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Leandro Lima
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do Instituto Reformado de São Paulo - IRSP
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INTRODUÇÃO ÀS
DOUTRINAS DA GRAÇA
Um manual reformado de discipulado
Leandro Lima
Introdução às Doutrinas da Graça: Um manual reformado de discipulado
Copyright © Leandro Antonio de Lima, 2a. Edição, 2018
Título anterior: O que é ser um cristão?
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida
sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito dos editores.
Editor: Leandro Antonio de Lima
Revisão: Nelson Oliveira, Mariza Tavares, Geimar de Lima
EDITORA AGATHOS
Rua Promotor Gabriel Netuzzi Perez, 289, São Paulo – SP
www.institutoreformado.com.br
SUMÁRIO
Leandro Lima
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vista e Atualizada).
* É claro que a Lei de Deus é muito maior do que os Dez Mandamentos. No An-
tigo Testamento havia mais de 600 leis. E o Novo Testamento também traz um número
muito grande de recomendações para a Igreja. Mas os Dez Mandamentos, de certo
modo, resumem tudo o que Deus deseja para as pessoas. Jesus resumiu ainda mais as
coisas, pois ele resumiu os próprios Dez Mandamentos em apenas dois: “Amarás o Sen-
hor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo
o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10.27).
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foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a jul-
gamento” (Mt 5.21). Quem olha apenas para a dimensão externa desse
mandamento, que é o sexto, pode até se sentir tranquilo, pois pensará:
“eu nunca matei ninguém”. Entretanto, Jesus demonstrou que algo mais
precisa ser considerado à luz deste mandamento:
“Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra
seu irmão estará _____________________________; e quem proferir
um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem
lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao _________________________” (Mt
5.22).
Deus não avalia apenas uma atitude externa, ele olha para o pró-
prio sentimento que a motivou, mesmo que a atitude não tenha sido
concretizada. Uma pessoa que alimentar a ira em seu coração já será
acusada diante da lei de Deus de ter quebrado o Sexto Mandamento. O
mesmo acontecerá com aquele que tão somente proferir um insulto con-
tra outra pessoa. Será que alguém já conseguiu cumprir integralmente o
sexto mandamento? Parece difícil.
O sétimo mandamento nos leva a uma situação semelhante. Je-
sus disse: “Ouvistes que foi dito: Não adulterarás” (Mt 5.27). Muitos con-
sideram adultério somente o fato de uma pessoa casada se relacionar
sexualmente com alguém que não seja seu cônjuge. Mas o sétimo man-
damento vai muito além disso, conforme Jesus declara:
“Eu, porém, vos digo: qualquer que ______ para uma mulher com
intenção impura, no coração, já ____________ com ela” (Mt 5.28).
“Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem
do __________” (Mt 5.37).
“Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa
salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas ini-
quidades fazem _______________ entre vós e o vosso Deus; e os vossos
pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.1-2).
res estão debaixo da ira de Deus (Jo 3.36; Rm 2.5; Ef 5.3-6; Cl 3.5-6; Ap
11.18),
A Bíblia descreve a consequência do pecado como um estado de
“morte espiritual”. Paulo escreveu:
“Ele vos deu vida, estando vós ____________ nos vossos delitos e pe-
cados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segun-
do o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos
da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora,
segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e
dos pensamentos; e éramos, por natureza, _______________________,
como também os demais” (Ef 2.1-3).
advertiu:
* Nesta passagem, Jesus usa o termo Geena para Inferno. Esse parece ser o lugar
que João identifica em Apocalipse como o “lago que arde com fogo e enxofre”, também
chamado de “segunda morte” (Ap 21.8). Não parece ser o lugar onde estão as almas
perdidas, também chamado de inferno (Hades) no Novo Testamento, mas o lugar de-
finitivo para onde os perdidos vão com corpo e alma (Mt 10.28).
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“Pois também Cristo ________, uma única vez, pelos pecados, o justo
pelos _______, para conduzir-vos a Deus” (1Pe 3.18).
Suas feridas nos saram, seus açoites nos tornam perdoados, sua
dor nos faz aceitáveis.
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“Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o
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a) ( ) Batizar-se na água.
b) ( ) Arrepender-se dos pecados e crer no Senhor Jesus.
c) ( ) Conhecer o Evangelho.
d) ( ) Amar ao próximo.
2 - O que é pecado?
a) ( ) A morte física.
b) ( ) A morte eterna.
c) ( ) A morte espiritual.
d) ( ) Todas estão corretas.
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I. Nascidos no pecado
espécie de doença hereditária, mas é mais do que isso, pois o mal é algo
que adentrou a vida humana em forma de uma corrupção total, uma pré-
-disposição para o mal que se torna absolutamente invencível. Não é uma
doença latente que pode ou não se manifestar. É uma corrupção indisfar-
çável, que tomou conta tanto da alma quanto do corpo humano.
Davi, quando reconheceu seu terrível pecado cometido com Ba-
te-Seba, entendeu que seu estado de pecado ia muito além do seu ato
mau, pois o pecado era uma realidade que afrontava diretamente a Deus.
Ele disse:
ansioso pela salvação daquele homem. Por isso, sua afirmação corta o
assunto anterior e insere um novo: “Em verdade, em verdade te digo que,
se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3).
Jesus disse que para ver o Reino de Deus é necessária uma transforma-
ção completa, algo como um novo nascimento. “Nascer de novo” signi-
fica abandonar tudo e começar uma nova vida a partir do encontro com
Cristo. Geralmente nos inclinamos a acreditar que Nicodemos não tenha
entendido as palavras de Jesus, especialmente a metáfora do “nascer de
novo”. A maneira como ele respondeu a Jesus, entretanto, se utilizando
igualmente de uma metáfora, pode sugerir que, ao menos em parte, ele
tenha entendido. Ele fez uma pergunta retórica: “Como pode um homem
nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer
segunda vez?” (Jo 3.4). Ele parece estar resistindo à ideia de ter que des-
considerar sua vida até aquele momento. Está se desculpando, pois acha
muito tarde, acha que não precisa e não pode mudar. Nicodemos, talvez
pensasse, que já vivera e experimentara muitas coisas em sua vida, e que
todas as experiências pelas quais passou, todo o seu aprendizado, todo o
seu status, não eram coisas que se possa descartar.
Jesus não desistiu. Jesus tratou de argumentar que aquela expe-
riência não dependeria apenas da vontade do homem, pois havia alguns
elementos ainda mais importantes. Jesus disse: “Em verdade, em verdade
te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino
de Deus”. A referência à água e ao Espírito provavelmente sejam figuras
do batismo de João (com água) e do batismo de Jesus (com Espírito).
A verdadeira conversão, na perspectiva de Jesus é uma intervenção di-
reta do poder de Deus sobre a vida das pessoas. Algo que produz uma
real e duradoura mudança, não só de atitudes, mas de caráter. Quando
pensamos no Espírito que Jesus falou, devemos lembrar que é o mesmo
Espírito que pairava sobre as águas na criação do mundo, e que possibili-
tou o surgimento da vida. Também foi esse Espírito que envolveu Maria
com sua sombra, fazendo com que ela concebesse o menino Jesus. Desde
o início, a função desse Espírito foi dar vida. Assim, ele é o que dá vida
espiritual ao convertido que estava morto em delitos e pecados (Ef 2.1).
Nascer de novo implica numa transformação que atinge o âmago,
como que a própria essência da pessoa. Uma verdadeira mudança de na-
tureza. Jesus disse:
o homem participa, pois, uma vez que a centelha foi acendida, agora o
homem pode colocar mais lenha e fazer o fogo dessa vida aumentar, isso
é feito através do arrependimento e da fé, ou seja, da conversão. Deste
modo, o homem “desenvolve sua salvação” (Fp 2.12), sem esquecer que
só faz isso porque Deus opera o “querer e o realizar” (Fp 2.13).
Jesus destacou a participação do Espírito Santo e da água no Novo
Nascimento. Paulo também destacou estes dois elementos, embora os te-
nha unificado: “Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedien-
tes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em
malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Quando, porém,
se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para
com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo
sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renova-
dor do Espírito Santo” (Tt 3.3-5). Paulo descreveu o estado dos cristãos
antes de terem sido regenerados. Ele diz que eram “escravos de toda sor-
te de paixões”. Então Deus atuou na vida deles, não levando em conta
seus pecados, mas exclusivamente sua misericórdia e “salvou mediante
o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”. A salvação aconte-
ceu quando o Espírito Santo purificou a pessoa dos pecados regenerando
e renovando. Todas essas expressões demonstram que a experiência da
conversão é uma atuação poderosa do Espírito Santo que lava e regenera
o pecador. Há estes dois aspectos: uma purificação do pecado e a criação
de uma nova natureza. Assim a conversão nos perdoa e purifica do peca-
do original e cria em nós uma nova natureza inclinada para a santidade.
Isso não significa que nos tornaremos incapazes de pecar. Ainda residem
em nós os resquícios da velha natureza decaída, os quais continuarão fa-
zendo luta contra o Espírito que habita em nós (Gl 5.17). Porém, o crente
regenerado deixou de ser escravo do pecado, justamente porque recebeu
essa nova natureza que, permanecendo no Espírito, tem condições de
não satisfazer os desejos da carne (Gl 5.16)
Paulo resume a experiência do Novo Nascimento com as seguin-
tes palavras:
Ele diz que para que alguém seja “nova criatura” é preciso que
“esteja em Cristo”. Esta é a maneira de Paulo definir a conversão, o ato de
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“Aquele que _______ o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho
de Deus _____ tem a vida” (1Jo 5.12).
novo”. Quando nos tornamos novas criaturas, Deus muda uma frase em
nossos lábios: Não dizemos que somos pecadores lutando para sermos
santos, mas somos santos que lutam para não pecar.
Portanto, dizer que somos salvos significa dizer que estávamos ir-
remediavelmente perdidos por causa da natureza corrupta que herdamos
de Adão, mas que, em Cristo, fomos feitos novas criaturas, e agora somos
orientados para a santidade e não mais para o pecado.
Questionário de revisão
2 - Por que Jesus disse que se alguém não nascer de novo não pode ver
o Reino de Deus?
de Deus em todo este acontecimento, ainda que não tenha retirado dos
homens a responsabilidade pela morte de Jesus (At 2.22-24). O ponto
alto do sermão de Pedro é que através de tudo isto, Jesus galgou o se-
nhorio absoluto sobre todas as coisas e pode salvar a todos que creem
nele (At 2.36). Diante da pregação de Pedro, as multidões que o ouviam
tiveram uma reação impressionante, como Lucas relata:
Hoje se fala muito em “aceitar a Jesus”. Isto até virou uma espécie
de “termo técnico” para conversão. Mas, às vezes, é um pouco mal com-
preendido. Uma pessoa vai a um culto e o pregador fala sobre conversão,
e, ao final da pregação, convida aqueles que desejam “aceitar a Jesus” para
que venham até a frente. Uma pessoa se levanta e vai até à frente e todos
pensam que ela se converteu. É possível realmente que isto tenha aconte-
cido, mas devemos ser um pouco mais cautelosos e criteriosos. Jesus não
costumava pedir às pessoas que o “aceitassem”, ele os desafiava para que
o “seguissem”. A única conversão que pode ser considerada como verda-
deira é a que tem como consequência o ato de seguir a Jesus.
É impressionante a maneira como Jesus chamou seus primeiros
discípulos. Podemos destacar o chamado de um deles que, de certo modo,
tipifica o chamado de todos os demais. Lucas relata a maneira como Jesus
chamou Mateus que também era conhecido como Levi:
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“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a ___________
quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33).
“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se ________, dia a dia tome
a sua _______ e siga-me” (Lc 9.23; Mt 10.38; 16.24; Mc 8.34; Lc 14.27).
Jesus não pode aceitar decisões fracas. Ele quer intensidade, dis-
posição plena, convicção profunda. Sempre nos perguntamos sobre o
porquê de Jesus proibir aquele homem de se despedir dos de casa. Pa-
rece exagerado, desumano, algo próximo do fanatismo. Mas Jesus tinha
suas razões. Em sua onisciência, ele viu naquele jovem uma inconstân-
cia, uma facilidade em mudar de ideia. Será que seria pressionado pelos
de casa a não partir? Será que seguiria a Jesus cheio de dor e pesar pelo
que teria que deixar para trás? De algum modo, aquele discípulo sempre
seguiria o mestre olhando para trás, pensando no que perdeu ou no que
não poderia mais fazer? O amor por Jesus não era maior do que o amor
pelo passado perdido. Diante disso, Jesus não teve outra opção senão
recusá-lo, pois não estava apto para o reino de Deus. O apego às coisas
deste mundo, à posição social, a pecados secretos faz com que as pessoas
não se decidam inteiramente por Jesus. Elas olham para Jesus, desejam
segui-lo, mas querem conciliar isto com coisas contrárias à vontade de
Jesus. Jesus não está disposto a aceitar uma espécie de “meio termo” en-
tre ele e o mundo. Jesus disse: “Quem não é por mim é contra mim; e
quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30).
No capítulo 10 de Hebreus há um precioso ensino a respeito do
perigo de retroceder na fé. O autor exorta seus leitores: “Não deixemos
de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoes-
tações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.25). Já
naqueles dias algumas pessoas abandonavam a congregação dos fiéis.
Isto significa não apenas que estavam deixando de ir à igreja nos domin-
gos, mas que estavam abandonando a busca por Deus. Estavam voltando
para o mundo, ou para a religiosidade que tinham antes de conhecer a
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IV. As recompensas
fazer uma lista das vantagens de seguir o Mestre teríamos que colocar
entre elas as seguintes: Deixar de ser escravos do pecado (Jo 8.32-36);
Não andar mais nas trevas (Jo 8.12); ter a água que realmente mata a sede
(Jo 7.37-38); ter a paz no coração (Jo 14.27); ter a tristeza convertida em
alegria (Jo 16.20); ter muitos novos irmãos (Lc 18.29-30); ter um tesouro
no céu (Mc 10.21); ter a vida eterna (Jo 3.36), etc.
Alguns discípulos de Jesus, após alguns momentos difíceis que
enfrentaram, fizeram as contas e realmente resolveram deixá-lo. Foi após
um discurso de Jesus na Sinagoga de Cafarnaum. Não sabemos se eles
não o entenderam, ou se perceberam que suas exigências eram muito
grandes. Mas quando Jesus disse que era o pão vivo que desceu do céu,
e que sua carne era comida e seu sangue bebida (Jo 6.50-59), muitos dis-
seram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (Jo 6.60). Jesus não
aliviou, conforme João relata:
Questionário de revisão
a) ( ) Promessas de curas.
b) ( ) Promessas de bênçãos terrenas.
c) ( ) Convidavam ao arrependimento e à fé em Cristo.
d) ( ) Uma vida feliz.
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a) ( ) Um discípulo temeroso.
b) ( ) Um discípulo fraco.
c) ( ) Um discípulo sem convicção de sua fé.
d) ( ) Um discípulo rico de bens.
I. Segurança verdadeira
“A obra de Deus é esta: que _________ naquele que por ele foi envia-
do” (Jo 6.29).
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à vontade?”
Para obtermos uma resposta precisa à esta pergunta precisaremos da
ajuda de dois apóstolos: Paulo e Tiago. Vejamos o que diz o primeiro:
vez salvo, sempre salvo”. Estamos convictos de que esse slogan é verda-
deiro, mas percebemos que ele é muitas vezes mal-entendido, pois pode
sugerir que uma vez que alguma pessoa fez uma decisão por Cristo, ela
pode viver sua vida irresponsavelmente, e, ao mesmo tempo, plenamente
confiante de que jamais poderá ser condenada. Alguém pode dizer “eu fiz
minha decisão, Cristo é meu Salvador, e todos os meus pecados – passa-
dos, presentes, e futuros – estão perdoados e esquecidos. Então, eu não
tenho que me preocupar mais com os momentos de fraqueza”. Há um
grave equívoco nesta afirmação.
Como vimos, para que uma pessoa seja salva é necessário que
aconteça um grande evento dentro dela, o qual Jesus chamou de “novo
nascimento” (Jo 3.3). O novo nascimento acontece no momento quando
o Espírito Santo cria uma nova vida em nossa alma. Mas, a salvação é
ainda mais do que isso. De fato, no instante em que Deus efetuou o novo
nascimento em nosso ser, fomos capacitados a responder com fé à prega-
ção do Evangelho e então fomos instantaneamente justificados, pois Deus
nos declarou justos naquele momento. Entretanto, a salvação também é
um processo, é um ato contínuo de Deus em nos tornar justos. Esse pro-
cesso recebe o nome de santificação. Para que alguém seja de fato salvo,
é necessário que este processo tenha sido iniciado em sua vida. Portanto,
para que alguém diga “uma vez salvo, sempre salvo” é preciso que tenha
sido realmente salvo. E para ser realmente salvo é preciso que haja uma
transformação. Alguém que não evidencia estas coisas será condenado,
não porque perdeu a salvação, mas porque na verdade, nunca foi salvo.
A ideia do novo nascimento, por outro lado, nos conduz ao con-
ceito de segurança da salvação. Pois seria completamente absurdo um
“nascido de novo” que viesse a “morrer de novo”. A Bíblia de fato fala em
“nascer de novo”, mas não fala em “morrer de novo”.
Em Romanos 8.30 está escrito: “E aos que predestinou, a esses
também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que
justificou, a esses também glorificou”. O que se percebe nesse texto é que
há uma “Ordem da Salvação”. Uma coisa se liga a outra de maneira que a
cadeia não pode ser quebrada. Não faz sentido alguém ser predestinado,
chamado, justificado, e depois perdido. Isso seria absurdo. Este texto en-
sina que quando Deus começa uma obra, ele termina, como Paulo bem
colocou:
que compete a nós a busca pela vida verdadeiramente espiritual, não de-
vemos jamais buscar a certeza da nossa salvação apenas em nossas habili-
dades ou em nossa vida, mas no selo que Deus pôs sobre as nossas vidas,
que é o selo do Espírito Santo que funciona como um penhor da nossa
salvação. Para que perdêssemos a salvação teríamos que voltar à antiga
condição de morte espiritual. Mas, imagine que tipo de regeneração seria
essa que o Espírito Santo realizaria na vida de alguém, ressuscitando-o
e dando-lhe vida eterna, a qual a pessoa poderia de alguma forma per-
der e voltar a morrer. Então, não seria de fato vida eterna. Será que nós
podemos cometer suicídio espiritual? Certamente que não, pois Pedro
diz que nós temos sido “regenerados não de semente corruptível, mas de
incorruptível” (1Pd 1.23).
Mas é preciso lembrar que a Escritura diz que “todo aquele que
perseverar até o fim será salvo” (Mt 24.13). Cremos que todo crente ver-
dadeiro será capacitado por Deus para permanecer firme até o fim. Por
isso, os reformadores falavam em “perseverança dos santos” quando que-
riam explicar a certeza da salvação. Eles não queriam dar a entender que
alguém será salvo sem perseverança. Mas tinham a plena convicção de
que todos os verdadeiros crentes, capacitados e habitados pelo Espírito,
perseverariam até o fim.
O que acontece, então, com aqueles que se afastam de Jesus? Afi-
nal, é um fato que muitos cristãos, no passado e no presente, têm abando-
nado a fé que professaram. Se uma pessoa que é salva permanecerá sem-
pre salva, isso não deveria significar que ela jamais poderia abandonar a
igreja?
Para responder esta pergunta, precisamos lembrar que podem
existir dois tipos de afastamento: um temporário e o outro definitivo. O
afastamento temporário pode acontecer quando alguém se desvia dos
caminhos de Deus, porém, invariavelmente retorna para os braços do
pai. Nesse sentido, precisamos nos lembrar da Parábola do Filho Pró-
digo. Ele se afastou da presença do pai, mas jamais deixou de ser filho,
e um dia retornou (Lc 15.11-32). Junto com esta parábola, Jesus contou
outras duas, a da Ovelha Perdida e a da Dracma Perdida (Lc 15.3-10). Se
na parábola do Filho Pródigo é o filho quem volta, nas outras duas, é o
dono que vai atrás de sua propriedade. Pensar que uma verdadeira ovelha
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Questionário de revisão
a) ( ) Crer em Jesus.
b) ( ) Fazer boas obras.
c) ( ) Congregar em uma Igreja.
d) ( ) Conhecer a Palavra da de Deus.
a) ( ) Dom de cura.
b) ( ) Boas obras.
c) ( ) Vocação pastoral.
d) ( ) Possibilidade de bênçãos materiais.
dade.
c) ( ) A fé em Jesus, o testemunho interno do Espírito Santo e a
evidência das obras realizadas pela fé e no poder do Espírito.
d) ( ) O amor ao próximo, a fidelidade nas Escrituras, conheci-
mento teológico.
I. De graça
Qual é a função então das obras? O mesmo texto diz que a sal-
vação é dom de Deus e “não de obras, para que ninguém se glorie”, e
acrescenta: “pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas
obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”
(Ef 2.9-10). Então, não somos salvos por causa das boas obras, antes por
causa da graça de Deus, mediante a fé na obra redentora de Cristo, mas
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somos salvos para boas obras, e por isso elas são importantes, porque
são a evidência de que somos salvos. São os frutos da regeneração e da
verdadeira conversão.
No texto já estudado de Romanos 3.23-24, Paulo enfatiza que a
salvação é pela graça: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção
que há em Cristo Jesus”. A frase é praticamente uma redundância. Paulo
quer eliminar completamente a ideia de merecimento ou troca. Não fa-
zemos uma troca com Deus. Não oferecemos a ele nossa fé, e em troca
ele nos dá a salvação. Tudo o que acontece com relação a nossa salvação é
regido pela palavra “gratuitamente”. Alguém pode oferecer algo valiosís-
simo e dizer que não precisamos pagar nada, mas se alguém lhe oferecer
um centavo e ele aceitar, já não é mais de graça; pode ser muito barato,
mas não é de graça. Para ser de graça, não podemos dar absolutamente
nada em troca. Dissemos que o que alguém precisa fazer para receber
a salvação é crer. Mas nem mesmo a fé pode ser considerada uma obra
minha, ou então, ela seria uma espécie de pagamento. Quando Paulo diz
em Efésios 2.8: “E isto não vem de vós, é dom de Deus”. Ele está dizendo
que todo o “conjunto” da salvação é um dom de Deus, inclusive a fé.
Disso decorre que seremos salvos pela graça, ou não seremos salvos de
maneira alguma.
de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Porque ele realizou de-
finitivamente o que aqueles cordeiros do Antigo Testamento realizavam
apenas temporariamente.
Na teologia reformada costuma-se falar em três usos da Lei. O
uso fundamental é como preparação para salvação. Paulo fala da Lei
como sendo um “aio”. Ele diz:
“Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela en-
cerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. De maneira
que a lei nos serviu de aio para nos _________ a Cristo, a fim de que
fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos
______________ ao aio” (Gl 3.23-25).
que regem a maioria das nações do mundo, e age no interior das pessoas,
sob a forma da “consciência” impedindo que os homens pequem tanto
quanto poderiam pecar (Rm 2.15). E finalmente há também o terceiro
uso da lei que é como “instrumento de santificação”. Nesse sentido ela é a
norma de vida para os crentes, um fator de contribuição para a santifica-
ção. É claro que, nesse sentido, em nada ela contribuiria para a salvação,
mas quem já está salvo pode fazer uso da Lei de Deus para se aperfeiçoar
cada vez mais no caminho da santidade.
O que precisa ficar claro desses três usos propostos para a Lei é
que a salvação é um dom de Deus. A Lei serve ou para conduzir a Cristo,
ou para ajudar quem já está em Cristo. Mas, é Cristo que salva, e somente
ele. Entendendo que a função da lei não é, nem nunca foi salvar, Paulo
repreende os crentes da Galácia por estarem usando a Lei indevidamen-
te. Com sua ênfase na necessidade da circuncisão, eles estavam fazendo
da lei o instrumento da salvação. Por esse motivo Paulo fala: “Eu, Paulo,
vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aprovei-
tará” (Gl 5.2). De fato, se quisessem ser salvos pela Lei, não haveria a
necessidade de Cristo. Teriam que guardar toda a Lei e não tropeçar em
nenhum ponto (Tg 2.10). Nesse sentido realmente era ou a Lei ou Cristo,
pois, no sentido de salvação, Cristo é o:
“fim da Lei para justiça de todo o que ____” (Rm 10.4). Nunca foi
intenção de Deus salvar alguém pela Lei.
nhor, assim andai nele” (Cl 2.6), não se deixando enredar pelas mentiras
e invenções dos homens. E principalmente não se deixando desviar da
pessoa de Jesus como “único” e “suficiente” Salvador.
Será que Deus está preocupado com o nosso vestuário? Num as-
pecto sim, porque Deus não deseja que seus filhos utilizem roupas que
ofendam seus próprios corpos. Mas será que Deus está preocupado até
com o corte da roupa que usamos? Quando surgiu o movimento pente-
costal, colocava-se muita ênfase no fato de que as mulheres não podiam
usar calças e nem cortar o cabelo. Hoje, poucas igrejas ainda seguem
estes princípios, e ao deixarem de fazer isto reconheceram que estavam
erradas. Não obstante, afirmaram isto por toda uma geração e muitas
mulheres viveram toda uma vida sob este pesado jugo desnecessário.
Este costume se baseava numa lei do Deuteronômio: “A mulher não usa-
rá roupa de homem, nem o homem, veste peculiar à mulher; porque
qualquer que faz tais coisas é abominável ao SENHOR, teu Deus” (Dt
22.5). Então se convencionou que “saia” era veste de mulher, enquanto
que calça era veste de homem.
É importante lembrar que a Bíblia não faz esta afirmação, e que
os homens daquela época usavam turbantes. Além disso é preciso enten-
der que esta era uma lei aplicada para uma determinada época, e junto
com ela havia centenas de outras leis. Mas os pentecostais resolveram
fazer esta lei valer para hoje, enquanto que deixaram de lado as outras
centenas.
A questão do não cortar cabelo foi uma outra distorção de um
texto onde Paulo diz, mais uma vez dentro do contexto de sua própria
época, que cabelo comprido é mais digno para a mulher (1Co 11.14-15).
Mas Paulo não proibiu a mulher de cortar o cabelo. O objetivo da Escri-
tura com essas duas exigências antigas era bastante simples: que o ho-
mem agisse como homem e a mulher como mulher, ou seja, que os pa-
péis não se invertessem. Em Corinto, as mulheres queriam abolir o véu,
porque achavam que isso as limitava, e elas queriam ser independentes.
Paulo as obrigou a usar o véu porque ele simbolizava naquela sociedade
que uma mulher era casada e estava debaixo da direção do marido. Essas
leis e costumes antigos tinham o mesmo propósito: manter a devida or-
dem do lar, segundo Deus estabeleceu, e que essa ordem permanecesse
na igreja também.
A proibição de certos alimentos também fazia parte das leis ju-
daicas. O judeu não podia comer carne de porco, nem beber sangue,
53
nem comer diversos tipos de peixes e pássaros. Só podia haver duas ra-
zões para estas proibições no Antigo Testamento. A primeira talvez fosse
por questões de higiene. E a segunda, e mais provável, por questão de
separação, ou seja, diferenciação com outros povos que comiam aqueles
alimentos. Deus desejava um povo separado e diferente. Mas nada disso
continua tendo valor no Novo Testamento, pois a Igreja já não é nacio-
nal, e sim internacional. Jesus mesmo fez questão de dizer que todos os
alimentos estavam liberados. Ele disse:
coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo (Cl 2.16-17). Paulo
está dizendo que as instituições sabáticas do Antigo Testamento, que por
certo incluíam os anos sabáticos, estavam abolidas com Cristo. Porém,
essas instituições derivavam diretamente do conceito de Sábado como
o sétimo dia. Concluímos que o “Sábado” do AT era uma sombra de
Cristo, um prenúncio dele, que apontava para o verdadeiro descanso que
Cristo veio providenciar. Por esse motivo, o autor aos Hebreus dá o Sába-
do como cumprido quando diz:
Questionário de revisão
a) ( ) Somente o Sábado.
b) ( ) Alguns Cristãos consideram o Sábado e outros o Domingo.
c) ( ) Para os Cristãos todos os dias da semana são santos.
d) ( ) O Domingo.
a) ( ) Fidelidade à Escritura.
b) ( ) Manter a santidade.
c) ( ) “Sombras” do passado.
d) ( ) Todas estão certas.
I. O único mediador
de 1943 o Papa Pio XII declarou que Maria foi imune de todo pecado;
ofereceu seu filho no Gólgota ao Pai; obteve o derramar do Espírito San-
to no Pentecoste; providencia cuidado materno para a Igreja; e reina nos
céus com Cristo. Em 1950 ele declarou: “Ela conquistou a morte e foi
elevada com corpo e alma para a glória dos céus, onde como Rainha rei-
na refulgente a direita de seu Filho... Nós proclamamos e definimos esse
dogma revelado por Deus que a imaculada Mãe de Deus, Maria sempre
Virgem, quando o curso de sua vida terrena se acabou, foi tomada com
corpo e alma para a glória dos céus”. Tudo isso foi confirmado pelo Con-
cílio Vaticano II.* E nada disso encontra base bíblica.
Os Evangelhos revelam que Maria teve outros filhos além de Je-
sus. Mateus 1.24-25 diz o que José fez quando soube que Maria estava
grávida pelo Espírito Santo:
O texto diz que José não consumou o casamento com Maria en-
quanto ela não deu à luz. A presença da expressão “enquanto”, indica que
após o nascimento eles foram um casal normal. Lucas chama Jesus de
primogênito de Maria:
* Essas informações foram retiradas de: Paul Enns. The Moody Handbook of
Theology, Parte 4, Cap. 37).
63
têm mais vinho. Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ain-
da não é chegada a minha hora. Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo
o que ele vos disser” (Jo 2.3-5). É interessante que ela esteja meio que
ocupando uma função de intercessora neste ponto, e Jesus lhe diz uma
palavra que deixa claro que aquela não é a função dela. Tendo entendido,
Maria manda os serventes tratar diretamente com Jesus. Ninguém preci-
sa de intermediários para se dirigir a Jesus, nem mesmo da mãe dele.
“Vai desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu,
e depressa se desviou do caminho que lhes havia eu ordenado; fizeram
para si um bezerro fundido, e o __________, e lhe sacrificaram, e dizem:
São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito” (Ex
32.7-8).
-nos todos os dias, fazem oferendas a eles, pois jamais estão realmente
dispostos a abandoná-los. E, não apenas esses pecados são ídolos do co-
ração, mas também sentimentos de orgulho, superioridade, pensar que
somos melhores do que os outros porque fazemos algo de forma mais efi-
ciente, ou porque somos aplaudidos. Nada mexe mais com o ser humano
do que vaias ou aplausos, porque ambas essas coisas se relacionam com a
idolatria e os ídolos do coração.
Questionário de revisão
a) ( ) Maria
b) ( ) Apóstolos
c) ( ) Anjos
d) ( ) Jesus Cristo
para fora”.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
a) ( ) A Trindade.
b) ( ) O Espírito Santo.
c) ( ) Maria, a mãe de Jesus.
d) ( ) Os santos.
tor seja membro de uma igreja evangélica fiel que batiza por imersão, eu,
como autor deste estudo, quero dizer que a Igreja Reformada aceita e re-
conhece seu batismo. A Igreja Reformada, nesse sentido, não tem a prá-
tica de rebatizar os cristãos. Esse capítulo, portanto, pode ser “pulado”
por aqueles que não estão envolvidos num momento de decisão sobre o
batismo. É, entretanto, indispensável para aqueles que estão se mudando
para alguma igreja reformada ou presbiteriana, ou que desejam enten-
der, ainda que resumidamente, os motivos pelos quais os reformados
clássicos batizam crianças, e também preferem a aspersão.
I. A importância do batismo
* Deus, evidentemente, pode salvar alguém que crê em Cristo, mesmo sem ter
tempo ou condições de ser batizado. O exemplo do ladrão que se arrependeu e foi salvo
74
que este selo já está sobre eles. Já não importa a vida de pecado anterior.
Paulo diz:
“Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem
efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados,
nem maldizentes, nem roubadores herdarão o ___________de Deus. Tais
fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes _____________,
mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito
do nosso Deus” (1Co 6.9-11).
na cruz atesta isso. Porém, isso deve ser visto como uma exceção.
75
“Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua des-
cendência: todo macho entre vós será circuncidado. Circuncidareis a car-
ne do vosso prepúcio; será isso por _______ de aliança entre mim e vós”
(Gn 17.10-11).
escolha divina. Deus, por sua graça, coloca sua marca de posse no povo
do seu pacto. Para aqueles que argumentam que a pessoa precisa se arre-
pender e crer para depois ser batizada, podemos dizer que é assim para
os adultos, pois Deus exigiu isso de Abraão para que fosse circuncidado,
mas Deus não exigiu isso de Isaque. Isaque foi circuncidado porque era
um filho do pacto. A fé que Abraão demonstrou era suficiente para que
Isaque também recebesse a marca do pacto.
Muitos irmãos acham que não existe ligação entre o batismo e a
circuncisão. Eles reconhecem que a crianças eram circuncidadas, mas
entendem que o batismo significa outra coisa, portanto, as crianças não
devem ser batizadas. Porém, a analogia do batismo com a circuncisão é
muito grande. Ambos são sinais da Aliança. Ambos marcam a “entrada”
do crente na comunidade (Israel e Igreja). E o Novo Testamento estabe-
lece a ligação entre as duas marcas: “Nele, também fostes circuncidados,
não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne,
que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados, juntamente com
ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no
poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. E a vós outros, que
estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa
carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos deli-
tos” (Cl 2.11-13). O assunto de Paulo desde o capítulo anterior é a inclu-
são dos gentios na comunidade da aliança (Cl 1.13-29), um mistério que
estivera oculto em Deus, mas revelado através do ministério de Paulo. A
circuncisão era uma barreira natural à entrada dos gentios, mas ela foi
plenamente satisfeita através do batismo. O batismo que nos despojou
do corpo da carne cumpre plenamente os objetivos da circuncisão. Ela
não é mais necessária porque agora temos o batismo que é a circuncisão
de Cristo. Portanto, parece-nos que há estreita ligação entre circuncisão
e batismo.
No Novo Testamento, o interesse de Deus pelas famílias conti-
nua. Quando Pedro pregou um sermão evangelístico no templo após o
dia de Pentecostes, ele declarou:
“Pois para vós outros é a _________, para vossos _____ e para todos
os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, cha-
mar” (At 2.39).
* Alguns Talmudes relatam isso: Talmud Babylon. Mass. Jevamoth, fol 47:
“Quando um prosélito é recebido, ele precisa ser circuncidado; e quando ele é curado,
eles o batizam na presença de dois homens sábios, dizendo, Eis que, ele é um Israelita
em todas as coisas; o ou se é uma mulher, a mulher a conduz até as águas”. Talmud, Ge-
mara: “Eles têm o costume de batizar esse prosélito na infância baseando-se na profis-
são da Casa do Julgamento. Porque isso é para o seu bem”. Maimonides, Halach Aib-
dim, c. VIII: ”Um israelita que toma uma criancinha pagã e a batiza como prosélito: eis
que é prosélito”. Rabino Ezequias (Hierofol, Jevamoth, fol. 8,4): “Se alguém achar uma
criança abandonada e a batizar como servo: deverá também circuncidá-la como servo.
Todavia, se batizá-la como livre, deverá também circuncidá-la como livre”. Citações de
W. Wall. The History of Infant Baptism. London: G. Auld, 1705, 1820.
79
os textos não dizem explicitamente que havia crianças nas casas, mas ne-
gar essa possibilidade soa como preconceito. No caso específico de Lídia,
isso parece bastante evidente. Não há menção ao marido, o que indica
que ela deveria ser uma judia viúva ou mesmo repudiada pelo marido.
Ela era de uma cidade produtora de confecções e tinturaria (Tiatira), e
estava em Filipos a trabalho, levando consigo sua família. É de supor que
tivesse que trabalhar para sustentar filhos pequenos, uma vez que é men-
cionado explicitamente que foi batizada, “ela e toda a sua casa” (At 16.15).
Se tivesse marido ele seria mencionado. Se tivesse filhos grandes, prova-
velmente não teria que trabalhar.
Finalmente, deve ser observado que nas igrejas que não praticam
o batismo de crianças existe a prática de “apresentar” as crianças. Ou seja,
existe o reconhecimento desses irmãos de que “algo” deve ser feito pe-
las crianças. Diríamos que a única diferença, neste caso, é a água, pois a
“apresentação” acaba sendo uma espécie de cerimônia sacramental. Pro-
vavelmente, a maioria dos reformados concordaria que essa cerimônia
pode ser aceita por Deus como uma marca de iniciação no pacto, quando
os pais se comprometem a “ensinar os filhos no caminho do Senhor”. As-
sim sendo, aqueles pais que apenas “apresentam” os filhos, uma vez que
a igreja que frequentam não os batizam, devem confiar que essa apresen-
tação será aceita por Deus como uma cerimônia de admissão à aliança.
Porém, os reformados se sentem muito mais confortáveis, biblicamente
falando, em batizar seus filhos com água.
dentro da prisão, ou na casa deles, que deveria ser anexa à prisão (At
16.33). É muito difícil sustentar o modo por imersão nestes casos.
Pedro compara o batismo com a experiência do dilúvio quando
oito pessoas foram salvas das águas (1Pd 3.20-21). Essas pessoas em hi-
pótese alguma foram imersas. E Paulo o compara com a experiência dos
israelitas no deserto quando foram “todos batizados, assim na nuvem,
como no mar” (1Co 10.2). A nuvem era a presença de Deus que guiava
e seguia os filhos de Israel (Ex 33.8-11), e o mar era o Mar Vermelho
no qual eles atravessaram com pé enxuto. Não há qualquer referência à
imersão nesses textos.
Geralmente os imersionistas usam os termos bíblicos que falam
da morte e da ressurreição de Cristo como um batismo para os crentes,
para dizer que é preciso afundar na água para ressurgir para uma nova
vida. Os textos usados são Romanos 6.3-4: “Ou, porventura, ignorais que
todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua
morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para
que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai,
assim também andemos nós em novidade de vida”. E também Colos-
senses 2.12: “Tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo,
no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus
que o ressuscitou dentre os mortos”. Neste caso, é preciso reconhecer que
Paulo compara batismo a sepultamento. Porém, ele não menciona sepul-
tamento “nas águas”. Ainda que a analogia seja possível, faz mais sentido
pensar em “sepultamento” espiritual, ou seja, o fato de que fomos incluí-
dos na morte de Cristo. O batismo simboliza isso pelo fato de que aponta
para o despojamento do corpo, para uma nova vida de ressurreição.
Por outro lado, aspersão identifica o símbolo (água) com a coisa
significada (redenção), já que o significado é a purificação pelo sangue
de Cristo. Pedro diz: “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em san-
tificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus
Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas” (1Pe 1.2). Ou seja, o sangue
de Cristo que nos purifica é “aspergido”. Do mesmo modo, Hebreus diz:
“aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo
o coração purificado (grego: aspergido) de má consciência e lavado o
corpo com água pura. (Hb 10.22). E, acrescenta: “a Jesus, o Mediador da
nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que
fala o próprio Abel (Hb 12.24). João relaciona “água com sangue” em 1Jo
5.6-8: “Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo;
83
não somente com água, mas também com a água e com o sangue. E o Es-
pírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. Pois há três
que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes
num só propósito” (1Jo 5.6–8).
Então, tanto a imersão quanto a aspersão podem representar bem
a redenção. A Igreja Primitiva utilizava, provavelmente, todas as formas
de batismo, ou seja, efusão (derramar), imersão e aspersão. Isso aparece
no mais antigo documento não canônico, o Didaquê: “Quanto ao batis-
mo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água cor-
rente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se você não tiver
água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria,
faça com água quente. Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes
sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Cap 7,
1-4). Portanto, ao que parece, a igreja do século 2 tinha uma preferência
por batizar em água corrente, em rios ou fontes. Se havia imersão, apesar
de provável, não há evidências definitivas. O modo de batismo, portanto,
não parece ser algo de grande importância para os primeiros cristãos,
sendo que qualquer um deles poderia ser praticado. A água é só um sím-
bolo, portanto, a quantidade ou a qualidade dela não são decisivas.
O Batismo é um exercício de fé. Quando uma pessoa se submete
ao batismo, ou quando conduz seus filhos para serem batizados, ela está
fazendo uma declaração solene de que faz parte do povo de Deus, e de
que se submete a Aliança de Deus. Ela está confirmando o pacto com
Deus, e desse modo atraindo bênçãos para sua vida e para a sua casa. É
muito importante que as pessoas participem do batismo com muito mais
do que só a ideia de cumprir uma obrigação. Ele precisa ser um ato de fé,
uma demonstração vibrante da confiança no Deus do pacto. Um ato que
exprime a certeza do povo de Deus, de que o Deus das promessas não
falha.
Questionário de revisão
a) ( ) Batismo e casamento.
b) ( ) Batismo e Ceia do Senhor.
c) ( ) Batismo nas águas e Batismo no Espírito Santo.
d) ( ) Batismo no Espírito Santo e Ceia do Senhor.
84
a) ( ) Imersão
b) ( ) Derramamento ou aspersão.
c) ( ) A Bíblia não faz menção.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
I. A importância do Espírito
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espí-
rito de Deus habita em vós. E, se alguém ____ tem o Espírito de Cristo,
esse tal _____ é dele” (Rm 8.9).
“Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como
91
diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com
respeito ao _________ que haviam de receber os que nele cressem; pois o
Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido
ainda glorificado” (Jo 7.37-39).
Jesus nos explica aqui como esse Espírito pode ser conseguido.
Ele diz: Bebendo: “Quem tem sede venha a mim e beba”. Tão somente
isso, ir a Jesus e beber. O método divino pelo qual podemos ficar cheios
do Espírito Santo é o mais simples de todos: basta ter sede, ir a Jesus e
beber. Isso pode ser feito a qualquer momento, em qualquer lugar, e em
qualquer situação.
Questionário de revisão
I. Um novo coração
Uma das preocupações dos fariseus era comer sem lavar as mãos,
mas não estavam preocupados com o coração. A verdadeira mudança é
aquela que começa lá no coração. O coração é como se fosse uma fonte
de água. Se a fonte está contaminada, não adianta tratar o córrego. De
nada adianta as pessoas se esforçarem para mudar de vida, não falarem
palavrões, se controlarem para não discutir, etc., se continuam alimen-
tando todas essas coisas no coração. O caminho da transformação não é
de fora para dentro, mas de dentro para fora. O Espírito Santo que veio
morar em nosso coração (Gl 4.6) purificará esta fonte e então ela poderá
produzir água limpa.
Espírito for engrandecido em nós, a guerra não será tão dramática. Ela
só será realmente árdua, se permitirmos que a carne se sobreponha.
Questionário de revisão
a) ( ) Viver no Espírito.
b) ( ) Lutar contra o “ego”.
c) ( ) Impedir que a carne domine.
d) ( ) Enfrentar o mal.
a) ( ) Definitiva
b) ( ) Passageira
c) ( ) Contínua
d) ( ) Temporária
pedido do rei. Isso tudo faz parte do decreto divino e em nada abala sua
imutabilidade, porém, destaca de uma forma impressionante o papel da
oração no cumprimento dos decretos de Deus.
“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado
seja o ____ nome; venha o ____ reino; faça-se a ____ vontade, assim na
terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as
nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e
não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino,
o poder e a glória para sempre. Amém!” (Mt 6.9-13).
Quando Jesus disse: “portanto, vós orareis assim”, ele não tinha
a intenção de que as pessoas ficassem repetindo esta oração, até porque
acabou de dizer que Deus não se agrada de “vãs repetições”. O que ele
pretendeu dizer é que este é um “modelo de oração”. Ou seja, devemos
olhar para esta forma de oração e procurar seguir estes princípios quando
estivermos orando. A estrutura da oração que Jesus ensinou é bastante
simples. Há uma introdução, sete petições e uma conclusão. A introdu-
ção é: “Pai nosso, que está nos céus”. Jesus quer que nos dirijamos a Deus
da forma mais simples e íntima possível, chamando-o de “Pai”, sem es-
quecer que ele “está nos céus”, ou seja, devemos equilibrar intimidade e
respeito ao mesmo tempo. Em seguida vêm sete petições.
A estrutura dessas petições impressiona. As três primeiras têm
o verbo na segunda pessoa do singular: “teu, teu, tua”. Não são pedidos
para coisas nossas, mas para coisas de Deus. Jesus está ensinando que
nossas orações devem primeiro buscar aquelas coisas que dizem respeito
à glória de Deus. Devemos buscar em oração que o nome de Deus seja
santificado, que o reino dele se estabeleça, que a vontade dele seja feita.
Estas coisas devem ter a prioridade em nossas orações, mais do que nos-
sas necessidades pessoais.
Das sete petições, há apenas uma para nossas necessidades físicas.
Isto tem um aspecto negativo e outro positivo. O negativo é que Deus não
se agrada de crentes que só sabem orar pedindo coisas para si mesmos. O
positivo é que os crentes podem orar por suas necessidades físicas. Elas
não devem monopolizar a oração, mas podem aparecer no meio dela. Je-
sus mandou que pedíssemos o pão de cada dia. Isto tem pelo menos duas
implicações. Primeiro que o pão simboliza o básico, aquilo que realmente
precisamos. Segundo que temos que pedir diariamente, porque precisa-
mos reconhecer nossa dependência diária do sustento de Deus.
106
Questionário de revisão
4 - O que seria usar de vãs repetições na oração, e por que Deus não
se agrada disso?
I. O estreito caminho
Porém, não se deve pensar que Paulo está dizendo que é impossí-
vel ser rico e ser crente. É possível. Inclusive ele diz: “Exorta aos ricos do
presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperan-
ça na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona
ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de
boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para
si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apode-
rarem da verdadeira vida” (1Tm 6.17-19). Portanto, é possível ser rico e
agradar a Deus. Mas para isso, é preciso abrir mão da avareza.
Devemos estar preparados para enfrentarmos os perigos espiri-
tuais que surgem em nossa caminhada cristã. O diabo fará de tudo para
nos enganar, às vezes usando a própria religião. Precisamos sempre lem-
brar que o caminho é estreito, que as provações fazem parte da caminha-
da e que o amor aos bens terrenos nos afasta de Deus.
Questionário de revisão
I. A origem da maldição
“Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escra-
120
vo do pecado. O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sem-
pre. Se, pois, o Filho vos __________, verdadeiramente sereis ________”
(Jo 8.34-36).
com Cristo também ressuscitamos com ele. Esse ressuscitar nada mais é
do que o novo nascimento (Jo 3.3). Agora precisamos perguntar: pode
alguém que nasceu de novo, que morreu com Cristo e ressuscitou com
ele, ainda carregar maldições? Se fosse possível, então, a obra de Cristo
não teria sido completa. Se um crente ainda pode carregar maldições, o
texto de 2Coríntios 5.17 não seria verdadeiro:
Mas, talvez o leitor pergunte: Então por que tantos crentes vivem
como se estivessem sob maldição, sem conseguir se livrar de vícios e de
pecados? Talvez porque não façam uso dos recursos que Deus lhes tem
dado para vencerem estas coisas. Não é difícil entender o porquê de o
ensino sobre quebra de maldições atrair tanto as pessoas. Ele se torna um
atalho mágico e ilusório para substituir a doutrina da santificação, que é
um processo indispensável a ser desenvolvido pelo Espírito Santo na vida
do cristão, exigindo dele autodisciplina e perseverança na fé. Parece mais
fácil ser libertado por um “passe de mágica” do que pelo uso da oração,
do estudo bíblico e da santificação.
Ainda precisa ser dito que uma pessoa liberta deve viver como
alguém que foi liberto. Ao terminar a lista do fruto do Espírito e explicar
como o andar no Espírito é o segredo da vitória contra a carne, Paulo
conclui:
É como se ele dissesse: Seja aquilo que você agora é. Você agora
122
o pássaro que foge, como a andorinha no seu voo, assim, a maldição sem
causa não se cumpre” (Pv 26.2). Vivendo na presença de Deus, “habitan-
do no esconderijo do altíssimo” não temos o que temer. Quando Balaque
contratou o profeta Balaão para amaldiçoar o povo de Israel, perdeu seu
tempo e dinheiro (Nm 23.7-8), pois “contra Jacó não vale encantamento,
nem adivinhação contra Israel” (Nm 23.23). O povo de Deus não precisa
temer maldições que são lançadas contra ele, pois “nenhum mal te suce-
derá, praga nenhuma chegará à tua tenda” (Sl 91.10). Acima de tudo, ele
pode ter a certeza de que “todo aquele que é nascido de Deus não vive em
pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe
toca” (1Jo 5.18).
Questionário de revisão
a) ( ) Diabo
b) ( ) Adão
c) ( ) Deus
d) ( ) Pecado
b) ( ) Amarrando Satanás.
c) ( ) Expulsando o Diabo de sua vida.
d) ( ) No conhecimento da Verdade, se convertendo a Jesus.
a) ( ) Em seu nascimento.
b) ( ) No derramento do Espírito Santo
c) ( ) Ele fará isso quando retornar.
d) ( ) Na sua morte na cruz.
I. Necessidade de maturidade
Assim, também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai pro-
gredir, para a _____________ da igreja” (1Co 14.12).
uso dos dons, não para benefício próprio, mas dos outros. A ausência do
amor faz com que os dons sejam absolutamente sem valor (1Co 13.1-3).
A maturidade espiritual faz com que as pessoas usem seus dons espiri-
tuais em humildade e visando o crescimento do corpo de Cristo.
22.18).
Mas a Bíblia fala em dom de profecia (1Co 12.8; 14.6, 26). Será
que este dom ainda existe? Paulo disse que esse dom deveria ter a proe-
minência na igreja (1Co 14.1), mas o crente que tem o dom de profetizar
não é um Profeta e nem um Apóstolo, no sentido de possuir o Ofício
Apostólico ou o Ofício Profético. O dom de profecia serve para edificar
a Igreja, tendo a função de “edificar, exortar e consolar” as pessoas (1Co
14.3). Não quer dizer que a profecia tenha que predizer o futuro, e nem
mesmo que aquilo que será falado é absolutamente verdade, pois Paulo
disse que nós deveríamos julgar todas as profecias (1Co 14.29; 1Ts 5.20-
21; 1Jo 4.1). João diz que o “testemunho de Jesus é o espírito da profecia”
(Ap 19.10), portanto, testemunhar a respeito de Jesus é o objetivo da
profecia. Dessa forma, cada vez que uma pessoa proclama a Palavra de
Deus (Bíblia), pode estar exercitando o dom espiritual de profecia.
Profecia é um dom que todos os crentes podem exercer, e signi-
fica proclamar a vontade de Deus para as pessoas. A maior vontade de
Deus é que as pessoas se convertam dos seus pecados (Ez 18.32; 1Tm
2.4). A vontade de Deus para as pessoas está clara na Escritura. Pode
haver elemento preditivo na profecia, isso significa que Deus realmen-
te pode fazer alguém conhecer algo do futuro através de uma profecia,
ou mesmo de sonhos, entretanto, não podemos confundir profecia com
“adivinhação”, pois a adivinhação foi desde sempre proibida pela Escri-
tura (Dt 18.10).
Com relação à previsão do futuro, ainda precisamos dizer algo:
Deus sempre foi contra profetas que profetizavam de seu próprio cora-
ção (Jr 23.30-32). E, além disso, um profeta que profetizava algo falso de-
via ser morto (Dt 18.20-22). Hoje vemos muitas pessoas fazendo muitas
profecias, mas no fundo não passam de adivinhações, e muitas delas não
se cumprem. Não podemos esperar que um verdadeiro profeta de Deus
fale coisas que não acontecerão. Portanto, devemos considerar como fal-
so profeta, todo homem que anunciar qualquer coisa como revelação
de Deus e aquilo não acontecer. De acordo com esse último texto, um
homem que faça uma única profecia falsa já não pode mais ser consi-
derado de Deus. Se estivéssemos no Antigo Testamento, esse homem,
ou mulher, seria morto. Mas, há um outro detalhe: É bem possível que a
profecia de algum profeta se cumpra, e ainda assim, ele não seja verda-
deiro. É a Bíblia quem fala isso. Em Deuteronômio 13.1-5 Deus adverte
o povo a tomar cuidado com a profecia de algum profeta, mesmo que ela
129
Ainda que eu fale as línguas dos _________ e dos anjos, se não tiver
amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine”.
Paulo não está dizendo que falava a língua dos anjos, mas apenas
que mesmo que isto fosse possível, sem o amor, que é o que ele está en-
fatizando, de nada adiantaria. Paulo está usando uma linguagem hipo-
tética com o objetivo de enfatizar a superioridade do amor sobre todos
os outros dons. Ainda deve ser lembrado que Paulo disse que falava a
língua dos homens. Por que, nas igrejas pentecostais, só se fala a suposta
língua dos anjos?
Há outras coisas que Paulo deseja que os coríntios entendessem
sobre o dom de línguas. Primeiramente que este dom não era o mais
importante (1Co 14.5). Línguas ocupam o último lugar na lista de Pau-
lo (1Co 12.28). Além disso, nem todos falavam em outras línguas (1Co
12.8-10; 29-30). A Bíblia deixa claro que nem todos os que foram batiza-
dos com o Espírito falaram em outras línguas (At 4.31; 8.17; 9.17-19).
Alguns acham que o dom de línguas de 1Coríntios é um dom de
línguas extático, porque Paulo diz:
numa língua que os outros não conhecem, está falando mistérios para
os homens, mas não para Deus, pois Deus conhece todas as línguas. Por
isso, o dom de línguas só deveria ser usado com tradução na igreja, pois
assim, todos entenderiam os mistérios. Paulo diz que falar numa língua
que os outros não entendem não tem qualquer proveito, pois é o mesmo
que tocar instrumentos sem saber música (1Co 14.6-9). Paulo mesmo
diz que falava em muitas línguas diferentes, mas preferia falar cinco pala-
vras em língua compreensível a dez mil em língua incompreensível (1Co
14.18-19).
A prova decisiva de que o dom de falar línguas em 1Coríntios
12-14 é realmente a capacidade de falar em outros idiomas é dada neste
texto:
“em cada alma havia _______; e muitos prodígios e sinais eram feitos
por intermédio dos apóstolos” (At 2.43).
“Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos fica-
ram ________ do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a pala-
vra de Deus” (At 2.31).
pôs à prova aqueles que se diziam pregadores de Cristo, mas eram falsos
(Ap 2.2, 6). A igreja conhecia muito bem a doutrina verdadeira e por isso
conseguiu rejeitar a falsa. Mas de algum modo, sua ortodoxia (doutrina
correta) se tornou morta. Depois de quarenta anos de lutas contra os fal-
sos mestres, a igreja continuava intelectualmente apegada à verdade, mas
o coração estava distanciado. Contentava-se em possuir a verdade, mas
o coração já não amava a Jesus com a mesma intensidade, nem desejava
testemunhar dele perante o mundo. Ainda havia labor e perseverança
internos, mas eram feitos sem amor, como uma esposa que cumpre seu
papel sem amar o marido. Qualquer cristão pode correr este risco se não
mantiver bem acesa a chama do amor dentro de si. Para aqueles, como
Éfeso, que deixaram a chama se apagar, o Senhor só tem uma recomen-
dação:
Questionário de revisão
a) ( ) Malaquias
b) ( ) Jesus
c) ( ) Ágabo
d) ( ) João Batista
3 - Quais foram os dois ofícios que foram usados por Deus como
fundamento da Igreja?
a) ( ) Edificação
b) ( ) Exortação
c) ( ) Consolo
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
5 - Para que não nos enganemos com os falsos profetas, o que deve-
mos analisar neles, mais do que a profecia em si?
I. Memória e bênção
Questionário de revisão
Note que o texto diz que o dízimo seria “santo” ao Senhor, ou seja,
separado, pertenceria a ele e não ao que estava entregando (Dt 14.22). A
palavra dízimo significa dez por cento, ou “um em dez”. Deste modo, de
cada dez animais do rebanho, um deveria ser consagrado ao Senhor. A
ideia seria que o pastor levantasse o cajado e contasse nove animais, en-
tão, o décimo que passasse por baixo seria do Senhor (Lv 27.32). Este era
um modo de não escolher algum animal inferior. Alguns acham que isto
é um exagero, pois é um valor alto, porém, quando a perspectiva é vista
de outro ângulo, significa que Deus concede nove animais ao povo e exi-
ge dele apenas um. Porém, o primogênito de cada animal já pertenceria
ao Senhor, era “primícias” (Lv 27.26). O dízimo era entregue aos levitas
que eram os responsáveis pela manutenção do templo e do serviço reli-
gioso em Israel.
Quando o templo fosse construído em Israel, aparentemente,
haveria um segundo dízimo. Porém, este parece estar reservado ao usu-
fruto do próprio dizimista. Ele poderia “comer” todo esse produto du-
rante a festa das semanas. Caso não pudesse levar a mercadoria, poderia
vende-la e usar o dinheiro para se banquetear em Jerusalém durante a
festa (Dt 12.6-7, Dt 14.22-27). Aparentemente, havia ainda um terceiro
dízimo, o qual deveria ser separado de três em três anos, e se destinava a
ajudar os pobres (Dt 14.28-29) .
Porém, o dízimo não era uma carga para os crentes do Antigo
Testamento. Ao entregarem o dízimo eles faziam com alegria, pois ti-
nham toda a certeza de que Deus iria recompensar. E, na verdade, o Se-
nhor promete isso:
porque desejam contribuir “menos” do que dez por cento. Porém, à luz
do Novo Testamento, a ideia de “dízimo” só poderia ser deixada de lado,
se a intenção fosse contribuir com mais do que isso. Ou seja, se ficasse
entendido que dez por cento é muito pouco. Quando Paulo diz “cada um
contribua segundo tiver proposto no coração”, ele realmente parece estar
deixando certa liberdade para que o contribuinte estabeleça o valor da
contribuição. Porém, à luz de toda a revelação bíblica, qual sempre foi o
percentual mínimo? Seria aceitável diante de Deus uma oferta de grati-
dão inferior a esse valor? Isso representaria gratidão?
O segundo lugar no Novo Testamento onde dízimo é menciona-
do é a Carta ao Hebreus. O autor aos Hebreus menciona o momento em
que Abraão entregou dízimos para Melquisedeque, ligando o sacerdote
ao próprio Cristo:
oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua pobreza deu tudo
o que possuía, todo o seu sustento” (Lc 21.1-4). Jesus louvou a genero-
sidade da mulher. Ela havia dado pouco em comparação com os ricos
que haviam dado muito, mas o que deu era muito por ser tudo o que ela
tinha para dar. Diante dessa ideia, percebemos que “proporcionalidade”
continua sendo um princípio válido. Como alguém poderia querer agra-
dar a Deus se oferecesse menos do que o mínimo que desde o começo foi
estabelecido? A mulher agradou a Deus porque ofereceu “mais do que
isso”.
O princípio do dízimo é uma bênção porque não se exige de nós
mais do que podemos dar, a menos que desejemos fazer isso. Por outro
lado, oferecer “menos” do que podemos dar é um forte sintoma de ingra-
tidão. É verdade que Deus não teria prazer em nos ver passar necessida-
de ao mesmo tempo em que enchêssemos os cofres da igreja, mas nossas
contribuições espontâneas e justas são extremamente agradáveis a Deus.
Deus ama a generosidade dos crentes.
Com base nisso, podemos afirmar que o Novo Testamento não
estabelece a obrigatoriedade do dízimo nos mesmos moldes de Levítico
e Deuteronômio. Porém, sendo ele um princípio eterno da Escritura, es-
tabelecido por aquele que foi feito “sacerdote para sempre”, podemos di-
zer que ele continua sendo um excelente princípio de contribuição para
a igreja, uma espécie de “mínimo” que deveria ser observado na entrega
das ofertas. Entregar menos do que dez por cento, exceto em circuns-
tâncias de extrema necessidade, nos parece um ato que compromete a
oferta.
ro, precisamos olhar para ele e pensar na graça de Deus, que providencia
tudo para nós e nos deixa ficar com noventa por cento.
É preciso também entender que contribuir é um ato de semear.
Paulo disse:
Questionário de revisão
1 - Qual a ocasião em que a bíblia fala pela primeira vez sobre dízimo?
a) ( ) Obrigação
b) ( ) Coragem
c) ( ) Ousadia
d) ( ) Gratidão
I. Características do inimigo
Jesus disse que o diabo tem anjos do seu lado (Mt 25.41), e Apo-
calipse diz que ele lidera esses anjos (Ap 12.9). Por esse motivo, é de se
supor que ele também seja um anjo. Paulo diz que Satanás sabe se trans-
formar em “anjo de luz” (2Co 11.14), e disso se deduz que ele seja um
“anjo das trevas”, um anjo caído.
Paulo o chama de “o príncipe da potestade do ar” (Ef 2.2), um
título que parece apontar sua função sobre esses poderes malignos in-
visíveis. Ele é o governador de um mundo de trevas (Cl 1.13; Lc 22.53).
Do ponto de vista de Cristo, o mundo era um território sob o poder do
inimigo, pois Jesus o chamou de “príncipe”, e disse que viera para des-
155
* Para uma exposição dos aspectos jurídicos ligados à ação de Satanás no mundo
e sua derrota na cruz, veja meu livro: Leandro Lima. A Grande Batalha Escatológica. São
Paulo: Agathos, 2016.
156
versível derrota que sofreram na cruz. Estes são os nossos inimigos. São
mais cruéis, mais maliciosos, mais orgulhosos, mais zombadores, mais
pervertidos, mais destrutivos, mais repugnantes, mais imundos, mais
desprezíveis do que qualquer coisa que a mente humana possa conceber.
Vejamos o que a Bíblia diz que ele ainda pode fazer. Já dissemos
que ele pode se apresentar como “anjo de luz” (2Co 11.14). Isso signifi-
ca que feiura não é necessariamente uma característica dele. Sua maior
arma é se parecer ao máximo com o que é verdadeiro. Por isso, os crentes
devem tomar muito cuidado, pois seus falsos mestres se apresentam dis-
farçados como ovelhas, sendo por dentro lobos vorazes (Mt 7.15). É dito
que ele pode manipular eventos físicos (2Ts 2.9; Jó 1.12), pode sugerir
pensamentos errados em nossa mente” (Mt 4.3), pode causar doenças
(Lc 13.16), pode cegar os incrédulos (2Co 4.4). Ele é a prisão da raça
humana decaída (1Jo 5.19).
É evidente que todo o poder que ele pode demonstrar depende
de uma permissão divina. Mesmo que ele não queira admitir, é uma fer-
ramenta nas mãos de Deus. Como um homem pode usar um cão bra-
vo, Deus usa Satanás para disciplinar o mundo. A Bíblia diz que muitos
demônios estão acorrentados (Jd 6; Mt 25.41; Ap 20.10). Isto significa
que há limitações impostas sobre eles. Mesmo aqueles que se encontram
soltos na terra não podem fazer tudo o que querem, pois Deus ainda
preserva este mundo. Satanás gosta de ser chamado de governante (Mt
4.6), mas seu poder é limitado pelo poder de Deus. Ele vê o crente como
um fugitivo de seu império (Cl 1.13), e vai fazer de tudo para torná-lo
um cativo novamente. Se ele conseguir produzir o engano, terá alcança-
do vitória, por isso concentra toda sua força na tentativa de desacreditar
a Bíblia, ou no mínimo de deixá-la de lado. Sua intenção sempre é levar
ao pecado. E faz isto induzindo ao erro ou distorcendo o que está certo.
Se formos fiéis em um ponto da muralha, ele tentará abrir outro, assim,
sucessivamente, todos os dias.
mais nos acusar, nem nos ameaçar. Ele não pode mais “nos tocar” (1Jo
5.18). Por esse motivo, talvez, Pedro o tenha descrito como um leão que
ruge, andando em derredor, como uma fera que espera alguém dar opor-
tunidade para que ele ataque (1Pe 5.8). Isso significa que ele não tem mais
direitos de agir no crente a menos que lhe sejam dados outra vez.
Em linguagem futebolística, às vezes se diz que “a defesa é o me-
lhor ataque”. Nem sempre isto funciona nos campos de futebol, mas é o
que funciona na batalha contra o inimigo. Somos chamados para uma
luta de resistência, porque o inimigo não poderá ultrapassar nossas defe-
sas, se elas estiverem bem postadas. A palavra de ordem é: “Sujeitai-vos,
portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). Ele
não tem outra opção. Sempre que encontra alguém “firme na fé” (1Pe
5.9), resistindo-o, ao mesmo tempo que se submete a Deus, só lhe restará
bater em retirada.
A conversão nos coloca no centro de uma batalha da qual não
podemos fugir: a batalha espiritual. Porém, além de garantida a vitória
escatológica através de Cristo, a Escritura no diz que recebemos também
armas para derrotar o inimigo no dia a dia. Paulo disse:
sido feitas cativas por ele para cumprirem a sua vontade (2Tm 2.25-26).
O engano, portanto, é sua principal tática de guerra, e isso tanto em rela-
ção aos incrédulos quanto em relação aos crentes. Quando Paulo utiliza
as expressões “principados e potestades” (Ef 6.10-12) ele está querendo
demonstrar a ideia de poderes invisíveis em atuação e talvez até mesmo
aponte para hierarquias malignas. Essas forças estão agindo diretamente
sobre este mundo.
As recomendações de Paulo seguem a seguinte ordem: 1) Preci-
samos nos fortalecer no Senhor. 2) Precisamos entender que estamos em
meio a uma batalha contra inimigos que não são de “carne e sangue”. 3)
Precisamos entender que estes inimigos jogam sujo e não desistem facil-
mente. 4) Precisamos nos revestir da armadura de Deus para enfrentar
este combate.
A armadura de Deus é composta de virtudes espirituais que nos
ajudarão a resistir aos ataques malignos. Paulo diz: “Portanto, tomai toda
a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de
terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingin-
do-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés
com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da
fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno.
Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a
palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no
Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos
os santos” (Ef 6.13-18).
Podemos dividir esta armadura em sete partes: 1) Verdade, 2)
Justiça, 3) Evangelho, 4) Fé, 5) Salvação, 6) Palavra, e, 7) Oração.
O cinto da verdade aponta para a segurança baseada não em fal-
sas ilusões, mas na sinceridade e na certeza da verdade que é o próprio
Jesus (Jo 14.6). Vestir a couraça da justiça aponta para a necessidade de
se viver aquilo que se crê, ou seja, a necessidade da vida justa. Calçar os
pés com o Evangelho só pode significar firmeza e prontidão para anun-
ciar o Evangelho. Embraçar o escudo da fé é usá-la como uma defesa
contra os dardos malignos que induzem à pensamentos de dúvida, de
rebeldia, de malícia, etc. O capacete da Salvação mostra que nossa cabe-
ça está segura e não poderemos ser feridos mortalmente. A Espada da
Palavra parece ser a única arma que serve tanto para defesa quanto para
ataque. De fato, foi a Palavra a arma que Jesus usou para se defender da
tentação de Satanás (Mt 4). E a oração, embora não apareça como um
161
Questionário de revisão
a) ( ) A vaidade e a ambição .
b) ( ) A inveja e a vaidade.
c) ( ) A ambição e a insatisfação do governo de Deus.
d) ( ) O orgulho e desejar ocupar o lugar de Deus.
I. O todo poderoso
Não existe lugar onde Deus não esteja. Embora desde o tempo
de Adão e Eva, o homem tente fugir da presença de Deus, a verdade é
que sua fuga se torna inútil e absolutamente impossível. Não é possível
fugir de Deus, pois estamos todos de forma imediata na presença dele.
Por imediata queremos dizer que não precisamos de meios para estar na
presença dele. Estamos a todo o momento e em todo lugar imediatamen-
te na presença dele. Mesmo o ímpio no Inferno não pode dizer que está
longe da presença de Deus. Pode estar longe de sua bênção, mas sente
em todos os momentos a presença da ira divina sobre si.
Deus não está somente em todos os lugares ao mesmo tempo,
como está totalmente presente em todos os lugares ao mesmo tempo.
165
divina. A ideia é que Deus conhece todas as coisas, então, ele sabe quem
aceitará o plano da salvação e quem não aceitará. Baseado nisso ele pre-
destina os que serão salvos e os que serão condenados. No entanto, o
texto não diz que Deus previu os dias do homem, mas que escreveu cada
um desses dias e os determinou antes que acontecessem. Deus não é
apenas Onisciente, ele é também Onipotente. Ele não prevê apenas as
coisas que deverão acontecer, ele determina cada uma delas. Se apenas
previsse, como poderia ter certeza de que aconteceriam? A garantia é a
sua Onipotência. Seu poder é suficiente para conduzir todas as coisas ao
propósito que sua vontade determinou (Sl 115.3). Novamente precisa-
mos dizer que o poder absoluto de Deus é fonte de regozijo para os cren-
tes e de terror para os ímpios. O mesmo poder que Deus usou para criar
o universo e para ressuscitar Jesus, usa para nossa salvação. Além disso,
ele pode mudar a situação mais adversa e reverter o quadro mais trágico.
Seu poder controla tudo o que acontece, fazendo todas as coisas coope-
rarem para o nosso bem (Rm 8.28). Não há uma molécula sequer nesse
universo que seja independente do poder de Deus ou que possa frustrar
seus planos. Não precisamos temer as forças desse mundo, por mais po-
derosas que sejam, pois “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm
8.31). O ímpio enfrentará esse Deus poderoso no dia do grande juízo...
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem
abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em
Cristo, assim como nos _____________nele antes da _____________do
mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos
_________________para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus
Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.3-5).
“Porque Deus não nos _________ para a ira, mas para alcançar a sal-
vação mediante nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.9).
“Nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas
obras, mas conforme a sua própria ______________ e graça que nos foi
dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos”.
Jesus disse que somente seriam salvos aqueles que o Pai havia lhe
dado: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e
eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44). Ele falou para seus discípulos:
“Faça-se a tua __________, assim na terra com no céu” (Mt 6.10). Jó,
depois de perder a família e os bens, disse: “O Senhor o deu, e o Senhor o
tomou; ___________ seja o nome do Senhor!” (Jó 1.21).
“Atendei agora, vós que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos para a cidade
tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos e teremos lucros. Vós _____
sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida ? Sois apenas como ne-
blina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, ________
dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como faremos isto ou aquilo”
(Tg 4.13-15).
170
Questionário de revisão
3 - Por que Deus não está sendo injusto quando escolhe alguém para
a salvação?
I. O fim do mundo
era a maior de todas (v. 13). Ao mesmo tempo, o Evangelho seria pregado
no mundo inteiro, mas parece que não haveria tantas conversões. O texto
fala de testemunho apenas (Mt 24.14).
Em seguida, Jesus falou a respeito da destruição de Jerusalém. As
predições feitas acima se cumpririam (e ainda se cumprirão) ao longo
da história até a segunda vinda de Jesus, porém, também se aplicam em-
brionariamente à destruição de Jerusalém que aconteceu ainda no ano 70
d.C. Precisamos lembrar que Jesus está respondendo a duas perguntas.
Ele está falando sobre a consumação do século e sobre a destruição do
templo. Com relação à destruição do templo, Jesus diz que haveria uma
grande profanação (Mt 24.15). Quando os habitantes de Jerusalém e da
Judéia vissem essa profanação, deveriam fugir para os montes, sem se
preocupar em voltar para pegar alguma coisa (Mt 24.16-18). Provavel-
mente, aquela foi uma referência ao momento quando o General Roma-
no Tito invadiu Jerusalém e profanou o Templo. A referência às grávidas,
ao Inverno e ao Sábado deve ser entendida como em relação à fuga. A
fuga deveria acontecer a toda pressa e uma grávida teria dificuldade de
correr. O mesmo se daria no inverno. E no Sábado, o judeu nem podia
correr (Mt 24.19-20). E todo esse sofrimento foi apenas uma pálida de-
monstração do que vai acontecer na segunda vinda de Jesus.
“Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acre-
diteis; porque surgirão ________ cristos e ________ profetas operando
grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.
Vede que vo-lo tenho predito” (Mt 24.23-25).
pessoa está totalmente perdida, e o pior é que acha que está salva. Dessa
forma, não procurará refúgio, pois acha que já está refugiada.
Jesus falou sobre sua vinda inconfundível. Ele disse: “Porque, as-
sim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim
há de ser a vinda do Filho do Homem” (Mt 24.27). Jesus não voltaria
de forma particular ou privada. Sua vinda seria totalmente pública, de
forma que todo olho o verá. A expressão “Onde estiver o cadáver, aí se
ajuntarão os abutres” (Mt 24.28), significa simplesmente: o que está pro-
gramado para acontecer certamente acontecerá, assim como, os abutres
certamente se ajuntam onde está o cadáver.
de sua vinda. Este talvez seja o sinal mais evidente dos nossos dias. O
secularismo domina inteiramente a vida das pessoas. A maioria não tem
qualquer preocupação com as coisas de Deus, vivendo uma religiosidade
muitas vezes só de aparência, preocupados no fundo, apenas com con-
forto, bem-estar e sucesso. Não há dúvidas de que estamos num tempo
bastante parecido com o dos dias de Noé, ou com os dias de Ló em So-
doma (Lc 17.28-30).
V. Necessidade de vigilância
“Vigiai, pois, porque _____ sabeis o dia nem a hora” (Mt 25.13).
e ganhou mais cinco. O que recebeu dois ganhou mais dois. Mas, o que
recebeu um, com medo de perder o dinheiro, resolveu enterrá-lo. Quan-
do o senhor voltou, cada servo foi apresentar as contas diante do Senhor.
Os dois primeiros receberam elogios do Senhor, pois administraram sa-
biamente o que haviam recebido, fazendo uso dos bens do Senhor. Po-
rém, o que recebeu um talento apenas, entregou o mesmo dinheiro, argu-
mentando que agiu assim porque ficou com medo de perder o dinheiro,
ainda mais sabendo do rigor com que o senhor tratava essas questões de
dinheiro. Jesus chamou aquele servo de mau e negligente (v. 26). Ao me-
nos ele poderia ter posto o dinheiro no banco para que rendesse algum
juro, mas nem isso teve dedicação para fazer. Como consequência perdeu
até aquele talento que recebeu, o qual foi acrescido ao que tinha dez. E
o servo inútil foi lançado fora, nas trevas (v. 30). Do mesmo modo que
as virgens néscias ficaram de fora porque não tinham azeite, esse servo
ficou de fora porque não administrou dignamente o que havia recebido
de Deus. Portanto, um bom modo de esperar a vinda de Jesus é trabalhar-
mos com os dons e talentos que ele nos deu em benefício do seu reino.
“Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus
___________ irmãos, a _______ o fizestes” (Lc 25.40).
vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Sai da sua boca uma espa-
da afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro
de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus
Todo-Poderoso. Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI
DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES” (Ap 19.11-16).
Questionário de revisão
19. COMPARTILHANDO A FÉ
I. Um estilo de vida
dirigir a países distantes, mas como um modo de vida de cada cristão ver-
dadeiro que entendeu o Senhorio de Jesus. Jesus quis enfatizar que “onde
estivéssemos” deveríamos fazer discípulos, pois isso foi algo que ele teve
que lutar para conquistar. Ele enfrentou a cruz por causa disso. Ou seja, a
ordem para fazer discípulos se aplica a todo e qualquer lugar onde esteja
um crente. Todo cristão deve sentir sobre si o peso da responsabilidade
de comunicar o Evangelho aos outros, onde quer que esteja. O discípulo
de Cristo deve fazer tudo quanto seja possível, pessoalmente, ou pela ora-
ção, para que outras pessoas venham a conhecer a Cristo. Se uma pessoa
não tem a preocupação de fazer o Evangelho conhecido é porque não
conhece o valor do Evangelho.
“Ir” é um modo de vida. Todo cristão deve estar constantemente
indo e fazendo discípulos. Isso quer dizer que o cristão não deve concen-
trar toda a sua atenção apenas em “vir” a Igreja, mas deve levar a men-
sagem adiante. Também isso nos ensina que a Igreja não deve esperar o
mundo vir até onde ela está, mas ela mesma deve ir ao mundo. Vemos
hoje em dia que muitos homens de Deus desenvolvem um ministério de
espera antes que um ministério de ação. Os pregadores ficam esperando
as pessoas virem à igreja com o fim de evangelizá-las. Cristo não disse
para ficarmos esperando as pessoas virem até nós para que as evangeli-
zássemos, mas tomou como certo que todo crente verdadeiro estaria dis-
posto a ir a todo lugar possível com o fim de fazer discípulos. Aqui está,
portanto, uma característica marcante da igreja: o discipulado.
Com isso não estamos diminuindo a importância da ordem de
Jesus de evangelizar o mundo. Como dissemos a palavra mais forte destes
versículos é “fazei discípulos”, e estes discípulos deveriam ser feitos em
todo o mundo. Inclusive, Cristo declarou que deveria ser a partir de Je-
rusalém, bem como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra
(At 1.8). A igreja deve se preocupar com missões mundiais. Mas, cada
cristão, a nível local também deve se sentir impelido a fazer discípulos.
Nossa responsabilidade é tanto local, quanto mundial. Queremos afirmar
com isso que tanto o missionário que está evangelizando em algum dis-
tante país do Oriente Médio ou da África, quanto um membro comum de
igreja pregando a Palavra a seus vizinhos de condomínio estão igualmen-
te cumprindo à ordem de Jesus da grande comissão, e respeitando seu
senhorio. O fato é que Deus tem chamado uns para uma tarefa e outros
para outra. O que realmente importa é que a tarefa seja cumprida.
184
Questionário de revisão
5 - Qual é a primeira frase dita por Jesus que garante o sucesso das
missões?