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A CENTRALIDADE DAS ESCRITURAS NO CULTO REFORMADO

COPYRIGHT © 2020 W. CRISTIAM R. N. DE MATOS


PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE
EBOOK – 1ª EDIÇÃO EM 2020
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS POR WILLIAM CRISTIAM
ROSA DO NASCIMENTO DE MATOS

PROIBIDA A REPRODUÇÃO DESTE LIVRO POR QUAISQUER


MEIOS, SEM A PERMISSÃO ESCRITA DO AUTOR, SALVO EM
BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE.

ESCRITOR: CRISTIAM MATOS


ISBN: 978-65-00-01808-0
DEDICATÓRIA

AGRADEÇO A DEUS!
SOMENTE A ELE TODA A GLÓRIA E HONRA
ETERNAMENTE. AMÉM!

Dedico este livro a minha amada esposa Marcia Martelli Leite Bonfim
de Matos, minha amada filha Helena Martelli Matos, aos meus pais Ademar
Lima de Matos e Rosemare Rosa do Nascimento de Matos. Também aos
amigos, que sempre estão juntos e apoiando o ministério qual o nosso Senhor
e salvador confiou-me.
Que nosso Senhor nos orientes de acordo com as escrituras e louvo a
Deus, pois Ele nos concede a graça de fazer tudo para a sua glória.
Rogo ao Senhor Jesus Cristo as mais ricas bençãos a todos os leitores.

Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a


comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês, hoje e para todo
sempre. Amém!
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

DEFINIÇÃO DE CULTO

ESCRITURA SAGRADA

PREGAÇÃO EXPOSITIVA

BENEFÍCIOS DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA

EVIDÊNCIA DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA

NECESSIDADE DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA

PERIGOS DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda a importância das escrituras dentro culto. As


escrituras têm que ter lugar de primazia, pois é a Palavra de Deus, na sua
exposição ou na sua leitura durante o momento litúrgico.
A centralidade das Escrituras no culto, tem princípios claramente
estabelecidos nos Símbolos de Fé da Igreja Presbiteriana do Brasil e tema
central da Reforma Protestante, o qual se comemora no dia 31 de outubro,
como o Sola Scriptura de onde é pautado o princípio regulador do culto.
A teologia do culto mostra-se coerente com as Escrituras e sua história.
A Palavra de Deus ao ser pregada fielmente, como está nas Escrituras
Sagradas, é transformadora, pois a fé vem pela pregação, mas a pregação da
palavra de Cristo[1]. O nome de Deus, é glorificado, porque é a sua Palavra
que está sendo colocada no culto.
O foco no lugar das Escrituras no culto, pretende seguir aqui o método da
teologia sistemática, analisando o ensino sobre o lugar das Escrituras no
culto, tendo como base as Escrituras Sagradas.
A metodologia será uma abordagem bibliográfica sobre diversos autores e
algumas confissões.
Em um primeiro momento, será abordado a definição de culto, cuja
análise se dará através dos termos vétero e neotestamentárias, focalizando
que o culto é uma adoração ao Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, a
Santíssima Trindade.
No segundo momento será abordado sobre o lugar das Escrituras e os
elementos qual faz parte do culto, como a oração, batismo e a Santa Ceia. O
objetivo é mostrar a centralidade Palavra.
No terceiro momento, será abordo o lugar das Escrituras no culto no ponto
de vista dos contextos vétero e neotestamentárias, bem como uma análise da
posição de alguns Símbolos de Fé de Westminster[2]. Será abordado o lugar
das Escrituras no culto e o conceito do princípio regulador do culto[3].
No quarto e último momento, será abordado a necessidade de o culto
reformado contemporâneo reformar-se no quesito lugar das Escrituras no
culto e a importância da exposição das escrituras e o crescimento saudável
que ela traz.
DEFINIÇÃO DE CULTO

São muitos os termos que expressam o ato de adoração a Deus, liturgia,


bem como o culto, este como serviço religioso prestado quer individual ou
coletivo.
Ao observar a LXX[4], nota-se os termos, leiturgos e leitourgia, que traduz
o hebraico abódah, e leitourgeo. Estes termos expressam o serviço ritual,
uma vez que o culto sacerdotal era regulado pela lei.
No Novo Testamento o termo proskunein limita-se aos Evangelhos, Atos e
Apocalipse. Não era muito usado devido ao uso associado à adoração e a
alguma divindade pagã, com o significado de honrar, adorar, prestar culto a
alguém.
Nos Evangelhos Sinóticos, esse verbo grego indica obediência e adoração
a Deus e a Jesus Cristo.
O termo grego latreia significa salário, ou serviço prestado a alguém sem
a ideia de recompensa. Este termo é usado para apontar à adoração cúltica e
por sua vez aparece pela primeira vez nos livros de Êxodo, Deuteronômio,
Josué e Juízes, com o sentido de serviço religioso.
Liturgia é o serviço religioso onde são prestados louvor e adoração ao
Deus vivo, e culto é o ato de ofertar o louvor a Deus. Logo não existe liturgia
sem culto e culto sem liturgia.
O primeiro mandamento do Decálogo explicita que Deus é o Senhor
único, onde não é permitido ter deuses estranhos que interponham entre o
adorador e o Deus adorado.
Nas Institutas, Calvino diz que “o fim deste mandamento é que Deus quer,
Só, ter a preeminência em seu povo e nEle exercer Seu direito em plena
medida”[5], assim concluímos que somente Deus deve ser adorado.
O segundo mandamento afirma o primeiro exigindo o amor único ao Deus
verdadeiro, Deus é o único objeto de adoração, não permitindo que seu culto
seja profanado por ritos e superstições que corrompem a adoração a Deus
tornando-a idolatria exterior.
A iniciativa da adoração verdadeira vem de Deus. Ele é quem dá o
primeiro passo e coloca no coração das pessoas o desejo de adorá-lo[6].
O caráter revelador de Deus faz com que a adoração se torne uma resposta
do homem à natureza e ação de Deus.
O relacionamento de Deus com o homem foi violado e como
consequência do pecado, criou-se uma barreira instransponível entre o Deus
criador e o ser criado. Com esta violação no relacionamento, o homem
distanciou-se de Deus e tornou-se escravo do pecado, morto espiritualmente.
Era preciso alguém para intermedia entre o homem e Deus, então foi
criada a figura do sacerdote, que era responsável em representar o povo
diante de Deus.
A incumbência maior dos sacerdotes era mediar o sacrifício junto a Deus,
quer para purificação dos pecados ou qualquer outro ritual sacrificial. O ser
humano não podia por si só achegar-se a Deus em face do pecado ora
cometido em Adão.
O livro de Hebreus apresenta Jesus Cristo como o sumo sacerdote, aquele
que de uma única vez expiou todos os pecados do mundo. A pessoa de Jesus
Cristo com suas duas naturezas foi lhe incumbido a tarefa de redimir o povo
escravizado pelo pecado e que reconciliasse Deus e os homens e, portanto,
para que o Pai através de Jesus Cristo seja honrado[7].
Cristo assumiu a forma humana esvaziando-se, sendo obediente ao Pai, em
seu nome, todo joelho se dobre. Esta exaltação ao Deus Filho é a exaltação ao
Deus Pai.
Os cristãos devem fazer de Jesus Cristo o centro do culto, por este motivo,
o culto é cristocêntrico, Deus é o único objeto de adoração, não permitindo
culto aos anjos, ou a qualquer outra criatura, e nem mesmo qualquer outro,
exceto o Filho Jesus Cristo.
A ideia dominante no presbiterianismo, pautada nas Escrituras, assegura a
soberania divina, onde é proibido o oferecimento de culto por meio de
qualquer ser humano, não há outro objeto a ser adorado a não ser Deus.
ESCRITURA SAGRADA

O compendio de livros qual chama-se bíblia, foi inspirada por Deus tem a
supremacia em todas as questões de fé e Deus fala mediante a sua Palavra ao
seu povo. Paulo estava passando instruções ao jovem Timóteo[8], para ele
pregar unicamente a Palavra. Hernandes[9] afirma que a escritura é o
conteúdo da pregação, e a pregação é o instrumento para proclamar a
Escritura. A proclamação da Palavra de Deus, torna-se poderosa quando ela é
exposta versículo por versículo, desta forma ela cumprirá seu propósito
transformador na vida do homem[10].
A Palavra de Deus é poderosa, Ele está presente nela e opera por meio
dela[11]. A escritura é poderosa para transformar vidas, quando ela é
proclamada com fidelidade. A transformação não ocorre por conta das
habilidades dos pregadores, mais sim, pelo poder de Deus contida através da
proclamação fiel das escrituras.
A Pregação Expositiva é esse instrumento fiel pelo qual Deus opera. Este
estilo torna-se fiel devido a sua abordagem em transmitir o texto das
escrituras colocando-a como suprema em toda pregação.
O período pós-apostólico passou por grandes mudanças, é conhecido
como o período dos pais da igreja, com início no II século e perpetuando até
o IV século. Foi marcado por grandes perseguições e acusações referente a fé
cristã. Também marca a rápida deterioração do cristianismo. A deterioração
do cristianismo ocorreu pela interpretação alegórica, importação da filosofia
grega no pensamento cristão e pelo sincretismo religioso.
A metafísica abstrata, a lógica e a retórica, delegaram grande ênfase no
cultivo de expressão literária e argumentativa. Os pregadores não pregaram
as verdades contidas na palavra de Deus, porque eles eram mestres de belas
frases, neste período as frases finas tinham um valor, muito agregado. A
indicação significativa dessa adaptação é afastar-se da pregação, colocando
em seu lugar a arte do sermão, que estava mais envolvido com a retórica do
que com a verdade. Desta forma o conceito grego, sermão, rapidamente se
tornou uma tradição significativa.
Em meados dos anos 125 a 190 d.C., foi publicada a primeira apologia de
Justino Mártir, encaminhada ao imperador, em defesa do cristianismo contra
as falsas acusações. Tertuliano escreveu a sua Apologia com o intuito de
inocentar os cristãos das acusações falsas, que tinha de suportar. Ireneu de
Lyon evidenciava a responsabilidade dos presbíteros de aderirem aos ensinos
dos apóstolos.
Cipriano e Orígenes eram polemistas, suas argumentações eram contra a
falsa doutrina, o método alegórico de interpretação estimulava um interesse.
Sua alegorizarão foi prejudicial para a exegese bíblica, assim reduzindo
interesses em exposições entre os seus seguidores na escola de Alexandria.
Os primeiros quatrocentos anos da igreja produziram muitos pregadores, mas
poucos verdadeiros expositores[12].
Um grupo de pregadores entre 325 a 460 d.C., envolvido com o estudo
sério da bíblia, tendo como destaque, João Crisóstomo e Agostinho.
Crisóstomo pregou verso por verso e exposições palavra por palavra em
muitos livros da Bíblia. Foram inclusas homilias sobre Gênesis, Salmos,
Mateus, João, Atos, Romanos, 1 e 2 Coríntios, e as outras epístolas paulinas.
Ele tem sido chamado de Boca de ouro, por causa de sua grande capacidade
de atrair uma audiência e mantenha-os encantados ao longo de um sermão.[13]
Na reforma protestante tivemos um movimento que volta as Escrituras.
Após um longo período em que as Escrituras foram deixadas de lado, a
reforma protestante traz de volta ao púlpito a centralidade da Escritura. Um
dos pilares da reforma foi Sola Scriptura, nesse período surgiram muitos
pregadores expositivos, como Ulrich Zwinglio, Martinho Lutero e João
Calvino, que dedicaram ao ensino e a pregação expositiva.
Lutero exaltou as Escrituras mostrando, que só através dela, o homem
pode chegar até Deus, por meio do ensino e da pregação. Os resultados deste
trabalho permeiam até os dias de hoje.
João Calvino foi o mais importante de todos, desse colocou as Escrituras
no centro de todas as atividades eclesiásticas. Ele era um expositor da Bíblia
e pregar era a tarefa mais importante. Em suas pregações a autoridade Bíblica
era única. Para ele a Bíblia era a Palavra de Deus e a colocava no centro da
vida da igreja. Calvino permaneceu firme sobre os pilares da reforma, a Sola
Scriptura. Sua convicção estava firmada no verbum Dei, a Palavra de Deus, e
que somente ela podia regulamentar a vida da igreja. A Sola Scriptura
identificava a Bíblia como autoridade única na igreja de Deus.
É através da Palavra que o Espírito comunica sua graça ao coração dos
adoradores, daí sua leitura no culto ser essencial, bem como a pregação da
mesma.
O kerigma é a pregação da palavra de Deus, e o Didaquê é o ensino da
Igreja, o conteúdo é Jesus Cristo, e a expressão é das Sagradas Escrituras. A
palavra é a mensagem e o pregador é portador das boas novas ao povo. Esse
momento requer a iluminação do Santo Espírito de Deus para que seja
compreendida a mensagem do Evangelho.
O momento da pregação da Palavra é o momento de ensinar sobre as
verdades de Deus, e através da leitura e exposição de sua palavra que somos
confrontados, com a verdade do Evangelho, e confortados pelo amor de
Deus, convencidos do pecado e da necessidade do perdão, desta forma
assegura a certeza da salvação por meio de Jesus Cristo.
A pregação cristã deve estar fundamenta essencialmente nas escrituras
sagradas.
Os Atos dos apóstolos, mostra o nascimento missionário da igreja, através
da pregação de Pedro. Este revela que seu chamado está estritamente ligado à
pregação do Evangelho[14]. A pregação da Palavra precisa estar relacionada
às demais partes do culto. A revelação de Deus se dá através da leitura das
Escrituras.
Qualquer tentativa de aviltar a veracidade canônica da Palavra de Deus é
refutada através do argumento exposto pelo próprio Deus que consiste na
participação do Espírito Santo, este que ilumina os corações para o
entendimento da Palavra, uma vez que se crê pela fé, Deus se revela através
da leitura de sua Palavra.
A pregação da Palavra de Deus ou sua exposição através do sermão,
obtêm um papel central no culto, onde o conteúdo da Palavra é o próprio
Cristo, revelado através das Escrituras. No culto, o púlpito é lugar para expor
a sua palavra, o importante no culto é a ministração da palavra de Deus.
A Segunda Confissão Helvética foi elaborada em 1562 por Heinrich
Bullinger, publicada em 1566 por Frederico III da Palatina, sendo adotada
pelas Igrejas Reformadas da Suíça, França, Escócia, Hungria, Polônia e
outras.
Cremos e confessamos que as Escrituras Canônicas dos santos profetas e
apóstolos de ambos os Testamentos são a verdadeira Palavra de Deus, e têm
suficiente autoridade de si mesmas e não dos homens. O próprio Deus falou
aos patriarcas, aos profetas e aos apóstolos, e ainda nos fala a nós pelas
Santas Escrituras[15].
A pregação da Palavra de Deus, é a voz de Deus, quando Palavra de Deus
é anunciada na Igreja por pregadores legitimamente chamados, cremos que a
própria Palavra de Deus é anunciada.
Confissão de Fé Francesa, preparada com o auxílio de João Calvino e
aprovada pelo Sínodo de Paris em 1559, traz no capítulo V, a autoridade das
Escrituras. Nós cremos que Palavra contida nesses livros procede de Deus, e
recebe sua autoridade dele somente, e não dos homens. E visto que é a regra
de toda a verdade, contendo tudo, que é necessário para o culto de Deus e
para nossa salvação, não é permitido aos homens, nem mesmo a anjos,
acrescentar-lhe ou tirar dela. De onde segue que nenhuma autoridade, se de
antiguidade, ou de costume, ou de números, ou de sabedoria humana, ou de
julgamentos, ou de declaração oficial, ou de editos, ou de decretos, ou de
concílios, ou de visões, ou de milagres, não deve se opor a estas Sagradas
Escrituras, mas, no contrário, todas as coisas devem ser examinadas,
reguladas, e reformadas de acordo com elas. E consequentemente nós
confessamos três credos: o Apostólico, o Niceno e o Atanasiano, porque
estão de acordo com a Palavra de Deus[16].
O ensino acima, aplicado ao culto, pode ser resumido como sendo as
Escrituras a regra necessária para examinar, regular o culto, e, contêm toda a
verdade quanto ao culto.
A Confissão de Fé Escocesa foi a primeira confissão reformada da
Escócia. Foi redigida em 4 dias por seis reformadores – John Knox, John
Spottiswood, John Willock, John Row, John Douglas e John Winram, sendo
o mais proeminente John Knox. O Parlamento a adotou em 1560, mas sua
oficialização se deu apenas em 1567, por causa da resistência da rainha
Maria, católica, que residia na França. Tornou-se a confissão de fé oficial da
Igreja Reformada Escocesa até que esta adotasse a Confissão de Fé de
Westminster, em 1647.
No seu capítulo 19, que trata da Autoridade das Escrituras, cremos e
confessamos que as Escrituras de Deus são suficientes para instruir e
aperfeiçoar o homem de Deus, e assim afirmamos e declaramos que a sua
autoridade vem de Deus e não depende de homem ou de anjo.1
Os Símbolos de Fé de Westminster no capítulo I, seção 1, é declarado que
a revelação natural não é suficiente para a salvação do homem e que Deus
usou vários modos de revelação especial para comunicar sua salvação aos
homens, mas para evitar a corrupção desse ensino pela malícia humana ou
invenção de Satanás, Deus quis fazer escrevê-la toda, cessando assim os
outros modos de revelação. Assim se o ser humano há de saber alguma coisa
sobre Deus o único meio autorizado de revelação são as Escrituras. Do
próprio Espírito Santo, na sua obra de iluminação, Jesus disse que sua missão
é fazer lembrar[17] os seus ensinos, e não para dar novas revelações.
Mas como podemos usar a Escritura para toda a amplitude da vida, a
confissão diz no Capítulo I, seção 6, todo o conselho de Deus concernente a
todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do
homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e
claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum,
nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens.
Desta forma reconhecemos, ser necessária a íntima iluminação do Espírito
de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na Palavra. As
Escrituras, tem alto valor especialmente quanto ao culto.
Quanto as escrituras estão sendo utilizada no culto, a pregação torna-se
saudável para igreja, pois sua exposição traz crescimento saudável aos que
recebem a palavra de Deus.
PREGAÇÃO EXPOSITIVA

A pregação expositiva tem um papel fundamental na vida ministerial e


eclesiástica, é um ofício que começou no antigo testamento e perdura até os
dias de hoje. Uma convicção comum entre os antigos e modernos pregadores,
é que a escritura é inerrante e infalível. O ensinamento contido na Escritura,
não importa qual venha ser, é a verdade[18]. Os livros canônicos são
completamente isentos de erros[19], as Escrituras de ser tratada como
Escrituras, é Deus falando[20].
Dentro da cosmovisão cristã, será traçado um perfil do cristão do ponto de
vista bíblico. Uma vida cristã séria significa, fazer julgamento moral de si, e
aceitar que existe lei moral aplicável a todas situações, escolher entre certo e
errado, bem e mal. Não é basear-se naquilo que for conveniente para o
momento, mas sim de acordo com os padrões bíblicos, determinados por
Deus.
A escritura sagrada, é a regra de fé e prática[21] do cristão, ela é inerrante,
infalível e eficaz, quando exposta de forma ordenada e sistemática, torna-se
salutar para igreja. Deus deixou sua palavra para ela ser estudada e ministrada
sem que o pregador tenha que inventar, mas apenas repassar o que já está
escrito.
A Igreja de Atos demonstra a importância de a escritura ser exposta, pois a
palavra de Deus, se explica com a própria palavra de Deus. Ela estava
comprometida com a qualidade de vida, em Atos encontramos a igreja sendo
atacada de várias formas, ela responde com a pregação e a oração. Quando a
igreja está comprometida com a verdade, prega a verdade, ela se compromete
com a verdade.
Quando a escritura Sagrada é exposta, de forma integra, conforme Deus
ordenara, não existe brecha para invenções e não será acrescente nada, além
do que está escrito, o cristão absorve valores, que agrada o coração de Deus,
contidas nas escrituras. Essa é a vontade de Deus.
As influências culturais, das mídias sociais, dos livros com teologias
liberais, entre outros, que contém valores contrários, a palavra de Deus,
ensinamentos supérfluos, não devem priorizar suas escolhas. A ética bíblica
está preocupada com o estilo de vida que a fé cristã exige[22]. A escritura
contém a vontade de Deus, para nosso ensinamento.
O caráter de Deus é refletido na ética bíblica, Ele é imutável, sua palavra é
soberana e única, sua fidelidade não depende de interesses. Quando a palavra
de Deus é pregada de forma expositiva ela combate as heresias. As virtudes
como honestidade, bondade, gentileza e integridade, são atributos definidos
por Deus e não estão sujeitos às opiniões particulares, nem barganhas.
A ética bíblica é para todos, não distingue raça, classe social nem nível
cultural[23]. Os requisitos morais, pelos quais os cristãos devem viver, são os
mesmos de ontem e serão os de amanhã, pois Jesus Cristo é o mesmo, ontem,
hoje e será eternamente[24]. Seu caráter tem que transparecer através de
nossas vidas.
A pregação expositiva tem como arma a bíblia, e ela deve ser absorvida
todos os dias, a cidade de Genebra adquiriu conhecimento, conforme ela
absorvia a palavra de Deus, ela era transformada, isso porque, o principal
alimento administrado aos fiéis era a bíblia[25]. Calvino não tinha outra arma
a não ser a bíblia.
BENEFÍCIOS DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA

A pregação expositiva traz conhecimento e profundidade, o crescimento


aqui é qualitativo e quantitativo. Não existe uma igreja com qualidade e
fidelidade junto as escrituras, estéril. Quando há fidelidade às escrituras,
Deus dá o crescimento quantitativo para igreja, de forma natural.
O dever do cristão é identificar a veracidade da palavra que está sendo
servida, o certo, o errado, bem ou mal, de acordo com o padrão de Deus. Para
que isso ocorra, o alimento deve ser consistente, sólido. Não há liberdade
individual para decidir quais valores são corretos. Deus os revelou para nós,
através das escrituras sagradas.
Para o cristão, o estilo de vida é uma questão de lealdade a Deus, não de
preferência pessoal. A revelação da palavra, está na compreensão das
escrituras, somente a estudando na integra, se obterá entendimento. O cristão
deve viver de maneira que reflita Cristo através de sua vida, gestos e tudo o
que fizer. Jesus estabeleceu o padrão ético, qual encontramos nas escrituras.
Devemos ser imitadores de Cristo, seguir seu exemplo e orientar o nosso
comportamento de acordo com Ele. O cristão deve considerar quem vem
atrás, ao lado à frente, olhar uns aos outros superiores a si mesmo, uma
sensibilidade de amor a Deus e ao próximo[26]. O caráter cristão encontra-se
pela presença de três atributos, respeito, honra e honestidade. É necessária
uma demonstração contínua dos três.
A ética bíblica requer que vivamos de acordo com a autoridade. Toda a
autoridade é instituída por Deus. Devemos respeitar toda e qualquer
autoridade, e ensinar as crianças a fazer o mesmo. Deus os coloca em posição
de autoridade para evitar o caos, a confusão e a destruição.
Deus deixou sua palavra, para que debaixo de sua autoridade, haja a
compreensão de Sua vontade, os discípulos pregavam a palavra de Deus. Os
acontecimentos negativos, as perseguições, os problemas nas igrejas eram
combatidos com a palavra do Senhor e com oração. A melhor forma de
compreender as necessidades e supri-la, é alimentar-se com as boas novas
contida nas escrituras.
A autoridade é necessária para manutenção da ordem. A submissão à
autoridade é aceitar que Deus colocou essa pessoa sobre nós. Não aceitar uma
autoridade é uma atitude amarga contra Deus[27].
Ensinar aos filhos a respeitar e honrar os pais é fundamental no ensino
sobre respeito às outras pessoas. Este mandamento está associado a uma
promessa, por isso concluímos que a desonra está ligada a uma maldição. Ao
desonrar seus pais receberão o peso do julgamento de Deus. O desobedecer,
desrespeitar ou desonrar a seus pais, são atitudes contrárias à sua natureza.
Os pais são os governadores designados por Deus para administrar seus
filhos, de acordo com a Bíblia, honrar os pais implica em um profundo
respeito, dado com amor. Honrar por dever, anula a santidade da honra. Deus
nos chama a um relacionamento de discipulado com os nossos filhos, e levá-
los da inocência e estultícia à maturidade e sabedoria[28].
Deus entregou Seu Filho, Unigênito para que todo aquele que nEle crê,
não pereça, mas tenha a vida eterna. Ele prova o Seu amor para conosco
entregando Cristo para morrer por nós, sendo nós ainda pecadores, e nos
convida a aceitar esse sacrifício de amor, a entregar-Lhe totalmente a vida e a
nascermos de novo em Cristo.
Todo aquele que passar por essa experiência com Jesus, deve andar
conforme a vontade de Deus. Seus pensamentos, suas atitudes, os valores de
vida, deverá ser pautada, conforme a vontade de Deus. Será entregue todo o
seu ser e todos os aspectos de sua vida, somente a fazer a vontade de Deus.
Assim se você está em Cristo, é nova criatura, as coisas antigas já passaram.
Uma vida renovada leva o cristão a um alto padrão de comportamento
através de um estilo de vida, que, O glorifique e evidencie publicamente a fé
e o compromisso que tem, com Cristo Jesus. A importância do estilo de vida
para o cristão encontra-se na restauração da imagem de Deus no ser
humano[29].
“O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus. Criado para
adorá-lo e glorificá-lo, hoje e por toda eternidade[30].” Essa realidade
acabou sendo manchada pelo pecado. Mas, através da redenção em Cristo
Jesus e da atuação do Espírito Santo na vida daqueles que o Senhor escolheu,
no processo de restauração, um dia teremos essa semelhança restaurada, para
honrar e glorificar a Deus de forma completa. Deus chama Seus filhos a um
reavivamento, e compromisso em ser santo. Cristo deixou claro que ser santo
é ser perfeito como Deus. O ser humano jamais será santo em vida, mas é
dever de todo cristão resplandecer Sua graça, amor e bondade, uns com os
outros.
Um dos benefícios do crescimento do cristão e de uma igreja saudável, são
evidenciadas em igrejas e atitudes dos membros em serem bíblicos em suas
tarefas, ou seja, a igreja deve ser consistentemente distinta da cultura do
mundo. O resultado evidente não é marca do sucesso, mas sim, a fidelidade a
bíblia perseverante. A igreja deve ajudar o cristão a recuperar aspectos do
cristianismo que são distintos do mundo[31].
EVIDÊNCIA DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA

A história está repleta de exemplos dos resultados da pregação expositiva,


quando a palavra de Deus é pregada com perseverança, fidelidade e poder, o
cristão é impactado pela palavra e é transformado[32]. No período apostólico,
dos pais da igreja e, especialmente, no século IV, com João Crisóstomo e
Agostinho. Lutero e Calvino foram expositores poderosos da bíblia.
O cristão evidencia sua convicção de fé quando se torna um canal de Deus
ao amar sinceramente todos os indivíduos com quem ele se relaciona, orando
por eles e ajudando-os, mesmo sendo seus inimigos ou aqueles que o
perseguem.
O cristão deve imitar a Cristo Jesus, em todos os aspectos de sua vida[33].
Para que isso seja possível, Deus concede aos Seus filhos o Espírito Santo, o
Consolador, que opera na mente e coração dos seres humanos, envolvendo o
cultivo de atributos internos e externos. Esses atributos representam a
restauração do caráter divino evidenciado pelo fruto do Espírito na vida dos
filhos de Deus[34].
O cristão é chamado a consagrar a Deus todos os aspectos de sua vida.
Deve ser sóbrio e esperar inteiramente na graça que vos está sendo trazida na
revelação de Jesus Cristo. Todos devem ser obedientes, não se molda às
paixões que anteriormente na ignorância, os levava para longe de Deus, pelo
contrário, devemos ser santos em todos momentos, porque escrito está: “Sede
santos, porque Eu sou santo”[35]. Ao fazer o que agrada ao coração de Deus,
reconhecemos plenamente o poder e a autoridade da Palavra de Deus.
Todos devem conservar-se puros no coração e na mente. O cristão deve
evitar e rejeitar tudo que possa poluir sua mente e sua vida, levando-o a
pecar. O apóstolo Paulo orienta-nos para nortear nossas escolhas, conforme a
vontade do Pai[36].
Os reformadores do século XVI, resgataram a integridade da palavra de
Deus, em meio a interpretações alegóricas, carregada de sincretismo
religioso. Isso pode ser visto por conta de estudos expositivos, para a correta
interpretação das escrituras. Pois a escritura explica a própria escritura.
O cristão deve ter uma vida integra e reta que agrade a Deus, assim
transparecendo em sua vida pessoal, a majestade de Deus.
NECESSIDADE DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA

Há uma grande necessidade da pregação bíblica nos púlpitos. O


movimento de Crescimento da Igreja deixou de lado a pregação da escritura
sagrada como a ferramenta mais importante para utilizar de sincretismo
religioso, trazer doutrinas que atraem as pessoas para a igreja. Existe muita
literatura, voltada para o crescimento da igreja, vinda deste movimento. Fala
pouco e sobre a pregação bíblica como fator importante no crescimento da
igreja. A exposição bíblica não ocupa o primeiro lugar[37].
Os pastores e pregadores precisam voltar-se para a pregação expositiva, as
igrejas necessitam com urgência de serem alimentadas com algo mais sólido.
Os pastores sofrem muito no ministério, por não saber o que pregar. Na
forma expositiva, você sabe exatamente o que será ministrado no próximo
sermão, desta forma previne que o acusem de pregar um sermão
encomendado. O membro irá embora no domingo, sabendo qual texto será
ministrado no próximo sermão. Ela traz para igreja, crescimento saudável,
não visando uma forma número lógica, mas sim um crescimento de acordo
com a maturidade cristã.
A pregação expositiva traz conhecimento e profundidade sobre Deus, não
deixa margens para falha na interpretação, assim evitando o falso ensino das
escrituras. Muito embora leva-se mais tempo para o preparo, Jhon Piper[38]
afirma que um sermão expositivo, precisa de 30h para seu preparo. Quando
as escrituras são colocadas de forma saudável, o crescimento da igreja não
será em forma de número lógica, mas paulatinamente e continua.
Jhon Stott é considerado um grande expositor bíblico, seus livros têm sido
considerados um grande marco na erudição teológica. Stott escreveu um livro
chamado “O perfil do Pregador”, e descreve o perfil do pregador embasado
em cinco figuras neotestamentárias.
A primeira figura neotestamentária que vamos utilizar encontra-se em 1
Coríntios 4.1-2[39], “Assim, pois, importa que os homens nos considerem
como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além
disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado
fiel”.
Paulo nos mostra que o pregador deve ser fiel a palavra de Deus, o
ministro autêntico da Palavra de Deus, não expõem a palavra do Senhor
conforme o capricho dos membros, mas mantem-se fiel as escrituras
sagradas.
Nesta ótica o pregador não inventa nada, mas faz a exposição das
escrituras sagradas, o conteúdo da mensagem é a própria palavra de Deus.
Fala em nome do Rei, trazendo uma mensagem real para o povo. Sua
mensagem e sua autoridade vêm de Deus. Ele proclama a mensagem de
Deus, na autoridade de Deus, para o povo de Deus. O pregador tem que se
manter fiel ao Rei, passar apenas o que está nas escrituras, sem modificá-la
para agradar. É alguém que experimentou em sua vida, o amor de Deus, pois
ele anda com Deus. Fala o que viu, ouviu e experimentou. A vida do
pregador é seu sermão mais eficaz, somente alguém que anda com Deus e
tem uma vida abundante em Jesus, tem autoridade para pregar com poder do
evangelho. É um terrível pecado anunciar aos outros algo que o próprio
pregador ainda não experimentou. O pregador precisa ter um profundo
relacionamento de amor com aqueles para quem prega.
O pregador precisa não apenas pregar, mas exegeta o texto e o povo.
Precisa amar ao Senhor e amar o povo de Deus. Somente com um coração de
pai, o pregador pode apascentar, com conhecimento, sabedoria e
entendimento o rebanho de Deus. Finalmente, o pregador deve ser servo de
Deus e servo do povo. O pregador não deve se alimentar da vaidade. Sua
liderança é para servir. Sua vocação é semelhante à do seu mestre, que veio
para servir, e não para ser servido. O conteúdo do texto emana das escrituras,
podemos definir a pregação expositiva, como mais eficaz.
“A pregação é uma parte essencial e uma característica distintiva do
cristianismo[40]”. Dargan deixa claro que é saudável conhecer sobre a
importância da pregação bíblica, centrada em Cristo, e sua eficácia para dar o
crescimento saudável que a igreja necessita.
O método de Deus que levou a igreja crescer durante toda história foi à
pregação da Palavra, mas, quando a pregação é desprezada a igreja sofre por
não amadurecer. O Movimento de Crescimento de Igrejas influenciou
bastante o evangelicalismo das últimas décadas. A busca por um crescimento
numérico levou muitos pastores a abrirem mão dos métodos bíblicos em
função dos métodos pragmáticos. A pregação se tornou secundaria como um
instrumento para crescimento da igreja. Os sermões bíblicos foram sendo
desprezados e tomando seu lugar mensagens fracas, de autoajuda e artificiais
sem nenhum compromisso com a supremacia das Escrituras. Sermões cheios
de emocionalíssimo, autoajuda, utilizando técnicas psicológicas, oratórias
que chamem a atenção para atrair a atenção das pessoas desprezando a
interpretação correta das Escrituras são cada vez mais comuns.
Esse movimento ensina métodos pragmáticos de crescimento dando ênfase
no crescimento numérico a todo custo em detrimento do crescimento
saudável. Esse crescimento a qualquer custo ensinado pelos métodos
pragmáticos embora trouxe um crescimento numérico, também produziu uma
fé artificial nas pessoas.
A visão pragmática tenta manter os sermões curtos, simples e os tópicos
cuidadosamente escolhidos para enfatizar o pessoal em detrimento do
doutrinário e o relacional em detrimento do abstrato[41]. Agradando sempre
os ouvintes, a pregação permanece superficial, com muitos visitantes,
membros e cristãos recebendo apenas uma leve mensagem semanal de
evangelismo. Como hoje em dia o importante é o crescimento numérico
muitos pastores não estão preocupados com o crescimento saudável da igreja,
os amadurecimentos dos membros. Para o crescimento numérico e saudável
das igrejas é preciso uma compreensão da pregação bíblica e sua prioridade.
A pregação sempre será o instrumento que Deus se utiliza para que a igreja
avance.
O método dos apóstolos foi se dedicar a oração e ao ministério da
Palavra[42]. A igreja primitiva experimentou um crescimento numérico e
saudável. A prioridade da igreja para o crescimento deve ser a pregação.
Utilizando da pregação expositiva, a igreja cresce numericamente e
saudavelmente. “A pregação expositiva é a mais bíblica e mais eficaz para
produzir o crescimento sadio da igreja[43]”. Ela está comprometida com a
supremacia das Escrituras arraigada com infabilidade, inerrância e suficiência
das Escrituras. A pregação expositiva é um instrumento vital para igreja
porque cultiva o compromisso mais profundo dos crentes com a Palavra de
Deus.
PERIGOS DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA

A pregação expositiva tem alguns perigos, que podem dificultar o


emprego desse estilo. A falta de instrução, o tédio pela forma da abordagem
repetitiva, a irrelevância e excesso de detalhes[44], o tempo para seu preparo,
a forma exegética adotada, dificuldade de encontrar a mensagem principal do
texto[45]. Esses erros devem ser evitados para que a exposição fique clara e
não cansativa. O perigo da pregação superficial é quando a mensagem é
apresentada de forma sintética, Jesus não é evidenciado, o versículo bíblico é
negligenciado, a autoridade da palavra é substituída por qualquer coisa, a
autoridade de Deus é usurpada[46].
A interpretação errada do versículo, a exegese malfeita, o despreparo, leva
o pregador a usar de uma comunicação talentosa, artifícios de oralidade, para
prender a atenção do público. Desta forma os sermões, estão cada vez mais
curtos e superficiais. Fortalecem o ego das pessoas e centralizam-se em
assuntos completamente insípidos com valorização no ser humano, em uma
vida de sucesso, sem problemas emocionais, em uma prosperidade em troca
de uma autoridade barganhada.
As pessoas que vivem no ministério de pregação superficial tornam-se
dependentes da habilidade e criatividade do orador. Elas entram em uma
letargia espiritual, não tem interesse na palavra de Deus, em buscar santidade,
em ser discípulo de Jesus, porque os sermões que estão ouvindo não
emergem das escrituras. São controladas e manipuladas pelos malabares dos
oradores e por músicas, que mexem como emocional.
A pregação expositiva é defendida por muitos expositores bíblicos. Eles
são enfáticos em dizer que esse estilo é eficaz. O sermão expositivo deveria
ser o mais usado[47]. A proclamação da verdade de Deus e sua voz, estão
contidas na bíblia. O sermão expositivo deveria ser mais explorado pelos
pregadores nas igrejas, mas, tem sido muito negligenciado. Esse estilo é mais
difícil de ser preparado, porém sua eficácia, está ao penetra na alma com mais
poder, pois, possui maior conteúdo bíblico[48].
A principal forma que Deus fala com as pessoas é através da Bíblia.
Através da Palavra Deus, transforma vidas, desta forma o sermão expositivo
transmiti a autoridade divina. A pregação expositiva é um elo entre o
passado, o presente e o futuro do pregador e do ouvinte. A exposição da
Palavra permite que Deus fale. O sermão expositivo não é um experimento
religioso ou uma palestra teológica. Perceba que é a combinação da dinâmica
da Palavra eterna e do arauto que acredita inteiramente na sua eficácia. Desta
forma podemos afirmar que a Bíblia, é a Palavra de Deus[49].
A pregação expositiva é bíblica e eficaz para o crescimento saudável da
igreja, pois busca na própria Escritura sua essência. Porém usada de forma
errada, se torna ineficaz no amadurecimento do cristão e na vida da igreja.
Deus transforma vida através da pregação expositiva. O pregador que se
utiliza dessa forma de pregação será beneficiado espiritualmente ele e sua
igreja.
CONCLUSÃO

Na Confissão De Fé de Westminster no primeiro capítulo trás sobre as


Escrituras Sagradas, na seção V, encontra-se a autoridade das Escrituras
Sagradas, demonstrando que as Escrituras, para o homem não regenerado,
são como a luz para o cego.
As Escrituras são sublimes e mais influente na fé na verdade e autoridade,
uma obra direta do Espírito Santo em nossos corações. Desta forma a
utilização das Escrituras como nossa regra de Fé e prática, é fundamental,
pois somente assim será corrigido alguns problemas que assolam as igrejas.
Existem quatro problemas que assolam as igrejas.
1. A Influência dos ensinos carismáticos, místicos e pragmáticos. Não
utilizar a bíblia contra a própria verdade. Desta forma não buscar somente a
experiência, mas sim respaldar na verdade.
2. Negação da Infabilidade das escrituras. O liberalismo teológico leva ao
relativismo ético, isso mata a igreja.
3. A ortodoxia morta. A palavra de Deus é espírito de vida, não se pode
pregar com letras mortas, mas sim letras que tratam do espírito que vivifica.
4. A superficialidade. O alimento tem que ser sólido e consistente, não
pode dar uma água com sal, para os ouvintes. É necessário estudar a bíblia a
fundo, investir tempo de estudo nas escrituras e oração, vida de oração.
A pregação expositiva mostra que a igreja tem grandes benefícios cresce
espiritualmente, conforme a exposição da palavra de Deus, entra nas vidas.
Ela traz um panorama histórico, seu propósito, seus resultados na vida de um
pregador.
A pregação expositiva guia a igreja para um crescimento saudável e
paulatino, vital para as igrejas e demonstra que o cristão precisa ter um
compromisso mais profundo com a palavra de Deus.
As Igrejas de origem não podem se eximir de sua responsabilidade em
procurar seguir os princípios bíblicos que regulamentam o culto a Deus,
estribado tão somente na Palavra de Deus.
Não se pode negar que Deus permite que as formas de condução da
liturgia e do próprio culto são mutáveis, mas os princípios, são imutáveis e
dentre esses princípios está o uso das Escrituras na liturgia e pregação da
Palavra.
O uso das Escrituras Sagradas no culto tem como elemento regulador, a
própria Palavra de Deus, assim ocupando lugar de proeminência, desta forma,
somos conduzidos ao verdadeiro louvor e reconhecimento do Deus adorado.
O texto aqui tratado, traz informações sobre o que é a pregação expositiva,
seus benefícios e suas dificuldades. Foi apresentado definições sobre o
assunto e quais as ferramentas utilizadas para preparar uma mensagem
expositiva.
A pregação expositiva, encontra-se presente em toda a história.
Encontramos grandes evidências na bíblia. Ela traz esse estilo de pregação
em alguns períodos bíblicos. A história da igreja também demonstra que o
estilo preferido de grandes expositores desde os pais da igreja passando pelo
os reformadores e chegando ao século XXI.
A pregação expositiva é um instrumento para dar o crescimento saudável
as igrejas. Mantem a centralidade da pregação em Cristo, coloca a
supremacia da escritura em evidência, porque Deus opera através dela. Os
pastores e pregadores pregão bíblica de forma sequencial. Os membros
sempre sabem o que será ministrado na próxima reunião, o pregador ou
pastor não se pões em situações constrangedoras, por se tratar de um assunto
delicado na igreja, como se o sermão fosse encomendado. Livra os pastores
ou pregadores de inventar temas para a pregação de cada domingo. Os temas
das mensagens serão dados à medida que o livro segue.
A pregação expositiva é um dos melhores instrumentos para o crescimento
sadio, o crescimento qualitativo e quantitativo será corrigido com a pregação
expositiva.
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[1] Epístola de Paulo aos Romanos 10.17


[2] Símbolo de Fé Igreja Presbiteriana do Brasil
[3] Extraído de “Fé para Hoje”, nº 7, ano 2000, São José dos Campos (SP): Editora
FIEL
[4] Septuaginta
[5] CALVINO, João. As Institutas ou tratado da religião cristã. São Paulo: Casa
Editora Presbiteriana, 1985. v.2, p.142.
[6] Êxodo 29.38-46
[7] CALVINO, 1985, v.2, p.251.
[8] 2 Timóteo 4.1-2
[9] Hernandes Dias Lopes 2008
[10] Confissão de Fé de Westminster, Capítulo XXXV
[11] Chapel 2002, p.19
[12] The first four hundred years of the church produced many preachers but few true
expositors.
[13] In sharp contrast to his contemporaries, Chrysostom preached verse-by-verse and
word-by-word expositions on many books of the Bible. Included were homilies on
Genesis, Psalms, Matthew, John, Acts, Romans, 1 and 2 Corinthians, and the other
Pauline epistles. He has been called "golden-mouthed" because of his great ability to
attract an audience and hold them spellbound throughout a sermon.
[14] Valverde, 1996, p.120.
[15] Confissão Helvética, Capítulo I, Da Sagrada Escritura
[16] Texto original francês: Nous croyons que la parole qui est contenue en ces livres
est procédée de Dieu (2 Tm 3.16-17; 1 P 1.11-12; 2 P 1.20-21), duquel seul elle prend
son autorité, et non des hommes (Jn 3.26-31; Jn 5.33-34; 1 Tm 1.15). Et d'autant
qu'elle est règle de toute vérité, contenant tout ce qui est nécessaire pour le service de
Dieu et notre salut (Jn 15.15; Jn 20.31; Ac 20.27), il n'est loisible aux hommes, ni
même aux anges, d'y ajouter, diminuer ou changer (Dt 4.2; 12.32; Ga 1.8; Pr 30.6; Ap
22.18-19). Dont il s'ensuit que ni l'antiquité, ni les coutumes, ni la multitude, ni la
sagesse, ni les jugements, ni les arrêts, ni les édits, ni les décrets, ni les conciles, ni les
visions, ni les miracles ne doivent être opposés icelle Ecriture Sainte (Mt 15.9; Ac
5.28-29). Ainsi au contraire toutes choses doivent être examinées, réglées et réformées
selon icelle (1 Co 11.2, 23). Et suivant cela nous avouons les trois Symboles, savoir
des Apotres, de Nicée et d'Athanase, parce qu'ils sont conformes la parole de Dieu.
(Confissão de Fé Francesa, cap. V).
[17] João 14.26
[18] Tertuliano, A Carne de Cristo, 6.
[19] Agostinho, Epístola 82.3
[20] Agostinho, Sermão 162C.15
[21] Confissão de Fé de Westminster, Capítulo I
[22] Tiago 3.13; 1ª Pedro 3.2-16; 2ª Pedro 3.11
[23] Gálatas 3.28; Colossenses 3.11, Tiago 2.1-10
[24] Hebreus 13.8
[25] James Montgomery Boice
[26]
[27] Romanos 13; Efésios 6.1-4; 1ª Pedro 2.13-14, 17; Hebreus 13.17a
[28] Êxodo 20.12; Provérbios 30.17; Êxodo 21.15,17; Levíticos 20.9; Provérbios 4.1-
7; Levíticos 19.32
[29] Romanos 6.1-11; 2ª Coríntios 5.11; Genesis 1.26-27; Genesis 3
[30] Breve Catecismo de Westminster
[31] Mark E. Dever
[32] Hernandes Dias Lopes
[33] João Calvino - Tratado da Religião Cristã
[34] Romanos 8.29; 1ª Coríntios 15.49; 2ª Coríntios 3.18; Efésios 4.22-24; Colossenses
3.8-10; Romanos 12.1-13; Gálatas 5.16-26; Efésios 4.17-5; Colossenses 3.1-17;
1Tessalonicensses 4.1-12; 1ª Timóteo 2.8-3:13
[35] João 1.12; 3.16; Levíticos 11.44-45; Mateus 5.48; 1 Pedro 1.13-16
[36] Salmo 24.3; 51.10; 1ª João 3.3; 1ª Coríntios 10.31; Filipenses 4.8
[37] Eby 2001, p.133-134
[38] Supremacia de Deus na pregação, 2004
[39] Bíblia de Estudo de Genebra - Segunda Edição Revisada e Ampliada
[40] Dargan 1905, p.12, vol 1
[41] Hernandes Dias Lopes 2008, p.216
[42] Atos 6. 4
[43] Hernandes Dias Lopes 2008, p.13
[44] Hernandes Dias Lopes 2008, p.151
[45] Braga (2005, p.75)
[46] John MacArthur 1969
[47] Broadus 2009, p.65
[48] Marinho 2008, p.202
[49] Lachler 1990, p.34-35

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