Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃ O
ESBOÇO DA CARTA DE PAULO A TITO
1. PRIMEIRO SERMÃ O: SERVO DA PALAVRA DE DEUS [Tito 1.1-4]
2. SEGUNDO SERMÃ O: PROMESSA ATUAL E ESPERANÇA FUTURA
[Tito 1.1-4]
3. TERCEIRO SERMÃ O: A FÉ COMUM [Tito 1.4, 5]
4. QUARTO SERMÃ O: LIDERANÇA NA IGREJA (1) [Tito 1.5, 6]
5. QUINTO SERMÃ O: A LIDERANÇA NA IGREJA (2) [Tito 1.7-9]
6. SEXTO SERMÃ O: MANTENDO A VERDADE [Tito 1.9-10]
7. SÉ TIMO SERMÃ O: O ADVERSÁ RIO DE DENTRO [Tito 1.10-12]
8. OITAVO SERMÃ O: SADIOS NA FÉ [Tito 1.12-15]
9. A TIRANIA DA TRADIÇÃ O [Tito 1.15, 16]
10. O CARÁ TER CRISTÃ O (1) [Tito 2.1-3]
11. O CARÁ TER CRISTÃ O (2) [Tito 2.3-5]
12. CARÁ TER CRISTÃ O (3) [Tito 2.6-13]
13. GRAÇA E GLÓ RIA [Tito 2.11-14]
14. O MANDATO DO PREGADOR [Tito 2.15-3.2]
15. DEUS É QUEM SALVA [Tito 3.3-5]
16. NOVA VIDA EM CRISTO [Tito 3.4-7]
17. PROVEITOSAMENTE OCUPADOS [Tt 3.8-15]
ORAÇÕ ES ANTES E DEPOIS DO SERMÃ O
SERMÕES SOBRE TITO
Joã o Calvino
Tradução
Valter Graciano Martins
EDITORA MONERGISMO
SCRN 712/713, Bloco B, Loja 28 — Ed. Francisco Morato
Brasília, DF, Brasil — CEP 70.760-620
www.editoramonergismo.com.br
1ª ediçã o, 2019
Traduçã o: Valter Graciano Martins
Revisã o: Felipe Sabino de Araú jo Neto e Fabrício Tavares de Moraes
Capa: Bá rbara Lima Vasconcelos
PROIBIDA A REPRODUÇÃ O POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVES CITAÇÕ ES, COM INDICAÇÃ O DA
FONTE.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Calvino, Joã o
Sermõ es sobre Tito / Joã o Calvino, traduçã o Valter Graciano Martins — Brasília, DF:
Editora Monergismo, 2019.
Título original: Sermons on Titus
1. Sermõ es — Joã o Calvino 2. Novo Testamento — Tito 3. Teologia reformada I. Título
CDD 230
Sumá rio
INTRODUÇÃ O
ESBOÇO DA CARTA DE PAULO A TITO
1. PRIMEIRO SERMÃ O: SERVO DA PALAVRA DE DEUS [Tito 1.1-4]
2. SEGUNDO SERMÃ O: PROMESSA ATUAL E ESPERANÇA FUTURA [Tito 1.1-4]
3. TERCEIRO SERMÃ O: A FÉ COMUM [Tito 1.4, 5]
4. QUARTO SERMÃ O: LIDERANÇA NA IGREJA (1) [Tito 1.5, 6]
5. QUINTO SERMÃ O: A LIDERANÇA NA IGREJA (2) [Tito 1.7-9]
6. SEXTO SERMÃ O: MANTENDO A VERDADE [Tito 1.9-10]
7. SÉ TIMO SERMÃ O: O ADVERSÁ RIO DE DENTRO [Tito 1.10-12]
8. OITAVO SERMÃ O: SADIOS NA FÉ [Tito 1.12-15]
9. A TIRANIA DA TRADIÇÃ O [Tito 1.15, 16]
10. O CARÁ TER CRISTÃ O (1) [Tito 2.1-3]
11. O CARÁ TER CRISTÃ O (2) [Tito 2.3-5]
12. CARÁ TER CRISTÃ O (3) [Tito 2.6-13]
13. GRAÇA E GLÓ RIA [Tito 2.11-14]
14. O MANDATO DO PREGADOR [Tito 2.15-3.2]
15. DEUS É QUEM SALVA [Tito 3.3-5]
16. NOVA VIDA EM CRISTO [Tito 3.4-7]
17. PROVEITOSAMENTE OCUPADOS [Tt 3.8-15]
ORAÇÕ ES ANTES E DEPOIS DO SERMÃ O
INTRODUÇÃO
As três cartas que, juntas, constituem as Epístolas Pastorais de Paulo
— 1 e 2 Timó teo e Tito — pertencem ao final da vida do apó stolo.
Diferentemente das outras cartas de Paulo, que sã o endereçadas
coletivamente a uma igreja cristã , estas sã o endereçadas
pessoalmente a homens a quem ele considera colegas íntimos e de
plena confiança: Timó teo em É feso e Tito em Creta. A despeito das
aparências, as cartas nã o sã o um projeto de reforma nem um
manual de governo eclesiá stico. As incumbências de Paulo a
Timó teo sã o específicas: refutar os falsos mestres que se encontram
ativos em É feso (1Tm 1.3); manter a sã doutrina e, se possível,
juntar-se ao apó stolo em Roma (2Tm 1.13; 4.9). Igualmente
específica é sua ordem a Tito: completar a obra começada em Creta,
estabelecendo em cada cidade presbíteros que sejam, a um só
tempo, homens íntegros e mestres eficientes, capazes de coibir a
influência de certos oponentes judeus cristã os, “porque existem
muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores,
especialmente os da circuncisã o” (Tt 1.5-10).
No que concerne à liderança irrepreensível, ao ensino fiel e ao bem-
estar espiritual dos membros da igreja, a carta a Tito soa uma nota
fortemente ética e evangelística em sua ênfase sobre o viver íntegro,
pelo qual Deus é honrado e os estranhos sã o atraídos à fé. A fé que
se expressa publicamente em culto a Deus também se expressa
publicamente em obras excelentes, pelas quais se entendem nã o
simplesmente os bons feitos, mas visível e atrativamente as boas
açõ es (Tt 2.7, 14; 3.8, 14). A partir dessas açõ es os incrédulos podem
receber um vislumbre do poder do evangelho e de sua graça,
libertando-os dos maus atos e capacitando os crentes a viver, “no
presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tt 2.12). [1]
Portanto, em seus sermõ es sobre Tito, Calvino ressalta
consistentemente a centralidade da Palavra revelada de Deus na
vida coletiva da igreja e a necessidade de que cada crente se
conforme ao padrã o divino de santidade, integridade e pureza. Uma
vida saudá vel é, pela obra graciosa do Espírito, tanto a consequência
quanto o acompanhamento do ensino saudá vel. Entretanto, a
inconsistência de conduta nã o é fá cil de evitar, e o mundo com razã o
condenará os cristã os que dizem uma coisa e fazem outra.
Transformaçã o à semelhança de Cristo é uma obra da vida inteira.
Arrolados na escola de Deus, os crentes sã o instados a tirar proveito
de cada dia, crescendo nã o só em conhecimento, mas também em
amor, e nã o somente para proveito pró prio, mas para o benefício de
seus semelhantes, aos quais estamos jungidos pelos laços de
humanidade e fraternidade. Desta forma, a igreja é fortalecida, seu
testemunho é confirmado e se dá prova tangível de que ela é o que
alega ser — a comunidade dos redimidos de Deus sobre a terra.
Dada a importâ ncia que Calvino vinculou aos pastores e presbíteros
em seu conceito de ministério, é inevitá vel que o pregador insista
longamente nas funçõ es e qualidades do prestre-evesque , o
presbítero-supervisor, como delineado por Paulo, e que ele
comentaria de um modo á cido sobre a indiferença de Roma para
com o ensino dos apó stolos. Ecos da cena genebrina contemporâ nea
podem ser encontrados na sensível defesa que o Reformador faz da
disciplina eclesiá stica, em suas advertências contra os falsos
mestres (onde ele tem em mente particularmente Serveto), e sua
defesa em prol da generosa hospitalidade que deve ser estendida
aos refugiados religiosos para os quais Genebra representava um
precioso lugar de asilo.
Um lampejo da compreensã o que o pró prio Calvino tinha de seu
papel como arauto do evangelho é fornecido por uma série de
passagens sobre “nó s”, onde a atençã o é dirigida nã o ao universal —
“nó s, humanos”; “nó s, cristã os”; “nó s, pecadores” — mas ao
particular: “nó s, pregadores”; “nó s, ministros da Palavra de Deus”.
Acima de tudo, os sermõ es sobre Tito revelam o coraçã o do pastor
Calvino, o pastor do rebanho de Deus, cujos membros sã o nutridos
pela Palavra da verdade, feitos um com Cristo pelo poder
regenerador do Espírito, adotados na família de Deus, cuja promessa
da herança celestial nã o pode falhar. Embora o pregador recuse-se a
aprovar a divisã o tradicional entre clérigos e leigos, ele nã o é um
nivelador. É verdade que, pela graça, todos somos filhos de Deus e
do mesmo rol de membros de Cristo. Cada um de nó s é guarda de
nossos irmã os. Todavia, nem Paulo, em sua carta a Tito, nem
Calvino, em seus sermõ es, falam de um presbiterado ao qual todos
os crentes podem aspirar indiscriminadamente. O padrã o de Deus
para a igreja é bem ordenado, onde há os que ensinam e os que sã o
ensinados, cada um segundo sua vocaçã o. Portanto, os que ensinam
fielmente lideram; e os demais recebem a Palavra, nã o
passivamente, mas com reverência e açã o de graças.
Nã o obstante, o pastorado nã o é uma casta privilegiada. O presbítero
nã o é mais que um administrador na casa de Deus, conduzindo-a
sob o olhar vigilante de seu Senhor no céu, a quem ele tem de
sempre prestar contas. Seu modelo nã o é o sacerdote sacrificador ou
o prelado moná rquico da Igreja Cató lica Romana, e sim Cristo, o
Servo obediente. Sua liderança é como a de alguém cuja vida e
doutrina sã o julgadas, respectivamente, pelos homens e por Deus, e
cuja conduta no pú lpito e fora dele tem de ser exemplar. Como
mestre, ele mesmo tem de ser ensinado constantemente; deve
confiar em seu pró prio juízo sem o auxílio de ninguém, buscar
conselhos mais sá bios e atentar para as advertências bem
intencionadas. A presunçã o, nã o menos que a cupidez, a ambiçã o e a
imoralidade, lhe constituem em morte.
***
A primeira obra de Calvino sobre as Epístolas Pastorais tomou a
forma de um comentá rio sobre 1 e 2 Timó teo, publicada em 1548.
Um comentá rio separado sobre Tito apareceu no início de 1550. [2]
Somente em setembro de 1554 é que o Reformador, no curso de
seus deveres regulares de pregaçã o, em Genebra, começou a expor a
primeira das Epístolas Pastorais, seguida pela segunda em abril de
1555 e pela terceira — Tito — em agosto daquele ano. Ele dedicou
dezessete sermõ es à ú ltima epístola mencionada, pregando
normalmente duas vezes a cada domingo sobre os versículos
consecutivos e concluindo a série em meados de outubro de 1555.
[3]
Anotadas taquigraficamente por Denis Raguenier e transcritas
subsequentemente, as três séries de sermõ es foram publicadas
juntas em um só volume pelo tipó grafo genebrino Conrad Badius em
1561, sob o título Sermons de Iean Calvin sur les deux Epistres S. Paul
à Timothée et sur l’Epistre à Tite . [4] A obra foi habilmente traduzida
para o inglês por Laurence Tomson e impressa em Londres por G.
Bishop e T. Woodcocke em 1579. Uma versã o grandemente
abreviada e modernizada da traduçã o de Tomson foi publicada em
Nova York em 1830, e uma reimpressã o fac-similar do volume
inteiro foi publicada por The Banner of Truth Trust em 1983.
A traduçã o atual dos Sermões sobre a Carta a Tito foi feita
recentemente com base no francês de 1561. É baseada no texto
preparado por G. Baum, E. Cunitz e E. Reuss para sua monumental
ediçã o das obras reunidas de Calvino. No entanto, a leitura foi
totalmente cotejada com a có pia da ediçã o de Badius fornecida pela
Bibliothèque de Genève. Os títulos dos sermõ es sã o de minha lavra.
A pontuaçã o foi modernizada e foram introduzidas divisõ es em
pará grafos onde no original nã o aparece nenhuma.
Com frequência, o pregador cita a Escritura de memó ria ou ainda se
contenta em parafraseá -la, nem sempre da mesma forma; em cada
caso, eu traduzi o texto conforme ele o cita. As referências bíblicas,
que aparecem nas margens do texto de Calvino, sã o identificadas à
medida que ocorrem. Em alguns lugares, elas foram corrigidas e
referências ausentes foram adicionadas. Um pequeno nú mero de
notas explicativas também foram incluídas. Calvino começava seus
sermõ es com uma oraçã o para iluminaçã o e os concluía com uma
breve oraçã o de improviso, que por sua vez levava a uma longa
oraçã o de intercessã o cuja forma, ao menos para o culto matutino de
domingo, era afixada pela liturgia genebrina de 1542. Eu restaurei a
oraçã o de improviso que os editores da CO omitiram, e incluí tanto a
oraçã o por iluminaçã o como a oraçã o intercessó ria no final deste
volume. Também está incluso o “Esboço da Carta de Paulo a Tito”,
que prefaciou a ediçã o de 1561 e que Calvino já havia acrescentado
a seu Comentário a Tito (1550). Em deferência à s normas da
polêmica do século XVI, nã o tentei suavizar as farpas dirigidas por
Calvino ou à Igreja Cató lica Romana — principalmente à sua
hierarquia — ou a outros oponentes que, visando a ridicularizar o
Reformador, algumas vezes podiam ser encontrados na pró pria
Genebra.
É -me um grande prazer expressar minha gratidã o aos curadores de
The Banner of Truth por concordarem em publicar este volume, e
minha gratidã o ao editor, Jonathan Watson, cujo auxílio,
encorajamento e sá bio conselho têm sido, como sempre, de valor
imensurá vel para mim.
— Robert White
Sydney, julho de 2015
[1]
Jerome D. Quinn, The Letter to Titus (Nova York: Doubleday, 1990), p. 13-14.
[2]
Detalhes bibliográ ficos sã o dados por Rodolphe Peter e Jean-François Gilmont,
Bibliotheca calviniana , 3 vols. (Genebra: Droz, 1991-2000), I, p. 274-77, 342-44.
[3]
Peter e Gilmont, Bibliotheca calviniana , II, p. 857-61. Em adiçã o aos dezessete sermõ es
em Tito, o volume somou cinquenta e quatro sermõ es em 1 Timó teo e trinta em 2 Timó teo.
Sobre a data, preservaçã o e transmissã o dos sermõ es de Calvino, veja T. H. L. Parker,
Calvin’s Preaching [A pregaçã o de Calvino] (Edinburgh, T. & T. Clark, 1992), p. 65-75, 163-
68.
[4]
Calvini opera quae supersunt omnia , ed. G. Baum, E. Cunitz e E. Reuss, 59 vols.
(Brunswick e Berlin: C. A. C. Schwetschke & Son, 1863-1900), 54:373-596. Ali citado como
CO .
[5]
Aqui e em outros lugares, Calvino usa o termo prestre para designar tanto sacerdotes
da Igreja Cató lico Romana quanto o ofício neotestamentá rio de “presbítero”, do qual deriva
tanto o prêtre francês como o priest inglês. Mais comumente, o Reformador traduz
“presbítero” como ancien (anciã o), enquanto seu termo preferido para um ministro da
Palavra e do Sacramento é pasteur (pastor). A palavra evesque (bispo), para a qual o
pregador já havia chamado a atençã o, semelhantemente, deriva do grego episkopos , e
designa a funçã o de supervisor mencionado em Atos 20.28. Ver-se-á que em seus sermõ es
em Tito Calvino fala de presbíteros como aqueles que detêm um ofício pedagó gico na
igreja. A distinçã o entre anciã os que ensinam e governam, que aparece pela primeira vez
nas Institutas de 1543 e é repetido no comentá rio sobre 1 Timó teo, nã o se encontra aqui.
Cf. Comentá rio de 1 Timó teo 5.17; Institutas IV.4.1, IV II.1,6.
[6]
Uma referência à doutrina cató lico-romana da Missa como um sacrifício, na qual o
corpo e o sangue de Cristo sã o reapresentados a Deus como uma oferenda pelo pecado em
favor dos fiéis, quer vivos, quer mortos.
[7]
O “mísero herege” de Calvino era o sá bio espanhol Miguel Serveto; antes do ano de
1531, atacou vigorosamente a doutrina da Trindade e que mais tarde renovou sua crítica
em seu livro Christianismi restitutio de 1553. Preso pela Inquisiçã o por heresia e
aprisionado na França, em abril daquele ano escapou, mas foi apreendido quatro meses
depois em Genebra. Ali, foi julgado, condenado e enviado à estaca em outubro de 1553. O
caso Serveto foi usado pelos membros do chamado partido Libertino, cuja influência em
Genebra chegou entã o ao seu auge, com o intuito de abalar Calvino e frustrar suas
tentativas de reforçar uma disciplina mais estrita tanto na igreja como na cidade. Nã o foi
até maio de 1555, três meses antes de o Reformador começar a pregar sobre Tito, que os
Libertinos se viram forçados a reconhecer a derrota. Além do mais, os ecos da controvérsia
com Serveto se encontram nos Sermõ es 7, 13 e 17.
[8]
O sacramento da Ceia do Senhor era celebrado em Genebra, nã o semanalmente como
Calvino teria preferido ( Institutas IV.17.43,46), mas trimestralmente, na Pá scoa,
Pentecostes, no primeiro domingo de setembro e no domingo mais pró ximo ao Natal. De
antemã o, tinha de ser feita a nota da celebraçã o, como aqui, no domingo anterior. Cf.
Sermã o 5 (datado de setembro de 1555).
[9]
Os candidatos ao sacerdó cio cató lico-romano sã o ungidos com ó leo durante o rito de
ordenaçã o, simbolizando a unçã o do Espírito Santo. Daí a referência a “sacerdotes
besuntados”. Cf. crítica de Calvino a tal prá tica nas Institutas IV.19.30-31.
[10]
Veja o sermã o vigésimo segundo em 1 Timó teo 3.1-4 (CO 53: 268-70).
[11]
O Interino de Augsburg era um documento preparado sob a instigaçã o do Santo
Imperador Romano, Carlos V, com vistas a assegurar o estabelecimento provisó rio entre as
confissõ es beligerantes em seus territó rios germâ nicos. Aprovado em junho de 1548 pela
Dieta de Augsburg, o Interino concedeu aos protestantes o princípio do matrimô nio clerical
e a comunhã o em ambas as espécies (pã o e vinho); mas, em contrapartida, mantiveram as
crenças e prá ticas tradicionais. Ele teve um efeito profundamente decisivo na opiniã o
protestante na Alemanha. Melanchthon, sucessor de Lutero, deu seu assentimento limitado;
outros, como Bucer, em Estrasburgo, recusaram-se a obedecer e escolheram o exílio
voluntá rio. Calvino sujeitou o documento à crítica em sua obra de 1549: O verdadeiro
método de reformar a Igreja , em que ele acusou os autores do Interino de “deixar-nos uma
metade de Cristo; de modo que nã o há nenhuma parte de seu ensino que nã o seja
obscurecida ou manchada por alguma nó doa de falsidade” (CO 7:591-92).
[12]
“Nariz de cera” era uma imagem desprezível empregada pelos apologistas cató lico-
romanos com o intuito de atacar vá rias leituras protestantes da Escritura, sendo o texto
sagrado vergado ou modelado para adequar-se aos preconceitos dos expositores
teoló gicos. Seu argumento era que somente o magistério oficial da igreja podia apresentar
uma interpretaçã o unificada e autorizada da Palavra escrita de Deus. A imagem, que parece
ser de origem medieval, é frequentemente citada por Calvino a fim de demonstrar a atitude
arbitrá ria de Roma para com a Escritura.
[13]
De um poema escrito em louvor a Zeus, por Epimênides de Cnossos (VII a.C.). A mesma
estrofe contém a linha citada por Paulo em seu discurso diante do Areó pago [At 17.28]:
“Nele vivemos, nos movemos e existimos”.
[14]
O grego de Tito 2.3 traz hieroprepeis , “conveniente com o que é sagrado”; “reverente”
(ESV).
[15]
Cf. Institutas III.10.4, onde sã o citados dois provérbios com este propó sito. Um,
atribuído a Cato, o Velho (“Cuidar exageradamente do vestuá rio equivale a cuidar pouco
demais da virtude”); aparece numa forma ligeiramente diferente em Ammianus
Marcellinus, Book of Deeds [Livro dos Feitos], XVI.5.2.
[16]
Veja o sermã o 41 em 1 Timó teo 5.11-15 (CO 53: 494-96).
[17]
Existem vá rias formas do provérbio. Cf. Ovídio ( Art of Love [A arte de amar], I.751):
“Aquele que ama nã o precisa temer o inimigo; fuja dos que você tem por amigos, entã o você
estará a salvo”. Cícero ( On Friendship [Da amizade], XXIV.90) atribui a Catã o um dito que
Erasmo também registra em seu Adages [Adá gios] (IV.3.76): “Alguns homens sã o mais bem
servidos por inimigos amargos do que por seus amigos de língua açucarada”.
[18]
Cf. Institutas , IV.20.4: “O fato de que sã o chamados deuses todos os que exercem a
funçã o de magistrados [Ê x 22.8; Sl 82.1, 6] é o título de nã o menos importâ ncia,
significando que eles têm um mandato de Deus, recebem dele sua autoridade e
representam plenamente sua pessoa, sendo em certo sentido seus substitutos”.
[19]
Aqui, Calvino faz uso um tanto livre do provérbio citado por Paulo em 1 Coríntios
15.33 (“As má s conversaçõ es corrompem os bons costumes”). Em geral, o dito é remontado
a uma comédia perdida de Menandro, Thais .
[20]
Veja, acima, o terceiro sermã o em Tito 1.4.
[21]
Veja o décimo terceiro sermã o em Tito 2.3-5 ( CO 53:147-54).
[22]
Diferentemente da referência anterior a Serveto (Sermã o 3, nota 3), esta é
inusitadamente detalhada. A despeito da aparente ortodoxia de certa fó rmula empregada
por ele, Serveto recusou-se a reconhecer Jesus Cristo como o Filho eterno, preexistente,
igual em essência e dignidade ao Pai. Defendia que ele era humano e tornou-se divino pela
açã o da Palavra eterna que, infundida no homem Jesus, elevou-o à divindade e vestiu-o com
carne celestial. O credo antitrinitá rio de Serveto, aliado ao molde geralmente panteísta de
seu pensamento, foi suficiente para condená -lo aos olhos de todos, com exceçã o dos mais
liberais de seus contemporâ neos. Calvino refutou publicamente o conceito de Serveto em
seu tratado de 1554, Defense of Orthodox Belief in the Holy Trinity [Defesa da fé ortodoxa na
Santa Trindade] ( CO 8: 433-644), e o fez novamente na ú ltima ediçã o de suas Institutas
(II.14.5-8).
[23]
Calvino está pensando no uso, em Colossenses 1.19 e 2.9, do verbo katoikein , “habitar,
assumir residência”.
[24]
A afirmaçã o cató lico-romana definitiva sobre o livre-arbítrio foi promulgada pelo
Concílio de Trento em seu decreto sobre a justificaçã o (janeiro de 1547). O Concílio
determinou que o livre-arbítrio, embora enfraquecido e diminuído em seus poderes pelo
pecado de Adã o, nã o se extinguiu e que, quando suscitado por Deus, era capaz de cooperar
com a açã o de Deus “a fim de preparar-se para a obtençã o da graça da justificaçã o”.
[25]
A noçã o de que a vontade humana nã o regenerada é capaz, em algum grau, de aspirar
ao bem era um artigo de fé entre os escolá sticos medievais e seus sucessores do século
dezesseis. Veja a longa crítica de Calvino nas Institutas II.2.27.
[26]
Como mostram as observaçõ es de Calvino que levam em conta o uso da á gua e como
ele deixa claro mais adiante em seu sermã o, o batismo em si nã o efetua a regeneraçã o e a
renovaçã o. Ele é um “sinal” da promessa de Deus de purificaçã o através do Espírito Santo e
da nova vida em Cristo. Como todas as promessas de Deus, ele é apropriado pela fé, a qual é
em si mesma um dom de Deus. Cf. Institutas IV.15.1-2,14-15.
[27]
O Reformador alude mais uma vez aos seus oponentes libertinos que, ao longo do
julgamento e detençã o de Serveto (agosto-outubro de 1553), pareceram, por razõ es
pessoais, ser simpá ticos ao prisioneiro. Aos olhos de Calvino, sua simpatia era equivalente a
conluio.