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Igreja Adventista

do Sétimo Dia®

Rua João Marques Oliveira, 819,


Lote 66, Condomínio Foz do Joanes,
Buraquinho, Lauro de Freitas, BA.
CEP:42710-900

Coordenação
Pr. Reginaldo Paulino de Souza
Tatiana Santos Rodrigues Penteado

Coordenação Executiva
Pr. André Henrique de Souza Dantas
Pr. Davi Roberto França
Wilian Carvalho Ferreira

Produção editorial
Pr. Gerson Cardoso Rodrigues

Colaboração
Pr. Luciano Barbosa Ferreira - Diretor AB
Pr. Vitelmo da Silva Vieira - Diretor MSe
Pr. Alexandre Ferreira de Souza - Diretor ABaC
Pr. Gleydson da Silva - Diretor ABN
Pr. Marcelo Baldoíno da Silva - Diretor MBSo
Pr. José Mário Oliveira Acácio - Diretor ABS

Designer Gráfico
Renan Martin
SUMÁRIO

O autor 4
Conheça o autor dos sermões

Prefácio 5
Profecia para o tempo do fim

Introdução 6
A lei, a profecia e o futuro da igreja

Sermão 1 | 04 de janeiro 7
“Que significam estas pedras?”
Sermão 2 | 01 de fevereiro 11
“Ensina a criança no caminho em que deve andar”
Sermão 3 | 01 de março 17
“Doce como o mel”
Sermão 4 | 05 de abril 24
“Um tesouro escondido num campo”
Sermão 5 | 03 de maio 30
“Uma só carne”
Sermão 6 | 07 de junho 38
“Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”
Sermão 7 | 05 de julho 45
“Sobre esta pedra edificarei a minha igreja”
Sermão 8 | 02 de agosto 52
“Dar-te por escrito, [...] uma exposição [...] das verdades”
Sermão 9 | 06 de setembro 58
“Oro para que você tenha boa saúde”
Sermão 10 | 04 de outubro 66
“E estas palavras [...] as ensinarás a teus filhos”
Sermão 11 | 01 de novembro 71
“Não me envergonho do evangelho, [...] o poder de
Deus para a salvação”
Sermão 12 | 06 de dezembro 76
“Eu sei em quem tenho crido”
O AUTOR

CONHEÇA O AUTOR DOS SERMÕES

Resgatar a importância histórica da Profecia é uma


tarefa prioritária da Igreja na atualidade. É por isso que todo
esforço nesse sentido é bem recebido e celebrado. Louvamos a
Deus pela oportunidade de ampliar este esforço, com a série de sermões produzida
pelo pastor Gerson Rodrigues.
Formado em Teologia, Gerson Rodrigues trabalhou como pastor assistente
em New York e foi professor assistente no Seminário Teológico da Universidade
Andrews, Michigan. Desde 2011 é professor de História do Adventismo e diretor
do Centro White na Faculdade Adventista da Bahia (Fadba). Este ano, concluiu o
doutorado em História do Adventismo pela Universidade Andrews. Ele é casado
com Irlacy e pai de Michael, Daniel e Stephen.
As mensagens do pastor Gerson, pontuando a revelação profética e sua interface
com doutrinas e movimentos da Igreja e da vida do casal Tiago e Ellen White, pro-
vam que Deus está disposto a derramar bençãos a quem estuda, ensina e propaga
as verdades da Profecia. Essas bençãos estão dispostas para você hoje, conforme
promessa da Palavra de Deus: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as
palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo
está próximo.” Apoc. 1:3.
“O objetivo é apresentar biblicamente a salvação e o amor de Deus e mostrar,
através da história, como esse amor alcança, transforma e usa seres humanos ordi-
nários para refletir esse amor e ser uma benção para a humanidade”, disse o pastor
Gerson Rodrigues.
Que esta série de sermões abençoe você e o ajude a ser uma benção para outras
pessoas.

4 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


PREFÁCIO

PROFECIA PARA O TEMPO DO FIM


PASTOR ANDRÉ DANTAS

É só acompanhar o noticiário e você vai perceber que o


mundo não está bem. Guerras, pandemias, violência e corrupção se sucedem com
frequência chocante. Qual deve ser nosso papel em um contexto assim?
A Bíblia descreve: “Crede no Senhor Vosso Deus e estareis seguros, crede nos
seus profetas e prosperareis” (II Crônicas 20:20). Este foi o conselho do rei Jeosafá ao
seu povo, na iminência de uma guerra contra amonitas e moabitas, que pareciam
mais preparados do que os hebreus para o conflito iminente.
A fé em Deus e a crença nas profecias pareciam assegurar ao povo, nas palavras
do rei de Judá, segurança em meio a incerteza, e esperança superando frustrações.
É um refrigério imaginar que tamanha capacidade está disponível para cada um de
nós nos dias de hoje.
A Igreja tem um papel importante, de ensinar e pregar sobre as profecias. Iniciativas
como a produção deste sermonário garantem que a memória desse poder capaz de tra-
zer segurança e esperança precisa estar bem viva em nossa mente na atualidade.
Essas iniciativas ajudam a igreja a manter o foco na profecia e no cumprimento
profético, que culminará com o retorno de Jesus a este mundo. Chegou o momento
de estudar, viver e ensinar a Palavra de Deus. E preparar um povo para amadurecer
no estudo e no ensino da Bíblia. Afinal, somos Todos Pela Palavra.
Por isso quero convidar você para participar desse movimento. Que a profecia
esteja na rotina de adoração e instrução de nossas igrejas, e ocupe corações e men-
tes de nossos irmãos e irmãs. Minha oração é para que a igreja em nosso território
seja uma igreja reconhecidamente ligada aos assuntos da profecia. Você gostaria de
participar desse importante movimento?
Que Deus o abençoe e lhe dê capacidade para interpretar as profecias e o seu
contexto em nosso tempo e em nossa história.
Pastor André Dantas é presidente da União Leste Brasileira, sede da Igreja Adven-
tista do Sétimo Dia para Bahia e Sergipe.

prefácio | 5
INTRODUÇÃO

A LEI, A PROFECIA E O
FUTURO DA IGREJA
PASTOR REGINALDO PAULINO

Para uma sociedade doente, a profecia é um antídoto. No livro de Provérbios


está escrito: “Não havendo profecia, o povo se corrompe; porém o que guarda a lei,
esse é bem-aventurado” – Provérbios 29:18.
O mundo vive uma epidemia espiritual. A cura, conforme diz a Palavra de Deus,
é conhecer a Profecia e guardar a Lei.
Ambas, a Lei e a Profecia, estão no DNA histórico da Igreja Adventista do
Sétimo Dia, e estarão em sua teologia até o fim dos séculos. É uma necessidade, por-
tanto, pregar sobre as profecias e tornar esse conhecimento cada vez mais público
e acessível para irmãos e irmãs adventistas que frequentam nossas congregações.
Por isso quero expressar minha alegria em apresentar esta série de sermões pre-
paradas pelo pastor Gerson Rodrigues. Um conteúdo rico, disponível para fortale-
cer o púlpito com a inspiração da Profecia. Por favor, faça uso destas mensagens e
compartilhe com sua igreja.
A promessa da Palavra de Deus é de que, quanto mais conhecermos e viven-
ciarmos as profecias bíblicas, mais inspirados seremos. Profecias já foram cumpri-
das o suficiente para acreditarmos que, aquelas que ainda não foram cumpridas,
em breve serão. Especialmente a que aponta para o breve retorno de Jesus a este
mundo.
Que Deus o abençoe.
Pastor Reginaldo Paulino é líder do Ministério de Publicações e Espírito de Profe-
cia da União Leste Brasileira.

6 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


SE R M ÃO 1 | 0 4 D E JA N E I R O 202 3

“Que significam estas pedras?”


JOSUÉ 4:20-24

INTRODUÇÃO
O povo de Israel estava prestes a cruzar o Rio Jordão. Deus operou o mesmo
milagre de décadas antes, quando eles cruzaram o Mar Vermelho.
Ao passarem pelo Rio Jordão, Josué pede que um líder de cada tribo levante
uma pedra do meio do Jordão, para que fosse levantado um monumento ou coluna
como “memorial aos filhos de Israel” (Jos 4:7, 20).
• “Deus conhecia Seu povo e sabia que ele logo se esqueceria das
grandes obras de libertação realizadas em seu favor, a não ser que se
tomasse alguma medida para manter esses grandes acontecimentos
em mente. Não se deveria permitir que as gerações futuras esqueces-
sem como o Senhor conduzira Israel.” (Comentário Bíblico Adventista,
vol. 2, p. 179)

As 12 pedras deveriam ser levantadas como um memorial (não como um


ídolo para adoração), quando eles levantassem um acampamento além do Jor-
dão, e a ordem era para os pais repetirem a história aos filhos de como Deus os
tinha libertado.

I. AGRADECER É LEMBRAR
Recapitular é uma ferramenta didática para fixar aprendizagem.
• Israel costumava esquecer das bençãos de Deus.

• “Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera coisas por-


tentosas, e construíram um bezerro de ouro” (Salmos 106:21)
• “te esqueceste do Deus da tua salvação” (Isaías 17:10)
• “Todavia, o meu povo se esqueceu de mim por dias sem conta” (Jeremias
2:32; cf. 3:21; 23:27)

SERMãO 1 | 7
Deus inspirou seus profetas a recapitularem a história constantemente para tra-
zerem à memória os atos de Deus.
• Moisés faz uma recapitulação da história do povo no deserto, no livro de
Deuteronômio.

• Moisés alerta para que eles não se esquecessem de Deus quando prospe-
rassem na terra prometida:

• “Guarda-te não te esqueças do Senhor, [...] Não digas, pois, no teu cora-
ção: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas.
Antes, te lembrarás do Senhor , teu Deus, porque é ele o que te dá força
para adquirires riquezas; para confirmar a sua aliança, que, sob juramento,
prometeu a teus pais, como hoje se vê.” (Deuteronômio 8:11, 17-18)

Outros momentos em que o povo parou para recapitular a história:


• Salmos 105, 106.
• Neemias 9
Ao levantarmos memoriais ou estudarmos a história, precisamos ser prudentes
para não idolatrarmos a mesma, como aconteceu com a serpente de bronze que
Moisés levantou no deserto (Números 21:9), e séculos depois alguns “filhos de Israel
lhe queimavam incenso” (2 Reis 18:4).

II. OS BENEFÍCIOS DE RELEMBRAR


O apóstolo Paulo mostra os benef ícios de relembrar a história do povo de Deus
(1 Coríntios 10:1-13).

• Nos identificarmos com as experiências dos nossos antepassados espi-


rituais (v. 1-4).

• Propósito: nossa instrução (v. 6, 11)

• Aprender as lições

• Evitar repetir os erros (v. 5-10)

• Promessa: “Deus é fiel” e salvará aqueles que confiam inteiramente nele


(v. 12-13)
8 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
III. A HISTÓRIA CONFIRMA A IDENTIDADE
• “Alguns são ignorantes de suas raízes. Outros as negam ou as falsificam.
Ambas as atitudes levam a uma confusão de identidade. Apenas quando
entendermos quem nós somos – de onde viemos, e porque nós somos o
que somos – podemos encontrar paz e significado.” (William G. Johnsson,
Adventist Review, 15/Set/1983, p. 2).

• A IASD tem sido abençoada com um crescimento no número de novos


membros, e isto é positivo, pois “esse pujante crescimento e indispensável
para que a igreja mantenha sua vitalidade”. Porém, “também representa um
grande desafio para a preservação da sua identidade.” (Alberto R. Timm, “Pro-
jeto Conectando com Jesus,” Revista Adventista, janeiro/2008, p. 14).

• Raízes dão um senso de identidade, um senso de pertencer. Quando conhe-


cemos nossa origem, é menos complexo traçar o rumo futuro com propósito.

• Portanto se faz necessário repetir a nossa história.

Nossos pioneiros sabiam da importância de estar constantemente relembrando


a nossa história.
• “O registro da experiência vivida pelo povo de Deus no início da história
de nosso trabalho deve ser publicado. Muitos dos que desde então aceita-
ram a verdade não conhecem a maneira como o Senhor atuou. [...] Devemos
estudar para descobrir a melhor maneira de começar a rememoração das
experiências desde o início de nosso trabalho, ocasião em que nos separa-
mos das igrejas e prosseguimos passo a passo na luz que Deus nos concedia.”
(Ellen G. White, Carta 105, 1903; em O Outro Poder, p. 96).

• “A história do nosso povo deve ser escrita, para o benef ício daqueles que
agora aceitam a fé [adventista]” (James White, “Permanency of the Cause,”
Review and Herald, 8/julho/1873, p. 28 [tradução livre]).

• “Quando perdemos de vista o que o Senhor fez no passado por Seu povo,
perdemos de vista a Sua atuação presente em favor deles. Os que agora
entram na obra, comparativamente nada sabem da abnegação e do sacrif í-
cio daqueles sobre os quais o Senhor depôs o fardo da obra em seu começo.
Isso lhes deveria ser contado vez após vez.” (Ellen G. White, Manuscrito 23,
1899; em Cristo Triunfante, p. 150).
SERMão 1 | 9
IV. CONCLUSÃO
Mentes pós-modernas tendem a rejeitar teorias e doutrinas, porém valorizam
histórias.
• Não devemos negligenciar as doutrinas bíblicas, mas podemos enfatizá­-
las através de histórias.
• Muitos céticos a apresentações apologéticas podem estar dispostos a
ouvir uma boa história.
O propósito desta série de sermões é apresentar a história do adventismo, tendo
como base e fator de delimitação a vida da família White. Tiago e Ellen (juntamente
com José Bates), são cofundadores do movimento adventista e viveram as expe-
riências do movimento millerita, a fase do pós-millerismo de resgatar a verdade
bíblica no início do movimento adventista sabatista, e o início das principais ins-
tituições da IASD. Além disso, como um casal, eles conviveram com experiências
reais do matrimônio, educação de filhos, e as atividades de viajar constantemente
para administrar, orientar, aconselhar, e acima de tudo apresentar e conduzir as pes-
soas aos pés de Cristo.
Que Deus nos ajude a entendermos melhor nossa história e com isso apreciar-
mos mais o que Deus tem feito neste movimento profético, o qual tem uma missão
muito importante e relevante para anunciar ao mundo o breve retorno de nosso
Salvador Jesus Cristo.

10 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


SE R M ÃO 2 | 0 1 D E F E V E R E I R O 202 3

“Ensina a criança no caminho


em que deve andar”
PROVÉRBIOS 22:6

INTRODUÇÃO
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não
se desviará dele.” (Provérbios 22:6)
“Muitos pais veem neste versículo uma sanção para forçar as crianças a seguir a
profissão ou of ício que eles acham melhor para elas. Dessa forma, acabam trazendo
sofrimento e decepção sobre si mesmos, pois o filho, depois de crescer, costuma optar
por um caminho completamente diverso. Em vez disso, o versículo aconselha os pais
a saber e ensinar o caminho em que seu filho poderá ser mais útil para si e para os
outros e no qual terá mais realização.” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 3, p. 1151)

I. A FAMÍLIA COMO PRIORIDADE


O fato de alguns dos mandamentos da lei moral de Deus fazerem referência
direta a situações de família revela a prioridade dada pela Bíblia aos assuntos de
família.
• 2o mandamento – relaciona as ações dos pais à prosperidade dos filhos.

• 4o mandamento – direciona a família para obedecer ao sábado.

• 5o mandamento – ordena aos filhos respeitarem os pais. (Tratado de


Teologia, p. 803).

A Bíblia declara que os pais devem compreender que os filhos “são herança do
Senhor.” (Salmos 127:3).
O que está envolvido nesse conceito é a mordomia. Os pais são mordomos e
devem cuidar dos filhos com amor, paciência, bondade e autoridade. A autoridade
não significa uma atitude ditatorial ou opressiva, mas demonstrada por alguém que
tem interesse no bem-estar dos filhos e cuida da melhor maneira possível para que
isso seja uma realidade.
SERMãO 2 | 11
Isto só pode ser alcançado com dedicação de tempo dos pais para estarem pró-
ximos dos filhos e educá-los nos caminhos de Deus.
• “Passe tempo de qualidade com seu filho. Isso significa interagir com
ele, demonstrar afeto, conversar e fazer juntos atividades que treinem as
emoções dele.” (Annie Schulz Begle, “Crescimento na Adversidade”, Revista
Adventista/Adventist World, junho 2021, p. 21).

• Deve ser lembrado, que os filhos também têm direitos.

• Têm direito à companhia dos pais


• Direito ao sustento f ísico
• Direito ao exemplo apropriado
• Direito ao amor altruísta deles
• Direito a não serem provocados (Efésios 6:4) ou “irritados por atos
opressivos ou palavras rudes.” (Tratado de Teologia, p. 814).

A obra de educar é uma escola que não conhece graduação. Os pais estão sem-
pre aprendendo enquanto fazem o melhor para educar.
“Ao educar os filhos, a mãe está numa contínua escola. Ao mesmo tempo em
que ensina os filhos, ela mesma está aprendendo diariamente.” (Ellen G. White,
Orientação da Criança, p. 135).

II. SOFRENDO PRESSÃO SOCIAL


Lembre-se que as crianças, juvenis e adolescentes enfrentam muita pressão
social, o qual pode trazer insegurança, medo, ansiedade, baixa autoestima etc.
“A ansiedade é uma das patologias psiquiátricas mais comuns nas crianças,
atrás apenas dos Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e
de conduta. [...] É necessário estar atento, também, à ansiedade que não chega a
ser um transtorno, mas que traz sofrimentos e prejuízos cotidianos, como dimi-
nuição da autoestima.” (Maria Joana de Avellar, “Como lidar com a ansiedade
em crianças?”, (Superinteressante. Atualizado em 20 de julho de 2020; disponível
online em https://super.abril.com.br/comportamento/como-lidar-com-a-ansiedade-
-em-criancas/)
Na fase da adolescência é comum eles se afastarem dos pais se recusando a expor
problemas e temores. Eles passam por uma série de mudanças físicas e emocionais que
trazem grande impacto na autoestima, e os pais devem estar atentos e buscar preparo
para ajudá-los, de uma maneira que não os intimidem ou os ridicularizem.
12 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
“Segundo um estudo nacional realizado pela Universidade da Carolina do Norte
(EUA), de 1994 a 2008, independentemente de etnia ou nível socioeconômico, as
crianças que afirmam sentir-se emocionalmente vinculadas a um dos seus pais se mos-
tram mais protegidas contra angústia emocional, pensamentos suicidas, uso de drogas,
comportamento violento e atividade sexual precoce.” (Alina Baltazar e Gary Hopkins,
“Resiliência Se Aprende,” Revista Adventista/Adventist World, maio 2021, p. 21).
É necessário ajuda constante de Deus para os pais agirem com sabedoria, pru-
dência, amor e sensibilidade para orientar, guiar, disciplinar e preparar os filhos para
serem bons cidadãos e acima de tudo viverem eternamente com Jesus.
Há muitos bons artigos e livros de referência na literatura adventista sobre o
tema de educação de filhos. Além disso, a IASD tem um departamento para ajudar
e motivar as crianças (https://www.adventistas.org/pt/criancas/) e os adolescentes
(https://www.adventistas.org/pt/adolescentes/) a perseverarem no bom caminho do
serviço e genuína amizade com Deus.

III. INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA DE TIAGO WHITE E ELLEN HARMON


A adolescência de Tiago e Ellen também foi uma fase de pais ocupados, debili-
dades físicas, frustrações, insegurança e medo, mas com o apoio de um lar cristão e
experiência individual com Jesus eles adquiriram resiliência e venceram, tornando-se
úteis a sociedade e no serviço do Senhor.

Tiago White
• Tiago nasceu no dia 4 de agosto de 1821, em Palmyra, uma pequena cidade
no centro do estado do Maine.

• Filho de John e Betsey White.

• Nascido em uma família de nove filhos, Tiago era o do meio.

• O fervor religioso dos pais de James afetou profundamente seus filhos, e


dois dos irmãos mais velhos de Tiago tornaram-se ministros, um metodista
e o outro batista; Tiago começou seu ministério na igreja Conexão Cristã e
mais tarde se tornou um ministro adventista do sétimo dia.

• A infância de Tiago foi marcada por dificuldades de saúde.

• Era uma criança frágil, e foi diagnosticado com verminose (worm fever)
quando tinha menos de três anos de idade.

SERMÃO 2 | 13
• A febre afetou seus olhos e quase destruiu sua visão, deixando-o vesgo,
fraco e parcialmente cego.

• Essas desvantagens f ísicas o impediram de continuar estudando pelo


menos por um tempo, e foi trabalhar na agricultura.

• Após anos de trabalho duro, ele fortaleceu sua saúde geral, aos dezesseis anos
seus olhos melhoraram, e pela primeira vez, ele podia ler com liberdade.

• Durante aqueles dias de trabalho árduo, Tiago entregou sua vida a Jesus.

• Quando criança, ele frequentava a escola dominical regularmente e assi-


duamente memorizava grande parte das Escrituras.

• Com treze anos, experimentou uma conversão em uma “doce manhã” no


bosque. Sentindo-se “pressionado pelo peso” de seus pecados, reconhecendo
sua condição de pecador, desamparado e miserável, clamou por perdão e aceita-
ção, encontrando conforto em Jesus. O adolescente Tiago, então declarou anos
mais tarde que naquela experiência, “A paz fluiu gradualmente em meu coração”
(James White, “That Sweet Morning,” Youth’s Instructor, Fevereito 1854, p. 13).

• Aos quinze anos foi batizado na igreja Conexão Cristã (James White, Life
Incidents, p. 15).

• Quando tinha 19 anos, com a saúde restaurada, retornou à escola.

Ellen Harmon
• Ellen nasceu no dia 26 de novembro de 1827, em Gorham, uma pequena
cidade no Maine, mas passou sua infância e juventude em Portland, a maior
cidade do Maine, localizada no litoral sul do estado.

• Ela e sua irmã gêmea, Elizabeth (“Lizzie”) eram as filhas mais novas de Robert
F. Harmon (1786–1866), fazendeiro e fabricante de chapéus, e Eunice Gould
Harmon (1787–1863), dona de casa, que já tinha quatro filhas e dois filhos.

• Os pais de Ellen eram membros dedicados e ativos da Igreja Metodista


Episcopal, e portanto, as crianças Harmon foram criadas em um ambiente
cristão dedicado e preparadas para uma vida diligente de disciplina, com “tem-
pos de vez em quando para diversão”, mas nenhum lugar para ociosidade ou
14 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
desobediência “que não foi tomado em mãos imediatamente” (Manuscrito 82,
1901, 5; citado em Arthur L. White, Ellen G. White, vol. 1, p. 21).

• Quando Ellen tinha cerca de nove anos ela sofreu um acidente que afetou
toda a sua vida. Uma colega de classe “zangada” atirou uma pedra que a atingiu,
quebrando seu nariz e nocauteando-a. Ela acordou pouco depois, coberta de
sangue, muito fraca e incapaz de andar, foi carregada para sua casa.

• Durante algumas semanas ela não se lembrava de nada, portanto não fazia ideia
da causa de sua fraqueza. Pela gravidade do choque, perda de sangue, respiração
inadequada e falta de atividade física, ela ficou reduzida a “quase um esqueleto”.

• O tumulto intensificou a realidade da morte e do destino eterno. “Fiquei


chocada”, diz Ellen, “com a mudança da minha aparência”, onde “todos os tra-
ços do meu rosto pareciam alterados”. A realidade era mais do que ela podia
suportar. Sua desgraça “era insuportável”, tirando o prazer de viver. Por outro
lado, ela temia a morte e se sentia despreparada para a eternidade. “Eu não
queria viver”, escreveu Ellen, “e não ousei morrer, pois não estava preparada”.
(Ellen G. White, Life Sketches Manuscript, p. 6).

• Em seu desespero, ela começou a orar pelo perdão dos pecados e prepara-
ção para a vida eterna, o que lhe trouxe “paz de espírito”.

• O primeiro encontro com o seu pai (que viajando estivera ausente durante
a primeira fase de seu infortúnio) após o acidente a deixou ainda mais devas-
tada, pois quando ele retornou não a reconheceu.

• Ela foi “forçada a aprender a amarga lição” de que a aparência pessoal fazia uma
grande “diferença nos sentimentos de muitos”. Seu orgulho foi “ferido” e ela sentiu
um fardo pesado em seu coração. (Ellen G. White, Life Sketches Manuscript, p. 6-7).

• Durante sua fase de pré-adolescência ela teve que conviver com uma saúde
bastante comprometida, deformação na aparência f ísica, perda de aceitação
social por parte de algumas amigas, e a mais forte de suas frustrações, aban-
donar os estudos.

• “Foi a mais forte luta de minha juventude, ceder à fraqueza e decidir que deve-
ria abandonar os estudos e renunciar a toda esperança de instruir-me” (Ellen G.
White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 13).

SERMÃO 2 | 15
• Esses infortúnios a levaram a perder a expectativa de uma vida normal.
No meio dessa frustração, ela, inconformada com sua “sorte”, “às vezes, mur-
murava contra a providência de Deus por assim afligir-me” (Ellen G. White,
Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 13).

• No leito da tristeza e dor, e com medo morrer e estar eternamente perdida,


ela se entregou a Jesus e encontrava conforto. Mas, os momentos de insegu-
rança retornavam, e ela conviveu com esses sentimentos negativos durante
parte de sua adolescência.

IV. CONCLUSÃO
Ouvir, procurar entender e mostrar disposição para abraçar e ajudar os juvenis e
adolescentes deve ser um alvo de todos nós cristãos.
Educar filhos sempre foi um desafio, e nestes últimos dias o quadro não é ame-
nizado.
Paulo declarou que “nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis, [...] [filhos]
desobedientes aos pais, [...] sem amor pela família” (1 Timóteo 3:1-3).
Os pais devem clamar ardentemente a Deus por sabedoria, pois “A restauração e
reerguimento da humanidade começam no lar. A obra dos pais é a base de toda outra
obra. A sociedade compõe-se de famílias, e é o que a façam os chefes de família. [...]
A felicidade da sociedade, o êxito da igreja e a prosperidade da nação dependem das
influências domésticas. (Ellen G. White, Ciência do Bom Viver, 349).
Talvez você não tenha as melhores memórias de sua infância, mas o Senhor
quer refazer a sua vida, e quer te preparar para que, ao você formar o seu lar, seja um
pedaço do céu na terra.
O desafio é imenso, mas lembre-se, Jesus prometeu aliviar o cansado (Mateus
11:28-30), conceder misericórdia e graça na necessidade (Hebreus 4:16), e conceder
sabedoria a quem humildemente e confiantemente pede (Tiago 1:5-8).
Sem Jesus nada podemos, mas com Ele tudo é possível (João 15), portanto, nos
firmemos em Sua promessa.

16 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


SE R M ÃO 3 | 0 1 D E M A R Ç O 202 3

“Doce como o mel”


APOCALIPSE 10:9,10

I - INTRODUÇÃO
Apocalipse 22:20
3
O apóstolo João conclui o livro de Apocalipse com as palavras de Jesus,
“Certamente, venho sem demora.” E João exclama: “Amém! Vem Senhor Jesus.”
E encerra o livro abençoando a povo, “A graça do Senhor Jesus seja com todos”
(Apocalipse 22:21).
Esta é a oração dos cristãos durante todas as épocas.

II. A SEGUNDA VINDA DE JESUS NA ESCRITURA


• A segunda vinda de Jesus e uma doutrina cardeal, isto é, fundamental, da
Escritura.

• No Antigo Testamento, o “dia do Senhor”, é um dia de alegria para aqueles


que amam a Sua vinda (Isaias 35:4).

• O próprio Jesus predisse o Seu retorno (Lucas 21:27; João 14:1-4).

• Essa promessa foi confirmada pelos anjos quando Cristo ascendeu ao Céu
(Atos 1:11), trazendo conforto aos discípulos, e é repetida cerca de 300 vezes
no Novo Testamento.

• Paulo define o evento do Segundo Advento de Cristo “aos que O aguar-


dam para a salvação” (Hebreus 9:28), como a “bem-aventurada esperança”
(Tito 2:13).

• A esperança na vinda de Jesus “permaneceu viva na igreja primitiva,” e embora


alguns começaram a abandonar a crença ou questionar a certeza do evento, os
apóstolos “lutaram contra essas tendências” e procuraram animar aos crentes
com a certeza e esperança do retorno de Jesus. (Tratado de Teologia, p. 988)

SERMãO 3 | 17
III. A SEGUNDA VINDA DE JESUS NA HISTÓRIA
• “Pouco depois da morte de Constantino, ‘desenvolveu-se a ideia de que a
Terra, em seu estado atual’, era “o território do reino profetizado; que a pre-
sente dispensação’ era ‘o tempo de sua realização; e que o estabelecimento da
igreja terrena por mãos humanas’ era ‘o modo do cumprimento. Foi assim que
passou a se afirmar que a regra hierárquica da igreja era, de fato, o predito
reino de Cristo sobre a Terra” (LeRoy Froom, Prophetic Faith of Our Fathers,
vol. l, p. 373; citado em Tratado de Teologia, p. 1012).

• Durante toda a Idade Média, o esquema de que predominava entre a maioria


dos teólogos cristãos era o pensamento de Agostinho (354-430), que pregava
uma visão eclesiológica no qual o Reino Milenial de Cristo teve seu início no
estabelecimento de sua Igreja na Primeira Vinda. Esse ensinamento não bíblico
desviou o foco da doutrina correta do advento, colocando “a expectativa escato-
lógica [...] à vitória da igreja sobre o mundo” (Tratado de Teologia, p. 1012).

• Na época da Reforma Protestante houve um despertamento na esperança


da segunda vinda, mas com o passar do tempo o formalismo, secularismo,
materialismo, racionalismo, evolucionismo, entre outras teorias foram
minando a ênfase na pregação da mensagem bíblica do retorno de Jesus.

• O pós-milenismo foi popularizado no mundo evangélico na América do


Norte. Esta teoria advogava a vinda de Jesus após o milênio, isto é, a igreja cristã
converteria o mundo e implementaria o milênio (não necessariamente um
período exato de mil anos), “uma era de paz, justiça e bondade que precederia a
volta de Cristo” (Winthrop S. Hudson, Religion in America [1965], p. 198).

• Essa mensagem também não é bíblica, pois a Bíblia afirma que só após
a vinda de Jesus, o milênio inicia (Apocalipse 19, 20).
IV. O MOVIMENTO MILLERITA
• O movimento millerita surge em um momento de despertamento reli-
gioso e um avivamento na mensagem do advento de Cristo.

• Houve um novo interesse em profecias bíblicas induzido por grandes


eventos no século 18 na Europa:

• Terremoto de Lisboa (1755)


• Revolução Francesa (1789–1799) e prisão do Papa Pio VI (1798)
18 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
• Indícios em Apocalipse 10 indicam o levantar de um movimento profético baseado
em entendimento de profecias do livro de Daniel sendo entendidas (“livro aberto”).

• Alguns indicadores apontam para a relação entre Apocalipse 10 e Daniel 8


e 12, e evidências apontam para o cumprimento dessa visão para o período
do século 19, quando pessoas de diferentes continentes estavam estudando
e começando a entender partes “seladas” do livro de Daniel.

• Entre 1800–1844, mais de 65 expositores de 4 continentes, entendiam que


a profecia dos 2300 dias/anos de Daniel 8:14 iria ter seu cumprimento entre
1843 e 1847. Mas eles diferiam no que seria a conclusão do período profé-
tico (LeRoy E. Froom, Prophetic Faith of Our Fathers, vol. 4, p. 403-406)

DANIEL APOCALIPSE
Parte do livro foi selado até
o fim do tempo

8:26 – “a visão da tarde e da manhã


[8:14], que foi dita e verdadeira; tu
“livrinho aberto” (10:2)
porém, preserva a visão, porque se
refere a dias ainda mui distantes”

12:4 – “sela o livro”


12:9 – “seladas ate o fim do tempo”

10:6 – “e jurou por aquele que vive


12:7 – “e jurou, por aquele que vive
pelos séculos dos séculos, o mesmo que
eternamente, que isso seria depois
criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto
de um tempo, dois tempos e metade
neles existe: Já não haverá demora”
de um tempo” [tempo profético]
[cumprimento do tempo profético]

• É interessante notar que após o pequeno livro ser aberto, o livro de


Daniel e destaque no Apocalipse de uma forma que não era antes do
capítulo 10 de Apocalipse (Bíblia de Estudos Andrews, p. 1672)

• Guilherme Miller, um fazendeiro na cidade de Low Hampton, estado de


New York, após um período adepto do deísmo1, retorna ao cristianismo dis-
posto a estudar a Bíblia versículo por versículo.
SERMÃO 3 | 19
• Entre 1816 e 1818 seus estudos no livro de Daniel, especialmente 8:14 o
levaram as seguintes conclusões.

• 1. O pre-milenismo era correto (Jesus retorna antes do início do milênio)


• 2. Jesus vira outra vez pessoalmente, com seus anjos
• 4. A Terra (a qual ele entendia ser o santuário) será destruída/purificada
com fogo
• 5. Concordou com o princípio “dia-ano” das profecias de Daniel
• 2300 tardes/manhãs = 2300 anos
• 6. A profecia tinha início com o decreto de Artaxerxes, no sétimo ano
de seu reinado, em 457 a.C.
• Daniel 9:24-27; Esdras 7:7, 11-28
• 7. Jesus voltará “antes ou durante” o ano judaico de 1843.

• Entre 1819-1823, reexaminou suas conclusões e continuou a olhar objeções.

• Nos próximos anos, quase por uma década, 1823-1831, Miller entendendo
a proximidade do tempo, clamou a Deus para que enviasse pregadores, pois
ele não se sentia apto para pregar.

• Em 1831, diante do silêncio de Deus, fez um acordo: se alguém o convi-


dasse, ele iria pregar.

• Poucos minutos depois, seu sobrinho o convida para pregar no dia


seguinte sobre os temas proféticos que Miller estava estudando.
• Miller então inicia seu ministério de pregar sobre a volta de Jesus em 1831.

• Entre 1838-1840, vários pastores importantes (Josias Litch, Charles Fitch,


Josué Himes, etc) da região nordeste dos Estados Unidos uniram­- se a Mil-
ler na propagação da mensagem transformando o movimento de áreas
rurais e pequenas cidades, para as grandes cidades e grandes auditórios.

• Desde 1831 até 1844, Miller pregou mais de 4.500 sermões em público,
para cerca de 500.000 pessoas, além de vários outros pregadores itinerantes
envolvidos com o Millerismo.

• Foram distribuídas mais de oito milhões de exemplares da literatura.


20 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
• É estimado que mais de 100.000 pessoas abraçaram a mensagem de que a
volta de Jesus aconteceria no final da profecia dos 2300 anos.
IV. TIAGO WHITE E ELLEN HARMON
Tiago White
• Quando tinha dezenove anos, ele voltou para a escola, mas não recebeu
muito incentivo de seus companheiros e teve dificuldades para acompanhar
o conteúdo.

• Foi aconselhado a abandonar a educação e se voltar para a agricultura.

• Sendo um homem determinado e perseverante, ele não seguiu esse conselho.

• Após doze semanas de árduo estudo, dezoito horas por dia, ele recebeu
um certificado que o qualificava para ensinar leitura, escrita e aritmética.

• Sua agenda lotada e a “imprudência” para compensar os anos perdidos afe-


taram sua saúde e o tornaram dispéptico.

• Para “compensar” a longa ausência da escola, o excesso no estudo o afastou


do estudo da Bíblia e consequentemente de Jesus.

• Em uma visita aos seus pais, foi aconselhado a ir a uma reunião millerita, o
qual ele não tinha nenhuma simpatia. Mas atendendo o pedido da mãe, foi.

• Ficou entusiasmado com a precisão da profecia, e começa ter conflito na


mente quanto a continuar lecionando ou dedicar-se ao ministério da pregação.

• Começa a conciliar as duas atividades, mas após algumas evidências (pessoas


se convertendo, proteção diante de inimigos) do chamado para o ministério em
tempo integral, ele passa a visitar e pregar em diversas cidades sobre a volta de Jesus.

• Nos quatro meses de seu primeiro itinerário de pregação (inverno de 1842/43),


mais de mil pessoas abraçaram a mensagem da iminente vinda de Jesus.

• O extremo inverno e escassez de mantimento e dinheiro, não destruíram


sua empolgação e dedicação ao ministério.

• A denominação cristã da qual ele era membro o ordenou ao ministério em


1843.

SERMÃO 3 | 21
• Tiago White, Minha História no Contexto do Grande Movimento Adventista
(Adventist Pioneer Library, 2018), p. 10-102.

Ellen Harmon
• Guilherme Miller visitou Portland, Maine, em 1840 e apresentou suas
palestras sobre a segunda vinda de Jesus. As pessoas em Portland foram
receptivas às palestras de Miller e cerca de 200 pessoas se converteram.

• A família Harmon estava presente e entre os conversos, Ellen, com 12 anos.

• As provas apresentadas por Miller convenceram muitos da exatidão dos perí-


odos proféticos. A mensagem foi direta ao ponto: Jesus voltaria em 1843/1844.

• Ellen aceita a mensagem, mas em seus conflitos juvenis, ela começa a ter
sentimentos de que não merecia a compaixão e misericórdia de Deus.

• Sem coragem de dividir seus sentimentos com sua mãe ou qualquer outra
pessoa, ela passa a viver “na escuridão e no desespero”.

• Em seu desespero, ela passa longas horas em oração e lágrimas durante os


próximos meses.

• Em 1841, foi a um acampamento metodista, e a mensagem do livro de


Ester, quando o rei Assuero aceita a presença de Ester, foi apresentada pelo
pastor que aqueles em “dúvida e escravidão por timidez e medo do fracasso”
deveriam apenas confiar e “estender a mão da fé e tocar o cetro” da graça de
Deus. (Ellen G. White, Life Sketches Manuscript, 17).

• Ellen é batizada na igreja metodista por imersão em 1842 Ellen G. White,


Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 26-29).

• Começa a ter sentimentos de desencorajamento e falta de preparo ade-


quado para a volta de Jesus.

• Miller retorna em Portland em 1842, e Ellen é animada, mas sua falta de


confiança trazia tristeza.

• Ellen finalmente abre o coração a sua mãe que a aconselha ir conversar com
Levi Stockman, um fiel pastor metodista que também tinha abraçado a mensagem
22 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
millerita.

• Nessa conversa, em poucos minutos, ela compreendeu mais do amor de Deus


e Sua bondade do que em todos “sermões e exortações” ouvidos no passado.

• Ela luta com a timidez, mas criando coragem começa a orar em público e
dar testemunho quando aberta a oportunidade. Ela também passa a incenti-
var outros colegas adolescentes.

• Sua família é desligada da igreja metodista. Os metodistas naquela região


eram pós-milenistas (volta de Jesus após um milênio de paz), e os milleritas
pré-milenistas (o milênio acontece após a segunda volta de Jesus). (Ellen G.
White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 40-44).

• Ellen descreve esse período entre 1843 e 1844, “Esse foi o ano mais feliz
de minha vida. Meu coração transbordava de alegre expectativa” (Ellen G.
White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 54)

V. CONCLUSÃO
• “Doce como o mel” é a mensagem de esperança da volta de Jesus para os
que O aguardam.

• Como está a nossa confiança nesta mensagem?

• Estamos unidos no mesmo coro de João, quando exclamou: “Amém! Vem


Senhor Jesus!”?

• Que a graça de Deus nos sustente, anime, empolgue, e encha o nosso cora-
ção de alegria e esperança na volta de nosso Senhor Jesus Cristo.

Referência
1
“Sistema de pensamento que defende a religião natural e a existência de Deus com base na razão
humana e nas leis da natureza, em vez da revelação e dos ensinos de uma igreja” (Tratado de Teologia,
p. xxii). Os deístas pregam que Deus ou um Ser superior possivelmente esteve envolvido na criação da
Terra, mas a humanidade foi abandonada por Deus, e que ficou entregue a si mesma. Portanto, Deus
não mais se envolve nos processos da história, sendo ineficiente a oração, a Bíblia não é inspirada por
Deus, e a morte é o fim de todas as coisas.

SERMÃO 3 | 23
SE R M ÃO 4 | 0 5 D E A B R I L 202 3

“Um tesouro escondido num campo”


MATEUS 13:44

I. INTRODUÇÃO
Ler Mateus 13:44
Na antiguidade era comum as pessoas esconderem seus tesouros na terra para
evitar roubos.
Havia sempre a possibilidade de o dono do tesouro morrer, ou ser levado cativo,
ou de alguma maneira se distanciar do tesouro e nunca mais poder retornar. Quem
o descobrisse, portanto, seria o novo dono.
A parábola conta a história na qual um homem arrenda um terreno para o cul-
tivar, e, descobre um tesouro escondido.
Ele, então, sabendo do valor do tesouro, volta para casa, vende todos os seus
bens, com o intuito de levantar o valor para adquirir o campo com o tesouro.
Seus amigos e família, não sabendo o que ele sabia, o considera como um insen-
sato. Afinal, o terreno não parece ter o valor da empolgação que ele faz para com-
prar o mesmo.
“Essa parábola ilustra o valor do tesouro celestial e os esforços que devem ser fei-
tos para assegurá-lo. O descobridor do tesouro no campo estava disposto a privar-se
de tudo quanto possuía, disposto a empenhar-se em trabalho árduo para alcançar
as riquezas encobertas. Assim também o descobridor do tesouro celestial não terá
nenhum trabalho por demasiado grande, nem sacrifício algum por demasiado cus-
toso, para obter os tesouros da verdade.” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 47).
Na ilustração, Jesus demonstra que o campo que contém o tesouro, representa
as Escrituras, e, portanto, o tesouro, é a verdade do evangelho contida unicamente
na Palavra de Deus.

II. O GRANDE DESAPONTAMENTO


A princípio Miller tinha identificado o ano judaico como o cumprimento da profe-
cia dos 2300 anos, então de acordo com ele, o ano judaico iniciava em 21 de março de
1843 e encerrava em 21 de março de 1844. Outros estendiam o fim do ano judaico para
18 de abril de 1844, de acordo com um grupo de judeus conhecidos como “caraítas”1.
Porém, as datas passaram e Jesus não retornou.
24 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
Este período é conhecido como o primeiro desapontamento.
Samuel Snow, em agosto de 1844, apresenta um estudo apontando para o fato
da profecia falar de purificação do santuário, isto é, referencia ao dia da expiação do
calendário judaico.
Também aponta para outro detalhe, o início da profecia, de acordo com o
decreto, foi no outono (do hemisfério norte, portanto para nós na América do Sul,
corresponde ao período da primavera) de 457 a.C., e, portanto, o fechamento dos
2300 anos deveria ocorrer no outono de 1844.
Naquele ano, o dia da expiação (Yom Kippur), de acordo com o calendário
judaico dos caraítas (considerado o grupo mais fiel ao registro bíblico em relação a
datas) era no dia 22 de outubro.
• Nova empolgação entre os milleritas. Porém, a data também passou, e
Cristo não retornou.

• A tristeza foi muito profunda.

• Hiram Edson disse que chorou e se angustiou como se tivesse perdido


todos os amigos.
• Tiago White descrevendo o momento, disse, “O desapontamento foi
muito amargo [...] o amor de Jesus encheu cada alma, e brilhou em cada
face, e com um enorme desejo eles oraram, ‘Vem Senhor Jesus, e vem
depressa.’ Mas Ele não veio. E agora para voltarmos para os cuidados,
perplexidades e perigos desta vida, vendo as acusações dos descrentes
que agora riem de nós mais do que nunca, foi uma terrível tentação e um
teste de fé e paciência.” (Life Incidents, p. 182).
• Ellen White escreveu, “Nós precisávamos de muita paciência, por-
que as gozações eram muitas. Nós éramos frequentemente acusados
por causa do desapontamento. ‘Você não subiu ainda, quando você vai
subir?’” (Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 54)
• José Bates, que tinha pregado com tanto entusiasmo, ao sair de casa
alguns dias depois para comprar alimento, encontrou-se com um grupo
de jovens que zombaram e riram dele dizendo, “Pensei que você fosse subir
ontem”. Bates com muita tristeza pensou, “Se a terra pudesse ter aberto sua
boca e me engolido, seria uma delicadeza em comparação à angústia que
senti” (Citado em George Knight, Adventismo [CPB, 2015], p. 205).

• Ler Apocalipse 10:8-10 – amargo no ventre.

SERMãO 4 | 25
III. FRAGMENTAÇÃO DO MILLERISMO
Após algumas semanas, o millerismo se dividiu em alguns grupos.
Alguns abandonaram a fé no pré-milenismo e retornaram as suas antigas igrejas.
Um bom número de milleritas, denominados como “espiritualizadores”, passa-
ram a pregar que Jesus tinha retornado em outubro de 1844 de forma espiritual.
Portanto, eles diziam que já estavam no Céu. Desde que este ensino não é bíblico,
o grupo se alastrou em fanatismo, como perfeccionismo (se já estavam no céu de
forma espiritual não podiam mais pecar), não querer trabalhar, andar engatinhando
como as crianças, etc.
Os líderes principais uniram-se para combater os fanáticos espiritualizadores.
Porém, esses líderes também passaram a pregar que os cálculos estavam sujeitos a
erros, e passaram a marcar outras datas para o fim da profecia.
Porém, outro grupo, inicialmente o menor e constituído de pessoas que estavam
espalhados por vários estados americanos rejeitaram os 2 grupos mencionados acima:
• Grupo dos líderes milleritas – negava a validade da profecia e a data do
cumprimento em 1844.

• Os Espiritualizadores – tinham uma interpretação incorreta (espiritual;


não bíblica).

IV. UM TESOURO ESCONDIDO


Este pequeno grupo para tornar-se visível precisava responder duas perguntas:
• O que aconteceu em 22 de outubro de 1844?
• O que era o santuário que precisava ser purificado?
Para obter as respostas eles foram conduzidos ao estudo longo e sério da Bíblia.
Tinham como base de interpretação:
• A Bíblia é a única fonte de doutrina.
• A Bíblia é a Palavra de Deus.
• A Bíblia deve ser interpretada por ela mesma.
• Há uma harmonia na Bíblia de Gênesis ao Apocalipse.
• “Aceitando a autoridade normativa da Bíblia, os primeiros adventistas
começaram a desenvolver um sistema doutrinário baseado nos princí-
pios hermenêuticos da sola Scriptura (exclusividade das Escrituras) e
da tota Scriptura (totalidade das Escrituras).”2

26 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


Por volta de 1848 os Adventistas sabatistas estavam em acordo nestas doutrinas
distintivas (este foi o tema do nosso estudo em 2021):
• Segunda vinda de Cristo
• Santuário (conectado com o julgamento pré-advento)
• A Lei de Deus e o Sábado
• Imortalidade condicional
• Três mensagens angélicas
• Dom de profecia

Realizaram 23 reuniões entre abril de 1848 e dezembro de 1850 para estudar e


confirmar biblicamente as doutrinas que estavam compreendendo, e unir o grupo
que formou o embrião da IASD.
• 7 (1848); 6 (1849); 10 (1850)

Tiago White
• Após o desapontamento, embora abatido pela angústia e desapon-
tamento, Tiago não abandonou sua fé, mas mergulhou no estudo para
encontrar conforto e respostas bíblicas. Ele continuou pregando de forma
itinerante, e apesar das dificuldades não abandonou a confiança na Bíblia
e nas profecias.

• A princípio cria que Jesus voltaria em 1845, mas abandonou a crença, acei-
tando que a Bíblia não aprova marcação de tempo fixo para a volta de Jesus.
Livrou-se, portanto, de outro desapontamento, e passou a pregar veemen-
temente contra doutrinas não bíblicas, incluindo qualquer tentativa de fixar
um tempo/data para a Segunda Vinda.

• Uniu-se ao grupo que entendeu que o santuário da profecia de Daniel 8:14 era
o celestial, e aceitou o ministério de Cristo no lugar santíssimo desde 1844. Com-
preendeu também que se Jesus está no santíssimo, Ele está diante da arca que
contém a Lei de Deus, incluindo o mandamento do sábado como o sétimo dia.

• Tornou-se um líder no movimento adventista sabatista, que em 1860-1863


foi organizado como IASD.

SERMÃO 4 | 27
Ellen Harmon
Em dezembro de 1844, Ellen White (ainda Harmon) recebeu sua primeira visão.
• A visão não respondeu qual era o cumprimento da visão de Daniel 8:14,
mas foi importante para destacar a importância e validade da mensagem
profética que o movimento millerita tinha pregado; e se quisessem viver
eternamente com Jesus, tinham que trilhar o caminho com os olhos sempre
fixos em Cristo, autor e consumador da fé.

A segunda visão apontava as dificuldades que Ellen enfrentaria, mas a assegu-


rava que nunca estaria só nesta jornada; Deus não a abandonaria.
• Depois de alguma relutância, ela rendeu-se ao plano divino, e dedicou-se
ao ministério profético pelos próximos 70 anos de sua vida.

• Tiago e Ellen se casaram em 30 de agosto de 1846 (este é o tema do pró-


ximo mês).

• O casal formou uma dupla ministerial que trabalhou intensamente para


pregar a verdade presente, unir o grupo sabatista, organizar o grupo formal-
mente para uma missão mais eficiente, e ajudar no desenvolvimento saudá-
vel da IASD.

• O mais importante da vida de Tiago e Ellen é a forma como eles respeita-


vam a Palavra de Deus. Esta convicção os salvou de serem enganados com
teorias e doutrinas não bíblicas que apareciam. Desde o início do ministério
até a morte, eles defenderam e levantaram a Bíblia como a única regra de fé e
prática da vida do cristão.

• 1847 – “a Bíblia é a completa e perfeita revelação. É a nossa única regra de fé


e prática.” ([Tiago White], A Word to the “Little Flock,” 30 de maio de 1847, 13).

• 1863 – “Quando nós afirmamos aceitar a Bíblia e unicamente a Bíblia, nos


comprometemos a receber, de forma inequívoca e completa, tudo o que a
Bíblia ensina.” ([Tiago White], “Do We Discard the Bible by Endorsing he
Visions?”, Review and Herald, 13 de janeiro de 1863, 52).

• “Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de vossa fé


e prática. Por essa Palavra seremos julgados.” (Ellen White, A Sketch of the
Christian Experience and Views, 64 (1851); Primeiros Escritos, 78).

28 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


• “Devemos estudar para descobrir a melhor maneira de começar a reme-
moração das experiências desde o início de nosso trabalho, ocasião em que
nos separamos das igrejas e prosseguimos passo a passo na luz que Deus nos
concedia. Depois disso, assumimos a posição de que a Bíblia, e somente a
Bíblia, deveria ser o nosso guia; e jamais devemos afastar-nos dessa posição.”
(Ellen White, Carta 105, 1903; Outro Poder, 96.2).

V. CONCLUSÃO
Ler Apocalipse 10:11.
A história não termina com o desapontamento, mas aponta para uma nova mis-
são que engloba pregar uma mensagem eterna (Ap. 14:6) a todo o mundo.
A Bíblia contém o tesouro precioso da história da salvação, a história de Jesus Cristo.
Este é o evangelho eterno, Jesus, Sua salvação, e Seus ensinos que norteiam uma vida de
santificação, isto é, crescimento diário no conhecimento e na imitação de Cristo.
Como é confortante e animador entendermos que os pioneiros do movimento
sabatista encontraram as respostas para suas inquietações doutrinárias e das profe-
cias por intermédio de intenso estudo da Bíblia.
E nós? O que significa a Bíblia para nós?

Referências

1
O termo “caraítas” deriva do hebraico “Karaim”, o qual significa “seguidores da Escritura”.
2
“Prefácio à edição em língua portuguesa,” in Tratado de Teologia, xi.

SERMÃO 4 | 29
SE R M ÃO 5 | 0 3 D E M A I O 202 3

“Uma só carne”
GÊNESIS 2:24

I. INTRODUÇÃO
Ler Gênesis 2:21-24
O casamento foi instituído no Éden, e é uma instituição divina estabelecida por
Deus, e fez parte da criação a qual Deus declarou, “E viu Deus tudo quanto tinha
feito, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:31).
“O casamento, assim instituído por Deus, é um relacionamento monogâmico e
heterossexual entre um homem e uma mulher.” (Manual da IASD [2015], 159)

II. SIMBOLISMO DO CASAMENTO


Na Escritura o casamento serve de símbolo para a relação íntima entre Deus e
Seu povo (Jeremias 3; Ezequiel 16; Oséias 1-3).
A apostasia de Israel e chamada de adultério.
No Novo Testamento, o casamento e símbolo da relação entre Cristo e a igreja
(Efésios 5:22, 23).
A consumação de todas as coisas e chamada de “as bodas do Cordeiro”, quando
Cristo toma Sua “noiva”, a igreja, para estar com Ele (Apocalipse 19:7-9).
O simbolismo bíblico ensina, portanto, que o matrimônio deve ser “digno de
honra” (Hebreus 13:4). (Tratado de Teologia, 805).

III. PRINCÍPIOS DO CASAMENTO (TRATADO DE TEOLOGIA, 807-808)


1. O Princípio da Unidade
• Esta unidade necessita da presença de Deus como elo unificador.

• “Não e conquista ordinária duas pessoas se tornarem uma. Nada na terra


e tão delicado e tão facilmente influenciado como o coração humano.
Para dois instrumentos de corda produzirem uma harmonia melodiosa,
devem estar em sintonia um com o outro. É preciso haver constante
ajuste e regulagem. Mais importante ainda e manter dois corações huma-
nos, com milhares de cordas, em harmonia mútua!” (Citado em Tratado
de Teologia, 807)
30 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
• “A unidade no casamento é alcançada por mútuo respeito e amor. Ninguém é
superior”, conforme Efésios 5:21-28 (Manual da IASD [2015], 159).

2. O Princípio da Interdependência
• “Os cônjuges cristãos não devem esquecer o apoio f ísico e moral recebido
do círculo exterior de parentes e amigos; a Escritura ordena, porém, que
dependam de maneira mais profunda e permanente do estímulo e consolo
que compartilham entre si.” (Tratado de Teologia, 807)

3. O Princípio da Endogamia
• “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis” (2 Coríntios 6:14)

4. O Princípio da Monogamia
• 1 esposo + 1 esposa

5. O Princípio da Permanência
• “Instituído para ser uma união vitalícia”

6. O Princípio da Privacidade
• É intenção de Deus que o par casado funcione sem a interferência ate
mesmo de parentes bem-intencionados.

• Os cônjuges não devem compartilhar descuidadamente detalhes do rela-


cionamento conjugal com quem se acha fora desse círculo sagrado.

• Quando necessário conselho, requer extrema cautela, exigindo que se busque


o conselho preferencialmente de pessoas habilitadas, cuja profissionalidade evita
envolvimento emocional e oferece um equilíbrio de objetividade e interesse pessoal.

7. O Princípio da Exclusividade
• Marido e mulher pertencem exclusivamente um ao outro.

• “Uma só carne” (Gênesis 2:24)


• Jesus repetiu e confirmou o que Ele mesmo criou (Mateus 19:5, 6;
Marcos 10:6-9)
• Paulo pregou essa verdade (Efésios 5:31-33)
• Não mais duas pessoas independentes; mas, UMA família.
SERMãO 5 | 31
IV. CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN WHITE
Tiago White conheceu Ellen Harmon no início de 1845.
Ele era um jovem pregador, e tornou-se um companheiro de confiança e logo
se juntou à equipe que viajava com Ellen enquanto ela compartilhava suas visões.
Com o pensamento da uma iminente Segunda Vinda, Tiago e Ellen não pensa-
vam em casamento.
Rumores maliciosos e falsos foram levantados de que eles estavam viajando sós.
Isso não era verdade pois eles sempre viajavam em grupo, e sempre presente uma
irmã ou amigas de Ellen.
Enquanto trabalhavam juntos eles desenvolveram um respeito pelo trabalho um
do outro e uma afinidade amigável, e diante do risco de separação por causa das
mentiras que estavam sendo levantadas por alguns maliciosos, Tiago propôs casa-
mento. Ellen ficou surpresa com a proposta.
A neta do casal White, falando sobre esse momento, escreveu:
• “Ellen respeitava e admirava aquele rapaz, que era um cristão sincero. No
entanto, antes de concordar em se casar com ele, Ellen queria ter a certeza
de que a união era da vontade de Deus. [...] Para sua alegria, enquanto orava,
sentiu a impressão cada vez mais forte de que Deus queria que trabalhassem
juntos. A resposta não veio por meio de uma visão. O Espírito Santo lhe falou
silenciosamente ao coração, assim como fala com todos os filhos de Deus que
oram de maneira sincera, pedindo orientação na escolha do companheiro para
a vida” (Ella M. Robinson, Histórias de Minha Avó, 3a ed. (CPB [2015], 31-32)

Após os dois tomarem tempo orando, buscando a direção divina, Ellen aceitou a
proposta, e eles uniram-se em casamento no domingo, 30 de agosto de 1846.
Embora fossem jovens, eles já tinham basicamente resolvido as duas maiores
decisões de suas vidas:
1. Sua religião seria seguir a direção de Deus com base em uma leitura responsá-
vel da Bíblia e obediência a mesma
2. O que fariam pela vida, a missão de pregar o evangelho.

A escolha de um companheiro tinha que seguir os critérios básicos; alguém que


amasse o mesmo Mestre (Deus), e ajudasse no cumprimento de sua missão.
O início da vida em família foi com muitas dificuldades financeiras e de saúde:
• Durante os primeiros anos de relacionamento do casal White, fica evi-
dente que eles compartilhavam não apenas uma estreita associação em
crenças, ideias e missão, mas também uma forte afeição um pelo outro.

32 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


• Começaram sua vida de casados com escassez de recursos e saúde precária.
Assim que se casaram, no primeiro ano foram morar com os pais de Ellen.

• Como ambos tinham problemas de saúde, eles cuidavam um do outro.


Ellen era uma jovem de constituição f ísica frágil, e Tiago demonstrou ser um
esposo que muito a ajudou espiritualmente, socialmente, emocionalmente e
também fisicamente.

Vidas dedicadas ao crescimento e expansão da missão:


• Naqueles primeiros dias, o casal deu tudo o que tinha para o crescimento
da obra. Eles usavam “roupas pobres” e até sofreram “por falta de comida ade-
quada” a fim de ter os meios para investir na divulgação da mensagem adven-
tista sabática (Tiago White, Review and Herald, 23 de setembro de 1880, p. 216).

• Após o nascimento do primeiro filho, Henrique, em 26 de agosto de 1847, a


família Howland, de Topsham, Maine, gentilmente convidou a família White
para compartilhar sua residência em outubro de 1847. Isso foi uma grande ben-
ção, pois até aquele momento os pais de Ellen não eram guardadores do sábado,
então Tiago e Ellen não tinham outros para compartilhar o sábado juntos.

• À medida que a família crescia com o bebê recém-nascido, Tiago se sentiu


compelido a trabalhar ainda mais para conseguir os meios de sustento pró-
prio e recursos para atender as necessidades da igreja que estava dando os
primeiros passos.

• Trabalho duro e economia rigorosa foram as soluções.

• Para ganhar dinheiro suficiente para participar de sua primeira reunião


com os poucos sabatistas espalhados, no final de abril de 1848, Tiago dei-
xou um trabalho na ferrovia e foi para “a floresta cortar lenha”. Problemas de
saúde adicionados ao excessivo esforço fez Tiago desenvolver reumatismo
nos pulsos e não conseguia dormir por várias noites por causa de dor. Mas
a necessidade era maior do que a dor, e Tiago teve que trabalhar todo o dia
para ganhar cerca de cinquenta centavos por dia. Orações eram feitas noite
após noite para aliviar a dor de Tiago e dar-lhe força suficiente.

• Neste mesmo período, Ellen lembrou que só podia comprar um litro de


leite por dia para ela e para o recém-nascido. Um dia, quando ela teve que

SERMÃO 5 | 33
lutar entre comprar “leite para três manhãs” ou roupas para Henrique, a
jovem mãe decidiu “comprar o pano para um avental para cobrir os braços
nus” de seu filho. O fardo era tão grande que Ellen às vezes era tentada a
perguntar se Deus os havia abandonado.

• Em 28 de julho de 1849 nasce o segundo filho, Tiago Edson (mais conhe-


cido por Edson, já que seu pai tinha o mesmo primeiro nome).

• Em 1852, a família mudou para Rochester, New York, uma cidade mais cen-
tral e mais bem desenvolvida para ser o centro da propagação do adventismo.

• Lá nasceu o terceiro filho, Guilherme White, em 29 de agosto de 1854.


• Em Rochester, eles alugaram uma casa velha por US$ 175 por ano.
• Acomodava, além da família White (marido, mulher e três filhos), os fun-
cionários ligados à editora, que dava um total de quinze a vinte pessoas.
• A casa dos White tornou-se também a redação, a gráfica e a encaderna-
ção, abrigando a imprensa e o escritório.
• Apesar de saúde precária e quase destituído de recursos, Tiago e Ellen
estavam satisfeitos com o progresso da obra adventista.

• Descrevendo essa experiência, Ellen White escreveu, “Haveríeis de rir se nos


vísseis e a nossa mobília. Compramos duas velhas armações de cama por vinte e
cinco centavos de dólar cada. Meu marido trouxe para casa seis cadeiras velhas,
dentre as quais não se acham duas iguais, pagando pelas mesmas um dólar. Logo
presenteou-me com mais quatro cadeiras velhas sem assento, que lhe custaram
sessenta e dois centavos de dólar. A armação era forte e fiz para elas assentos de
lona. Manteiga é coisa tão cara que não a compramos, tampouco podemos nos
abastecer de batatas. Usamos molho em lugar de manteiga, e nabos em vez de
batatas. Nossas primeiras refeições foram tomadas numa tábua colocada sobre
duas barricas vazias, de farinha. Estamos dispostos a suportar privações para
que a obra de Deus possa avançar. Cremos que a mão do Senhor esteve sobre
nós ao virmos para este lugar. Há um vasto campo para o trabalho, e os obreiros
são poucos.” (Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 90).

• Em 1855, a família mudou para Battle Creek, Michigan, e lá com o apoio


de outros sabatistas, eles puderam construir a primeira casa própria deles, e
se estabelecer melhor.

34 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


• Em Battle Creek, nasceu o quarto e último filho do casal, John Herbert,
em setembro de 1860.
Golpe duro: morte de dois dos quatro filhos.
• No início da década de 1860, os White sofreram a perda de dois de seus
filhos: John Herbert, em dezembro de 1860, aos três meses de idade, e Hen-
rique, em 1863, aos dezesseis anos.

• O pequeno Herbert que nasceu em setembro de 1860, morreu em dezem-


bro do mesmo ano. Com a perda da pequena criança, os pais sofreram bas-
tante, e o “lar parecia vazio” (Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 246).

• Em 1863, perderam o primogênito, Henrique.

• “Mas, oh, quando nosso nobre Henrique morreu, com dezesseis anos de
idade; quando nosso doce cantor desceu ao túmulo, e não mais ouvimos
seus cânticos matutinos, nosso lar ficou vazio. Meu marido, eu e meus dois
filhos restantes, sentimos de modo muito agudo o golpe. Mas Deus con-
fortou-nos em nosso luto, e com fé e ânimo retomamos a obra que Ele nos
havia dado, com a esperança de reencontrar nossos filhos, então tragados
pela morte, em um mundo onde a doença e a morte não existirão.” (Ellen
White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 103).1

Maior desafio do ministério do casal White – distância dos filhos:


• “O que mais me pesava era o sacrif ício a que fui chamada a fazer pela obra:
deixar meus filhos ao cuidado de outros.” (Ellen White, Testemunhos para a
Igreja, vol. 1, p. 101)

• “Voltamos para Middletown, onde havíamos deixado nosso filho durante


a viagem para o Oeste. Agora era-nos apresentado um doloroso dever. Pelo
bem das pessoas, sentimos que precisávamos sacrificar a convivência com
nosso pequeno Henrique, para poder entregar-nos sem reservas ao trabalho.
[...] Sozinha diante do Senhor, com os mais penosos sentimentos e muitas
lágrimas, fiz o sacrif ício e entreguei meu único filho, então com cerca de
um ano de idade, para que outra lhe manifestasse os sentimentos maternos
e agisse como sua mãe. Nós o deixamos com a família do irmão Howland,
em quem depositávamos extrema confiança. Eles estavam dispostos a assu-
mir essa responsabilidade, a fim de deixar-nos tão livres quanto possível para

SERMÃO 5 | 35
trabalhar na causa de Deus. Sabíamos que podiam cuidar melhor de Henri-
que do que nós poderíamos enquanto em viagem, e que era para seu bem-
-estar ter um lar permanente e uma boa disciplina. Foi-me penoso partir sem
meu filho. Seu rostinho triste no dia em que o deixei, estava dia e noite diante
de mim, contudo, na força do Senhor, consegui retirá-lo de minha mente
e procurar fazer o bem a outros. A família Howland cuidou de Henrique
durante cinco anos. (Ellen White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 86-87)

O casal White não teve uma vida isenta de dificuldades. Em 1865, Tiago White
sofreu um AVC e durante o resto de sua vida até 1881, ele sofreu outros (vamos
falar sobre isto em outro momento). O casal também teve problemas matrimoniais
que são comuns em todos os casamentos.2 A felicidade e o sucesso de um casa-
mento não é a isenção de problemas, mas como o casal pela graça de Deus enfrenta
e supera as dificuldades.
Houve momentos de desânimo e sofrimento, mas à medida que passavam por
eles, tanto o relacionamento entre si quanto o vínculo com a obra e missão se for-
taleceram.
O relacionamento do casal White teve sucesso porque eles sempre se enco-
rajavam e passavam longos períodos em oração. Quando um James deprimido
disse: “Esposa, não adianta mais tentar lutar”, sua esposa estava lá para encora-
já-lo. Quando Ellen questionou o cuidado de Deus, Tiago estava lá para profe-
rir: “Silêncio, o Senhor não nos abandonou. Ele nos dá o suficiente para nossas
necessidades atuais.”
Embora sua fé tenha sido várias vezes “tentada ao máximo”, seu relacionamento
foi consolidado por sua união em propósito e missão e seu cuidado mútuo, comuni-
cado em palavras encorajadoras e expressões de esperança.

V. CONCLUSÃO
Tiago e Ellen eram seres humanos normais, de carne e osso, e, portanto, carre-
gavam limitações, fraquezas, e as dificuldades que nós também temos. Se Deus os
ajudou, Ele também está muito disposto e pronto a nos ajudar, no nosso relaciona-
mento conjugal.
Jesus prometeu: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.”
(João 10:10). Isso inclui felicidade em nosso matrimônio e vida pessoal.
Gostaria você de mais uma vez entregar seu lar, seu casamento, sua família, a
Jesus?
Confie! Ele te ama, quer te ver feliz, quer te abençoar.
“Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto
36 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a gló-
ria, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!”
(Efésios 3:20, 21).

Referências

1
 ara uma relevante e detalhada descrição da breve vida e morte de Henrique, veja Adelia P. Patten,
P
“Brief Narrative of the Life, Experience, and Last Sickness of Henry N. White,” online https://m.
egwwritings.org/en/book/1280.45#45

2
 ara mais detalhes sobre alguns desafios que o casal White enfrentou no relacionamento matrimo-
P
nial, veja o apêndice E, “O relacionamento entre Tiago e Ellen White,” em Ellen G. White, Filhas de
Deus (CPB), p. 210-222. Para uma análise psicológica abordando alguns momentos dos desafios que
o casal enfrentou, veja Demóstenes Neves da Silva e Gerson Rodrigues, “O Casamento de Tiago e
Ellen G. White: Significados Construídos pelo Casal,” em Ellen G. White: Seu Impacto Hoje (UNAS-
PRESS, 2017), p. 69-118.

SERMÃO 5 | 37
SE R M ÃO 6 | 07 D E J U N H O 202 3

“Cristo morreu por nós,


sendo nós ainda pecadores”
ROMANOS 5:8

I. INTRODUÇÃO
Provavelmente a epístola aos Romanos foi escrita durante a terceira viagem mis-
sionária (Atos 20:1-3), enquanto Paulo esteve três meses em Corinto, por volta do
inverno de 57/58 d.C.
Martinho Lutero, um monge que não encontrava paz por sentir-se um grande
pecador, encontrou nas palavras inspiradas de Paulo, paz e salvação. Para Lutero,
a epístola aos Romanos era “o mais puro Evangelho”, e o cristão deveria “ocupar-se
com ela diariamente, como se fosse o pão diário da alma”, e mesmo fazendo isto seria
impossível ler ou meditar o suficiente que esgotasse as ricas verdades ali apresentadas.
(Prefácio à Carta de São Paulo aos Romanos de Martinho Lutero [https://www.ccel.
org/l/luther/romans/pref_romans.html]).
John Wesley (1703-1791), o fundador do metodismo na Inglaterra, também
encontrou a alegria da salvação por intermédio dessa carta. Após um período
como missionário nos Estados Unidos, sentindo-se vazio espiritualmente, ao
voltar para Londres, em 1738, Wesley teve sua própria experiência religiosa.
• “Em uma reunião da Sociedade Morávia de Londres, foi lida uma declara-
ção de Lutero, descrevendo a mudança que o Espírito de Deus opera no cora-
ção do crente. Ao ouvi-la, acendeu-se a fé na alma de Wesley. ‘Senti o coração
aquecido de maneira estranha’, disse ele. ‘Senti que confiava em Cristo, Cristo
somente, para a salvação; e foi-me concedida certeza de que Ele tirara meus
pecados, sim, os meus, e me salvara da lei do pecado e da morte.’ (Vida de
João Wesley, de Whitehead, pág. 52)” (Ellen White, Grande Conflito, p. 255).

II. A GRAÇA SALVADORA DE CRISTO


“O tema da epístola é a pecaminosidade universal do ser humano e a graça sal-
vadora de Deus em prover um meio pelo qual os pecadores não só podem ser per-
doados, mas também restaurados à perfeição e à santidade. Esse ‘caminho’ é a fé em
Jesus Cristo, o Filho de Deus, que morreu, ressuscitou e vive para sempre para nos
reconciliar e restaurar”. (Comentário Bíblico Adventista, vol. 6, p. 509-510).
38 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
• Todos, tanto judeus como gentios, pecaram e permanecem aquém do glo-
rioso ideal de Deus (Romanos 3:23).

• Não há desculpa para isso, pois ambos os grupos receberam alguma


revelação da vontade divina (Romanos 1:20).
• Portanto, é justo que todos estejam sob condenação.

• Todos os pecadores são incapazes de se livrar dessa situação, pois, em sua


condição caída, é totalmente impossível a eles obedecer à vontade de Deus
(Romanos 8:7).

• Tentativas legalistas de obedecer à lei divina estão fadadas ao fracasso, e


podem ser evidência de uma recusa arrogante e hipócrita de se reconhe-
cer a fraqueza humana e a necessidade de um Salvador.

• Somente o próprio Deus pode fornecer um remédio, e isso Ele fez pelo
sacrif ício de Seu Filho. Tudo o que se exige do ser humano caído e que
exerça fé, tanto para aceitar as provisões constituídas para cobrir seu passado
pecaminoso como para aceitar o poder oferecido para leva-lo a uma vida de
retidão. (Comentário Bíblico Adventista, vol. 6, p. 510)

III. A VISÃO DO GRANDE CONFLITO


A Bíblia apresenta o panorama de uma guerra cósmica, um grande conflito
entre Deus e Satanás (Apocalipse 12).
Nesse conflito é claramente exposto o caráter perverso de Satanás e o caráter
puro, perfeito, e amoroso de Jesus.
Ellen White teve algumas visões sobre esse conflito, e esse foi um dos principais
temas dos seus escritos proféticos. (George R. Knight, “Principais Temas dos Escritos de
Ellen White” [http://centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-sobre-ellen-g-white/prin-
cipais-temas-dos-escritos-de-ellen-white/]).
Tiago e Ellen White estavam em um funeral em Lovett’s Grove, Ohio, em 14 de
março de 1858, quando Ellen recebeu uma visão de duas horas em que “foi dada
uma mensagem mais ampla para a igreja em geral, [...] da amplidão cósmica da
longa guerra ‘entre Cristo e Seus anjos, e Satanás e seus anjos’”. (Roger W. Coon, The
Great Visions of Ellen G. White [1992], p. 67).
Essa visão era mais ampla e detalhada dos problemas e eventos (outra visão
menor sobre o assunto tinha sido dada 10 anos antes).
Pela primeira vez, a ordem foi dada para escrever tudo que ela tinha visto.
Ela foi advertida com a mensagem, “Foi-me mostrado que, ao passo que eu teria
SERMãO 6 | 39
de contender com os poderes das trevas, pois Satanás faria vigorosos esforços para
me impedir, devia não obstante pôr minha confiança em Deus, e os anjos não me
deixariam no conflito” (Ellen White, Spiritual Gifts, vol. 2, p. 270; em Mensagens
Escolhidas, vol. 3, p. 99).
• No retorno para casa, o casal White parou na casa do irmão Palmer.
“Estávamos apenas há pouco tempo nessa casa,” escreveu Ellen White,
“quando, enquanto eu conversava com a irmã Palmer, minha língua recu-
sou-se a emitir o que eu desejava dizer, e parecia grande e entorpecida.
Uma estranha sensação de frio me tomou o coração, passou-me pela
cabeça, e desceu-me pelo lado direito. Por algum tempo fiquei insensí-
vel, mas fui despertada pela voz de fervorosa oração. Procurei usar meus
membros esquerdos, porém estavam de todo inúteis. Durante algum
tempo achei que deixaria de viver”.

• Ela continua, “Por diversas semanas não pude sentir o aperto de mão,
nem a água mais fria despejada sobre a cabeça. Ao levantar-me para andar,
amiúde cambaleava e às vezes caía ao chão. Nesta condição comecei a
escrever o Grande Conflito. A princípio, eu não podia escrever senão uma
página por dia, descansando depois por três dias; mas, à medida que ia
avançando, minhas forças aumentavam [...] e antes de eu terminar aquele
trabalho [Spiritual Gifts, vol. 1 (1858)], o efeito do ataque me havia deixado
por completo. (Ellen White, Spiritual Gifts, vol. 2, p. 271-272; em Mensagens
Escolhidas, vol. 3, p. 99-100).

• Sobre este livro, Ellen White afirmou:

• “Estou mais ansiosa de ver ampla circulação deste que de qualquer


outro livro que eu tenha escrito; pois em O Grande Conflito, a última
mensagem de advertência ao mundo é dada mais distintamente que em
qualquer de meus outros livros.” (Ellen White, Carta 281, 1905; em O
Colportor Evangelista, p. 127).
• “Aprecio mais o livro O Grande Conflito do que prata ou ouro, e desejo
grandemente que seja apresentado ao povo.” (Ellen White, Carta 56, 1911;
em Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 123; O Colportor Evangelista, p. 128).

IV. TIAGO E ELLEN – UMA FAMÍLIA QUE AMAVA JESUS


Ao descrever sobre o grande conflito cósmico, ficava cada vez mais evidente
para o casal, a bondade e o amor de Deus pela raça caída.
40 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
“A realidade do amor de Deus é o ponto central da grande luta entre o bem e o mal
que é retratada pela Sra. White” (Knight, “Principais Temas dos Escritos de Ellen White”).
Após escrever o volume 1 do livro Spiritual Gifts (Dons Espirituais), fruto da visão
de 1858, Ellen recebeu outras visões e ampliou o conteúdo da série conhecida atual-
mente como Conflito dos Séculos, a qual foi escrita e ampliada em 3 períodos:
• Spiritual Gifts (SG) – 4 vols. (1858-1864)

• The Spirit of Prophecy (SP) – 4 vols. (1870-1884)

• Série O Conflito dos Séculos – 5 títulos (1890-1917)

• Patriarcas e Profetas (1890); Profetas e Reis (1917 [quando ela faleceu


em 1915, o livro estava incompleto, e foi completado com material que
ela tinha escrito antes); O Desejado de Todas as Nações (1898); Atos dos
Apóstolos (1911); O Grande Conflito (1888, 1911) – totalizando, em
inglês, mais de 3500 páginas, que cresceu daquele livro de 219 páginas da
visão de 1858 (Spiritual Gifts, volume 1).

• É interessante notar que as primeiras palavras do primeiro livro da série,


Patriarcas e Profetas, e as últimas palavras do livro que fecha a história,
Grande Conflito, são “Deus é amor.”

• “‘Deus é amor’ é a frase que fornece o contexto para sua narração da vasta histó-
ria do grande conflito.” (Knight, “Principais Temas dos Escritos de Ellen White”).

No livro mais traduzido de Ellen White, Caminho a Cristo, ela inicia com a
seguinte frase, “A Natureza e a Revelação dão testemunho do amor de Deus”.
Em 1888, quando na assembleia da Associação Geral, o assunto principal foi a
justificação pela fé, no qual é demonstrado o amor de Deus em justificar o pecador
arrependido, enquanto o assunto era novidade para muitos, Ellen escreveu sobre
ela e o esposo:
• “Meu marido entendia esse assunto da lei, e conversamos noite após noite
até que nenhum de nós conseguia dormir. [...] Ora, eu tenho apresentado
a você nos últimos quarenta e cinco anos – os incomparáveis ​​encantos de
Cristo. [...] Quando o irmão Waggoner apresentou essas ideias em Minne-
apolis, foi o primeiro ensinamento claro sobre esse assunto de quaisquer
lábios humanos que eu ouvi, exceto as conversas entre mim e meu marido”
(Ellen White, Manuscrito 5, 1889).

SERMÃO 6 | 41
• E para os presentes na assembleia (Tiago faleceu em 1881), ela disse: “Minha
preocupação durante a reunião era apresentar a Jesus e Seu amor perante meus
irmãos” (Ellen White, Manuscrito 24, 1888; Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 171).

Tiago White em defesa da fé adventista afirmou com convicção em 1880, “A


Igreja e o mundo, até onde conhecem nossos pontos de vista e trabalho como povo,
têm a impressão de que os adventistas do sétimo dia consideram a lei e os profetas
de maior importância do que Cristo. Essa falsa impressão foi feita por nossos opo-
nentes que pisam a lei de Deus [...] Nós não deixamos Cristo. Nenhum povo na
face da terra pensa mais em Cristo do que os adventistas do sétimo dia. [...] Cristo,
nosso adorável Redentor, aparece todo glorioso no Antigo Testamento, bem como
no Novo. Em nossos sermões orais e impressos ele deve ter destaque.” (Review and
Herald, 14 de outubro de 1880, p. 248).
Em 1873, Merritt Kellogg entregou uma gravura a Tiago White para distribuir
entre os adventistas. Tiago gostou, mas 3 anos mais tarde, ele fez algumas pequenas
modificações, e anunciou na Revista Adventista. Fazer qualquer mudança dessa natu-
reza, não era muito simples, e custava caro contratar um pintor que realizasse a obra.

https://adventistreview.org/magazine-article/the-way-of-life/

Porém, Tiago logo ficou incomodado, pois a Lei e a Cruz estavam tendo a mesma
ênfase na gravura. Ele, então, trabalhou para fazer outra modificação, e escreveu para sua
42 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
esposa o que tinha em mente, “Eu tenho um esboço ... da nova imagem, ‘Eis o Cordeiro
de Deus’. Isso difere do Way of Life nesses particulares: A árvore da lei é removida. Cristo
na cruz é ampliado, e colocado no centro.” (Tiago para Ellen, Carta, 31 de março de 1880).
Tiago não teve tempo de concretizar seu sonho, pois faleceu em agosto de 1881.
Porém, sua esposa, fielmente seguiu adiante, e conseguiu um artista que realizasse o
que Tiago tinha em mente. O resultado da nova gravura concluída em 1883 foi este:

https://adventistreview.org/magazine-article/the-way-of-life/

Tiago e Ellen foram os principais propagadores da centralidade de Jesus na men-


sagem bíblica pregada pelos adventistas do sétimo dia.
Já próximo de sua morte, Ellen White publicou um livro no qual ela catego-
ricamente afirma, “O sacrif ício de Cristo como expiação pelo pecado, é a grande
verdade em torno da qual se agrupam as outras. A fim de ser devidamente com-
preendida e apreciada, toda verdade da Palavra de Deus, de Gênesis a Apocalipse,
precisa ser estudada à luz que dimana da cruz do Calvário. Apresento perante vós
o grande, magno monumento de misericórdia e regeneração, salvação e redenção
— o Filho de Deus erguido na cruz. Isto tem de ser o fundamento de todo discurso
feito por nossos ministros”. (Obreiros Evangélicos, p. 315).

V. CONCLUSÃO
“O conhecimento da lei condenaria o pecador e esmagaria a esperança em
seu peito, se não visse a Jesus como seu substituto e fiador, pronto a perdoar-lhe
SERMÃO 6 | 43
a transgressão e o pecado”1 e “por meio da justiça de Cristo estaremos perdoados
diante de Deus, e como se nunca houvéssemos pecado.”2
“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós,
sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8)
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16). Qual
será a sua atitude diante de tão grande amor?

Referências

1
Ellen White, Review and Herald, 21 de agosto de 1888; Fundamentos da Educação Cristã, p. 135.
2
Ellen White, Manuscrito 1, 1892; Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 140.

44 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


SE R M ÃO 7 | 0 5 D E J U LH O 202 3

“Sobre esta pedra edificarei


a minha igreja”
MATEUS 16:18

I. INTRODUÇÃO
“Do princípio ao fim, a Bíblia manifesta interesse no propósito de Deus em criar
um povo para Si, um povo que Lhe corresponderia com fé e obediência e que seria
uma fonte de bênçãos para todos os povos. O chamado de Abraão, Isaque e Jacó
se destinava a formar esse povo (Gênesis 17:1-8; cf. 12:1-3; 15:1-6). (Tratado de
Teologia, 599).
Quando a nação israelita, eleita por Deus, afastou-se de Deus, Ele se voltou para a
criação de um remanescente (Isaías 37:31; Miquéias 2:12; 5:7, 8; Sofonias 3:13)

II. IGREJA NO NOVO TESTAMENTO


• A “igreja” veio à existência no Pentecostes, após a morte e ressurreição de Cristo.

• Jesus escolheu um remanescente, 12 discípulos, e os ensinou, treinou,


capacitou e enviou numa missão (Marcos 3:13-15). Eles foram chamados
com esse propósito: missão e serviço.
• Posteriormente enviou 70 (Lucas 10:1-12).

• Mateus 16:18 – “sobre esta pedra edificarei a Minha igreja”.

• Cristo é a pedra angular (Efésios 2:20-22; 1 Pedro 2:4-8)


• Cristo é o fundamento da família de Deus (1 Coríntios 3:11)
• O próprio Pedro entendeu claramente que a Pedra é Cristo (Atos 4:8-12;
1 Pedro 2:4-8)
• Jesus usa a mesma figura de linguagem em outro momento e refere-se a
pedra como a Ele mesmo (Mateus 21:42; Marcos 12:10-11; Lucas 20:17, 18)
• “Esta bem mais em conformidade com o ensino da Escritura entender
que a afirmação de Cristo significa que Ele como o Cristo, o Filho de

SERMãO 7 | 45
Deus, ou a confissão disso, seja o fundamento sobre o qual a igreja esta
edificada.” (Tratado de Teologia, 601).
Jesus “contava com o surgimento de uma comunidade de discípulos após Sua
partida. Ele direcionou Suas declarações e seus ensinos para a formação de uma
sociedade visível”. (Tratado de Teologia, 602).
É interessante notar que embora haja entre a igreja e o reino de Deus “uma rela-
ção inseparável, a igreja não e o reino”.
• “O reino e o governo de Deus. A igreja, em contraste, e a comu-
nidade humana que vive sob o governo de Deus. Criada em res-
posta ao chamado do evangelho do reino, a igreja da testemunho
do reino. O reino e a atividade redentora de Deus em Cristo no
mundo; a igreja e o agrupamento dos que foram chamados a sair do
mundo, que são redimidos e pertencem a Cristo. A igreja e a mani-
festação do reino ou reinado de Deus. Como órgão ou instrumento
desse reino, a igreja e chamada a confessar Jesus como Cristo e pro-
clamar o evangelho do reino ate os confins do mundo”. (Tratado de
Teologia, 603-604).

• A Bíblia relata que o povo de Deus passaria por dificuldades. Alguns se


levantariam e ensinariam doutrinas falsas, muitos apostatariam, outros
porém permaneceriam fiéis (Apocalipse 2 e 3).

• Apocalipse 12, registra Deus protegendo Sua igreja, e que no fim dos tem-
pos um remanescente seria erguido para defender e pregar a verdade com-
pleta (Apocalipse 12:17; cf. 10:11; 14:6-12).

III. ORGANIZAÇÃO DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA


Logo depois do desapontamento, alguns líderes milleritas, desde que eles
tinham sido desligados de igrejas organizadas, eram contra qualquer tipo de
organização.
Com o passar do tempo, eles foram entendendo que a igreja no período primi-
tivo viu a necessidade de algum tipo de organização (Tito 1:5-9; 1 Timóteo 3:1-15).
A Necessidade de uma organização dos adventistas sabatistas:
• Crescimento de membros e avanço da obra em outros lugares.

• Fanatismo crescente (necessidade de disciplina; alguns continuavam mar-


cando datas para a volta de Jesus).

46 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


• Falta de salário para pastores e obreiros. Os pastores tinham que trabalhar
arduamente em outras atividades (geralmente agricultura e mecânica) e fal-
tava-lhes tempo para fazer a obra.

• As propriedades da igreja não estavam asseguradas por uma organização legal.

• Estabelecimento de ordem e identificar aqueles que pregavam a mensa-


gem, pois havia alguns falsos pregadores que tentavam apropriar-se da boa
vontade dos irmãos para os roubarem.

“Nos anos que decorreram entre 1850-1861, foi adotado o plano de que, aos minis-
tros que tinham confirmado seu dom, dando evidentes indicações de serem aprovados
pelo Senhor, e estivessem em harmonia com a totalidade da obra, fosse concedido um
cartão que os recomendassem à comunhão com o povo de Deus em toda parte, sim-
plesmente declarando que haviam sido aprovados na obra do ministério evangélico.
Estes cartões foram datados e assinados por dois dos principais ministros [Tiago White
e José Bates], conhecidos entre nosso povo como líderes na obra”. (John Loughborough,
O Grande Movimento Adventista [Centro de Pesquisas Ellen G. White, 2013], 306).
Como resultado de muitos anos de oração, debates e bom senso, os sabatistas
definiram critéris para a organização na década de 1860:
• 1860 – Escolhido o nome “adventista do sétimo dia”

• 1861 – Organizada legalmente a Casa Publicadora Review and Herald.

• 1861 – Organizada a primeira associação local: Associação do Michigan, e


José Bates foi eleito o presidente.

• 17 igrejas locais organizadas.


• 1862 – Organizadas outras associações locais.

• 1863 – Organizada oficialmente a IASD, com a instituição da Associação


Geral, com sede em Battle Creek, Michigan.

• Primeiro presidente – John Byington.


• 3,500 membros; 6 associações locais; 22 ministros ordenados (+ 8 licen-
ciados); 125 igrejas.

• Entre 1901-1903 houve a necessidade de uma reorganização. Com o avanço


da obra sendo expandido para outros continentes houve a necessidade de

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aumentar o número de participantes nas decisões administrativas e delegar
responsabilidades locais, ao invés, de tudo ser resolvido pela Associação Geral.

• 1901 – 78,000 membros.


• 57 associações locais.
• 41 Missões Organizadas, localizadas nos principais lugares do mundo,
exceto China.
• Principais mudanças implementadas em 1901:
• (1) Organização de Uniões regionais.
• (2) Transferência de propriedade e administração de quase todas as
instituições para as organizações locais.
• (3) Criação de departamentos na Associação Geral.
• (4) Responsabilidade do trabalho da Igreja nas regiões para os admi-
nistradores locais.
• (5) Criação da uma Comissão representativa da Associação Geral.

• Mais uma vez o princípio foi o mesmo: fazer com que a igreja realize de
forma mais eficiente a obra do Senhor em pregar o evangelho eterno a todos
os habitantes do mundo.

IV. TIAGO E ELLEN WHITE – UMA FAMÍLIA QUE AMAVA A IGREJA


DE DEUS
O casal White viu desde o início a necessidade de ordem por intermédio
da organização da igreja. Tiago desgastou-se bastante tentando mostrar aos
sabatistas a importância desse passo para o avanço do adventismo. Ele foi o
grande líder. Em 1863 ele foi eleito presidente, mas ele recusou. Estava muito
cansado, e temeroso que críticos o acusassem de estar promovendo a organi-
zação para que ele a pudesse controlar. Essa nunca foi a intenção desse homem
de Deus. Com seu olhar visionário, ele entendeu que a organização faria a
obra mais eficiente na missão da pregação do evangelho. Por causa de sua
devoção a Deus e a causa, dedicação, visão, e habilidades administrativas, ele
foi eleito presidente da Associação Geral em outros momentos (1865–1867,
1869–1871, e 1874–1880).
Ellen White esteve ao lado do esposo e incentivou a necessidade da organi-
zação:
48 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
• “Aumentando o nosso número, tornou-se evidente que sem alguma
forma de organização, haveria grande confusão, e a obra não seria levada
avante com êxito. A organização era indispensável para prover a manu-
tenção do ministério, para levar a obra a novos campos, para proteger dos
membros indignos tanto as igrejas como os ministros, para a conservação
das propriedades da igreja, para a publicação da verdade pela imprensa, e
para muitos outros fins”. (Ellen White, Carta 32, 1892; Testemunhos para
Ministros, 26)

Apesar da IASD ser uma instituição que enfrente desafios e problemas, seja
“débil e defeituosa, precisando ser repreendida, advertida e aconselhada”, o casal
White nunca apoiou nenhum movimento dissidente, ou qualquer indivíduo que
quisesse fragmentar a igreja organizada ou acusar o povo de Deus de ser Babilônia
e estar em aberta apostasia.
Na década de 1870, Ellen White repreendeu alguém com tendências para inde-
pendência individual:
• “Você está constantemente inclinado à independência individual. Não
reconhece que independência é algo pobre quando o leva a ter excessiva
confiança em si mesmo e a confiar no próprio discernimento em vez de
respeitar o conselho e valorizar altamente o discernimento de seus irmãos,
especialmente daqueles nos escritórios, os quais Deus designou para a
salvação do Seu povo. Deus investiu Sua igreja com especial autoridade
e poder, por cuja desconsideração e desprezo ninguém se pode justificar,
pois aquele que assim procede despreza a voz de Deus”. (Testemunhos para
a Igreja, vol. 3, p. 417).

Também repreendeu outros que desprezavam o conselho dos líderes da igreja:


• “Cristo dá poder à voz da igreja. [...] Não há apoio para um homem levan-
tar-se por iniciativa própria e defender as ideias que bem entender, sem con-
siderar a posição da igreja. Deus concedeu o mais alto poder, abaixo do Céu,
à Sua igreja. É a voz de Deus em Seu povo unido na qualidade de igreja que
deve ser respeitada”. (Testemunhos para a Igreja, vol. 3, p. 450-451)

Na década de 1890, enquanto vivia na Austrália, surgiram alguns acusando


a IASD de ser Babilônia. Forma preparados panfletos com vários textos de Ellen
White como argumento para essas opiniões individuais. Todos foram severamente
reprendidos por Ellen White.

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• “O Senhor não vos deu uma mensagem para chamar os adventistas do
sétimo dia Babilônia, e chamar o povo de Deus a sair dela. … Sei que o
Senhor ama Sua igreja. Ela não deve ser desorganizada ou esfacelada em áto-
mos independentes. Não há nisto a mínima coerência; não existe a mínima
evidência de que tal coisa venha a se dar. Aqueles que derem ouvidos a essa
falsa mensagem e procurarem fermentar outros, serão enganados e prepa-
rados para receber mais avançados enganos, e virão a nada”. (Carta 16, 1893;
Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 63, 68-69).

• “Os que se põem a proclamar uma mensagem sob sua responsabilidade pes-
soal, e que, ao mesmo tempo que declaram ser ensinados e guiados por Deus,
constituem sua obra especial derribar aquilo que Deus durante anos tem estado
a erguer, não estão cumprindo a vontade de Deus. [...] não tenhais comunhão
com sua mensagem por muito que eles citem os Testemunhos e atrás deles
busquem entrincheirar-se. Não os recebais; pois Deus não os incumbiu dessa
obra. O resultado de semelhante obra será incredulidade nos Testemunhos, e
nos limites do possível, tornarão sem efeito a obra que por anos tenho estado a
fazer.” (Review and Herald, 12 de setembro de 1893; Testemunhos para Ministros
e Obreiros, 51).

• “Deus tem na Terra uma igreja que é Seu povo escolhido, que guarda os
Seus mandamentos. Ele está guiando, não ramificações transviadas, não um
aqui e outro ali, mas um povo”. (Testemunhos para Ministros e Obreiros, p. 61).

V. CONCLUSÃO
Vimos hoje que Deus instituiu uma igreja com o propósito de apresentar o plano
da salvação a todas as pessoas.
De acordo com o livro de Apocalipse, Deus tem um movimento que guarda
Seus mandamentos, e tem a fé de Jesus, isto é, aceita o sacrif ício de Jesus como nossa
única segurança e salvação.
O casal White dedicou a vida para erguer, desenvolver e expandir a obra de
Deus na terra por intermédio de Sua igreja visível. Tiago White tinha um grande
carinho pelas instituições adventistas, as quais ele fundou quase todas nos seus 35
anos de ministério na IASD:
• “Minha vida tem sido empregada em erigi-las. [...] Elas são como meus
filhos e não posso separar meus interesses dos delas. Essas instituições são ins-
trumentos do Senhor para realizarem um trabalho específico. [...] Eu desejaria
antes morrer do que viver para ver essas instituições mal administradas ou

50 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


desviadas do propósito para o qual foram criadas. [...] Se eu me esquecer dos
interesses dessa obra, que minha mão direita se esqueça de sua mobilidade”.
(Tiago White sendo citado em Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 106-107).

• “Não temos nenhuma mensagem de desânimo para a igreja. Se bem que


hajam sido feitas reprovações, advertências e correções, todavia a igreja tem
permanecido como instrumento de Deus para difundir a luz. O povo obser-
vador dos mandamentos, povo de Deus, tem feito soar uma advertência ao
mundo. ... A igreja de Deus é uma testemunha viva, contínuo testemunho,
para convencer os homens, uma vez aceita, para condená-los caso resistida
e rejeitada”. (Ellen White, Manuscrito 96, 1893; Nossa Alta Vocação, p. 352).

Deus nos chama para nos unirmos a este movimento com nossas habilidades,
tempo, recursos, orações e ações. Vamos ouvir o apelo de Deus?

SERMÃO 7 | 51
SE R M ÃO 8 | 02 D E AG O S TO 202 3

“Dar-te por escrito, [...] uma


exposição [...] das verdades”
LUCAS 1:3-4

I. INTRODUÇÃO
Leia Lucas 1:1-4
Lucas e Paulo são os dois contribuintes mais prolíficos do Novo Testamento, isto
é, os que mais contribuíram com a pregação da mensagem em forma escrita.
Lucas não foi um dos doze, mas esteve bem próximo de alguns deles, e escreveu seu
evangelho baseado em relatos de fontes primárias e pessoas que estiveram com Jesus.
“Lucas mostra Jesus em íntimo contato com as necessidades das pessoas, enfati-
zando o aspecto humano de Sua natureza, e O apresenta como o amigo da humani-
dade” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, p. 728).
• O que os apóstolos falaram foi muito importante para os que os ouviram,
mas o que eles escreveram, ou foi escrito sobre eles, chegou até nós. Este é o
diferencial da página escrita ou impressa; alcança além do que é apenas falado.

• Jó também desejou que suas palavras fossem gravadas ou escritas para que
perdurassem com o passar do tempo (Jó 19:23-27).

• “A palavra impressa compete com a falada no atrair a atenção das pessoas.


É menos comovente, mas é mais duradoura”. (História do Departamento de
Publicações [CPB, 1926?], p. 15).

II. A MENSAGEM ESCRITA NA IDADE MÉDIA


A história aponta Pedro Valdo (c. 1140 – c. 1205) e seus seguidores entre os
primeiros a distribuir de forma sistemática a mensagem escrita.
Valdo era um rico comerciante de Lion, França, que sentindo-se vazio espiritual-
mente, foi ler as Escrituras, e após encontrar luz e paz não se conteve e passou a expor
a outros o que ele tinha encontrado. Sem abandonar o sustento de sua família, Valdo
usou sua fortuna para ajudar os pobres e copiar versos da Bíblia, e distribuir nos lares.
Mais tarde, outros se uniram a ele, e além de explicar as Escrituras passaram a vender
porções da mesma escritas a mão. (Nicolas Chaij, O Colportor de Êxito, 2a ed. [CPB,
52 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
1972], p. 23; citado em Helio Carnassale, “O Papel das Publicações e dos Colporto-
res na Inserção do Adventismo no Brasil, dissertação de Mestrado, São Bernardo do
Campo, Universidade Metodista de SP, 2015, p. 32).
Alguns historiadores adventistas apontam para a experiência de Valdo e seus
seguidores, os valdenses, como o início da colportagem.

III. A MENSAGEM IMPRESSA E A REFORMA PROTESTANTE


Gutenberg, na metade do século XV, “desenvolveu um sistema mecânico de
tipos móveis que deu início à Revolução da Imprensa, e que é amplamente conside-
rado o invento mais importante do segundo milênio” (https://pt.wikipedia.org/wiki/
Johannes_Gutenberg).
O invento de Gutemberg gerou “uma impulsão natural para os esforços de
expansão e divulgação da Palavra de Deus e dos escritos produzidos. [...] A pro-
dução literária dos reformadores ganhou força através da tipografia e, por meio
da colportagem, obteve velocidade na sua distribuição.” (Carnassale, “O Papel das
Publicações”, p. 33).
• Monges e estudantes passaram a distribuir em diversas partes da Europa,
o material que os Reformadores escreviam.

• Lutero organizou grupos de estudantes para durante as férias escolares saí-


rem e venderem os materiais produzidos pelos Reforma Protestante.

• Alguns historiadores adventistas acreditam que essa experiência deu início ao


“plano de colportores estudantes” (Carnassale, “O Papel das Publicações”, p. 33).

Nos séculos XVIII e XIX houve um impulso no envio de missionários e aber-


tura sociedades bíblicas ocasionando uma vasta distribuição de Bíblias e material de
conteúdo cristão em diversas partes do mundo.

IV. MOVIMENTO MILLERITA E A PÁGINA IMPRESSA


Desde o início do movimento millerita nos Estados Unidos, as publicações
foram usadas como uma das principais ferramentas para a disseminação da men-
sagem do advento.
Esse método já era comum na América do Norte, e fazia com que a mensagem
chegasse a lugares onde nem sempre havia um pregador disponível.
Sob a liderança de Joshua Himes, os milleritas chegaram a ter cerca de 40 perió-
dicos no início dos anos de 1840 divulgando as profecias que apontavam para 1844
(Alberto R. Timm, O Santuário e as Três Mensagens Angélicas, 18-19).
SERMãO 8 | 53
É estimado que os milleritas produziram cerca de 4 milhões de peças de lite-
ratura num período de 4 anos (Nathan Hatch, The Democratization of American
Christianity [New Haven: Yale University Press, 1991], 142).

V. TIAGO E ELLEN: UMA FAMÍLIA QUE AMAVA A PÁGINA IMPRESSA


A página impressa teve um papel tão importante na expansão da mensagem adven-
tista quanto no crescimento do movimento, que pode ser afirmado que “essa igreja nasceu
num berço forrado de papel e tinta” (Carnassale, “O Papel das Publicações”, p. 15).
Com a mensagem impressa, o leitor tinha tempo para ler os artigos quantas
vezes fossem necessárias, comparar os argumentos apresentados com as Escrituras
e tomar uma decisão consciente a favor da verdade.
Alguns meses após o desapontamento de outubro de 1844, Joseph Bates, Tiago
e Ellen White começaram a publicar, de acordo com os recursos disponíveis, artigos
em periódicos milleritas, folhetos, panfletos e pequenos livros.
Geralmente eram feitas cerca de 250 cópias e distribuídas gratuitamente, con-
tando com os irmãos sabatistas para cobrir as despesas.
Aos olhos humanos, o futuro não parecia promissor. Mas, embora fossem “pou-
cos em número, destituídos de fortuna, sem sabedoria ou honras mundanas”, eles
tinham uma fé inabalável “em Deus”, que os fazia “fortes e bem-sucedidos” (Ellen
White, Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 534).
Uma das histórias mais significativas do movimento adventista sabatista é o iní-
cio do primeiro periódico regular da IASD, que é relatado a seguir:
• Enquanto os poucos sabatistas estavam reunidos em Dorchester, Massa-
chusetts, em novembro de 1848, Ellen White teve uma visão a qual apontava
para dever de eles publicarem a luz que resplandecia entre eles.

• Depois da visão, ela disse ao seu esposo, Tiago: “Tenho uma mensagem
para você. Você deve começar a publicar um pequeno jornal e envia-lo ao
povo. Que seja pequeno a princípio, mas, quando as pessoas o lerem, man-
darão recursos para imprimi-lo, e será um sucesso desde o início. A partir
desse pequeno começo, foi-me mostrado ser como torrentes de luz que cir-
cundam o mundo” (Ellen White, Vida e Ensinos [CPB, 2014], 95).

• Embora a mensagem fosse clara e uma resposta às orações (eles estavam deba-
tendo se era mais eficiente publicar livretos ou um periódico), os desafios eram
enormes. A profecia de que este humilde início iluminaria o mundo era “impres-
sionante para ser apresentada a um punhado de pioneiros dominados pela
pobreza” (C. Mervyn Maxwell, História do Adventismo [CPB, 1982], p. 101]).

54 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


• Escassez de recursos, saúde e tempo fez com que o plano fosse adiado. Tiago
envolvido com trabalho árduo para sustentar seu lar não via como fazer para
iniciar o empreendimento. Além disso ele via que periódicos em oposição
ao sábado eram publicados. Ele escreveu, “Por meses eu me senti sobrecarre-
gado com o dever de escrever e publicar a verdade presente para o rebanho
disperso; mas ate agora o caminho não esteve aberto para eu começar o tra-
balho” (Tiago White, Present Truth [A Verdade Presente], julho de 1849, p. 1).

• Em abril de 1849, a família de Albert Belden convidou Tiago e Ellen (que


estava grávida) para morar com eles em Rocky Hill, Connecticut.

• No verão (do hemisfério norte) daquele ano, seis meses após a visão de
novembro de 1848, Tiago estava convencido de que chegara o momento
de escrever o periódico, mas a falta de recursos o encheu de dúvida. Desa-
nimado, ele procurou “um campo de feno para trabalhar na colheita”. Mas,
quando Tiago se despediu de Ellen e saiu para trabalhar, Ellen relata:

• “Senti um grande peso me afligindo, e desmaiei. Fizeram-se orações por


mim, e Deus me abençoou, tomando-me em visão. Vi que o Senhor havia
abençoado e fortalecido meu esposo para trabalhar no campo um ano
antes. Vi que ele tinha empregado corretamente os recursos ganhos ali, e
teria cem vezes mais nesta vida e, se fosse fiel, uma recompensa preciosa
no reino de Deus. Vi que o Senhor não lhe daria agora forças para trabalhar
no campo, pois Ele lhe destinava outro trabalho e, caso se aventurasse a ir
ao campo, seria enfraquecido pela doença, pois o que devia fazer era escre-
ver, escrever, escrever e andar pela fé.” (Vida e Ensinos [CPB, 2014], 95)

Sob circunstâncias desfavoráveis e sem recursos financeiros, porém, com um senso


de dever para pregar e defender a verdade”, Tiago, com muita oração, iniciou a obra de
escrever o periódico, usando uma Bíblia de bolso, uma concordância condensada e um
velho dicionário. Assim, ele escreveu todo o conteúdo desse primeiro número, cujo
tema enfatizava a doutrina do sábado como uma “verdade presente” e “aplicável” aos
que vivem “diante do fim do tempo”. (Tiago White, Present Truth, Julho de 1849, p. 1).
Com o primeiro periódico pronto, mas sem dinheiro, Tiago foi procurar uma
gráfica que concordasse em imprimir a prazo as cópias do jornal.
Ao conseguir a gráfica, ele, que já tinha sobre os ombros a missão de escrever e
editar, tinha que caminhar cerca de treze quilômetros ate a gráfica, duas ou três vezes
cada semana. Para ele, aquele verão o mais difícil em termos de trabalho dentre todos os
outros. (Tiago White, carta para a família Collins, 8 de setembro de 1849, p. 1).
SERMÃO 8 | 55
Todo o sacrifício foi abençoado e gratificante, e em julho de 1849, Tiago trouxe para
casa 1000 exemplares do primeiro número de The Present Truth (A Verdade Presente).
“As preciosas páginas impressas foram trazidas para casa e postas no chão, e então
um pequeno grupo de interessados se reuniu ali. Ajoelhamos ao redor dos jornais e com
coração humilde e muitas lágrimas, suplicamos ao Senhor que derramasse Sua bênção
sobre aqueles mensageiros da verdade.” (Ellen White, Vida e Ensinos, 96).
Após dobrarem, embrulharem e endereçarem os jornais, Tiago os levou ao correio e
enviou gratuitamente este primeiro número para todos os que eles tinham “esperança de
que lessem”. (Tiago White, Review and Herald, 23 de julho de 1857, p. 93).
Pouco depois, alguns leitores começaram a enviar recursos e, em setembro de
1849, Tiago pôde quitar o pagamento dos quatro primeiros números, no valor de
$64,50 dólares (Tiago White, Present Truth, dezembro de 1849, p. 47).
• Essa experiência marca oficialmente o início do ministério de publicações
da IASD. Foram dados os primeiros passos para solidificar um ministério
mundial de pregação da mensagem por intermédio da página impressa.

Em pouco tempo, as cartas começaram a chegar anunciando que muitos esta-


vam conhecendo e aceitando a verdade das três mensagens angélicas (Ap. 14). Isso
resultou no crescimento numérico e saudável do movimento sabatista.
• Havia cerca de 100 adventistas sabatistas em 1849, ano do lançamento do
periódico.

• Em 1852, “centenas tinham abraçado a verdade presente”.

• Tiago calculava perto de 1000 adventistas guardadores do sábado nos Esta-


dos Unidos e Canadá, em 1852 (Review and Herald, 6 de maio de 1852, p. 5).

“A partir desse pequeno começo”, o ministério de publicações se tornaria “como


torrentes de luz que circundam o mundo”.
• Em novembro de 1850, Tiago muda o título do primeiro periódico
para Second Advent Review, and Sabbath Herald (Revista do Segundo
Advento e Arauto do Sabado) – conhecida popularmente de Review and
Herald.
• Em 1852, Tiago iniciou uma revista para adolescentes e jovens – The
Youth’s Instructor (O Instrutor da Juventude).
• Em 1861, Tiago organizou a casa publicadora Review and Herald., em
Battle Creek.
56 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
• Em 1866, iniciou a revista de saúde – Health Reformer (Reformador de Saúde)
• Em 1874, abriu a casa publicadora Pacific Press, na Califórnia.
• Em 1874, lançou a revista Signs of the Times (Sinais dos Tempos).
• Atualmente a IASD administra mais de 55 casas publicadoras ao redor do
mundo, publicando em diversas línguas e dialetos, em mais de 200 países.
(Seventh-day Adventist Church. 2021 Annual Statistical Report, p. 99-100).

• Deus cumpriu, e continua dando evidências deste cumprimento atualmente.

• A colportagem é responsável por introduzir a mensagem cristã adventista


em quase todos os países em que tem presença da IASD.

• Ellen White escreveu bastante sobre o ministério de publicações:

• Se há um trabalho mais importante do que outro, é o de colocar nossas


publicações perante o público, levando-o assim a examinar as Escrituras.
(Testemunhos para a Igreja, vol. 4, p. 390)
• O pregador vivo e o mensageiro silencioso são ambos necessários à con-
clusão da grande obra que esta perante nós. (O Colportor Evangelista, p. 8)

VI. CONCLUSÃO
Como podemos participar no ministério de publicações de forma mais ativa e
vibrante?
Lembre-se, esse ministério de entrega ou venda de literatura adventista estava
no coração dos pioneiros deste movimento, e a história mostra o quanto Deus o
usou para expandir a mensagem.

SERMÃO 8 | 57
SE R M ÃO 9 | 0 6 D E SE T E M B R O 202 3

“Oro para que você


tenha boa saúde”
3 JOÃO 2 (NVI)

I. INTRODUÇÃO
As Escrituras declaram que Deus esta interessado em nós, em nossa condição
f ísica e deseja que desfrutemos da saúde.
“Como resultado do pecado, a doença e a morte representam anomalias no Uni-
verso de Deus, anomalias que devem ser temporariamente enfrentadas, mas que
estão destinadas a ter um fim com o triunfo vindouro do reino de Cristo.” (Tratado
de Teologia, 833).
“Durante Seu ministério, Jesus dedicou mais tempo a curar os enfermos do
que a pregar. Seus milagres testificavam da veracidade de Suas palavras, de que
não veio a destruir, mas a salvar.” (Ellen White, Ciência do Bom Viver, 18).
• “O ministério de Jesus reflete uma cura mais ampla, que liberta as pes-
soas não só fisicamente, mas também do pecado e da culpa.” (Tratado de
Teologia, 846).

Os textos bíblicos que definem o ministério terrestre de Cristo apontam que,


para Jesus, Sua tarefa primordial era “proclamar as grandiosas notícias da nova e
singular intervenção divina nos assuntos humanos, trazendo libertação, perdão,
reconciliação, resgate e salvação, elementos inclusos, mas que vão além do alívio
f ísico”, isto é, “proclamar que Deus esta recebendo criaturas pecadoras e sofredoras
num abrangente ato de graça e amor.” (Tratado de Teologia, 849, 850)
• Isaías 61:1 – “O Espirito do SENHOR Deus esta sobre Mim, porque o
SENHOR Me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-Me a
curar os quebrantados de coração [...].

• Mateus 4:23 – “Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pre-
gando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre
o povo.”

58 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


II. SAÚDE NA BÍBLIA
A Bíblia apresenta saúde como plena integração, isto é, “a saúde vai além
do f ísico em todos os aspectos da vida, constituindo o harmonioso funciona-
mento da pessoa — corporal, emocional, espiritual e socialmente.” (Tratado de
Teologia, 838).
Isso não significa ausência total da doença, nem nega o resultado natural da
vida após o pecado, como a presença do envelhecimento normal que enfraquece
a resistência.

III. IASD E REFORMA DE SAÚDE1


O estilo de vida adventista foi recentemente notícia de destaque mundial:
• Gary E. Fraser, Diet, Life Expectancy, and Chronic Disease: Studies of Seventh-
-day Adventists and Other Vegetarians (Oxford University Press, 2003)

• National Geographic, Nov/2005, 2-27

• Eric Slywitch, Virei Vegetariano, E Agora? (Editora Alaúde, 2010)

• Apresenta alguns estudos sobre os benef ícios e resultados do estilo de


vida adventista (p. 18, 20, 21)

• Dan Buettner, The Blue Zones: 9 Lessons for Living Longer From the People
Who’ve Lived the Longest, 2nd ed. (National Geographic, 2012)

• “Rede CNN entrevista adventistas para série sobre longevidade”, Revista Adven-
tista online, 27 de fevereiro de 2015 [https://www.revistaadventista.com.br/da-reda-
cao/noticias/rede-cnn-entrevista-adventistas-para-serie-sobre-longevidade/]

José Bates, um dos cofundadores da IASD, era um reformador de saúde antes de


se tornar sabatista. Antes do Grande Desapontamento de 1844, ele já tinha abando-
nado bebidas alcoólicas, fumo, chá e café, carne e alimentos gordurosos.
No século XIX alguns movimentos de reforma de saúde fizeram um bom tra-
balho nos Estados Unidos, embora, uma minoria da população atentava para essa
questão, e muitos médicos desconheciam a origem das doenças e tratamentos, que
são comuns e eficientes atualmente.
Entre os líderes de movimentos de reforma de saúde, alguns eram conhecidos
dos adventistas e influenciaram os mesmos:
• Sylvester Graham (1794 –1851) era ministro presbiteriano

SERMãO 8 | 59
• 1829 – Desenvolveu a Dieta Graham, baseada em alimentos integrais,
frutas, vegetais, evitar carnes, chá, café, vinho, e fumo.
• Incentivava o vegetarianismo e uso de água.

• James C. Jackson é considerado como o primeiro promotor comercial de


alimentos saudáveis: fundou uma companhia de produção de alimentos
integrais, e uma bebida natural (“Somo”) que substituía o café e o chá.

“Numa época em que os cristãos em geral viam as doenças como uma punição
divina pelo pecado, os reformadores da saúde indicaram que as doenças geralmente
eram causadas pelo próprio homem. Eles haviam adotado o princípio racionalista
de causa e efeito.” (P. Gerard Damsteegt, “Health Reform and the Bible in Early
Sabbatarian Adventism,” Adventist Heritage, vol. 5, no. 2, (1978).
“Os adventistas do sétimo dia passaram a se interessar em saúde no fim dos anos
1850 e início dos anos 1860, em grande parte devido à influência de Ellen G. White”
(Tratado de Teologia, 864).
Principais visões que Ellen White recebeu contendo aspectos relacionados com
reforma de saúde (Herbert Douglass, Mensageira do Senhor [CPB, 2003], 280-285, 304):
• Visão de 1848 – apresentou os malef ícios do fumo, chá, e café.

• Visão de 1854 – importância da limpeza/higiene e controle de apetite.

• Visão de junho de 1863 – a mais completa de todas as visões (Mensagens


Escolhidas, vol. 3, p. 276-282)

• Dieta sem carne é a mais saudável; primeira referência clara contra o uso
de carne de porco para alimentação.

• Oito remédios da natureza: “Ar puro, luz solar, abstinência, repouso, exer-
cício, regime conveniente, uso de água e confiança no poder divino — eis os
verdadeiros remédios.” (Ellen White, Ciência do Bom Viver, 127)

• Visão de dezembro de 1865 – A IASD deveria ter sua própria instituição de saúde.

• A reforma de saúde é “parte da terceira mensagem angélica” (Ellen White,


Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 486)

• Visão de 1871 – relacionada com as instituições de saúde.

60 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


Em 1866 a IASD inicia a primeira instituição e revista sobre saúde:
• Lançamento da revista sobre saúde: Health Reformer (Reformador de Saúde)

• Inauguração da instituição: Western Health Reformer Institute (Instituto


Ocidental de Reforma Pró-Saúde)

Tiago e Ellen incentivaram e patrocinaram jovens a estudarem medicina:


• Dois de seus filhos, Edson e Guilherme, e John Kellogg (que se tornou um
famoso médico, inventor de vários aparelhos de exercício, e inventor dos
famosos sucrilhos).

Adventistas nunca proclamaram que eles foram os pioneiros da reforma de


saúde. Eles reconheciam e valorizavam o trabalho feito por outros promotores da
reforma de saúde.
“Não professamos ser pioneiros nos princípios gerais da reforma de saúde.
Os fatos nos quais esse movimento se baseia foram elaborados, em grande
medida, por reformadores, médicos e escritores sobre fisiologia e higiene, e
assim podem ser encontrados espalhados pelo país. Mas afirmamos que, pelo
método da escolha de Deus, ela foi mais clara e poderosamente desdobrada
e, assim, está produzindo um efeito que não poderíamos esperar de nenhum
outro meio. [...] então vem a nós como uma parte essencial da verdade presente,
a ser recebida com a bênção de Deus ou rejeitada por nossa conta e risco”. (J. H.
Waggoner, “Present Truth,” Review and Herald, 7 de agosto de 1866, p. 77).
As instruções dadas por meio de Ellen White, levaram os membros da IASD a
reconhecer a importância de praticar um estilo de vida saudável, tanto pelos benef í-
cios f ísicos quanto para prepará-los para a Segunda Vinda. A IASD, eventualmente,
tornou-se “uma denominação de reformadores de saúde e temperança”. (Tiago
White, Life Sketches [1880], p. 378)

IV. TIAGO E ELLEN WHITE: UMA FAMÍLIA QUE AMAVA A REFORMA


DE SAÚDE
Tiago era conhecido como aquele que fazia sozinho o trabalho de três pessoas.
Por causa de sua personalidade, ele se envolvia em muitas atividades, que com o
tempo o sobrecarregaram. Em 1863, após a organização da IASD, um período no
qual Tiago se desgastou bastante enfrentando oposição por cerca de 10 anos, além
de receber injustamente críticas a sua integridade financeira. Tudo isso consumiu
bastante a saúde de Tiago tanto f ísica quanto mental, e após a organização da IASD,
ele enfrentou fraqueza e depressão.
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A visão de 1863, continha uma mensagem para a igreja em geral, mas também
uma mensagem para Tiago.
• A atenção foi voltada para o fato de que James estava trabalhando excessi-
vamente, tanto em relação a muitas horas, quanto trabalho mental e pouco
exercício f ísico.

• A visão também trouxe uma mensagem de conforto e apreço. A fim de


ser um benef ício para a igreja, Tiago devia preservar sua saúde, encontrar
tempo para descansar, ter um espírito alegre, esperançoso e pacífico, para
viver e ensinar a mensagem de saúde.

Após a visão de 1863, a família White adotou uma nova dieta:


• Estavam acostumados a comer carne em quase todas as refeições.

• Adotaram uma dieta de frutas e vegetais, alimentos com pouco sal.

• Eliminaram carne, mas a princípio não totalmente. Ocasiões esporádicas


como viagens em que não conseguiam bom alimento ou nova cozinheira em
casa que não soubesse cozinhar sem carne (Roger W. Coon, “Ellen G. White
e o vegetarianismo: ela praticava o que pregava?”; em Renato Stencel (org.),
Espírito de profecia: Orientações para a igreja remanescente (UNASPRESS,
2012), p. 171-185.

• Mudaram não apenas o que comiam, mas também como e quando se ali-
mentavam.

• Adotaram uma dieta de duas refeições.

Em 1865, Tiago foi eleito presidente da Associação Geral e reeleito presidente da


Casa Publicadora. Essas responsabilidades, além da ansiedade de resolver questões
doutrinárias em algumas igrejas e ver outros fazendo a obra de Deus descuidada-
mente, resultaram em um colapso da saúde de Tiago White.
• Em 16 de agosto de 1865, Tiago sofreu um derrame, que paralisou par-
cialmente seu braço direito e afetou sua fala. Dois dias depois, ele podia
mover os dedos e usar a mão até certo ponto, e sua fala foi restaurada.
Tiago ficou assustado com esse derrame “surpresa” e pensou que morreria
em breve.

62 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS


• Tiago reconheceu que a causa de sua aflição era a intemperança no tra-
balho. Ele muitas vezes trabalhava de quinze a dezoito horas por dia. Seus
editoriais para a Revista Adventista geralmente eram escritos à noite, após
um dia de trabalho duro.

• Inicialmente, Ellen cuidou de Tiago em casa por cinco semanas, mas


depois o levou para a instituição do Dr. James Jackson, em Dansville, New
York. Mesmo ainda muito debilitado, Ellen White decidiu levar seu esposo
para casa em dezembro de 1865, e cuidar dele de novo.

• Embora na época não houvesse pesquisas suficientes para entender os


efeitos de um derrame e como cuidar de um paciente com derrame, Ellen
fez um bom trabalho.

Durante 1866 e 1867, Ellen White resolveu deixar de lado muitas de suas respon-
sabilidades e dedicou-se quase inteiramente a restaurar seu marido. Tiago também sus-
pendeu seus trabalhos públicos. Durante este período em que suas vozes silenciaram
por um tempo, alguns extremistas da reforma pró-saúde, incluindo artigos no Health
Reformer prejudicaram o movimento de temperança entre os adventistas.
Quando Tiago recuperou-se, além de ser presidente da Associação Geral, ele
também assumiu responsabilidades no Centro de Saúde da IASD que estava pas-
sando por dificuldades financeiras, e tornou-se o editor da revista de saúde, que
também estava à beira da falência.
Durante esse período tanto ele quanto Ellen dedicaram-se a trazer equilíbrio na
mensagem de reforma de saúde:
• “Devemos ir ao encontro do povo onde ele se acha. Alguns dentre nós
levaram muitos anos para chegar à posição em que se encontram agora, na
questão da reforma de saúde. É obra lenta efetuar uma reforma no regime ali-
mentar. … Em matéria de reformas, é melhor ficar um passo aquém da meta
do que avançar um passo além. E se houver algum erro, seja do lado mais
favorável ao povo.” (Ellen White, Testemunhos para a Igreja, vol. 3, p. 20, 21)

• “Há verdadeiro senso comum na reforma do regime. O assunto deve ser


estudado de forma ampla e profunda. Ninguém devia criticar outros por-
que não estejam, em todas as coisas, agindo em harmonia com seu ponto de
vista. É impossível estabelecer uma regra fixa para regular os hábitos de cada
um, e ninguém se deve considerar critério para todos.” (Ellen White, Ciência
do Bom Viver, p. 319)

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• “A reforma de saúde está intimamente ligada à obra da mensagem do ter-
ceiro anjo, mas não é a mensagem em si. Nossos pregadores deveriam ensi-
nar a reforma de saúde, entretanto, sem fazer dela o tema principal na ordem
das mensagens.” (Ellen White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 559)

• Um bom resumo do assunto de extremos é apresentado no livro Ciência


do Bom Viver, cap. 25, p. 318-324.

• Tiago repreendia todos os tipos de extremos––tanto os rebeldes que


rejeitam a mensagem quanto os extremistas que levam ao máximo qual-
quer declaração e impõem suas ideias a todos. (cf. Tiago White, Review and
Herald, 8 de novembro de 1870, p.165).

Tiago acreditava na mensagem de saúde. Para ele, a mensagem era bíblica e era
uma verdade presente a ser anunciada. Também fazia parte da preparação para a
Segunda Vinda. Além disso, foi uma bênção para todos que adotaram o estilo de
vida mais saudável. A reforma da saúde beneficia seus seguidores espiritualmente,
moralmente, fisicamente, materialmente e socialmente.
Uma das razões pelas quais alguns abandonam a reforma de saúde é porque eles
fazem mudanças muito rápido. Tiago, reconhecendo esse fato, aconselhou as pessoas
a fazerem mudanças gradualmente. (cf. Tiago White, “Health Reform—No. 6,” Health
Reformer, Abril de 1871.
O livro mais completo sobre saúde escrito por Ellen White, foi publicado em
1905, Ciência do Bom Viver.
Apesar da recuperação de Tiago, ele voltou aos mesmos excessos no trabalho e na
tensão mental, o que resultou em outros derrames menores. A sequência de quatro
ou cinco derrames durante seus últimos quinze anos afetou seu humor e compor-
tamento, levando-o à depressão, frustração, irritabilidade e demandas de atenção.
E embora Tiago continuou ativo e deu uma grande contribuição ao adventismo, a
doença o afetou, e ele poderia ter sido mais útil se não tivesse se excedido em longas
horas de trabalho e tensão mental.2

V. CONCLUSÃO
A Bíblia mostra a resposta para a pergunta “por que sofremos?” e apresenta o fim
do sofrimento por ocasião da volta de Jesus. “A plena cura em todos os sentidos só
acontecerá na vinda de Jesus.” (Tratado de Teologia, 855).
Na misericórdia de Deus, Ele que entende exatamente qual o melhor para nós,
deu instruções à Sua igreja de como viver melhor, mais saudável, e ter mais disposi-
ção para ajudar outros e pregar as boas novas da salvação.
64 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
A mensagem de reforma de saúde é uma benção para todos que a adotam. Não
é um pacote no qual todos fazem exatamente o mesmo, mas é um conjunto de ins-
truções para serem aplicados na vida diária. Os remédios naturais de Deus estão à
disposição de todos.
Quer você hoje demonstrar gratidão a Deus pelo que Ele tem colocado a dis-
posição e fazer um compromisso de estudar qual a melhor maneira de ser saudável
para honra e glória de Deus.
“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo
para glória de Deus” (1 Coríntios 10:31).

Referências

1
Para uma excelente abordagem sobre a história da saúde no meio adventista do sétimo dia, veja Her-
bert Douglass, Mensageira do Senhor (CPB, 2003), 278-342; e Dores Eugene Robinson, Revolução na
saúde: origem e desenvolvimento da obra médico-missionária adventista (CPB, 2018).

2
 ara um bom resumo histórico desses últimos 15 anos (1865-1881) de vida de Tiago, o empenho de
P
Ellen em sua recuperação, os problemas no relacionamento conjugal dos White, em grande parte por
conta do comportamento de Tiago derivado de sua condição f ísica, veja Demóstenes Neves da Silva
e Gerson Rodrigues, “O Casamento de Tiago e Ellen G. White: Significados Construídos pelo Casal,”
em Ellen G. White: Seu Impacto Hoje (UNASPRESS, 2017), p. 69-118.

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“E estas palavras [...]


as ensinarás a teus filhos”
DEUTERONÔMIO 6:6-7

I. INTRODUÇÃO
Deus estabeleceu o Jardim do Éden como o lar e o local de nossos primeiros pais
serem ensinados. O Éden era uma escola ideal.
• Educação integral

• Trabalho (Gênesis 2:15, 19; 3:17, 19)


• Espiritualidade (Gênesis 1:26, 27; 2:1-3; 3:8)
• Comunidade – “Não é bom que o homem esteja só”

Abraão foi chamado para ordenar aos filhos guardarem o caminho do Senhor
(Gênesis 18:19).
A Moisés foi dada a ordem de anunciar aos hebreus a necessidade de educar os
filhos nos caminhos do Senhor (Deuteronômio 6:6-7).

Escola dos profetas


• “Nesses lugares, jovens estudavam os princípios da leitura, escrita, música,
lei e história sagrada. Ocupavam-se de diversos of ícios, a fim de que, tanto
quanto possível, aprendessem a se sustentar. [...] Dedicavam-se ao serviço de
Deus, e alguns deles eram empregados como conselheiros do rei”. (Comentá-
rio Bíblico Adventista, vol. 2, p. 475).

• “Samuel fez uma contribuição notável quando organizou escolas para os


jovens, a fim de que Israel fosse instruído nos grandes princípios da salva-
ção. [...] O resultado foi que o povo estava rapidamente se tornando pouco
melhor que os pagãos a seu redor. Por isso, as escolas dos profetas foram
instituídas”. (Comentário Bíblico Adventista, vol. 2, p. 617).

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Daniel e seus 3 amigos eram “instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciên-
cia, e entendidos no conhecimento” (Daniel 1:1, 3)

II. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FORMAL NA IASD1


No meio adventista do sétimo dia, a obra de publicações foi estabelecida em
1849; a organização eclesiástica em 1863; a obra médica em 1866; e a educação
formal foi estabelecida oficialmente em 1872.
Entre 1844-1850, não se percebia a necessidade de escolas pois os sabatistas
acreditavam que Jesus retornaria em qualquer momento e muito breve.
Década de 1850 – alguns adventistas tentam estabelecer escolas cristãs adven-
tistas independentes.
• A educação religiosa das crianças era feita através das páginas da revista
Youth’s Instructor (Instrutor da Juventude), fundada por Tiago White em
agosto de 1852.

• “Seu objetivo é ensinar aos jovens os mandamentos de Deus e a fé de


Jesus, e assim ajudá-los a uma compreensão correta das Sagradas Escri-
turas”. (Tiago White, Youth’s Instructor, vol. 1, no. 1 [agosto de 1852], p. 8)

• A jovem Martha Byington fundou uma pequena escola em Buck’s Bridge,


NY, em 1853, mas durou apenas cerca de 3 anos. Essa foi a primeira tentativa
particular entre os adventistas sabatistas.

• Em 1856, os membros da igreja de Battle Creek estabeleceram uma escola


para seus filhos, mas a falta de recursos impediu que a escola progredisse.
Em 1857, Tiago White preocupado com a educação dos filhos dos adventistas
(ele mesmo era pai de 3 filhos com 10, 8 e 3 anos), escreveu uma série de artigos
argumentando (Tiago White, “Sabbathkeepers’ Children,” Review and Herald, 20 e 27
de agosto, e 3 de setembro de 1857).
• As escolas públicas não eram os melhores lugares para os filhos adventis-
tas, pois lá não se ensinava doutrinas bíblicas, e os adventistas seriam ridicu-
larizados por suas crenças.

• Sabatistas deveriam contratar professores particulares para seus filhos.

• Pais deveriam ser os educadores das crianças se eles não pudessem ter
professores.

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A partir de 1869 Tiago White começou a trabalhar mais intensamente para fun-
dar uma escola oficial da IASD.
Ellen White recebeu uma visão em 1872, na qual foi revelada as diretrizes de
uma verdadeira educação (Testemunhos para a Igreja, vol. 3, p. 131-160).
• Necessidade de uma educação equilibrada.

• Desenvolvimento das faculdades “mentais”, “f ísicas” e “espirituais”.

Goodloe H. Bell (1832 – 1899) é reconhecido como o pai da educação adven-


tista, pois ele foi convidado por Tiago White para abrir e ensinar na primeira escola
oficial fundada pela IASD, em 1872, Escola de Battle Creek, que em 1874, tornou-se a
Faculdade de Battle Creek (Battle Creek College). Em 1901, a escola foi transferida para
Berrien Springs, Michigan, e atualmente é a Universidade Andrews.
O discurso inaugural foi proferido por Tiago White.
Ellen White “apelou aos pais adventistas para que dessem todo o apoio e envias-
sem seus filhos para receberem educação ali”. (Arthur L. White, “Histórico dos teste-
munhos sobre educação,” em Ellen White, Conselhos sobre Educação, p. vi).
Em 1882 foram abertas novas escolas em diversos estados: Califórnia, Massa-
chussets e Washington.
É importante notar que assim como na área de saúde, os adventistas também
não foram os primeiros a trabalhar na questão de reforma de educação, mas é
importante também salientar, que no momento próprio para a IASD, Deus revelou
a importância desse movimento, e então educação tem sido uma das prioridades na
expansão da mensagem na IASD.
• “Por mais importante que seja os adventistas reconhecerem o chamado
inaugural de Ellen White para a mudança na educação, seria inexato vê-la
como uma voz solitária pedindo reformas. De muitas maneiras, ela refletia a
mudança que estava ocorrendo na sociedade ao seu redor … e muitas ideias
que ela apresentou eram ecos do que outros educadores estavam pregando”.
(Floyd Greenleaf, In Passion for the World, 21-22, 24).

• “Por outro lado, ela [Ellen White] não seguiu os falsos exemplos teóricos
educacionais que construíram em parte sobre conceitos bíblicos de educa-
ção e em parte sobre aqueles herdados do pensamento grego e romano. Em
outras palavras, a harmonia que ela compartilhava com reformadores educa-
cionais de sua época não era cega. Ela estava bastante disposta em concordar
com aqueles aspectos das reformas que se harmonizavam com os princípios

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bíblicos, ao passo que rejeitava aqueles que julgava serem erros à luz dos mes-
mos princípios”. (George Knight, Mitos na Educação Adventista, 32).

Segundo os dados de 2021, a educação adventista atualmente consiste em 9.419


escolas, com mais de 2 milhões de estudantes matriculados (Seventh-day Adventist
World Church Statistics; www.adventiststatistics.org).

III. TIAGO E ELLEN WHITE: UMA FAMÍLIA QUE AMAVA A EDUCAÇÃO


ADVENTISTA
Tanto Tiago quanto Ellen tinham altos sonhos de conseguir seguir uma carreira
de sucesso na educação formal, porém, ambos foram afetados por problemas de
saúde, os quais os impossibilitaram continuar estudando.
Tiago conseguiu retornar com 19 anos, mas teve que enfrentar a dificuldade
de readaptação, especialmente ao estar em uma sala de aula com alunos mais
jovens que ele. Mas ele perseverou, e logo ganhou um certificado para ensinar. Para
recuperar o tempo que não estava na escola, Tiago tinha que estudar várias horas
durante o dia, o que resultou em reduzir e finalmente abandonar o estudo da Bíblia
por falta de tempo.
Porém, ele aceitou a mensagem millerita e abraçou a leitura e estudo da Bíblia
de novo.
Baseado em sua própria experiência, Tiago aconselhou, “Nós não deveríamos
cessar nossos esforços para adquirir cultura intelectual; mas isso não deve tomar o
lugar de Cristo.” (Review and Herald, 11 de janeiro de 1881, p. 24).
Embora Tiago, nunca perdeu a fé na iminente volta de Jesus, mas isso não impe-
dia o crescimento intelectual. Em 1862, ele defendeu a educação e advertiu, “O fato
de que Cristo está voltando muito em breve não é motivo para que a mente não
deva ser melhorada. Uma mente bem disciplinada e informada pode receber e cui-
dar de forma mais adequada das sublimes verdades do Segundo Advento” (Tiago
White, Review and Herald, 23 de dezembro de 1862, p. 29).
Ellen White escreveu bastante sobre educação e incentivou os jovens a busca-
rem uma boa educação para se tornarem bons cidadãos e acima de tudo estarem
preparados para a eternidade. Segundo ela, “No mais alto sentido, a obra da educa-
ção e da redenção são uma” (Educação, p. 30), e “Enquanto o tempo durar, necessi-
taremos de escolas. Haverá sempre necessidade de educação” (Conselhos aos Pais,
Professores e Estudantes, p. 417). Ela também destacou, “A ignorância não aumenta
a humildade ou a espiritualidade de qualquer professo seguidor de Cristo. As verda-
des da Palavra divina podem ser melhor apreciadas pelo cristão intelectual.” (Teste-
munhos para Igreja, vol. 3, p. 160).
SERMÃO 10 | 69
A maior contribuição de Ellen White na área de educação foi a publicação em
1903, do livro Educação, o maior tratado sobre os princípios bíblicos da educação
adventista.

IV. CONCLUSÃO
A IASD tem como missão pregar as três mensagens angélicas a todo o mundo
(Apocalipse 10:11; 14:6).
Um dos meios de expandir o conhecimento do amor de Deus e Sua Lei é pelas
escolas adventistas espalhadas ao redor do mundo.
Ore por esse empreendimento para que milhares de crianças, juvenis, adoles-
centes e jovens conheçam o verdadeiro Deus, e se tornem testemunhas para revelar
a outros o evangelho.
Faça tudo que puder para ajudar nossos jovens terem a oportunidade de educa-
ção no sistema educacional adventista. Isso foi orientado por Deus.

Referências

1
Para uma breve apresentação da filosofia e história da educação na IASD, veja Herbert Douglass,
Mensageira do Senhor, 344-361.

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SE R M ÃO 11 | 0 1 D E N OV E M B R O 202 3

“Não me envergonho do
evangelho, [...] o poder
de Deus para a salvação”
ROMANOS 1:16

I. INTRODUÇÃO
Paulo, um dos maiores missionários da história do cristianismo sentia-se deve-
dor a todos (Romanos 1:14). Assim como Jesus o tinha alcançado (Atos 9) e trazido
a verdadeira alegria da salvação ao seu coração, Paulo não podia conter essa alegria
sem anunciar a todos os quais ele tinha oportunidade.
Jesus foi o Missionário por excelência. Ele é o caminho, a verdade e a vida (João
14:16), e Ele tornou-se um de nós para viver uma vida perfeita, sem pecado, e mor-
rer em nosso lugar (Hebreus 4:15), anunciar e preparar outros para anunciarem a
salvação encontrada unicamente NEle (Atos 4:12).
Jesus preparou seus discípulos para anunciarem o evangelho inicialmente ao
“povo de Israel” (Mateus 10:5-8; Atos 1:8), e depois a todas as nações (Mateus 24:14;
28:18-20; Atos 1:8).
Ao remanescente é dada a ordem de ir a todo o mundo (Apocalipse 10:11; 14:6).

II. A IASD E A MISSÃO


Quando o pequeno grupo de sabatistas, após o Grande Desapontamento,
começou a se conhecer pelos artigos publicados (a partir de 1845) e a se reunir
(a partir de 1846), ele cria que a porta da graça estava fechada para todos os que
tinham rejeitado a mensagem millerita. (Para mais detalhes veja, Enciclopédia da
IASD, “A Porta Aberta e a Porta Fechada” [http://centrowhite.org.br/perguntas/per-
guntas-sobre-ellen-g-white/a-porta-aberta-e-a-porta-fechada/]).
Eles, portanto, prepararam muitos panfletos, livros, e iniciaram a revista Ver-
dade Presente (1849), sempre tendo em mente anunciar a mensagem do terceiro
anjo de apocalipse, isto é, a “verdade presente” (que incluía a Lei de Deus e o sábado)
aos milleritas.
Após eles entenderem que a porta da graça estava aberta, devido a impossi-
bilidade de um pequeno grupo alcançar o mundo inteiro, eles entendiam que “o
SERMãO 10 | 71
mundo” significava trabalhar com todos na América do Norte, “desde que nosso
país”, afirmava Uriah Smith, “está composto de pessoas de quase todas as nações”
(Review and Herald, 3 de fevereiro de 1859, p. 87).
Eles começaram a traduzir material em outras línguas, com o objetivo de aten-
der os estrangeiros nos Estados Unidos e que eles enviassem o material para os
parentes e amigos em seus respectivos países.
A partir da década de 1860, eles passaram a ter uma expansão do entendimento
de missão, e começaram a pensar na possibilidade de enviar missionários além-mar.
“Nossa mensagem é mundial/universal” (Tiago White, Review and Herald, 21 de
abril de 1863, p. 165).
Devido a falta de recursos e pessoas preparadas, apenas em 1874 foi enviado
oficialmente o primeiro time de missionários a Europa: John Andrews (sua esposa
Angeline faleceu em 1872), seu filho Charles (16 anos), sua filha Mary (12 anos), e
um guardador do sábado suíço, Ademar Vuilleumier.
A partir da década de 1880, a visão da IASD era realmente de uma igreja mun-
dial, presente em quase todos os continentes, exceto a América do Sul.
• Na década de 1880 a literatura adventista já tinha sido enviada para o Bra-
sil, mas o primeiro missionário adventista, Augusto Stauffer, chegou ao Brasil
apenas em 1893.1

III. TIAGO E ELLEN WHITE: UMA FAMÍLIA QUE AMAVA A MISSÃO


Na vida do casal White, missão era o fator predominante. O comprometimento
com a missão contribuiu como fator agregador do relacionamento.
Durante sua vida ministerial o casal pregou e distribuiu muita literatura adven-
tista em diversos estados americanos.
Quando John Andrews foi enviado à Europa, o casal White esteve envolvido em
levantar recursos para facilitar a missão no novo campo.
Um bom testemunho do legado missionário deixado por Tiago, foi a forma com
Ellen White confortou a si mesma e seus filhos por ocasião de marte de Tiago: “O
melhor modo de meus filhos e eu honrarmos sua memória, é retomar seu traba-
lho onde ele o deixou, e na força de Jesus levá-lo adiante até sua conclusão” (Ellen
White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 111).
Ellen White serviu como missionária além-mar na Europa (1885-1887) e Aus-
trália (1891-1900).
Enquanto estava na Austrália, Ellen White foi fundamental na criação de uma
escola bíblica para o trabalho missionário (24 de agosto de 1892), seguida pelo esta-
belecimento da instituição educacional conhecida hoje como Avondale University
(1897). Ela inspirou um interesse em saúde e vida saudável. Seu ímpeto visionário
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deu origem a instituições de saúde em Sydney (1896) e em Cooranbong (1899),
além de uma fábrica de alimentos naturais (1898).2
Arthur G. Daniells, presidente da Associação Geral quando Ellen White faleceu,
e que trabalhou com na Austrália com ela, descreveu a paixão de Ellen White pela
missão da seguinte maneira, “Vão a todo o mundo, doem a todo o mundo, traba-
lhem por todo o mundo, é a exortação expressa ao longo de todos os escritos de
Ellen White”.3

IV. EDSON WHITE E A MISSÃO ENTRE OS AFRO-AMERICANOS NO


SUL DOS ESTADOS UNIDOS
Ellen White teve quatro filhos. Dois morreram antes de chegar a idade adulta: John
Herbert em 1860, com apenas 3 meses de idade, e Henrique com 16 anos em 1863.
Um dos filhos, Edson, deu bastante trabalho a família White. Várias cartas
foram escritas a ele alertando de suas falhas e apelando ao seu coração. Em diver-
sos momentos seus pais lhe escreveram e ele foi repreendido por egoísmo, ciúme,
impaciência, gostar de se exibir, não ser aplicado nos estudos, irresponsabilidade
em trabalhar e lidar com dinheiro, amor excessivo aos divertimentos, não ser um
reformador da saúde, colocar a culpa de seus fracassos nos outros, indiferença e
desrespeito aos pais, etc.
Por outro lado, Edson era reconhecido pelos pais como um jovem talentoso,
criativo, um bom autor, muito prático e bom profissional na área de impressão grá-
fica; seus pais desejavam imensamente sua salvação, nunca perderam a esperança e
oravam por ele diariamente (cf. Ellen White para Edson, Carta 14, 28 de outubro de
1873; Ellen White para Edson, Carta 22, 1 de julho de 1879).
Quando Edson tinha cerca de 44 anos, ele escreveu para sua mãe, que servia
como missionária na Oceania, afirmando, “eu não tenho nenhuma inclinação
religiosa”. Triste e com o coração dolorido, sua mãe respondeu, iniciando a carta
pedindo que ele lesse com atenção, e disse, “não jogue fora ou queime”, o que parece
indicar que Edson tenha feito isso com outras cartas. Recapitulando um pouco da
história de Edson e como Deus o tinha livrado em sua infância algumas vezes, Ellen
apela para seu filho, e conclui dizendo, “Eu não posso te salvar; Só Deus pode te
salvar” (Ellen White para Edson, Carta 123, 21 de junho de 1893).
Algumas semanas depois, Edson escreveu à sua mãe, “Entreguei-me plena e
completamente a Deus e nunca havia desfrutado a vida como agora”. Em relação ao
futuro ele declarou, “Estou pensando em ir ao Tennessee trabalhar com os negros.
[...] Vi o resultado de escolher fazer as coisas à minha maneira e concluí que isso
é um caminho ruim. Agora quero seguir o caminho de Deus”. (Edson para Ellen
White, em Arthur White, Mulher de Visão [CPB, 2015], 290, 291).
SERMÃO 11 | 73
Durante a década seguinte, Edson tornou-se um pioneiro na obra entre os
negros na grande região sul dos Estados Unidos. Enfrentando malária, preconceito
e perseguição, Edson perseverou e fez uma excelente missão, abrindo várias igrejas
e escolas no sul dos Estados Unidos.
Em 1893, Edson leu uma cópia do panfleto escrito por Ellen White em 1891,
Our Duty to the Colored People (Nosso Dever para com os Negros), no qual ela faz um
apelo para que os adventistas se engajassem no trabalho missionário pelos negros
no sul dos Estados Unidos. Edson decidiu se engajar e com seu amigo Will Palmer,
construiu em um período de cinco meses, um barco a vapor, o “Morning Star”, em
1894 (Ronald Graybill, Mission to Black America, ed. rev. [2013], 15, 16).
Edson navegou mais de 2.400 quilômetros para o sul até Vicksburg, Mississippi,
iniciando a missão em janeiro de 1895.
A embarcação serviu de residência para Edson e esposa, cabines para outros
trabalhadores, capela, biblioteca, tipografia e cozinha. Descendo pelo Mississippi,
Edson e equipe realizava reuniões realizadas na cabine do navio, seguidas de traba-
lhos escolares oferecidos a crianças e adultos nos mesmos aposentos, com Emma
White ensinando as mulheres mais velhas a ler.
O trabalho de Edson e seu quadro de obreiros precisavam ser legalmente orga-
nizados, então ele formou a Southern Missionary Society (SMS). A missão da SMS
era “levar os princípios da educação cristã ao povo do Sul” (Gospel Herald, dezem-
bro de 1899, p. 105).
Alguns dos projetos e organizações pertencentes à SMS foram a companhia de
alimentos Dixie Health Food, a Casa Publicadora Herald e o Sanatório Nashville
Colored (1901-1903), que mais tarde foi substituído pelo Sanatório Rock City em
1906. O Gospel Herald de outubro de 1908 relatou que a Sociedade também contro-
lava 28 escolas missionárias com uma matrícula de quase 1.000 alunos.
À medida que o trabalho se desenvolvia, estruturas simples de igrejas e escolas foram
erguidas em cidades próximas às quais o Morning Star ancorava por um tempo. Mui-
tos ministros e professores adventistas negros traçaram seus primeiros contatos com os
adventistas do sétimo dia até a Morning Star e as escolas que sua equipe fundou.4

V. CONCLUSÃO
Em 1892, enquanto estava na Austrália, Ellen White escreveu as seguintes palavras,
“É minha oração que eu possa [...] ser uma cooperadora de Jesus na salvação de minha
própria alma, que ele comprou com seu precioso sangue, e que todos os dias eu possa
aprender sua mansidão e humildade, que ele possa usar o frágil, agente indigno para tra-
zer almas das trevas para a luz” (Review and Herald, 16 de fevereiro de 1892).
Não desejaria você fazer a Deus o mesmo pedido?
74 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
Referências

1 E
 ntre as melhores apresentações que já foram publicadas sobre a chegada do adventismo ao Brasil,
temos Floyd Greenleaf, Terra de esperança: o crescimento da Igreja Adventista na América do Sul
(CPB, 2011); Michelson Borges, A Chegada do Adventismo ao Brasil (CPB, 2020).

2 A
 daptado de John Skrzypaszek, “Ellen G. White’s Ministry in the South Pacific”, Encyclopedia of
Seventh-day Adventistas; online https://encyclopedia.adventist.org/article?id=17VN

3 A
 rthur G. Daniells, “Life Sketch of Sister E. G. White,” Review and Herald, 5 de agosto de 1915, p.
8; citado David J. B. Trim, “Ellen G. White e a missão adventista”, em Alberto R. Timm e Dwain N.
Esmond (org.), Quando Deus fala: o dom de profecia na Bíblia e na história (CPB, 2017), p. 395, 396.

4 A
 daptado e traduzido de Ronald Graybill, Mission to Black America, ed. rev. (2013); Ellen G. White Estate
(https://ellenwhite.org/people/110); e R. Steven Norman III, “James Edson White: A ‘No Limit’ Man,”
Southern Tidings (https://www.southerntidings.com/feature/james-edson-white-a-no-limit-man/).

SERMÃO 11 | 75
SE R M ÃO 1 2 | 0 6 D E D E Z E M B R O 202 3

“Eu sei em quem tenho crido”


2 TIMÓTEO 1:12

I. INTRODUÇÃO
Esta e a última epístola de Paulo, escrita da prisão, quando ele imaginava morrer
dentro de pouco tempo (2 Timóteo 4:6).
No ano de 64 d.C., Nero mandou incendiar boa parte de Roma, e para desviar
as suspeitas das pessoas de que ele tinha sido o mandante do crime, ele acusa os
cristãos e os persegue ferozmente.
Paulo e Pedro provavelmente alguns poucos anos mais tarde, foram encarcera-
dos como resultado dessa perseguição.
Na época em que escreveu 2 Timóteo, Paulo prevendo que seria condenado
à morte, escreve ao seu filho na fé, e por extensão a todos os crentes, para for-
talecer a fé de seu jovem discípulo e adverte “a todos os outros crentes cristãos
contra as heresias que entrariam na igreja depois de sua morte, para que todos
se mantivessem firmes na Palavra inspirada e se conservassem fiéis ao Senhor
ate Seu segundo advento” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, p. 339).
A Segunda Vinda de Cristo é a bendita esperança do discípulo de Jesus Cristo.
O anseio pela segunda vinda de Jesus esta presente por todo o Novo Testamento, e
se relaciona com:
• “A esperança da justiça” (Gálatas 5:5)

• “A esperança da glória” (Colossenses 1:27)

• A esperança da ressurreição (Atos 24:15)

• “A esperança da salvação” (1 Tessalonicenses 5:8)

• “Esperança da vida eterna” (Tito 1:2)

• Tratado de Teologia, p. 993, 994.

“A doutrina do segundo advento e, verdadeiramente, a nota tônica das Sagradas


Escrituras” (Ellen White, Grande Conflito, p. 299)
76 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
II. TIAGO E ELLEN WHITE: UMA FAMÍLIA QUE AMAVA A VOLTA DE
JESUS
Desde a década de 1840, com a mensagem millerita, Tiago e Ellen desejavam
ardentemente a volta de Jesus, e esta esperança foi alimentada e nutrida após o
grande desapontamento com oração, estudo da Bíblia e trabalho, isto é, uma vida
prática e útil aguardando o retorno de Cristo.
Tiago White era um homem de oração. Seu filho o definia como um homem
que “orava com fervor” (Review and Herald, 13 de fevereiro de 1936, p. 7).
Um dos episódios mais marcantes em relação ao amor de Tiago pela causa, pelo
povo, e por Jesus, foi relatado em uma experiência em 1868:
• Os trabalhadores da Casa Publicadora Review and Herald em Battle Creek,
Michigan, estavam reunidos como de costume para o período do culto e
oração antes do início do trabalho. Tiago White ao orar publicamente, com
muita sinceridade implorou que, “quando fossem resgatadas as multidões
daqueles instruídos pela editora adventista por meio dos livros, panfletos,
revistas e documentos ali publicados, o corpo de impressores, editores e tra-
balhadores em todos os departamentos pudesse encontra-los no Céu. Uriah
Smith descreveu a reação do grupo: ‘as lágrimas sufocaram sua expressão e,
por um período, todos nós choramos juntos em silêncio, exceto pelos solu-
ços audíveis e pelas respostas calorosas da maioria dos presentes (Review and
Herald, 25 de agosto de 1868, p. 156)’”.1

Anos após a morte de Tiago White, Ellen recordando a vida do esposo afirmou,
“Quando costumávamos ficar perplexos, meu marido dizia: Devemos nos levantar
e orar sobre isso. [...] Como sabemos que influência será exercida sobre as mentes
humanas? oremos para que o Senhor nos dê a vitória. [...] Não poderíamos dormir
até que tivéssemos evidência de que nosso Deus estava trabalhando em nosso favor
para trazer almas ao conhecimento da verdade” (Ellen White, Manuscrito 78, 2 de
abril de 1910).
Pouco antes de morrer, Ellen enfatizou a dedicação de Tiago em tomar tempo
para oração. “Cerca de duas semanas antes de sua morte”, ela escreveu, “meu marido
muitas vezes me pedia para acompanhá-lo ao bosque, perto de nossa casa, para
orar com ele. Eram momentos preciosos.” (Ellen White, “A Sketch of Experience,”
In Memoriam: A Sketch of the Last Sickness and Death of Elder James White, p. 46).
Após a morte de Tiago, Ellen ao passar pelas montanhas do Colorado, relembrou
a vida de oração do casal: “Em anos anteriores, meu marido e eu fizemos deste bosque
nosso santuário. Entre essas montanhas, muitas vezes nos prostrávamos juntos em ado-
ração e súplicas. (Ellen White, Review and Herald, 1 de novembro de 1881)
SERMãO 11 | 77
Sentindo a necessidade de trilhar o caminho da santificação, Tiago reconhecia suas
fraquezas e limitações e no fim de sua vida apresentou um coração com disposição de
reconciliação:
• Em 1879 ele confessou: “É minha natureza retaliar quando pressionado
acima da medida. Eu gostaria de ser um homem melhor.” (Tiago White para
Guilherme [William] C. White and Mary K. White, 27 de fevereiro de 1879).

• No ano seguinte, ele ciente de sua fraqueza, clamou por ajuda novamente:
“Onde eu errei, ajude-me a estar certo. Eu vejo meus erros e estou tentando me
recuperar.” (Tiago White para Guilherme [William] C. White, 5 de julho de 1880)

• Em seus últimos dias, ele afirmou: “Sinto meu coração extraordinariamente


atraído por um desejo sincero por mais do Espírito de Deus. Não tenho orado
com a frequência que deveria. Quando negligenciamos a oração, passamos a
sentir uma suficiência em nós mesmos, como se pudéssemos fazer grandes coi-
sas. Mas quanto mais nos aproximamos de Deus, mais sentimos nossa própria
fraqueza e nossa necessidade de ajuda do alto. Em Deus está a minha força; nele
triunfarei.” (Ellen White, “A Sketch of Experience,” In Memoriam, p. 46-47).

Ellen White e o Céu:


• Em suas primeiras visões Ellen viu cenas do Céu. Isto fez uma diferença em seu
ministério, pois ela passou a apelar ao coração das pessoas que eles não deveriam
perder o Céu. Ela destacava, “vi uma Terra melhor” e “Eu tinha visto um mundo
melhor, e o atual perdeu o seu valor.” (Ellen White, Primeiros Escritos, p. 19, 20)

• Quando um de seus filhos demonstrou desinteresse pelas coisas religio-


sas, ela apelou para o coração dele dizendo, “Não posso dizer agora, como
alguém expressou em uma carta para mim há pouco tempo: ‘Se meus filhos
não forem salvos, eu não me importo de ser salvo e saber que eles perecem’.
Não! Não! Vi a felicidade, a alegria e a glória dos bem-aventurados” (Ellen
White para Edson, Carta 123, 21 de junho de 1893). Portanto, ela não podia
deixar alguém simplesmente dizer que não se interessava pelo Céu.

III. ELLEN WHITE E A SALVAÇÃO UNICAMENTE POR INTERMÉDIO


DE JESUS CRISTO
Este foi um tema muito importante no ministério de Ellen White, fazer com
que os adventistas entendessem o que Paulo declara, “Porque pela graça sois salvos,
por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”. (Efésios 2:8).
78 | SERMONÁRIO QUARTAS PROFÉTICAS
Ela reconhecia que suas obras não tinham mérito para salvação: “[Durante as] horas
da noite, enquanto outros estão dormindo, eu estou orando para que a responsabilidade
confiada à mim possa ser feita de maneira tão abnegada e fielmente para que Deus aprove.
… Eu choro e oro e trabalho, testando meus motivos e sentimentos à luz da eternidade, e se
eu for finalmente salva, será através do incomparável amor de meu Redentor”. (Ellen White
para Tiago White, Carta 22, 16 de abril de 1880; ênfase adicionada).
As últimas palavras de Ellen White, de acordo com alguns que estavam no
quarto foram as mesmas de Paulo em 2 Timóteo 1:12.
“Durante vários dias antes de sua morte, ela esteve inconsciente a maior parte do
tempo e, no final, parecia ter perdido a faculdade da fala e da audição. As últimas pala-
vras que ela disse ao filho foram: ‘Sei em quem tenho crido’”. (Life Sketches, p. 449). Esta
é a certeza que precisamos. Não é o que nós temos feito (embora isso seja necessário,
como uma resposta ao que Jesus fez na cruz, mas não como mérito de minha parte), é
o que Ele fez, é o que Ele é; “Eu sei em quem tenho crido”.
Se cremos na Pessoa de Jesus, reconhecemos que Ele é a salvação, e nos entrega-
mos completamente para andarmos no caminho da santificação, Ele fará a transfor-
mação necessária nos preparando para a glorificação.
Breve o fim do pecado acontecerá; Jesus retornará, teremos o período do milê-
nio, e então o novo céu e a nova terra (Apocalipse 21:1).
“O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Uni-
verso inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra
por toda a vasta criação. Daquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por
todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior
dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e
perfeito gozo, declaram que Deus é amor.” (Ellen White, Grande Conflito, p. 678)

IV. CONCLUSÃO
Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem,
Senhor Jesus.
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém. (Apocalipse
22:20, 21).
• NOTA: Durante este ano, nós estudamos a Palavra de Deus, e apresentamos
flashes da história do adventismo com partes da história do casal Tiago e Ellen
White. Eles não eram perfeitos, mas Deus usou este casal (assim como outros
também) para animar e confortar Seu povo após o grande desapontamento.
Deus também quer nos usar como Seus instrumentos para anunciar o evange-
lho, animar e confortar outros. A Palavra de Deus é nossa única regra de fé e

SERMÃO 11 | 79
prática, e a nossa história nos anima ao vermos como Deus atuou e continua
atuando neste movimento adventista do sétimo dia para cumprir uma missão.
Para facilitar e orientar com detalhes nestes últimos dias, Deus conferiu a Sua
igreja o dom profético, e cremos que Deus chamou sua serva, Ellen White, para
trazer mensagens oportunas para o tempo em que vivemos. Essas mensagens
não substituem as Escrituras, nem adicionam conteúdo como se a Bíblia fosse
incompleta. Pelo contrário, esses escritos dados por intermédio de Ellen White,
exaltam a Bíblia e chamam com grande voz a atenção do povo de Deus a retor-
nar as Escrituras, e afirmam claramente que “Deus terá sobre a Terra um povo
que mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base
de todas as reformas. As opiniões de homens ilustrados, as deduções da ciência,
os credos ou decisões dos concílios eclesiásticos, tão numerosos e discordantes
como são as igrejas que representam, a voz da maioria — nenhuma destas coisas,
nem todas em conjunto, deveriam considerar-se como prova em favor ou contra
qualquer ponto de fé religiosa. Antes de aceitar qualquer doutrina ou preceito,
devemos pedir em seu apoio um claro — A ‘ ssim diz o Senhor’”. (Ellen White,
Grande Conflito, p. 595).

• Estude sua Bíblia diariamente, ore constantemente, mas não esqueça;


estude também as mensagens que foram dadas por intermédio de Ellen
White. Elas te farão muito bem. Elas contêm um recado de Deus para os
dias atuais e até Seu grande retorno. Você irá apreciar Deus e Sua Palavra, as
Escrituras cada dia mais! Deus te abençoe.

Referências

1
Gerson Rodrigues, “Inovador e Incansável, Revista Adventista, agosto de 2021, p. 27.

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