situação moral do mundo pagão tinha
atingido um estado de profunda miséria espiritual, para o que não
se achava remédio. E o mundo em geral, mesmo nas condições de
pecado em que vivia, anelava por uma revelação verdadeira, cuja luz
64
viesse iluminar as trevas do pecado.
Os próprios judeus em sua maioria viviam misturados com os
gentios, mas aguardavam ansiosos a redenção, principalmente a
libertação do jugo estrangeiro (neste caso, do jugo romano) e para
isto esperavam um Messias, prometido no Antigo Testamento, para
libertar Israel e reinar com poder para o seu povo. E nesta circuns-
tância, que se encontrava o mundo é que veio Jesus nascido de mulher
(Gl 4.4), para que todo aquele que nele crê, não pereça (Jo 3.16 ).
A anunciação
O Seu n a s c i m e n to
A Bíblia não fala detalhes sobre a vida de José e Maria antes do nas-
cimento de Jesus, mas há tradições judaicas que nos dão algumas in-
formações acerca deste casal judeu. Há uma tradição que relata esta
história com a seguintes palavras «José, que era da Judéia foi morar em
Nazaré da Galiléia com seu tio, irmão de seu pai já falecido. E este o fez
ingressar na sociedade nazarena e na comunidade dos filhos de Davi
ali residentes. Maria, por sua vez, morava com a mãe que era viúva
e tinha duas filhas: Mirian a mais velha, casada com Cléofas e Maria,
a caçula“ Ainda diz a tradição que Ana a mãe de Maria juntamente
com ela, trabalhavam para sua subsistência, ambas eram membros da
comunidade dos filhos de Davi e alvo de respeito e consideração de
todos. Essa comunidade contava com um bom número de membros,
e formara-se em Nazaré depois da expulsão de todos os filhos de
Davi (descendentes de Davi) que residiam na Judéia, por parte de
Herodes o Grande. Pois José era filho de Jacó e segundo a tradição,
tido como um dos herdeiros do trono de Davi. Porém, em Nazaré
José era um forasteiro vindo apenas para casar-se com Maria. E ainda
estavam noivos quando o anjo Gabriel apareceu a Maria, e transmitiu
lhe a mensagem que ela conceberia e daria luz a um filho (Lc 1.26-38)
e o nome deste filho deveria ser Jesus (em Hebraico “Yeoshuah”), que
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
O Alistamento
Próximo aos nove meses de gravidez de Maria, foi decretado pelo impe-
rador César Augusto, um recenseamento em todas as províncias do
império romano, onde todo mundo teria que se alistar, certamente
para fins de imposto. E para isto cada pessoa tinha que comparecer a
sua própria cidade, isto ocorreu por volta do ano 5 ac. (ou no ano 749
AUC, ano da fundação de Roma). Maria estava nos estágios finais da
sua gravidez. E como eram da cidade de Belém da Judéia, tiveram
que viajar cerca de mais 115 Km até Belém. Porém José que conhecia
a profecia bíblica que diz que o Messias deveria nascer em Belém
(Mq 5.2)resolveu cumprir sua parte, e mesmo com muita dificul-
dade ele foi até lá. Com isso aprendemos três coisas importantes:
Primeiro, o nosso desconforto, inclusive em momentos muito impró-
prios, pode ser parte do plano de Deus. Segundo, para que a palavra
do Senhor se cumpra em nossa vida e ministério, temos uma parte
a desempenhar.
E terceiro, devemos fazer as coisas do Senhor sem reclamar e sem exi-
gências infantis e egoístas.
66
Edmilson Alves
O Nascimento em Belém
Belém era uma das mais antigas cidades da Palestina conhecida
como “Cidade de Davi” porque Davi ali nasceu. Belém significa
“casa de pão” em Hebraico e “casa de carne” em Árabe, e é hoje uma
cidadezinha chamada Beitlahm que fica a 10 Km de Jerusalém.
Naqueles dias a cidade de Belém estava super lotada, acomodando
um número incontável de seus filhos que vinham de todas as partes
de Israel e do mundo Romano, para o recenseamento. Todas as casas
e estabelecimentos estavam lotados, e não havia lugar para Maria e
José que estavam cansados e abatidos da longa viagem. Segundo a
arqueologia, muitas casas em Belém eram construídas por cima de
cavernas naturais de pedra, e estas seriam como celeiros e estábulos
de animais, e segundo uma antiga tradição: “Diz- se que existia uma
dessas cavernas (estábulos) perto da cidade, vazia e abandonada, e
José com Maria estando cansados dos sofrimentos da viagem e ne-
cessitado de um abrigo, e não havendo lugar para eles nas estalagens,
casas e hospedarias, ocuparam este estábulo”. E ali Maria deu à luz,
e pôs o bebê em uma manjedoura era uma cocheira onde os ani-
mais comiam), acontecendo exatamente como estava predito: que
o Salvador nasceria em Belém (Mq 5.2) e que viria ao mundo como
pobre (Zc 9.9).
Do nascimento ao Batismo
Após o nascimento de Cristo, a Bíblia registra alguns acontecimentos
que marcaram a sua vida até o seu batismo:
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
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Edmilson Alves
Sua vida em Nazaré, (Lc 2.40-52) Jesus certamente teve uma vida
normal, crescia, alegrava-se, sujeitava-se à disciplina dos pais, compar-
tilhava de uma vida familiar com seus irmãos Tiago, José, Simão,
Judas e suas irmãs (Mt 13.55,56; Mc 6.3; Gl 1.19).Era Jesus, um
menino normal, mas crescia em estatura, sabedoria e graça para com
Deus e para com os homens (Lc 2.52). Como todo menino judeu Je-
sus certamente ingressou na escola, possivelmente aos cinco anos de
idade. Aos doze anos o vemos indo ao templo com seus pais, e ali per-
gunta e responde aos doutores com muita inteligência (Lc 2.46,47).
Tradições judaicas afirmam, que José morreu cedo, e por isso Jesus
precisou trabalhar arduamente ainda muito jovem, como carpintei-
ro, a fim de sustentar sua mãe e seus irmãos mais novos. Jesus era
bem conhecido na sua cidadezinha chamada Nazaré. Com a profis-
são que exercia, como carpinteiro Ele conhecia e era conhecido de
muitas pessoas para quem construía vários objetos de carpintaria
como; mesas, cadeiras, portas, janelas, etc. Isso dificultou para que os
seus vizinhos o aceitassem como Messias, Filho de Deus. Aos trinta
anos quando se apresentou, os seus conhecidos disseram: “não é este o
filho do carpinteiro?...” (Mt 13.55-57).
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
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Edmilson Alves
O ministério
O ministério de Cristo, durou cerca de três anos e meio, nos
quais Ele participou de quatro páscoas (Jo 2.11-13;Jo 5.1-15; Jo
6.1-4 ;Jo 19.14) Ele iniciou seu ministério na véspera de uma pás-
coa (Jo 2.11,13) e morreu na véspera de outra (Jo 19.14). No perío-
do do seu ministério, Jesus visitou oficialmente, cerca de quatorze
cidades, além de aldeias e lugarejos. Ele exerceu seu ministério em
três regiões diferentes: Judéia, Galiléia, Peréia.
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
38). Terceiro dia (terça feira) Jesus visita o templo pela ultima vez, e
daí vai para o monte das oliveiras (Mt 21.12-17; Mc 11.15-18; Lc
19.45-48). Quarto dia (quarta feira) Não se registra nenhuma ativida-
de de Jesus neste dia (talvez tenha descansado) Quinto dia (quinta feira)
Jesus celebra a última ceia, e a noite segue para o monte das Oliveiras e
para o Getsêmane (Mt 26.36-46; Lc 22.39-46; Jo 18.1-11). Sexto dia
(sexta feira), Jesus é condenado à morte e segue para o Calvário, onde
termina sua trajetória terrena (Mt 27.26; Lc 23.24,25; Jo 19.16).
Os ensinos
Além dos milagres, o que mais se destacou no ministério de Cris-
to, foi os seus ensinos revolucionários. Os ensinos de Cristo eram
a expressão da autoridade de um ensinamento autêntico da Palavra
de Deus. Jesus era qualificado como mestre, pois os conhecimentos
74
Edmilson Alves
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Seus opositores
Alguns partidos religiosos ouviam e seguiam Jesus, testando-o,
avaliando- o e tentando saber se Ele era realmente o Messias. Os
partidos religiosos da época eram quatro: Os fariseus, Os Saduceus,
Os Zelotes, Os Essénios.
Os Fariseus
Esses eram o principal grupo religioso que se opunha a Jesus.
Formavam um partido popular, de classe média e mantinham altos
padrões de pureza, sobretudo na questão do sábado, pureza ritual e o
tempo exato dos dias festivos. Os judeus que agiam contra eles
eram tratados pelos mesmos como gentios, excluindo-os dos concí-
lios locais, boicotando seus negócios, banindo-os dos banquetes e dos
acontecimentos sociais. Os fariseus criam apaixonadamente na vin-
da do Messias, Suas principais doutrinas eram as seguintes:
A Lei Oral. Eles acreditavam ter Deus entregue-a a Moisés através
de um anjo, e diziam ter a Lei Oral autoridade igual à Lei Escrita.
76
Edmilson Alves
Os Saduceus
Os saduceus eram uma classe que em sua maioria eram sacerdotes
ricos e aristocratas. Na teologia, eram humanistas: não criam na vida
após a morte nem na intervenção divina aqui na terra. Eram materia-
listas e desfrutavam muito bem as riquezas materiais. Os sa-
duceus, não reconheciam a autoridade da tradição oral negavam a
existência do mundo espiritual não criam na ressurreição dos mortos
nem na vida futura, aceitavam como canônicos apenas os livros de
Moisés, eram simpáticos à cultura helenistas, contavam com pouco
apoio popular; eram inimigos dos fariseus. Os ensinamentos de Jesus
eram um ataque direto à posição dos saduceus. Por isso ficaram in-
dignados quando Jesus purificou o Templo(Mt 21:12-15).
Eles procuraram criar dificuldades a Jesus fazendo-lhe perguntas
astutas (Mt 22:23-28). Portanto, os saduceus tentaram atrapalhar
o ministério de Jesus, mas não conseguiram, e o Mestre sobre eles
triunfou.
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Os Zelotes
Os zelotes eram representantes de uma estratégia diferente de sepa-
rativismo. Defendiam uma revolta armada para expulsar os estrangei-
ros impuros. Um grupo deles especializava-se em atos de terrorismo
político contra os romanos, enquanto outro grupo operava como
uma espécie de polícia moral, para manter os judeus na linha. Eles
declaravam que qualquer judeu que se casasse com uma pessoa de ou-
tra nação seria linchado. Durante o ministério de Jesus observadores
certamente notaram que no grupo de discípulos de Jesus estava um
zelote (Simão, o zelote Lc 6:15). Os contatos sociais de Jesus com
gentios e com estrangeiros, e também as suas parábolas (como a do
Bom Samaritano) certamente deixou os zelotes extremistas enfure-
cidos. Eles acreditavam que a submissão a Roma era traição a Deus.
E eram conhecidos também como Cananitas (Mt 10:4) Foram eles
que provocaram a rebelião que culminou com a destruição de Jeru-
salém no ano 70 d.c E eram também considerados como o terror
dos soldados romanos.
Os Escribas
Os escribas no começo do Velho Testamento eram contratados
como escritores para escrever ou traduzir informações. Depois do
exílio, os escribas eram uma classe de estudiosos que ensinavam, co-
piavam e interpretavam a lei judaica para o povo. Eles aparecem nos
evangelhos primeiramente como opositores de Jesus. A preparação dos
escribas ocorreu primeiramente entre grupos de base familiar sacerdo-
tal. Eles garantiam a regulamentação e continuação desta posição (I
Cr 2:55). Mais adiante, o treinamento para se tornar um escriba foi
aberto a membros de todas as classes. Na época de Jesus, escribas que
não eram de famílias sacerdotais, se tornaram bem mais numerosos e
influentes. O treinamento na lei começava desde muito cedo debaixo
da supervisão pessoal de um mestre (rabino). Ele dava instruções sobre
tudo que fosse pertinente à lei e sua interpretação para as necessidades
presentes. A lei escrita de Moisés não falava sobre as condições depois
do exílio, então os escribas fizeram uma contribuição significativa à
interpretação oral e a aplicação da lei escrita. A lei oral, que ficou sendo
78
Edmilson Alves
conhecida através deles, era tão respeitada quanto à lei escrita. Era con-
siderada igualmente importante para aqueles que desejavam agradar a
Deus (Mc 7:6-13). Essa importante função, que morava no coração
da vida judaica, se deve a participação dos deles no Sinédrio. O Siné-
drio precisava tomar decisões legais se mantendo dentro da lei. Eles
obviamente precisavam da presença de pessoas que tivessem o maior
conhecimento possível dos menores detalhes da Torá e dos princípios,
fazendo com que se aplicassem a novas circunstâncias. Consequente-
mente, os escribas eram os únicos membros fora os sumo sacerdotes e
os anciãos, que eram representados nesse Sinédrio judaico (Mt 26:57;
Mc 14:43, 53; Lc 22:66; At 23:9). Eles eram muitíssimo respeitados
dentro da comunidade judaica. Eram instrutores da lei tanto dentro
do templo (Lc 2:46) quanto nas várias sinagogas da Judeia e da Ga-
lileia (Lc 5:17). Eram também membros proeminentes do Sinédrio.
80
Edmilson Alves
Os samaritanos
Era mais um dos grupos também religiosos existentes na sociedade
onde viveu Jesus. Os samaritanos eram uma seita antiga, e ainda hoje
existente entre os judeus, derivando o seu nome de Samaria, a cidade
capital dos seus domínios.
Depois da queda de Samaria e do reino de Israel, o conquista-
dor Sargom levou a massa dos seus habitantes para a Assíria, sendo
depois repovoados, em parte, os territórios dos israelitas por estran-
geiros, vindos das regiões vizinhas do Tigre e do Eufrates (2 Rs 17).
Estes são os israelitas, que tinham ficado na terra de Israel,
aliaram-se por casamentos recíprocos, tomando mais tarde o nome
de samaritanos. O despovoado país tinha sido invadido por animais
ferozes, tirando os idólatras desse fato à conclusão de que o “Deus
dos pais” estava encolerizado.
E, aterrorizados com essa ideia, mandaram pedir ao imperador da
Assíria que lhes fosse mandado um sacerdote do Senhor, a fim de
instruí-los sobre a maneira de prestar culto ao Deus de Israel. Ao
princípio a sua religião era de diferentes cores: “temiam o Senhor e
ao mesmo tempo serviam aos seus próprios deuses”.
Mas, depois das reformas introduzidas por Josias, reformas que se
estenderam até Betel e aos distritos do norte (2 Rs 23:15 - 2; Cr 34:6,
7), parece que o povo cedeu à destruição dos seus ídolos, aceitando
nominalmente a religião israelita. Todavia, embora tivessem a mesma
religião que os judeus, não tinham destes a sua estima, visto como eles
se tinham servido de calúnias e de vários estratagemas para impedir a
reedificação do templo de Jerusalém (2 Rs 17- Ed 4:5, 6).
Depois do cativeiro, tendo principiado por Neemias, uma reforma
na Judéia, deu-se o caso de alguns dos judeus, que tinham casado com
mulheres pagãs, preferirem passar para o lado dos samaritanos a terem
de repudiá-las. Um destes foi Manassés, filho do sumo sacerdote, o
qual conseguiu que os samaritanos renunciassem a muitas das suas
idolatrias, edificando sobre o monte Gerizim um templo, onde o
culto se assemelhava ao de Jerusalém. Mais tarde, quando o país
fazia parte do império grego, revoltaram-se os samaritanos contra
o poder de Alexandre. Este os expulsou de Samaria, reuniu-os com
os macedónios, sendo dada a província aos judeus. Contribuiu esta
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
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Edmilson Alves
A crucificação
e morte
O julgamento. Após ter sido preso Jesus, passou por seis julgamentos.
O primeiro julgamento foi por Anás, sogro de Caifás sumo sacerdote.
Após ter sido preso Jesus foi conduzido a presença de Anás, o qual o
examinou, e não encontrando motivo para incriminá-lo enviou-o
a Caifás sumo sacerdote (Mt 26.57-68; Mc14.53-65; Lc 22.63,65;
Jo 18.13,14).
O segundo julgamento foi diante do sumo sacerdote Caifás o qual
além de sumo sacerdote, era também presidente do Sinédrio (Jo
18.24).
O terceiro julgamento, foi perante o Sinédrio (Mc 14.55;Mt 26.57).
(O Sinédrio era um conselho formado por setenta membros e um
presidente Mt 27.1; Lc 22.66- 17). O quarto julgamento foi dian-
te de Pôncio Pilatos que era governador da judéia (Jo 18 .28;Mt
27.2,11,14;Mc 15.2-5;Lc 23.1-5;Jo 18.28-38) . O quinto julgamento
foi perante Herodes, governador da Galiléia (Lc 23.7-11). O sexto-
julgamento foi novamente perante Pilatos (Lc 23.11; Mt 27.15-25;
Mc 15.6-15; Lc 23.13-25,50; 18.39,4).
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
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Edmilson Alves
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
As palavras ditas por Ele na cruz ao todo, foram sete pequenas frases:
“Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34); “...
Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43);
“..Mulher eis aí o teu filho... Filho eis aí a tua mãe..” (Jo 19.26,27),
“..Eli, Eli, Lama Sabactani” (Mt 27.46); “...Tenho sede Jo 19.28;
“...Está consumado”(Jo 19.30); “Pai, nas tuas mãos entrego meu
espírito” (Lc 23.46).
No momento em que Cristo expirou ocorreram vários sinais
na natureza; Houve trevas (Lc 23.44) O véu do templo se rasgou
de alto a baixo (Mt 27.51; Mc 15.38) A terra tremeu (Mt 27.51)
Sepulcros se abriram, e muitos santos, após a ressurreição de Cristo,
ressuscitaram (Mt 27.52). Os crucificados às vezes ficavam alguns
dias vivos mesmo agonizantes. E por isso os soldados, ao tirar os
corpos da cruz, quebravam-lhe os ossos para acelerar a morte. Mas no
caso de Jesus, não lhe quebraram osso, pois Ele já estava totalmente
morto. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e
logo saiu sangue e água. E cumpriu-se a Escritura que diz:
“Que Ele seria traspassado” (Zc 12.10) porém também se cumpriu
a profecia que dizia: “Que nenhum dos seus ossos seria quebra-
do”(Sl34.20).
Após a crucificação, Jesus foi removido da cruz para ser sepul-
tado. Um homem chamado, José de Arimatéia que era membro do
Sinédrio, e que era discípulo de Jesus, juntamente com Nicodemos
mestre de Israel.
Ambos eram discípulos de Jesus, secretamente. Eles se responsabi-
lizaram pelo sepultamento de Jesus: E tiveram que, Retirar-lhe os
cravos das mãos e dos pés; Tirar o corpo da cruz com cuidado; Tirar
os espinhos que dilaceraram sua fronte,Ungir a cabeça com óleo, e
passar em tudo corpo o composto de mirra e aloés, envolvê-lo em
lençóis, tudo conforme o costume dos judeus; Finalmente conduzi-
ram, Jesus ao sepulcro. Ele morreu às três horas da tarde, e deveria ser
sepultado antes das seis horas pois às seis horas se iniciava o sábado,
no qual era proibido pela lei, fazer sepultamento, ou alguma outra
coisa (Dt 21.23; Ex 12.16) Jesus foi sepultado em um sepulcro cava-
do numa rocha, em um jardim perto do lugar da crucificação. Após
colocarem ali o seu corpo puseram uma grande pedra na entrada do
sepulcro(Mt 27.57-60; Mc 15.42-47;Lc 23.50-57;Jo19.38-42).
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
A Ressurreição
Duas palavras gregas definem o termo “ressurreição”, a palavra
Anastasis que quer dizer “tornar à vida, levantar-se”, e a outra é a
palavra egeiro, que significa “acordar, despertar”. São palavras gregas
que esclarecem o sentido de ressurreição. A ressurreição de Cristo
foi anunciada desde o Antigo Testamento (Sl 16:9,10; Is 26:19) e
também o próprio Jesus predisse que haveria de morrer e ressuscitar
ao terceiro dia (Mt 12: 40; 16:21; 17:23; 20:19; 26:36; 27:63; Mc
9:9; 14: 28; Lc 24:7; Jo 2: 19,21). Acerca dos fatos sobre a ressurrei-
ção de Jesus, leia os seguintes capítulos: Mateus 28, Marcos 16, Lucas
24 e João 20 e 21.
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Edmilson Alves
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
A ascenção
A ascensão de nosso Senhor Jesus está registrada em (Lc 24.50-51;
At1.9-12). Após a ressurreição, Jesus permaneceu por quarenta dias
na terra com seus discípulos. Porém, findando os quarenta dias,
Jesus conduziu os discípulos até ao monte das Oliveiras, e ali deu
instruções a eles, dizendo: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo
que há de vir sobre vós, e ser- me-eis testemunhas tanto em Jerusalém
como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra” (At 1.8).
Os discípulos o viram subir. Pois ao terminar as instruções “foi Jesus
elevado às alturas, à vista deles” (At 1:8).
A despedida de Cristo, Ele levantou as mãos e os abençoou; não
partiu com qualquer ressentimento dos discípulos, mas os amou até o
último momento e disse- lhes: “Eis que eu estou convosco todos os
dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20).
Foi recebido nos céu. No momento da ascensão de Cristo ao
céu apareceram dois anjos, os quais falaram aos discípulos: “Varões
galileus, porque estais olhando para o céu? Esse Jesus que dentre vós
foi recebido no céu, há de vir, assim como para o céu o vistes ir” (At
1.10,11) Ao chegar ao céu Jesus assentou-se à destra de Deus, no Seu
trono (Hb 1:3; Ap 3:21; 12:5; Mc 16:19).
90
Paracletologia
Estudo sobre o Espírito Santo
91
Indice
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Edmilson Alves
O Espírito Santo
no conceito bíblico cristão
Definição
No texto bíblico hebraico do antigo testamento, o termo Espírito é
traduzido pela palavra Ruach que ocorre por cerca de 378 vezes, e pos-
sui uma grande quantidade de sentidos. Dentre os quais estão; Vento,
respiração, força, ânimo, capacidade, mente ou pensamento, Espírito
humano, anjos e Espírito Santo”.
Nestes muitos significados da palavra, é possível classificar uma
tríplice divisão de significados lógicos, agrupando-os em significados:
Fisiológicos, Psicológicos e Sobrenaturais:
Fisiológicos; Vento, Respiração, Força. Psicológicos; Mente, pensamento,
espírito humano. Sobrenatural; Anjos, capacidades e Espírito Santo.
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Força. No Salmo 51.12, Davi fez uma oração usando as seguintes pa-
lavras “torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um
Espírito voluntário”.
94
Edmilson Alves
Espírito humano. No livro de Gênesis 7.21 e 22, é dito que “.. expi-
rou toda carne que se movia sobre a terra e tudo que se tinha fôlego de
Espírito em seus narizes”. Referência semelhante encontramos em Ecle-
siastes; “E o pó volte à terra como era, e o Espírito volte a Deus que o
deu”, Ec 12.7.
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
O Espírito Santo
e sua personalidade
Sua Divindade
Assim como o Pai e o Filho, o Espírito Santo é Deus, e como tal Ele
possui atributos naturais que são exclusivos de Deus, os quais são:
Israel, como “um Deus cuja presença não se limitava à terra, o céu, ou
o céu dos céus” (l Rs 8.27). A esse respeito, um salmista exclamou as
seguintes palavras; “Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei
da tua face. Se subir ao céu, tu aí estás, se fizer no Sheol a minha cama, tu
ali estás também, se tomar as asas da alva e se habitar na extremidade do
mar, até ali tua mão me guiará, e a tua destra me susterá”. (Sl 139.8-10).
Em l Coríntios 2.10, diz que “o Espírito Santo penetra todas as coisas, até
as profundezas de Deus”.
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Os símbolos
do Espírito Santo
Vento
No hebraico Bíblico é “ruach” e em grego é “pneuma”.
Ambos tem o mesmo significado, que é “sopro, fôlego, espírito”.
Em diversas passagens Bíblicas o Espírito é associado a “um vento”.
Em (Gn 12) o Espírito (ruach), se movia (como um vento) sobre a face
das águas. Em (Êx 14.21) diz que o Senhor soprou um vento (rua-
ch) oriental e abriu o Mar Vermelho. Em (Nm 11.31) está escrito que
soprou um “vento do Senhor e trouxe codornizes do mar”. Também
consta que quando Jonas fugiu para Társis, Deus enviou sobre o mar
um “vento forte” ( Jn 1:4). E em (Ezequiel 37:9), o profeta profetiza as
seguintes palavras: “Vem dos quatro ventos, ó Espírito, e assopra sobre
esses mortos para que vivam”. E no Novo Testamento quando os dis-
cípulos estavam reunidos no cenáculo esperando a promessa de poder
do alto, de repente veio do céu um som como de um vento veemente e
impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam reunidos.”(At 2.1,2).
Em todas essas referências citadas o Espírito Santo está associado ou
simbolizado pelo vento. O Ruach (Espírito, fôlego, sopro, vento) é tão
98
Edmilson Alves
importante quanto à vida. Sem este vento o homem não tem fôlego,
não tem Espírito e não tem como existir.
Existem várias características que assemelham o vento ao Espírito
Santo, dentre tantas selecionamos as seguintes: Invisibilidade, multi-
formidade, movimento, independência, purificação e poder.
Invisibilidade. Podemos sentir os efeitos do vento e do Espírito, porém
jamais poderemos vê-los.
Multiformidade. Assim como o vento pode se apresentar como uma
leve brisa, também pode se apresentar como um furacão. Da mesma
maneira, o Espírito pode agir suavemente num coração, mas pode tam-
bém agir como um vento poderoso que abre o mar.
Poder. Alguém pode até subestimar a brandura de uma leve brisa, mas é
inútil desafiar o poder de um furacão. O Espírito Santo é meigo, dócil
e manso, todavia é o Espírito de fortaleza e poder do Senhor (Is 11.2;
II Tm 1.7).
Água
A água é um dos elementos naturais mais importantes e existe antes
da humanidade (Gn 1:2). Cerca de ¾ do planeta terra é ocupada por
água. Os primeiros seres viventes foram criados da água (Gn 1.20,22),
e o homem, considerado o mais importante das criaturas foi feito do
pó da terra mas contendo no seu corpo cerca de 75% de água. A gran-
99
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
100
Edmilson Alves
(Ml 4:2) e com alegria ela envia ao céu louvores espirituais, os quais são
revertidos em forma de chuva de bênçãos (Is 45:8) que fazem germinar
e crescer no cristão o “fruto do Espírito” (Gl 5:22). Este é um ciclo hi-
drológico, tanto natural quanto espiritual, e que destaca como fatores
determinantes à água e o Espírito, e ambos fazem frutificar.
Sacia a sede. Uma das principais utilidades da água é saciar a sede. Um ser
humano poderia ficar vários dias sem comer porém, jamais aguentaria
ficar vários dias sem beber água. Além da sede física, o homem também
possui sede espiritual e esta somente Deus através do Espírito Santo é
quem pode saciar ( Sl 42:1, 2; Jo 4:10-15 ). No livro de Apocalipse há um
grandioso convite descrito nas seguintes palavras: “O Espírito Santo diz:
Quem tem sede venha e beba de graça da água da vida” (Ap 22:17).
Fogo
Na Bíblia, o fogo além de ser símbolo de Deus (Hb 12:29) e de
Cristo (Ap 1.14) é também símbolo do Espírito Santo ( Ap 4.5 ). No
Antigo Testamento com muita freqüência a presença de Deus foi ma-
nifesta por meio do fogo (Êx 3:1-5; 19:18; Lv 10:1,2; Nm 3:4;26:61).
A própria Palavra de Deus também tem sido comparada a este
elemento da natureza ( Jr 23.29) porém uma das simbologias mais im-
portantes em relação ao fogo no cristianismo é como símbolo do Espí-
rito Santo, o qual é descrito em Apocalipse (4.5) como “Lâmpadas de
101
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Iluminação. Uma das funções do fogo é gerar luz para iluminar, prin-
cipalmente nos tempos remotos em que não havia luz elétrica e a hu-
manidade se valia de tochas, lamparinas e fogueiras para obter luz. Até
o próprio Israel quando peregrinava no deserto, à noite Deus colocava
uma coluna de fogo no caminho para aquecer e principalmente os ilu-
minar (Êx 13.21,22).
Na vida cristã é preciso andar na luz (I Jo 1.7) para não se errar
o caminho (Is 30:21; Jo 14:6). E a pessoa enviada por Deus para nos
iluminar e nos guiar é o Espírito Santo (Gl 5.18).
102
Edmilson Alves
Pomba
A pomba estava classificada na lei entre os animais limpos e podia
ser oferecida em sacrifício pelos mais pobres que não tinham condição
de oferecer um animal de maior valor (Lv 5.7; 12:8; Lc 2.22). A pri-
meira vez que a pomba é mencionada na Bíblia é em Gn (8.8-12) no
episódio que relata o pouso da arca de Noé no monte Ararat.
Quando Noé soltou uma pomba pela janela da arca para ver se
as águas haviam baixado. Por três vezes ele enviou esta ave para ver se
encontrava terra. Desta passagem bíblica extraímos um perfeito simbo-
lismo do envio do Espírito Santo ao mundo, que também tem vindo a
terra em três etapas conforme o gráfico a seguir:
Primeira vez que a pomba foi enviada, más não A primeira vez que o Espírito Santo veio a terra
encontrou terra à vista e voltou para a arca( apenas em algumas pessoas no antigo testamento
Gn 8.8,9). esporadicamente e retornou ao céu.
Segunda vez a pomba foi enviada e retornou Segunda vez que o Espírito Santo veio à terra foi
trazendo no bico uma folha de oliveira (Gn no batismo de Jesus, e pousou Nele e retornou ao
8.10,11). céu (Mt 3.16 ).
A terceira vez, a pomba foi enviada, e encon- A terceira vez que o Espírito Santo veio a terra
trou terra seca e não voltou mais à arca (Gn foi no pentecostes, e cremos que Ele ficou e
8.12 ). continua conosco
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Mansidão. O salmista Davi desejou ter asas como “pomba” para na tem-
pestade fugir e descansar no deserto, onde há mansidão. As pombas são
pacíficas e muitíssimo mansas. O Espírito Santo é manso e atua no cris-
tão gerando mansidão (Gl 5:22). Ele é Deus e como tal, não é de con-
fusão, e sim, de paz (I Co 14.33). Jesus disse que os mansos herdarão a
terra (Mt 5:5) E para sermos mansos, precisamos andar com, ou no Es-
pírito Santo (Gl 5.16, 22) pois onde há tumulto, violência e confusão o
Espírito não pode estar presente, pois ele é Deus de paz e “mansidão”.
105
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai;
assim é todo aquele que é nascido do Espírito” ( Jo 3:8). A palavra grega
“pneuma” usada no Novo Testamento para designar “Espírito” tam-
bém significa “vento”, e este, por sua vez, significa “ar em movimento”.
Portanto uma das características do Espírito é movimentar-se, e ele se
movimenta no seio da igreja, atuando de diversas formas, em diferentes
pessoas, visando a exortação, consolação e edificação delas.
Selo
O selo era um sinete ou emblema utilizado antigamente como
forma de reconhecimento de que uma transação fora realizada e que o
preço fora pago (Jr 32:9,10). Era ainda uma espécie de “marca registra-
da” com o objetivo de designar o dono legítimo de alguma possessão.
No novo testamento o selo tinha uma utilidade ainda mais abrangente
servindo para representar propriedade, autoridade, segurança, autenti-
cidade e destino.
Nos seus ensinos, o apóstolo Paulo compara o Espírito Santo a
um Selo na vida do crente como uma “marca registrada” de Deus,
indicando que somos propriedade dele (Ef 1:13; 4:30). A partir destes
ensinos, o selo tem sido biblicamente um importante símbolo do Es-
pírito Santo, e esta simbologia se aclara pelas seguintes características:
Propriedade, autoridade, autenticidade, segurança, destino.
106
Edmilson Alves
Azeite
Nos tempos bíblicos, o azeite era um produto de primeira necessidade.
Sua principal fonte era a oliveira que dá a azeitona, de onde se extraía
o azeite que era usado para abastecer as lâmpadas do santuário (Êx
27:20,21), mas havia também o “azeite da unção”, que continha uma
composição especial de várias especiarias e era feito exclusivamente para
ungir (Êx 30:22-33). O azeite da unção era receita exclusiva de Deus e
era proibido fabricar outro com a mesma composição ou usar para fins
particulares (Êx 30:32,33). Semelhante ao azeite da unção, o Espírito
Santo não pode ser imitado, e seus dons não devem ser negociados ou
usados para benefício próprio.
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Cura. O azeite era muito utilizado como medicamento para curar feridas (Lc
10:34; Is 1:6) e por servir como remédio e ser símbolo do Espírito, os apóstolos
recomendavam aos presbíteros que ungissem os doentes com azeite (Tg 5:14).
O Espírito Santo traz cura aos oprimidos e de coração quebrantado (Lc
4:18,19).
108
Edmilson Alves
110
Edmilson Alves
O Espírito Santo
no antigo testamento
Na criação
Em Gênesis 1.2 diz que a terra era sem forma e vazia “mas o Espírito de
Deus pairava sobre a face das águas”. O Espírito pairava sobre as águas
para preservar o que já havia sido criado e prepará-lo para a continua-
ção dos seis dias de criação que se seguiriam. No livro de Jó está escrito
que “O Espírito aclara os céus” ( Jó 26.13).
O Espírito em Gn 1.2 e Jó 26.13 em hebraico é ruach, que significa
“sopro, vento e espírito”. O livro de Salmos também diz que “Deus
envia seu Espírito e renova a face da Terra” (Sl 104.30). Embora em
Gn 1:2 a terra estivesse sem forma e vazia não era, no entanto, de todo
caótica, pois o Espírito de Deus estava lá, para controlar as águas e,
embora houvesse trevas na face do abismo, o Espírito de Deus estava
lá ativo, preparando o momento de fazer aparecer a luz (Gn 1:2, 3). O
Espírito é a fonte de vida de toda criação: “e se o Espírito for retirado,
toda a criação morre” ( Jó 34:14).
111
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Na criação do homem
Em Gênesis 1:2b mostra-nos o Espírito ativamente presen-
te na criação do homem, nas palavras que diz: “Façamos o ho-
mem à nossa imagem, ...”. Neste versículo, vemos a trindade
(Pai, Filho e Espírito Santo) trabalhando juntos na criação do ho-
mem, e nesta importante obra, trabalharam da seguinte forma:
“o Pai planejou, o Filho executou, e o Espírito Santo deu vida”.
Lemos em Gn 2:7 : “então formou o Senhor Deus o homem do pó da
terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida...”
O que nos faz entender, que, corpo, alma e espírito dependem do
próprio Espírito Santo para sobreviver. Corroborando este assunto, o
livro de Jó afirma que “O espírito do Senhor me fez, e o sopro do todo
poderoso me deu vida” (Jó 33.3). O mesmo ainda acrescenta que “se
Deus tirar seu Espírito, da vida humana toda carne chegaria ao fim” (
Jó 34:14). Também o livro de provérbios (20.27) diz: que “O espírito
do homem é a lâmpada do Senhor”.
Portanto o Espírito Santo esteve presente em todas as áreas da criação:
Sustentando a natureza e a vida animal; Dando vida espiritual (espírito)
a todo ser humano.
Na capacitação
O Espírito Santo esteve no Antigo Testamento capacitando várias pes-
soas para realizarem importantes tarefas em Israel. O Espírito os habi-
litou de diversas maneiras: com sabedoria para liderar (Êx31:3) com
perícia ( Jz 3:10) com força física ( Jz 14:16) Entre as pessoas que foram
capacitadas ou impelidas pelo Espírito estão: os artífices: (Bezaleel e
Aoliabe) os juízes: Débora, Gideão, Sansão, etc.
Os artífices
Bezaleel e Aoliabe, segundo o texto de Êx 31:2, 3, 6 e 35:30, 31, 34, foram
cheios do Espírito e de sabedoria para aprimorarem suas habilidades e
ensinarem a outros a construir as peças do Tabernáculo. Conforme Êx
31:3 Bezaleel e Aoliabe foram cheios do Espírito de Deus e também
de sabedoria, entendimento, ciência. Este enchimento do Espírito lhe
112
Edmilson Alves
Os Juízes
Os juízes foram pessoas levantadas por Deus em momentos difíceis
para livrar seu povo dos seus opressores. Quando esses juízes eram
despertados e movidos pelo Espírito Santo, traziam o povo de volta a
servir a Deus. Eles também precisavam de sabedoria, entendimento e
ciência para liderar e julgar Israel. Dentre os quinze juízes que julgaram
Israel, muitos deles se destacaram pela atuação do Espírito Santo em
suas vidas. Veremos neste tópico um breve relato acerca da influência
do Espírito Santo na vida de três importantes juízes de Israel, que são
eles: Débora, Gideão e Sansão:
Débora. ( Jz 4:4-24; 5:1-32). Era profetiza e uma porta-voz de
Deus inspirada pelo Espírito Santo. Com sabedoria julgava e ensinava
a nação. Ela costumava assentar debaixo de uma palmeira entre Ramá
e Betel, e o povo vinha a ela para que resolvesse suas questões. Com
muita sabedoria proporcionada pelo Espírito, Débora liderou com
êxito a nação de Israel.
Gideão. ( Jz 6:11-40; 7:1-25; 8:1-35) Foi o sétimo juiz de Israel
e teve uma incumbência divina de com apenas trezentos homens
enfrentar um exército de 135 mil midianitas. Mesmo com um exército
insignificante Gideão foi vitorioso. O grande segredo da vitória de
Gideão está no versículo que diz: “O Espírito do Senhor revestiu a
Gideão” ( Jz 6:34) Ele foi revestido do Espírito e encorajado várias
vezes. No hebraico a frase “revestiu a Gideão” significa “vestiu-se de
Gideão”. Segundo Stanley Horton1 o que quer dizer que Gideão era a
“roupa” e o Espírito Santo se vestiu dele. Gideão era apenas o “manto
exterior do Espírito que governava, falava e testificava nele”.
O Espírito de Deus foi o grande responsável pelas vitórias de Gideão.
Sansão ( Jz 13:1-25; 14:1-20; 15:1-20; 16:1-31) Foi um dos
1 HORTON, Stanley, Teologia Sistemática, CPAD, Rio de Janeiro
113
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
pelo Espírito Santo” (II Pe 1:20- 21). Muitos dos próprios escritores
Bíblicos e até o próprio Jesus testificaram que o Espírito Santo inspirou
os escritores sagrados.
Vejamos o que disseram: (Pedro) “Varões irmãos, convinha que se
cumprisse as Escrituras que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi
“ (At 1:16). ( Davi ) “ O Espírito do Senhor falou por mim, ...” (
II Sm 23: 2)(Paulo) “Bem falou o Espírito Santo aos nossos pais pelo
profeta Isaías” (At 28:26). ( Jesus) “O próprio Davi disse pelo Espírito
Santo...” (Mc 12:36).
Os escritores sagrados escreveram sob a supervisão e orientação do
Espírito Santo. Mesmo tendo a Escritura sido escrita por cerca de 40
autores num período de 15 séculos, e os autores pertencendo a clas-
ses sociais diferentes como políticos, pescadores, agricultores, médicos,
reis, soldados, etc.; e sendo escrita em locais diferentes, como na prisão,
no deserto, num palácio; e em épocas diferentes: no exílio, na guer-
ra, nas viagens; e contendo assuntos diferentes: história, poesia e leis;
com gêneros de literatura diferentes: biografia, história, alegoria, cor-
respondência pessoal; e escrevendo em três idiomas diferentes: uns em
hebraico, outros em grego e outros até em aramaico; muitos escritores
escreveram em continentes diferentes e todos estes tinham fraquezas
pessoais, tinham virtudes e também defeitos, porém, toda Escritura Sa-
grada é perfeita, e nela não há erro nenhum.
Os livros, capítulos e versículos combinam-se em toda Escri-
tura e em cada detalhe. Isto seria impossível se a inspiração da Bíblia
viesse de algum homem, porém, veio do Espírito, por isso é que elas
são perfeitas.
E assim como o Espírito esteve atuando na criação, Ele também es-
teve inspirando aos escritores das Sagradas Escrituras, tanto no Antigo
como no Novo Testamento.
115
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
O Espírito Santo
no novo testamento
Na vida de Cristo
Desde o momento em que Maria se achou grávida pelo Espíri-
to Santo, a atuação deste, é marcante na vida e ministério de Jesus.
O Espírito o acompanhou nos momentos mais importantes da sua vida
e trajetória.
O seu ministério foi inaugurado pelo Espírito Santo que foi visto
em forma corpórea de uma pomba pousando em Jesus após o batismo.
Em seguida, o Espírito o impulsiona a ir ao deserto onde após 40
dias de jejum, Ele foi tentado pelo diabo. Após a tentação, Jesus sente-
se cheio do Espírito Santo e retorna para Galiléia, indo em seguida à
sinagoga em Nazaré, onde deu seu discurso inaugural, fazendo uso das
palavras do profeta Isaías (61:1,2), onde o profeta diz: que ´´o Espírito
do Senhor está sobre ele para evangelizar, curar, dar liberdade a cativos e
oprimidos e fazer anúncio do ano do Senhor“ Após fazer a citação destes
versículos, Jesus diz aos ouvintes que naquele momento os escritos de
Isaías estava se cumprindo nele. Posteriormente Jesus efetuou curas,
libertação e maravilhas pela virtude do Espírito Santo. Além dos
milagres e maravilhas, Jesus também teve a participação do Espírito nos
seus ensinos, que de tão inspirados tocavam profundamente o coração
dos ouvintes a ponto de muitos dizerem que jamais alguém falou Ele (
Jo 7:46; Mt 7:28,29; Mc1:22).
O Espírito Santo também esteve guiando Jesus em sua trajetória
pelas cidades e aldeias e, por mais difícil que seja, também o guiou pela
via dolorosa que conduzia ao Calvário, onde ali se ofereceu na cruz
através do Espírito (Hb 9:14). Deste breve resumo sobre o Espírito na
vida de Cristo, sintetizaremos os pontos principais em que o Espírito
atuou na vida e ministério de Jesus. Vejamos cinco pontos principais da
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No batismo. Quando Jesus estava com cerca de trinta anos, João Ba-
tista já estava pregando no deserto da Judéia e batizando os que se arre-
pendiam dos seus pecados. E uns seis meses depois de João iniciar seu
ministério, Jesus foi até ele para ser batizado. E logo após a imersão os
céus se abriram e o Espírito desceu em forma corpórea de uma pomba
e pousou sobre Jesus.
Os quatro evangelhos registram a descida do Espírito em Jesus em
forma de uma pomba (Mt 3:16,17; Mc 1:10,11; Lc 3:21,22; Jo 1:32-
24), mas o evangelho de Lucas vai mais além e diz que o Espírito desceu
em forma “corpórea de uma pomba”, isto é, houve um aparecimento
visível semelhante a uma pomba. Embora João Batista anunciasse ante-
riormente que o Messias traria “fogo” (símbolo de juízo) se depara, no
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Na trajetória. Sendo Jesus cem por cento Deus, mas também cem por
cento homem, precisaria de auxílio do Espírito Santo em todas as áreas,
principalmente na sua trajetória ministerial.
Com muita humildade Jesus se submeteu às orientações dada pelo Es-
pírito, indo na hora certa aos lugares encontrar as pessoas certas. O Es-
pírito Santo atuou guiando-o em certas ocasiões a lugares importantes
que Deus queria que ele fosse.
O Espírito o guiou ao deserto, (Mt 4:1; Lc 4:1; Mc 1:12): Marcos
1:12 afirma que o Espírito “impeliu”“ Jesus para o deserto, isto é, o
impulsionou a ir. No deserto ele foi tentado por Satanás, e o Espírito
fez Jesus lembrar as palavras Bíblicas necessárias para vencer o tentador.
Após este episódio Jesus voltou para a Galiléia na virtude do Espírito
(Lc 4:14).
O Espírito o guiou até a mulher samaritana. João 4:3 diz que Jesus
deixou a Judéia e foi outra vez para a Galiléia: “...e era necessário passar
por Samaria..”. Os judeus não se comunicavam com os samaritanos e
eram de certa forma inimigos e quando tinham de ir da Judéia para
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Na igreja primitiva
O Espírito Santo esteve ativamente presente na igreja primitiva.
Desde o dia de pentecostes em diante a pessoa do Espírito se mostrou
presente nos momentos mais cruciais da igreja, conduzindo, confortan-
do, protegendo, orientando, ensinando e fortalecendo-a nos momen-
tos mais difíceis em meio às oposições que se levantaram contra ela.
Somente no livro de Atos onde se desenrola a maior parte da história
da igreja primitiva.
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A obra
do Espírito Santo
no homem
Convicção
Do grego elenchõ significa “reprovar, rebater, refutar” é usado pra re-
ferir-se a convencer alguém de algum erro, e é mais do que falar ao
ofensor a sua conduta, é convencê-lo a mudar de posição. Entre os
inconversos, o Espírito Santo realiza três tarefas de crucial importância
na convicção: Convence do pecado: Jo 16:8; Convence da justiça: Jo
16:10; Convence do juízo: Jo 16:11.
Convence do Pecado
Pecado na Bíblia (no grego) é descrito com vários significados: Hamartia
que significa “errar o alvo”, (fracasso em não atingir um objetivo.) Outro
termo é Adikia que significa “iniqüidade ou mal de um tipo vicioso
ou degenerado, corrupção do caráter” (é tornar-se um “mal-caráter”.).
Tem ainda o vocábulo Parabasis que significa: “desrespeito ou violação
de uma lei conhecida”.
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Edmilson Alves
Convence da justiça
Desde os tempos bíblicos, muitos homens se sentem duvidosos quanto
a justiça de Deus. Abraão, por exemplo questionou se Deus, destruiria
o justo com o ímpio, e se o Senhor como juiz não faria justiça (Gn
18:25) O patriarca Jó perguntou: “Porque os ímpios florescem e os
justos sofrem?...” ( Jó 21:7-14). O salmista Asafe quase se desviou ao
contemplar a prosperidade do ímpio e o sofrimento do justo (Sl 73) en-
quanto ímpios corruptos, ladrões, devassos, pecadores de todo a sorte,
prosperam e vivem regaladamente, os justos são afligidos. Este dilema
só é compreendido pelo homem espiritual (que tem o Espírito Santo)
que é convencido pelo Espírito de que haverá um dia em que todos
verão a diferença entre o que serve a Deus (justo) e o que não o serve
(o inconverso) pois virá um dia ardendo como fogo e os ímpios serão
como palha mas os justos serão guardados deste dia (Ml 4:1-6) E en-
quanto este dia não chega, o Espírito Santo está convencendo o mundo
de que a justiça existe e que o seu cetro foi empunhado na cruz (quando
Jesus foi julgado em nosso lugar) e o será no dia do juízo.
Convence do juízo
O homem incrédulo desacredita do juízo de Deus e vive uma filosofia
deísta, que acredita que Deus existe, mas que ele não se importa com o
que o homem faz.
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Regeneração
No grego do Novo Testamento há várias expressões que fazem
referência a transformação que o Espírito Santo efetua no homem. Ve-
jamos algumas: Gennaõ, que significa “gerar, procriar, nascer, dar à luz”
(Jo 3:3, 7; 1:13; I Jo 2:9; 3:9; 4:7; 5:1, 4, 18). Em Jo 3:3, 7 onde Jesus
fala diretamente sobre a regeneração, o verbo gennaõ aparece acom-
panhado do advérbio another que significa “de novo” ou !de cima”,
dando-nos a compreender que o novo nascimento é uma ação vinda de
cima, da parte de Deus.
O termo Anagennaõ, formado por duas palavras gregas Ana (de novo) e
gennaõ (nascimento) é um verbo é encontrado em I Pe 1:3, 23.
Anakainõsis É citada em II Co 4:16; Cl 3:10; Rm 12:2 e Tt 3:5,
e significa “refazer, fazer de novo”. Uma outra definição vem pelas
palavras Kaine ktisis que são termos encontrados em II Co 5:17 e
Gl 6:15 e ambos significam “nova criação”. Uma outra é Kainos
Antropos, citado em Ef 2:15 e 4:24, significa “novo homem”. Além de
Synzõopoico cujo significado é “tornar vivo” e indica uma transformação
tão poderosa quanto uma ressurreição (Ef 2:5; Cl 2:13). Observamos
ainda o vocábulo Apokyeo, que significa “dar à luz”.
Está escrito que Ele (Deus) nos gerou (apokyeo), isto é, nos deu à luz,
nos fez nascer outra vez (Tg 1.18). Um dos termos mais significativos
Palingenesia: Palavra formada por dois vocábulos gregos Palin (de
novo) e Gênesis (nascimento). Teologicamente é a palavra mais usada
para definir o processo do novo nascimento na vida do homem. Este
termo ocorre apenas duas vezes no Novo Testamento; uma em Mt
19:28, onde Jesus de forma escatológica se refere à regeneração de todas
as coisas, e a outra passagem está em Tt 3:5, onde se faz referência no
novo nascimento (regeneração) na vida do homem.
A regeneração é um processo que todo ser humano precisa passar
após a conversão para ser considerado nova criatura e filho de Deus.
Deus fez o homem física, emocional e espiritualmente perfeito. No
entanto, deu-lhe mandamentos que desobedecidos resultaria nessa
sentença: “certamente morrerás” (Gn 2:16.17).
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Palavra de Deus
É frequentemente simbolizada na Bíblia pela água que sacia, limpa e
regenera (Ef 5:25, 26; Jó 14:7-9; vide também capítulo I, sobre os sím-
bolos do Espírito Santo). Pedro escreveu (I Pe 1:23) que somos gerados
de novo “pela palavra de Deus” e Tiago completou dizendo que “Ele
(Deus) nos gerou” pela palavra da verdade (Tg 1:18). Em resumo, a
palavra é o agente principal no processo da regeneração.
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Edmilson Alves
Regenerando a personalidade
“Personalidade”, é o conjunto de qualidades intelectuais, morais e físi-
cos que definem o ser humano, e a organização dinâmica no indivíduo,
dos sistemas psicofísicos que determinam seu comportamento e seu
pensamento característico. Personalidade é derivada da palavra “pessoa”
que para os gregos era uma “máscara que os atores da época usavam
para representar nos teatros” (mas posteriormente “pessoa” veio signi-
ficar o próprio ator). A personalidade se origina por dois elementos
fundamentais:
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Caráter
Origina-se da palavra grega karatein que significa “marcar, gravar” e é
a característica que se responsabiliza pela expressão, ação e reação da
personalidade humana. É considerado como a “marca da pessoa”. Em
sentido moral caráter pode significar “o conjunto de idéias morais dos
princípios de ação das convicções que uma pessoa tem”.
O principal elemento formador do caráter são as influências do
meio ambiente (família, escola, comunidade, posição social, etc). Por
exemplo: uma família onde os pais vivem em pé de guerra, dificilmente
formarão filhos pacíficos; ou uma sociedade que cultua a promiscuida-
de e a sodomia, jamais irá criar cidadãos de caráter respeitável.
Alguns elementos que constituem o caráter podem até ter algu-
ma mudança provocada por alguns fatores, entre as quais estão:
A idade: que pode provocar mudança nos hábitos e apetites desordenados;
A doença: que age no sistema físico e psicológico, dificultado o poder
de ação, reação e expressão de um mau caráter; Convicção, que sendo
verdadeira pode levar o homem à conversão e à regeneração; Força de
vontade: para obter mudanças no caráter é preciso o “querer” e o “efe-
tuar”; “esforçar-se” é a palavra chave.
O Espírito Santo: mesmo que pequenas mudanças e reformas sejam
possíveis pelas vias descritas acima, porém a transformação de verdade
no caráter somente o Espírito Santo pode realizar. Ele muda os maus
hábitos, liberta dos vícios, faz com aquele que mentia, não mentir mais,
aquele que roubava não roubar mais e aquele que tinha mente per-
vertida e coração endurecido passar a ter a mente de Cristo e um novo
coração (Ez 11:19; 36:26; I Co 2:16) Para obter uma mudança radical
no caráter é preciso antes de tudo “nascer de novo” e ser regenerado e
de dia a dia “andar em Espírito” , “crucificar a carne”, ou seja, ter auto-
disciplina (Gl 5:24), e cultivar o fruto do Espírito.
Temperamentos
Temperamento é um estado orgânico, neuropsíquico provocado pelo
sistema nervoso, pelas glândulas de secreção interna e influenciada pela
hereditariedade genética e pela constituição física de cada pessoa. Uma
teoria de larga aceitação é a “teoria dos quatro temperamentos”: sanguí-
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Edmilson Alves
Ego
Ego em latim significa “eu” e é o elemento espiritual e estrutural da
personalidade (é a pessoa consciente de si mesma) é o centro de equilíbrio
da vida psicológica. O ego age como um regulador da personalidade,
procurando manter o equilíbrio entre: necessidade e prazer; desejos e
realidade; instintos e regras. O homem não regenerado pelo Espírito
normalmente é um “egoísta” (alguém que demonstra amor excessivo ao
bem próprio sem consideração aos interesses alheios – dic. Aurélio) que
não mede distância para realizar seus desejos (lícitos ou não) e satisfazer
os instintos sem levar em conta as regras humanas naturais ou divinas.
Porém quando o Espírito Santo efetua a regeneração na personalidade,
o ego é atingido em cheio e o homem passa a reconhecer que não é
135
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Senhor de sua vida e que além de tudo é um mísero pecador que precisa
nascer de novo. O egoísmo faz que o homem não perceba, não pense, e
não controle impulsos instintivos. Porém com a regeneração este, deixa
de querer ser senhor de si mesmo e passa a ser servo de Deus e dos
homens. E seu ego volta a desempenhar suas tarefas originais, que são:
Percepção, Organização de percepção e auto percepção Pensamento,
Controle dos impulsos. Daí em diante o homem pode dizer; “Não vivo
mais eu , mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20).
Biotipo
Nosso corpo é considerado como templo do Espírito Santo (I Co 6:19),
no entanto a presença dele em nós não modifica os tecidos corporais, e
não nos transforma em “super-humanos” e não interfere nas leis bioló-
gicas que Ele mesmo (Deus) estabeleceu. Más o nosso biótipo é consi-
derado o templo do Espírito Santo.
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O Fruto do Espírito
No livro aos gálatas no cap. 5 e versículos 22 ao 26 o apóstolo Paulo
fala acerca do “fruto do Espírito”.
A palavra fruto no grego é karpós, que significa “maturação”, e dá a
idéia de crescimento espiritual e amadurecimento do caráter cristão.
O fruto do Espírito é um grupo de virtudes geradas pelo Espírito
Santo no crente em consequência da sua comunhão com Cristo. Fruto
está no singular, significando que não são nove frutos mas nove partes
do mesmo fruto (semelhante a uma laranja que possui nove gomos).
O fruto do Espírito não nasce em qualquer lugar (como erva dani-
nha) mas brota do espírito, e se manifesta após a regeneração promovi-
da pelo Espírito Santo na personalidade do crente e na medida que este
fruto nasce, cresce e amadurece, o cristão vai adquirindo: A mente de
Cristo (I Co 2:16) a natureza de Cristo (II Pe 1:3,4) o amor de Cristo (I
Pe 4:11-16). Assim como os dons, o fruto do Espírito deve ser real na
vida do cristão e esses devem estar juntos no ministério da cada cristão.
Sua natureza
O fruto do Espírito é de natureza divina, espiritual e sobrenatural.
Divina.
O fruto do espírito,
É de natureza divina porque reflete a natureza de Deus em nós (II Pe 1:4)
Espiritual. É chamado de “fruto do Espírito” porque brota do Espí-
rito e portanto, é espiritual. Não é produzido no homem natural,
mas somente no homem espiritual (aquele que é nascido de novo)
Sobrenatural. Significa que não é possível produzir este fruto com ha-
bilidades humanas. O homem pode ter tido uma boa educação e vi-
ver civilizadamente. O máximo que ele consegue é uma frágil camada
exterior de “perfeição”, que, com apenas poucas investidas da carne,
é suficiente para revelar a verdadeira natureza de um ser humano não
regenerado. O fruto do Espírito é composto por nove virtudes que
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Paz
Em grego é Eirêne (e no hebraico é Shalom)
Esta paz significa: “harmonia, bem estar espiritual, tranquilidade” vem
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100:5) e que toda boa dádiva vem Dele (Tg 1:17) e como servos de
Deus precisamos cultivar o fruto do Espírito para termos bondade.
Fé (gr. Pistis)
É uma fé que difere da fé para salvação e da fé para operar milagres
(dom da fé). O sentido de fé como fruto do Espírito é “fidelidade, leal-
dade”, e são qualidades que usamos para edificar relacionamentos com
Deus e com os homens. O Espírito Santo produz em nós essa fé nos
capacitando a sermos fiéis em qualquer situação. Este fruto se manifesta
quando surgem situações tentadoras e somos desafiados pelo pecado,
mas, então, permanecemos fiéis.
Mansidão (gr.Prautês)
O significado original é “meigo, humilde, manso, suave”, e se refere à
humildade com que o cristão age e reage em meio ás situações adversas.
O cristão “manso” tem um espírito disciplinado e, ao invés de ser
grosseiro e “viver com os nervos à flor da pele”, ele se mantém pacífico,
brando e sereno.
Mansidão não é covardia nem auto rebaixamento, é uma humildade
genuína, porém bem disposta para uma batalha legítima quando for
necessário. Assim como Jesus era “manso e humilde” (Mt 11:28-30),
também devemos ser (Ef 4:2). Cultivemos este fruto em nossa vida.
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Edmilson Alves
Definição
No Novo Testamento vários vocábulos são encontrados no grego
original que fazem referência à palavra “Dom”. Dentre os quais se
encontram as seguintes palavras: Dóron que se refere a “dádiva dos
homens uns aos outros ou doações em expressão de honra” (Ap 11:10).
Outro termo encontrado é a palavra Dosis que é “o ato de doar” (Fp
4:154; Tg 1:17). Tem ainda a palavra Dõrema e significa; “aquilo que é
doado, presente”. Outro termo encontrado é Dõrea que significa “um
presente gratuito, sem custo” e aparece no Novo testamento por mais
de dez vezes sempre indicando um presente de Deus ao homem (Hb
6:4; Ef 3:7; 4:7; II Co 9:15; Rm 5:15; At 11:17; 8:20). Tem ainda o
vocábulo Doma que se refere a “bons presentes” de uma pessoa para
outra (Mt 7:11; Lc 11:13; Ef 4:8; Fp 4:17). Podemos ver ainda o termo
Merismos, traduzido por Dons em Hb 2:4, significa “divisão, partilha”.
Mas, o termo de maior significado para definir Dons é o termo Charisma
derivado de Charis (graça), significa “dom da graça” ou “dom gracioso”.
O termo “Charisma” para dom no singular é encontrado nas seguintes
referências: (Rm 1:11; 5:15, 16; 6:23; I Co 1:7; 7:7; II Co 1:11; I Tm
4:14; II Tm 1:6; I. Pe 4:10). O termo também é encontrado no plural
Charismata (dons) (Rm 11:29; 12:6; I Co 12:4, 9, 28, 30, 31).
Os dons do Espírito Santo são mais bem definidos pelos termos
Charisma” (ou charismata, no plural) e também pelo termo Phanerosis
que significa; “Manifestação, ou tornar claro, fazer conhecido, trazer
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
A Teoria do Natural
Acredita que os dons são capacidades naturais, que as pessoas já nascem
com elas, e desenvolvem com o tempo. E mais: acreditam que o
cientista possui o “dom da ciência”, o bom orador “o dom da palavra
da sabedoria”, o médico “os dons de curas, etc... Esta teoria, porém, não
possui aprovação Bíblica”.
A teoria do sobrenatural
Entende que a natureza dos dons é estritamente sobrenatural, sem
participação da mente humana.
Os que adotam essa teoria acreditam que um cristão quando é usado
em algum dom espiritual está totalmente “possuído” pelo Espírito
Santo, a ponto de não se responsabilizar pelos atos ou movimentos
corporais. Más é uma teoria que deve ser refutada, pois biblicamente
o Espírito Santo não toma os sentidos das pessoas.
A teoria do encarnacional
Apresenta a operação de Deus através de seres humanos (a união do
divino ao humano) já que este é um princípio conhecido, pois foi
vivenciado por Jesus, que era 100% Deus, porém viveu 100% como
homem.
No método encarnacional, o homem submete as suas faculdades a
Deus, e Ele põe a sua mensagem no coração, na alma, nas forças ou na
142
Edmilson Alves
Propósitos
Conforme escreveu o apóstolo Paulo, os dons são manifestados em
cada cristão para o que for útil (I Co 12:7). Vários propósitos úteis
são apresentados no Novo Testamento em relação à função dos dons.
Vejamos quatro deles: Edificação, Ensino, Unidade; Ministração.
Edificação
Derivado do verbo “edificar” que em grego é oikodome a qual se origina
de duas palavras: oikos (casa) e demo (construir) e define “construir
uma casa”. As manifestações dos dons são para coisas boas, úteis e
edificantes (I Co 12:7) O objetivo dessas manifestações nunca é causar
dúvidas, fazer ou desfazer matrimônios, bisbilhotar os segredos alheios,
intimidar ou ameaçar os mais sensíveis. O objetivo principal dos dons
é ser ferramentas que “edificam” a casa espiritual, que é a Igreja de Deus
(I Co 3:9-17; Ef 2:20, 21; Hb 3:6).
Ensino
Os dons conhecidos como “dons da palavra”, que incluem a palavra da
sabedoria, a palavra da ciência, a variedade de línguas, a interpretação
de línguas e profecia (I Co 12:10), apóstolos e mestres (Ef 4:11; I
Co 12:28) têm o objetivo de promover o ensino na Igreja. Ensinar é
um termo que tem várias definições no grego do Novo Testamento,
porém seus significados se combinam, formando uma definição que é:
“instruir o homem no servir a Deus” Vejamos alguns desses vocábulos
e seus significados: Katecheo,“Ensinar
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Unidade
Um dos objetivos preponderantes dos dons na igreja é promover a
unidade (I Co 12:12, 13) mesmo sendo diferentes as manifestações dos
dons, o objetivo é unir cada membro ao corpo de Cristo, a igreja. Por
este motivo, os dons não podem ser exercidos para fins particulares e
tampouco serem mercadejados. Além disso, não se pode supervalorizar
um membro da igreja (pelo simples fatos deste ter sido usado em um
dos dons) dando-lhe especial atenção e transformando-o no “astro”
ou “estrela” da congregação, a ponto de querer “canonizá-lo” como
“profeta” ou “o vaso escolhido”.
A Igreja é comparada a um corpo humano, com muitos membros
diferentes, porém, unidos (I Co 12:12-31). Enquanto os membros do
corpo humano são unidos através da corrente sanguínea, os membros
da Igreja são unidos através dos dons do Espírito Santo.
Ministração
Na qualidade de “sacerdócio real” temos um ministério amplo e valioso,
para desempenhar aqui no mundo (I Pe 2:9); um ministério tríplice em sua
natureza: Ministério a Deus, Ministério à Igreja; Ministério ao mundo.
No desempenho da nossa ministração prática, precisamos dos “dons
graciosos” do Espírito Santo para alcançarmos os objetivos desejados. A
adoração a Deus é um dos pilares do ministério cristão e deve ser feita
em Espírito, isto é, com ferramentas espirituais, que são os dons.
No serviço dedicado à igreja, é preciso que haja “... doutrina, salmo,
interpretação, línguas estranhas e revelação...” (I Co 14:26, 27) e todos
os dons que edificam a congregação.
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Divisões
No Novo Testamento nas epístolas Paulinas há pelo menos cinco
listas dos dons espirituais (Rm 12.6-8 I Co 12.8- 10;ICo 12.28;
ICo12.29,30 ;Ef 4.11). Essas listas apresentadas pelo apóstolo Paulo
não visam dar uma classificação sistemáticas dos dons, haja vista que
os dons do Espírito Santo são numericamente infinitos. E é melhor
compreender que todas estas listas de dons citados pelo apóstolo são
apenas uma amostra das inefáveis provisões de Deus para sua igreja.
Uma das divisões mais utilizadas na teologia pentecostal é a que classifica
nove dons Espirituais , e dividindo em três classes , São eles: Dons de
revelação, Dons de poder e Dons de elocução verbais.
Dons de revelação
Os dons de revelação são três; palavra da sabedoria, palavra da ciência e
discernimento de espírito.
Palavra da sabedoria - é o dom que ocupa um lugar importante entre
os demais, o saber do Espírito tratado aqui, é sobrenatural, pois não
se adquire através do conhecimento humano; é uma concessão do
Espírito Santo que capacita-nos a perceber, falar e agir em circunstâncias
tais, que os elementos naturais tornam-se inúteis. É algo especial que
o pensamento humano, por si só, não descobre, pois é a revelação da
mente de Deus aos que pregam, ensinam, e administram as igrejas, é
torna o cristão apto a conhecer fatos passados, presentes e até futuros,
e não se constitui em adivinhação, (condenada por Deus) é ter a mente
de Cristo (I Co 2.16).
Palavra do conhecimento, O termo grego usado para a palavra
“conhecimento” é Gnósis que significa “ciência” e tem relação com o
conhecimento das coisas de Deus.
O substantivo Gnósis nos dá uma noção de conhecer mistérios
em relação a Deus (IICo 2.I) a Cristo (Fp 3.8 II Pd 3.I8) a Salvação (Lc
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Edmilson Alves
motivo, o apóstolo João (I Jo 4.1) diz que não devemos acreditar em todo
espírito mas, discerni-los. De fora para dentro, os espíritos malignos
tentam fazer um grande estrago através das heresias, esfriamento
espiritual, perseguição, comodismo na igreja para enfraquecê-la.
Porém de dentro para fora o espírito do homem tem sido o principal
responsável pelas confusões espirituais na igreja . As vezes pelo
fanatismo e com frequência pela ignorância à palavra.
Dons de poder
Fé. No grego Pistis, significa; “confiar em alguém ou em algo”. É a
capacidade de confiar em Deus. Não se trata da simples fé natural mas,
da sobrenatural que o Espírito Santo dota o cristão para realizar proezas
em nome do Senhor. Em outro sentido significa “fidelidade ou firmeza”.
Os dons de curar. No grego, esta expressão encontra-se no plural,
ara denotar a multiforme manifestação do Espírito para cura das
enfermidades.
Operação de milagres - Trata-se de um dom concedido, para demonstrar
o poder de Deus na realização de coisas extraordinárias e miraculosas.
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Definição
O termo batismo é derivado do verbo grego Baptizô (batizar) e significa;
“imergir, mergulhar”. Esse termo frequentemente usado, significava “o
ato de mergulhar um cântaro na fonte para tirar água”.
Enquanto que no batismo em água significa, se molhar completamente,
ser ensopado, imergido, espiritualmente o batismo no Espírito Santo
se define como ser envolvido completamente pelo Espírito. Esta
experiência também pode ser definida como a “unção prometida por
Deus aos crentes, a fim de capacitá-los a realização do serviço cristão”.
E ainda e como “um mergulho na plenitude do Espírito, ou como
um ato de Deus pelo qual o Espírito vem sobre o homem, e o enche
plenamente”.
Há outras expressões neotestamentárias que também definem o
mesmo sentido de batismo no Espírito, exs: O Espírito sobre eles, (At
10.44; 11.15:19.6 ). O Espírito sendo derramado sobre eles,( At 2.33;
10.45 ).
O recebimento do dom ,( At 2.38: 8.17) Todos sendo cheio
do Espírito Santo,( At 2.4 ). O Espírito caindo sobre eles,( At 10.44:
11.15). Apesar de essas expressões ter o mesmo significado, usa-se mais
frequentemente a expressão “Batismo no Espírito Santo”.
148
Edmilson Alves
Tipos de Batismos
Os judeus tinha diversos cerimoniais, que incluíam lavagem do corpo,
e diversos outros rituais de purificação com água, tinham também o
costume de batizar os convertidos ao judaísmo chamados de prosélitos.
Analisando a Bíblia e possível encontrar citações acerca de vários tipos
de batismos dentre os mais destacáveis descrevemos sete:
Batismo de Batismo.
to representativo ocorrido com Moisés e os hebreus, ao passarem o mar
vermelho debaixo de uma nuvem (I Co 10.2, Ex 14.15-25).
Batismo de João
Era um batismo para arrependimento, e as pessoas que se submetiam a
esse batismo antes faziam confissão dos seus pecados. ( Lc 3.3;7.28,At
18.25).
Batismo no sofrimento
Expressão que representa a abnegação de todo cristão, ao aceitar os
sofrimentos que acompanham os seguidores de Cristo, (Mc 10.38,39;
Lc 12.50).
149
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Distinção e Divergências
Existem algumas divergências em relação ao verdadeiro significado do
batismo no Espírito Santo e dentre as concepções diferentes, estão as
que dizem que este é o mesmo que; perdão, regeneração, e batismo por
imersão.
Evidências
Assim como há divergências acerca do batismo no Espírito Santo,
também há com respeito as evidências do mesmo. Vejamos quatro
opiniões diferentes:
O primeiro grupo acredita que o batismo no Espírito Santo além de
ser parte da conversão também não possui nenhuma evidência inicial
(como falar em outras línguas). Essa posição é defendida por algumas
igrejas tradicionais.
O segundo grupo crê no batismo no Espírito Santo, também como
parte da conversão, porém obrigatoriamente seguido de evidências do
falar em outras línguas (isto é, se não falar em outras línguas não é
150
Edmilson Alves
convertido).
Essa posição é defendida por algumas igrejas unicistas.
O terceiro grupo entende que o batismo no Espírito Santo é uma
experiência distinta da conversão, porém nem sempre é acompanhada
da evidência do falar em línguas. Essa é a posição de varias igrejas neo
pentecostais e carismáticas.
O quarto grupo defende que o batismo no Espírito Santo é uma
experiência que acontece após a conversão, e principalmente com a
evidência do falar em outras línguas. Essa e a posição defendida neste
livros. Cremos ainda que a manifestação dos dons espirituais são
evidências deste batismo, mas o falar em outras línguas é a evidência
indispensável para a confirmação de que alguém foi realmente batizado
no Espírito Santo.
Disponibilidade
Conforme o Apóstolo Pedro (At 2.30) “a promessa diz respeito a voz e
a vossos filhos, a tantos quanto estão de longe, a tantos quanto o nosso
senhor chamar”. Entendemos que esse batismo esteja disponível a todo
ser humano que se converter a Deus.
Propósito
O batismo no Espírito Santo tem como propósito gerar no cristão
várias virtudes espirituais, dentre as mais importantes são: Poder para o
serviço cristão Conforme I Co 12.7 a manifestação do Espírito, é dada a
cada um para o que for útil. Nesta manifestação, o batismo no Espírito
Santo, desencadeia um dinamismo fora do comum, proporcionando
ao crente autoridade espiritual para exercer seu ministério cristão (At
4.13;20,29,33,34) Comunhão com Deus O batismo no Espírito Santo
nos leva a falar línguas espirituais com Deus, proporcionando-nos,
edificação pessoal (ICo14.2,4,28) principalmente quando não sabemos
como orar, e oramos em Espírito (Rm 8.26).
151
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Recebimento
Para receber o batismo no Espírito Santo não depende de : Méritos
(pois e um dom gratuito de Deus, At 10.45) Métodos pois o Espírito
trabalha como quer, (I Co 12.11; Jo 3.8) Datas pois Jesus é quem define
o dia Locais (pode ser em qualquer um) Posturas (não é necessário
enrolar a língua, ou posicionar adequadamente o corpo, o necessário é
a posição do coração (Jr 29.13;Jo 7.38).
As condições necessárias para receber o batismo no Espírito Santo,
são principalmente:
Conversão
Que se constitui-se na mudança decorrente do ato de arrependimento
do pecador que se volta para Deus. (At 2.38,39).
Obediência
Conforme está escrito, obedecer é melhor do que sacrificar (ISm 15.22
). A obediência a Deus e a sua palavra constitui-se num dos requisitos
mais necessários para se receber o batismo no Espírito Santo (At 5.32 ).
Fé
Jesus disse; que quem crê verá a glória de Deus ( Jo 11.40). O batismo
no Espírito Santo é uma forma de aproximação de Deus, e para isso é
necessário ter fé, conforme está escrito. “Sem fé é impossível agradar-
lhe , por que é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que
ele exista, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).
Busca
Tanto o Espírito Santo, como qualquer outra bênção espiritual,
precisam ser buscadas por nós (Is 55.6, Lc 11.9- 134; Mt 7.7) Más
as vezes a busca significa esperar (Lc 24.44) é preciso que esta busca
seja com ardente desejo (Sl 14.3.6; Is 41.17,18: 44.3) e com muita
perseverança (Mt 7.7).
152
Hamartiologia
Estudo sobre o pecado
153
Indice
O pecado..............................................................................155
Pecado no antigo testamento..............................................157
A origem do pecado..............................................................158
Teorias da transmissão do pecado......................................159
Consequências do pecado....................................................160
Os pecados veniais e capitais...............................................162
154
Edmilson Alves
O pecado
Na língua portuguesa, o dicionário Aurélio define pecado como
“Transgressão de preceito religioso”. No hebraico hattah,no grego
hamartios,e do latim peccatum. Transgressão deliberada e consciente
das leis estabelecidas por Deus.
A Bíblia contém muitos termos para significar pecado, todos
eles dando idéia de falta, omissão e erro. Outros sentidos são:
perversão, ( Os 14.4), transgressão, (Rm 4.15) revolta, (II Rs 18.20),
delito, (Ef 2.5), iniquidade, (I Rs 17.18, I Jo 3.4), impiedade ( II
Tm 2.16;I Sm 24.13) rebeldia, ( Js 22.22); imoralidade, 1 Co 5.1;
infidelidade, (2 Co 6.15), culpa, (Ed 9.6), dívida, Mt 6.12. Uma
grande quantidade de definições é encontrada de forma direta e in-
direta. No texto bíblico original há diversos termos hebraico e grego
que definem a palavra pecado Dentre estes termos, há os termos
em hebraico Abar que significa «transgredir, atravessar, cruzar, pas-
sar por”. Este termo traz o sentido de «transgredir a lei de Deus”
Conforme Juízes 2.20, onde o verbo aparece, está escrito que «...A ira
do Senhor se acendeu contra Israel porque este povo transgrediu a lei do
Senhor” .
Outro termo é Ãwõn, que traz o significado de «torcer, deturpar, per-
verter”. E aparece no texto bíblico como «o oposto da reta justiça”.
Enquanto que o termo Ãwõn é torcer o que é reto, fazer errado o que é
certo, fazer mentiroso o que é verdadeiro, tornar sujo o que é limpo
é profanar o que é santo, o termo Ãmãl, traz consigo a significação
de “maldade, danos, infortúnios, injustiça, agravo”. Geralmente este
termo faz referência as consequências desastrosas causadas pelo pe-
cado original (ex. Sl 140.9;Hc 1.3).
Outra palavra que surge na Bíblia é Ãwen cujo significado «vaidade,
imoralidade, falsidade, ofensa engano” (Sl 36.3). Esta palavra traz
consigo a definição de tudo aquilo que é falsidade, enganação e
chantagem”.
155
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
A origem do pecado
A história do primeiro pecado é atribuída a Lúcifer. A seu respeito,
trechos bíblicos relatam que ele era uma espécie de “Querubim
ungido” para proteger, que desenvolvia seu ministério em um lugar
especial chamado Éden e jardim de Deus, conforme está escrito no
livro do profeta Ezequiel (Ez 28.13-19) Lúcifer era um anjo de
grande prestígio, porém, em determinado momento do seu prin-
cipado, o seu prestígio lhe subiu à cabeça e ele desejou ser um deus
(Is 14.12-15) A parti deste sentimento de orgulho, inveja e rebelião
contra Deus, Lúcifer iniciou uma terrível campanha para convencer
os anjos que estavam sob seu comando, a se rebelarem contra a sobe-
rania de Deus e a seguirem a Lúcifer e reinarem com ele em um possível
e futuro reinado. Neste propósito ele conseguiu arrebanhar para seu
grupo a terça parte dos anjos criados. E começou uma batalha contra
os anjos que permaneceram fiéis a Deus. Batalha esta que termi-
nou com a derrota e expulsão de lúcifer com os anjos rebeldes da
presença de Deus. (Ap 12.4- 11; Is 14.12-15). O orgulho projetou
o primeiro pecado no universo, e teve como consequência queda de
Lúcifer e seus anjos.
O pecado original
Mesmo depois da decepção que Deus passara com a desobediência
de Lúcifer, Ele não desistiu de criar seres livres para lhe servir, amar
e adorar. O novo projeto de Deus começou com a criação do mundo
em que vivemos, dentro do qual criou um ser a quem chamou de ho-
mem, logo após plantou um jardim e deu ao homem como sua nova
casa. No Éden o homem vivia tranquilo fazendo a perfeita vontade
divina, junto à mulher sua nova companheira.(Gn1-2) Más a
tranquilidade do homem acabou quando Lúcifer, aquele anjo caído
resolveu atacar a mais nova criação de Deus, o homem e a mulher. O
relato bíblico no livro de Gênesis diz que lúcifer se utilizou astucio-
samente de uma serpente e passou mensagens para Eva, a mulher de
158
Edmilson Alves
159
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Consequências do pecado
Após cometer o primeiro pecado contra Deus, em seguida veio trági-
cas e sofríveis consequências. Neste comentário não é possível apre-
sentar uma lista completa de todas as consequências advindas com a
entrada do pecado no mundo. Más, classificaremos em três pontos
principais:
160
Edmilson Alves
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
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Antropologia Bíblica
Estudo sobre o Homem à luz da Bíblia
164
Indice
165
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
O homem
O termo “Homem” é representado no antigo testamento pela palavra
hebraica Adam que é definido como “gênero humano” (Adam origi-
nalmente significa “avermelhado”, possivelmente, por ter sido feito
da terra, que em hebraico é Adamah, e também por ter a pele de cor
vermelho que em hebraico é Edom.
O termo “Homem” também tem a sua significação na língua
grega do novo testamento, que a traduz pela palavra Anthropos
que traz consigo o significado genérico de “Ser humano, macho ou
fêmea”
Sua origem.
No que diz respeito à origem do homem, surgiram muitas teorias
filosóficas, científicas e teológicas, maioria delas sem nenhuma
confiabilidade. Dentre estas teorias destacam-se:
Teoria da geração espontânea. Por mais absurdo que pareça muitos
estudiosos de antropologia acreditavam que plantas, animais e
166
Edmilson Alves
167
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
169
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
A constituição do homem
No ponto de vista teológico, o homem é constituído de duas natureza.
Uma Material, outra imaterial. A primeira natureza do homem é
material, que é constituída da matéria (corpo) A segunda natureza
do homem é a natureza imaterial, que constituída de alma e Espírito.
Teorias
Sobre o assunto da constituição do homem, é apresentada aos estu-
dantes da teologia, uma série de teorias que tentam determinar a real
formação do homem. Além da Bíblia e da ciência, surgiram na his-
tória da humanidade, muitas teorias sobre o homem, e sua formação.
Dentre estas teses filosóficas e teológicas, destacam-se:
170
Edmilson Alves
“Amarás ao Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda a tua alma e de
todo teu entendimento e de toda a tua força”.
171
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
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Edmilson Alves
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Elementos da constituição
do homem
Com respeito aos elementos que compõem o homem; a bíblia
apresenta uma diversidade de termos representativos os quais nos
seus devidos significados traduzem teologicamente a composição hu-
mana. Os principais termos sugeridos na bíblia são: alma, corpo,
mente, vontade, coração, entranhas. Mas todos esses termos são
incorporados a tríplice divisão teológica humana, que é; corpo,
alma e espírito.
O corpo
No hebraico do antigo testamento a palavra mais apresentado
para significar corpo é o termo Basar que significa “carne” (Lv 14.9 ;
.15.2). Traduz carne , tanto de homens, quanto de animais. Mas no
que se refere ao homem, o termo define “a parte estrutural, física, visí-
vel do ser humano”. Sobre este assunto, o patriarca Jó Descreveu as
seguintes palavras: “De pele e carne me vestistes e de ossos e nervos me
entreteceste“ ( Jó 10.11 ).
Na língua grega, do novo testamento, os vocábulos que definem
corpo são: Soma, que define o corpo como um todo e se refere tanto
ao corpo de um homem vivo (Mt 6.22) como também ao corpo de
morto (Mt 27.52). Este termo em forma de metáfora no novo testa-
mento, também traz a significação de Igreja como um todo, sendo
essa, o corpo místico de cristo (Ef 1.23; Cl 1.18, 22,24). Ainda no
novo testamento é identificado o termo grego Sarx que significa;
“carne” no sentido de matéria pecaminosa do corpo. Este termo traz
a definição de “natureza carnal, sensual, pecaminosa” (Mt 26.41).
Mas, o principal termo que aparece dando significação ao corpo é a
palavra grega Somma que define “corpo como um todo, instrumen-
to de vida”.
175
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
176
Edmilson Alves
As funções do corpo
As funções do corpo podem ser teologicamente classificadas em três
pontos diferentes.
A alma
Na língua hebraica do antigo testamento alma é traduzida pelo termo
hebraico Nephesh que tem o significado de “vida, coração, pessoa,
ego, alma”. O substantivo Nephesh é originário do verbo Naphash
que significa “respirar, refrescar-se restaurar-se e refere-se ao essencial
da vida humana, a respiração, o fôlego.
O texto vétero testamentário, apresenta a alma através do
substantivo Nephesh referindo-se a “homem interior” em contra par-
tida o homem exterior ( ou homem social ) é representado pelo
termo hebraico Shem que define “nome, reputação, fama”.
No novo testamento o termo Alma é traduzido pelo termo grego
Psyche que traduz “respiração da vida”. Este termo é encontrado
em inúmeras passagens do novo testamento, trazendo de maneira
177
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Faculdades da alma
A alma humana é composta de faculdades sumamente importantes.
Essas características são:
Emoção: Capacidade de sentir, (Lc 1.46; II Sm 5.8;Zc11.8), tristezas
(Sl 43.5), alegria (Lc 1.46, 47 ).
Vontade ( Jó 7.15; Jr 44.14; Dt 21.14; Sl 41.2; Ez 16.27 ). Esta von-
tade expressada pela alma, é o próprio livre-arbítrio dado por Deus
na criação do homem. Ela pode ser definida como “a faculdade de
escolher um entre várias coisas”.
Intelecto, (Pv19.2;Sl 13.2;Ez 24.25; Sl 139.14; Pv 2.10; 3.21, 22;
24.14; Lm 3.20) a alma possui inteligência através da qual o homem
pode ter conhecimento de si mesmo; tanto conhecimento objetivo.
Como, conhecimento subjetivo. Através desta capacidade, é que o
homem pode entender sua própria condição de existência. Além da
suas próprias ações.
O Espirito
O espírito é a parte imaterial do ser humano e é o próprio sopro de
Deus executado no ato da criação do homem (Gn 2.7)
179
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
A mulher
Depois de formar o homem, Deus concluiu que não era bom o
homem viver sozinho e decidiu fazer uma companheira para ele.
O processo de criação da mulher foi diferente do homem, desta vez
Deus não tomou do pó da terra, más, do próprio corpo do homem.
O Senhor extraiu uma das suas costelas, como declara o texto bíblico;
“Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre o homem, e este
adormeceu; tomou então uma das suas costelas, e fechou a carne em seu
lugar, e da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma
mulher e trouxe-a a Adão, e disse Adão; esta é agora ossos dos meus ossos,
e carne da minha carne; esta será chamada varoa porquanto do varão foi
tomada.”(Gn 2.21,22,23).
A palavra que traduz “mulher” no hebraico é Isshah que significa:
“Varoa, esposa, noiva, mulher, toda”. E é um substantivo genérico que
define a mulher independente da idade, seja criança ou adulta. Aliás, o
termo Isshah (mulher) é derivado de Ish (homem) que também pode
ser traduzido como “homem fêmea” ou “homem-ela”. Definição
que é comumente traduzida pelas bíblias pelo termo “varoa”.
No grego do novo testamento as palavras equivalentes a mulher
são os termos Theleia que significa: “fêmea” e Gune que refere-se a
mulher casada, solteira ou viúva (Mt 11.11;14.21;Lc 4.26; Rm 7.2).
180
Edmilson Alves
que aqui representava satanás com todo seu poder de engano mentira
e fraudes (Ap 12.9; Jo 8.44), e a ludibriou fazendo-lhe perguntas
astuciosas, convenceu-a a comer do fruto que Deus havia proibido e
ainda fez ela convencer Adão a comer também (Gn 3.1-6).
A imagem de Deus
No ato da criação descrito em gênesis (1.26) “disse Deus; façamos o
homem à nossa imagem conforme a nossa semelhança”.
Imagem aqui neste texto é traduzida pela palavra hebraica Tselem que
tem o significado de “cópia, modelo funcional”. O mesmo vocábulo
também significa “a sombra de algo que representa o original”. (Sl
39.6).
No que se refere ao homem como imagem de Deus, se entende que
essa imagem não se refere à questão de aparência física (como acredi-
tam os mórmons), pois Deus é Espírito. Porém, refere-se a caracterís-
ticas próprias à natureza de Deus, das quais o homem foi dotado; tais
como; Sabedoria para criar, capacidade de amar, capacidade de domí-
nio. A outra definição está na “Semelhança” traduzida no hebraico
pela palavra Demuth que significa “figura, forma, padrão, modelo”,
181
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
A queda do Homem
Deus fez o homem perfeito e colocou para proteger e cuidar do jar-
dim do Éden. O homem permaneceu no estado de perfeição, tam-
bém conhecido de “dispensação da inocência” por um período para
nós desconhecido. Porém, satanás que é astuto e pérfido, bolou um
plano para manchar o projeto divino. Ele se incorporou de um dos
animais da floresta e conseguiu passar uma mensagem de engano para
Eva a mulher de Adão.
Na malignidade de sua mensagem, ele conseguiu convencer a mu-
lher de que Deus o estava enganando ao privá-los de comer do fruto
proibido, para não se tornarem igual a Deus. Satanás conseguiu êxito
em seu intento, pois a mulher acreditou que se comesse aquele fruto
se tornariam igual a Deus. Essa foi uma terrível e deslavada mentira
feita pelo pai da mentira (Jo 8.44) Após comer do fruto proibido, Eva
também convenceu seu marido Adão, a comer. Depois que Adão
desobedeceu comendo do fruto, foi repreendido por Deus e em
seguida foi expulso do Jardim do Éden. Esse foi o princípio da queda
do homem.
182
Soteriologia
A doutrina da salvação
183
Indice
A Salvação..................................................................185
O amor salvífico de Deus.............................................................185
Passos para salvação...................................................186
Conversão....................................................................................186
Regeneração ................................................................................187
Justificação...................................................................................190
184
Edmilson Alves
A salvação
No antigo testamento a principal palavra que traduz o significado
de salvação é Yãsha que originalmente tem o significado de “libertar, ti-
rar ou procurar tirar alguém de um fardo, opressão ou perigo” (Js 10.6;
Ex 2.17; Jz 12.2). Outro termo de importante significado também é o
substantivo Yeshuah que significa “Salvação”.
No antigo testamento a salvação tinha o sentido de “livramento de
algum perigo iminente”. Por exemplo; quando o povo hebreu após pas-
sar cerca de 430 anos como escravos no Egito, clamaram a Deus e Ele
respondeu com as seguintes palavras: “Tenho visto atentamente a aflição
do meu povo que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa do
seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto desci para livra-los...”
(Ex 3.7, 8).
No novo testamento o termo grego equivalente é a palavra Sõteria que
traz um significado de “libertação, preservação, salvação”. Neste caso,
o significado tem uma conotação espiritual, significando livramento
e salvação ao homem dos seus próprios pecados. Além de Soteria, o
grego do novo testamento usa o termo Sozõ que refere-se; a livramento
de morte (Mt 8.25; At 27.20, 31 ); salvar de enfermidades (Mt 9.22);
salvar de possessão maligna (Lc 8.36); salvação da alma e espírito (I Co
1.21).
185
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Conversão
Segundo John Piper, 1 A palavra “conversão” é usada apenas uma vez na
Bíblia, em Atos 15.3: Paulo e Barnabé “atravessaram as províncias da
Fenícia e Samaria e, narrando a conversão dos gentios, causaram grande
alegria a todos os irmãos”. Essa conversão abrangia arrependimento e
fé, como mostram os outros relatos em Atos.
Por exemplo, em Atos 11.18 os apóstolos responderam ao testemunho
de Pedro sobre a conversão dos gentios nesses termos: “Também aos
gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida”. E em
Atos 14.27 Paulo e Barnabé relatam a conversão dos gentios, dizendo
que “Deus [...] abria aos gentios a porta da fé”.
1 PIPER, John. Em Busca de Deus. Shedd Publicações. ed. 2008
186
Edmilson Alves
A regeneração
A regeneração é um processo que todo ser humano precisa passar após
a conversão para ser considerado nova criatura e filho de Deus.
Deus fez o homem física, emocional e espiritualmente perfeito. No
entanto, deu-lhe mandamentos que desobedecidos resultaria nessa
sentença: “certamente morrerás” (Gn 2:16.17).
Adão desobedeceu e, com isso, toda sua forma de vida passou a
sofrer as consequências: O corpo passou a ter doenças, envelhecimento
e morte (Gn 3:17-19); A alma passou a sentir tristeza, amargura,
desânimo e muitos outros sentimentos negativos (Gn 3:15-19); O
espírito perdeu a imagem, a semelhança e a comunhão com Deus.
A vida espiritual que o homem possuía e que o capacitava a encon-
trar-se pessoalmente com Deus, morreu.
A Bíblia é taxativa em dizer que “todos pecaram e destituídos estão
da glória de Deus” (Rm 3:23).
A Santificação
Este é considerado o terceiro passo, que o pecador tem que realizar até
chegar ao posto da salvação.
Em todas as religiões existe separação entre o puro e o impuro, entre
o santo e o profano. E na Teologia Divina a santidade está no próprio
caráter e natureza de Deus e toda religião bíblica está fundamentada
nesta santidade. Conhecido na teologia como o atributo mais elevado
de Deus, a santidade Divina é declarada pelo próprio Deus, quando
187
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
diz: “Sede Santos, porque Eu Sou Santo” (Lv 11:44; IPd 01:15, 16).
Além Dele também seus anjos declaram continuamente que
“Ele é Santo” (Is 6.3; Ap 4.8). No Antigo Testamento a Santidade é
representada pelas palavras hebraicas Qadhõsh que tem o significado
de “Ser separado, consagrado”, e Toher que significa “Limpo, puro” No
uso destes dois vocábulos (Qadhõsh e Taher) denotamos dois aspectos
importantes na Santidade de Deus. Primeiro - É a sua separação
(definido pelo termo qadhõsh) neste aspecto, Deus está distante da
sua criação em razão desta está contaminada pelo pecado. Segundo
- (o termo taher) traz a definição de ser Deus absolutamente “puro,
limpo e que não pode contemplar o mal” (Hc 1.13). Expressando
a perfeição moral do Caráter de Deus. No antigo testamento a
santificação era um termo que não estava restrito unicamente à
pessoas. Era aplicado também a objetos, lugares, dias comemorativos.
Este tipo de santificação era realizado de maneira cerimonial. E os
principais elementos descritos no antigo testamento que deveriam ser
santificados eram:
O altar (Ex 29.37), o tabernáculo (Ex 29.44), as vestes sacerdotais
(Lv 8.30), dias comemorativos (Ex 16.23; Lv 23.32; Jr 17.21-27)
o jejum (Jl 1.14), a congregação (Jl 2.16), o campo (Lv 27.17), a
casa (Lv 27.14), O leproso ( Lv 14.1-32 ), O povo (Ex 19.14), Os
sacerdotes (Ex 28.41).
Na teologia neotestamentária, a santificação na vida do homem,
vem por três vias principais:
Pelo sangue de Cristo (Hb 13.12). O texto de Jo 1.7, afirma que “se
andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os
outros, e o sangue Jesus Cristo, seu filho nos purifica de todo pecado”
Pela palavra de Deus ( Jo17.17) “Santifica-os na verdade, a tua palavra
é a verdade”.
O Espírito Santo - Em Mt 3.11,12 diz que “.. Ele vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo. Em sua mão tem a pá e limpará a eira, e
recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com o fogo que
nunca se apagará”.
188
Edmilson Alves
Tipos de Santificação
Analisando em toda a Bíblia, a teologia da santificação, podemos
concluir que existe três maneiras de santificação:
189
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Justificação
O termo justificação é derivado do hebraico Tsaddik e do grego
Dikaioõ ambos trazem o significado “absolvição, declarar alguém
justo, absolver” O termo justificar ocorre no novo testamento cerca
de trinta e nove vezes, das quais, vinte nove, estão nas cartas de Paulo.
Nos seus ensinos soteriológicos, o apóstolo São Paulo expõe com
muita propriedade a segurança da salvação manifestada na doutrina
da justificação.
A princípio, o termo justificação traz consigo uma conotação
judicial sendo o oposto de condenação, e representando o ato de
declarar justo um réu que poderia ser condenado.
A teologia Paulina procura deixar bem claro que a situação da
humanidade é um estado de condenação “Porque todos pecaram
e destituídos estão da glória de Deus”. (Rm 3.23). Este estado de
destituição que submetia o homem à condição de réu perante o
tribunal de Deus, é mudado no momento em que o homem passa
pelo processo de conversão e regeneração recebendo finalmente, a
justificação, que é uma garantia de que ele está livre, inocente, salvo
da condenação. A justificação tem como fonte, a justiça de Deus.
Os termos hebraico Tsaddik (justificação) e Tsedeq (justiça) são
cognatos, e nessa justiça divina se opera a salvação. Tal justiça é
esclarecida na teologia bíblica sendo apresentada de duas maneiras
diferentes:
Justiça imputada.
A justiça imputada é uma retidão que independe das obras humanas,
e que se apoia única e exclusivamente na fé em Deus Conforme
está escrito em (Gn15.6) que Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi
imputado como justiça. Essa é uma atribuição que vem pela graça de
Deus, através de Cristo, e que alcança os pecadores injustos, que por
seus pecados seriam justamente condenados. Porém, ao que crê em
Cristo, ele alcança “misericórdia”, que é a anulação da sentença que
os condenaria. E ainda recebe “graça” que é definida como um favor
imerecido que vem trazendo consigo a justificação. Desta maneira
a justiça não é burlada pelo fato de um condenado não pagar seus
delitos, pois ao invés dele, outro,(o Senhor Jesus) se fez réu em seu
190
Edmilson Alves
Justiça cumprida.
A salvação vem como um presente, e começa com a justiça imputada,
a qual vem pela fé em Cristo. Porém, a justiça cumprida “é o caminho
pelo qual palmilha os pés dos justos” (Is 26.7). É guardar o caminho
do Senhor (Gn18.19) é praticar a sua lei (Rm 2.13) é desenvolver
a justiça imputada através da regeneração promovida pelo Espírito
Santo que através do cristão cumprir a justiça, vai promovendo um
processo de crédito espiritual que resulta em santificação e capacitação,
manifestos em frutos e dons espirituais.
A exigência da justiça cumprida é retratada de forma sistemática no
salmo 15, que é composto de perguntas, respostas e promessas.
Primeiro, o salmista questiona a Deus com a seguinte pergunta;
“Senhor, quem habitará no teu tabernáculo ? E quem morará no teu
santo monte?” No mesmo salmo, o autor obtém, onze respostas, as
quais são:
(1) O que anda em sinceridade, (2) Pratica a justiça, (3) Fala a verdade
191
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
de coração, (4) Não difama com sua língua, (5) Não faz mal ao
próximo, (6) Não aceita afronta contra o próximo, (7) Aquele que
despreza o pecado, (8) Os que honram os que temem ao senhor,
(9) Os que mesmo que jure com dano seu não muda, (10) O que não
empresta seu dinheiro com usura, (11) O que não recebe suborno
contra o inocente”.
Após esta lista de atos de justiça praticável, o salmista medita na
melhor parte, que são as promessas, e conclui; “Quem faz isso, nunca
será abalado”.
Porém, no ponto de vista sociológico, a justiça é definida como “A
virtude que leva o homem a não causar mau ao próximo, nem tirar
dele vantagens materiais ou morais”. O termo Justiça é mais conhecido
como sendo de origem latina, da palavra Jus que significa: “Direito”.
No segmento sociológico a justiça pode ser apresentada com diversas
faces, dentre elas, destacam-se:
Justiça distributiva. “É o senso de direito que leva o homem a
distribuir de maneira justa aquilo que é de direito proporcionalmente
a qualquer cidadão”. Este tipo de justiça não poderia faltar aos líderes
políticos para que houvesse uma justa distribuição de renda e direito a
todo indivíduo pertencente a qualquer sociedade.
Justiça comutativa. “É o senso de igualdade entre as pessoas, que regula
as ações de uns para com os outros. Garantindo a plena restituição em
caso de algum prejuízo ou ofensa”
Justiça legal. “E o fiel cumprimento dos deveres de cada cidadão em
uma sociedade”. Na qual ele por gozar de direitos garantidos por lei e
tem a devida obrigação de cumprir seus deveres sociais.
Justiça social . “É capacidade de se preocupar com os menos favorecidos
de uma sociedade” ajudando-os a obter mais dignidade. Estas formas
de justiça apresentada, tem uma conotação de foro social, porém, são
extremamente necessária para vivência de todo e qualquer cidadão de
bem em uma sociedade, seja ele cristão ou não. Más, no que se refere
à justificação, esta, é um privilégio somente daqueles que passaram
pelo processo de conversão, regeneração e santificação, e chegaram à
condição biblicamente conhecida como “Salvação”.
192
Homilética
A arte de pregar um sermão
193
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Homilética
Definição
A homilética é uma matéria de uso indispensável a todo e qualquer ora-
dor, ou expositor de alguma mensagem. Por isso é adicionada às maté-
rias de uma grade teológica, para facilitar a comunicação e transmissão
das mensagens e sermões de uma maneira mais objetiva e equilibrada.
A palavra Homilética é de origem grega, e é entendida através de três
termos da mesma derivação; O primeiro, é o termo “Homileo” que é
derivado de “homos” (junto) e que traz a significação “associar-se com
alguém, estar junto de, ter comunicação com alguém” O segundo, é o
termo “Homilos” que significa, “multidão assembléia de pessoas ou aglo-
meração” O terceiro termo é “Homilia” que significa “uma associação de
pessoas que são do mesmo grupo” más ao mesmo tempo significa um
discurso dirigido a um grupo de ouvintes”.
No dicionário Aurélio, da língua portuguesa o termo homilia, é defi-
nido como “uma pregação em estilo simples, e quase coloquial, sobre
o evangelho”. Na teologia, a homilética derivada de todos esses termos
acima citados, significa, “A arte de elaborar e expor um sermão”. Como
matéria importante que é, a homilética é munida de vários recursos que
completam e complementam seu objetivo de exposição de um sermão.
Dentre os complementos da homilética estão os seguintes:
Sua importância. A matéria chamada de Homilética envolve tudo o que
tem a ver com a pregação e apresentações públicas laicas ou religiosas.
Através dela o orador se pode se preparar para apresentar seus discursos
ou sermões de maneira mais eficaz. A importância desta matéria foi en-
fatizada pelo próprio Jesus Cristo, no livro de Lucas, capitulo 16 e ver-
sículo 16. Com uma frase imperativa, dizendo: “Ide pregai o evangelho
a toda criatura”. Pregar é uma arte, que exige organização, criatividade e
194
Indice
Homilética...................................................................................194
Definição...............................................................................................194
A pregação........................................................................................195
Elementos da pregação...........................................................................195
O pregador........................................................................................198
Ao entregar o sermão.............................................................................199
O sermão............................................................................................200
Classificação do sermão..........................................................................200
A estrutura do sermão............................................................................203
195
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
A Pregação
Segundo o ponto de vista bíblico neotestamentário, “a pregação é a pro-
clamação pública do cristianismo, ao mundo não-cristão”. Más no que diz
respeito ao assunto da homilética, a pregação pode ser definida como“orien-
tar, ensinar ou anunciar publicamente uma determinada mensagem a um
grupo de ouvintes”. É, em outras palavras o exercício da homilética. Na
língua do novo testamento, diversos termos gregos, são classificados para
traduzir a arte de pregar. Dentre esses, destacam-se os seguintes; Euangelizõ
que significa, “evangelizar, anunciar boas novas”. Outro termo é a palavra
Kerygma que denota a “aquilo que é pregado, proclamação pública, men-
sagem”. Porém, o termo mais usado na escritura do novo testamento para
traduzir pregação, é a palavra Keryssõ que traz o significado de “proclamar
como arauto, apregoar”
Elementos da pregação
Os elementos que consistem de uma pregação são diversos, desde os reli-
giosos aos estéticos, todos são de fundamental importância. Nesta matéria
nos resumimos a descrever os elementos de maior importância, e que são
indispensáveis para uma pregação. Esses principais elementos são:
Discurso ou Oratória, a Voz, a Eloquência, o Vocabulário a Retórica e
o Sermão.
Discurso ou oratória.
Conforme o dicionário da língua portuguesa, o discurso é “uma peça ora-
tória proferida em público, ou uma exposição metódica sobre determinado
assunto”. Porém, em termos de língua grega, há diversas palavras sugeridas
no texto neotestamentário. Más, uma delas, define melhor o significado
de discurso. É o termo Demegoreõ que é formado de dois vocábulos Demos
(povo) e Agoreaõ (que é falar em assembleia pública). Logo, discurso é “fa-
lar a um público”.E a oratória, assim como o discurso, também é a arte de
se expressar ao público.
196
Edmilson Alves
Eloquência.
Segundo o dicionário de língua portuguesa, Eloquência “é a faculdade de
falar ou escrever de modo persuasivo ou comovente”. Também é um termo
derivado do latim Eloquentia que significa: “elegância no falar, ou falar
bem”. Também seria a arte de se comunicar com capacidade para conven-
cer os ouvintes.
O pregador não deve confundir eloquência com excessos de irreverên-
cia no púlpito. A elocução é o meio mais viável para uma boa comunicação
na pregação.
Voz.
A voz é o principal veículo de uma pregação. Por isso ela deve ter algumas
características indispensáveis. Por exemplo:
Ser audível, para que todos possam ouvir e entender a mensagem.
Ser Compreensível, para que todos os ouvintes possam entender. Para isso
é necessário pronunciar claramente as palavras, e fazer uma leitura correta,
observando as regras de pontuações e acentuações. E não comer parte das
palavras ou expressões.
Vocabulário, é basicamente a quantidade de palavras que conhecemos.
Todo pregador que quer ser bem sucedido na sua pregação, precisa tomar
algumas precauções em relação à linguagem a ser usada. Ele deve usar
termos fáceis de falar e que seja comum a todos, de fácil compreensão.
É dever do pregador saber o significado das palavras. Também, é preciso
evitar linguagem incorreta e o uso de gírias e piadas indecentes ou de mau
gosto. É necessário ter conhecimento do nível do seu publico ouvinte.
Deve levar a sério o seu oficio, e não agir como um animador de circo ou
plateia.
Retórica.
“É um conjunto de regras relativas à eloquência”, além de ser também a
arte de falar bem. Esta arte possui algumas formas de linguagem, das quais
o orador pode apoderar-se no uso da sua oratória ou pregação. Estas for-
mas de linguagem, são as figuras de retórica. Que dentre tantas destacamos
as seguintes:
Metáfora, um tipo de figura de linguagem que tem por base alguma seme-
lhança entre dois objetos ou fatos, caracterizando-se um com o que é
próprio do outro.
197
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
Sinédoque, faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o
todo pela parte, o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice- versa.
(Sl 73:9; Sl 52:4 ; Jo 13:8; I Co 11:26; At 24:5; Pv 1:16; Lv 2:1).
Metonímia, usa-se esta figura quando se emprega a causa pelo efeito, ou o
sinal ou símbolo pela realidade que indica o símbolo. (Jr 18:18 ; At 23:37;
Sl 18:1; I Co 10:21).
Prosopopéia, esta figura é usada quando se personificam as cousas
inanimadas, atribuindo-lhes os feitos e ações das pessoas.
Ironia, faz-se uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer
dizer, porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro.
Hipérbole, é a figura pela qual se representa uma cousa como muito maior
ou menor do que em realidade é, para apresentá-la viva à imaginação.
É um exagero. (Números 13:33; Dt 1:28; Gn 22:17;II Cr 28:4; Sl 119:136
Jó 21:25)
Alegoria, é uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas
unidas, representando cada uma delas realidades correspondentes.
(Sl 80:8-15; Jo 10: 1-18; Jo 6:51-65; Is 5: 1-7).
Fábula, é uma alegoria histórica, na qual um fato ou alguma circunstância
se expõe em forma de narração mediante a personificação de cousas ou de
animais. (Jz 9.8 a 15)
Enigma, é a enunciação de uma ideia em linguagem difícil de difícil
compreensão Ex: Juizes 14.14.
Símbolo, representa alguma cousa ou algum fato por meio de outra cousa
ou fato familiar que se considera a propósito para servir de semelhança ou
representação.
Parábola, é uma espécie de alegoria apresentada sob a forma de uma
narração, relatando fatos naturais ou acontecimentos possíveis, sempre
com o objetivo de ilustrar uma ou várias verdades importantes. (Mateus
13: 24-30; Lucas 18: 10-14).
Interrogação. é a figura pela qual o orador se dirige ao seu interlocutor, ou
adversário, ou político, em tom de pergunta, sabendo de antemão que
ninguém vai responder. (Gn 18:25; Am 3:34;Rm 8:33,34;Hb 1:14).
Antítese, é a inclusão na mesma frase de duas palavras ou dois pensamentos
que faz um contraste um com o outro. O mau e o falso servem de contraste
ou fundo que dá realce ao bom e ao verdadeiro. (Dt 30:15,19;
198
Edmilson Alves
O Pregador
O pregador ou orador é o responsável por entregar o sermão. E essa res-
ponsabilidade exige um comportamento exemplar perante seus ouvintes.
Por isso, é necessário observar alguns requisitos importantes na postura de
quem deseja destacar-se na arte da oratória. Por exemplo:
• Vencer a timidez e encarar os ouvintes.
• Usar gestos adequados e pensar no que deverá falar.
• Expressar os pensamentos de maneira clara e concreta, usando frases
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D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
corretas.
• Ser preciso nas palavras e utilizar os recursos naturais, tais como; mãos,
olhos, boca etc.
• Não demonstrar rigidez e nervosismo e evitar exageros nos gestos.
• Não demonstrar indisposição e evitar leituras prolongadas.
• Preocupar se com a indumentária. Esta vestido adequadamente.
• Estar com o sermão ou discurso preparado.
O pregador não deve esquecer que diante dele há um publico atento
esperando ouvir alguma coisa construtiva. De preferência que venha da
parte de Deus através dele.
Ao entregar o sermão
Quando o pregador for entregar seu sermão é indispensável que:
• Tenha estudado bem a mensagem,
• Evite se movimentar como fantoche
• Evita ficar estáticos como múmia
• Evitar ultrapassar o tempo estabelecido para o sermão
• Observar o auditório, olhar sempre nos olhos das pessoas e nunca fi-
car olhando somente para uma única pessoa, nem mesmo para o relógio,
parede, janelas chão teto ou ficar com os olhos fechados.
200
Edmilson Alves
O Sermão
O sermão é o produto final da pregação. É a mensagem. Depois de juntar
todos os ingredientes da homilética a um disciplinado orador, que exerça
com eficácia, tem-se como resultado o sermão. E de preferência um bom
sermão.
Classificação do sermão
O sermão pode ser classificado de diversas maneiras; por exemplo: pelo mé-
todo, pelo género ou pelo assunto.
201
D i s c i p l i n a s d e Te o l o g i a
• Sermão textual. São sermões onde a sua divisão está no próprio texto.
É um método proveitoso, pois facilita ao público presente acompanhar
cuidadosamente a exposição do sermão. Este tipo de sermão possui ainda
subdivisões que correspondem ao seu tipo e estilos diversificados.
Por exemplo:
As divisões textuais fraseológicas que são divisões que correspondem com
exatidão as frases descritas no texto. Um exemplo é o tema “Não temas”
( Isaias 42.10), “Não temas que eu te ajudo”, “Não temais, essa peleja não
é vossa”, “ Não temas eu Sou teu escudo”. Outra forma importante é a di-
visão Textual Tópico que são correspondentes às frases do texto, mesmo que
não estejam no texto. Neste método é Utilizado as mesmas divisões do
texto, porém, com outras palavras que tenham o mesmo significado. Ex: “O
médico divino” (Lc 18.35-43, no episódio do cego de Jericó). Uma outra
subdivisão é chamada de Textual Inferente, que ão divisões inferidas das
frases textuais. Esse método não é muito usado devido às dificuldades de
elaboração. Nesse tipo de divisão as orações textuais são reduzidas em uma
expressão, ou palavra que conclui o conteúdo, sendo esse a essência da de-
claração. Ex: “Como adorar a Deus (Jo. 4.23)? Em espírito e em verdade,
Com um coração puro, Com liberdade”.
• Sermão expositivo. Quando os textos são longos. Este pode expor uma
história ou uma doutrina. (Parábola, Milagre, Peregrinação, Pecado)
Em certo sentido todo sermão é expositivo, mas aqui indica a extensão
do texto. O sermão expositivo é dividido em: Analítico e sintético.
E ainda pode ser Conclusiva: (pois, logo, portanto) “Por tanto, tornai a
levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados” (Hb 12.12).
A Estrutura do Sermão
Podemos apresentar cinco princípios para uma boa estrutura de um ser-
mão. Esses princípios podem ajudar o pregador a formar uma mensagem
consistente e objetiva:
• Unidade. O pregado deve evitar misturar os assuntos e pregar um ser-
mão por vez. Fugir de miscelânea e manter a unidade do tema abordado.
• Ordem. Considerar o sermão como a um corpo, tendo cabeça, tronco e
membros. Em outras palavras; principio, meio e fim.
• Simetria. Cada parte do sermão deve ser proporcional às demais.
• Progresso. É o auge ou clímax da mensagem. É o ponto crucial para o
pregador, o sermão e os ouvintes. E para que este ponto exista de fato, é
necessário que o pregador estabeleça um alvo e trace um caminho para
ele.
• Inspiração. Todo sermão deve ter inspiração divina. Um sermão sem ins-
piração, ainda que tenha uma excelente estrutura, não apresentará poder de
convencimento ou edificação aos que ouvem. Portanto é fundamental e
imperativo que o pregador além de toda a estrutura de um sermão, tenha
ou busque em Deus a inspiração.
204
Bibliografia
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