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YESHUA

1ª EDIÇÃO
Ruan Destro
Caro leitor,
Nas páginas deste livro, relatarei a triste tragédia que ocorreu em Petrópolis, Rio de Janeiro,
no dia 15 de fevereiro de 2022, onde perdi diversos amigos, vizinhos e membros da minha
família. Através dessa obra, busco evidenciar a importância da fé em Deus, o qual é o único
capaz de trazer vida aos que partiram e iluminar o caminho dos que ficaram.
Será que é possível perceber a presença divina em meio ao caos? Muitos questionam como
acreditar na existência de Deus, considerando que pessoas boas morrem enquanto os maus
prosperam no mundo. Além disso, como conciliar a crença em um Deus todo-poderoso com a
realidade de pessoas passando fome, sede e frio? Há aqueles que afirmam que Deus pode
tudo, mas na prática, parece que as nossas preces não são atendidas. E quando ele permite a
morte de pessoas que amamos, como aceitá-Lo como governante de nossas vidas?
Assim como muitos, eu também já me perguntei sobre os questionamentos mencionados
acima, ao longo dos meus 26 anos de vida. Embora este livro possa não oferecer respostas
definitivas para essas dúvidas, ele pode ajudar a aliviar o sofrimento e a angústia que elas
causam.
Embora eu tenha formação em Administração, meu propósito transcende as funções que este
mundo me oferece, pois eu não pertenço a este mundo.
Ao longo dos capítulos deste livro, você poderá relembrar e reviver momentos da sua própria
vida. No entanto, é importante estar aberto para a possibilidade de que isso possa provocar
mudanças em sua vida. Vale ressaltar que este livro não se trata de uma biografia, de uma
narrativa de acontecimentos ou de uma forma de amenizar a dor.
Na verdade, o livro tem como foco a arte poderosa da oração em minha vida e na sua.
Embora não nos conheçamos, gostaria de expressar a minha alegria em saber que você está
lendo esta obra.
Baseado em fatos reais, este livro marca o início do meu testemunho com Jesus Cristo e
mostra que, assim como aconteceu comigo, Deus está preparando um lugar para você na
mesa todos os dias.
Gostaria de expressar a minha gratidão a todas as pessoas que ajudaram a minha família com
doações de alimentos, roupas, moradia, móveis e transporte. Eu vejo Deus em cada um de
vocês e sou grato a Ele todos os dias pela vida de cada pessoa que nos ajudou.
Aos vizinhos e amigos, compartilhamos da mesma dor de ter perdido o nosso porto seguro,
nossa base, nossas forças e nossas conquistas. Sabemos que nada pode apagar as coisas ruins
que acontecem em nossas vidas, mas podemos encontrar esperança ao vislumbrar os planos
magníficos que Deus está preparando para nós.
Por fim, desejo uma boa leitura a todos.

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Capítulo 1

EU OBSERVEI AQUELA LAMA e me senti completamente impotente, sem saber


como agir (minha avó estava desaparecida e meu irmão acabara de ser atendido na unidade
de pronto atendimento). No entanto, notei um grupo de amigos e vizinhos, com meu pai no
meio deles, prestando ajuda.
Eu já havia sido informado sobre o deslizamento que ocorreu às 18h15 no conhecido
"MORRO DA OFICINA", mas não tinha noção da dimensão do estrago causado. É como
quando você não consegue imaginar que tudo realmente desabou. Esse foi meu primeiro
pensamento, de que realmente tudo tinha desmoronado.
Quando vi a cena no meio da noite, em meio à escuridão total, não tive muita esperança de
encontrar muitas pessoas vivas sob a lama. Minha primeira reação foi chamar pela minha
avó, repetindo seu nome três vezes em voz alta, na esperança de ouvir sua resposta.
"Vó, sou eu, vó, Ruan!" - repeti por 3 vezes este mesmo grito que ecoava sobre o silêncio.
Eu não sabia se minha avó iria responder, mas senti um forte desejo de ouvir a voz dela
naquele momento.
"Cala a boca, moleque", falou um rapaz no meio do grupo que estava com meu pai.
Pensei imediatamente que ele também estaria aflito como eu, e ouvir gritos poderia
intensificar seu sentimento de angústia e desespero para encontrar seus familiares. Reconheci
a voz, era de um amigo de infância e sobrinho do ex-marido de uma prima mais velha.
Estou gritando, porque sei que se houver pessoas vivas debaixo da lama, precisamos gritar,
para que elas escutem e nos respondam - respondi.
E por cinco segundos, houve um silêncio, e em seguida, eles retomaram o resgate de um
rapaz que estava no meio da lama. Eu pensei que finalmente estava vendo um sobrevivente
naquele lugar. Não hesitei em descer e ajudá-los. O rapaz gemia de dor e não conseguia ficar
em silêncio enquanto tentávamos carregá-lo para um local seguro.
Ai! Ai! Ai! - Ele gritava.
A chuva caía com menos intensidade, mas de forma constante, e a lama fria anestesiava
nossos corpos. Levei até a manhã do dia 16 para começar a sentir qualquer tipo de
desconforto, mas os gritos que ouvi não pareciam ser causados por dor muscular. O rapaz
tinha fraturado as costelas, algo que nunca experimentei, mas que imagino ser extremamente
doloroso, especialmente com os movimentos que precisávamos fazer para carregá-lo para um
lugar seguro. Levamos cerca de uma hora e meia para tirá-lo da lama.
Enquanto lutamos contra a correnteza criada por dois vãos abertos na lama, a chuva
continuava a cair. Se houvesse alguma chance de sobrevivência, eu acredito que os cientistas
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diriam que a hipotermia seria uma ameaça. Foi um dos motivos que me levou a tirar meu
casaco (que minha esposa havia me dado) para cobrir o rapaz que estava sem camisa e com
um short estilo samba canção rasgado pelos destroços do deslizamento.
Eu morava na Servidão Frei Leão, o local onde ocorreu a tragédia. Sabia que havia muitas
casas naquela área, mas não imaginava quantas pessoas poderiam estar lá naquele horário.
Embora eu ainda não fosse cristão, havia decidido há três meses parar de beber.
Surpreendentemente, em nenhum momento eu pensei em clamar a Deus, fazer uma oração ou
algo do tipo. Meu único foco era encontrar minha avó e outras pessoas com vida.
Em certo momento, depois que retiraram o rapaz da lama, fiquei sem nenhuma fonte de luz
(meu celular havia descarregado). Ao meu lado estava um amigo de infância, um rapaz que
costumava ajudar minha avó com os trabalhos mais pesados da casa.
“Agora deu ruim, eles desceram e ficamos sem luz”, eu disse ao meu amigo.
Caminhando pela lama, em meio à escuridão e com o corpo tremendo de frio, sentindo a
roupa encharcada pela chuva incessante, minha mão tocou algo que parecia ser um corpo. Foi
um momento de choque, medo e angústia, enquanto meu coração acelerava e minha mente se
perguntava quem era aquela pessoa.
“Encontrei um corpo aqui, parece que está morto”, gritei para ele, que estava a uns 10 metros
de distância.
Minha esposa é estudante de enfermagem, tenho aprendido muito com ela sobre primeiros
socorros, foi um dos motivos pelo qual eu pressionei o punho e verifiquei a jugular do corpo
que estava bem na minha frente. Ao deparar que já não se encontrava com batimentos e
pressão sanguínea rapidamente pensei que deveria reconhecer o corpo.
“Está parecendo o filho da minha vizinha”, falei com o meu amigo.
"Será?", respondeu ele.
Parecia ser o filho de uma vizinha, ele devia ter em torno de 14 anos. Momentos antes da
tragédia, em uma chamada de vídeo com minha avó, ela comentou que meu irmão tinha
descido o morro para levar um guarda-chuva para ele. Possivelmente, imaginei que meu
irmão teria tempo de ir até ele e eles já teriam voltado para casa, pois meu irmão foi
encontrado no local da tragédia horas antes.
Estava muito escuro, não tínhamos nenhum acessório que poderia nos fornecer luz naquele
momento. Ouvíamos muitas pessoas conversando, mas não sabíamos se era embaixo da lama
ou no entorno da superfície. Continuei procurando, mas agora meus gritos chamando minha
avó já não estavam tão altos. A forma como encontrei o corpo (de quem identifiquei ser o
filho da minha vizinha) me fez imaginar que, se houvessem sobreviventes, eles poderiam
estar com fraturas e sentindo dores.
“Vó, vó, vó”, eu falava.
Eu repeti diversas vezes, chamando pela minha avó, até que ouvi um homem se aproximando
por um dos acessos que eu costumava usar na minha infância e juventude. Embora o caminho

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já não estivesse exatamente igual, minha memória de 25 anos atrás permanecia intacta, e eu
pude visualizar exatamente onde ele estava sem a necessidade de luz.
"Olá! Alguém está precisando de ajuda aqui?" - perguntou o homem.
Por um instante, pensei que ele estivesse sozinho, mas logo em seguida, ele tirou uma
lanterna do bolso e apontou a luz diretamente para onde eu e meu amigo de infância
estávamos.
"Estamos tentando encontrar alguém, não sabemos se está vivo ou morto, na lama", respondi.
"Eu trouxe uma lanterna. Eu moro no morro em frente, chamado Tamancoldi. Quando ouvi o
deslizamento, fiquei preocupado e não podia simplesmente ficar em casa sem ajudar."
Naquela noite, cerca de 20 homens estavam ajudando nas proximidades do "Morro da
Oficina". Infelizmente, não consigo me lembrar do nome do homem que morava no
Tamancoldi, mas ele foi uma verdadeira luz naquele momento. Ele veio em nossa direção e
começamos a procurar por mais pessoas. Em determinado momento, pedi que ele me
emprestasse a lanterna, pois estava preocupado e esperançoso em encontrar minha avó, ainda
que sem vida. Enquanto vasculhava a área com a lanterna em direção à casa onde cresci com
ela, cerca de 20 metros abaixo, consegui avistar um rosto entre galhos, troncos e objetos
domésticos.
“Encontrei-a, mas acho que ela não está mais viva!”, informei ao meu amigo de infância.
“Posso dar uma olhada para ter certeza de que é ela?”, perguntou ele, pegando a lanterna da
minha mão e se aproximando.
Assim como havia feito com o corpo do filho da minha vizinha, pressionei meus dedos em
sua jugular. Sua pele já estava pálida e fria, indicando que ela estava morta. Fiquei chocado,
incapaz de chorar, sentir ou reagir ao que estava diante dos meus olhos. O homem que
também se aproximou pediu para realizar o mesmo procedimento, pressionando a jugular e
confirmou que não havia pulso.
“Vovó, aah, vovó!”, o homem que tinha acabado de nos conhecer, gritava e chorava.
Ao encontrar minha avó morta, um turbilhão de emoções se misturou em minha mente. Por
um lado, estava em estado de choque pela descoberta, mas, por outro, sentia um certo alívio
em poder sair do local e comunicar minha família. Queria encontrá-la para não precisar
esperar dias para receber a notícia de sua morte. Fiquei alguns minutos perto do corpo dela,
mas depois decidi retomar as buscas por mais pessoas vivas. Até então, havíamos encontrado
apenas algumas pessoas, já que os grupos estavam separados e podíamos ouvir outras pessoas
sendo resgatadas mais abaixo de onde estávamos.
Em minha mente, o foco era encontrar pessoas vivas e salvar o máximo de vidas possível.
Quando encontrávamos corpos, marcamos o local para que pudessem ser retirados na manhã
seguinte. Durante as buscas, encontramos diversos objetos pessoais, restos de casas, roupas
de bebês e crianças, colchões, caixas d'água e vergalhões. Todos esses itens pareciam
pertencer à mesma família, como se estivessem sempre guardados juntos. Era impressionante
perceber a força da natureza em ação. Eu vi troncos tão grandes que duas pessoas de mãos
dadas não conseguiam dar a volta neles. Na televisão, aquilo poderia parecer mentira, mas ali,
naquele local, eu vi com meus próprios olhos que era a mais pura verdade.
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Minha avó, com seus 73 anos, era uma figura muito ativa e animada. Ela adorava cuidar de
suas plantas e horta, e sua fé em Deus era inabalável. Ela sempre falava sobre Deus comigo,
meus irmãos e toda a minha família. Mas, apesar de toda a sua crença, eu não conseguia
encontrar consolo em Deus naquele momento de dor. Lembrava das novenas que fazíamos no
morro, visitando casa por casa, rezando e pedindo ajuda divina. Minha avó sempre me pedia
para levar a imagem de Nossa Senhora Aparecida para as mulheres que participavam. Eu
admito que, na época, eu não entendia muito bem a preocupação dela com os outros, eu só
queria que ela se preocupasse mais consigo mesma.

Capítulo 2

MINHA AVÓ era um verdadeiro pilar para nossa família, além de ser amada por
todos os vizinhos do Morro da Oficina. Ela dedicou muitos anos da sua vida a ações sociais,
trabalhando com a Pastoral da Criança e colaborando com o Projeto do Morro, que teve um
grande impacto em minha vida. Ela também se preocupava com o bem-estar financeiro dos
moradores da Servidão Frei Leão, organizando consórcios mensais para ajudar aqueles que
estavam passando por dificuldades. Sua doçura e cordialidade eram contagiantes, fazendo
com que todos se sentissem acolhidos e amados por ela.
A minha avó tinha um apelido carinhoso para mim desde a infância, Rabicózinho da vovó,
que só ela usava. Eu acredito que tenha sido por causa das brincadeiras que fazíamos no
morro, passando o dia inteiro na servidão, e muitas vezes eu reclamava de tomar banho.
Analisando minhas fotos de infância, até acho que parecia um pouco com o Rabicó do Sitio
do Pica-Pau Amarelo.
Eu chamava minha avó de Vó Fia, Véia e Biquinho. Quando tive problemas com álcool e
fiquei em coma aos 9 anos, ela foi a primeira pessoa que vi quando acordei em Piraúba-MG.
Desde então, fui criado por ela como se fosse seu filho mais novo.
Ela costumava dizer para eu não trazer namorada para casa até ter trabalho e completar 18
anos. Mas quando conheci Isabele, minha esposa, ela ficou feliz e tratou-a como sua neta
também. Embora não tenha sido proposital, eu já tinha um emprego e tinha completado 18
anos quando comecei a namorar Isabele.
Todos os dias, às 18 horas, Vó Fia se sentava em frente à televisão para rezar o seu terço
mariano. Eu nunca compreendi completamente a sua devoção e a rotina diária de rezar o
terço, mas sempre respeitei e admirei sua disciplina. Quando havia visitas em nossa casa, eu
brincava:
"Agora é hora do terço da Vó Fia, ninguém pode atrapalhar."
Lembro-me de muitas vezes, quando eu e minha prima morávamos com minha avó,
ajudarmos a limpar a casa enquanto ouvíamos a Bíblia sendo narrada por Cid Moreira.
Confesso que tinha muito medo, pois sua voz forte e as imagens que passavam na televisão
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me deixavam emocionado e até mesmo chorando. Deus nunca esteve longe de nossa casa,
pois sempre se fez presente nos ensinamentos, cuidados e preocupações da minha avó.
Através da vida dela, Deus se manifestava em nossas vidas.
Provavelmente, você conhece alguém que é assim em seu dia a dia - essa é a presença de
Deus em nossa vida. Infelizmente, demorei muito tempo para perceber que minha identidade
e meu propósito são caminhar com Cristo. Será que eu precisava passar por tudo isso para
iniciar o processo de conversão que estou vivendo agora?
Após refletir sobre tudo aquilo que havia acontecido durante a tragédia, eu não tinha mais
dúvidas de que precisava voltar no próximo dia para ajudar a encontrar mais corpos ou
pessoas vivas. Logo em seguida, pude avistar meu pai se aproximando de onde eu, meu
amigo e o rapaz que lamentava a morte da minha avó estávamos. Com ele vinha minha
esposa, que estava determinada a ajudar na busca. O trajeto da subida do morro era cansativo,
e eles já estavam com respirações fortes apenas após terem percorrido parte do caminho.
“Eu subi com o seu pai para ajudar. Eu também quero ajudar!”, disse ela com firmeza e
determinação.
Eu não desejava que mais membros da minha família estivessem naquele lugar, uma vez que
eu já havia reconhecido, encontrado minha avó, e não queria expor mais pessoas a esse
trauma. Embora tenha pensado em aconselhar minha esposa a descer e esperar com o resto da
família lá embaixo, eu sabia que se encontrássemos outras pessoas, ela poderia ser de grande
ajuda.
"Encontrei o corpo da minha avó lá em cima. Infelizmente, já estava sem vida. Preferi focar
em encontrar pessoas que ainda possam ser resgatadas.”, falei com eles.
Eles entenderam que estava muito escuro para mostrar o local. Passamos algumas horas na
esperança de encontrar mais pessoas, mas o frio começou a tomar conta de nós. Decidimos
descer para descansar, nossas mentes e corpos estavam exaustos. No caminho, encontramos
muitos vizinhos e amigos que tentavam ajudar e estavam muito preocupados com tudo o que
estava acontecendo.
Não tínhamos muito o que fazer, exceto depositar todas as nossas forças na lama, sem
ferramentas suficientes e sem a força psicológica necessária para enfrentar toda a tragédia.
Depois de horas no topo do morro, eu mal conseguia continuar no local. Não conseguia parar
de pensar em voltar na manhã seguinte para ajudar. Nesse ponto, não ouvíamos mais gritos
nem conversas, apenas um silêncio que era interrompido ocasionalmente por frases como
'Traga a enxada', 'Pegue a pá', 'Traga a lanterna' e outras indicações de que precisávamos de
mais pessoas e ferramentas.
Ao descermos o morro, encontramos meu tio, que é casado com a irmã do meu pai. Ele
estava na casa de um amigo da família que acabara de perder um filho mais velho e estava
procurando pelo irmão e outras vítimas. Conversamos com ele e informamos sobre a morte e
que havíamos encontrado o corpo da minha avó, mas que não seria possível removê-lo
naquela noite. Ele lamentou, conversamos sobre o tamanho da tragédia, que jamais
poderíamos imaginar que aconteceria algo assim, mas seus olhos rapidamente se viraram para
o ponto onde ficava a casa em que ele cresceu junto a sua mãe e sua família. Ela também

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estava debaixo daquela lama e foi nesse momento que travamos, analisamos, constatamos o
tamanho e o alcance do deslizamento de terra.
“Talvez você não saiba, ou não aprofundou sobre a tragédia que aconteceu aqui na nossa
cidade, mas somente na localidade onde morávamos foram mais de noventa vítimas fatais.”
Até aquele momento estávamos caminhando movidos a adrenalina e “sangue quente”, mas
naquela conversa com meu tio, minha mente retornou a consciência e eu pude enxergar que
não se tratava de um deslizamento e sim de uma tragédia que acarretaria num marco da
história de nossa cidade.
A mãe do meu tio era uma avó para nós também. Desde criança nos acostumamos a
frequentar todas as casas da antiga servidão frei leão, acostumamos a subir e descer aquela
escada na intenção de visitar mais um amigo, familiar ou vizinho.
A casa dela era um dos lugares que mais frequentei na minha infância, uma mulher serena,
doce e cordial assim posso definir sua personalidade. Na minha infância houve muitos dias
em que eu passava pela sua casa e oferecia de ajudá-la, levando lixo, carregando suas bolsas
para dentro e parando por ali para conversar com ela. Costumávamos estar sempre juntos,
como família e em todos os encontros lá estava ela conversando e sabendo dialogar sobre
todos os assuntos.
Pude ver a tristeza profunda através dos olhos do meu tio naquele momento, mas é claro, sua
mãe estava ali também e não sabíamos nada sobre onde ela estava e como estava. Já era em
torno de uma ou duas horas da manhã e nossos corpos já estavam exaustos.
Continuamos a descer e encontramos meu padrinho, que estava aflito e ansioso para ter
notícias sobre a situação do morro em geral. Mais abaixo, pudemos ver minha madrinha
sentada, todos tristes por saberem que sua filha e neta estavam em casa no momento da
tragédia. Para onde quer que olhássemos, podíamos ver um familiar, amigo, vizinho ou
conhecido. Neste momento, já estavam chegando algumas autoridades que cercavam alguns
locais para que ninguém ultrapassasse. Mas como não ultrapassar se nossos irmãos, filhos,
amigos, avós, netos, maridos, esposas e muitos outros graus relacionais estavam debaixo
daquela lama?
Olhei para minha esposa e meu pai, e automaticamente só conseguia pensar em descansar
para no outro dia, com mais visibilidade, retornarmos ao local para continuarmos as buscas.
Será que conseguiria dormir? Jamais, mas precisava "esticar as pernas" pelo menos, tomar
uma água, talvez um calmante ou até mesmo um medicamento tarja preta para não deixar a
ansiedade me consumir e conseguir dormir.
Lembramos de procurar pela minha mãe e, à medida que íamos andando, nesta ocasião já
estávamos na parte mais plana, na rua principal do Alto da Serra. Até então, sabíamos que
minha mãe estava tentando entrar em contato com a unidade de pronto atendimento onde meu
irmão estava sendo atendido. Resolvemos ir até uma igreja evangélica próxima à quadra do
bairro, que ficava na mesma quadra onde, na minha infância, costumávamos jogar bola até
tarde da noite, junto com amigos como um amigo que também estava desaparecido debaixo
daquela lama.
Em um dos bancos daquela quadra, estava o tio do filho da minha vizinha, que até então
tínhamos identificado como um dos corpos que encontramos lá em cima. Na verdade, fiquei
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um pouco nervoso para falar que tínhamos encontrado o corpo e que supostamente seria dele.
Mesmo assim, não podia continuar aquela noite sem ao menos falar com ele sobre a
possibilidade de ser o rapaz. Não hesitei em falar, perguntei se ele sabia onde o rapaz se
encontrava e sobre a mãe, mas ele não sabia dos seus paradeiros. Ele ficou nervoso, como era
de se esperar, e agradeceu pelo comunicado, deixando claro que iria buscar informações para
ter a certeza de que se tratava do corpo dele realmente.
A responsabilidade de falar com ele naquele momento era grande, podia ser ou não o rapaz,
eu poderia estar enganado. Em meio à escuridão, como eu poderia ter certeza de que era ele?
Mas eu não podia deixar isso me consumir, até porque eu precisava me recuperar para voltar
naquele morro na manhã seguinte, na verdade, a que estava se iniciando naquela madrugada.
Continuamos a caminho e, ao entrarmos na igreja, pude perceber a quantidade de pessoas
que, nessa altura, estavam se acomodando dentro daquele ambiente, onde era a morada de
Deus. Eram pessoas de diversos morros próximos ao Alto da Serra. Perguntamos sobre minha
mãe, minha tia e sua família que estavam ali também. Uma das mulheres abençoadas que
estava no salão principal nos informou que elas não estavam mais ali, que haviam ido para
casa de uma das minhas tias, que mora próximo a um centro comercial que existe no Alto da
Serra.
Nós caminhamos até a casa desta minha tia, onde estavam chegando aos poucos todos os
nossos familiares. Ao chegarmos na casa dela, eu não podia deixar de, primeiro, dar a notícia
sobre a perda da minha avó.

Capítulo 3

NESTA TRAGÉDIA nossa cidade perdeu 235 pessoas. Entretanto, como Paulo
escreveu na carta aos Romanos, no capítulo 8, versículos 38-39: "Estou convencido de que
nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer
poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de
nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor".
Essa passagem nos lembra que, mesmo que a morte possa nos fazer sentir que estamos
separados daqueles que amamos, nada pode nos afastar do amor de Deus. Mesmo quando o
rejeitamos ou sentimos ódio por ele, ainda assim ele nos dá o direito de sentar à sua mesa. Há
coisas que nenhum ser humano pode entender, não há respostas, não há cura terrena, e pode
não haver ninguém que compartilhe e compreenda plenamente a dor que sentimos em nosso
coração, mas Deus entende e sabe o que estamos passando.
Existe uma história de um homem que, por não aceitar a vontade de Deus, caminhou por
diversos lugares, frequentou ambientes onde ouvia falar sobre Jesus Cristo, mas não o
aceitava e não acreditava no que representava a vinda, a morte e a ressurreição de Jesus
Cristo. Agindo por vontade própria, por seus desejos e por vingança e ódio, começou a
perseguir aqueles que acreditavam em Jesus Cristo. Este homem é bem conhecido no
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evangelho, e você acabou de ler um trecho de um dos livros que ele escreveu mais tarde para
os Romanos.
Durante os meus primeiros 25 anos, antes de entrar no meu processo de conversão, eu
ignorava completamente a Palavra de Deus por minha própria vontade. Eu conhecia várias
passagens da Bíblia e debatia sobre elas com cristãos, mas não entendia a verdade que estava
por trás de cada uma delas. Muitas vezes, nos contentamos em conhecer a história de um
homem que veio à Terra, trabalhou como carpinteiro e morreu na cruz dizendo: "Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". Porém, quando se trata de uma pessoa
engraçada, que realizou uma ação inesperada ou disse algo engraçado, ficamos curiosos para
saber mais sobre ela e sua história. Será que fazemos o mesmo ao descobrir a história do
homem que morreu na cruz?
Eu sempre gostei de ouvir música, e uma das minhas bandas favoritas é uma banda britânica
muito conhecida por falar sobre amor intenso, rock'n'roll coletivo e baladas noturnas - você
deve conhecer, o nome é Queen. Ver as performances de seu vocalista Freddie Mercury me
trazia uma sensação de liberdade para ser eu mesmo, não me esconder e ser autêntico. Eu me
escondia de Deus por ter uma percepção distorcida de liberdade criada pelos humanos. O
mesmo homem que antes perseguia os cristãos, escreveu no livro de Romanos que "E não vos
conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (capítulo 12,
versículo 2). Em geral, esse texto nos fala sobre mudar nosso estilo de vida - se usamos
drogas, paremos de usar; se usamos roupas curtas, paremos de usar; se falamos palavrão,
paremos de falar - mas também tem um significado mais profundo com relação a Deus.
Se você não é cristão, digo, se você não entende verdadeiramente o ato de Jesus Cristo na
terra, talvez poderia entender esse texto como uma mudança de hábitos, mudança de
percepções e expansão intelectual. Eu inventei por diversas vezes empecilhos para que eu não
pudesse caminhar com Cristo, uma hora era a bebida, outra era ir à igreja, aquele lugarzinho
que me tirava a paciência quando era chamado para uma visita. Nunca acreditei nos homens,
pensar que a Bíblia tinha sido escrita por homens já acabaria com qualquer possibilidade de
frequentar uma religião ou uma igreja.
Você que é cristão, este texto mostra um desejo contínuo de Deus de que busquemos
entendê-lo melhor. Se acreditarmos que já o entendemos completamente, estaremos nos
limitando a ter uma vida espiritual cheia de altos e baixos. Como eu, talvez você também
precise de um melhor entendimento sobre como manter essa chama constante de buscá-lo até
que ele venha. Não há mágica ou poção perfeita para esse processo, a menos que você se
dedique a ter um momento íntimo com Deus todos os dias. Isso é necessário para manter essa
chama acesa por muito tempo.
Há uma outra história sobre um homem cujo modo de vida era muito parecido com o de
muitos de nós. Ele era íntegro e justo, temia a Deus e evitava fazer mal às pessoas. Tinha
filhos, uma casa, uma esposa e uma vida confortável e boa. Certo dia, enquanto estava
sentado em um lugar, alguns mensageiros chegaram até ele e lhe disseram que seus gados
haviam sido mortos e que uma tempestade havia destruído sua casa e matado toda a sua
família. O nível de intimidade desse homem com Deus foi tão grande que ele se levantou do
lugar onde estava sentado e respondeu aos mensageiros: "Saí nu do ventre de minha mãe e nu
partirei. O Senhor o deu, o Senhor o tomou; louvado seja o nome do Senhor". São homens
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como esse que a Palavra de Deus menciona e em nenhum momento, mesmo antes de minha
conversão, eu me recusava a descobrir. Esse homem é Jó e ele não pecou ou culpou a Deus,
pelo contrário, prostrou-se com o rosto em terra, em adoração.

Capítulo 4

PASSAMOS A NOITE NA CASA da minha tia, mas eu não consegui dormir. Minha mente
estava muito ocupada tentando entender o que estava acontecendo. Finalmente, 16 de
fevereiro amanheceu e eu só queria uma coisa: voltar ao morro e procurar meus amigos e
vizinhos. Por volta das 6 horas da manhã, já estávamos subindo para ajudá-los. Havia uma
equipe próxima ao local onde encontramos o corpo da minha avó, mas eles estavam tendo
dificuldades em encontrar os corpos. Passaram até pelo corpo dela e não o reconheceram.
Tivemos que sinalizar para eles que ali havia o corpo dela e do suposto filho da minha
vizinha, mas ao nos aproximarmos, identificamos que não era o corpo dele. Não havia como
sentir alívio naquele momento, por mais que não fosse o corpo dele, era do nosso vizinho que
morava abaixo de nossa casa e, por baixo do corpo dele, encontraram o da sua esposa.
Estávamos nos revezando com poucas ferramentas e, na medida em que nossas mãos ficavam
cansadas, trocamos de pessoa para escavar e retirar toda a lama e destroços das casas.
Encontramos, próximo ao local onde retiraram meu irmão, o corpo de um jovem vizinho que
vimos crescer e que brincou muitas vezes conosco no caminho da servidão com seu pai.
Infelizmente, o corpo deste rapaz ainda está desaparecido, até hoje.
Nos dias que se seguiram, participamos de vários velórios das pessoas que viviam naquele
local e minha mente ficou confusa. Não conseguia entender por que tantas vidas foram
perdidas naquele mesmo lugar. Eu me sentia desorientado e questionava se tudo aquilo era
realmente a vontade de Deus. Não conseguia encontrar sentido em nada e sentia muita
tristeza em relação ao que havia acontecido. Às vezes, ficamos confusos com as coisas que
queremos em nossas vidas, sem realmente entender ou perguntar ao Criador qual é a Sua
vontade. A verdade é que nunca estamos prontos para receber o que Deus tem planejado para
nós. A vida muitas vezes nos dá uma sensação de segurança baseada em coisas como ter uma
casa, uma família, um emprego, mas nunca estamos realmente seguros e precisamos confiar
em Deus em todos os momentos. Mas o que realmente é confiar em Deus?
O Salmo 16 da Bíblia, escrito por Davi, expressa sua confiança em Deus e a importância da
presença em sua vida. A intimidade que ele compartilha com Deus é semelhante a um
relacionamento, onde a verdadeira natureza de uma pessoa é revelada apenas quando
permitimos que ela se revele. No entanto, a relação com Deus é diferente de um
relacionamento comum, pois Deus não permite uma intimidade baseada em interesses
pessoais. Pelo contrário, quanto menos nos concentrarmos em nossos próprios interesses e
nos voltarmos para Deus, mais plena será nossa relação com ele, como descrito em Salmos
16:1-2: "Guarda-me, ó Deus, porque em ti confio. A minha alma disse ao Senhor: Tu és o
meu Senhor; não tenho outro bem além de ti".
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Durante duas ou três semanas, eu questionei Deus em minhas orações, perguntando-lhe o
motivo pelo qual permitiu que uma tragédia ocorresse e qual era sua intenção com tudo
aquilo. Eu também questionei por que uma das mulheres que eu amava em minha vida tinha
sido levada. Ficar lamentando e questionando a Deus já havia se tornado cansativo. Apesar
disso, eu sabia que não tinha a covardia de tirar minha própria vida ou voltar a beber ou usar
drogas. Existem pessoas que me amam, se importam comigo e torcem por mim. Ficar preso
nesse ciclo de sentimentos e pensamentos é chato e solitário, mas naquele momento eu sabia
que a solidão não duraria para sempre. Se você está se sentindo assim, eu recomendo fazer o
que eu fiz em uma noite e tomar a melhor decisão para si mesmo.
Conversei com minha esposa e decidimos ir à casa de Deus. Eu sentia uma grande vontade de
encontrá-lo e obter respostas para minhas perguntas. Naquela noite, encontrei a resposta que
procurava: "Não se trata de mim". Essas palavras me mostraram que Deus é o criador e dono
de todas as coisas, e que eu não tinha controle sobre tudo. Eu não sabia quem eu era, e estava
esperando por uma resposta de Deus para saber o que ele poderia ou não fazer e o que ele
pensava e desejava.

Capítulo 5

DEUS nos escolheu desde o ventre de nossa mãe, e não podemos nos esconder e tentar fazer
as coisas do nosso jeito. Quando entendemos que Cristo nos chama para um relacionamento
com Ele, Ele nos tira da solidão, da vida vazia e triste. Se você nunca experimentou um
relacionamento com Cristo, eu te convido a conhecê-lo. Comece lendo a Bíblia, orando,
buscando líderes ou pessoas que são referências de Cristo em sua vida. Aceite-o como seu
salvador neste momento e em todos os dias de sua vida. Quando negamos a ele, o
entristecemos. Ele não se importa com o que estamos passando agora, mas sim com o quanto
queremos tê-lo em nossas vidas. Não se trata de religião, igreja física, doutrina ou
espiritualidade, mas sim de Cristo. Ele disse em João 14:6: "Eu sou o caminho, a verdade e a
vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim". Se não tivermos um relacionamento com ele,
é impossível termos um relacionamento com Deus. Ele vive através de nós, e não adianta nos
esforçarmos por coisas passageiras, consumíveis ou que terminam. Ele é o começo, o meio e
o fim, e ele determina onde devemos parar. Ele é capaz de nos levantar do lugar em que
estamos e nos colocar no lugar mais alto.
Se eu iniciasse este livro demonstrando a intensidade de Deus e de Cristo você talvez poderia
se sentir assustado, ou até mesmo não se interessado com o restante desta obra. Mas nunca foi
sobre minha vida, sua vida e as milhares de coisas que acontecem nela. Se você não orou esta
manhã, ore por tudo que você tem, por todas as coisas que pode alcançar e principalmente
pela sua vida, que é o que ele te emprestou de mais precioso. Ele pode te tirar todas as coisas
para te fazer entender seu verdadeiro propósito, ele não quer te ver limitado em viver em
comodismo, ele te abençoa e não abre as portas para que você entre sozinho. Se a sua vida

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está boa, perfeita e agradável, mas em sua rotina você não consegue dedicar um tempo para
caminhar, aprender e sentar à mesa junto dele, você precisa rever seus princípios.
Onde você tem depositado a sua fé? Em um Cristo e Deus que você só abre a boca para se
queixar e pedir?
Sua fé está baseada em um relacionamento escravo? De quem você está sendo escravo?
Você já parou para identificar o que as pessoas ao seu redor desejam sobre você?
O espírito santo clama por escudos em volta dele o tempo todo, seu corpo precisa estar
firmado em uma vida com Cristo para que não nos moldamos às coisas deste mundo. Uma
certa vez me expressei para alguém dizendo que prefiro ver um jovem com suas calças
rasgadas, alargadores nas orelhas e tatuagens pregando o evangelho e dizendo o quanto Cristo
o transformou do que ver este mesmo jovem chamando um outro jovem para usar drogas
num beco qualquer de esquina.
Nunca será tarde para você retornar aos braços daquele que te criou, nunca será tarde para
você voltar ao seu primeiro amor e nunca será tarde para você fazer sua oração. Por isso,
sinta todos os dias a poderosa arte da oração, que executa em você a melhor pintura que a
humanidade poderia assistir ou contemplar. Faz você viver os melhores momentos que um
homem poderia viver na terra, faz você defender e proteger aquele que nunca irá te
abandonar. Neste conto não existirá fadas, príncipes, duendes ou gnomos, mas existirá um
final que será feliz. E que “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém”.

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Esta obra é totalmente baseada no início do meu testemunho com Cristo. Eu Ruan Carlos de
Jesus Destro não possuo nenhuma formação ligada a área de produção de livros, artigos ou
relacionados. Minha intenção com este e-book é resgatar filhos amados de Deus que assim
como eu pensam que viver uma vida boa, sem fazer mal a ninguém e não buscar um
relacionamento com Cristo, é viver uma vida maravilhosa. Não me permito mais criar meus
próprios deuses, não permito mais me sabotar psicologicamente, não permito mais que o
medo atrapalhe meu relacionamento com aquele que me liberta pela graça e de graça. Todos
os dias eu morro mais um pouco pro mundo, isso não é nada comparado ao que ele passou
aqui na terra. Não sou perfeito, teólogo ou formado em estudos sobre o Cristianismo, sou
mais um pecador, errante e falho que se esforça diariamente para fazer a vontade do meu Pai.
Conheça a história da minha avó em vídeo através deste QRCODE:

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